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Principais Ectoparasitoses de ruminantes

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PRINCIPAIS ECTOPARASITOSES
CARRAPATOS 
No Brasil existem dezenas de espécies de carrapatos, sendo apenas algumas de importância para a saúde pública e medicina veterinária por causarem danos diretos, por espoliação sanguínea, e indiretos, na transmissão de doenças a humanos e animais. 
Na pecuária brasileira o mais comum e relevante é o Rhipicephalus microplus (anteriormente chamado de Boophilus microplus), um ácaro hematófago de mamíferos, da família Ixodidae (carrapatos duros). Infesta intensamente o rebanho bovino e causa grandes prejuízos à pecuária de leite e corte, principalmente nas criações de raças europeias e seus cruzamentos. Causam redução na produção de leite e carne, queda na fertilidade, depreciação do couro, aumento da morbidade e mortalidade do rebanho, gastos intensos com medidas de controle e tratamento de doenças, produtos carrapaticidas e mão de obra. 
Fig. 1 - Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus - Foto: Brito, Cristina
https://www.embrapa.br/pecuaria-sudeste/busca-de-projetos/-/projeto/208272/estudo-genomico-da-resistencia-ao-carrapato-rhipicephalus-boophilus-microplus-e-do-nivel-de-infeccao-por-babesia-bovis-em-bovinos-da-raca-angus
Originário da Ásia difundiu-se pelo mundo através das expedições exploradoras, com as transferências de animais e mercadorias, chegando a atingir mais de 75% da população bovina mundial, incluindo os grandes rebanhos comerciais da América, África, Ásia e Oceania. As regiões tropicais e subtropicais são as mais propicias a sua sobrevivência, tanto pelas condições climáticas quanto pelas características das forrageiras da região (de rápida propagação, folhas largas, alto potencial de produção), criando um microambiente propicio ao desenvolvimento do parasita. Atualmente apresenta distribuição nacional, e é vulgarmente chamada de “carrapato do boi”, já que seu hospedeiro preferencial é o bovino, mas outros animais como ovinos, equinos, caninos caprinos e até o homem podem ser hospedeiros, entretanto, apenas em épocas de grande infestação nas pastagens.
No desenvolvimento da pecuária, a criação tem se transformado de extensiva a intensiva, com maior densidade animal por área e uso intensivo das pastagens que aliado ao uso indiscriminado de carrapaticidas e raças de alta produtividade e sensíveis a infestações, têm favorecido o desenvolvimento dos carrapatos e agravado os prejuízos.
Os carrapatos provocam diretamente perda de sangue, coceira e irritação aos animais devido a reação alérgica no local da fixação, além de transmitirem os agentes causadores da babesiose e anaplasmose, que juntos caracterizam a doença chamada de tristeza parasitaria. As lesões à pele também predispõem os animais a miíase e o estresse e anemia instituídos reduzem a imunidade, predispondo a outras afecções.
Ciclo Biológico
O ciclo de vida do carrapato tem duas fases, a fase parasitária no hospedeiro e a fase de vida livre no ambiente. A fase de vida livre tem início quando a fêmea adulta ingurgitada de sangue se desprende do hospedeiro e cai ao solo, inicia-se o período pré-postura que pode durar de 2 a 3 dias dependendo da quantidade de sangue ingerido e condição ambiental. Então, a fêmea inicia a postura dos ovos, cerca de 2.000 a 3.000, e morre. Em condições ideais (18°C/85% umidade relativa) os ovos eclodem após 18 dias, e as larvas se movimentam por geotropismo negativo para a ponta das folhas da pastagem. Quando o animal está pastejando, a pele entra em contato com as folhas e as larvas são transferidas e fixam a pele, onde iniciam sua fase parasitária. As larvas migram no corpo do hospedeiro buscando o melhor local para seu desenvolvimento, como a região posterior das coxas, perianal e perivulvar. Depois de 7 dias sofrem uma ecdise transformando-se em ninfas, e outra novamente após 8 dias dando origem a carrapatos adultos machos ou fêmeas (neandro e neógina, respectivamente). Ocorre o acasalamento e em seguida a fêmea se alimenta até o ingurgitamento total (telógina) e cai ao solo para postura, e o macho (gonandro) permanece no hospedeiro copulando com outras fêmeas.
A duração da fase de vida livre é variável (em torno de 28 a 51 dias, podendo se estender a mais de 300 dias) e depende das condições climáticas para eclosão dos ovos, além disto, as larvas podem ficar dormentes aguardando o hospedeiro por mais de seis meses sem se alimentar. A duração da vida parasitaria é mais constante e dura em média 21 dias. Pode eventualmente completar seu ciclo em outros mamíferos, mas só prescisam de um único hospedeiro para se desenvolver (estágios) e completar seu ciclo biológico (ciclo monóxeno ou monogenético).
Fig. 2 – Fonte: Revista virtual Milkpoint.
https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/prejuizos-economicos-causados-pelos-carrapatos-16680n.aspx
As condições climáticas possuem papel decisivo na sobrevivência dos estágios de vida livre, e a ocorrência de estações secas severas e baixas temperaturas podem inibir ou reduzir a população de parasitas presentes no ambiente. Durante o período seco, as altas temperaturas e falta de chuvas causam dessecação principalmente em ovos e larvas na pastagem, facilitando o combate aos parasitos.
Complexo Tristeza Parasitária Bovina
Nome utilizado para representar as hemoparasitoses causadas pelos protozoários do gênero Babesia e rickettsias do gênero Anaplasma. Os animais infectados apresentam clinicamente anemia, febre, icterícia, anorexia e alta mortalidade entre bovinos sensíveis.
Tem importância econômica na pecuária tropical e subtropical por causar redução na produção de leite e carne, abortamento, infertilidade temporária, gastos com tratamento e prevenção e mortalidade. 
Os bezerros que se infectam nos primeiros dias de vida apresentam maior resistência devido aos anticorpos colostrais, imunidade celular e presença de fatores séricos de resistência, sendo assim, tendem a ter infecções assintomáticas a brandas após as quais adquirem imunidade ativa. Após este período os animais sem contato com os agentes etiológicos, são considerados sensíveis e podem ao se infectarem desenvolver sintomatologia aguda ou superaguda, com altas taxas de mortalidade.
Epidemiologia: 
No Brasil, observam-se três classificações epidemiológicas.
Livre 
Os carrapatos não conseguem sobreviver na região e ter continuidade por mais de uma geração. Como normalmente não ocorre a doença, todos os animais são considerados sensíveis.
Epidêmica ou de instabilidade endêmica
Os carrapatos não conseguem se desenvolver por um determinado período do ano devido as condições climáticas, entretanto após este período os parasitas ressurgem causando surtos de doença, principalmente entre bezerros. Como uma parte dos bezerros nasceu no período sem carrapatos, estes permanecem susceptíveis podendo sofrer da doença superaguda ou aguda mais tarde com alta mortalidade. É comum na bovinocultura de leite concentrar os partos no período seco.
Estabilidade endêmica
O carrapato está presente todo o ano, exceto por curtos períodos de 2 a 3 meses. Os bezerros são infectados nos primeiros meses de vida, desenvolvendo imunidade. 
Os responsáveis pelas criações de bovinos devem observar: o perfil epidemiológico da região; avaliar os fatores inerentes ao animal, como por exemplo, raça, condições de estresse, manejo, imunidade; pastagens e condições climáticas; população de carrapatos, etc.; e planejar as medidas de controle terapêuticas e profiláticas.
Babesiose
Definição/Etiopatogenia: 
É uma doença infecciosa que acomete mamíferos domésticos e selvagens, também seres humanos, e é causada por protozoários do gênero Babesia e Theileria transmitidos pelos carrapatos. Nesta doença, tem importância o gênero theileria causa babesiose em equinos e a b. bigemina e b. bovis são os principais agentes etiológicos bovinos. Destas últimas, a b. bovis é considerada a mais virulenta, pois causa alterações no cérebro causando um quadro clínico chamado babesiose cerebral ou nervosa.
A babesiose bovina possui várias denominações como piroplasmose,febre do carrapato, tristeza parasitaria, e seus principais sintomas são febre, anemia, hemoglobinemia, hemoglobinúria e, em muitos casos, morte.
A transmissão por vetor biológico se dá exclusivamente por carrapatos, Rhipicephalus (Boophilus) microplus, que se infectam durante o repasto, transmitem para seus ovos e estes novos carrapatos irão transmitir durante o repasto aos hospedeiros. As larvas dos carrapatos podem transmitir B. bovis enquanto a B. bigemina só pode ser transmitida nas fases de ninfa e adultos. Também há possibilidade de transmissão iatrogênica. 
Após a inoculação através da saliva do carrapato, o protozoário (esporozoíto) entra no sangue circulante, invade os eritrócitos e multiplica-se assexualmente (merozoítos). O protozoário causa a destruição dos eritrócitos com liberação dos merozoitos e infecção de novas células, resultando em severa anemia e outros efeitos devido à circulação de hemoglobina livre no sangue. A doença clínica esta relacionada aos ciclos de invasão e multiplicação dos protozoários e destruição eritrocitária.
Nas infecções por B. bovis pode-se observar vasodilatação e hipotensão acentuadas, devido a estimulação provocada por substancias vasoativas produzidas, também o aumento da permeabilidade vascular, logo depois ocorre estase circulatória e choque, também se desenvolve a coagulação intravascular disseminada (CID) e em consequência trombose pulmonar fatal. Nos animais de sobrevida prolongada, ocorre alterações isquêmicas nos musculos esqueleticos e cardíacos. A B. bigemina é um agente menos agressivo e não são vistos estes sinais vasculares e de coagulação.
Epidemiologia:
É considerada uma doença endêmica no Brasil, causa prejuízos econômicos em áreas de instabilidade. Além da importância destacada na pecuária, essas enfermidades constituem támbém em zoonoses, a maioria das infecções em humanos é branda ou assintomática, podendo ocorrer sintomas graves e morte, principalmente em pacientes imunossuprimidos. 
Os bovinos Bos indicus apresentam um alto grau de resistência a tanto o carrapato quanto às babesias. E os bezerros uma imunidade diferenciada a doença, tanto pela proteção colostral, como os eritrócitos de bovinos jovens parecem conter fatores que provem uma resistência a babesiose grave. Os bovinos de raças zebuínas tendem ceder a doença quando infectados em situações de estresse ou doenças concomitantes, como a anaplasmose.
Sinais Clínicos: 
Período de incubação é de 5 dias a 3 semanas. São observados febre (40 a 42°C), anemia, depressão, icterícia, anorexia, taquicardia, taquipnéia, hemoglobinemia, hemoglobinúria, aborto e morte. A anemia é causada pela destruição dos eritrócitos pelos protozoários após a reprodução, e, além disso, há uma fragilidade osmótica de toda a população de eritrócitos, predispondo a uma hemólise maciça, mesmo em infecção menor que 1%. Adicionalmente, há hemólise autoimune, na qual o baço remove eritrócitos lesados e saudáveis da circulação, assim como na anaplasmose. O quadro anêmico pode se desenvolver muito rapidamente com 75% ou mais dos eritrócitos sendo destruídos em apenas alguns dias. Acredita-se que a morte dos eritrócitos com liberação de parasitas na circulação também libere enzimas e outros produtos metabólicos que reagem com o sangue e podem ser responsáveis pela acidose metabólicas e anoxia observados.
A babesiose cerebral é causada pela anoxia, devido ausência de eritrócitos para carrear o oxigênio e pelo bloqueio dos vasos capilares pelas hemácias parasitadas, resultando em hiperexcitabilidade, convulsões, opistótono, coma e morte. A Babesia bovis possui preferência por capilares de órgãos centrais como meninges e cerebelo e também por órgãos viscerais como rins, baço, pulmões e coração, causando o bloqueio de vasos.
O animal normalmente entra em choque devido ao acumulo de toxinas liberação de substancias vasoativa e anoxia anêmica e vem a óbito. Os casos que envolvem o SNC são em sua maioria fatais. Em outras apresentações a mortalidade irá variar de acordo com a virulência da espécie, susceptibilidade do hospedeiro, condições ambientais e manejo.
Animais que sobrevivem tornam-se portadores crônicos e reservatórios para transmissão, e podem sofrer com episódios de reincidências da doença em condições estressantes como parto, desnutrição, ou doenças concomitantes.
Os valores de hematócrito (ht%) ou volume globular (VG%) caem rapidamente de 35% a menos que 10% em apenas uma semana. Após o desenvolvimento de sinais neurológicos ou hemoglobinúria ou VG abaixo de 10% o prognóstico é mal. Casos agudos com VG maior que 12% tem bons resultados com a instituição do tratamento.
Diagnóstico diferencial: anaplasmose, teileriose, tripanossomíase, leptospirose, hemoglobinúria bacilar e intoxicação por cobre. A apresentação de sintomas do SNC pode ser confundida com raiva e outras encefalites.
Diagnóstico:
Esfregaço sanguíneo corado 
Método de Giemsa, Wright ou azul de metileno.
Mais utilizado no casos de infecção aguda - Parasitemia
Observa - se na B. bigemina corpúsculos grandes intraeritrocitários, piriformes, não pigmentados, aos pares, unidos em ângulo agudo. A b. bovis é pequena e pleofórmica, frequentemente piriforme, única ou unida em pares.
 
		B. bigemina					 B. bovis
Fig. 3 - Fonte MSD Veterinary Manual.
https://www.msdvetmanual.com/circulatory-system/blood-parasites/babesiosis
Sorologia
Mais utilizado nos casos de infecção crônica - Parasitemia
Elisa, Rifi, e teste de aglutinação são mais utilizados para mapeamento epidemiológico.
PCR
Diagnóstico direto do DNA específicos do anaplama marginale, possui alta sensibilidade e especificidade.Mais utilizado em casos de baixa parasitemia.
Necropsia: Não há lesões patognomônica. É observado com frequência: sangue ralo e incapaz de coagular corretamente; palidez ou icterícia generalizada nos tecidos; hepatoesplenomegalia; baço escuro e mole; bexiga frequentemente dilatada com urina vermelha escura rins aumentados e escuros; vesícula biliar dilatada com bile densa e verde escuro; congestão cerebral. Podem ser vistos hidropericárdio, petéquias subepicardiais e subendocardiais. Normalmente, a carcaça está emaciada e ictérica, devido a doença prolongada.
Anaplasmose
Definição/Etiopatologenia: 
É uma doença infecciosa que acomete ruminantes, especialmente bovinos, causada pelas bactérias do gênero Anaplasma e caracteriza-se por anemia progressiva. Anaplasma spp. são bactérias gram negativas intracelulares obrigatórias, da ordem das ricketsias, e parasitam os eritrócitos (hemácias). O gênero Anaplasma contem 6 espécies, sendo a A. marginale mais patogênica e principal agente causador de doença para bovinos, a A. centrale causa uma apresentação mais branda em bovinos e a A. ovis atinge exclusivamente ovinos e caprinos.
O vetor e agente transmissor da doença é o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. No carrapato a bactéria está presente ativamente tecidos e é transmitida ao hospedeiro bovino através da saliva durante o repasto sanguíneo. As bactérias então infectam os eritrócitos, invaginando a membrana celular e formando um vacúolo (endocitose), onde os corpúsculos iniciais se multiplicam por divisão binária. Em seguida, abandonam os eritrócitos por exocitose para contaminar outras células. As células parasitadas são identificadas pelo sistema fagocitário mononuclear e retiradas da corrente sanguínea, resultando em anemia branda à severa e icterícia, adicionalmente a liberação dos mediadores da fase aguda leva ao aparecimento da febre. A manifestação de anticorpos antieritrocíticos na fase aguda gera uma resposta autoimune e piora o quadro anêmico, pois o baço rapidamente remove os eritrócitos infectados ou não da circulação, inclusive sem evidência de hemólise intravascular.
Aqueles que sobrevivem a fase aguda da doença passam por um longo período de recuperação e ficam permanentemente infectados, sofrendo com ciclos de parasitemia com sintomatologia de menor intensidade. Estesanimais servem como reservatórios para a transmissão da bactéria e são geralmente identificados por sorologia.
Epidemiologia: 
O parasita é comum em todo 6 continente, preferencialmente nas regiões tropicais e subtropicais, que são regiões endêmicas, e é raro em regiões temperadas onde a infecção é esporádica. A disseminação da anaplasmose ocorre por um grupo diversificado de vetores biológicos e mecânicos. No Brasil observam-se majoritariamente áreas de estabilidade endêmica.
O vetor é predominantemente o carrapato R. microplus, mas pode haver outras formas de transmissão como a iatrogênica, transplacentária , inclusive insetos hematófagos (moscas e mosquitos), entretanto o carrapato é o único hospedeiro natural da doença. No carrapato a transmissão a outras gerações via transovariana normalmente não ocorre, e apesar de fazerem as ecdises sobre o hospedeiro, foi comprovado que, frequentemente, mudam de hospedeiro, ao deslocar-se do local de fixação do instar anterior para fixar-se e reiniciar a alimentação do novo instar. Adicionalmente, o hábito gregário dos bovinos, com frequentes contatos físicos, principalmente entre mãe e filho e animais em atividade sexual, facilita a passagem dos ectoparasitas entre os animais. A forma transmissão da A.marginale pelos carrapatos é essencialmente intraestadial, na qual o carrapato adulto se infecta em um bovino portador e transmite, posteriormente, para outro bovino sensível, normalmente realizada por machos adultos, devido a sua maior longevidade e mobilidade.
A doença atinge normalmente bovinos com baixa imunidade como em condições de estresse, adultos sensíveis e bezerros. A gravidade da doença é determinada pela idade e exposição anterior a infecção. Quanto mais velho o animal, mais grave a infecção caso seja seu primeiro contato com a doença. Animais gravemente afetados podem vir a óbito em menos de 24 horas de infecções superagudas e observam-se taxas de mortalidade de 80% em adultos sensíveis. A infecção em animais com mais de três anos de idade aumenta o risco da doença, já que os mesmos, normalmente são acometidos por um grau superagudo e fatal da doença.
Sinais Clínicos: 
O período de incubação varia de 21 a 45 dias, com media de 30 dias e a sintomatologia varia bastante, desde uma doença aguda e grave a infecção inaparente. O principal sinal é a anemia hemolítica causada pela destruição dos eritrócitos, em parte pela fagocitose dos macrófagos hepáticos e esplênicos. A falta de eritrócitos para carrear o oxigênio para os tecidos resulta na hipóxia que irá gerar vários dos sinais clínicos. 
As infecções em bezerros jovens são normalmente brandas ou assintomáticas, mas ocasionalmente pode-se observar letargia e anorexia por 24 a 48 horas. Já em bovinos adultos, o estagio inicial da infecção é caracterizado por febre (40° C ou mais), mantem-se elevada ou sofre flutuações irregulares por até duas semanas. Logo após o inicio da febre, o animal passa a apresentar anorexia e em vacas leiteiras observa-se queda na produção de leite. Também temos o interrompimento da ruminação e letargia. O esforço físico de animais doentes pode levar a colapso e morte, devido a anemia e hipóxia cerebral. A hipóxia também pode causar hiperexcitabilidade, agressividade, dificuldades de movimentação (cambalear) e dispnéia. As mucosas estão pálidas e podem ficar ictéricas. A constipação é um sinal consistente e fezes de tom castanho escuro e cobertas de muco, assim como a polaciúria e a urina tom amarelo escuro. Quando a infecção ocorre em período avançado da prenhez ocorre abortamento. Durante a manifestação da doença e recuperação o animal sofrem prejuízos à fertilidade por longos períodos, tanto fêmeas como machos, e emaciação.
Não há hemoglobinúria e a ausência deste sinal auxilia na identificação da anaplasmose, diferenciando de outras doenças hemolíticas como hemoglobinúria bacilar, leptospirose e intoxicações.
A infecção de ovis e caprinos pela Anaplasma ovis é geralmente assintomática, mas pode ocasionalmente produzir sinais semelhantes quando há anemia grave.
Nos exames de patologia clínica, observa-se o hematócrito (ou volume globular) abaixo do normal, o grau de diminuição pode ser um fator de gravidade da doença e determinação de prognóstico. Normalmente esta abaixo de 30% nos primeiros sinais da doença e pode cair vertiginosamente nas próximas 24 a 48 horas. Podem ser vistos eritrócitos imaturos representando um prognóstico favorável. Volume globular de 8% ou menos indica prognóstico desfavorável. Durante esta fase aguda o parasita pode ser detectado nos eritrócitos através do esfregaço sanguíneo corado.
Diagnóstico Diferencial: Considerar doenças que podem causar anemia e icterícia, como leptospirose, hemoglobinúria bacilar e babesiose, também intoxicação por plantas hepatotóxicas e outras causas de doenças hepáticas. Em ovinos, considerar intoxicação por cobre.
Diagnóstico:
Os sinais clínicos agudos não são específicos podendo tornar necessário o uso de métodos diagnósticos para excluir outras doenças. E os animais cronicamente infectados apresentam difícil diagnóstico, sendo necessário uso de técnicas mais acuradas. 
Esfregaço sanguíneo corado 
Método de Giemsa, Wright ou azul de metileno.
Mais utilizado nos casos de infecção aguda - Parasitemia
Na microscopia observam- se corpúsculos intra-eritrocitários como pequenos pontos escuros, de localização periférica, variando entre 0,1μm a 0,8μm.
Fig. 4 - Anaplasma marginale.
Fonte: http://www.eclinpath.com/hematology/infectious-agents/anasplasma/anaplasma-marginale/
Sorologia
Mais utilizado nos casos de infecção crônica - Parasitemia
Testes de fixação de complemento e aglutinação 
Elisa, imunofluorescencia indireta (IFI) 
Compra/venda: os animais podem ser testados sorologicamente para evitar perdas ou transmissões a rebanhos sensiveis.
PCR
Diagnóstico direto do DNA específicos do anaplama marginale, possui alta sensibilidade e especificidade. Mais utilizado em casos de baixa parasitemia.
Necropsia: Não há lesões especificas a anaplasmose. É observado com frequência: sangue ralo e incapaz de coagular corretamente; mucosas, tecido subcutâneo e musculatura pálida, em casos crônicos, constata-se icterícia; hepatoesplenomegalia; rins aumentados e escuros; vesícula biliar distendida com bile densa e grumosa; congestão cerebral. Durante a necropsia pode ser coletado o sangue periférico para microscopia.
Controle do Complexo Tristeza Parasitária Bovina 
Controle da transmissão – controle dos vetores: carrapato e insetos hematófagos. E cuidados sanitários de higiene e descarte de materiais para evitar transmissão iatrogênica.
Em zonas endêmicas, deve-se assegurar que os bezerros tenham contato com carrapatos e, quando não houver, realizar a vacinação contra a Tristeza Parasitária Bovina, especialmente entre os 4 e 10 meses de idade. 
Imunização
Premunição – Consiste da inoculação de sangue infectado de um bovino portador. O animal receptor desenvolve uma infecção clínica concomitante a administração do tratamento, após o qual o animal mantem-se imunizado. Apresenta bons resultados, porém, é de alto risco, e deve ser realizado antes de expor o animal ao desafio a campo. Normalmente é utilizado no transporte de animais das áreas livres ou de instabilidade para áreas endêmicas.
Vacinação – inoculação com B. bovis e B. bigemina atenuadas e A. centrale, que é utilizado por ser menos patogênico que o A. marginale e apresentar imunidade cruzada a este. O inóculo é padronizado e, como os parasitas não apresentam sua virulência normal, porém estão vivos, desta forma há o desenvolvimento de uma infecção subclínica, que não requer tratamento, e leva ao desenvolvimento da imunidade nos animais. Deve ser realizado com antecedência a exposição ao desafio a campo.
Recomendações de vacinação: 
- Animais de áreas livres e de instabilidade transportados para áreas endêmicas; 
- Animais de região de instabilidade endêmica, quando os nascimentos coincidirem com o período livrede carrapatos, sendo assim, vacinam-se todos os bezerros antes que o carrapato reapareça.
- Situação de redução temporária da infestação por carrapatos (condições climáticas/combate intensivo).
 O uso da vacina oferece risco de desenvolvimento de sintomatologia clínica, quando utilizados em animais adultos, mas animais jovens, de até 18 a 24 meses, reagem de maneira eficiente e segura ao processo de imunização.
 Não é recomendada a imunização em vacas gestantes, principalmente no terço final da gestação, pois pode haver aborto ou isoeritrólise neonatal.
Quimioprofilaxia – Pode ser realizado o tratamento antibiótico preventivo na chegada de animais a propriedade, bezerros indo a pasto ou surtos. Frequentemente é utilizado dipropionato de imidocarb com resultados satisfatórios e a subsequente exposição dos animais aos agentes causais de ambas as doenças gera imunidade. As doses variam 1-2 mg/kg, e deve ser administrado, no instante da introdução no pasto ou no tempo máximo de 5 dias. Normalmente este tratamento apresenta ação contra a babesias, mas não anaplasma, então outra dose de imidocarb pode ser necessária caso apareçam sinais clínicos. Para anaplasma recomenda-se aplicação de doses subterapêuticas de tetraciclinas, 2-4mg/kg, 2 a 4 aplicações em intervalos de 21 dias, pode ser realizado em bezerros a partir dos 30 dias de idade, inclusive relata-se em associação a babesicida.
Condições de estresse como processo de desmame, viagens, má condição alimentar, condições de desconforto e período de trabalho excessivo prejudicam o bom desenvolvimento da resposta imune nos animais. Nestas condições, os animais poderão não responder ao processo de imunização ou responder de maneira exacerbada, desenvolvendo doença clínica.
Tratamento
Para tratamento de anaplasmose recomenda-se oxitetraciclina, dose de 6-10 mg/kg/IV/SID, por 3 a 5 dias. Ou oxitetraciclina de ação prologada, 20mg/kg/IM, uma a duas aplicações, intervalo de 72 horas. Este tratamento protocolo de tratamento não é capaz de livrar o animal totalmente da bactéria, sendo necessário um protocolo de oxitetraciclina de ação prologada, 20mg/kg/IM, cada 3 dias por 4 tratamentos sucessivos. Entretanto, nem todos os animais ficam livres da infecção com este protocolo também, sendo necessária confirmação através de exames diagnósticos. O dipropionato de imidocarb também pode ser usado 3mg/kg, principalmente quando não se consegue identificar se é babesiose ou anaplasmose.
Os tratamentos específicos para babesiose bovina incluem: diaceturato de diminazeno, 3 a 5mg/kg/IM, dose única, gera proteção por 3 a 4 semanas; o diprionato de imidocarb é 1,2mg/kg subcutâneo, na dose de 3mg/kg, o imidocarb confere proteção contra a babesiose até 4 semanas, além de eliminar a Babesia spp de animais portadores.
Instituir terapia suplementar quando preciso. Em animais com VG menor que 12% realizar transfusão sanguínea (sangue total). Corrigir da desidratação, hipoglicemia e outros desequilíbrios. 
O sucesso irá depende do diagnóstico rápido e implementação do tratamento correto.
Evitar contenção excessiva em animais agitados que pode ocasionar o colapso.
MOSCAS
Haematobia irritans irritans
É um díptero hematófago que ataca quase exclusivamente bovinos, também chamada de mosca-dos-chifres. Apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo na Europa, norte da África, Ásia, Austrália e América, e é considerado um dos ectoparasitas a causar maiores prejuízos a bovinocultura. Apresenta maior incidência durante o período chuvoso. Tem capacidade de voar longas distâncias em busca de um hospedeiro, entretanto mosca-dos-chifres ficou confinada no Norte do País por cerca de 10 anos, em decorrência da barreira natural formada pela Floresta Amazônica. Porém conseguiu ultrapassá-la por meio do transporte de animais parasitados e atualmente, encontra-se distribuída em todos os estados brasileiros. O clima tropical, subtropical e o predomínio da pecuária extensiva praticada na Região Central contribuíram para sua rápida dispersão e estabelecimento.
Assim como no carrapato, a relação parasito hospedeiro tem relação direta com a espécie e/ ou a raça bovina considerada, sendo mais suscetíveis aos parasitos quanto maior for sua taxa de sangue Bos taurus. . E observa-se uma preferencia da mosca pelos locais de pele/pêlo escuro e animais machos, especialmente touros. Os bezerros antes da desmama tendem a ser menos infestados. A mosca se alimenta intermitentemente, 20 a 40 vezes por dia. Esta mosca é menor do que a mosca domestica e pode ser observado sempre sugando o sangue na região da cabeça, pescoço, cupim, flancos e da anca de bovinos, entretanto pode se alimentar de outras espécies.
 
Fig. 5 - Haematobia irritans
Fonte: http://www.nadsdiptera.org/FFP/horn.htm
A população de mosca-dos-chifres tem um acréscimo seguindo o aumento da temperatura e pluviosidade (primavera), após uma estação seca e fria, e outro no fim do período das águas (outono), após a redução das chuvas do verão. As chuvas excessivas do verão, assim como o clima seco e frio do inverno, não são favoráveis ao desenvolvimento da mosca, determinando baixas infestações no rebanho.
Ciclo Biológico: A mosca adulta vive em média de 2 a 5 semanas, parasitando os animais continuamente, saindo somente para por seus ovos em esterco fresco, em média 400 ovos, posteriormente retorna ao animal. Após 18 a 24 horas os ovos eclodem e saem as larvas, que permanecem no esterco se alimentando do mesmo por cerca de 3 a 5 dias. Crescem e transformam-se em pupas, após 4 dias são moscas adultas em busca de hospedeiros para iniciar novamente o ciclo.
Os parasitas ao se alimentarem causam prurido nos animais, o que os deixa inquietos movimentando-se para se livrar do incômodo, ocasionando o stress e, consequentemente, a perda de peso, queda na produção de leite, redução da fertilidade, baixa de imunidade.
Controle: Visa reduzir a presença das moscas a níveis toleráveis, evitando o uso indiscriminado com risco de desenvolvimento de resistência.
- Separar animais adultos de animais em crescimento, pois os efeitos deletérios são mais intensos da desmama aos 2,5 anos.
- Realizar limpeza dos currais e locais de aglomeração de esterco.
- Realizar aplicação de produtos químicos de forma estratégica. Os tratamentos devem ser aplicados quando a infestação estiver intensa, e normalmente no início do período chuvoso, durante o período seco a infestação tende a reduzir. 
- Manter uma observação especial dos animais em lactação, crescimento e touros
-Brincos inseticidas repelentes
- Armadilhas nos locais de concentração.
- Uso de produtos homeopáticos misturados a alimentação
- Controle biológico: besouro rola bosta, enterra as fezes, reduzindo a eclosão dos ovos.
Cochliomyia hominivorax – Miíase cutânea
O parasitismo por larvas de mosca é chamado de miíase, também conhecido por bicheira, e possui importância econômica mundial, devido ao prejuízo à pecuária. O principal agente causador de miíase primária é a mosca Cochliomyia hominivorax, também conhecida como mosca varejeira, um díptero que na forma adulta apresenta tórax de cor metálica e listras pretas longitudinais. É nativa da América Neotropical, ocorrendo desde o Sul dos Estados Unidos ao Norte do Chile. Contudo, houveram programas de erradicação nos EUA e México, hoje a distribuição se limita as Américas Central e do Sul e Ilhas do Caribe, em alguns lugares chega a ser considerada a principal praga dos bovídeos.
As perdas envolvem diminuição na produção leiteira e os índices de fertilidade, redução da taxa de conversão alimentar e o ganho de peso, e eventual morte, além dos custos com inseticidas, medicamentos, serviços veterinários, de mão de obra, com inspeção e manejo dos animais. As mortes podem ocorrer em criações extensivas e rebanhos examinados com pouca frequência. E de atingirem a fase adulta, passam pelos estágios de ovo, larva, pupa e adulto.
Climas quentes e úmidos têm sido associados com a abundância populacional da mosca da bicheira, enquantoque climas secos, tanto frios como quentes, com uma baixa atividade das populações. Altas precipitações e inverno rigoroso reduzem as populações de C. hominivorax e há um aumento na população sob temperaturas altas e com umidade relativa favorável, características que ocorrem após as primeiras chuvas da primavera e no outono em grande parte do território brasileiro (Wiegand et al., 1991; Gomes et al., 1998)
Fig. 6 - Cochliomyia hominivorax.
Fonte: http://entnemdept.ufl.edu/creatures/livestock/primary_screwworm.htm
Ciclo biológico: As varejeiras são parasitas obrigatórios de todos os animais domésticos e silvestres, incluindo aves. Têm hábito diurno, podem voar por mais de 40 km, sendo os adultos inofensivos para os hospedeiros alimentando-se de néctar das flores, suco das frutas e secreções de feridas. Os adultos vivem de 60 a 70 dias, copulando e colocando ovos consistentemente durante este período. Fêmeas gravídicas põem em média 200 ovos e fazem suas posturas ao redor de feridas ou lesões existentes nos animais, após 12-24 horas ocorre a eclosão, as larvas adentram o interior destas feridas iniciando o parasitismo. Alimentam-se do tecido vivo do hospedeiro com ajuda de enzimas proteolíticas produzidas por elas. Após completarem seu desenvolvimento (5-7 dias), larvas maduras abandonam o hospedeiro e caem no solo para pupar. Aproximadamente após oito dias há a emergência dos adultos (varia de 1-60 dias). Sob condições ideais de temperatura e umidade, todo o ciclo de vida pode ser completado em apenas 14 dias, podendo levar a epidemias. 
As fêmeas são fecundadas uma única vez na vida, sendo que machos e fêmeas estão maduros sexualmente após 36 a 48 horas de nascidos
As moscas colocam seus ovos nas feridas, atraídas pelo seu odor, e larvas são biotófagas, se desenvolvem pela alimentação de tecidos vivos e saudáveis. As feridas infestadas podem conter centenas a milhares de larvas, e os locais de postura são normalmente feridas acidentais ou cirúrgicas, e umbigos de recém-nascidos, adicionalmente, áreas de escoriações, fixação de carrapatos, corrimentos oculares, marcações a ferro, períneo sujo com corrimento vaginal. Após invasão da ferida, forma-se uma lesão cavernosa, caracterizada por hemorragia e necrose e liquefação progressivas, causando secreções fétidas e serosaguinolentas. A ferida infestada é altamente atrativa a moscas o que pode agravar a lesão com a infestação de parasitas adicionais. Ocorre febre, infecção secundária, toxemia e perda de líquidos que contribuem para a morte do animal. Os bezerros que sobrevivem frequentemente sofrem com poliartrite infecciosa, a doença consiste da inflamação das articulações dos bezerros, e é causada por infecções por microrganismos oportunistas.
Controle e tratamento:
- Aplicação de spray repelente em todas feridas e cordão umbilical de recém-nascidos. Principalmente os umbigos devem receber tratamento preventivo. Também podem ser utilizadas avermectinas de maneira preventiva.
Em lesões parasitadas larvar lesão com água e sabão ou substancia antisséptica e posteriormente aplicar spry larvicida/repelente. 
Dermatobia hominis – Miíase nodular (Berne)
Dermatobia hominis é uma mosca da família Cuterebridae, possui forma robusta, com cerca de 12 mm de comprimento, parte ventral castanha, tórax cinza-amarronzado, com manchas longitudinais de cor escura, abdome azul-metálico, asas grandes e castanhas. Constitui um dos principais ectoparasitos de bovinos na América Latina, e. Sua forma larval, chamada de berne, produz uma miíase primária subcutânea caracterizada pela formação de um nódulo parasitário cujo aspecto externo lembra um furúnculo (miíase funrucular ou dermatobiose) com a presença de uma ou mais larvas no interior. Constitui uma porta de entrada à infecção secundária ou postura de ovos da mosca da bicheira (Cochiliomya hominivorax). Devido a isto há o aparecimento de prurido intenso e abscessos abertos por onde escorre um líquido seropurulento. 
Está presente em todo o território brasileiro, porém com diferentes intensidades dependendo das condições climáticas da região. As moscas são encontradas geralmente nas margens das matas ou florestas onde se refugiam do excesso do calor, as regiões com temperaturas amenas e com alta umidade são favoráveis à presença da mosca, e dos seus vetores, e têm sido observados que as formações abertas parecem atuar como barreira à sua distribuição.
Ciclo Biológico: A Dermatobia hominis captura uma mosca de outra espécie, para levar seus ovos até o hospedeiro, no caso, o bovino. As moscas adultas não se alimentam apenas se reproduzem, e somente as larvas se alimentam do hospedeiro parasitando-o.
As moscas adultas começam a copular assim que emergem da pupa, em seguir, no momento da postura a fêmea captura um inseto em pleno voo e deposita seus ovos no abdômen da mosca capturada. Colocam de 15 a 20 ovos em cada inseto e cerca de 400 a 800 em toda sua vida adulta que dura cerca de 7 dias. Os verdadeiros vetores são as moscas capturadas, chamadas de insetos foréticos, e são normalmente a mosca-dos-chifres, mosca-dos-estábulos e mosca doméstica, entre outros. Após 6 dias, as larvas estão formadas, e quando o inseto forético se aproxima de um mamífero para se alimentar ou descansar, as larvas saem dos ovos e penetram ativamente na pele do hospedeiro. A larva se posiciona com a parte respiratória voltada para o ambiente externo e com a parte anterior imersa no tecido. As larvas permanecem sobre bovinos por um período médio de 40 a 60 dias, mas pode chegar a 120 dias. Então, no final do desenvolvimento a larva abandona o hospedeiro, cai no chão, onde se infiltra transformando-se em pupa, permanece neste estágio em média por 42 dias. 
Fig. 7 - Dermatobia hominis.
Fonte: https://www.naturepl.com/search/preview/human-botfly-dermatobia-hominis-adult-and-larva-cayo-district-belize/0_01496862.html
Os principais prejuízos econômicos que o berne causa em bovinos são diminuição na produção de leite e carne, crescimento retardado, pré-disposição a enfermidades diversas e danos parciais ou totais no couro.
Controle e tratamento: O controle é difícil porque a mosca Dermatobia não fica próxima aos bovinos e normalmente pode ser realizado através da redução das moscas vetores evitando a deposição das larvas. O controle de D. hominis se faz quase que exclusivamente com combate do estágio larval que se desenvolve no hospedeiro, mas neste momento os danos no couro não podem ser revertidos.
Os piretróides comumente utilizados como carrapaticidas e mosquicidas têm pouca ação letal contra o segundo e o terceiro estágio do berne, contudo, possuem excelente ação repelente sobre as moscas vetores. As avermectinas são os endectocidas mais recentes e mais potentes disponíveis para o combate do berne, são altamente eficazes no controle de todos os estágios do berne e fazem o combate indireto aos vetores, já que fezes provenientes de bovinos tratados com essas substâncias não permitem o desenvolvimento das larvas por 28 dias. 
Localmente podem ser aplicados os sprays de múltiplas funções (larvicida, bernicida, antisséptico, etc). Em casos de infecções bacterianas secundárias ou outras afecções associadas, pode ser necessário tratamento adicional.
Stomoxis calcitrans
Esta mosca um díptero pertencente à família Muscidae, assim como H. irritans, é comumente chamada de mosca dos estábulos. É hematófaga e normalmente tem preferência pelas pernas e ventre dos animais, onde suas picadas são dolorosas causam um imenso desconforto aos seus hospedeiros, ocasionando redução na produção de leite, ganho de peso e conversão alimentar. São mais ativas pela manha e à tardinha e normalmente atacam bovinos e equinos, contudo caprinos, ovinos, suínos e caninos também podem ser atingidos. Durante o dia são vistas nas paredes e cercas e são maiores que as moscas-dos-chifres.
Os animais atingidos mantem um esforço contínuo na tentativa de se livrar das moscas, desta forma há um maior gasto de energia, os animais ficam cansados,não se alimentam normalmente, emagrecem e ficam predispostos a outras doenças. Essa espécie ainda ocasiona prejuízos pelo fato de transmitir parasitos como Trypanosoma evansi, agente do mal das cadeiras, Anaplasma marginale, vírus da anemia infecciosa equina e da leucose bovina além de ser vetora das larvas de Habronema muscae e ovos de D. hominis.
Fig. 8 - Stomoxis calcitrans.
Fonte: https://www.naturespot.org.uk/species/stable-fly
Ciclo biológico: O ciclo total oscila entre 33 e 36 dias na temperatura de 21ºC, sendo que, em condições adversas, pode se estender além de dois meses. As fêmeas realizam as posturas na matéria orgânica em decomposição, como restos de silagem, misturadas a fezes de animais em um ambiente úmido que se acumula nos currais, debaixo ou ao redor de cochos de alimentação. 
Há maior incidência de adultos que parasitam os hospedeiros no início da primavera ao início do verão com decréscimo da população no fim do verão e outono, atingindo os níveis mais baixos no inverno, possivelmente influenciados negativamente por baixos níveis de umidade relativa e pluviosidade. A melhor forma de controle para S. calcitrans é implementar nas propriedades a remoção contínua de restos alimentares, esterco e qualquer outro tipo de matéria orgânica, oriunda dos cochos, currais e estábulos, que possa servir de substrato pra oviposição.
Oestrus ovis
Infesta ovinos e caprinos, tem um serio efeito na produtividade e bem estar. Induz stresse e comportamento alterado.
A Oestrose é uma patologia que tem como hospedeiros pequenos ruminantes (ovinos e caprinos). Esta doença é causada pela fase larval da mosca Oestrus ovis e é uma das principais patologias que atinge a ovinocultura. A oestrose também é conhecida como bicho da cabeça, rinite parasitária ou falso torneio.
A Oestrus ovis é um inseto conhecido como mosca nasal das ovelhas. Esta mosca ocorre em todas as regiões quentes onde sua forma adulta é mais ativa no
verão, com maior manifestação de manha e ao entardecer. A fase larval deste díptero é depositada nas narinas do animal e causa uma rinite parasitária. Estas larvas são parasitos obrigatórios dos seios nasais de ovinos ou caprinos. As fêmeas de O. ovis provocam grande inquietação ao depositarem suas larvas nas narinas dos hospedeiros. Os ovinos comportam-se tentando esconder as narinas contra o solo ou contra a lã do corpo e de outros animais.
A Oestrus ovis é um díptero da família Oestridae. Durante a fase larval nas vias nasais, apresentam-se com até 1 mm de comprimento, e coloração brancoamarelada, sua extremidade anterior é afilada e possui uma faixa transversal escura dorsal em cada segmento corporal. As moscas quando adultas são acinzentadas com manchas abdominais pretas e revestimento de pêlos castanhos, do tamanho aproximado de uma abelha, deposita suas larvas de primeiro estágio nas narinas de ovelhas (FORTES, 2004). As larvas irão se alimentar de tecidos infectados ou mortos e secreções durante alguns dias até que estejam completamente crescidas (SCALA, 2002).
As fêmeas da Oetrus ovis são do tipo larvíparas e depositam suas larvas de primeiro estádio (50 a 60 larvas/postura) em vôos rápidos, ao redor das narinas dos ovinos e caprinos (YLMA et al., 1991; FORTES, 2004). As larvas migram para a cavidade nasal, seios frontais e maxilares onde realizam duas ecdises transformando-se em larvas do terceiro estádio (L3). As L3 voltam às narinas, sendo liberadas por espirros ou por livre vontade e caem no solo e transformam-se em pupa. O período de pupa se completa em três a oito semanas, quando emerge a mosca adulta através do opérculo (RAMOS, 2004; FORTES, 2004).
Segundo RAMOS (2004), os ovinos normalmente assumem uma postura de grupo muito particular para se defenderem das moscas, passando a disporem-se em círculo com as cabeças para o centro e abaixada. O grande problema deste parasita deve-se ao fato da sua presença dentro das cavidades nasal e nos seios paranasais provocando uma grande irritação e predispondo ao aparecimento de infecções secundárias. Os sintomas observados são corrimento nasal mucopurulento (rinite traumática ou sanguinolenta) animais inquietos ou indóceis, espirros freqüentes, dificuldade respiratória, cegueira, incordenação motora, e quando a larva atinge o cérebro o animal perde o equilíbrio e muitas vezes andam em círculos, o ovino cai e não pode levantar podendo vir ao óbito. As larvas podem permanecer no animal de duas semanas à 10 meses (RIBEIRO, 1990).
O tratamento consiste essencialmente por administrar ivermectina aos animais como medida de profilaxia e tratamento. Para prevenção desta patologia deve-se integrar ao sistema produtivo os mecanismos de controle sanitário (vacinas; dosificações de vermífugos como ivermectina, doramectina e vermífugos fosforados; banhos e normas de manejo). Todavia, o método mais efetivo para um bom controle sanitário é iniciar-se com ovinos sadios, assegurar-se que todo o animal que entra na propriedade esteja livre de doenças, (os animais adquiridos devem ser vacinados, banhados e dosificados antes de serem incorporados ao rebanho), e, finalmente, manter um programa sanitário. Em todo e qualquer ferimento devem ser feito curativos freqüentes para evitar que a moscas pousem no local. Deve-se ter extremo cuidado com ovelhas que acabaram de parir, com o umbigo de cordeiros recém nascidos e feridos provenientes da tosquia (OLIVEIRA et al., 1981).
O controle pode se tornar difícil com o animal pós-infectado, pois o que deve ser feito é a prevenção na época em que mais ocorre, começando no meio da primavera e não deixando a larva se desenvolver (SCALA, 2002). Segundo RAMOS (2004) deve-se tratar o rebanho com vermífugos que combatam esta larva que ataca principalmente em épocas de muita chuva e calor. Segundo DORCHIES et al. (1999), o diagnóstico é realizado pela verificação de nódulos inflamatórios parecidos com furúnculos, com drenagem de secreção sanguinolenta e a percepção dos movimentos Medidas de Controle: 
CONTROLE DE ECTOPARASITAS
Tem objetivo de reduzir a população de parasitas (não erradicar) de forma a minimizar as perdas econômicas. Deve ser feito incorporando várias medidas, além do uso de produtos químicos, que auxiliem a diminuir a carga parasitaria do ambiente, já que 95% dos carrapatos então no ambiente. O controle de ectoparasitas tem dependido grandemente do uso de inseticidas, entretanto o aparecimento de resistências a estas substâncias tem se tornado um problema. As outras medidas de controle existente otimizam o tratamento químico, assim reduz e racionaliza seu uso, evita a contaminação do ambiente ou produtos de origem animal e reduz custos.
Controle Químico 
Controle Estratégico: Avaliar os períodos de maior infestação e traçar um programa de tratamento. Planeja a aplicação de inseticidas durante o período que a infestação começar a se intensificar, que geralmente se dá com inicio do período chuvoso. 
As aplicações carrapaticidas são normalmente realizadas a cada 21 dias (ciclo parasitário) ou mais a depender do produto utilizado, a quantidade de vezes irá depender do produto e gravidade da infestação assim reduzindo a carga parasitaria nas pastagens e nos animais. 
Normalmente, os tratamentos para carrapato tem ação sobre outros ectoparasitas como moscas, e aplicações de produtos de longa ação no inicio das chuvas (out/nov) e próximo ao final (mar/abril) tem bons resultados no controle estratégico de ectoparasitas, mas existem vários protocolos. O controle da mosca é feito principalmente através destes tratamentos químicos, tanto inseticidas como repelente, e podem ser adicionados alguns cuidados específicos ao tipo de mosca.
Controle tático: Durante os períodos de menor infestação, as aplicações podem ser realizadas de acordo com o grau de infestação observado nos animais. Outras aplicações táticas são realizadas na compra de animais, introdução de animais em pastagem vedada, entrada no confinamento.
Rotação de princípios ativos: além dos piretroides e ivermectinas, também temosorganofosforados, formamidinas, benzoilfenilureias, entre outros. Fazer a troca ao observar após o banho o retorno rápido da infestação ou a permanência de alguns parasitas. É possível a realização de exame da sensibilidade do carrapato ao produtos químicos (biocarrapatocitograma – Embrapa).
Manejo de Pastagem 
Rotação de pastagens: Qualquer sistema de rotação com permanência inferior a seis dias em cada piquete, com retorno após 45 a 60 dias, pode reduzir em cerca de 80% a contaminação destas áreas pelas formas infestantes de carrapatos.
Vedação de pastagem: reservar a pastagem sem animais durante uma média de 60 dias. Transferir os animais para a pastagem limpa após o primeiro banho carrapaticida, no inicio do período chuvoso.
Rotação da pastagem com lavoura 
Queimadas
Controles Naturais/Biológicos:
Tipo de vegetação: é capaz de influenciar a sobrevivência dos carrapatos no ambiente, por serem toxicas, repelentes ou dificultarem a movimentação das larvas através de secreções ou estruturas da planta. Ex: gênero Stylosanthes spp, capim gordura (melinis minutiflora).
Predadores: garça vaqueira (Egretta ibis), formigas e pequenos roedores. Fungos (Metarhizium anisopliae) e bactérias (Cedecea lapagei).
Oléos e extratos vegetais
Controle Imunológico:
A relação parasita/hospedeiro irá variar a depender da espécie e individualmente, sendo que o Bos indicus parece ter certo grau de resistência, diferente do Bos taurus. A maior resistência dos zebuínos a carrapatos é atribuída a fatores adaptativos, tais como características da pelagem, comportamento de auto-limpeza, e aspectos fisiológicos, como a liberação de maior quantidade de histamina como resposta a irritação causada pela picada do parasita (reação alérgica). Algumas condições de resistência também podem ser adquirida através de sucessivas infestações. Esta resistência se dá de diversas formas, e ocorre em grande parte durante as primeiras 24 de fixação do carrapato, através da resposta imunológica. 
Seleção: Identificar e avaliar a retirada do rebanho os animais mais parasitados que a maioria, quando o controle exclusivo deste animal torna-se ineficiente e dispendioso.
Induzir resposta imunológica: Nas primeiras fases de vida permitir a presença de alguns carrapatos, tanto para resistência aos parasitas quanto para induzir resposta imune aos agentes causadores da tristeza parasitária.
Vacinação: contra R. microplus (GAVAC®).

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