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Lesão Corporal: Noções Gerais

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Unicesumar – Centro Universitário de Maringá 
Pró-Reitoria Acadêmica 
 
 
Av. Guedner, 1610, (44) 3027-6360 – Maringá – PR – www.unicesumar.edu.br 
 
 
 
 
 Lesão Corporal: Noções Gerais 
 
Lesão corporal é resultado de atentado bem sucedido à integridade corporal ou a saúde do ser 
humano, excluído o próprio autor da lesão. O crime pode ser praticado por ação ou omissão. 
Entenda como se define uma lesão corporal 
O que define o nível da lesão corporal não é o que foi feito, mas sim as consequências que a ação 
pode desencadear na vítima. Por exemplo: digamos que uma pessoa apanhou bastante, mas os danos 
foram pequenos, como alguns hematomas que podem sumir em alguns dias. Nesse caso, a lesão 
corporal se enquadra como nível leve. 
Entretanto, digamos que a vítima levou somente um soco, mas que isso gerou uma perda permanente 
de visão. Isso seria se caracterizaria como crime de lesão corporal grave, pois causou consequências 
maiores. Sendo assim, o nível de fragilidade da vítima conta muito na classificação do crime sofrido, 
pois as sequelas podem ser diferentes de pessoa para pessoa. 
 
Obs1: Exceções (sujeito passivo próprio): A vítima é própria no art. 129, §1º, IV, do CP (resulta em 
aceleração de parto) e no art. 129, §2º, V, do CP (resulta em aborto) – em que a vítima só pode ser 
gestante. 
Obs2: A lei penal não pune a autolesão (fato atípico). 
Vale observar que se a autolesão for um meio para a prática de outros crimes (como, por exemplo, 
estelionato através de fraude para receber cobertura de seguro), ela dará ensejo à punição, mas pela 
fraude e não pela autolesão (exemplo artigo 171, §2º do CP). 
Obs3: Vale dizer, que essa lesão dispensa que a vítima sinta dor. 
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Pró-Reitoria Acadêmica 
Diretoria de Ensino 
 
 
 
Av. Guedner, 1610, (44) 3027-6360 // 87.050-390 – Maringá – PR - www.cesumar.br 
 
Modalidades 
 Dolosa 
o Leve (caput) 
o Grave (§ 1º) 
o Gravíssima (§ 2º) 
o Seguida de morte (§ 3º) 
o Privilegiada (§ 4º) 
o Violência doméstica (§§ 9º a 11) 
 Culposa (§ 6º) 
 
Objeto Material -O crime de lesão corporal é definido como ofensa à integridade corporal ou saúde, 
isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do corpo, quer do ponto de 
vista anatômico, fisiológico ou mental. 
 Integridade física - diz respeito à alteração anatômica; 
 Fisiológica - é o equilíbrio funcional do corpo humano, como sistema respiratório; 
 Mental – perturbação de ordem psíquica, como a insanidade mental. 
 
Sujeito ativo Qualquer sujeito, pois qualquer um pode agredir. No caso de um agente publico policial 
etc., configura crime de abuso de autoridade e não lesão corporal. 
Sujeito passivo à qualquer pessoa, desde que não seja o próprio agente. 
 
Objetividade jurídica. A incolumidade da pessoa em sua integridade física e psíquica. 
 
Tipo subjetivo 
Dolo direto (vontade livre e consciente de ferir a vítima, maculando-lhe a saúde ou integridade 
corporal) ou eventual (assume o risco da ocorrência do resultado). 
*Admite a modalidade culposa 
 
Tipo objetivo 
 “Ofender” – agredir, macular, reduzir a atividade funcional do corpo ou prejudicar o estado de saúde física ou 
psíquica de alguém. 
Ofensa a integridade corporal – prejuízo ao bem-estar físico ou mental do ofendido (diminuição da substância 
corporal, danos a tal substância, alterações físicas ou perturbação de funções físicas. 
Ofensa à saúde – prejudicar o normal funcionamento das funções corporais da vítima, produzindo ou agravando 
algum estado patológico. 
 
Ação penal. 
Ação pública condicionada à representação 
 
Meios de Execução 
Livres – crime de forma livre ou conduta variada. 
 
Consumação e tentativa. 
A consumação se dá com o efetivo dano à saúde ou integridade física da vítima (crime material). 
*Vários golpes, provocando várias lesões constituem crime único. 
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Admite-se a forma tentada (crime plurissubsistente). 
 
Classificação doutrinaria: 
 Crime comum; 
 material; 
 de forma livre; 
 de dano; 
 instantâneo; 
 monossubjetivo (uma pessoa); 
 plurissubsistente (varias formas); 
 não transeunte (tem vestígios); etc. 
 
LESÃO CORPORAL LEVE (caput) 
Conceito delimitado por exclusão (será leve a lesão que não puder ser qualificada como grave ou 
gravíssima). 
Sujeita a Lei nº 9.099/95 (crime de menor potencial ofensivo – pena de detenção de 3 meses a 1 ano). 
Processa-se por ação penal pública condicionada à representação. 
 
LESÕES GRAVES (§§ 1º e 2º) 
Infrações qualificadas pelo resultado. 
A doutrina distingue entre lesões graves (§ 1º) e gravíssimas (§ 2º). 
 
Lesão corporal grave (art. 129, § 1º) 
I) Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias 
Atividades rotineiras do sujeito. 
A incapacidade abrange o aspecto físico ou psíquico. 
A comprovação deve se dar mediante exame de corpo de delito (art. 168, § 2º, CPP). 
 
II) Perigo de vida 
Probabilidade concreta e presente do resultado letal. 
Determinado in concreto, ou seja, pela natureza do meio empregado ou pelo modo de atuar do 
agente. 
Prova técnica – será necessário que o laudo aponte as razões que produziram o “perigo de vida”. 
III) Debilidade permanente de membro, sentido ou função 
Membros – braços, antebraços e mãos; coxas, pernas e pés. 
Sentidos – visão, tato, olfato, audição e paladar. 
Funções – funções orgânicas do corpo (respiratória, circulatória, digestiva, reprodutora, etc.). 
Debilidade – redução da capacidade 
Permanente – que não possua caráter temporário, contudo não necessita ser eterna. 
IV) Aceleração de parto 
Antecipação do termo final da gravidez. 
“compreende tanto o caso em que o parto advém antes do tempo normal, quanto o caso em que 
ocorre no tempo normal, mas por trauma físico ou psíquico”. 
 
Lesão corporal gravíssima (§ 2º) 
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I) Incapacidade permanente para o trabalho 
Interrupção definitiva da capacidade laboral do sujeito. 
A doutrina dominante entende que se trata da supressão da capacidade in genere ao trabalho, não 
somente da ocupação atual da vítima. 
Doutrina minoritária entende que não se trata de exigir a impossibilidade de praticar todo tipo de 
atividade laborativa, mas de trabalhos análogos aos que a vítima realizava antes do ato. 
II) Enfermidade incurável 
A incurabilidade deve ser avaliada segundo o estágio da Medicina, ao tempo da ação ou omissão. 
Prognóstico, pericialmente confirmado, seja de ausência de perspectiva de cura. 
III) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função 
Completa perda (destacamento do corpo) ou inutilização (o órgão ainda pertence a estrutura corporal 
do indivíduo, mas perde completamente a finalidade a que se destina). 
IV) Deformidade permanente 
Alteração sensível do fenótipo, de modo a depreciar a imagem (física) da vítima. 
Deve ser apreciada nos planos objetivo (lesão a fisionomia, podendo encontrar-se em qualquer parte 
do corpo humano, desde que seja, visível a terceiros) e subjetivo (deve causar certa repugnância ou, ao 
menos, desagrado à vista dos outros). 
V) Aborto 
Morte do nascituro. 
Preterdolo. 
 
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE 
(ART. 129, § 3º) 
Preterdolo – o agente age com dolo de ofender a saúde ou integridade física da vítima, porém, 
quebrando o dever de cuidado, culposamente, provoca a morte. 
 
LESÃO PRIVILEGIADA (ART. 129, § 4º) 
Relevante valor moral ou social 
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
 
CAUSA DE AUMENTO DE PENAPARA LESÃO DOLOSA (§ 7º) 
Vítima menor de 14 anos ou maior de 60 (maior vulnerabilidade da vítima, o que confere maior 
desvalor na ação). 
*Se o agente desconhecer e for impossível perceber a faixa etária do falecido, não terá a incidência da 
causa de aumento de pena, dando-se, com relação à circunstância, erro de tipo (CP, art. 20, caput). 
 
LESÃO CORPORAL CULPOSA (§§ 6º a 8º) 
 Lesão provocada pela quebra de dever de cuidado, por imprudência, negligência ou imperícia. 
 A gravidade do resultado não interfere no enquadramento típico. 
 Causa especial de aumento de pena (§ 7º) 
o Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício 
o Agente deixa de prestar socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou 
foge para evitar a prisão em flagrante. 
 Perdão judicial (§ 8º) 
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Dá-se quando as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. 
 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (§§ 9º a 11) 
 Relação de parentesco (ascendente, descendente, irmão), casamento (cônjuge) ou convivência 
(companheiro) 
 Relação doméstica, de coabitação ou de hospitalidade 
 Aumento de pena em 1/3: 
o Quando constituir lesões graves, gravíssimas ou seguida de morte; 
o Quando, nas hipóteses do § 9º, a vítima for pessoa portadora de deficiência. 
Art. 1 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto nº 6.949/2009) 
Considera-se pessoas com deficiência aquelas “que têm impedimentos de longo prazo de natureza 
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem 
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais 
pessoas”. 
 
 Perigo de contágio venéreo (art. 130) 
“sabe ou deve saber que está contaminado” 
Bem Jurídico 
 A saúde. 
 
 Sujeito ativo é qualquer pessoa que esteja contaminada por doença venérea, seja do sexo masculino 
ou feminino. 
 Sujeito passivo é qualquer pessoa, independentemente de sexo. 
 
Tipo objetivo 
O delito em questão é de perigo abstrato, configurando-se com a prática da conduta que a lei presume 
perigosa, que é a prática de “relações sexuais ou qualquer ato libidinoso”. Ao contrário do usado nos 
crimes contra os costumes, este tipo não contém o termo conjunção carnal, que tem o restrito sentido 
de relação vagínica. 
Por relações sexuais se compreende tanto a relação vagínica, como a relação anal. Já qualquer ato 
libidinoso significa qualquer ato sexual que não configure a relação sexual, como sexo oral 
(Bitencourt, Tratado, vol. 2, p. 207). 
O conceito de doença venérea é dado pela literatura médica (DELMANTO Celso. et. al. Código Penal 
Comentado. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 486. QUEIROZ, Paulo. Et. Alli. Curso 
de Direito Penal: parte especial. Salvador: Jus Podivm, 2013, p. 120). 
Tipo subjetivo 
Configura-se o crime com o dolo de perigo, que é a vontade livre e consciente de realizar a conduta 
perigosa, sem que haja a vontade de produzir o dano. 
O tipo usa duas expressões: “de que sabe” e “deve saber”. Na primeira hipótese, está configurado o 
dolo direto, que exige a plena consciência da doença. Já a hipótese de “deve saber” se refere ao dolo 
eventual, em que o agente não tem a plena ciência, porque não foi feito o exame que atestaria a 
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doença, mas percebe por sinais exteriores (corrimentos, secreções, p.ex.) que provavelmente está 
contaminado. Nesse caso, ao praticar ato libidinoso está assumindo o risco de expor a perigo a vítima. 
Em qualquer dos casos, é dolo de perigo, não se exigindo o dolo de produzir o contágio. 
A forma qualificada do § 1º contém uma hipótese de dolo de dano. O crime continua sendo de perigo, 
mas nessa hipótese há o dolo de dano. 
Inexiste o crime culposo. 
CLASSIFICAÇÃO: 
Crime Próprio: demanda sujeito ativo qualificado que é a pessoa contaminada; 
Formal: delito que não exige necessariamente a ocorrência de um resultado naturalístico; 
Instantâneo: não se prolonga no tempo; 
Crime Unissubjetivo: pode ser praticado por um só agente; 
Crime Plurissubsistente: vários atos podem integrar a conduta; 
 
Consumação e tentativa 
Tratando-se de crime de perigo abstrato, é desnecessária a constatação sobre a real ocorrência de 
perigo, bastando que se realize a conduta típica (“relações sexuais ou qualquer ato libidinoso”) que a 
lei presume perigosa e estará consumado o crime. 
É crime formal, ou de consumação antecipada, de modo que o resultado descrito pela lei (contágio) 
não é imprescindível à consumação do crime. 
 Se houver o contágio, terá ocorrido mero exaurimento do delito (Bitencourt, Tratado, vol. 2, p. 221), 
circunstância que deverá ser considerada pelo juiz para fins de fixação da pena-base (art. 59, CP –
 RÉGIS PRADO. Comentários ao Código Penal. p. 524) 
A tentativa é possível, na hipótese em que a pessoa pretende praticar o ato sexual e é impedida por 
circunstâncias alheias a sua vontade (Pierangeli, Manual: parte especial, p. 151. 
Bitencourt, Tratado, vol. 2, p. 221. RÉGIS PRADO. Comentários ao Código Penal. p. 524), o que se dá, 
por exemplo, se a vítima se recusa a praticar o ato sexual, por suspeitar da doença. 
 
Forma qualificada 
O § 1º trata da forma qualificada pela existência do dolo de dano, ou seja, o dolo direto de transmitir a 
doença venérea. Se na figura básica, o dolo é de perigo, nesta figura qualificada, o dolo é de dano, em 
que o sujeito tem a finalidade de contaminar a vítima. Independentemente do efetivo contágio, se o 
objetivo do agente for a transmissão da doença, se configura a forma qualificada, com pena bem mais 
alta. 
 
Ação penal pública condicionada 
Em razão da natureza do crime, com forte conotação moral, o código estabeleceu que este crime é de 
ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Com isso, objetiva a lei dar a opção à 
vítima, que pode preferir evitar o strepitus judicii, em detrimento do interesse estatal na persecução 
penal (Bitencourt, Tratado, vol. 2, p. 205). 
 
 
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 Abandono de incapaz (art. 133) 
 
Bem jurídico 
Vida ou saúde. 
 
Sujeitos do crime 
Trata-se de crime próprio, pois só pode figurar como sujeito ativo a pessoa que tenha uma especial 
relação com a vítima, por ter o dever de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade 
Sujeito passivo é a pessoa que seja incapaz de defender-se do risco resultante do abandono, por 
qualquer motivo. Pode se tratar de uma incapacidade transitória e relativa, desde que, em razão do 
fato, não seja capaz de se defender. É “toda pessoa faticamente incapaz, por qualquer razão, de 
cuidar, pessoalmente, de sua defesa”. 
 
Tipo objetivo 
A conduta é abandonar, que significa deixar ao desamparo, sem condições de defender-se. É preciso 
deixar a pessoa em situação que, especificamente, não pode defender-se. 
Tratando-se de crime de perigo concreto, é necessário que o abandono gere uma situação de perigo 
real. 
“Para a configuração do delito previsto no art. 133 do CP, exige a lei o fato material do abandono, a 
violação de especial dever de zelar pela segurança do incapaz, a superveniência de um perigo à vida 
ou à saúde deste, em virtude do abandono, a incapacidade dele se defender de tal perigo e o dolo 
específico” (TACRIM-SP – AP – Rel. Edmond Acar – RT 393/344).Será necessária a demonstração de que o perigo ocorreu. 
“Deixando o agente abandonadas as crianças que estavam sob sua guarda, após furtar a residência da 
qual era empregada doméstica, expondo aquelas a perigo real e concreto, configurado está o delito 
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previsto no art. 133 do CP, em concurso material com o crime do art. 155 do mesmo estatuto” 
(TACRIM-SP – AP – Rel. Dias Filho – RT 541/396). 
Caso uma mãe, p.ex., abandone um bebê na frente de uma casa, onde a criança é rapidamente 
acolhida, não existe o crime porque o bebê não foi exposto a perigo com a situação de perigo. 
Tipo subjetivo 
Dolo de perigo, direto ou eventual. 
Inexiste a modalidade culposa. 
Consumação e tentativa 
Por se tratar de crime de perigo concreto, o momento consumativo se dá no instante em que houve a 
concretização do perigo, após o abandono. 
É possível a configuração da tentativa. 
Classificação Doutrinária 
Crime próprio - uma vez que a definição legal exige legitimação especial dos sujeitos; 
Crime de perigo concreto – não admitindo simples presunção; 
Crime instantâneo com efeitos permanentes - pois a despeito de consumar-se de pronto, muitas 
vezes, após a consumação do crime, pode persistir a situação de perigo, independente da vontade ou 
de nova atividade do agente, comissivo ou omissivo e somente doloso. 
 
Formas qualificadas 
Se em razão do abandono houver o resultado lesão corporal grave a pena será de 1 a 5 anos de 
reclusão (§ 1º) Se resulta morte, a pena será de 4 a 12 anos de reclusão (§ 2º). 
As duas formas qualificadas são crimes preterdolosos, de modo que é preciso que exista culpa no 
resultado. Se, apesar do abandono, for imprevisível o resultado, não se aplica a qualificadora por força 
do art. 19, CP (Delmanto, Celso. et. al. Código Penal Comentado. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Saraiva, 2010, p. 492.). 
 
Causas de aumento de pena 
Dispõe o § 3º, que haverá aumento de pena de 1/3, se o abandono ocorrer em local ermo, que é o 
lugar deserto, desabitado. Em tal situação o perigo é maior. Também se configura se houver uma 
relação de parentesco, descrita no inciso II, entre autor e vítima. E, por fim, se a vítima tiver mais que 
60 anos. 
 
 Omissão de socorro (art. 135) 
 
Bem jurídico 
A razão da tipificação da omissão de socorro reside na tutela da vida e da integridade física da pessoa. 
Ao contrário do que se afirma, não se protege a solidariedade humana; apenas se impõe ao cidadão a 
solidariedade, com o fim de proteger a vida e a integridade física. 
 
Há controvérsia doutrinária sobre o alcance do bem jurídico tutelado. 
Para Noronha (NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal. vol. 2. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 105) e Costa 
Jr. (COSTA JR., Paulo José da. Comentários ao Código Penal. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 410), haverá 
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crime de omissão de socorro se uma pessoa se omite ao saber da existência de um crime de 
seqüestro e cárcere privado (art. 148), porque a liberdade pessoal seria também um bem jurídico 
tutelado. Todavia, mais correto é o entendimento de Damasio (JESUS, Damasio E. Direito Penal: parte 
especial. 2º vol. 21ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 175), Pierangeli (PIERANGELI, José 
Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte especial. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 
2005, p. 171) e Bitencourt (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte especial. vol. 
2. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 292), segundo os quais apenas a vida e a integridade física são 
bens jurídicos tutelados por este delito. 
 
Sujeito ativo é qualquer pessoa; a lei impõe um dever genérico de prestar assistência, sem exigir 
qualquer condição especial. 
Já o sujeito passivo é: 
a) criança abandonada ou extraviada: abandonada é a que foi deixada por familiares em qualquer 
lugar, onde não tenha condições de sobreviver, extraviada é a que se perdeu de seus familiares. 
b) pessoa inválida ao desamparo: inválida é a pessoa que não tem condições de sobrevivência, nas 
condições em que se encontra; é a pessoa indefesa, que encontra-se desamparada, ou seja, sem 
proteção ou assistência. 
c) pessoa ferida ao desamparo: ferida é a pessoa que sofreu algum tipo de lesão e, por isso, se 
encontra sem condições de defender-se. 
d) qualquer pessoa em grave e iminente perigo: independentemente de sua condição, pode ser 
sujeito passivo, pessoa que se encontre em perigo grave e iminente. Assim, um adulto que tenha caído 
em poço, mesmo que não seja inválido nem esteja ferido, poderá figurar como sujeito passivo deste 
delito. 
Tipo objetivo 
A conduta é deixar de prestar assistência, que significa não socorrer, omitir socorro, abster-se de 
socorrer. Não importa que comportamento teve o agente, se ficou presente, se saiu, etc; basta que 
não tenha feito o que a lei determina, ou seja, prestar assistência. Essencial à configuração da conduta 
típica, que a omissão se dê em face de pessoa que se encontre em uma das situações anteriormente 
descritas. 
Como todo crime omissivo, a abstenção só será típica se o sujeito tinha possibilidade de agir. Se não há 
como socorrer, inexiste a conduta típica. Nesse sentido, o tipo traz a locução “sem risco pessoal”, com 
a qual fica excluída a tipicidade se para prestar socorro, o agente tiver que expor sua própria vida ou 
integridade física a perigo. Não teria sentido que para preservar o bem jurídico da pessoa que se 
encontre na situação de perigo, a lei exigisse que outro indivíduo expusesse sua própria vida ou 
integridade física em perigo. Assim, se alguém se afoga em uma lagoa e quem assiste a isso não sabe 
nadar, seria um despropósito exigir que este indivíduo colocasse sua própria vida em perigo para salvar 
aquele que está se afogando. 
A outra conduta descrita é não pedir socorro da autoridade pública. 
Há, como se vê, duas formas de socorro: o direto, e o indireto. O socorro direto ocorre quando a 
própria pessoa socorre, usando para isso seus próprios recursos. No socorro indireto o indivíduo, ao 
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invés de socorrê-lo, chama a autoridade pública (corpo de bombeiros, ambulância, salva-vidas, etc) 
para que esta realize o socorro. 
O entendimento predominante sempre foi no sentido de que só é válido ao agente lançar mão do 
socorro indireto, quando for impossível socorrer diretamente. Todavia, tem sido difundida a idéia de 
que o melhor, em acidentes, é chamar a autoridade pública, para evitar que um socorro mal feito 
redunde em danos à integridade física (como lesões na coluna cervical). Quando o agente opta pelo 
socorro indireto por entender que este é o melhor modo de garantir a integridade física da pessoa em 
perigo, não há que se falar em crime, pois agiu para melhor preservar o bem jurídico tutelado. 
Em hipóteses de acidente, em que a vítima tem morte instantânea, mesmo que o omitente não tenha 
consciência disso, não há que se falar em crime de omissão de socorro. Como a omissão de socorro é 
crime de perigo, inexiste o delito se não houver bem jurídico a ser tutelado. 
Tipo subjetivo 
Trata-se do dolo de perigo, ou seja, a vontade livre de abster-se de socorrer, com a consciência da 
situação de perigo em que se encontra a vítima. 
É irrelevante a motivação do agente, se egoística ou não. 
 
Classificação Doutrinária 
Crime omissivo próprio e instantâneo – consumando com a simples abstenção da conduta devida noinstante em que o sujeito omite a prestação de socorro; 
Crime de perigo – pois se visar dano será alterada a tipificação da conduta; 
Crime comum – pode ser praticado por qualquer pessoa; 
Doloso – não havendo a previsão da modalidade culposa. 
 
Consumação e tentativa 
Consuma-se com a simples abstenção, ou seja, no exato instante em que a vítima poderia agir e 
preferiu omitir o socorro estará consumado o crime. 
É impossível a tentativa, por tratar-se de crime omissivo próprio. 
 
Formas majoradas 
O parágrafo único do art. 135 prevê duas causas de aumento de pena, se o resultado for decorrente da 
omissão de socorro. Se houver lesão corporal grave (art. 129, §§ 1º e 2º), a pena será aumentada de 
metade. Se o resultado for a morte, a pena será triplicada. “Há que ser provada — diz Mayrink da 
Costa — a relação de causalidade entre a omissão e o resultado decorrente.” (MAYRINK DA COSTA, 
Álvaro. Direito Penal: parte especial, vol. 4. 6ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2008, p. 463) 
 
 
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 Calúnia art. 138 
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
 Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 § 1º – Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
 § 2º – É punível a calúnia contra os mortos. 
 Exceção da verdade 
 § 3º – Admite-se a prova da verdade, salvo: 
 I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível; 
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
 II – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
 
Caluniar significa imputar falsamente fato definido como crime. 
 
Trata-se de crime de ação livre, que pode também pode ser praticado mediante mímica. 
 
Classificação Doutrinária 
Crime formal – consuma-se independente de o sujeito ativo conseguir obter o resultado pretendido; 
Crime comum – podendo ser praticado por qualquer pessoa; 
Instantâneo – consuma-se no momento em que a ofensa é proferida ou divulgada; 
Conteúdo variado – mesmo que o agente impute falsamente a prática de crime e a seguir a divulgue, 
não pratica dois crimes, mas apenas um; 
Comissivo – em nenhuma de suas formas cabe a conduta omissiva; 
Doloso – não há previsão de modalidade culposa; 
Unissubsistente – via oral; 
Plurissubsistente – por escrito. 
 
Pessoa jurídica pratica crime ambiental. 
Pessoa jurídica também pode praticar crime, portanto também pode ser sujeito passivo do artigo. 
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Mesmo se atribuir falsamente para um inimitável a pratica de um crime, mesmo ele não podendo 
responder pelo crime por ser inimputável, configura calunia. 
Não importa se a pessoa vai responder pelo crime ou não. 
Não basta a imputação de fato definido como crime, exige-se que este seja falso. 
Se o fato for verdadeiro, não há que se falar em crime de calunia. 
Exige-se que tanto o caluniador quanto o propalador tenham consciência da falsidade da imputação. 
Se houver consentimento do ofendido, inexiste o crime. 
Vias de fato não configura calunia, pois deve ser um crime. 
Deve haver a intenção de atingir a honra, o dolo de ofender a honra. 
Para depoimento em delegacia, não ha calunia pois não ha o dolo, ou seja,a intenção de caluniar e … 
Quando não ha certeza da autoria, dolo eventual. 
A calunia pode ser por dolo direto ou eventual. 
A calunia se consuma quando a falsa imputação torna-se conhecida de outrem, senão a vitima pois é a 
honra objetiva (perante a sociedade) que vale. 
 É necessário haver publicidade. Vale lembrar que se houver o consentimento do ofendido, inexistente 
o crime. 
A tentativa é admitida pois pode haver o caso de calunia por bilhete para a vizinhança, e esse bilhete 
pode ser interceptado antes de chegar ao conhecimento de outrem. 
Denunciação caluniosa. 
Se a calunia gera investigação policial contra a pessoa, enquadra o crime de denunciação caluniosa. 
 
Exceção da verdade – provada a veracidade do fato criminoso imputado, não há que se falar na 
configuração do crime de calunia, ante a ausência do elemento normativo “falsamente”. 
1 – Se o ofendido não foi condenado na ação privada; 
2 – Para proteger o presidente, e para impedir que qualquer pessoa passe a investigar o presidente. 
3- se o crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
São essas três situações em que se ele fizer comentários sobre alguém, não tem como provar a não 
ocorrência crime de calúnia. 
 
 Difamação 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Classificação Doutrinária 
Crime comum – podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo exigida nenhuma condição ou 
qualidade especial do sujeito ativo; 
Crime formal – consuma-se independente de o sujeito ativo conseguir obter o resultado pretendido; 
Instantâneo – consuma-se no momento em que a ofensa é proferida ou divulgada; 
Comissivo – não pode ser praticado através de conduta omissiva; 
Doloso – não há previsão de modalidade culposa; 
Unissubisistente – (via oral) completando-se com ato único; 
Plurissubisistente – (por escrito) que permite fracionamento. 
 
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Exceção da verdade 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a 
ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
Assim como no crime de Calúnia, aqui, protege-se a honra objetiva (já descrita no crime de Calúnia) do 
sujeito. 
O crime de Difamação consiste na atribuição a alguém de um fato desonroso, mas não descrito na lei 
como crime, distinguindo-se da Calúnia por essa razão (Mirabete). 
No mesmo sentido, Fernando Capez diz que não deve o fato imputado revestir-se de caráter 
criminoso; do contrário, restará configurado o crime de Calúnia. A imputação de fato definida como 
contravenção penal caracteriza o crime em estudo. 
Não é necessário que a imputação seja falsa, ocorrendo o crime em tela no momento em que é levado 
a outrem os fatos desabonadores de um determinado indivíduo (sujeito passivo). É a imputação de um 
fato ofensivo à reputação. 
O fato ofensivo deve, necessariamente, chegar ao conhecimento de terceiros, pois o que é protegido 
pela lei penal é a reputação do ofendido. 
Por fim, o fato deve ser concreto; determinado, não sendo preciso ser descrito em detalhes, porém, a 
imputação vaga e imprecisa pode ser classificada como Injúria. 
Se divulgo que “João” traiu a empresa que trabalhou para ir trabalhar em uma empresa concorrente, 
configura o crime em tela. Diferente é a situação se eu divulgar que “João” é um traidor 
(genericamente), que configurará o crime de Injúria. 
Importante destacar as palavras de Nelson Hungria: “Em caso de dúvida, a solução deve ser no sentido 
de reconhecimento de Injúria, que é menos severamente punida que a difamação (in dubio pro reo)”. 
 
 Injúria 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou viasde fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, 
se considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a 
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Pena - reclusão de um a três anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) 
 
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Classificação Doutrinária 
Crime comum – podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo exigida nenhuma condição ou 
qualidade especial do sujeito ativo; 
Crime formal – consuma-se independente de o sujeito ativo conseguir obter o resultado pretendido 
que é o dano à dignidade ou ao decoro do ofendido; 
Instantâneo – consuma-se no momento em que a ofensa chega ao conhecimento do ofendido; 
Comissivo – dificilmente poderá ser praticado através de conduta omissiva; 
Doloso – não há previsão de modalidade culposa; 
Unissubisistente – (via oral) completando-se com ato único; 
Plurissubisistente – (por escrito) que permite fracionamento. 
 
Ao contrário da Calúnia e Difamação, o bem jurídico tutelado, aqui, é a honra subjetiva que é a 
constituída pelos atributos morais (dignidade) ou físicos, intelectuais, sociais (decoro) pessoais de cada 
indivíduo. 
Não há, no crime em tela, imputação de fatos precisos e determinados, mas apenas fatos genéricos 
desonrosos ou de qualidades negativas da vítima, com menosprezo, depreciação etc. 
Dessa forma, qualquer imputação (opinião) pessoal (insultos, xingamentos...) de uma pessoa em 
relação à outra, caracteriza o crime de Injúria. 
Injuriar alguém, significa imputar a este uma condição de inferioridade perante a si mesmo, pois 
ataca de forma direta seus próprios atributos pessoais. Importante ressaltar que, neste crime, a honra 
objetiva também pode ser afetada. 
No crime de Injúria não há a necessidade que terceiros tomem ciência da imputação ofensiva 
bastando, somente, que o sujeito passivo a tenha, independentemente de sentir-se ou não atingido 
em sua honra subjetiva. Se o ato estiver revestido de idoneidade ofensiva, o crime estará consumado. 
Por outro lado, mesmo que a Injúria não seja proferida na presença do ofendido e este tomar 
conhecimento por terceiro, correspondência ou qualquer outro meio, também configurará o crime em 
tela. 
 
 Art. 146 - Constrangimento Ilegal 
 
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, 
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que 
ela não manda: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
 
 
 
Aumento de pena 
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§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se 
reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. 
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. 
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante 
legal, se justificada por iminente perigo de vida; 
II - a coação exercida para impedir suicídio. 
 
Objeto Jurídico 
 Cuida-se de norma voltada à tutela da autodeterminação da pessoa, sua liberdade pessoal de escolha 
e ação, como corolário lógico do princípio constitucional da liberdade. 
A própria redação do tipo penal repete, em essência, a garantia da liberdade pessoal sob a égide da 
legalidade prevista no artigo 5º inciso II, da Constituição Federal. Justamente a prerrogativa de se 
autodeterminar em consonância com as liberalidades toleradas pelo ordenamento jurídico. 
A conduta de constranger alguém a não fazer algo que a lei permite ou fazer o que esta não manda 
resulta em autêntica coação, em imposição a realização de ato contra a vontade da vítima, que pode 
ocorrer sob a forma de ameaça ou de efetiva violência, contra ela própria ou terceiro. 
O constrangimento pautado no estrito cumprimento do dever legal não configura o crime, já que nessa 
hipótese a força ou a imposição à realização do ato está em consonância com o ordenamento jurídico. 
Já a coação voltada ao cumprimento de um dever legal da vítima, exigível judicialmente, pode resultar 
na prática do crime de exercício arbitrário das próprias razões. 
A coação à subtração, à obtenção de vantagem ilícita, à pratica de ato libidonoso etc. subtrai a 
incidência da norma, pois nestes casos o constrangimento se torna parte integrante de outros crimes 
(roubo, extorsão, estupro), pelo que então se compreenderá subsidiário tipo penal previsto no artigo 
146 do Código Penal. 
 
Sujeito Ativo/Sujeito Passivo: 
É considerado delito comum, não se exigindo do autor ou da vítima qualquer atributo ou qualidade 
especial. 
O sujeito passivo, a vítima, só será assim considerado quando detiver efetiva consciência ou 
capacidade de se determinar de acordo com ação cuja prática lhe foi indevidamente exigida. O 
interdito, então, não é considerado sujeito passivo. 
 
Elemento Subjetivo: 
Prevê o Código Penal para o delito em tela apenas o dolo, a vontade livre consciente de constranger a 
vítima à pratica de ato inexigível. Um dolo específico, pois. O constrangimento “gratuito” não 
direcionado à vulneração da vontade legítima da vítima resultará em simples ameaça, lesões corporais, 
vias de fato etc. 
 
Consumação e tentativa: 
Materializa-se o crime quando a vítima realiza o ato que a lei não manda ou não faz o que esta 
permite, e assim cumpre a ordem do autor. O delito é consumado quando resta satisfeita a exigência 
do autor. 
 
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A tentativa é configurável quando a vítima opõe resistência ao constrangimento do autor, deixando de 
realizar o comando que lhe foi oposto, apesar da violência ou grave ameaça promovidas. 
 
Constrangimento Ilegal Qualificado: 
A prática do crime por mais de três pessoas (quatro ou mais) ou mediante emprego de arma de fogo, 
mesmo de brinquedo, enquanto simulacro, autorizam o cômputo cumulativo e em dobro da pena. 
 
 Subsidiariedade: 
Considera-se que o crime em questão será subsidiário enquanto não integra infração mais grave, 
(estupro, roubo etc.). De outro lado, restará descaracterizado o constrangimento ilegal quando 
desassistido do dolo específico de atentar contra a liberdade individual da vítima (tratando-se então de 
simples ameaça, vias de fato etc.). 
 
Concurso com outros crimes: 
O §2º do artigo 146 autoriza o cômputo do concurso material entre o constrangimento e eventuais 
delitos configurados a partir da violência contra a vítima, compreendendo-se aqui a lesão corporal e a 
lesão corporal seguida de morte, sendo assim cumuláveis. 
 
 Causas excludentes 
Há no § 3º do dispositivo em debate a descrição de duas causas excludentes de antijuridicidade: I – 
quando o constrangimento consiste em intervenção médica, justificada pelo iminente perigo de vida; e 
II – quando com ele se pretende impedir o suicídio. 
 
Contudo, a preocupação do legislador nestes casos não pode ser compreendida como impeditiva de 
outras situações verificáveis no caso concreto, previstas na Parte Geral (artigo 23 do Código Penal). 
 
 Ameaça (art. 147) 
 
O art. 147 traz a ameaça como crime subsidiário, pois esta é meio para a prática de diversos crimesmais graves, notadamente o roubo. 
São tipos que tem a ameaça como meio, os contidos nos seguintes artigos do Código Penal: 146, 157, 
158, 161, § 1º, II, 163, parágrafo único, I, 197, 198, 199, 213, 227, § 2º, 228, § 2º, 230, § 2º, 231, § 2º, 
IV, 231-A, § 2º, IV, 329, 335, 344 e 358. 
Trata-se de uma clássica hipótese de subsidiariedade tácita, pois não vem expresso no tipo, mas o 
crime só existe se não estiver configurado delito mais grave. 
Bem jurídico 
É a liberdade psíquica que é afetada quando uma pessoa sofre ameaça. 
 
Sujeito ativo é qualquer pessoa (crime comum) 
Sujeito passivo é qualquer pessoa, desde que seja capaz de compreender a ameaça. 
 
Tipo objetivo 
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A conduta é ameaçar, cujo sentido é prometer um mal, consistente em um dano físico, material ou 
moral, como matar, lesionar, destruir algum bem, estuprar ou divulgar segredo infamante. 
O mal deve ser injusto e grave. Injusto significa que não tenha respaldo legal, não haverá ameaça se a 
pessoa diz que irá processar alguém, representar contra ela na corregedoria, p.ex. 
O tipo contém a descrição dos meios, que pode ser o uso da palavra, escrito ou gesto, ou qualquer 
outro meio simbólico. 
 A ameaça por palavra é a feita oralmente, em que a pessoa profere a ameaça falando para a vítima. 
Por escrito pode ser feito através de carta, bilhete, pichação, e-mail, mensagem eletrônica em 
qualquer rede social. O gesto é a mímica, o movimento corpóreo que possui algum significado, como o 
ato de bater com o punho cerrado na palma da outra mão, passar o dedo indicador no pescoço, usar a 
mão para imitar uma arma de fogo. 
A lei ainda contém a locução “outro meio simbólico”, que pode ser o envio de uma coroa de flores para 
a vítima, de um caixão, ou qualquer outro símbolo que possa ser entendido como a promessa de algum 
mal. 
 Obviamente, deve ser algo unívoco, que permita a conclusão de que se trata de símbolo ameaçador. 
Para que configure crime, a ameaça deve ter aptidão para causar medo na vítima. Por isso, deve ser 
verossímil, ou seja, deve ter aparência de realizável. 
 Não é necessário que o agente seja capaz ou que queira concretizar o mal prometido, basta que tenha 
possibilidade de intimidar. Um sujeito franzino e pusilânime pode não ter coragem ou não querer 
concretizar o que ameaçou, mas por telefone pode proferir uma ameaça capaz de intimidar. 
Discute-se se, para a configuração do crime, é imprescindível que a ameaça tenha sido proferida em 
momento de serenidade. Alguns julgados rejeitam a ameaça, se for feita em estado de ira ou 
embriaguez. 
“Predomina o entendimento de que a ameaça precisa ser idônea e séria, daí as decisões no sentido de 
que o delito não se configura quando a ameaça é feita: a) em momento de cólera, revolta ou ira; b) em 
estado de embriaguez; c) quando a vítima não lhe dá maior crédito. Há, também, forte corrente no 
sentido de que o mal prometido precisa ser futuro e não atual” (TACRIM-SP – AP – Rel. Nélson Schiesari 
– JUTACRIM 79/334). 
 
Outra corrente entende não desconfigurar o crime, nem a circunstância de ter sido proferido em 
momento de cólera, nem em momento de embriaguez. 
“Em tema de ameaça, a ira do agente não anula a vontade de intimidar. Impõe-se a solução, máxime 
porque ameaça de pessoa irada, ainda que carente de seriedade, basta para incutir temor na vítima” 
(TACRIM-SP – AP – Rel. Silva Franco – JUTACRIM 41/232) 
“A embriaguez, voluntária ou culposa, não exclui a responsabilidade penal pelo delito de ameaça. 
Desde que esta seja capaz de causar um mal injusto e grave para a vítima, caracteriza-se a infração” 
(TAMG – AP – Rel. Amadeo Henriques –RT 451/457). 
Posição acertada é verificar se a ameaça proferida tem capacidade de intimidar. Obviamente, em 
certos casos o estado de embriaguez, assim como a cólera, pode fazer com que a ameaça proferida soe 
como uma bravata, sem capacidade de intimidar, não se configurando o crime. Contudo, o simples fato 
de o agente estar embriagado ou encolerizado não desconfigura o crime, se tiver aptidão de intimidar. 
 
Tipo subjetivo 
O tipo exige o dolo, que é a vontade de intimidar. Não é imprescindível que o agente queira cumprir o 
prometido, basta que tenha dolo de intimidar. 
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Consumação e tentativa 
O momento consumativo ocorre quando a vítima toma conhecimento da ameaça. 
A tentativa é impossível na ameaça verbal, já que se trata de crime unissubsistente, cujo iter 
criminis não pode ser fracionado. Na forma escrita diz-se na doutrina que é possível, embora seja de 
difícil configuração. 
 
Ação penal 
Por força do parágrafo único, o crime de ameaça é de ação penal pública condicionada à 
representação. 
 
 
 
 
 
 
—————————– 
COMENTÁRIOS: 
—————————– 
A ameaça se diferencia do constrangimento ilegal (art. 146 do CP), porque neste o agente busca uma 
conduta positiva ou negativa da vítima e aqui, na ameaça, o sujeito ativo pretende tão 
somente atemorizar o sujeito passivo. 
SUJEITO ATIVO – Qualquer pessoa 
SUJEITO PASSIVO – Pessoa com capacidade de entendimento. 
Trata-se de CRIME SUBSIDIÁRIO, constituindo meio de execução do constrangimento ilegal, extorsão, 
etc. 
A ameaça tem que ser verossímil, por obra humana, capaz de instituir receio, independente de causar 
ou não dano real a vítima. 
Trata-se de CRIME FORMAL, não sendo necessário que a vítima sinta-se ameaçada. 
Consuma-se a ameaça no instante em que o sujeito passivo toma conhecimento do mal prenunciado, 
independentemente de sentir-se ameaçado ou não (crime formal). Contudo, é possível a TENTATIVA, 
quando a ameaça é realiza por escrito. 
Só é punível a título de dolo. Sendo posição vencedora em nossos Tribunais a de que o delito exige 
ânimo calmo e refletido, excluindo-se o dolo no caso de estado de ira e embriaguez. 
A ação penal é pública, porém somente se procede mediante REPRESENTAÇÃO. 
 
Constrangimento: Substantivo 
O que é Constrangimento: 
Ato de constranger. 
Significado: coisa vergonhosa, insatisfação, desagrado 
Exemplo de uso da palavra Constrangimento: 
Ai, que constrangimento minha mãe fez eu passar ontem... 
 
 
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Ameaça: Verbo ou Substantivo 
O que é Ameaça: 
Obrigar uma pessoa fazer algo que ela não queria em troca de alguma coisa que ela não quer que faça. 
Exemplo de uso da palavra Ameaça: 
João ameaçou Pedro. 
 
 
Calunia X difamação x Injuria 
Calúnia (art. 138) é acusar alguém publicamente de um crime. 
Difamação (art. 139) é dizer que a pessoa foi autora de um ato desonroso. Publico 
injúria (art. 140) é basicamente uma difamação que os outros não ouviram: é chegar e dizer 
para um sujeito algo que esse sujeito considere prejudicial. 
 
 
Calúnia 
A calúnia é acusar alguém publicamente de um crime. 
É o artigo 138 do Código Penal Brasileiro, e prevê reclusão de 6 meses a 2 anos, além do pagamento de 
multa. 
Se o crime for comprovado, não existe condenação. 
Difamação 
A difamação, artigo 139, é o ato de desonrar alguém espalhando informações inverídicas. 
A pena é de 3 meses a 1 ano de prisão, com multa. 
E mesmo se a informação for verdadeira, a pessoa que sofreu a difamação ainda pode processar o 
outro. 
Injúria 
A injúria é quando uma das partes diz algo desonroso e prejudicial diretamente para a outra parte, 
como chamar de ladrão. É o artigo 140 do Código Penal, e tem de 1 a 6 meses de prisão, mais multa. 
Neste caso, averacidade da acusação também não afeta o processo. 
 
Urge salientar que para que se configure a calúnia ou a difamação (como se trata de honra objetiva), é 
necessário que o fato chegue aos ouvidos de terceiras pessoas. Pois, caso fique apenas no 
conhecimento da vítima, configurar-se-á injúria (uma vez que atingirá somente a honra subjetiva). 
A tipificação da injúria visa à proteção da dignidade (sentimento da pessoa a respeito dos seus 
atributos morais) e do decoro (sentimento pessoal relacionado às qualidades pessoais) enquanto bens 
jurídicos.

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