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Estado e relação de poder - Quanto a Norbert Elias e Deleuze

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
 Instituto de Ciências Humanas e Filosofia 
 Departamento de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais 
 Estado e Relações de Poder - GSO00162 
 
 Professor: Joana D’arc 
 Aluna: Monica Camacho de Oliveira 
 Aluna: Pamela Caracciolo 
Trabalho 02 
Primeira questão 
Para tratar do assunto quanto a ótica de Elias e Deleuze no que se refere ao início do Estado, 
já podemos compreender que em Deleuze, através do conceito retirado do Urstaat a ideia de 
formação de aliança e de filiação, vemos que diferentemente de Elias, Deleuze, no livro o 
Anti-Édipo, enxerga Estado como algo que não teve em si uma construção, um caminho 
gradativo na sua constituição como compreendemos hoje. Elias trabalha Estado como algo 
que foi sendo construído à medida que o corpo social vai ganhando forma através de uma 
busca por um tipo ideal de homem social, para assim chegar a um tipo ideal de formação 
social. Através de regras e formulações de arquétipos das boas maneiras, condutas 
socialmente aceitas, uma coesão entre os grupos sociais foi sendo gerada e cada vez mais 
reforçada, até que esta coesão nos leva ao Estado absolutista e as regras da corte sobre o que 
seria de fato uma pessoa realmente civilizada no meio social. 
Para Deleuze, o Estado é o que sempre foi. É um só, independente de suas fases conhecidas. 
Não muda sua estrutura, e sim a forma como as relações de poder se dão, ainda que seja em 
sua constituição, a ideia de força e não de de algo voltado a ideologias como as que podemos 
assimilar as diversas estruturas sociais e políticas em que se baseiam Estados democráticos. 
Poder é o ponto crucial da existência de um Estado, e é tudo o que formula um Estado. Dessa 
forma, em Deleuze, entendemos que o Estado nunca mudou de fato e muito menos evoluiu, 
nele entendemos que o ele tem sua funcionalidade sempre da mesma forma, forma essa que 
Deleuze caracteriza como Máquina. 
A máquina estatal para Deleuze é algo que toma pela soberania e poder, nas sociedades 
primitivas o domínio pela servidão. Esta máquina se institui em uma ordem que formulada 
primeiramente pelo Estado feudal e o fascismo que é apresentado nele, seguida do 
Absolutismo onde ele coloca nesse momento as questões quanto a desapropriação das terras 
por parte do nobre ao exercer o seu poder absoluto, e a desterritorialização, o que leva ao 
entendimento de algo possivelmente oposto a Elias quando nele entendemos que o Estado 
tem como parte dentro do seu conceito de constelação, uma função particular no que tange ao 
pertencimento e a tomada de riquezas como parte da formação do estado em si e não como 
uma atividade comum a ideia geral do que o Estado poderia ser como uma coisa única 
imutável. Nesse esquema de Deleuze, a máquina segue e encontra o Estado-nação, e sua 
função neste momento é a de sobrecodificar os ideais do fascismo despertas no absolutismo. 
Não só isto, essa sobrecodificação por parte do Estado em Deleuze, nos dá entendimento das 
diversas facetas onde é possível identificar atuação desta sobrecodificação nos dias atuais. 
Exemplos como cores de uma bandeira, datas comemorativas “impostas” pelo Estado, ou até 
sentimento de devir, a interiorização do Estado em elementos internalizados, visitam as 
questões da culpa em Elias. Deleuze segue sua ideia de filiação, de um Urstaat, também pelo 
viés do capital. Deleuze coloca que nesse caminhar da máquina de Absolutismo ao 
Estado-nação, o fortalecimento das trocas econômicas é de suma importância para 
compreender o Estado, visto que o nascimento do capitalismo se encontra nesse momento e 
podemos entender novamente a função de sobrecodificação a partir da especificação das 
moedas e da distinção delas por parte de cada país. 
Assim, podemos entender que Elias compreende Estado de forma gradativa e isso torna sua 
ideia certamente diferente de Deleuze, porém os dois caminham em concordância quanto a 
imposição do Estado sobre a população por intermédio da força, assim como a construção ser 
dada também pelo acúmulo de riquezas. Dessa forma, o Estado como uma Máquina em 
Deleuze, ao se constituir como algo imutável e que sempre existiu, assume um papel muito 
maior que o Estado em Elias, visto que independe sua existência no conjunto de pequenas 
ações como as boas maneiras. 
 
Segunda Questão 
Entender o processo civilizatório em Elias requer entender primeiramente que o homem 
civilizado não é constituído a partir de uma ótica singular. Uma sociedade civilizada pelos 
costumes é formulada em conjunto, necessita de uma aprovação coletiva dessas demandas 
sociais e costumes que surgem ou são propostos. Esta aprovação, deve ser feita em grande 
parte, por aqueles que formam a unidade social predominante em status e poder. Desta forma, 
processo civilizatório não depende unicamente da ação individual e muito menos é 
alavancado por ela, é portanto um ato especialmente coletivo, universal. 
Elias firma essa teoria, pelos estudos em cima daquilo que baseou o ensino de cultura e 
civilidade em locais como França, Alemanha, Inglaterra. Principalmente baseados nas ideias 
de Erasmo de Roterdã, de onde conseguimos entender a visão de sociedade exigida no 
período da corte. Posto isso, regras, normas, condutas diversas que dependem de momentos 
específicos como, jantares, tipos de gesto para cada ocasião, são moldes sociais que de 
alguma forma carregados pela aprovação coletiva, são levados a diante e reafirmados a ponto 
de sua existência suprimir certas vontades comuns aos homens. O homem, como um ser civil 
se torna dependente dessa noção de formalidade e segue a reproduzir o que é ensinado sem 
uma análise crítica da proposta ação que reproduz. As normas de conduta são aceitas pelo 
grupo social, se mesclam a moral e a ética, construindo um tipo ideal de homem civilizado. 
Este homem então reproduz esse conjunto de conhecimento no conjunto e este coletivo 
certifica este tipo ideal, encoberto por essas normas e ideais, como um aspecto fundamental 
do que é compreendido como social. 
Como já foi colocado em aula anteriormente, Elias trás como pano de fundo neste recorte 
histórico o sentimento de dever, ou de vergonha, como algo construído devido a essas 
relações sociais estruturadas, aceitas e posteriormente tidas como naturais e até necessárias na 
elaboração conceitual de uma sociedade civilizada. a culpa e a vergonha são fundamentais 
para a estruturação desse ciclo de aceitação e repetição de normas e condutas das boas 
maneiras. Estabelecendo um laço moral entre homem e Estado civilizado. 
Este ciclo se repete e gera cada vez mais o sentimento de pertencimento de um grupo, de uma 
sociedade e o Estado é a junção dessas ações e moral que foram aprovadas e utilizadas entre 
essas pessoas. A evolução do ser civilizado está na gradação onde um grupo se estabelece 
unificado pela identificação cultural, pertencimento. A exemplo Eliasfaz uma análise 
temporal quanto a origem de alguns reinos e famílias nobres como a dinastia dos Capeto, 
assim como destaca a identidade destes reinos através do acúmulo de riquezas sejam pelos 
espólios de guerras ou torneios. Vemos assim um povo unido o suficiente para não se 
identificar com seu vizinho, são firmada as barreiras sociais de costume e cultura já existentes 
através de um sentimento de unidade pelo pertencimento entre determinados grupos por meio 
dos costumes que com o tempo são empiricamente assimilados. 
Terceira Questão 
O Poder em Deleuze e Elias se mostram, em concordância quando entendemos que o Estado 
exerce poder também pelo valor de troca. A tomada de monopólio como vemos em Elias, o 
acúmulo de propriedade durante guerras, é um caminho que nos leva a pensar no poder 
capitalista no regime monetário. Em Deleuze, o capitalismo é em sua essência uma forma de 
exercer poder sobre o outro. Um Estado capitalista em Deleuze utiliza os processos de 
codificação para regular os fluxos já descodificados, mas a axiomática, esse conjunto de 
significados intrínsecos e primeiros, se mantém assim como o Estado em Deleuze, se mantém 
o mesmo. 
A exemplo da baixa tendencial, ela opera sem uma medida determinada ou comum entre os 
valores das empresas e daqueles que usam a força de trabalho assalariada. Onde só é 
calculável um limite de variação de fluxos na esfera da produção mas, quando se trata desse 
olhar na esfera do fluxo de trabalho essas delimitações se “perdem”. Só há limites quando se 
fala nas questões internas e, mesmo assim, são limites superados, ultrapassando velhos 
limites, recriando e re-ultrapassando novamente. A tendência não encontra o seu fim, ela se 
codifica e descodifica apoiada na unidade dos fluxos, assim como o capitalismo que só pode 
proceder desenvolvendo sem parar a essência subjetiva da riqueza abstrata, produzir por 
produzir: a produção como um fim em si mesmo, o desenvolvimento absoluto da 
produtividade social do trabalho. Ele não para de ultrapassar seus próprios limites, 
desterritorializando cada vez mais longe. Mas só há a possibilidade disto ser feito no quadro 
do seu próprio objetivo limitado, enquanto modo de produção determinado: produção para o 
capital, valorização do capital existente. O capitalismo não para de ter limites e barreiras que 
lhe são interiores, imanentes, e que, só se deixam ultrapassar reproduzindo-se numa escala 
ampliada. O capital trabalha com a antiprodução, espalhando uma certa escassez e divisão de 
trabalho, tornando-se fixo diante a dívidas e cobranças em que todos acabamos devendo mais 
do que podemos pagar.

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