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AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? No Brasil, a carne é um dos alimentos mais importantes que compõem a dieta dos consumidores. Independente da classe social, a carne invariavelmente está presente na mesa do brasileiro. Apesar de estar em quedas consecutivas nos últimos anos (devido principalmente à crise econômica), estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam que o brasileiro terá consumido em 2017, 90 quilos por habitante/ano de proteínas animais (carne de aves, bovinos e suínos). Tais números provam que o consumidor brasileiro adora carne. Por esta razão, ele vem se tornando cada vez mais exigente quanto à qualidade das proteínas animais que consome. Essa qualidade da carne engloba uma série de aspectos importantes, caso das características nutricionais e físicas, muito discutidas na atualidade. A maciez, o sabor e a textura são algumas dessas características que vêm ganhando importância no processo de compra do consumidor. Pensando neste comportamento do consumidor brasileiro, todos os sistemas inerentes à produção animal estão buscando investir em maior tecnologia de avaliação da qualidade da carne. Os investimentos estão sendo realizados principalmente na área de produção. Afinal, a carne só terá as características desejadas se o animal for bem selecionado, manejado e alimentado. Mas o que engloba a qualidade da carne propriamente dita? Como melhora-la? 02 AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? “O conceito de qualidade para a carne bovina é amplo, diverso e degenerado, ou seja, o que é bom para um consumidor não necessariamente o é para outro”, explica o pesquisador na área de Ciência da Carne na Embrapa Gado de Corte (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Gelson Luís Dias Feijó. Feijó explica ainda que o conceito de qualidade da carne terá diferente perspectivas para cada elo da cadeia: > Para criadores, o conceito de qualidade relaciona-se a um nível ótimo de produção de acordo com os recursos disponíveis; > Para os “engordadores” dos animais, a qualidade se restringe ao máximo rendimento de carcaça; > Já frigoríficos buscam alto rendimento em cortes; > O açougue, por sua vez, tem interesse pela boa aparência e maior vida de prateleira; > Por fim, para o consumidor, especialmente o brasileiro, qualidade significa preço bom. Muito embora, nos últimos anos, a busca por sanidade e aspectos organolépticos como cor, maciez e sabor vem ganhando a atenção do consumidor. Quando são considerados os termos técnicos, o pesquisador divide a qualidade da carne em quatro tipos: 1. Qualidade sanitária: A carne não pode causar problemas à saúde do consumidor e não tem em sua composição nenhum tipo de contaminantes químicos, como resíduos de pesticidas; 2. Qualidade nutricional: A carne deve fornecer os nutrientes que o organismo humano precisa ou deseja; 3. Qualidade visual: Representa a qualidade (cor, odor, embalagem) em que o consumidor é levado a comprar um determinado corte ou tipo de carne; 4. Qualidade sensorial: Representa aquela carne que satisfaz o consumidor e o leva a querer comprá-la novamente. “Assim, em síntese, podemos dizer que a carne de boa qualidade é aquela que é atrativa, saudável, nutritiva, macia, saborosa e suculenta”, comenta Feijó. 03 Entendendo o conceito de boa qualidade da carne AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? A carne brasileira é reconhecida mundialmente pela sua qualidade, por esta razão, ela está presente em diversas regiões do mundo. Do campo à mesa existe muita ciência apoiando a forma de produzir, transformar e distribuir a carne brasileira ao mundo todo. Toda sua qualidade, aliada ao avanço da sua indústria são decorrentes de 100 anos de pesquisa em tecnologia agropecuária. Os produtores brasileiros não poupam esforços em melhoramento genético, na nutrição dos animais, com a suplementação eficiente e no bem-estar dos animais. Tudo em prol da máxima qualidade. Nossa carne é segura e já apresenta boa qualidade, mas ainda pode avançar bastante, principalmente quanto à sua máxima qualidade organoléptica. Mas como alcançar o nível máximo de qualidade ditas desejáveis da carne brasileira? Deixando de lado as qualidades sanitária, nutricional e visual (que podem ser melhoradas pelo produtor e pela indústria de processamento), Feijó diz que no mundo não há uma fórmula mágica que garanta a máxima qualidade da carne, particularmente em relação à maciez, que é o aspecto mais importante para o consumidor. O destaque dado à maciez depende dos aspectos culturais, onde se inclui o modo de preparo, que tem a capacidade de modificar a percepção e a exigência desse parâmetro de qualidade. Para o consumidor brasileiro, por exemplo, a percepção da maciez permanece como aspectos primários de qualidade da carne a serem determinados, onde o preço pago pelos cortes terá relação direta com a maciez, onde há o entendimento que a carne mais cara será a mais macia. 04 Alcançar a qualidade máxima quanto à qualidade. É possível? AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? Para avaliar a qualidade da carne quatro características devem ser seguidas: coloração, sabor, suculência e maciez. A avaliação da coloração da carne é geralmente realizada em duas formas: utilizando instrumentos ou visualmente. Há ainda um terceiro método que envolve a medição da quantidade e o estado dos pigmentos de cor de carne em um laboratório, e é mais aplicável para a pesquisa básica. A cor da carne também é avaliada para duas finalidades: > Valores de cor inicial: representam uma medida de qualidade e aceitação do consumidor; > Medições ao longo do tempo: determinam a validade e por quanto tempo a carne mantém a boa aparência. Já o sabor e a suculência são analisados de forma subjetiva, através de painéis de degustação e análises sensoriais. “A metodologia é definida em livros e artigos científicos e baseia-se no preparo controlado de amostras que são subdivididas e servidas a um grupo de avaliadores treinados”, explica Feijó. Por fim, na avaliação da maciez da carne existem dois métodos, um subjetivo e outro objetivo. Na avaliação subjetiva, a avaliação é geralmente realizada juntamente com as avaliações de suculência e sabor, onde um grupo de pessoas treinadas classifica a carne com relação a sua maciez. O método objetivo utiliza a força de cisalhamento da carne, que indica a força necessária para que o pedaço de carne seja “cortado”, onde quanto maior a força necessária, menor é a maciez das fibras musculares da carne. 06 Como fazer a avaliação qualitativa da carne? AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? Por ter a produção animal no seu DNA, o brasileiro investe muito em qualidade da sua carne para, assim, atingir os mercados mais exigentes do mundo. Isso indica maior avanço no campo quando comparado à indústria. “As inovações do setor estão mais no campo da produção do que propriamente no campo da avaliação da carne”, comenta Feijó. De fato, o sistema produtivo brasileiro, popularmente conhecido como a fase “dentro da porteira”, tem total capacidade de propiciar condições ideais para o alcance da maioria das características qualitativas da carne. Prova disso é que “dentro da porteira”, existem praticamente 100 anos de pesquisa em tecnologia. O País investiu e continua investindo em melhoramento genético, nutrição dos animais por meio de pastagens selecionados e em suplementação que atenda todas as necessidades dos animais. Quando há investimentos na avaliação da carne,estes ocorrem na sua maioria na área da pesquisa, ou seja, em universidades e centros de pesquisa. Muitas destas tecnologias não chegam à indústria. “Todas as iniciativas voltadas para avaliação sensorial da carne estão no âmbito das universidades e institutos de pesquisa”, comenta o pesquisador da Embrapa. Feijó completa: “Não há maneiras corriqueiras de avaliação das qualidades da carne. As indústrias não dispõem de mecanismos de avaliação da qualidade sensorial da carne, ou de outra maneira”. Segundo o pesquisador, não há ferramentas ou processos de análise para a avaliação industrial da qualidade sensorial da carne. Os frigoríficos já têm a tradição de fazer avaliação das carcaças e usam isso como referência para qualidade. “No entanto, infelizmente este é ainda um processo impreciso, pois carcaças de baixa qualidade não produzem carne de boa qualidade, mas carcaças de boa qualidade também não são garantia de carne de boa qualidade”, comenta. Apesar de ainda serem escassas, já há pesquisas que visam garantir maior segurança do alimento para o consumidor final. É o caso de um adesivo desenvolvido por brasileiros capaz de avaliar a qualidade da carne de frango. 07 Investimentos em avaliação da qualidade da carne AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? A venda de carnes estragadas é uma preocupação de todo consumidor, visto que a carne pode estar em ótimas condições visuais, porém, ao prepará-la, observa-se que ela está estragada e imprópria para consumo. Por isso, para melhorar a percepção do consumidor, um adesivo desenvolvido pela UFOP (Universidade Federal do Ouro Preto) é capaz de avaliar a qualidade da carne de frango. O adesivo, intitulado de “SaferTag”, é colocado no produto, permitindo identificar se a carne é fresca e se está em bom estado para ser consumida. Para isso, o “SaferTag” reage com o próprio meio, sendo capaz de perceber perda de qualidade, através das características do próprio alimento. Em caso positivo, o adesivo mostra um “rosto feliz”. Caso esteja impróprio para o consumo, o adesivo mostrará um “rosto triste”, indicando que a carne está imprópria para o consumo, devendo ser descartada. Devido ao sucesso da pesquisa, o objetivo dos pesquisadores é ampliar o alcance para outros produtos cárneos, como a carne bovina e suína. 07 Adesivo indicativo da qualidade da carne AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? Existe no Brasil uma alta relação entre o preço pago pelos cortes no varejo e a expectativa de obtenção de carne de maior qualidade, ou seja, carnes mais caras significam carnes mais macias e suculentas. Porém, infelizmente não é bem assim que esse processo vem ocorrendo. Segundo Gelson Feijó, o grande problema é que os consumidores não sabem com exatidão o que estão comprando, ou seja, os consumidores não podem avaliar o desempenho do produto até que tenham experimentado. “Quando o consumidor identifica que um produto comprado o satisfaz, ele passa a comprar esse produto mesmo que haja outros mais em conta, pois os alternativos não têm a expectativa da mesma qualidade”, explica Feijó. Direcionados pela qualidade, os consumidores de hoje parecem estar dispostos a pagar mais pela carne bovina se a experiência de consumo justificar o preço. Para isso, segundo Feijó, é preciso criar uma maneira mais industrial de se avaliar maciez da carne, assim será possível agregar valor ao produto de melhor qualidade. Fazer a “propaganda” da qualidade alcançada também será fundamental para conquistar o consumidor. O exemplo dos EUA para indicar a qualidade da carne bovina Especificamente para a carne bovina, a atual estrutura de preços se baseia na classificação das carcaças e os cortes de carne bovina produzidos por animais jovens, novilhos e novilhas (animais de aproximadamente 30 meses de idade e classificados como “maturidade A”) em cinco categorias de mercado, são elas: > Prime, Premium Choice, Low Choice, Select e Standard. Tal classificação é baseada no grau de marmoreio (quantidade e distribuição de gordura intramuscular no rib eye na 12a costela) e diferenças associadas na qualidade esperada de consumo onde a carne Prime terá maior qualidade e a carne Standard terá menor qualidade. Com essa classificação é possível também quantificar os valores agregados para a carne, onde carnes Prime, por terem maior qualidade, serão comercializadas a preços maiores que as carnes Standard por exemplo. 09 Impactos comercias da boa avaliação da qualidade da carne AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? O consumidor brasileiro está cada dia mais exigente quanto à qualidade da carne, estando inclusive disposto a pagar mais por isso. Por isso, todos os elos da cadeia produtiva da carne (produtores, frigoríficos e indústrias de processamento) precisam se adaptar e buscar oferecer maior qualidade dos produtos cárneos. Para alcançar maior qualidade, a tecnologia de avaliação não deve estar somente no âmbito de centros de pesquisa e universidades. Ela deve ganhar escala e levar maior capacidade de avaliação tanto para a indústria quanto para o consumidor final. Por fim, fazer maior “propaganda” quanto à qualidade será fundamental para angariar novos consumidores. 09 Conclusões AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? > Carne de qualidade é hoje exigência do consumidor. SBA. Disponível em: http://www.sba1.com/noticias/Carne-de-qualidade-e-hoje-exigencia-do-consumidor > Como avaliar a maciez da carne bovina? Portal Gestão no campo. Disponível em: http://www.gestaonocampo.com.br/biblioteca/como-avaliar-a-maciez-da-carne-bovina/ > Qualidade da carne brasileira é reconhecida internacionalmente. Portal Governo do Brasil. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2017/04/qualidade-da-carne-brasileira-e-reconhecida-internacionalmente > DELGADO, E. F. ; CASTILHO, C. J. C. ; PEDREIRA, A. C. M. S. . Maciez e percepção de qualidade da carne bovina. Revista Visão Agrícola, Piracicaba, p. 112 - 114, 05 maio 2005; > Brasileira desenvolve adesivo capaz de avaliar qualidade da carne. TVi24 (Portugal). Disponível em: http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/estragada/desenvolvido-adesivo-capaz-de-avaliar-qualidade-da-carne > EMBRAPA. Conhecendo a carne que você consome: qualidade da carne bovina. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 1999. 25 p. > Avaliação da cor em produtos cárneos. Portal Rural Centro. Disponível em: http://www.ruralcentro.com.br/noticias/48444/avaliacao-da-cor-em-produtos-carneos > XXIV Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos. SENSOR INTELIGENTE PARA ANÁLISE DA VIDA DE PRATELEIRA DE CARNES DE FRANGO IN NATURA. 2014. (Congresso). 11 Referências > Análise sensorial da carne http://tecnocarne.rds.land/whitepaper-analise-sensorial > Avaliação de carcaças http://tecnocarne.rds.land/whitepaper-avaliacao-carcacas > Você sabe como realmente identificar uma boa carcaça? http://blog.tecnocarne.com.br/voce-sabe-como-realmente-identificar-uma-boa-carcaca/ > Descubra quais são os segredos para garantir maior saudabilidade no mercado de alimentos processados http://blog.tecnocarne.com.br/descubra-quais-sao-os-segredos-para-garantir-maior-saudabilidade-no-mercado- de-alimentos-processados/ > Rastreabilidade diminuiu burocracia na movimentação da proteína animal em produtores http://blog.tecnocarne.com.br/rastreabilidade-diminui-burocracia-na-movimentacao-da-proteina-animal-em-produtores/ Con�ra mais materiais AVALIAÇÃO DE QUALIDADE Como uma melhor avaliação da carne traz avanços ao setor? 12 Sobre a TecnoCarne A TecnoCarne é um espaço especialmente preparado para a troca de experiências,análise de tendências e, acima de tudo, para a realização de grandes negócios. Os principais players do mercado de proteína animal do Brasil e do exterior se reúnem em busca de parcerias para que gerem excelentes resultados. A TecnoCarne é organizada e promovida pela Informa Exhibitions. A Informa Exhibitions acredita que eventos são plataformas de conhecimento e de relacionamento, que auxiliam a impulsionar a economia brasileira. A empresa é filial do Informa Group, maior organizador de eventos, conferências e treinamentos do mundo, com capital aberto e papéis negociados na bolsa de Londres. Dentre os eventos realizados pela Informa Exhibitions no Brasil estão: Agrishow, Fispal Tecnologia, Fispal Food Service, ForMóbile, FutureCom, ABF Franchising Expo, Serigra Sign e Feimec, num total de 24 feiras setoriais. A Informa Exhibitions possui escritórios em São Paulo (sede) e Curitiba (PR), com cerca de 200 profissionais. Nos últimos quatro anos, a empresa investiu cerca de R$ 400 milhões no Brasil em aquisições de eventos e marcas, o que levou a decisão estratégica de alterar o nome da empresa no Brasil de BTS Informa para Informa Exhibitions. Em contato Fique por dentro do mercado www.tecnocarne.com.br/canaldeconteudo Conheça a TecnoCarne www.tecnocarne.com.br Equipe de conteúdo Informa Exhibitions Brasil Gerência de conteúdo: Lilian Burgardt Produção de conteúdo: Eder Gonçalves, Aline Domingues e Thiago Bento Direção de arte: Eliane Dalbem
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