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2016 Contabilidade do Terceiro Setor ZANLUCA

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CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  1 
www.portaldecontabilidade.com.br 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  
 
Autor: Júlio César Zanluca 
 
Distribuição exclusiva: Portal Tributário® Publicações 
 
 Atenção: esta obra é atualizável. Recomendamos baixá-la periodicamente em seu computador, 
utilizando a mesma senha, no endereço www.portaltributario.com.br/downloads 
 
SUMÁRIO 
 
Dica: para pesquisar rapidamente uma palavra, tecle CTRL + L 
 
Introdução 
Siglas Utilizadas 
O que é o Terceiro Setor 
Tipos de Entidades 
Associações 
Fundações 
Associações x Fundações 
Cooperativas Sociais 
Organizações Sociais 
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP 
Normas de Contabilidade Aplicáveis ao Terceiro Setor 
Livros Obrigatórios 
Características Básicas da Contabilidade do Terceiro Setor 
Recursos para Formação do Patrimônio Social 
Receitas e Despesas – Regime de Reconhecimento 
Aquisição de Ativos de Renda 
Doações 
Tipos de Doações 
Doação de Ativos Patrimoniais 
Doação de Materiais 
Perdão de Dívida 
Doação Condicional 
Doação Incondicional de Recebíveis 
Auxílios 
Subvenções 
Contribuições 
Mensalidades 
Contratos, Convênios e Termos de Parceria 
Recursos de Terceiros e Com Restrições 
Recebimento de Recursos de Convênios 
Contrapartida de Convênios e Contratos 
Obtenção de Renúncia Fiscal 
Gratuidades 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  2 
www.portaldecontabilidade.com.br 
Obtenção de Serviços Voluntários 
Venda de Bens ou Serviços 
Notas sobre a Tributação de Vendas 
Vendas em Consignação 
Venda do Imobilizado 
Contas de Custos 
Alocação de Custos Indiretos 
Custos Diretos 
Custos Indiretos 
Critérios de Rateio 
Provisões 
Provisão de Recebíveis 
Provisão de Férias e 13º Salário 
Provisão de Verbas Rescisórias 
Depreciações 
Despesas de Publicidade 
Restituição de Tributos 
Contas de Compensação 
Superávit ou Déficit do Exercício 
Demonstrações Contábeis 
Prestação de Contas ao MPAS 
Prestação de Contas ao Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS 
Prestação de Contas - OSCIP 
Aspectos Tributários e Trabalhistas do Terceiro Setor 
INSS e Contribuições Sociais 
IRPJ – Incentivos e Benefícios 
Incentivos aos Patrocinadores 
Projetos Culturais Incentivados 
Atividade Audiovisual 
Doações aos Conselhos dos Direitos das Crianças e Adolescentes 
Benefícios às Organizações do Terceiro Setor 
Imunidade Constitucional 
Isenção do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro 
PIS Devido pelas Entidades sem Fins Lucrativos 
COFINS 
CPMF 
ISS 
ICMS 
IPI 
DIPJ – CNPJ - DACON - EFD-CONTRIBUIÇÕES - DCTF 
IPTU 
Parcelamento de Débitos - INSS 
Vínculo Empregatício 
Contribuição Sindical Patronal 
RAIS 
Entidade sem Fins Lucrativos faz jus à Assistência Judiciária Gratuita 
Escrituração Contábil Digital – ECD 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  3 
www.portaldecontabilidade.com.br 
Escrituração Fiscal Contábil - ECF 
 
INTRODUÇÃO 
 
Um dos ramos da contabilidade que gera demandas de conhecimentos específicos é o 
chamado “terceiro setor”. 
 
Com participação crescente no PIB – Produto Interno Bruto – brasileiro, o terceiro setor 
exige dos contabilistas novos conhecimentos e práticas, cujas bases estão expostas neste 
manual. 
 
Espera o autor colaborar com seus colegas contabilistas e participar deste processo 
irreversível de nova ênfase das ações humanas, independentemente de ações 
governamentais e além do mero objetivo de lucro. 
 
SOBRE O AUTOR E A OBRA 
 
Júlio César Zanluca é Contabilista e mora em Curitiba – PR. Foi auditor e consultor de 
várias empresas no Paraná e Santa Catarina, participando ativamente como voluntário em 
várias ONGs. Atualmente, o autor é coordenador de conteúdo do site Portal Tributário, 
tendo escrito várias outras obras, como 100 Ideias Práticas de Economia Tributária, Manual 
do IRPJ – Lucro Real, Planejamento Tributário, Cooperativas, Contabilidade de Custos, 
Gestão do Departamento Fiscal, entre outras. 
 
 Observar que todos os exemplos são meramente ilustrativos. Em situações reais, 
verificar a adequação dos lançamentos à efetiva realidade da operação e a legislação 
vigente à época. 
 
Direitos autorais REGISTRADOS. A cópia, reprodução, distribuição ou comercialização 
por qualquer meio somente será permitida mediante autorização POR ESCRITO do 
detentor de direitos autorais. Permitida a reprodução de apenas 1 (uma) cópia para uso 
exclusivo e pessoal do adquirente. 
 
NOTA SOBRE A LEI 11.638/2007 
 
Entende o autor que, apesar das disposições da Lei 11.638/2007 e alterações subsequentes 
aplicarem-se especificamente às sociedades empresárias, é desejável uma adaptação às 
referidas normas contábeis, de forma voluntária, pelas entidades do terceiro setor. 
 
Entretanto, permanecem aplicáveis as demais disposições tributárias, legais e contábeis – 
como o Regulamento do Imposto de Renda, Código Civil Brasileiro e as NBCs. 
 
Em relação à estrutura patrimonial, sugere-se a adaptação do plano de contas à nova 
terminologia prevista pela Lei 11.638, não significando, porém, que as normas societárias 
de contabilização sejam obrigatoriamente auto aplicáveis às ONGs. 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  4 
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A presente obra procura comentar, quando cabível, as referidas adaptações ou novas 
situações surgidas pela reforma contábil da Lei das S/A. 
 
SIGLAS UTILIZADAS 
 
AGO = Assembleia Geral Ordinária 
C = Crédito 
CLT = Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei 5.452/1943) 
CNAS = Conselho Nacional de Assistência Social 
CNPJ - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica 
COFINS = Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Lei 
Complementar 70/1991) 
CPMF = Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (Lei 9.311/1996) 
CSL ou CSLL = Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (Lei 7.689/1988) 
CTN = Código Tributário Nacional 
D = Débito 
DCTF = Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais 
DIPJ = Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica 
GPS = Guia da Previdência Social 
ICMS = Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (Lei 
Complementar 87/1996) 
IN = Instrução Normativa 
INSS = Instituto Nacional de Seguridade Social 
IR = Imposto de Renda 
IRF ou IRRF = Imposto de Renda Retido na Fonte 
IRPJ = Imposto de Renda – Pessoa Jurídica 
ISS = Imposto sobre Serviços (Lei Complementar 116/2003) 
NBC T = Norma Brasileira de Contabilidade 
ONG = Organizações Não Governamentais 
OSCIP = Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público 
PIS = Programa de Integração Social (Lei Complementar 7/70) 
RF = Região Fiscal 
RFB = Receita Federal do Brasil 
RIPI = Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Decreto 4.544/2002) 
RIR/99 = Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/1999) 
RPS = Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/1999) 
SRF = Secretaria da Receita Federal 
 
O QUE É O TERCEIRO SETOR 
 
Denomina-se “terceiro setor” o conjunto das organizações não governamentais (sigla 
ONG). 
 
Caracterizam-se como ONG as entidades que não têm finalidade de lucro e não derivam do 
poder público, congregando objetivos sociais, filantrópicos, culturais, recreativos, 
religiosos, ecológicos ou artísticos. 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  5 
www.portaldecontabilidade.com.br 
 
O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. 
 
O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais, tendoobjetivo 
primordial o lucro. 
 
O terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, 
que tem como objetivo gerar serviços de caráter público. 
 
TIPOS DE ENTIDADES 
 
Destacam-se os seguintes tipos de entidades do terceiro setor no Brasil: 
 
ASSOCIAÇÕES 
 
Associações são pessoas jurídicas formadas pela união de pessoas que se organizam para a 
realização de atividades não econômicas, ou seja, sem finalidades lucrativas. Nessas 
entidades, o fator preponderante são as pessoas que as compõem. 
 
As associações, de acordo com a sua finalidade, podem ser classificadas em 3 grupos 
principais: 
 
1) Aquelas que têm por fim o interesse pessoal dos próprios associados, sem objetivo 
de lucro, como as sociedades recreativas ou literárias. 
2) As que têm objeto principal a realização de uma obra estranha ao interesse pessoal 
dos associados, e que fique sob a dependência da associação ou se torne dela 
autônoma, por exemplo, as associações beneficentes. Embora seus associados 
possam visar interesse pessoal, sua finalidade primordial é a de prover uma obra de 
caridade em benefício de terceiros. 
3) As associações que têm por finalidade principal ficarem subordinadas a uma obra 
dirigida autonomamente por terceiras pessoas. 
 
Adiante, a legislação respectiva, constante no atual Código Civil Brasileiro, relativamente 
às associações: 
 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO – Lei 10.406/2002 
 
Capítulo II - DAS ASSOCIAÇÕES (Arts. 53 a 61) 
 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não 
econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 
 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  6 
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IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. 
 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias 
com vantagens especiais. 
 
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. 
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da 
associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de 
associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. 
 
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, obedecido ao 
disposto no estatuto; sendo este omisso, poderá também ocorrer se for reconhecida a 
existência de motivos graves, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos 
presentes à assembleia geral especialmente convocada para esse fim. 
 
Parágrafo único. Da decisão do órgão que, de conformidade com o estatuto, decretar a 
exclusão, caberá sempre recurso à assembleia geral. 
 
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha 
sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no 
estatuto. 
 
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
I - eleger os administradores; 
II - destituir os administradores; 
III - aprovar as contas; 
IV - alterar o estatuto. 
 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos II e IV é exigido o voto 
concorde de dois terços dos presentes à assembleia especialmente convocada para esse fim, 
não podendo ela deliberar, em primeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados, 
ou com menos de um terço nas convocações seguintes. 
 
Art. 60. A convocação da assembleia geral far-se-á na forma do estatuto, garantido a um 
quinto dos associados o direito de promovê-la. 
 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de 
deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, 
será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, 
por deliberação dos associados, a instituição municipal, estadual ou federal, de fins 
idênticos ou semelhantes. 
 
§ 1.º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem 
estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  7 
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atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da 
associação. 
§ 2.º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a 
associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do 
seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. 
 
FUNDAÇÕES 
 
Fundações são entes jurídicos que têm como fator preponderante o patrimônio. Este ganha 
personalidade jurídica e deverá ser administrado de modo a atingir o cumprimento das 
finalidades estipuladas pelo seu instituidor. 
 
A partir da vigência do Código Civil de 2002, somente podem ser constituídas fundações 
para fins de: 
I – assistência social; 
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; 
III – educação; 
IV – saúde; 
V – segurança alimentar e nutricional; 
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento 
sustentável; 
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de 
sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e 
científicos; 
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; 
IX – atividades religiosas. 
O fator primordial da fundação é o patrimônio, sendo que este deve ser formado por bens 
livres, ou seja, legalmente disponíveis ou desonerados. Deverá ainda ser suficiente para a 
manutenção da entidade e desenvolvimento de suas finalidades estatutárias. 
 
Quando o patrimônio for insuficiente para a constituição da fundação, este será incorporado 
à outra fundação com finalidades estatutárias iguais ou semelhantes, a não ser que o 
instituidor tenha disposto de outra forma no ato de instituição (escritura pública ou 
testamento). 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  8 
www.portaldecontabilidade.com.br 
Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação 
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a 
maneira de administrá-la. 
 
Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro 
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim 
igual ou semelhante. 
 
Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a 
transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, 
serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. 
 
Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do 
encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação 
projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso 
ao juiz. 
 
Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, 
em 180 (cento e oitenta) dias,a incumbência caberá ao Ministério Público. 
 
Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. 
 
Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério 
Público do Distrito Federal e Territórios. 
 
Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao 
respectivo Ministério Público. 
 
Para que se possa alterar o estatuto da fundação é imprescindível que a reforma: 
 
I - seja deliberada por 2/3 (dois terços) dos competentes para gerir e representar a fundação; 
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e 
cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-
la, a requerimento do interessado. 
 
Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da 
fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê 
ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em 10 (dez) dias. 
 
Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o 
prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe 
promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no 
ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a 
fim igual ou semelhante. 
 
Bases: artigos 62 a 69 da Lei 10.406/2002 (Código Civil Brasileiro). 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  9 
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ASSOCIAÇÕES x FUNDAÇÕES 
 
A seguir, um quadro resumo das principais diferenças comparativas entre Associações e 
Fundações: 
 
Associações Fundações 
Fins próprios (dos associados) Fins alheios (do instituidor) 
Fins alteráveis Fins imutáveis (que não se 
alteram) 
Patrimônio: 
Sócios vão formando 
Só instrumento 
Patrimônio: 
Fornecido pelo instituidor 
Essencial 
Deliberações livres Deliberações delimitadas pelo 
instituidor e fiscalizadas pelo 
Ministério Público 
Órgãos dominantes Órgãos fiscalizadores 
 
COOPERATIVAS SOCIAIS 
 
A Lei 9.867 de 10/11/1999 dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas 
Sociais, constituídas com a finalidade de inserir as pessoas em desvantagem no mercado 
econômico, por meio do trabalho, fundamentadas no interesse geral da comunidade em 
promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos. 
 
Incluem-se entre as atividades das Cooperativas Sociais: 
 
1. A organização e gestão de serviços sociossanitários e educativos; 
2. O desenvolvimento de atividades agrícolas, industriais, comerciais e de serviços. 
 
Na denominação e razão social das entidades é obrigatório o uso da expressão “Cooperativa 
Social”, aplicando-se-lhes todas as normas relativas ao setor em que operarem. 
 
Consideram-se pessoas em desvantagem, para os efeitos da Lei 9.867/99: 
 
I – os deficientes físicos e sensoriais; 
II – os deficientes psíquicos e mentais, as pessoas dependentes de acompanhamento 
psiquiátrico permanente, e os egressos de hospitais psiquiátricos; 
III – os dependentes químicos; 
IV – os egressos de prisões; 
V – os condenados á penas alternativas á detenção; 
VI – Os adolescentes em idade adequada ao trabalho e situação familiar difícil do ponto de 
vista econômico, social ou afetivo. 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  10 
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As cooperativas sociais organizarão seu trabalho especialmente no que diz respeito á 
instalações, horários e jornadas, de maneira a levar em conta e minimizar as dificuldades 
gerais e individuais das pessoas em desvantagem que nelas trabalharem, e desenvolverão e 
executarão programas especiais de treinamento com o objetivo de aumentar-lhes a 
produtividade e a independência econômica e social. 
 
A condição de pessoa em desvantagem deve ser atestada por documentação proveniente de 
órgãos da administração pública, ressalvando-se o direito á privacidade. 
 
O estatuto da Cooperativa Social poderá prever uma ou mais categorias de sócios 
voluntários, que lhe prestem serviços gratuitamente, e não estejam incluídos na definição de 
pessoas em desvantagem. 
 
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS 
 
São qualificáveis como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins 
lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao 
desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à 
saúde, atendidos aos requisitos previstos na Lei 9.637/1998. 
 
As entidades qualificadas como organizações sociais são declaradas como entidades de 
interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais. 
 
Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos 
necessários ao cumprimento do contrato de gestão. 
 
As entidades e organizações de assistência social sujeitam-se à regulamentação prevista no 
Decreto 6.308/2007, devendo estar inscritas nos Conselhos Municipais de Assistência 
Social ou no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal para seu regular 
funcionamento, nos termos do art. 9º da Lei nº 8.742, de 1993, aos quais caberá a 
fiscalização destas entidades e organizações, independentemente do recebimento ou não de 
recursos públicos. 
 
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP 
 
A Lei 9.790/1999, regulamentada pelo Decreto 3.100/1999, qualifica as OSCIP, no 
universo do Terceiro Setor, em organizações que efetivamente têm finalidade pública, 
impondo condições para tal reconhecimento. 
 
A qualificação de OSCIP acolhe e reconhece legalmente as organizações da sociedade civil 
cuja atuação se dá no espaço público não estatal. 
 
Para efetuar a transferência de recursos públicos para as organizações da sociedade civil, a 
legislação anterior à Lei 9.790/99 adota os convênios como principal forma de 
operacionalização, sendo obrigatório o registro no Conselho Nacional de Assistência Social 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  11 
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- CNAS. Outra alternativa são os contratos, que devem obedecer às determinações da Lei 
8.666, de 21 de junho de 1993 (Lei das Licitações). 
 
A Lei 9.790/1999 criou o Termo de Parceria - novo instrumento jurídico de fomento e 
gestão das relações de parceria entre as OSCIP e o Estado, com o objetivo de imprimir 
maior agilidade gerencial aos projetos e realizar o controle pelos resultados, com garantias 
de que os recursos estatais sejam utilizados de acordo com os fins públicos. 
 
O Termo de Parceria possibilita a escolha do parceiro mais adequado do ponto de vista 
técnico e mais desejável dos pontos de vista social e econômico, além de favorecer a 
publicidade e a transparência. 
 
A Lei 9.790/1999 traz uma novidade importante: pela primeira vez, o Estado reconhece a 
existência de uma esfera pública em emersão, que é pública não pela sua origem, mas pela 
sua finalidade, ou seja, é pública mesmo não sendo estatal. 
 
Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas 
jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem 
em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos 
sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei 9.790/1999. 
 
A seguir, um quadro-resumo das qualificações das OSCIP e as demais entidades sociais, 
regidas pela legislação anterior: 
 
Lei 9.790/1999 Legislação anterior e vigente 
Cria a qualificação de Organização daSociedade Civil de Interesse Público/ 
OSCIP, concedida pelo Ministério da 
Justiça. 
 
 
A lei determina rapidez no ato de 
deferimento da solicitação porque a 
qualificação é ato vinculado ao 
cumprimento das exigências da lei, isto é, 
se a entidade entregou os documentos e 
cumpriu com as exigências, ela é 
qualificada automaticamente. 
No nível federal, são fornecidas duas 
qualificações: Declaração de Utilidade Pública 
Federal, pelo Ministério da Justiça; e 
Certificação das Entidades Beneficentes de 
Assistência Social (Decreto 8.242/2014). 
 
Declarações de Utilidade Pública similares são 
oferecidas no nível dos estados e municípios. 
 
Tais qualificações dependem de vários 
documentos, cuja obtenção pode ser morosa e 
de custos elevados. 
Se o pedido de qualificação como OSCIP 
for negado, a entidade, após fazer as 
alterações indicadas na justificativa de 
indeferimento, feita pelo Ministério da 
Justiça, pode reapresentar o pedido 
imediatamente. 
Se o pedido para essas qualificações for 
negado, a entidade não pode proceder à 
reapresentação imediata, devendo esperar um 
período definido legalmente. 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  12 
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Nota: a qualificação como OSCIP não substitui outras qualificações anteriores: a 
Declaração de Utilidade Pública Federal e o de Entidade Beneficente de Assistência Social. 
A legislação que rege essas qualificações continua vigorando concomitantemente à Lei 
9.790/1999. 
 
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL 
 
A Lei 13.019/2014 (com alterações da Lei 13.204/2015) estabelece o regime jurídico das 
parcerias públicas voluntárias com as organizações da sociedade civil. 
Considera-se organização da sociedade civil: 
a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou associados, 
conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, 
excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, 
participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas 
atividades, e que os aplique integralmente na consecução do respectivo objeto social, de 
forma imediata ou por meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva; 
b) as sociedades cooperativas previstas na Lei 9.867/1999 (cooperativas sociais); as 
integradas por pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social; as 
alcançadas por programas e ações de combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; 
as voltadas para fomento, educação e capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de 
agentes de assistência técnica e extensão rural; e as capacitadas para execução de atividades 
ou de projetos de interesse público e de cunho social. 
c) as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de interesse 
público e de cunho social distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos; 
A organização da sociedade civil deverá divulgar na internet e em locais visíveis de suas 
sedes sociais e dos estabelecimentos em que exerça suas ações todas as parcerias celebradas 
com a administração pública. 
As informações deverão incluir, no mínimo: 
I - data de assinatura e identificação do instrumento de parceria e do órgão da 
administração pública responsável; 
II - nome da organização da sociedade civil e seu número de inscrição no Cadastro 
Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB; 
III - descrição do objeto da parceria; 
IV - valor total da parceria e valores liberados, quando for o caso; 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  13 
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V - situação da prestação de contas da parceria, que deverá informar a data prevista para a 
sua apresentação, a data em que foi apresentada, o prazo para a sua análise e o resultado 
conclusivo. 
VI - quando vinculados à execução do objeto e pagos com recursos da parceria, o valor 
total da remuneração da equipe de trabalho, as funções que seus integrantes desempenham 
e a remuneração prevista para o respectivo exercício. 
Observa-se aí a grande importância da contabilidade para tais organizações, haja visto os 
detalhamentos exigidos, envolvendo valores liberados e prestação de contas (aplicações dos 
recursos), conforme respectiva lei disciplinadora - Lei 13.019/2014, em especial, 
escrituração de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e com as Normas 
Brasileiras de Contabilidade. 
 
REGISTRO NO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA 
 
Para ser qualificada perante o Ministério da Justiça, a OSCIP deverá atender aos requisitos 
da Portaria MJ 362/2016. 
 
Destaque-se, dentre os requisitos, a apresentação do balanço patrimonial e demonstração do 
resultado do exercício, assinado pelo contador e pelo representante legal, referente ao ano 
anterior ao pedido de qualificação e em conformidade com as normas brasileiras 
de contabilidade. 
 
 
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICÁVEIS AO TERCEIRO 
SETOR 
 
Desde 1º de janeiro de 2012, entrou em vigência a NBC ITG 2002 (R1) que trata sobre as 
entidades sem finalidade de lucros, aprovada pela Resolução CFC 1.409/2012. 
 
Esta interpretação estabelece critérios e procedimentos específicos de avaliação, de 
reconhecimento das transações e variações patrimoniais, de estruturação das demonstrações 
contábeis e as informações mínimas a serem divulgadas em notas explicativas de entidade 
sem finalidade de lucros. 
 
As entidades sem finalidade de lucro são aquelas em que o resultado positivo não é 
destinado aos detentores do patrimônio líquido e o lucro ou prejuízo são denominados, 
respectivamente, de superávit ou déficit. 
 
Tais entidades, mesmo aquelas que tenham sede no exterior, mas que atuem no Brasil, 
devem seguir as normas contábeis brasileiras. 
 
As normas contábeis reconhecem que essas entidades são diferentes das demais e 
recomendam a adoção de terminologias específicas para as contas de Lucros ou Prejuízos, 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  14 
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Capital e para a denominação da Demonstração do Resultado, com a finalidade de 
adequação dessas terminologias ao contexto das referidas entidades. 
 
Nesta obra, trataremos de alguns aspectos fundamentais de aplicação prática de tais normas, 
sendo que, obviamente, nem todas as situações que podem ocorrer estão tratadas, já que o 
objetivo primordial do autor é comentar os parâmetros básicos de contabilização. Dá-se 
ênfase aos aspectos das entidades sociais. 
 
OBRIGATORIEDADE 
 
Não há qualquer isenção, prevista em lei, que desobrigue às entidades do terceiro setor de 
manterem escrituração contábil completa. 
 
A manutenção de escrituração, com livros revestidos de formalidades próprias, constitui 
requisito para a caracterização das entidades isentas de um modo geral e, com relação à 
exigência de escrituração do livro diário, há expressa previsão na seara das contribuições 
previdenciárias, relativamente a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, 
conforme se depreende da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e do seu Regulamento, 
aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, assim como da IN RFB nº 971, de 
13 de novembro de 2009. 
 
Observe, ainda, a relevância do cumprimento integral das normas contábeis, reconhecido 
por outros órgãos fiscalizadores, como o CNAS. Em recente resolução, adiante transcrita, o 
respectivo órgão condicionou a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de 
Assistência Social – CEAS, ao cumprimento fidedigno das normas contábeis, nestes 
termos:RESOLUÇÃO Nº 66, DE 16 DE ABRIL DE 2003 
MINISTÉRIO DA ASSISTÊNCIA E PROMOÇÃO SOCIAL 
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
Dispõe sobre os critérios de análise das demonstrações contábeis apresentadas perante o 
CNAS. 
 
O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, em reunião ordinária realizada nos 
dias 18 e 19 de fevereiro de 2003, no uso da competência que lhe confere o artigo 18 da 
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 – Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS; e 
considerando a necessidade de disciplinar os critérios de análise das demonstrações 
contábeis que instruem os processos administrativos de concessão e de renovação do 
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEAS, RESOLVE: 
I – As demonstrações contábeis das entidades que pleiteiam a concessão ou a renovação 
do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social devem observar estritamente 
as resoluções expedidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, especialmente os 
Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC) e as Normas Brasileiras de 
Contabilidade (NBC), sendo vedada a aplicação de qualquer outro entendimento que não 
esteja em conformidade com as citadas normas, sob pena de indeferimento do pedido. 
II – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  15 
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III – Revogam-se as disposições em contrário. 
 
Antônio Brito 
Presidente do CNAS 
 
LIVROS OBRIGATÓRIOS 
 
As entidades não governamentais sem fins lucrativos (ONGs) deverão ter escrituração 
contábil para comprovar sua situação de imunidade ou isenção de tributos federais numa 
eventual fiscalização pela RFB. 
 
Para tanto, seguem a regra geral das demais pessoas jurídicas, devendo possuir os seguintes 
livros: 
 
1. Livro Diário e 
2. Livro Razão. 
 
No caso da pessoa jurídica que tenha adotado a Escrituração Contábil Digital (ECD), 
instituída pela Instrução Normativa SRF 787/2007, a escrituração contábil para fins 
societários, será a própria ECD, conforme estipulado pelo § 3º do art. 1 da Instrução 
Normativa RFB 967/2009. 
 
Além dos livros contábeis, a ONG deverá ter os livros fiscais quando praticar operações 
comerciais e industriais sujeitas a tributos específicos, como ISS, IPI e ICMS, a saber: 
 
– Livro Registro de Inventário 
– Registro de Entradas 
– Registro de Saídas 
– Registro Controle da Produção e Estoques 
– Registro de Apuração IPI, do ICMS e do ISS, quando cabíveis. 
 
Os livros fiscais referidos (exceto em relação ao ISS) poderão ser substituídos pela 
Escrituração Fiscal Digital (EFD). 
 
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR 
 
A estrutura patrimonial definida pela Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976) é a 
base da contabilidade do terceiro setor. 
 
Entretanto, algumas adaptações devem ser feitas e dizem respeito, principalmente, à 
nomenclatura de algumas contas a serem utilizadas. 
 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
 
O conceito básico de Patrimônio Líquido é o mesmo tanto nas empresas quanto no terceiro 
setor. 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  16 
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A equação patrimonial clássica não se altera: 
 
Patrimônio Líquido = ATIVO - PASSIVO (exigibilidades) 
 
Entretanto, a terminologia relativa ao Patrimônio Líquido é diferenciada: 
 
- ao invés de Capital Social, utiliza-se contas de Patrimônio Social; 
- ao invés de contas de Reservas de Lucros e Reservas de Capital, utiliza-se, genericamente, 
contas de “Outras Reservas”; 
- ao invés de Lucros ou Prejuízos Acumulados, utiliza-se contas de Superávit ou Déficit 
Acumulado. 
 
1) Contas do Patrimônio Social: 
 
Fundo Institucional = composto dos valores de formação aportados pelos associados ou 
subscritores. 
 
Fundos Especiais = aqueles definidos pelo estatuto, para aplicação específica. 
 
Doações e Subvenções = aportes espontâneos de bens ou direitos de pessoas físicas ou 
jurídicas, especificamente com o objetivo de destiná-los às atividades objeto da entidade. 
 
2) Contas de Superávit ou Déficit Acumulado: 
 
Superávit do Exercício = registra a confrontação periódica de receitas x despesas, sendo o 
respectivo saldo credor transferido para esta conta, para aplicação nas atividades objeto da 
entidade. 
 
Déficit do Exercício = registra a confrontação periódica de receitas x despesas, sendo 
eventual saldo devedor tal é transferido para esta conta, até futura amortização pelos 
associados ou por superávits subsequentes. 
 
FUNDOS ESPECIFICADOS 
 
A contabilidade registra os recursos recebidos para atender atividades ou projetos 
específicos de forma separada (em fundos), valendo-se das restrições impostas pelos 
doadores externos à entidade ou mesmo observando restrições impostas pelos órgãos 
diretivos da entidade. 
 
Na prática existirão, em uma entidade, vários tipos de "fundos" como, por exemplo, "Fundo 
para Construção de Sede Social", "Fundo para Bolsas de Estudos", "Fundo de Pesquisas", 
etc. 
 
OUTRAS CARACTERÍSTICAS 
 
Outras características distintivas da contabilidade do terceiro setor: 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  17 
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1) Aplicam-se a essas entidades os Princípios Fundamentais de Contabilidade, bem com as 
Normas Brasileiras de Contabilidade e suas Interpretações Técnicas e Comunicados 
Técnicos, editados pelo Conselho Federal de Contabilidade. 
2) As entidades sem finalidade de lucro são aquelas em que o resultado positivo não é 
destinado aos detentores do patrimônio líquido e o lucro ou prejuízo são denominados, 
respectivamente, de superávit ou déficit. 
3) O valor do superávit ou déficit do exercício deve ser registrado na conta Superávit ou 
Déficit do Exercício enquanto não aprovado pela assembleia dos associados e após a sua 
aprovação, deve ser transferido para a conta Patrimônio Social. 
 
REGISTRO DO LIVRO DIÁRIO 
 
O livro diário deverá ser autenticado na competente serventia do Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas ou do Cartório de Registro de Títulos e Documentos, conforme estabelecido na 
legislação de organização administrativa e judiciária de cada estado ou do Distrito Federal 
(Solução de Consulta COSIT 144/2014). 
 
RECURSOS PARA FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO SOCIAL 
CONTABILIZAÇÃO 
Fundo Institucional 
Na subscrição inicial ou aportes dos associados ou subscritores, debita-se a conta 
representativa do recurso e credita-se o Fundo Institucional. 
Exemplo: 
Associados entregam à entidade R$ 100.000,00, mediante crédito bancário, para formação 
do "capital inicial" da entidade. Teremos então: 
D. Bancos Cta. Movimento (Ativo Circulante) 
C. Fundo Institucional (Patrimônio Social) 
R$ 100.000,00 
Fundos Especiais 
Quando o estatuto define fundos específicos, como por exemplo, fundo para investimentos, 
segrega-se contabilmente os recursos alocados. 
Exemplo: 
O estatuto de determinada associação recreativa determina que a venda de cotas do clube 
para novos associados será destinado à ampliação, melhorias e investimentos nas áreas de 
lazer. 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  18 
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Considerando que determinado associado, ao entrar para o clube e ser aceito como sócio, 
integralizou sua cota em R$ 50.000,00, teremos então: 
D - Caixa ou Bancos Cta. Movimento (Ativo Circualnte) 
C - Fundo de Investimentos (Patrimônio Social) 
R$ 50.000,00 
Doações e Contribuições Patrimoniais 
As doações, subvenções e contribuições patrimoniais, inclusive as arrecadadas na 
constituição da entidade, são contabilizadas no Patrimônio Social.Nota: as doações comuns (para custeio) são contabilizadas como receita. 
Exemplo: 
Doação de um imóvel, no valor de R$ 1.000.000,00, sendo R$ 200.000,00 do valor de 
terreno e R$ 800.000,00 do valor de edificações, na constituição da entidade e para uso 
desta em seus objetivos estatutários: 
D – Terrenos (Imobilizado) R$ 200.000,00 
D – Edificações (Imobilizado) R$ 800.000,00 
C - Doações e Subvenções (Patrimônio Social) R$ 1.000.000,00 
RECEITAS E DESPESAS – REGIME DE RECONHECIMENTO 
 
As receitas e despesas devem ser reconhecidas, mensalmente, respeitando os Princípios 
Fundamentais de Contabilidade, em especial os Princípios da Oportunidade e da 
Competência. 
 
Em consonância com a NBC ITG 2002 (R1), os registros contábeis devem evidenciar as 
contas de receitas e despesas, com e sem gratuidade, superávit ou déficit, de forma 
segregada, identificáveis por tipo de atividade, tais como educação, saúde, assistência 
social e demais atividades. 
 
Enquanto não atendidos os requisitos para reconhecimento no resultado, a contrapartida da 
subvenção, de contribuição para custeio e investimento, bem como de isenção e incentivo 
fiscal registrados no ativo, deve ser em conta específica do passivo. 
 
SEGREGAÇÃO DOS REGISTROS CONTÁBEIS 
 
Os registros contábeis devem evidenciar as contas de receitas e despesas, superávit ou 
déficit, de forma segregada, quando identificáveis por tipo de atividade, tais como 
educação, saúde, assistência social, técnico-científica e outras, bem como, comercial, 
industrial ou de prestação de serviços. 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  19 
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RECEITAS 
 
As receitas decorrentes de doação, contribuição, convênio, parceria, auxílio e subvenção 
por meio de convênio, editais, contratos, termos de parceira e outros instrumentos, para 
aplicação específica, mediante constituição, ou não, de fundos, e as respectivas despesas 
devem ser registradas em contas próprias, inclusive as patrimoniais, segregadas das demais 
contas da entidade. 
 
BENEFÍCIOS CONCEDIDOS 
 
Os benefícios concedidos pela entidade sem finalidade de lucros a título de gratuidade 
devem ser reconhecidos de forma segregada, destacando-se aqueles que devem ser 
utilizados em prestações de contas nos órgãos governamentais. 
 
O benefício concedido como gratuidade por meio da prestação de serviços deve ser 
reconhecido pelo valor efetivamente praticado. 
 
PROVISÃO PARA CRÉDITOS A RECEBER 
 
A entidade sem finalidade de lucros deve constituir provisão em montante suficiente para 
cobrir as perdas esperadas sobre créditos a receber, com base em estimativa de seus 
prováveis valores de realização e baixar os valores prescritos, incobráveis e anistiados. 
 
RESULTADO APURADO 
 
O valor do superávit ou déficit deve ser incorporado ao Patrimônio Social. O superávit, ou 
parte de que tenha restrição para aplicação, deve ser reconhecido em conta específica do 
Patrimônio Líquido. 
 
SEGREGAÇÃO DE CONTAS 
 
Os registros contábeis devem ser segregados de forma que permitam a apuração das 
informações para prestação de contas exigidas por entidades governamentais, aportadores, 
reguladores e usuários em geral. 
 
DOTAÇÃO INICIAL 
 
A dotação inicial disponibilizada pelo instituidor/fundador em ativo monetário ou não 
monetário, no caso das fundações, é considerada doação patrimonial e reconhecida em 
conta do patrimônio social. 
 
TRABALHO VOLUNTÁRIO 
 
O trabalho voluntário, inclusive de membros integrantes dos órgãos da administração, no 
exercício de suas funções, deve ser reconhecido pelo valor justo da prestação do serviço 
como se tivesse ocorrido o desembolso financeiro. 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  20 
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DOCUMENTAÇÃO 
 
As receitas de doações, subvenções e contribuições para custeio ou investimento devem ser 
registradas mediante documento hábil. 
 
Por documento hábil entende-se: contrato, recibo, nota fiscal, fatura ou demonstrativo 
(planilha, rateio ou forma semelhante) que dê suporte ao respectivo lançamento contábil. 
 
RECEITAS ESPECÍFICAS 
 
As receitas de doações, subvenções e contribuições recebidas para aplicação específica, 
mediante constituição ou não de fundos, devem ser registradas em contas próprias 
segregadas das demais contas da entidade. 
 
Exemplo: 
 
Recebimento de uma doação, mediante depósito em conta específica, para aplicação num 
projeto de atendimento a menores carentes, no valor de R$ 1.000,00. 
 
D – Banco Cta. Movimento – Projeto Menor Carente (Ativo Circulante) 
C - Atendimento a Criança (Receitas de Assistência Social) 
R$ 1.000,00 
 
RECEITAS DE CUSTEIO 
 
As doações e subvenções recebidas para custeio e investimento devem ser reconhecidas no 
resultado, observado o disposto na NBC TG 07 (R1) - Subvenção e Assistência 
Governamentais. 
 
Nota: em função da ITG 2002 (R1) somente as subvenções concedidas em caráter 
particular se enquadram na NBC TG 07. 
 
Exemplo: 
 
Recebimento de doação em dinheiro, no valor de R$ 100,00, para fins de custeio, sem 
condicionalidades do doador: 
 
D – Caixa (Ativo Circulante) 
C – Doações Incondicionais (Receitas) 
R$ 100,00 
 
AQUISIÇÃO DE ATIVOS DE RENDA 
 
Os “ativos de renda” têm objetivos de gerar recursos futuros para implementação de 
atividades sociais. 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  21 
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Por exemplo, a aquisição de ações para recebimento de dividendos, a compra de um imóvel 
para locação, etc. Tais ativos podem ser adquiridos ou recebidos em doação. 
 
Estes ativos devem ser registrados no subgrupo investimentos, para evidenciar sua 
caracterização de ativos destinados à obtenção de recursos futuros. 
 
Exemplo: 
 
Aquisição de 1.000 ações da Petrobrás S/A, no valor de R$ 10.000,00: 
 
D – Ações – Petrobrás S/A (Investimentos) 
C – Bancos Cta. Movimento (Ativo Circulante) 
R$ 10.000,00 
Histórico: aquisição de 1.000 ações da Petrobrás S/A, visando dividendos futuros. 
 
Por ocasião do anúncio da distribuição de dividendos da respectiva empresa, a entidade 
contabilizará: 
 
D – Dividendos a Receber (Ativo Circulante) 
C - Dividendos Recebidos (Resultado) 
 
E, na ocasião do crédito dos dividendos em conta bancária: 
 
D – Bancos Cta. Movimento (Ativo Circulante) 
C - Dividendos a Receber (Ativo Circulante) 
 
DOAÇÕES 
 
As doações constituem-se em transferência de dinheiro ou outros ativos para uma entidade, 
ou um cancelamento de um passivo, sem a necessidade de uma contrapartida. 
 
Essas doações podem ser em dinheiro, gêneros alimentícios, roupas, materiais de uso e 
consumo, equipamentos ou outro ativo qualquer ou também por meio de prestação de 
serviços. 
 
As doações devem ser reconhecidas no recebimento efetivo. 
 
TIPOS DE DOAÇÕES 
 
1) CONDICIONAL – quando sujeita ao cumprimento de certas obrigações por parte da 
entidade donatária. 
 
2) INCONDICIONAL: quando o doador não impõe nenhuma condição a ser cumprida pela 
entidade. 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  22 
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A utilização dessa classificação é importante para o usuário externo, devendo constar do 
Plano de Contas da entidade. 
 
Exemplos: 
 
Recebimento de material escolar, como doação, que será utilizado em programa de 
atendimento de público escolar, sendo que o doador não fixou termo condicional de 
doação: 
 
D – Materiais Doados a Distribuir (Estoques - Ativo Circulante) 
C – Doações Incondicionais (Receitas) 
 
Se o doador fixasse termo condicional de doação, paravincular que a distribuição se fizesse 
exclusivamente a pessoas de baixa renda, haveria necessidade de registros específicos da 
doação: 
 
1) Por ocasião da recepção da doação condicional: 
 
D – Materiais Doados a Distribuir (Estoques - Ativo Circulante) 
C - Doações Vinculadas a Distribuição de Materiais (Passivo Circulante) 
 
2) Por ocasião da efetiva distribuição dos materiais: 
 
a) Pela baixa dos estoques distribuídos: 
 
D - Atendimento a Criança (Despesa de Atividade Educacional) 
C - Materiais Doados a Distribuir (Estoques - Ativo Circulante) 
 
b) Pelo registro do cumprimento da doação condicional: 
 
D - Doações Vinculadas a Distribuição de Materiais (Passivo Circulante) 
C – Doações Condicionais (Resultado) 
 
Observar também a necessidade de registro da doação condicional em conta de 
compensação. Para maiores detalhes, acesse o tópico respectivo. 
 
DOAÇÃO DE ATIVOS PATRIMONIAIS 
 
Quando a doação ocorrer sob a forma de outros ativos patrimoniais não destinados ao 
custeio, a partida do registro deverá ser efetuada, observando a conta de aplicação dos 
recursos e a contrapartida diretamente no patrimônio social da entidade. 
 
Exemplo: 
 
Veículo recebido como doação, no valor de R$ 15.000,00, para utilização nas atividades da 
entidade. O registro ocorrerá da seguinte forma: 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  23 
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D – Veículos (Imobilizado) 
C – Doações e Subvenções (conta do Patrimônio Social) 
 
DOAÇÃO DE MATERIAIS 
 
Quando a doação não for em dinheiro, deve ser efetuada avaliação do bem doado pelo seu 
valor justo de mercado, menos as despesas necessárias para colocá-lo em operação ou à 
venda, e o valor obtido é o valor a ser registrado. 
 
A maioria das doações deste tipo que as entidades recebem são doações de gêneros 
alimentícios, roupas, livros e material escolar, para distribuição à pessoas carentes ou 
vendas em bazares. 
 
Exemplo: 
 
Entidade recebe 150 livros para distribuição à alunos carentes. Pesquisando-se nas livrarias 
da região, obteve-se o valor de mercado de R$ 15,00 por livro. Entretanto, haverá R$ 
200,00 de despesas relativas ao frete da recepção da doação. 
 
Então teremos: 
 
Valor de mercado dos livros: 150 x R$ 15,00 = R$ 2.250,00 
Valor do frete para recepção: R$ 200,00 
Valor efetivo da doação: R$ 2.250,00 menos R$ 200,00 = R$ 2.050,00. 
 
Contabilização: 
 
D - Materiais Doados a Distribuir (Estoques – Ativo Circulante) 
C - Doações Condicionais (conta de Resultado) 
R$ 2.050,00 
 
O registro do frete, na recepção da doação, será: 
 
D - Materiais Doados a Distribuir (Estoques – Ativo Circulante) 
C – Fretes a Pagar (Passivo Circulante) 
R$ 200,00 
 
O frete, como um custo acessório ao principal, constitui-se elemento integrante do custo 
dos livros, a serem distribuídos. 
 
Por ocasião da efetivação da doação, o lançamento poderá ser como segue: 
 
D - 5.2.1.02 Educação (conta de Benefícios Concedidos – Gratuidade) 
C - Materiais Doados a Distribuir (Estoques – Ativo Circulante) 
R$ 2.250,00 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  24 
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Nota: o número à frente do título da conta corresponde a do modelo de plano de contas, 
inserido nesta obra. 
 
PERDÃO DE DÍVIDA 
 
Quando ocorre um perdão de dívida para uma entidade social, isto se caracteriza, de forma 
indireta, como uma doação. 
 
Tal evento natureza exigirá uma pesquisa no registro da contrapartida da dívida, com a 
finalidade de obter informação sobre a aplicação do bem doado, se foi utilizado para 
custeio ou se para investimento. 
 
Uma vez determinado a aplicação é que deverá ser efetuado o registro da doação, se em 
conta de resultado ou se em conta do patrimônio social. 
 
Aplicação dos recursos em Custeio 
 
Se os recursos da dívida perdoada foram destinados ao custeio, o registro contábil será a 
débito da conta que registra a dívida e a crédito da conta de doações. 
 
Exemplo: 
 
Entidade recebe perdão de R$ 5.000,00 de dívida de empréstimo efetuado junto a 
associados, sendo que aplicou os referidos recursos em pagamentos de salários. 
 
Então o registro contábil será: 
 
D - Empréstimos e Créditos de Associados (Passivo Circulante) 
C - Doações Incondicionais (Resultado) 
R$ 5.000,00 
 
Nota: se houver qualquer condição para o perdão da dívida, o registro a crédito será em 
conta de Doações Condicionais. 
 
Aplicação dos recursos em Investimentos 
 
Se os recursos da dívida perdoada foram destinados a formação do patrimônio social, o 
registro contábil será a débito da conta que registra a dívida e a crédito da conta de Doações 
e Subvenções (Patrimônio Social). 
 
Exemplo: 
 
Determinado credor cancela a dívida de entidade no valor de R$ 10.000,00, decorrente de 
saldo aplicado em aquisição de veículo pela respectiva entidade. Tal veículo é utilizado nas 
atividades sociais da entidade. 
 
O registro será: 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  25 
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D - Empréstimos e Créditos de Terceiros (Passivo Circulante) 
C - Doações e Subvenções (Patrimônio Social) 
R$ 10.000,00 
 
DOAÇÃO CONDICIONAL 
 
Pelo princípio do conservadorismo, o registro de uma doação sujeita á condições fixadas 
pelo doador, só deve ser registrado pela entidade quando se completarem as respectivas 
condições. 
 
Num evento condicional, o registro deve ser efetuado, primeiramente, em contas de 
compensação. Após a implementação das condições fixadas, faz-se a reversão de tal 
lançamento e registra-se efetivamente a receita respectiva. 
 
Doação Condicional em Numerário 
 
Na hipótese do doador efetuar doação condicional, em dinheiro, mas sujeito á cumprimento 
de obrigações por parte da entidade, entende-se que tal registro deva ser, primeiramente, ser 
efetuado em conta passiva, até que os termos da doação sejam cumpridos. 
 
Exemplo: 
 
Determinado doador efetuou uma doação a uma entidade social, em dinheiro, no valor de 
R$ 15.000,00, para aplicação em projeto de construção de moradias para idosos. 
 
Primeiramente, a entidade, por conservadorismo, deverá registrar o recebimento do 
numerário (supondo-se que tal valor fosse recebido mediante cheque): 
 
D - Cheques a Depositar (Ativo Circulante) 
C - Doações Vinculadas ao Projeto de Moradias (Passivo Circulante) 
R$ 15.000,00 
 
Por ocasião do depósito do respectivo cheque em conta bancária: 
 
D - Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
C - Cheques a Depositar (Ativo Circulante) 
R$ 15.000,00 
 
Pela aplicação efetiva dos recursos no propósito do doador, ou seja, moradias a idosos, cada 
parcela aplicada será contabilizada como segue: 
 
D - Construções em Andamento (Imobilizado) 
C – Bancos Cta. Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
 
E, simultaneamente, o mesmo valor será registrado como doação condicional, transferindo-
se a parcela do passivo para o patrimônio social: 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  26 
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D - Doações Vinculadas ao Projeto de Moradias (Passivo Circulante) 
C - Doações e Subvenções (Patrimônio Social) 
 
Nota: como a doação está vinculada à formação do patrimônio para atendimento às pessoas 
idosas, registra-se a doação no patrimônio social, e não como receita. 
 
Uma doação que seja efetuada para custeio, será registrada em conta de resultado (Doações 
Condicionais). 
 
Doação Condicional em Bens 
 
Na hipótese do doador efetuar doação condicional, em bens, mas sujeito ao cumprimento 
deobrigações por parte da entidade, tal registro deve ser, primeiramente, ser efetuado em 
conta de compensação, até que os termos da doação sejam cumpridos. Para maiores 
detalhes, acesse o tópico “contas de compensação”. 
 
Finalizando o compromisso da entidade que recebeu a doação, reverte-se o lançamento das 
contas de compensação, e registra-se o bem doado, em contrapartida à conta de Doações e 
Subvenções (Patrimônio Social). 
 
Exemplo: 
 
Um doador efetua a transferência um terreno e uma entidade social, no valor de R$ 
100.000,00. As condições da doação são a de que tal terreno seja utilizado pela entidade 
para construção de uma creche. Somente após a realização de tal construção, será 
considerado cumprido os termos da doação. 
 
Após a execução da obra civil, e averbação correspondente da edificação no registro de 
imóveis, a entidade registrará o cumprimento da obrigação e contabilizará a doação da 
seguinte forma: 
 
D – Terrenos (Imobilizado) 
C - Doações e Subvenções (Patrimônio Social) 
R$ 100.000,00 
 
Nota: simultaneamente, deve-se efetuar o lançamento nas contas de compensação, visando 
baixar a obrigação. 
 
DOAÇÃO INCONDICIONAL DE RECEBÍVEIS 
 
Na hipótese da existência de promessa de doação incondicional de recebíveis, com 
regularidade, o registro deverá ser efetuado em contas a receber, obedecendo à 
periodicidade da intenção. 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  27 
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O registro deve estar embasado em documento que comprove a existência da promessa por 
parte do doador de informa incondicional. Simples promessa ou compromisso verbal não 
pode ser registrada. 
 
Exemplo: 
 
Determinado testamento de doador falecido especificou que R$ 20.000,00 seriam doados 
em 10 parcelas mensais, iguais e sucessivas, de R$ 2.000,00 cada, para a entidade, de forma 
incondicional. 
 
1) Pelo registro da doação dos recebíveis: 
 
D – Mensalidades a Receber (Ativo Circulante) 
C – Doações Incondicionais (Resultado) 
R$ 20.000,00 
 
2) Por ocasião da recepção de cada parcela (supondo-se que a mesma seja mediante 
depósito bancário na conta da entidade): 
 
D - Bancos Conta Movimento – Recursos Livres (Ativo Circulante) 
C - Mensalidades a Receber (Ativo Circulante) 
 
Nota: Não são registráveis as promessas de doações feitas em testamento enquanto o 
doador estiver vivo, pois não existe uma previsibilidade da doação. 
 
PROVISÃO PARA OS RECEBÍVEIS 
 
Nas situações de promessa de doação incondicional de recebíveis, é recomendável a 
constituição de provisão para o não recebimento, baseada no histórico dos créditos não 
realizados. Para maiores detalhes, acesse o tópico “Provisões”. 
 
AUXÍLIOS 
 
Os auxílios, previstos em lei orçamentária, são destinados a despesas de capital de entes 
públicos ou de entidades privadas sem fins lucrativos. 
 
Por exemplo, uma entidade social recebe um auxílio monetário para destinação a formação 
de nova unidade de atendimento. 
 
A contabilização dos auxílios seguem a rotina das doações vinculadas. 
 
Exemplo: 
 
Auxílio recebido para a construção da sede social, no valor de R$ 100.000,00. 
 
1) Pelo recebimento do auxílio: 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  28 
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D – Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
C - 2.1.8.04 Auxílios Vinculados a Despesas de Capital (Passivo Circulante) 
R$ 100.000,00 
 
2) Pela aplicação dos recursos na sede social: 
 
D – 2.1.8.99 (-) Doações e Auxílios Aplicados (Passivo Circulante – Conta Redutora) 
C - Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
R$ 100.000,00 
 
3) Pela prestação de contas do auxílio e respectiva aprovação do mesmo, pelo ente 
governamental: 
 
D - 2.1.8.04 Auxílios Vinculados a Despesas de Capital (Passivo Circulante) 
C – 2.1.8.99 (-) Doações e Auxílios Aplicados (Passivo Circulante – Conta Redutora) 
R$ 100.000,00 
 
4) Pelo registro da aplicação de capital: 
 
D - 1.3.2.02 Edificações (Imobilizado) 
C - 4.1.1.03 Subvenções, Contribuições e Auxílios (Receitas) 
R$ 100.000,00 
 
SUBVENÇÕES 
 
Subvenção é a contribuição pecuniária, prevista em lei orçamentária, concedida por órgãos 
do setor público a entidades públicas ou privadas, com o objetivo de cobrir despesas com a 
manutenção e o custeio destas, com ou sem contraprestação de bens ou serviços da 
beneficiária dos recursos. 
 
As subvenções devem ser reconhecidas no recebimento efetivo. 
 
As transferências a título de subvenção que correspondam ou não a uma contraprestação 
direta de bens ou serviços para a entidade transferidora, são contabilizadas como receita na 
entidade recebedora dos recursos financeiros. 
 
Exemplo: 
 
Recebimento de Subvenção municipal no valor de R$ 3.000,00, relativamente á 
manutenção de pessoal: 
 
1) Registro do recebimento da verba, na conta bancária: 
 
D – Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
C – Subvenções Municipais (Receitas) 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  29 
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R$ 3.000,00 
 
2) Registro nas contas de compensação: 
 
D – Subvenção Municipal – Destinação de Recursos Humanos (Conta de Compensação 
Ativa) 
C – Subvenção Municipal a Destinar – Recursos Humanos (Conta de Compensação 
Passiva) 
R$ 3.000,00 
 
Por ocasião do efetivo pagamento das despesas de pessoal (folha de pagamento, férias e 13o 
salário), baixa-se as contas de compensação, pelo lançamento: 
 
D - Subvenção Municipal a Destinar – Recursos Humanos (Conta de Compensação 
Passiva) 
C - Subvenção Municipal – Destinação de Recursos Humanos (Conta de Compensação 
Ativa) 
R$ 3.000,00 
 
CONTRIBUIÇÕES 
 
Contribuições são as transferências derivadas da lei orçamentária e concedidas por entes 
governamentais a autarquias e fundações e a entidades sem fins lucrativos, destinadas à 
aplicação em custeio e manutenção destas, sem contrapartida direta do beneficiário dos 
recursos em bens e serviços, ou determinadas por lei especial anterior, para o atendimento 
de investimentos ou inversões financeiras. 
 
As transferências a título de contribuição, mesmo que não correspondam a uma 
contraprestação direta de bens ou serviços para a entidade transferidora, devem ser 
contabilizadas como receita na entidade recebedora dos recursos financeiros. 
 
Exemplo: 
 
Recepção de contribuição governamental de R$ 10.000,00 para aplicação em entidade 
social – destinadas a custeio: 
 
D - Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
C - 4.1.1.03 Subvenções e Contribuições (Resultado) 
R$ 10.000,00 
 
Nota: o código á frente do título da conta se refere ao plano de contas modelo de entidade 
social, em anexo á presente obra. 
 
Por ocasião do pagamento de despesas de custeio a que se destina a contribuição respectiva: 
 
D – conta do passivo ou da respectiva despesa 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  30 
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C - Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
R$ (o valor pago) 
 
MENSALIDADES 
 
As entidades, como as associações, que preveem cobrança de mensalidades de seus 
associados, registram tais valores, pelo regime de competência: 
 
D – Mensalidades a Receber (Ativo Circulante) 
C – Receitas de Mensalidades (Resultado) 
 
Entretanto, como é notório, há enorme inadimplência das mensalidades em qualquer 
associação. Por isso, recomenda-se que seja efetuado provisão para devedores duvidosos, 
quando a mensalidade do associado esteja atrasada por 3 meses ou mais. O lançamento daprovisão será o seguinte: 
 
D – Provisão para Devedores Duvidosos – Mensalidades (Resultado) 
C - Provisão para Devedores Duvidosos (conta redutora do Ativo Circulante) 
 
Na eventualidade de alguma de tais mensalidades virem a ser quitadas, o lançamento seria: 
 
D – Caixa ou Bancos Cta. Movimento (Ativo Circulante) 
C - Mensalidades a Receber (Ativo Circulante) 
 
Neste caso, haveria necessidade de reversão da provisão anteriormente constituída, desta 
forma: 
 
D - Provisão para Devedores Duvidosos (conta redutora do Ativo Circulante) 
C - Reversão da Provisão para Devedores Duvidosos (Resultado) 
 
CONTRATOS, CONVÊNIOS E TERMOS DE PARCERIA 
 
Contratos, convênios e termos de parceria são instrumentos jurídicos e operacionais 
utilizados pelas Entidades na consecução de seus objetivos. 
 
Convênio, em direito administrativo, é o acordo de cooperação e atuação 
conjunta/complementar entre órgãos públicos. Ocorre quando dois entes públicos se juntam 
na consecução de um mesmo objetivo. Eventualmente, firma-se contrato de convênio entre 
as entidades públicas e uma organização de interesse público. 
 
O Termo de Parceria, descrito no artigo 9° da Lei 9.790/1999, é o instrumento destinado à 
formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das 
atividades de interesse público. São firmados entre órgãos públicos e entidades que 
possuem a qualificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  31 
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É relevante que o contabilista examine, nesses instrumentos, as cláusulas de prestação de 
contas e as de remuneração. 
 
Como tais contratos podem ser firmados tanto com entidades públicas como privadas, se 
houver remuneração, tal receita deve ser apropriada pelo regime de competência, ou seja, à 
medida da execução do respectivo contrato. 
 
Observe-se que os recursos totais recebidos a título de convênios, contratos e termos de 
parceria não se caracterizam como uma receita, pois sua aplicação é definida pelo próprio 
contrato, sendo uma obrigação (passivo) da entidade. 
 
RECURSOS DE TERCEIROS E COM RESTRIÇÕES 
 
Os recursos financeiros de terceiros em poder da entidade em virtude de parcerias devem 
ser depositados em contas bancárias específicas, para que não se misture com os recursos 
próprios da entidade. 
 
Á medida de sua liquidação, ou seja, da realização de pagamentos vinculados ao projeto, 
baixa-se na correspondente conta. 
 
Eventuais valores de terceiros que venham ser aplicados no mercado financeiro devem 
também ser destacados contabilmente. Os rendimentos auferidos por tais aplicações são 
recursos do projeto, salvo se, contratualmente, ficar fixado que a remuneração será 
destinada à entidade administradora. 
 
No plano de contas, modelo sugerido nesta obra, para entidades sociais, as contas do ativo 
que registram recursos disponíveis de terceiros são; 
 
1.1.1.03 Bancos Conta Movimento – Recursos de Terceiros 
1.1.1.04 Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições 
1.1.1.05 Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata – Recursos de Terceiros 
1.1.1.07 Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata – Recursos com Restrições 
 
RECEBIMENTO DE RECURSOS DE CONVÊNIOS 
 
Contabiliza-se a recepção de recursos para aplicação em convênios a débito da conta ativa e 
a crédito de uma conta passiva indicativa do projeto conveniado. 
 
Exemplo: 
 
1) Recebimento de R$ 50.000,00 de convênio com o governo Brasileiro: 
 
D – 1.1.1.04 Bancos Conta Movimento - Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
C – 2.1.6.01 Recursos de Entidade Pública Nacional (Recursos de Projetos - Passivo 
Circulante) 
R$ 50.000,00 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  32 
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2) Por ocasião da aplicação de R$ 29.000,00 dos recursos do convênio: 
 
D - 2.1.6.02 (-) Recursos Aplicados de Entidade Pública Nacional (conta retificadora de 
Projetos – Passivo Circulante) 
C - 1.1.1.04 Bancos Conta Movimento - Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
R$ 29.000,00 
 
Pela apropriação da remuneração do convênio, fixada em 2% sobre o valor aplicado (R$ 
29.000,00 x 2% = R$ 580,00): 
 
a) registro da remuneração como receita na entidade: 
 
D - 1.1.2.06 Remuneração de Convênios a Receber (Ativo Circulante) 
C - 4.1.1.04 Taxas de Administração (Resultado) 
R$ 580,00 
 
b) pela transferência do numerário relativo à remuneração: 
 
D - 1.1.1.02 Bancos Conta Movimento – Recursos Livres (Ativo Circulante) 
C - 1.1.1.04 Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
R$ 580,00 
 
c) registro da taxa de administração como aplicação de recurso do convênio: 
 
D - 2.1.6.02 (-) Recursos Aplicados de Entidade Pública Nacional (conta retificadora – 
Recursos de Projetos – Passivo Circulante) 
C - 1.1.2.06 Remuneração de Convênios a Receber (Ativo Circulante) 
R$ 580,00 
 
3) Pela prestação de contas do convênio – registro dos recursos aplicados (supondo-se que 
foram aplicados somente R$ 29.000,00 no convênio e mais R$ 580,00 da taxa de 
administração): 
 
D - 2.1.6.01 Recursos de Entidade Pública Nacional (Recursos de Projetos - Passivo 
Circulante) 
C - 2.1.6.02 (-) Recursos Aplicados de Entidade Pública Nacional (conta retificadora de 
Projetos – Passivo Circulante) 
R$ 29.580,00 
 
4) Pela devolução do numerário não aplicado do convênio: 
 
D - 2.1.6.01 Recursos de Entidade Pública Nacional (Recursos de Projetos - Passivo 
Circulante) 
C - 1.1.1.04 Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições (Ativo Circulante) 
R$ 20.420,00 
 
Nota: 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  33 
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Quando a prestação de contas não é imediata e o convênio contratualmente já houver 
expirado, transfere-se o compromisso de devolução do saldo dos recursos não aplicados da 
seguinte forma: 
 
D - 2.1.6.01 Recursos de Entidade Pública Nacional (Recursos de Projetos - Passivo 
Circulante) 
C - 2.1.7.01 Recursos de Entidade Pública Nacional (Convênios Encerrados - Passivo 
Circulante) 
 
Observe que os recursos que deverão ser aplicados, oriundos de um convênio, não se 
constituem em RECEITA da entidade. 
 
O que poderá (eventualmente) constituir receita é a respectiva taxa de administração. A 
entidade é simples depositária dos recursos, e não pode apropriar como receita recursos que 
não são seus. 
 
Se, no contrato de convênio, houver alguma remuneração pela gestão dos recursos, tal 
remuneração é que constituirá a receita da entidade. Se o convênio não fixar remuneração, 
nenhuma parcela do convênio será registrada como receita. Tão somente se trabalhará com 
contas ativas e passivas, encerrando-se o passivo, como o exemplo citado, por transferência 
entre contas passivas (conta original do recurso recebido do convênio e conta retificadora 
que registre sua aplicação). 
 
No exemplo citado, o saldo bancário de R$ 580,00, após realizados todos os lançamentos, 
constituirá recurso de livre aplicação, que poderá ser utilizado para pagamento de despesas 
próprias da entidade, ou aplicado em ativos (como aplicação financeira ou imobilizado). 
 
CONVÊNIOS DE CUSTEIO 
 
Se o convênio destina-se a suprir custeio comum das atividades (folha de pagamento, 
gastos administrativos, etc.), pode-se utilizar contas redutoras de despesas para transferir 
parcelas de custeio conveniadas. 
 
Exemplo: 
 
Determinado convênio permite a absorção da folha de pagamento da entidade em até R$ 
5.000,00 mensais. 
 
Primeiramente, contabiliza-se a folha normalmente (a débito de resultado e a crédito desalários e outras verbas a pagar). 
 
Posteriormente, faz-se a alocação de parte da folha, como aplicação de custeio - conforme 
convênio, utilizando uma conta redutora de resultado: 
 
D - 2.1.6.02 (-) Recursos Aplicados de Entidade Pública Nacional (conta retificadora de 
Projetos – Passivo Circulante) 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  34 
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C - 3.2.4.99 (-) Transferências de Custeio - Convênios (Conta de Resultado) 
R$ 5.000,00 
 
O QUE FAZER QUANDO A PRESTAÇÃO DE CONTAS É PELO REGIME DE CAIXA 
 
Muitos convênios, por força contratual, exigem que a entidade preste contas pelo regime de 
caixa, ou seja, somente quando a despesa é paga é que ela irá compor a prestação. 
 
Existem convênios, por exemplo, cujo contrato exige que todos os lançamentos estejam 
comprovados com o correspondente extrato bancário, sem o que não são considerados 
como aplicados. 
 
Mas uma coisa é a prestação de contas, e outra é a contabilização. 
 
A prestação de contas, tendo base contábil (pois obviamente todas as despesas pagas já 
foram escrituradas anteriormente ou no momento da sua execução), será uma obrigação 
contratual. 
 
Mas a contabilidade, pelos princípios e normas de contabilidade brasileira, não poderá 
deixar de registrar os custos e despesas, mesmos aqueles que não foram pagos (como 
provisão de férias), alocando as despesas corretamente a cada projeto. 
 
Conclusão: nem sempre o montante da prestação de contas irá "bater" com a contabilidade. 
O erro não está na contabilidade, mas em função da sistemática contratual, pode ocorrer 
uma distorção, pela utilização do regime de caixa para prestação de contas. 
 
Então se não houver como conciliar as duas exigências, o excesso de despesas será um 
encargo da entidade, que deverá ser transferido a contas específicas. 
 
Exemplo: 
 
Em determinado projeto, a entidade apurou os seguintes valores contábeis, no primeiro mês 
de apuração de projeto específico: 
 
2.1.6.01 Recursos de Entidade Pública Nacional – saldo credor de R$ 100.000,00 
2.1.6.02 (-) Recursos Aplicados de Entidade Pública Nacional – saldo devedor de R$ 
110.000,00 
 
Portanto, o saldo do projeto acusou um “déficit”, ou seja, houve mais aplicação de recursos 
do que origens, no montante de R$ 10.000,00. 
 
Admitindo-se ainda que estes R$ 10.000,00 correspondam a despesas contabilizadas pelo 
regime de competência (como depreciações e provisões), então temos 2 situações distintas: 
 
1. Estes recursos serão repostos pela entidade patrocinadora, pois há garantia 
contratual dos mesmos; 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  35 
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2. Estes recursos não serão repostos pela entidade patrocinadora, pois a sistemática 
contratual do fechamento de contas é mensal e obriga que o excesso de despesas 
seja arcado pela entidade executora. 
 
Teremos a seguinte contabilização: 
 
1. Hipótese 1 (os recursos serão repostos pela entidade patrocinadora): 
 
a) Transferência do excesso de recursos aplicados, para conta do ativo: 
 
D. 1.1.8.05 Antecipação de Recursos em Projetos e Parcerias 
C. 2.1.6.02 (-) Recursos Aplicados de Entidade Pública Nacional 
R$ 10.000,00 
 
b) Quando por ocasião do recebimento (reembolso) das respectivas despesas: 
 
D. 1.1.1.02 Bancos Conta Movimento – Recursos Livres 
C. 1.1.8.05 Antecipação de Recursos em Projetos e Parcerias 
R$ 10.000,00 
 
2. Hipótese 2 (os recursos extras contabilizados não serão reembolsados pela entidade 
patrocinadora) – admitindo-se que o projeto refira-se a educação ambiental, temos que 
transferir este excesso de despesas para uma conta de resultado específica: 
 
D. 3.10.1.01 Projeto Educação Ambiental 
C. 2.1.6.02 (-) Recursos Aplicados de Entidade Pública Nacional 
R$ 10.000,00 
 
Por fim, quando da prestação de contas, registra-se a correspondente transferência relativa 
aos recursos aplicados, em ambas as hipóteses: 
 
D - 2.1.6.01 Recursos de Entidade Pública Nacional 
C - 2.1.6.02 (-) Recursos Aplicados de Entidade Pública Nacional 
R$ 100.000,00 
 
CONTRAPARTIDA DE CONVÊNIOS E CONTRATOS 
 
Denomina-se contrapartida o compromisso de a entidade conveniada ou contratada aportar 
recursos adicionais aos destinados pela conveniente ou contratante para atingir os objetivos 
do projeto. 
 
Tais recursos devem fazer parte do plano de trabalho e podem constituir-se em materiais, 
serviços, apoio ou dinheiro. Constando esses recursos do termo celebrado entre as partes 
devem ser registrados em rubrica específica e destacados na prestação de contas. 
 
Exemplo: 
 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  36 
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O Convênio entre a entidade Exemplo e a Conveniente Patrocinadora determina que o 
Projeto de Resgate Cultural receberá recursos de R$ 100.000,00 da Patrocinadora, sendo 
que a entidade participará com apoio de pessoal e materiais equivalentes a 20% do 
patrocínio. 
 
A contrapartida da entidade será registrada como segue: 
 
1) Pelo registro da despesa de pessoal, devidas pela entidade no Projeto: 
 
D - 3.9.2.01 Pessoal, Encargos e Benefícios (Convênios – Resultado) R$ 16.000,00 
C - 2.1.5.01 Salários a Pagar R$ 10.000,00 
C - 2.1.4.01 Previdência Social Patronal R$ 3.000,00 
C - 2.1.4.02 FGTS R$ 850,00 
C - 2.1.5.02 Provisão para 13º Salário R$ 900,00 
C - 2.1.5.03 Provisão de Férias R$ 1.250,00 
 
2) Pelo registro de despesas relativas ao projeto, de responsabilidade da entidade: 
 
D - 3.9.2.02 Material de Uso e Consumo (Convênios – Resultado) 
C - 1.1.3.01 Almoxarifado (Estoques – Ativo Circulante) 
R$ 4.000,00 
 
CONTRAPARTIDA FINANCEIRA OBRIGATÓRIA 
 
No caso de contrapartida financeira obrigatória, em que os recursos devem ser previamente 
depositados pela entidade receptora, pode-se efetuar a seguinte contabilização: 
 
D - 1.1.1.04 Bancos Conta Movimento – Recursos com Restrições 
C - 1.1.1.02 Bancos Conta Movimento – Recursos Livres 
R$ 10.000,00 
 
GRATUIDADES 
 
Uma das finalidades de boa parte dos esforços das entidades do terceiro setor, 
especialmente as que dão assistência social, é oferecer serviços de forma gratuita. 
 
Chama-se “gratuidades” a tais esforços, devendo os valores desembolsados serem 
registrados contabilmente, por exigência das Normas Brasileiras de Contabilidade e dos 
órgãos de controle (MPAS e RFB). 
 
Como exemplo, as entidades educacionais que cedem bolsas de estudos a alunos carentes, 
devem demonstrar, para fins de isenção parcial do INSS, a proporção entre o total das 
gratuidades e o total da receita bruta (art. 207 do Regulamento da Previdência Social). Para 
maiores detalhamentos, acesse o tópico INSS e Contribuições Sociais nesta obra. 
 
Vamos aos exemplos de contabilização de gratuidades. 
CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR  37 
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1) Doação de bolsas de estudos próprias: 
 
Uma entidade educacional doa 10 bolsas de estudos para crianças carentes. O custo de cada 
bolsa é de R$ 500,00 cada. Desta forma, teremos a seguinte contabilização mensal: 
 
D - 5.2.1.02 Educação (Benefícios Concedidos – Gratuidade – conta de Resultado) 
C - 4.1.2.01 Atendimento à Criança (Receita de Atividade Educacional – conta de 
Resultado) 
R$ 5.000,00 
 
2) Doação de mercadorias: 
 
Entidade de assistência a idosos distribui agasalhos e alimentos, no valor de R$ 10.000,00: 
 
D - 5.2.1.03 Assistência Social (Benefícios Concedidos – Gratuidade – conta de Resultado) 
C - 1.1.3.04 Mercadorias e Produtos para Distribuição (Estoques – Ativo Circulante) 
R$ 10.000,00 
 
3) Serviços de terceiros com reembolso parcial

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