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DOENÇAS DO ARROZ

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DOENÇAS DO ARROZ (Oryza sativa L.)
BRUSONE - Magnaporthe grisea (T.T. Hebert) Yaegashi & Udagawa (Pyricularia grisea (Cooke) Sacc. = P oryzae Cavara)
A brusone é considerada a doença mais importante do arroz. Os primeiros registros As lesões manifestam-se inicialmente na bainha foliar, ao nível do solo, 4 a 6 semanas antes do espigamento; posteriormente, a lesão atinge o caule, circundando-o e provocando o acamamento da planta e o chochamento dos grãos. Nos tecidos afetados, o fungo desenvolve numerosos escleródios negros. O estádio esclerodial, único relatado entre nós, é o mais comumente encontrado, não só em arroz, mas também em gramíneas selvagens e é responsável pelas infecções primárias. O controle recomendado no caso de incidência severa é a rotação de cultura; também, paliativamente, antes da doença atingir o colmo, pode-se recomendar a drenagem da água, o que evita satisfatoriamente o acamamento. Além das doenças acima citadas, existem no Brasil relatos da ocorrência de outras, geralmente aparentando ter pequena importância. Entre elas figuram a podridão do colo e raízes, causada por Pythium arrhenomanes Drechs; o estiolamento e morte das plantinhas, atribuídos a fungos dos gêneros Fusarium e Pythium; a podridão das bainhas e colmos, atribuída a fungos dos gêneros Fusarium, Sclerotium, Ophiobolus, Rhizoctonia; lesões nos grãos, atribuídas aos fungos Curvularia lunata (Wakker) Boedijn e Nigrospora oryzae (H. & Br.) Pech.; mancha de Phyllosticta, causada por Phyllosticta sp. sobre sua ocorrência datam de 1600 e foram feitos na China. O termo brusone é adaptado do italiano “bruzone” e foi adotado na tradução para a língua portuguesa. Na Europa, a doença é conhecida de longa data, tendo sido relatada na Itália em 1828. Em inglês é chamada de “blast”, em razão da queima das folhas que provoca quando ocorre de modo severo. A distribuição da doença é bastante ampla, sendo encontrada em praticamente todas as regiões onde o arroz é cultivado em escala comercial. As perdas são variáveis em função da variedade cultivada e dos fatores climáticos prevalecentes nas áreas de cultivo. No Brasil, alguns dados revelam perdas no peso de grãos da ordem de 8-14%, enquanto índices de 19-55% de espiguetas vazias foram observados em experimentos conduzidos em condições de campo.
Sintomas - A brusone pode ocorrer em todas as partes aéreas da planta, desde os estádios iniciais de desenvolvimento até a fase final de produção de grãos. Nas folhas, os sintomas típicos iniciam-se por pequenos pontos de coloração castanha, que evoluem para manchas elípticas, com extremidades agudas, as quais, quando isoladas e completamente desenvolvidas, variam de 1-2 cm de comprimento por 0,3-0,5 cm de largura (Prancha 10.1). Estas manchas crescem no sentido das nervuras, apresentando um centro cinza e bordos marrom-avermelhados, às vezes circundadas por um halo amarelado. O centro é constituído por tecido necrosado sobre o qual são encontrados as estruturas reprodutivas do patógeno. 
A dimensão do bordo está diretamente relacionada com a resistência da variedade e com as condições climáticas, sendo estreita ou inexistente em variedades muito suscetíveis. As manchas individualizadas podem coalescer e tomar áreas significativas do limbo foliar; neste caso, aparecem grandes lesões necróticas, que se estendem no sentido das nervuras. A redução da área foliar fotossintetizante tem um reflexo direto sobre a produção de grãos. Quando a doença ocorre severamente nos estádios iniciais de desenvolvimento da planta, o impacto é tão grande que a queima das folhas acaba por levar a planta à morte. Nos colmos, mais precisamente na região dos entre-nós, os sintomas evidenciam-se na forma de manchas elípticas escuras, com centro cinza e bordos marromavermelhados. 
As manchas crescem no sentido do comprimento do colmo, podendo atingir grandes proporções. Esporos do patógeno podem estar presentes sobre o tecido necrosado das lesões. Os sintomas característicos nos nós são lesões de cor marrom, que podem atingir as regiões do colmo próximas aos nós atacados. As lesões provocam ruptura do tecido da região nodal, causando a morte das partes situadas acima deste ponto e a quebra do colmo, que, no entanto, permanece ligado à planta. Nas panículas, a doença pode atingir o raque, as ramificações e o nó basal. As manchas encontradas no raque e nas ramificações são marrons e normalmente não apresentam forma definida; os grãos originados destas ramificações são chochos. 
A infecção do nó da base da panícula é conhecida como brusone do pescoço e tem um papel relevante na produção. O sintoma expressa-se na forma de uma lesão marrom que circunda a região nodal, provocando um estrangulamento da mesma. Quando as panículas são atacadas imediatamente após a emissão até a fase de aparecimento de grãos leitosos, a doença pode provocar o chochamento total dos grãos; as panículas se apresentam esbranquiçadas e eriçadas, sendo facilmente identificadas no campo. 
Quando as panículas são infectadas mais tardiamente, ocorre redução no peso dos grãos ou a quebra da panícula na região afetada, caracterizando o sintoma conhecido por pescoço quebrado”. Os grãos, quando atacados, apresentam manchas marrons localizadas nas glumas e glumelas, as quais são facilmente confundidas com manchas causadas por outros fungos. Além da infecção externa, o patógeno pode atingir o embrião, sendo veiculado também internamente à semente.
Etiologia - O agente causal da brusone é o fungo Magnaporthe grisea, que corresponde ao estádio anamórfico Pyricularia grisea (=P oryzae). Os conídios são caracteristicamente piriformes, apresentando a base arredondada do ápice mais estreito. Normalmente são encontrados dois septos por esporo; um ou três septos raramente são observados. O conídio é hialino e geralmente germina a partir da célula apical ou basal; germinação da célula central é pouco freqüente. Apressório é formado na extremidade do tubo germinativo. As colônias são muito variáveis quanto à densidade e à cor do micélio: são encontradas desde colônias ralas até cotonosas e desde colônias esbranquiçadas até acinzentadas escuras, em função do meio de cultura e do isolado do fungo.
Alguns fatores do ambiente podem influenciar o desenvolvimento do fungo. A temperatura ótima para esporulação está em torno de 280C, embora possa ocorrer esporulação desde 10 até 350C. A liberação de esporos não é muito influenciada pela temperatura e normalmente ocorre na faixa de 15 a 350C. Em relação à germinação, temperaturas compreendidas entre 25 e 280C favorecem o processo. Quanto à umidade, a produção de conídios sobre as lesões tem início quando a umidade relativa atinge no mínimo 93%. Para a germinação, há necessidade de água livre, pois raramente o esporo germina sob condições de ar saturado. O desenvolvimento do micélio é favorecido por umidade relativa próxima de 93%. A luz também pode ter influência sobre o micélio e os esporos. Embora o crescimento do micélio, a germinação de conídios e a elongação do tubo germinativo sejam processos inibidos pela luz, a alternância da mesma tem um papel importante sobre a produção de esporos. Estes começam a ser liberados tão logo escureça, alcançam um máximo em poucas horas e praticamente cessam na alvorada; sob condições de luz ou escuro contínuo a esporulação cai a níveis muito baixos, voltando a aumentar quando os períodos de luz e escuro novamente voltarem a se alternar
O fungo apresenta uma variabilidade muito grande em relação a características culturais, exigências nutricionais e patogenicidade. Uma série de trabalhos tem demonstrado a ocorrência de variabilidade mesmo dentro de isolados monospóricos. Várias raças patogênicas têm sido identificadas através de reações de variedades de arroz inoculadas com isolados monospóricos.
O patógeno pode sobreviver, na forma de micélio ou conídio, em restos de cultura, sementes, hospedeiras alternativas e plantas de arroz que permanecem no campo. A disseminação ocorre principalmente através do vento. Uma vez depositadona superfície da planta e na presença de água livre, o conídio germina, produzindo tubo germinativo e apressório. A penetração é feita diretamente através da cutícula, raramente pelos estômatos. A colonização dos tecidos é facilitada por toxinas, que provocam a morte de células, e por hifas, que se desenvolvem no tecido morto.
Controle - A severidade da brusone depende de uma série de condições relacionadas à resistência do hospedeiro, à presença de raças do patógeno e à prevalência de fatores do ambiente favoráveis ou não à doença.
As variedades plantadas no sistema de sequeiro são, de maneira geral, mais suscetíveis do que aquelas cultivadas no sistema irrigado. Em razão da variabilidade do patógeno, a resistência vertical tem sido constantemente quebrada, sendo mais apropriado buscar a incorporação de resistência do tipo horizontal, quando se deseja obter variedades resistentes.
A influência do ambiente é mais relevante para o arroz de sequeiro. No sistema irrigado, a presença constante da lâmina de água no campo (mantendo um microclima relativamente estável), o uso de insumos e defensivos e a utilização de variedades com bom nível de resistência contribuem para diminuir os riscos da doença. No sistema de sequeiro é comum a ocorrência de deficiência hídrica, as variedades normalmente não possuem níveis desejáveis de resistência e o uso de defensivos e insumos não é adequado. Assim, ênfase maior será dada ao controle da doença para as condições de sequeiro.
Em relação à instalação da cultura, é recomendado que o plantio seja completado dentro de um período mínimo de tempo e iniciado no sentido contrário à direção predominante do vento; que barreiras de mata sejam mantidas dentro da área de plantio; que plantas de arroz remanescentes do plantio anterior sejam eliminadas. Estes cuidados visam reduzir a disseminação do patógeno na cultura. O uso de espaçamento e densidade adequados à duração do ciclo das variedades contribui para o controle, pois promove o arejamento da cultura, impedindo a formação de microclima favorável à doença, além de evitar a competição por água e nutrientes, o que poder tornar as plantas predispostas ao ataque do patógeno.
A utilização de nitrogênio em excesso aumenta a suscetibilidade ao patógeno nas folhas e nas panículas; por outro lado, sua deficiência pode predispor as plantas à doença. O fósforo é um elemento importante para o bom desenvolvimento da planta e, mesmo com a ocorrência da brusone, pode contribuir para a produtividade da mesma. O potássio, aplicado no plantio, desfavorece o patógeno, principalmente em solos deficientes.
Aspectos relacionados ao controle de ervas daninhas e à colheita também têm sua importância. A cultura deve ser mantida no limpo para impedir que estas plantas atuem como hospedeiros intermediários do fungo ou mesmo tomem o microclima da cultura mais favorável ao patógeno. A colheita tardia pode favorecer a infecção dos grãos por fungos saprófitas ou parasitas. Recomenda-se que os grãos sejam colhidos com 22% de umidade ou quando a panícula apresentar 2/3 dos grãos maduros.
O controle da brusone, tanto no sistema irrigado como no sistema de sequeiro, envolve também o emprego de produtos químicos aplicados como tratamento de sementes e em pulverização da parte aérea. Vários produtos têm sido utilizados. A escolha dos mesmos pode ser feita de acordo com a eficiência do fungicida, sua disponibilidade no mercado e economicidade. Dentre os produtos comumente recomendados estão o benomyl, blasticidin-S, carbendazin, carboxin, edifenphos, kasugamicina, kitazin, maneb, mancozeb, thiabendazol, triciclazol e pyroquilon. 
MANCHA PARDA - Cochliobolus miyabeanus Ito & Kuribayashi (Bipolaris oryzae Breda de Haan). Sinonímia: Helminthosporium oryzae Breda de Haan e Dreschlera oryzae Breda de Haan
A mancha parda está amplamente distribuída nas regiões orizícolas do mundo, sendo particularmente importante nas regiões tropicais. Em termos de perdas, a doença carrega o estigma de ter causado a famosa “fome de Bengala”, em 1942. Embora a doença tenha expressado seu potencial destrutivo naquela ocasião, as perdas atribuídas a ela não são tão drásticas. Chegam, porém, a ser significativas em função da suscetibilidade da variedade e da ocorrência de condições ambientais favoráveis. A importância da mancha parda tem sido subestimada pelo fato de ser freqüentemente confundida com a brusone.
Os danos associados à doença são decorrentes da infecção dos grãos, da redução na germinação das sementes, da morte de plântulas originadas de sementes infectadas e da destruição de área foliar. As perdas de produção em termos mundiais são muito variáveis. Redução da ordem de 30% já foi relatada para ensaios conduzidos com seis variedades na região norte do Brasil. A mancha parda normalmente ocorre tanto em culturas instaladas sob condições irrigadas como de sequeiro.
Sintomas - Os sintomas são mais freqüentemente encontrados nas folhas e nos grãos, embora possam ser observados também no coleóptilo, nas ramificações da panícula e na bainha. Nas folhas, as manchas jovens ou ainda não totalmente desenvolvidas são arredondadas, de coloração marrom, pequenas. As manchas típicas são ovaladas, de coloração marrom-avermelhada e normalmente apresentam um centro cinza, onde podem ser encontradas as estruturas reprodutivas do patógeno (Prancha 10.2). As manchas ocorrem geralmente de forma isolada. Podem, porém, coalescer e tomar considerável área da folha.
Nos grãos, as manchas são de cor marrom escuro ou marrom-avermelhado (Prancha 10.3). Em ataques severos, as manchas podem cobrir parcial ou totalmente a superfície dos grãos; como conseqüência, ocorre chochamento, redução de peso e gessamento. Em grãos severamente atacados, a remoção das glumas permite observar o escurecimento do endosperma causado pelo fungo. O gessamento provoca quebra dos grãos durante o beneficiamento, diminuindo o rendimento em termos de grãos inteiros.
Os coleóptilos originários de sementes infectadas podem apresentar pequenas manchas de coloração marrom-avermelhado. Sementes severamente atacadas normalmente sofrem redução do seu poder germinativo e os coleóptilos provenientes das mesmas podem, inclusive, morrer.
Etiologia - O fungo Bipolaris oryzae é classificado na subdivisão Deuteromycotina, classe Hyphomycetes e família Dematiaceae. A fase perfeita corresponde a Cochliobolus miyabeanus, que produz peritécios globosos, ascos cilíndricos e ascósporos filamentosos. A forma perfeita ainda não foi constatada no Brasil.
As hifas são de coloração escura, normalmente marrom. Os conidióforos originam-se como ramificações laterais das hifas. As colônias são geralmente pretas ou acinzentadas, apresentando, porém, densidade e cor bastante diversificada em função do isolado, meio de cultura e condições de incubação. E comum o aparecimento de setores brancos nas colônias.
Os conídios são levemente curvos, mais largos no centro e gradativamente mais finos em direção às extremidades, onde a largura corresponde a aproximadamente metade da região central. Quando maduros, possuem coloração marrom e freqüentemente germinam através das células apical e basal. Os tubos germinativos originários destas células formam apressório. O número de núcleos presentes em cada célula do conídio pode variar de 1-14, sendo mais comumente encontradas células binucleadas.
O desenvolvimento do fungo é influenciado por uma série de fatores ambientais como temperatura, umidade, luz, pH e elementos nutricionais. Em relação à temperatura, a faixa ótima para o crescimento micelial está em tomo de 280C, enquanto a germinação é favorecida por 25-300C e a produção de conídios ocorre desde 50C até 35-380C. O patógeno apresenta uma variabilidade muito grande quanto à morfologia, produção de esporos, características culturais e patogenicidade. Isolados obtidos a partir de esporos produzidos numa mesma cultura, ou isolados provenientes de células apicais de hifas, podem mostrar variabilidade patogênica marcante; apesar disto, nãohá um consenso entre os pesquisadores em relação à existência de raças do patógeno. A esporulação também é variável, podendo ser estimulada ou inibida pela ausência, presença ou alternância de luz, dependendo do isolado considerado.
A sobrevivência ocorre geralmente em restos de cultura, sementes infectadas ou plantas de arroz e hospedeiros alternativos. Normalmente, o inóculo primário está presente na semente ou no solo, sendo o inóculo secundário disseminado pelo vento e pela chuva a partir de plantas infectadas. A infecção é favorecida pela presença de água livre na superfície foliar. Umidade relativa de 89%, porém, já é suficiente para que o processo ocorra. O tubo germinativo forma um apressório, através do qual a hifa penetra diretamente a epiderme e a colonização se desenvolve com a produção de toxinas que matam as células do hospedeiro. Os sintomas foliares aparecem na forma de manchas e as estruturas reprodutivas formadas sobre o tecido necrosado passam a ser novamente disseminadas pelo vento e pelos respingos de chuva.
Controle - A mancha parda tem sido relatada em áreas onde algum fator do ambiente desfavorece a planta, tornando-a predisposta à doença. Em outras palavras, a doença não é problema em culturas instaladas em solos de boa fertilidade e que recebem bom suprimento de água. No Brasil, onde metade da produção de arroz é proveniente do sistema de sequeiro, a doença deve merecer atenção especial, visto que as áreas de arroz de sequeiro são normalmente de solo pobre e sujeitas a períodos de deficiência hídrica; isto é particularmente verdadeiro para as áreas de cerrado, nas quais está concentrada a grande maioria das lavouras de arroz de sequeiro. As culturas implantadas no sistema irrigado, na região sul do país, também estão sujeitas a danos provocados pela doença, apesar das boas condições do solo e da disponibilidade de água. Neste caso, a doença tem sido favorecida pelo plantio de variedades suscetíveis e pela maior freqüência de plantio.
A doença, de acordo com o exposto, é influenciada pela ocorrência de fatores desfavoráveis ao crescimento da planta, pelo estádio de desenvolvimento da mesma e pela suscetibilidade da variedade. Desta forma, as medidas de controle devem estar relacionadas com estes aspectos.
Variedades com elevado grau de resistência ainda não estão disponíveis. Há, porém, indicações de materiais razoavelmente resistentes, mesmo para as condições brasileiras. Na verdade, programas específicos de melhoramento visando a obtenção de variedades resistentes são praticamente inexistentes nas nossas condições; o que existe é a avaliação da reação à mancha parda em variedades ou linhagens produzidas cm programas de melhoramento dirigidos para resistência à brusone.
Além do emprego de variedades com certo grau de resistência, é recomendável a utilização de lotes de sementes sadias ou de sementes tratadas, visando reduzir o inóculo inicial. O uso de adubação adequada e a manutenção de um bom manejo de água podem contribuir para minimizar os efeitos da doença. Práticas como rotação de cultura e eliminação de gramíneas das proximidades da área cultivada com arroz podem desfavorecer a sobrevivência do fungo. A utilização de pulverização com produtos químicos é uma opção de controle que deve ser analisada com cuidado, principalmente para cultivos de sequeiro, em função do baixo rendimento da cultura; no entanto, se esta medida for adotada, deve ser lembrado que as fases finais do ciclo da planta são as mais críticas e, portanto, a folha bandeira e os grãos devem ser convenientemente protegidos. Alguns fungicidas como maneb, mancozeb, chlorothalonil+tiofanato metílico e ziram podem ser empregados para o controle preventivo da doença.
MANCHA ESTREITA - Sphaerulina oryzina K. Hara (Cercospora oryzae Miyake)
A ocorrência de Cercospora oryzae em plantas de arroz foi relatada pela primeira vez, em 1910, no Japão. Atualmente, a doença já foi registrada em todo o mundo, exceto no continente europeu. Mesmo existindo relatos de perdas em algumas regiões do mundo, acredita-se que nas condições brasileiras a doença tenha pouca importância. A mancha estreita geralmente ocorre na fase final do ciclo da planta e normalmente passa desapercebida na cultura. Quando a doença se manifesta mais cedo, pode reduzir a área foliar fotossintetizante, provocar redução de peso e rápida maturação dos grãos, além de diminuir o rendimento durante o processo de beneficiamento. A relevância da doença quanto aos danos está condicionada principalmente ao uso de variedades muito suscetíveis, fato verificado nas décadas de 30 e 40 nos Estados Unidos.
Sintomas - As manchas típicas aparecem mais freqüentemente nas folhas. No entanto, sob condições de ataque severo, as manchas podem ser encontradas nas bainhas, colmos e glumelas. As lesões características são estreitas, finas, necróticas, alongadas no sentido das nervuras, apresentando coloração marrom-avermelhada; nas variedades resistentes as lesões tendem a ser mais curtas, estreitas e escuras. Embora as dimensões sejam bastante variáveis, as manchas medem em média 3-5 x 1-1,5 mm.
Etiologia - O agente causal é o fungo Cercospora oryzae, um deuteromiceto cujos conídios são cilíndricos a clavados, normalmente apresentando de 3 a 10 septos, hialinos ou levemente oliváceos. Os conidióforos são escuros, com 3 ou mais septos, e emergem pelos estômatos isoladamente ou em grupos de dois ou três.
Na fase perfeita, o patógeno é o ascomiceto Sphaerulina oryzina. Apresenta peritécios globosos e escuros, imersos na epiderme da planta. Os ascos têm forma cilíndrica aclavada, sendo os ascósporos fusiformes retos ou levemente curvos, hialinos, com três septos.
O fungo se desenvolve dentro de uma ampla faixa de temperatura. O crescimento ótimo é conseguido entre 25-280C. Várias raças fisiológicas têm sido detectadas através de uma série diferencial de variedades de arroz.
A sobrevivência ocorre nos restos de cultura. Uma vez na superfície da folha, trazidos principalmente pelo vento, os conídios germinam e penetram pelos estômatos. A colonização dos tecidos é feita pelo crescimento intracelular das hifas, que emergem através dos estômatos, produzindo conidióforos e conídios, os quais são novamente disseminados pelo vento. Condições de umidade alta e temperatura elevada (280C) são favoráveis ao desenvolvimento da doença.
Controle - O uso de variedades resistentes é a medida mais indicada para evitar ou diminuir as perdas. Ao longo do tempo, diversas variedades foram produzidas em programas de melhoramento dirigidos para mancha estreita. Embora a doença venha merecendo pouca atenção no Brasil, a incorporação de resistência em variedades nacionais pode ser facilitada graças à existência de material estrangeiro com boas características agronômicas e portador de resistência.
Outras medidas podem contribuir para o controle da doença, entre as quais o emprego de sementes sadias ou tratadas, a eliminação do arroz vermelho, que se constitui num hospedeiro alternativo, e mesmo a rotação de cultura. Alguns fungicidas, como benomyl, maneb+zinco, mancozeb e ziram têm sido recomendados para o controle do patógeno.
QUEIMA DAS GLUMELAS - Phoma sorghina (Sacc.) Boerema et ai.
A queima de glumelas tem sido registrada em vários países e pode causar perdas significativas, dependendo de condições climáticas. No Brasil, a doença é considerada de menor importância. Assumiu, porém, sérias proporções no ano agrícola de 79-80, na região centro-oeste. Anteriormente a esta data, a doença vinha sendo observada desde 1975, em arroz de sequeiro, porém sempre com baixa intensidade. A causa provável da epidemia de 79-80 foi a ocorrência de chuvas contínuas durante a fase de emissão de panículas. Embora mais freqüente em arroz de sequeiro, a queima das glumelas pode ser encontrada esporadicamente em arroz irrigado.
No ano da epidemia, avaliação feita em três campos severamente atacados apontou perdas de produção da ordem de 29%, 41% e 45%. Estes dados demonstram que, embora seja consideradade importância pequena, a doença pode atingir proporções epidêmicas sob condições favoráveis, principalmente se chuvas contínuas ocorrerem durante o período de emissão de panículas pelas plantas.
Sintomas - O patógeno pode atacar as panículas desde o início da emissão até o estádio de grão maduro. Quando ocorre infecção inicial, as panículas emergem com grãos manchados, sendo estas manchas de coloração marrom-avermelhada, que surgem na extremidade apical e gradualmente se espalham por todo o grão (Prancha 10.5). Quando a infecção aparece após a emergência das panículas, durante a formação dos grãos, aparecem as manchas típicas de coloração marrom-avermelhada com centro claro (cinza ou branco); sob condições de umidade, numerosos picnídios podem ser encontrados sobre esta região clara da mancha. Em alguns casos, pequenas manchas marrons do tamanho da cabeça de um alfinete podem ser observadas nas glumelas. Em casos de ataques severos, os grãos podem se apresentar parcialmente formados.
Etiologia - O agente causal da queima das glumelas é o fungo Phoma sorghina, o qual já foi chamados de Phyllosticta glumarum, P oryzina, P glumicola e P orizicola. Este deuteromiceto apresenta picnídios globosos. Os conídios têm forma ovalada a oblonga. Quando na presença de umidade, a massa de conídios é liberada pelo picnídio na forma de um fluxo espiralado; este tipo de extrusão permite reconhecer prontamente o patógeno.
A sobrevivência do fungo pode ocorrer em restos de cultura e sementes contaminadas. As sementes constituem-se na principal via de disseminação do patógeno, além de atuarem como fonte de inóculo primário.
Controle - O aparecimento esporádico da doença e a baixa intensidade de ocorrência não justificam medidas específicas de controle. Variedades inoculadas artificialmente mostraram diferentes graus de resistência; os materiais mais resistentes poderão ser diretamente utilizados para plantio ou em programas de incorporação de resistência. O uso de sementes provenientes de lotes com boas condições de sanidade é altamente desejável; o tratamento de sementes é recomendado como forma de reduzir o inóculo eventualmente presente nas mesmas.
MAL DO COLO - Fusarium oxysporum (Schi.) Snyder & Hansen
O mal do colo do arroz é uma doença nova da cultura, tendo sido relatada pela primeira vez em 1980, no Brasil. A doença foi inicialmente observada em culturas de sequeiro instaladas em solos de cerrado, na região centro-oeste. A freqüência com que a doença apareceu nos plantios de 1979-80 chamou a atenção dos pesquisadores, que passaram a investigar a sua causa.
Sintomas - Os sintomas na parte aérea da planta caracterizam-se por leve amarelecimento das folhas e retardamento no crescimento; estes sintomas são mais evidentes aos 25 dias após o plantio. A diferença entre a altura das plantas afetadas e sadias aumenta com o tempo. Tanto o amarelecimento das folhas como a desuniformidade observada entre as plantas pode ser facilmente confundida com deficiência nutricional, principalmente de nitrogênio. No entanto, quando as plantas são arrancadas, pode ser observada uma descoloração escura no nó basal do colmo, justamente na região de emissão das raízes secundárias e adventícias; o nome da doença deriva deste escurecimento do colo da planta. As plantas doentes apresentam o sistema radicular pouco desenvolvido e produzem poucos perfilhos. Apesar do subdesenvolvimento, as plantas afetadas raramente são mortas pela doença.
Etiologia - O patógeno foi identificado como sendo Fusarium oxysporum, com base na presença de microconídios, macroconídios e clamidósporos. Nos testes de patogenicidade, sintomas idênticos aos observados no campo foram obtidos somente para alguns isolados, sugerindo a ocorrência conjunta de isolados patogênicos e saprofíticos. A ocorrência do patógeno também pode estar associada a nematóides formadores de galhas nas raízes, pertencentes à espécie Meloidogyne javanica.
Controle - A recomendação de medidas de controle exige maior conhecimento sobre a doença. Em razão do aumento de sua importância nas regiões de cerrado, principalmente quando o arroz é cultivado em rotação com pastagens ou por 2-3 anos sucessivamente, seria prudente promover a rotação de cultura.
QUEIMA DAS BAINHAS - Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk. (Rhizoctonia solani Kühn)
Inicialmente descrita no Japão em 1910, esta doença encontra-se disseminada em praticamente todas as áreas do mundo onde se cultiva o arroz, principalmente em condições irrigadas. Sua importância vem aumentando devido ao uso de fertilizantes e de variedades altamente produtivas; isto implica em maior perfilhamento da planta e, conseqüentemente, em aumento de umidade na cultura, criando condições favoráveis ao patógeno.
Sintomas - Os sintomas ocorrem nas bainhas e colmos, sendo inicialmente observados próximos do nível da lâmina de água presente na cultura irrigada; sob condições favoráveis, as lesões podem ser encontradas também nas folhas e bainhas localizadas acima da linha da água. As manchas, nas bainhas e colmos, são ovaladas, elípticas ou arredondadas, apresentam coloração branco-acinzentada, com bordos de cor marrom, bem definidos; nas folhas, os sintomas são semelhantes, porém as manchas apresentam aspecto irregular. Ataques severos podem causar seca parcial ou total das folhas, além de provocar acamamento das plantas.
Etiologia - O agente causal da queima das bainhas é o deuteromiceto Rhizoctonia solani, que na fase perfeita corresponde a Thanatephorus cucumeris. O micélio jovem é claro e torna-se gradativamente marrom, apresentando septação e ramificações típicas deste fungo. Os escleródios são globosos, brancos e tomam a coloração marrom-escura quando mais velhos, podendo alcançar até 5 mm de diâmetro. Na fase perfeita, o patógeno produz basídios sobre os quais se desenvolvem os basidiósporos em número de 2-4. A morfologia das estruturas produzidas pelo fungo pode variar dependendo do isolado, tendo sido separados vários grupos morfológicos. Em relação ao grupo de anastomose, o patógeno do arroz está incluído no grupo AGI.
A sobrevivência do fungo no solo dá-se por micélio ou escleródios. O cultivo contínuo do arroz na mesma área aumenta os danos, pois os restos de cultura contribuem para o aumento do inóculo. A infecção tem início quando os escleródios, disseminados pela água da cultura irrigada, atingem as partes das plantas localizadas na linha da água e germinam sobre a superfície vegetal. A penetração pode ocorrer através dos estômatos ou diretamente através da cutícula. O fungo produz apressório para, em seguida, penetrar os tecidos do hospedeiro. O micélio desenvolve-se rapidamente tanto no interior dos tecidos como sobre a superfície externa dos mesmos, levando ao aparecimento de manchas típicas da doença, sobre as quais podem ser encontradas hifas e escleródios. Estas estruturas são novamente disseminadas pela água de irrigação.
A ocorrência de temperaturas em torno de 280C e a presença de alta umidade na cultura são fatores altamente favoráveis à doença; contribuem para estas condições o emprego de adubação pesada e a alta densidade de plantas. O microclima existente na cultura tem grande influência no desenvolvimento da doença. Tem sido demonstrado que a severidade é maior em solos com altos níveis de nitrogênio e fósforo, pois estes elementos favorecem o desenvolvimento vegetativo das plantas; por outro lado, o potássio tem promovido redução na incidência da doença.
Controle - As medidas de controle indicadas compreendem, de modo geral, o uso de variedades resistentes e o emprego de fungicidas, entre os quais podem ser citados benomyl, kitazin, hinosan, mancozeb e iprodione. Nas regiões brasileiras que cultivam arroz irrigado a doença não tem sido registrada como problema serio. Preventivamente, porém, certos cuidados devem ser tomados, relacionados principalmente com a adubação e com a densidade de plantio.
FALSO CARVÃO ou CARVÃO VERDE - Ustilaginoidea virens (Cooke) Takah
Esta doença, apesar da pouca importânciaeconômica que representa para a cultura do arroz, chama a atenção do agricultor em razão da sintomatologia exibida pela planta afetada. Sua ocorrência é esporádica e os danos são insignificantes, pois a doença normalmente incide sobre poucas panículas e, dentro da panícula, em pequeno número de grãos.
Sintomas - O falso carvão é observado tipicamente nos grãos, na forma de uma massa arredondada de coloração verde-olivácea e aspecto pulverulento, com tamanho variável de 4-10 mm de diâmetro; pode também se manifestar como uma massa de tamanho reduzido contida pelas glumelas. O tipo de sintoma depende da época de infecção dos grãos ter ocorrido mais cedo ou mais tarde. Assim, quando a infecção atinge o ovário nos estádios iniciais de desenvolvimento, este é destruído e torna-se gradativamente uma massa estromática crescente, inicialmente lanuginosa, posteriormente amarelo-alaranjada ou amareloesverdeada e, finalmente, verde-olivácea, de formato globoso e aspecto pulverulento; quando a infecção é tardia, a massa estromática não se desenvolve tanto. Pode, porém, substituir o grão, ficando contida pelas glumelas ou recobrindo as mesmas.
Etiologia - O agente causal da doença é o fungo Ustilaginoidea virens. Os clamidósporos ou conídios maduros são esféricos a elípticos, equinulados, verde-oliváceos; quando jovens são hialinos e quase lisos. Estes esporos originam-se das hifas que compõem a massa estromática presente nos grãos. Na fase ascógena, ainda não relatada nas condições brasileiras, o fungo produz peritécios gregários, ascos cilíndricos com 8 esporos. Os ascósporos são hialinos, filiformes.
O patógeno sobrevive em restos de cultura, sendo disseminado pelo vento e pela água; as sementes também podem veicular estruturas fúngicas. A infecção pode ocorrer desde os primeiros estádios de desenvolvimento da planta e as hifas são geralmente encontradas nas regiões de crescimento dos perfilhos. A infecção da panícula pode ocorrer durante um curto período que precede a emissão da mesma, ou seja, ainda no estádio de emborrachamento da planta. Quando a infecção ocorre nos estádios iniciais do florescimento, a panícula exibe massas de esporos de cor verde, que representam o sintoma típico da doença; na infecção tardia (estádio de grão maduro), os esporos acumulam-se nas glumas, incham, separam a pálea da lema e, finalmente, todo o grão é substituído e recoberto pelo fungo. Os esporos presentes nas plantas infectadas são novamente dispersados pela água e pelo vento. A presença de umidade alta (98%), chuvas contínuas durante a emissão das panículas, temperaturas altas (280C), solos de elevada fertilidade e excesso de adubação nitrogenada favorecem a ocorrência da doença.
Controle - O controle específico do carvão não é comum, devido à pouca importância da doença para a cultura. No entanto, em locais onde a doença incide mais freqüentemente, recomenda-se fazer tratamento de sementes ou pulverização com fungicida, alguns dias antes da emissão das panículas.
PONTA BRANCA - Aphelenchoides besseyi Christie
Esta doença, causada por um nematóide, foi primeiramente estudada no Japão em 1915. Nas décadas de4Oe 50, vários aspectos relacionados à interação hospedeiropatógeno e ao controle foram objetos de pesquisas mais detalhadas. A distribuição da ponta branca é ampla, tendo sido registrada em todos os continentes. No Brasil, a doença foi relatada pela primeira vez no Rio Grande do Sul, em 1969, estando atualmente disseminada em praticamente todos os locais onde o arroz é cultivado em escala comercial.
As perdas são variáveis de acordo com o local, variedade, ano e manejo da cultura. Em países onde foram feitas estimativas de danos, constatou-se de 10-46% de perdas no rendimento. Em países de regiões tropicais, a doença tem merecido pouca atenção por parte dos agricultores e da pesquisa, talvez pelo fato da predominância das culturas de sequeiro, onde a doença é de menor importância. A ponta branca apresenta maior relevância para os plantios realizados sob condições de irrigação com lâmina de água.
Sintomas - Os sintomas mais característicos aparecem na fase adulta da planta. O ápice das folhas exibe uma clorose bastante evidente que se torna esbranquiçada e normalmente estende-se por 5 cm. Com o tempo, esta região pode apresentar rasgamento do tecido e se reduzir a um filamento de tecido necrosado. E comum nas folhas ocorrer o enrolamento da extremidade apical, dificultando a emissão das panículas. A doença pode provocar encurtamento das folhas, amadurecimento tardio das panículas, esterilidade e retorcimento das glumas. As plantas afetadas podem apresentar subdesenvolvimento; produzem panículas pequenas com menor número de grãos. Em alguns casos, as plantas não mostram sintomas típicos.
Etiologia - O nematóide Aphelenchoides besseyi Christie é chamado de nematóide das folhas. As fêmeas apresentam tamanho variável de 0,62-0,88 mm de comprimento, enquanto os machos medem de 0,44-0,72 mm. A temperatura pode influenciar a duração do ciclo do parasita. Em condições de laboratório, o ciclo completa-se em 24 dias a 1 60C e em 8 dias, a 300C. A umidade também tem influência sobre o patógeno, pois o mesmo só se torna ativo quando a umidade atinge valores superiores a 70%; este nível de umidade pode ser encontrado nas regiões de crescimento da parte aérea da planta, em folhas dobradas e no interior das panículas, locais onde normalmente os nematóides são encontrados.
Quando as sementes contaminadas germinam, os nematóides alcançam as regiões de crescimento das plantas e mantêm-se como ectoparasitas, ficando alojados entre as folhas jovens e as bainhas; durante a sucessão de folhas, permanecem no cartucho das folhas jovens, até a emissão da última folha (folha bandeira), da qual emergirá a panícula. Antes do florescimento, ficam na superfície da panícula. Durante a fase de florescimento, os nematóides atingem as glumas, onde ficam alojados até a germinação das sementes. A disseminação dentro das plantas e para plantas vizinhas pode ser feita através do movimento ativo do nematóide, quando ocorre molhamento da superfície das mesmas devido a chuvas ou deposição de orvalho. O patógeno tem na semente sua principal via de disseminação e local de sobrevivência, podendo permanecer viável por períodos de até 8 anos. Além da semente, várias espécies vegetais, principalmente gramíneas, podem atuar como hospedeiros alternativos, garantindo a sobrevivência do parasita.
Quando as sementes contaminadas germinam, os nematóides alcançam as regiões de crescimento das plantas e mantêm-se como ectoparasitas, ficando alojados entre as folhas jovens e as bainhas; durante a sucessão de folhas, permanecem no cartucho das folhas jovens, até a emissão da última folha (folha bandeira), da qual emergirá a panícula. Antes do florescimento, ficam na superfície da panícula. Durante a fase de florescimento, os nematóides atingem as glumas, onde ficam alojados até a germinação das sementes. A disseminação dentro das plantas e para plantas vizinhas pode ser feita através do movimento ativo do nematóide, quando ocorre molhamento da superfície das mesmas devido a chuvas ou deposição de orvalho. O patógeno tem na semente sua principal via de disseminação e local de sobrevivência, podendo permanecer viável por períodos de até 8 anos. Além da semente, várias espécies vegetais, principalmente gramíneas, podem atuar como hospedeiros alternativos, garantindo a sobrevivência do parasita.
Controle - O uso de variedades resistentes é uma das medidas indicadas para o controle da doença; em vários países já foram identificadas variedades com diferentes graus de resistência. No entanto, o tratamento químico das sementes tem se constituído num método de controle altamente viável e prático. O uso de produtos com ação nematicida, incluindo alguns inseticidas e fungicidas, tem sido suficiente para controlar eficientemente o agente causal da doença.
Podridão do Colmo - Leptosphaeria salvinii Cat. (Sclerotium oryzae Catt. - fase esclerodial e Helminthosporiumsigmoideum Cav. - fase conidial)
As lesões manifestam-se inicialmente na bainha foliar, ao nível do solo, 4 a 6 semanas antes do espigamento; posteriormente, a lesão atinge o caule, circundando-o e provocando o acamamento da planta e o chochamento dos grãos. Nos tecidos afetados, o fungo desenvolve numerosos escleródios negros. O estádio esclerodial, único relatado entre nós, é o mais comumente encontrado, não só em arroz, mas também em gramíneas selvagens e é responsável pelas infecções primárias. O controle recomendado no caso de incidência severa é a rotação de cultura; também, paliativamente, antes da doença atingir o colmo, pode-se recomendar a drenagem da água, o que evita satisfatoriamente o acamamento. Além das doenças acima citadas, existem no Brasil relatos da ocorrência de outras, geralmente aparentando ter pequena importância. Entre elas figuram a podridão do colo e raízes, causada por Pythium arrhenomanes Drechs; o estiolamento e morte das plantinhas, atribuídos a fungos dos gêneros Fusarium e Pythium; a podridão das bainhas e colmos, atribuída a fungos dos gêneros Fusarium, Sclerotium, Ophiobolus, Rhizoctonia; lesões nos grãos, atribuídas aos fungos Curvularia lunata (Wakker) Boedijn e Nigrospora oryzae (H. & Br.) Pech.; mancha de Phyllosticta, causada por Phyllosticta sp.

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