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GRUPO DE ESTUDOS SOBRE FRATURA DE MATERIAIS DEMET/EM/UFOP DESCONTINUIDADES ESTRUTURA DE MATERIAIS Cristais perfeitos Resistência coesiva teórica e real Tipos de descontinuidades Descontinuidades eletrônicas Descontinuidades pontuais Descontinuidades lineares Descontinuidades superficiais Descontinuidades volumétricas DESCONTINUIDADES (DEFEITOS) Tipos de descontinuidades cristalinas. DESCONTINUIDADES LINEARES TEORIA DE DISCORDÂNCIAS ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Sugestões para consulta inicial: http://www.doitpoms.ac.uk http://www.matter.org.uk Introdução histórica ao conceito de discordâncias A tensão requerida para deformar plasticamente um cristal é muito menor do que a tensão calculada considerando a estrutura cristalina livre de descontinuidades. Materiais endurecem por deformação: quando um material se deforma plasticamente, ele requer uma tensão maior para continuar se deformando. O conceito de discordâncias foi “inventado” independentemente por Orowan, Taylor e Polanyi em 1934, como uma forma de explicar duas observações experimentais sobre a deformação plástica de materiais cristalinos Trabalhos pioneiros: Mügge (1883) e Ewing-Rosenhain (1899): observaram que a deformação plástica dos metais se processa pela formação de bandas de deslizamento, devido ao cisalhamento de uma porção do cristal em relação à outra, em um plano do cristal. Volterra (1907) e Love (1927): trataram o comportamento elástico de um meio isotrópico e homogêneo deformado, sendo que alguns de seus modelos correspondem às discordâncias. Darwin (1914) e Ewald (1917): a intensidade de raios-X difratada de cristais reais era cerca de 20 vezes maior do que aquela esperada para cristais perfeitos. Frenkel (1926): calculou a tensão teórica de cisalhamento, encontrando valores da ordem de 103 a 104 da tensão real. Massing e Polányi (1923), Prandtl (1928) e Dehlinger (1929): propuseram vários defeitos precursores das discordâncias. Orowan, Polányi e Taylor (1934): propuseram a existência da discordância em cunha. Burgers (1939): propôs a existência da discordância em hélice. Vito Volterra (1860-1940) Johannes Burgers (1895-1981) Mihály Polányi (1891-1976) Geoffrey Taylor (1886-1975) Egon Orowan (1902-1989) Rudolf Peierls (1907-1995)Nevill Mott (1905-1996) Frank Nabarro(1916-2006) Curva tensão-deformação para um monocristal de magnésio. Linhas de deslizamento na superfície do monocristal. Constatação experimental (Ewing e Rosenhain, 1899): Formação de marcas superficiais em um monocristal deformado plasticamente. Bandas de deslizamento num monocristal de alumínio deformado em tração na temperatura ambiente. MEV. Bandas de deslizamento num policristal de cobre deformado em compressão na temperatura ambiente. MEV. Um cilindro cortado (a) e deformado de seis formas distintas (b-g), conforme proposta de Volterra. Imperfeições em um cristal deformado por flexão, de acordo com Massing e Polányi. Cálculo da resistência mecânica - cristais perfeitos RESISTÊNCIA TEÓRICA DE CISALHAMENTO (Frenkel, 1926 – tensão limite de escoamento) a bG máx 2 Deslocamento, x Tensão Valores reais do limite de escoamento de materiais Tabela: limite de escoamento teórico e experimental para vários materiais. Adaptação de R.W.Hertzberg, Deformation and Fracture Mechanics of Engineering Materials, Wiley, 1989. Material G/2 Limite de Escoamento experimental (GPa) (MPa) m / exp Prata 12,6 0,37 3 x 104 Alumínio 11,3 0,78 1 x 104 Cobre 19,6 0,49 4 x 104 Níquel 32,0 3,2-7,35 1 x 104 Ferro 33,9 27,5 1 x 103 Molibdênio 54,1 71,6 8 x 102 Nióbio 16,6 33,3 5 x 102 Cádmio 9,9 0,57 2 x 104 Magnésio (basal) 7,0 0,39 2 x 104 Magnésio (prismático) 7,0 39,2 2 x 102 Titânio (prismático) 16,9 13,7 1 x 103 Berílio (basal) 49,3 1,37 4 x 104 Berílio (prismático) 49,3 52,0 1 x 103 Em 1934, E. Orowan, M. Polanyi e G. I. Taylor propuseram, em trabalhos independentes, a existência de uma descontinuidade cristalina linear denominada “Versetzung”, em alemão, por Orowan e Polanyi, e “dislocation”, por Taylor. Esta descontinuidade será denominada discordância neste curso, embora alguns grupos de pesquisa no Brasil prefiram o termo deslocação. O conceito de discordância, na verdade de discordância em cunha, pode justificar a discrepância entre as tensões calculada e medida nos sólidos cristalinos para a deformação plástica. O conceito de discordância em hélice, que será apresentado a seguir, foi introduzido por J. M. Burgers somente em 1939, junto com os conceitos de vetor e circuito, hoje conhecidos como vetor de Burgers e circuito de Burgers. Uma discordância em cunha em um cristal cúbico simples. Uma discordância em hélice em um cristal cúbico simples. Uma discordância em cunha com suas características geométricas principais. Uma discordância em hélice com suas características geométricas principais. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Quando um cristal é submetido a uma deformação plástica, descontinuidades da rede tendem a se acomodar ao longo dos planos de deslizamento. Estas descontinuidades são chamadas de discordâncias. Uma observação no microscópio eletrônico de transmissão teria o seguinte aspecto: (A) Representação esquemática de uma foto de MET, mostrando uma seção do plano de deslizamento. (B) Vista tridimensional da mesma seção. Definição de discordâncias Outra maneira para evidenciar a presença de discordâncias: interseção de discordâncias na superfície do cristal, técnica de “etch-pits”. Imagem no MET de uma folha de alumínio, mostrando o arranjo de discordâncias ao longo de um plano de deslizamento, idêntico ao esquema anterior. Imagem no MET de uma folha de aço inoxidável 18Cr-8Ni, mostrando o arranjo de discordâncias ao longo de um plano de deslizamento, idêntico ao esquema anterior. A discordância pode ser definida como o limite, no plano de deslizamento, onde a operação da deformação plástica ocorre. Em outras palavras, a discordância é uma linha que forma o limite, no plano de deslizamento, entre a região que foi deslocada e a região que não foi deslocada. Desta forma, a linha da discordância ou será um anel fechado ou terminará em uma superfície livre do cristal, ou em um contorno de grão. Esquemas para discordância em cunha e discordânciaem hélice. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Classificação de discordâncias Tipos de Discordâncias Cunha Hélice Mista Formas de Discordâncias Reta Curva Anel Classificação de discordâncias Tipos de Discordâncias Perfeita ou Unitária Imperfeita ou Parcial Reações de Discordâncias Combinação de duas ou mais discordâncias Separação de uma unitária em parciais Interação de parciais resultando em discordâncias de novo tipo Aniquilação de discordâncias com vetores de Burgers opostos vetor de Burgers, b: medida da distorção da rede. vetor t: direção da linha da discordância. Característica Cunha Hélice Direção de deslizamento ⁄⁄ b ⁄⁄ b Relação entre t e b t b t ⁄⁄ b Direção do movimento da discordância ⁄⁄ b b Movimento para outros planos de deslizamento escalada deslizamento cruzado Características da discordâncias em cunha e em hélice. Discordância em cunha, proposta em 1934 por Polanyi, Orowan e Taylor. Linha da discordância em cunha Vetor de Burgers Discordância em cunha, (a) sob o ponto de vista da mecânica do contínuo e (b) mostrando a posição dos átomos. Discordância em cunha AB. Átomos em compressão Átomos em tração Discordância em hélice, proposta por Burgers em 1939. Discordância em hélice, (a) sob o ponto de vista da mecânica do contínuo e (b) mostrando a posição dos átomos. Discordância em hélice CD. Deformação cisalhante Cunha Hélice Mista Comparação entre a disposição dos planos cristalinos. (a) Cristal perfeito. (b) Ao redor de uma discordância cunha (observe a introdução da cunha). (c) Ao redor de uma discordância hélice (observe o movimento helicoidal). a) Modelo de uma rede cúbica simples. Alguns átomos são representados por esferas e as ligações atômicas por molas. b) Discordância em cunha “positiva” DC formada a partir da inserção de um meio plano extra de átomos em ABCD. c) Discordância em hélice “à esquerda” DC formada pelo deslocamento das faces ABCD na direção AB. d) Discordância em hélice “à direita” DC. e) Planos atômicos de espaçamento b em um cristal perfeito. f) Planos distorcidos por uma discordância “à direita”. Discordância em cunha. Discordância em hélice. Uma linha de discordância pode formar um anel fechado. Na figura ao lado, CF e DE são componentes cunha, enquanto CD e FE são componentes hélice. Anéis de discordâncias não são necessariamente quadrados. Uma forma elíptica seria energeticamente mais favorável do que o quadrado. Neste caso, o tipo de discordância muda continuamente ao longo da linha. Existe um outro tipo de anel, chamado de “anel prismático”, criado quando um disco de lacunas é inserido ou removido do cristal. Este anel é formado por discordâncias cunha de sinal contrário. a) Discordância em cunha positiva. b) Discordância em cunha negativa. c) Discordância em hélice à esquerda. d) Discordância em hélice à direita. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC O vetor de Burgers O vetor de Burgers é o vetor que define a magnitude e a direção de deslizamento, sendo assim uma das principais características geométricas de uma discordância. Uma maneira conveniente de se definir o vetor de Burgers de uma discordância é através de seu circuito de Burgers. O vetor b mede a falha de fechamento do circuito, sendo orientado no sentido do fim para o início de mesmo. Uma vez que o campo de forças periódico da rede cristalina requer que os átomos se movam de uma posição de equilíbrio para outra posição de equilíbrio, conclui- se que o vetor de Burgers precisa conectar uma posição de equilíbrio à outra. Daí, a estrutura cristalina determinará os possíveis vetores de Burgers. Um vetor de Burgers é especificado pelos seus componentes ao longo dos eixos da célula cristalográfica. Exemplos para o sistema cúbico: Origem ao centro do cubo: Vetor de Burgers = Módulo = Origem ao centro de uma face do cubo: Vetor de Burgers = Módulo = Origem a um vértice: Vetor de Burgers = Módulo = 111 2 1b 2 3 444 222 aaaa b 101 2 1b 2 2 4 0 4 22 aaa b 1001b aab 002 Circuito de Burgers para uma discordância em cunha. a) A linha da discordância é perpendicular ao seu vetor de Burgers. b) Uma discordância em cunha move-se (no seu plano de deslizamento) na direção do vetor de Burgers (direção de deslizamento). Circuito de Burgers para uma discordância em hélice. a) A linha da discordância é paralela ao seu vetor de Burgers. b) Uma discordância em hélice move-se (no seu plano de deslizamento) numa direção perpendicular ao vetor de Burgers (direção de deslizamento). Vetor de Burgers. (a) Circuito de Burgers ao redor de uma discordância em cunha (b) Mesmo circuito para um cristal perfeito (a) Circuito de Burgers ao redor de uma discordância em hélice (b) Mesmo circuito para um cristal perfeito O plano de deslizamento é definido pelo vetor de Burgers e sua discordância. Assim, o plano de deslizamento para uma discordância em cunha é bem definido, pois b é perpendicular à discordância. Por outro lado, para uma discordância em hélice, como b é paralelo à discordância, nenhum plano específico é por eles definido. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Conceito de deslizamento MET-158 Ilustração da geometria do deslizamento em um cristal cilíndrico. Em geral, Φ + λ ≠ 90º. Bandas de deslizamento em um monocristal de Fe-3,25%Si, Hull, 1963. O esquema ao lado consiste de bandas formadas por inúmeros degraus de deslizamento em planos de deslizamento paralelos e bem próximos uns dos outros. Movimento de um sólido ao longo de um particular plano de escorregamento. (a) Sólido não deformado, como plano de escorregamento. (b) Sólido deformado, revelando o deslizamento. (c) Posições atômicas mostrando as ligações através do plano de escorregamento. Movimento sem discordância Movimento sem discordância: simultâneo Movimento com discordância: consecutivo Como uma discordância em cunha se move no interior de um cristal. Agora podemos afirmar que a deformação plástica ocorre pelo movimento de discordâncias “varrendo” os planos de escorregamento. O movimento das discordâncias envolve o rearranjo de apenas alguns átomos ao seu redor e não mais o movimento simultâneo e cooperativo de todos os átomos de um plano cristalino, conforme supõe o modelo de Frenkel. Os planos de escorregamento, isto é, os planos onde as discordâncias se movimentam, são normalmente aqueles de maior densidade atômica. A movimentação atômica ao redor de uma discordância em cunha em movimento é mostrada na figura abaixo. Posições sucessivas de uma discordância que se move através do cristal. Note o seguinte: (1) O resultado final do escorregamento é o mesmo que a situação provocada pelo movimento simultâneo de todos os átomos. (2) Após a passagem da discordância, o cristal recupera a sua perfeição. Analogias para o movimento de uma discordância: (a) tapete; (b) lagarta. Intuitivamente, é evidente que a deformação plástica causada pela movimentação de uma discordância exige uma tensão muito menor que a necessária para movimentar um plano de átomos como um todo. É muito freqüente fazer-se a analogia do tapete ou da lagarta para justificar o movimento facilitado pela presença de discordâncias. Analogia com o deslocamento de uma onda em um tapete. Para deslocar o tapete (parte superior do cristal) sobre o chão (parte inferior do cristal), pode-se deslizar em bloco todo o tapete sobre o chão. Por outro lado, ao formar uma corcova (discordância) ao longo da largura do tapete, e deslocar esta corcova pelo comprimento do tapete, o resultado final será o mesmo, mas a força necessária será notadamente inferior ao primeiro caso. Analogia com o deslocamento de uma lagarta. Como uma discordância em hélice se move no interior de um cristal. Analogia com o movimento de tábuas no chão de uma fábrica. É mais fácil deslocar cada tábua separadamente do que todas de uma só vez. Convenções para uma discordância em cunha. Convenções para uma discordância em hélice. Uma discordância cunha positiva e uma discordância cunha negativa, movendo-se em sentidos opostos, produzem o mesmo cisalhamento. Neste caso, as direções de cisalhamento e de movimento das discordâncias são idênticos. Uma discordância hélice à direita e uma discordância hélice à esquerda, movendo-se em sentidos opostos, produzem o mesmo cisalhamento. Neste caso, as direções de cisalhamento e de movimento das discordâncias são perpendiculares. Um anel também pode ser ejetado do cristal, através de sua expansão. Deslocamento de (a) uma discordância cunha, (b) uma discordância hélice, (c) uma discordância mista, e (d) criação de um degrau de deslizamento irreversível igual ao vetor de Burgers da discordância considerada. Deslizamento causado pelo movimento de uma discordância em cunha. Deslizamento causado pelo movimento de uma discordância em hélice. Regra da mão direita Dada uma discordância, existem quatro direções importantes associadas à ela: direção e sentido da linha de discordância; vetor de Burgers, que dá o módulo e a direção do escorregamento; direção do movimento da linha e direção do fluxo ou movimento do material. Esta direção é sempre paralela à direção do vetor de Burgers, mas não tem necessariamente o mesmo sentido dele. As direções mencionadas acima não são independentes e estão “amarradas” na chamada regra da mão direita. Segundo a regra da mão (aberta) direita: o dedo indicador deve apontar na direção da linha de discordância; o polegar deve estar voltado para o lado em que o fluxo ou movimento do material ocorre no mesmo sentido do vetor de Burgers e o dedo médio, o qual deve fazer um ângulo reto com o indicador, indica então a direção do movimento da linha de discordância. Vamos aplicar a regra da mão direita na discordância em hélice da figura a seguir. Discordância em hélice em movimento da posição AA’ para BB’. Se assumirmos que a linha da discordância da figura acima está orientada de A para A’, o dedo indicador terá esta direção e sentido. O polegar deverá estar voltado para cima, pois a parte de cima ou superior do cristal está deslocando da esquerda para a direita, isto é, no mesmo sentido do vetor de Burgers. Conseqüentemente, o dedo médio indica a direção e o sentido da linha de discordância, isto é, perpendicular à AA’ e no sentido de AA’ para BB’. Note que, se o sentido da linha de discordância for invertido, o sentido do movimento da linha também o será. De uma maneira geral, o sentido da linha de discordância não é indicado nos livros textos, mas na maioria dos casos ele pode ser rapidamente determinado com auxílio da regra da mão direita. Procure determinar como exercício, o sentido das discordâncias nos textos que você utilizar. Discordâncias e deformação plástica •Estrutura: planos e direções densamente ocupados são preferíveis para deformação. vista de dois planos densos. plano denso (inferior) plano denso (superior) direções densas • Comparação entre estruturas cristalinas: CFC: muitos planos/direções densos; HC : somente um plano, 3 direções; CCC: nenhum • Amostras que foram testadas em tração. Mg (HC) Al (CFC) direção de tração O movimento das discordâncias pode ser conservativo ou não conservativo. Quando a discordância se movimenta no plano de deslizamento, que são normalmente os planos de maior densidade atômica (e a direção de deslizamento é também a direção de maior densidade atômica), diz-se que o movimento é conservativo. Se o movimento da discordância se der fora do plano de deslizamento, perpendicularmente ao vetor de Burgers, diz-se que ele é não conservativo, ou de escalada. A deformação plástica de metais e ligas ocorre por intermédio de processos elementares de nucleação, movimento, interação, e aniquilação de descontinuidades da rede cristalina (lacunas, discordâncias, contornos de grãos, contornos de maclas). Deformação Plástica Discordâncias de sinal oposto: aniquilação quando se encontram Restante: interações e combinações para formar emaranhados de discordâncias σ > σLE Subestrutura de Discordâncias Condições de deformação (temperatura, taxa de deformação, quantidade de deformação) Estrutura cristalina Energia de falha de empilhamento do metal ou liga Subestrutura de Discordâncias Comportamento do metal sob deformação Propriedades do metal deformado Se a deformação plástica é enormemente facilitada por meio da movimentação de discordâncias, duas possibilidades decorrem imediatamente para aumentar a resistência mecânica de um material: Aumento da resistência mecânica Dificultar o movimento das discordâncias: mecanismos de endurecimento Projeto de ligas Tratamentos termomecânicos Reduzir drasticamente a densidade de discordâncias Whiskers ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Origem das discordâncias a. Discordâncias provenientes de abaixamento de temperatura b. Discordâncias provenientes da conformação mecânica Discordâncias provenientes de abaixamento de temperatura: a) Defeitos presentes em “sementes nucleadoras” b) Nucleação acidental: i. Tensões internas geradas por impurezas ou contração térmica ii. Coalescimento de dendritas iii. Colapso de lacunas, para resfriamento bem rápido iv. Crescimento epitaxial de deposição em substratos Representação esquemática da formação de uma discordância a partir de uma partícula. A nucleação da discordância resulta da tensão produzida ao redor da partícula, por contração diferente entre a matriz e a partícula durante o resfriamento. Aneis prismáticos de discordâncias produzidos em um monocristal de cloreto de prata, para relaxar o campo de deformação criado ao redor de uma pequena esfera de vidro, causado por contração diferencial durante o resfriamento do material. Mitchell (1958). Representação esquemática da formação de discordâncias a partir da nucleação de grãos durante a solidificação. Anéis de lacunas formados em uma amostra de níquel, aquecida a 660oC por 10 mim, e temperada em nitrogênio líquido. Crescimento epitaxial de filmes finos. Discordâncias provenientes da deformação plástica dos materiais: a) Nucleação homogênea: Deformação convencional Ondas de choque b) Nucleação heterogênea: i. Fontes de Frank-Read ii. Deslizamento cruzado múltiplo iii. Escalada iv. Contornos de grãos Nucleação homogênea de discordâncias através de deformação convencional. Nucleação homogênea de discordâncias, a partir de carregamento por choque. Distribuição uniforme de discordâncias em níquel carregado por choque, 15GPa, 2s, 77K. (a) Cobre puro e (b) Cobre-2%Alumínio comprimidos por choque a laser com uma pressão inicial de 40GPa em um pulso de 3ns. A diferença de subestrutura de discordâncias está relacionada com a energia de falha de empilhamento, elevada no primeiro caso e baixa no segundo caso. Representação esquemática do movimento de discordância na fonte de Frank-Read. O deslizamento ocorreu na área hachurada. Fonte de Frank-Read em uma amostra de silício. Dash (1957). Fonte de Frank-Read em uma amostra de alumínio. Crescimento lateral de bandas de deslizamento em um monocristal de fluoreto de lítio. As discordâncias são observadas pela técnica de “etch pit”. Gilman e Johnston (1962). Sequência de eventos para o deslizamento cruzado em um metal CFC. Anéis concêntricos formados a partir de uma fonte de escalada em uma liga de Al-13,5%Mg temperada a partir de 550oC. Smallman et alli, 1962. Emissão de discordâncias a partir de um contorno de grão. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Observação das discordâncias Principais técnicas: a) Microscopia eletrônica de transmissão b) Métodos superficiais c) Métodos de decoração d) Topogafia por difração de raios-X e) Microscopia de campo iônico f) Simulação computacional Microscopia eletrônica de transmissão: Trata-se da técnica mais utilizada para observação de discordâncias e outras descontinuidades cristalinas. Um feixe de elétrons com energia da ordem de 100 keV deve atravessar uma amostra bastante fina (100 a 1000 nm). A interação resultante forma figuras de difração e uma imagem ampliada de 102 a 106 vezes. A imagem simplesmente revela a variação de intensidade do feixe de elétrons selecionado transmitido pela amostra. Duas operações básicas dos sistemas de formação de imagem do MET, envolvendo a projeção (a) das figuras de difração e (b) da imagem na tela de observação. Formação de contraste. Como certos planos próximos à linha da discordância são distorcidos, podem surgir orientações fortemente propícias para a difração de elétrons (equação de Bragg). Com isto, a intensidade do feixe diretamente transmitido será reduzida (e do feixe difratado será aumentada). As discordâncias aparecerão como linhas escuras na imagem por campo claro (ou linhas claras na imagem por campo escuro). O vetor g é perpendicular aos planos que difratam os eletrons; o vetor u representa o deslocamento de átomos provocados pelas discordâncias. Soluções para as equações que fornecem a intensidade do feixe eletrônico contêm um fator g ● u. Consequentemente, condições de difração que forneçam g ● u = 0 não produzirão contraste. Esta situação se chama critério de invisibilidade. Planos próximos a uma discordância em cunha, rotacionados em relação à orientação para a difração. Micrografia de folha fina (200nm de espessura) no MET mostrando dois conjuntos paralelos de discordâncias. Cada linha escura é produzida por uma discordância. O diagrama esquemático ilustra a distribuição das discordâncias na folha fina, e demonstra que a foto acima representa uma imagem projetada de um arranjo tridimensional de discordâncias. A forma real da imagem da discordância depende das condições de difração, da natureza das discordâncias e a sua profundidade na folha fina. Ela pode aparecer como uma linha única (não necessariamente centrada na discordância real), uma linha dupla, uma linha ondulada ou uma linha partida. A linha também pode estar invisível, fato que pode ser explorado para determinação do vetor b de Burgers. Ilustração do uso do método g ● u = 0, para determinar o vetor de Burgers b de discordâncias em uma amostra de Al-2%Mg. Aqui, três diferentes vetores de difração g foram escolhidos para produzir três diferentes imagens do mesmo campo de visão. Ele contém uma rede de quatro conjuntos de linhas de discordâncias. Lindroos, 1971. Discordâncias em uma amostra de ferro, observadas em um MET. Discordâncias em uma amostra de aço inox austenítico, observadas em um MET. Discordâncias em uma amostra temperada de cobre, observadas em um MET. Discordâncias em uma amostra temperada de alumínio, observadas em um MET. Discordâncias “helicoidais” em uma amostra temperada de Al-4%Cu, observadas em um MET. Discordâncias “helicoidais” geradas por elevada condensação de lacunas em discordâncias em hélice em uma amostra temperada de Al-4%Cu, observadas em um MET. Discordâncias em uma amostra de titânio observada em um MET. Plichta, 1990 Discordâncias em um aço inoxidável, observadas em um MET. Ashby, 1980. Aplicação do critério g ● u = 0. O efeito da mudança da condição de difração faz com que a discordância B, que aparece em (a) desapareça em (b). Hirsch, Howie e Whelan, 1960. Arranjos de discordâncias produzidos por deformação plástica no ferro. (a) Células de discordâncias formadas após 9% de deformação a 20oC. (b) Arranjo uniforme de discordâncias formadas após 7% a -135oC.Keh e Weissmann, 1963. Evolução da subestrutura de discordâncias em Fe-3,25%Si deformado e recozido. (a) Distribuição uniforme de discordâncias em um cristal deformado 20%. (b) Formação de pequenos subgrãos em material deformado e recozido por 15min a 500oC. (c) Mesma situação de (b), porém recozido por 15min a 600oC. (d) Mesma situação de (b), porém recozido por 30min a 600oC. Hu, 1964. Extensivas redes de discordâncias observadas em ferro CCC. Dadian e Talbot-Besnard. Discordâncias em uma partícula de ouro, observadas em um MET de elevada resolução. Discordâncias em (a) níquel, (b) titânio e (c) silício, observadas em um MET. Discordâncias em (a) Al2O3 e (b) TiC, observadas em um MET. Métodos superficiais: Se um cristal contendo discordâncias for submetido a um ambiente que remove átomos de sua superfície, a taxa de remoção de átomos ao redor do ponto onde as discordâncias emergem na superfície deve ser diferente da taxa relativa à matriz. Como consequência, “pites” serão formados nestes locais. Formação de “etch pits” no local onde uma discordância emerge na superfície. Principais técnicas: i. Ataque químico e eletroquímico; ii. Ataque térmico (evaporação); iii.Ataque por bombardeamento iônico. “Etch pits” produzidos na superfície de um monocristal de tungstênio (Schadler e Low). “Etch pits” formados no contorno de grão entre dois grãos de germânio (Vogel et alli, 1953). Este foi o primeiro trabalho realizado para confirmar a correspondência entre as discordâncias e os “etch pits”. (Vogel et al., 1953). Discordâncias observadas pela técnica de “etch-pits” em uma amostra de LiF, e contornos de sub-grãos. Johnson e Gilman, 1957. “Etch pits” produzidos na superfície de um monocristal de fluoreto de lítio (Gilman e Johnston, 1957). O cristal foi atacado três vezes, para se estudar o movimento das discordâncias em função de uma tensão aplicada. Marcas de deslizamento (A) e arranjos de “etch pits” (B) produzidos na superfície de uma amostra de ouro (Hashimoto, Miura e Kubo, 1976). A amostra foi levemente deformada. Empilhamento de discordâncias em um contorno de grão (ou discordâncias sendo emitidas por um contorno de grão?) em uma amostra de cobre observada pela técnica de etch-pits. Uma lâmina monocristalina de KCl examinado em um microscópio ótico. Partículas de prata precipitaram em discordâncias, que se apresentam aqui na forma de uma rede. Amelinckx, 1958. Métodos de decoração: Discordâncias em uma lâmina cristalina são transparentes à luz visível e à luz infravermelha, não sendo portanto visíveis quando iluminadas com esta radiação. Por outo lado, é possível “decorar” as discordâncias, forçando a precipitação ao longo destas descontinuidades. A posição das discordâncias será então revelada pelo espalhamento da luz nos precipitados, podendo ser observadas em um microscópio ótico. Arranjo hexagonal de discordâncias em uma amostra de NaCl decorada com prata. Amelinckx, 1947. Precipitação de carboneto de molibdênio em discordâncias de um aço ferrítico. Irani, 1964. Topografia por difração de raios-X: Esta técnica é também chamada de método de Berg-Barrett (1945), e utiliza princípios semelhantes à microscopia eletrônica. A amostra é colocada em um dispositivo móvel, e orientada com relação ao feixe de raios-X de tal sorte que um conjunto de planos cristalográficos que obedeçam a equação de Bragg vai provocar difração. O feixe refletido é então examinado em uma tela contendo um filme sensível aos raios-X, colocada bem próxima da amostra. Como no caso da difração de elétrons, qualquer distorção da rede causada pela presença de discordâncias resulta numa mudança das condições de reflexão, e os raios-X serão espalhados diferentemente nesta região. A diferença na intensidade dos raios-X difratados será gravada fotograficamente. Uma vez que a penetração de raios-X é maior do que a penetração de elétrons, esta técnica tem a vantagem de poder utilizar amostras mais espessas. Esquema mostrando uma amostra montada em um goniômetro, em posição para o método de Berg-Barrett. Topografia por difração de raios-X mostrando discordâncias em um monocristal de silício. Nenhuma ampliação da topografia é obtida, mas com a posterior utilização de emulsões fotográficas, aumentos de até 500X podem ser conseguidos. Jenkinson e Lang, 1962. Topografia por difração de raios-X mostrando anéis de discordâncias em um monocristal de magnésio. g = 0110. Vale e Smallmann, 1977. (a) LiF observado no MO. Discordâncias cunha diagonais e discordâncias hélice horizontais. (b) Raios-X na difração (200), discordâncias cunha. (c) Raios-X na difração (220), discordâncias hélice. (d) Raios-X na difração (202), os dois tipos. Newkirk, 1959. Microscopia de campo iônico: Esta técnica possibilita aumentos de 106 vezes e resoluções de 0,2 a 0,3nm. A amostra é um arame fino com uma das pontas polida eletroliticamente com forma hemisférica de raio entre 100 a 300 raios atômicos. A amostra é carregada positivamente em uma câmara de alto vácuo contendo traços de gás hélio ou neônio. Os átomos do gás tornam-se polarizados, se aproximam e colidem com a ponta da amostra. Eles cedem elétrons, se ionizam, e são projetados em um anteparo fluorescente, produzindo a imagem. Esquema de um microscópio de campo iônico. Colisão de átomo de gás polarizado e emissão de íon de gás a partir da ponta da amostra. Imagem de campo iônico de um contorno de grão na ponta de uma agulha de tungstênio. Cada spot brilhante representa um átomo de tungstênio. 1967. Discordância hélice em uma amostra de tungstênio observada em um microscópio de campo iônico. Inal, 1990. Interseção de discordâncias na superfície de uma amostra de platina observada em um microscópio de campo iônico. 10.000.000 X. Muller, 1962. Simulação computacional: O potencial dos computadores tem sido explorado em duas áreas particulares relacionadas com a estrutura atômica e com a morfologia de discordâncias. Na primeira situação, os computadores auxiliam alguma técnica experimental bem conhecida, como a microscopia eletrônica de transmissão. Na segunda situação, os computadores são empregados para modelar o comportamento atômico dos cristais, e promover informações que não são obtidas por investigação experimental. (a) Posições atômicas em um plano (112) perpendicular a uma discordância em cunha situada na direção [112], com vetor de Burgers ½[110] em um cristal de cobre. A discordância se dissociou em duas parciais de Shockley nas posições mostradas. Os deslocamentos atômicos tanto dentro como fora do plano da figura são indicados por pequenos ou grandes círculos, respectivamente. (b) O plano (112) visto com certa inclinação, para mostrar mais claramente as componentes cunha e hélice das parciais. Imagem real e imagem obtida por simulação computacional de anéis de lacunas produzidas por severo bombardeamento iônico de rutênio. O vetor de difração é g , os anéis α e β possuem o vetor de Burgers b e a normal n aos anéis. Tetraedro de falha de empilhamento em cobre irradiado. (a) Átomos em dois planos {111} através de um tetraedro na simulação computacional. (b) Imagem experimental e (c) simulada , mostrando a orientação do defeito. Schaublin et alli, 1998. (a) Estrutura atômica obtida por simulação computacional da estrutura de uma discordância maclada em um contorno de macla (1012) em titânio HC. As células unitárias são mostradas e a posição do contorno é indicada por uma linha tacejada. A discordância maclada, definida pelos vetores da rede tλ e tμ , tem um vetor de Burgers muito pequeno,mas requer um deslocamento de átomos nas camadas marcadas com um S. Bacon e Serra (1994). (b) Imagem experimental no MET de um contorno em titânio contendo uma discordância maclada. A linha tracejada mostra a localização da interface, e os pontos negros indicam as posições de alguns átomos próximos da interface. Serra et alli (1996). Arranjos de discordâncias em uma simulação de ensaio de tração com uma amostra de monocristal de molibdênio, situação inicial e após 3% de deformação. Bulatov e Cai, 2006. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Tensão de Peierls-Nabarro A tensão de Peierls-Nabarro representa a resistência que a rede cristalina oferece ao movimento de uma discordância. A figura ao lado mostra a tensão que precisa ser aplicada a uma discordância em cunha para fazê-la mover uma distância b. Quando o plano extra se move de sua posição de equilíbrio (para a direita ou para a esquerda), precisa-se vencer uma barreira. A diferença na energia entre a posição de equilíbrio (ponto tracejado) e a posição mais instável é chamada de energia de Peierls-Nabarro, e a tensão requerida para vencer esta barreira de energia é a tensão de Peierls-Nabarro. (a) Movimento da discordância for a de sua posição de equilíbrio. (b) Variação da tensão de Peierls-Nabarro com a distância. A discordância não avança de forma simultânea ao longo de seu comprimento inteiro. Por outro lado, forma-se um pequeno par de degraus, por intermédio do que se conhece como mecanismo de Seeger. O par de degraus se move ao longo do comprimento da discordância (as duas partes se movem em direções opostas), e quando cobrem o comprimento inteiro então a discordância avança a distância b, seu vetor de Burgers. A velocidade do movimento da discordância vd se relaciona com a velocidade dos degraus vk pela seguinte equação: vd = vk (b/L) (a) Ultrapassagem da barreira de Peierls-Nabarro pelo mecanismo de Seeger do par de degraus. (b) Discordância com dois degraus. (c) Degraus se movendo com a velocidade vk. O processo de movimento de uma discordância na rede cristalina perfeita pode ser encarado como uma transição de estados de energia. Núcleo da discordância Para minimizar a energia do processo, o material deslizado “crescerá” às custas da região não deslizada, através do avanço de uma região interfacial, que é uma discordância com núcleo de largura w. b aG b wG NP )1( 2 exp 1 22 exp 1 2 w P-N Metais: w é grande Cerâmicos: w é pequeno Relação a/b : planos densos e direções densas fornecem menor valor para P-N. A relação de Peierls-Nabarro representa a resistência que uma rede perfeita oferece a uma discordância retilínea. A força necessária para movimentar uma discordância através da rede cristalina está relacionada com a largura do núcleo da discordância através da relação de Peierls-Nabarro (1940/1947): A tensão τP-N também é conhecida como tensão de fricção da rede. Sua magnitude é relativamente pequena para metais puros. A largura w do núcleo da discordância representa a distância sobre a qual a rede é distorcida. A equação prevê que para um núcleo de discordância muito estreito a tensão de fricção será elevada; para um núcleo bem largo a tensão será pequena. Considerações teóricas indicam que a largura w pode ser estimada pelas seguintes relações: onde dhkl é o espaçamento interplanar dos planos de deslizamento. As equações anteriores preveem corretamente que o deslizamento é favorecido para planos com elevado espaçamento dhkl e pequeno vetor de Burgers, isto é, planos e direções com maior densidade atômica. Seja, por exemplo, o caso do ferro. As expressões anteriores não são rigorosamente válidas, porque no Fe-γ as discordâncias estão dissociadas, e no Fe-α as discordâncias em hélice possuem uma estrutura não planar complexa em seu núcleo. Entretanto, as seguintes conclusões qualitativas baseadas nas equações anteriores podem ser feitas: a) Discordâncias em cunha no ferro, que geralmente possuem uma estrutura mais larga no seu núcleo, tenderão a ser mais móveis do que discordâncias em hélice, que possuem uma estrutura mais estreita no seu núcleo. b) τP-N será menor para Fe-γ (CFC) do que para Fe-α (CCC), devido ao espaçamento interplanar dhkl levemente maior para os planos de deslizamento na estrutura CFC (0,208nm versus 0,204nm). Variação da tensão limite de escoamento com (a) a temperatura e com a (b) taxa de deformação para cristais com estrutura (i) CFC, (ii) CCC, (iii) ligação iônica, (iv) ligação covalente. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Força exercida sobre uma discordância Seja um cristal de espessura unitária (e = 1), submetido a um cisalhamento absoluto b, que corresponde ao vetor de Burgers de uma discordância. Seja F a força por unidade de comprimento da discordância, necessária para promover este deslizamento irreversível. Para deslocar uma unidade de comprimento de discordância, da face A para a face B, o trabalho será igual a F.L . A força exercida no plano de deslizamento é igual a . L (tensão cisalhante multiplicada pela área do plano de deslizamento), e promove um cisalhamento absoluto b . O trabalho, que é igual a .L.b , deve ser igual ao trabalho necessário para deslocar a discordância. Conclusão (Mott e Nabarro, 1948): A força F é, portanto, a força que se deve exercer sobre uma discordância por unidade de comprimento de discordância, para a promoção do cisalhamento do cristal. bFbLLF ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Tensão de linha de uma discordância Toda discordância possui uma elevada energia de deformação elástica por unidade de comprimento de sua linha. A energia de deformação de uma discordância é a energia necessária para deslocar os átomossituados na vizinhança da linha da discordância, em relação à sua posição teórica de equilíbrio na rede cristalina perfeita. No sentido de manter a energia total do cristal a mais baixa possível, a discordância tende a encurtar o seu comprimento, sempre que possível, por deslizamento ou escalada. Surge então uma tensão de linha, que age no sentido de tornar a discordância mais retilínea, para reduzir o seu comprimento. Em primeira aproximação, a tensão de linha T de uma discordância com raio de curvatura R e núcleo ro é igual à sua energia de deformação elástica por unidade de comprimento (Nabarro, 1952): ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Redes de discordâncias Em cristais recozidos, as discordâncias formam uma rede tridimensional, chamada de rede de Frank. A quantidade de discordâncias presentes por unidade de volume do cristal é a densidade de discordâncias , caracterizada pelo comprimento total de discordâncias por unidade de volume. Redes de discordâncias Mesmo os cristais mais perfeitos possuem uma densidade entre 102 e 103 cm/cm3. Em geral, a maioria dos cristais metálicos não deformados contêm entre 106 e 107 cm/cm3, enquanto aqueles severamente deformados contêm entre 1011 e 1012 cm/cm3. Rede de discordâncias em uma amostra de ferro normalizado. MET, 50.000X. McLean, 1960. Rede de discordâncias em uma amostra de diboreto de titânio. MET. Hoke e Gray. Um exemplo típico de redes bidimensionais de discordâncias é observado em contornos de grão de baixo ângulo e em sub-grãos. Estas redes são freqüentemente formadas durante o recozimento de metais trabalhados a frio. Sub-grãos formados em amostra de alumínio. Os diversos segmentos de discordâncias convergem para pontos chamados de nós. Considerando l a distância média entre os nós, esta distância se relaciona com a densidade pela relação: 1 l Uma característica básica dos nós é que a soma dos vetores de Burgers correspondentes é nula: 0 1 n ib Considere uma discordância b1, que se dissocia em duas discordâncias b2 e b3. Um circuito de Burgers foi desenhado ao redor de cada discordância, seguindo do diagrama que b1 =b2 + b3. O circuito maior à direita engloba duas discordâncias, mas como ele passa através do mesmo material que o circuito menor à esquerda, o vetor de Burgers precisa ser o mesmo. Daí, tem-se b1 + b2 + b3 =0. Os nós da rede de Frank constituem pontos de ancoragem das linhas de discordâncias. Como conseqüência, quando o cristal está submetido a uma tensão, os segmentos de discordâncias tendem a se curvar, mas permanecem fixos nos pontos de ancoragem. Pode-se então calcular a tensão cisalhante necessária para curvar um segmento de discordâncias. Para tal, usa-se o conceito de tensão de linha da discordância. Considera-se uma discordância curva, com um raio de curvatura igual a R. A tensão de linha T se opõe a esta curvatura, produzindo uma força perpendicular à discordância e apontando para o centro de curvatura. A discordância somente se manterá curva se uma tensão cisalhante desenvolver uma força igual e oposta à tensão de linha. R bG Rb T 2 Equilíbrio estático de um segmento L de discordância imobilizado por dois obstáculos e dobrado na forma de um arco de raio R sob influência da tensão cisalhante τ. A força τ.b atuando no segmento de discordância é equilibrada pela tensão de linha T da discordância. Na realidade, a expressão para a tensão cisalhante capaz de movimentar uma discordância através de obstáculos deve ser acrescida de um termo 0 , chamado de tensão de fricção da rede cristalina. A tensão 0 corresponde ao cisalhamento necessário para vencer a resistência intrínsica da rede cristalina ao deslocamento da discordância. Esta tensão depende da natureza e da intensidade das ligações atômicas, assim como de sua estrutura cristalina. Trata-se da tensão de Peierls-Nabarro. Quanto mais intensas e direcionais forem as ligações atômicas, maior será a resistência intrínsica da rede cristalina. Para os metais, a tensão de fricção será mais elevada para estruturas CCC do que para estruturas mais compactas – CFC e HC. R bG 2 0 ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Densidade de discordâncias A tensão cisalhante necessária para que o limite de escoamento de um monocristal seja atingido (ou seja, a tensão para movimentar discordâncias na rede de Frank) é dada pela equação abaixo, onde R = l / 2 (l é a distância média entre nós da rede): R bG 2 0 Quando as discordâncias entram em movimento, se multiplicam e varrem os planos de deslizamento, elas se cruzam e sua densidade aumenta. Conseqüentemente, a distância l, que é inversamente proporcional a , diminui, devendo-se aplicar uma tensão mais elevada para que a deformação plástica prossiga. Este fenômeno se chama encruamento. O raciocínio também é válido para policristais. Aumento da densidade de discordâncias com o aumento da deformação. Multiplicação de discordâncias durante a deformação plástica, superliga Hastelloy. a) Material recozido; b) Material deformado 5%; c) Material deformado 15%. Equação geral que descreve o encruamento: 0 Desenvolvimento de subestruturas de discordâncias em uma amostra de ferro, em função da deformação plástica por laminação a frio. a) 5% de redução. b) 9% de redução. c) 16% de redução. d) 70% de redução. Desenvolvimento de subestruturas de discordâncias em uma amostra de níquel, em função da deformação plástica a 77K. O aumento da deformação, mesmo nesta baixíssima temperatura, leva a uma tendência para a formação de células de discordâncias. Longo e Reed-Hill (1970). Variação do limite de escoamento com a densidade de discordâncias para amostras de titânio deformadas na temperatura ambiente e numa taxa de 10-4s-1. Jones e Conrad, 1969. = o + k 1/2 = o + k 1/2 Variação da tensão de cisalhamento resolvida com a densidade de discordâncias para amostras de cobre. Rall, Courtney e Wulff, 1976. Relação entre densidade média de discordâncias e tensão limite de escoamento para uma amosta de ferro. = o + Gb ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Campo de tensões em torno de discordâncias Ao observar atentamente o esquema de uma discordância pode-se constatar que os átomos ao seu redor estão fora das suas posições de equilíbrio, ou seja, o reticulado cristalino está distorcido. Pode-se notar também que as distorções são diferentes e dependem do tipo de discordância. À estas distorções (deformações) pode-se associar campos elásticos de tensão, calculados com auxílio da Teoria da Elasticidade. Antes de analisar os campos elásticos de tensão ao redor das discordâncias, deve-se definir uma notação para as tensões normais e cisalhantes. Para isto é conveniente considerar um cubo unitário (uma unidade de volume), que está em equilíbrio sob ação de um estado tridimensional de tensões. A figura ao lado apresenta um cubo unitário submetido ao estado de tensões mencionado. Discordância hélice Discordância cunha xx yy zz xy Linhas de isotensão para uma discordância em cunha. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Energia da discordância A presença de uma discordância no reticulado cristalino causa um aumento da energia interna. Esta energia tem duas parcelas: a energia do núcleo da discordância e a energia elástica. Pode-se notar nas figuras relacionadas com os campos de tensões a presença de um raio r0, o qual delimita o núcleo da discordância. Dentro do núcleo, as deformações do reticulado são muito grandes, impossibilitando o uso da teoria da elasticidade, pois as deformações elásticas nos sólidos cristalinos são em geral bem menores que 1%. Fora do núcleo, isto é, fora de r0 pode-se calcular a energia da discordância com auxílio da teoria da elasticidade. Dentro do núcleo, o cálculo da energia é extremamente complexo. Por outro lado, pode-se confirmar experimentalmente que a energia do núcleo da discordância representa menos de 5% do valor total. Energia de uma discordância hélice: Energia de uma discordância cunha: Energia de uma discordância mista: Energia total: UT = Unúcleo + Uperiferia Energia do núcleo da discordância: o h r rbG U ln 4 2 o c r rbG U ln 14 2 o m r rbG U lncos1 14 2 2 10 2bG U núcleo ro ≈ 5b Tensão no núcleo de uma discordância. Energia de uma discordância curva. Exemplo: discordância cunha. oo c r RbG r rbG U 1 22 ln 14 ln 14 ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Reações entre discordâncias Em seguida, neste e nos próximos itens, trataremos de vários tipos de interação entre discordâncias. Um tipo muito freqüente é a reação entre discordâncias. Por exemplo, duas discordâncias podem reagir entre si e formar uma única discordância ou uma única discordância pode se decompor em duas outras. Para que uma reação ocorra duas condições devem ser satisfeitas: a reação deve estar vetorialmente correta; ela deve ser energeticamente favorável. Considere, por exemplo, a reação entre duas discordâncias do tipo a/2<111> que se movimentam em planos de deslizamentos não paralelos, mas ambos do tipo {110}, de um cristal CCC: Você pode verificar que a reação, representada pela soma vetorial dos seus vetores de Burgers, está vetorialmente correta. Resta saber se ela é energeticamente favorável. Vimos no item anterior que a energia de uma discordância é proporcional ao quadrado do seu vetor de Burgers. Portanto, a segunda condição para que a reação ocorra é: Como se vê, a reação leva à uma diminuição de energia e realmente tende a ocorrer. Numerosas reações entre discordâncias são possíveis e algumas delas serão discutidas em itens posteriores deste capítulo. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Campo de forças entre discordâncias Considerando que as discordâncias possuem seu próprio campo interno de tensões, deve-se esperar que, quando duas discordâncias se aproximam uma da outra, alguma interação deva ocorrer. Os casos mais simples são de duas discordâncias em cunha e em hélice, situados em planos de deslizamento paralelos. Interação entre (A) duas discordâncias em cunha paralelas e (B) duas discordâncias em hélice paralelas. Para o caso de discordâncias em cunha paralelas, assume-se que a linha das discordâncias está orientada segundo o eixo OZ e que o plano de deslizamento é XZ. A força exercida entre as duas discordâncias possui as componentes Fx e Fy, respectivamente paralelas aos eixos OX e OY. Para o caso de discordâncias em hélice paralelas, assume-se que os dois vetores de Burgers são paralelos ao eixo OZ. Como no caso anterior, existem duas componentes Fx e Fy. 222 222 12 yx yxxbG Fx 222 222 3 12 yx yxybG Fy 22 2 2 yx xbG Fx 22 2 2 yx ybG Fy Pode-se mostrar que duas discordâncias em hélice paralelas sempre se repelem uma em relação à outra quando os vetores de Burgers de ambas discordâncias possuem o mesmo sinal, e sempre se atraem para vetores de Burgers de sinais opostos. Em qualquer um dos casos, a magnitude da força é inversamente proporcional à distância entre as duas discordâncias. Por outro lado, a força que atua entre duas discordâncias em cunha apresenta uma reversão de sinal, quando a distância horizontal x entre as duas discordâncias torna-se menor do que a distância vertical y entre os planos dedeslizamento. Observa-se que as discordâncias de mesmo sinal se repelem para x > y ( < 450) e se atraem para x < y ( > 450) , o inverso ocorrendo para discordâncias de sinais opostos. Fx é igual a zero para x = 0 e x = y. A situação x = 0, onde as discordâncias estão situadas uma sobre a outra, é uma condição de equilíbrio: trata-se da situação encontrada para arranjos de discordâncias em contornos de grãos de pequeno ângulo (sub-grãos). Variação de Fx com a distância x, onde x é expresso em unidades de y, entre duas discordâncias cunha. (A) de mesmo sinal. (B) de sinais opostos. T T x y Arranjos de discordâncias em cunha com vetor de Burgers paralelos: (a)De mesmo sinal e contidas no mesmo plano; (b)De sinais opostos e contidas no mesmo plano; (c)De sinais opostos e contidas em planos paralelos; (d)Combinação das duas discordâncias de (c), deixando uma fileira de lacunas. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Deslizamento cruzado Movimento de uma discordância hélice durante o deslizamento cruzado. Inicialmente, a discordância move-se em um plano vertical. Em seguida, ela muda de plano, passando a se movimentar em um plano horizontal. Deslizamento cruzado de uma discordância hélice XY de um plano (a) para um plano (b) e para um plano (c). O deslizamento sempre ocorre na direção do vetor de Burgers b. Representação esquemática do deslizamento cruzado em um cristal. Representação esquemática do deslizamento cruzado em um metal hexagonal compacto. Deslizamento cruzado em uma amostra de magnésio. Reed-Hill e Robertson, 1957. Deslizamento cruzado em uma amostra de alumínio. Cahn, 1950. Representações esquemáticas do deslizamento cruzado e do deslizamento cruzado duplo. Representação esquemática do deslizamento cruzado duplo. Este mecanismo foi sugerido por Koehler (1952) e modificado por Low e Guard (1959). Durante o processo de deslizamento cruzado, uma discordância em hélice pode gerar adicionais fontes de Frank-Read. Pode-se ver na figura ao lado que um segmento de discordância em hélice deslizou duas vezes para reassumir o movimento em um plano paralelo ao plano de deslizamento original. Note os anéis de discordâncias adicionais que podem ser gerados neste processo. Deslizamento cruzado em uma amostra de LiF. As bandas foram formadas a -196oC e 0,36% de deformação. Gilman e Johnson, 1959. Deslizamento cruzado na superfície polida de uma amostra de Fe-3,25%Si. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Escalada Escalada: processo termicamente ativado de movimento de discordâncias em cunha na direção perpendicular ao plano de deslizamento (não conservativo). Escalada de uma discordância cunha em um cristal. Escalada de uma discordância envolvendo difusão de lacunas (☐) para uma discordância em cunha: a discordância sai do plano A e vai para o plano B. Observe que apenas as posições atômicas () do plano extra acima da linha da discordância são representados. Formação de degraus ao longo da linha de discordância: nj : número de degraus por comprimento da discordância no: número de nós por comprimento da discordância Uj : energia de ativação necessária para nuclear um degrau k : constante de Boltzmann T : temperatura : constante (aprox. 0,2) G : módulo de cisalhamento b1 : vetor de Burgers da discordância b2 : comprimento do degrau Tk U nn j oj exp 2 2 1 bbGU j Escalada positiva da discordância cunha. Neste caso, uma lacuna foi aniquilada. Escalada negativa da discordância cunha. Neste caso, uma lacuna foi criada. A existência de uma tensão compressiva na direção de deslizamento causa uma força na direção da escalada positiva. Similarmente, uma tensão trativa perpendicular ao plano extra causa uma força na direção da escalada negativa. Assim, a superposição de tensão com elevada temperatura necessária para difusão resulta numa elevação da taxa de escalada. Escalada não é possível com discordâncias hélice, uma vez que neste caso não existe plano extra de átomos. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Interseção: degraus Kink Jog Movimento de discordâncias Degrau no mesmo plano. Degrau em outro plano. (a), (b): kink em uma discordância cunha e hélice. (c), (d): jog em uma discordância cunha e hélice. Os planos de deslizamento estão marcados em cinza. Interseção de duas discordâncias cunha com vetores de Burgers perpendiculares. Interseção de duas discordâncias cunha com vetores de Burgers paralelos. (a,b) Interseção de uma discordância cunha com uma discordância hélice. (c) Interseção de duas discordâncias hélice. De uma maneira geral, a presença de degraus em discordâncias em cunha não afeta o posterior movimento deste tipo de discordâncias. O mesmo não ocorre com as discordâncias em hélice. Na figura abaixo, o plano de deslizamento do degrau é PRR’P’. Se a discordância em hélice se deslocar no plano B’Q’P’R’ o movimento do degrau no plano PQQ’P’ não será conservativo, e requer a ocorrência de escalada. Portanto, a mobilidade de discordâncias em hélice fica restrita. Pode-se imaginar que durante a deformação plástica as discordâncias vão adquirindo degraus e a sua mobilidade vai se tornando cada vez mais dificultada. Esta explicação foi proposta por Hirsch e Mott, no início da década de 1960, para explicar o aumento da resistência de um material à medida que ele vai sendo deformado (encruamento). Discordância em hélice contendo um degrau em cunha. Movimento de uma discordância em hélice contendo degraus. (a) Discordância retilínea, na ausência de tensão aplicada. (b) A discordância se curva sob a ação da tensão cisalhante aplicada. (c) Movimento da discordância e emissão de lacunas pelos degraus. O movimento de discordâncias em hélice contendo degrausé um dos mecanismos responsáveis pela geração de lacunas (e de instersticiais) durante a deformação plástica. Pode-se criar e reter em baixa temperatura este tipo de descontinuidade por meio de resfriamento rápido a partir de altas temperaturas, por meio de irradiação do cristal com partículas de alta energia (por exemplo, nêutrons, elétrons e íons), ou por meio de deformação plástica. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Fonte de Frank-Read Representação esquemática da operação de uma fonte de Frank-Read. A discordância é impedida de se movimentar. Para continuar o deslizamento, deve-se elevar a tensão aplicada. A discordância vai dobrando-se, até a geração de um anel. O plano do slide é considerado o plano de deslizamento. A operação de uma fonte de Frank-Read consiste numa aplicação do conceito de tensão de linha T e da tensão para curvar uma discordância. a) Um segmento de discordância de comprimento l está ancorado entre os pontos P e P’. b) Sob a ação da tensão a discordância se curva; o seu raio de curvatura R é superior a l / 2. Aqui vale a expressão: R bG Rb T 2 c) Uma elevação na tensão provoca uma curvatura mais pronunciada; o raio de curvatura R vai diminuindo, até alcançar seu valor mínimo, R = l / 2. Nesta situação a tensão atinge seu máximo valor: l bG d) A partir deste momento, as configurações seguintes vão surgir para tensões cisalhantes menores. Um anel será formado, a partir da anulação de segmentos com vetores de Burgers opostos. Novos anéis serão gerados, até que o sistema crie uma resistência à sua formação. A fonte de Frank-Read foi proposta por estes dois pesquisadores, de forma independente em 1950, como um mecanismo de multiplicação de discordâncias. Um tratamento mais rigoroso fornece a seguinte expressão para a tensão necessária para provocar o encurvamento da linha da discordância: O raio de curvatura será mínimo quando R = l / 2. Assim, tomando-se valores típicos de = 0,33 e l = 103 , tem-se a tensão máxima para o equilíbrio local: a) Discordância cunha: b) Discordância hélice: 2 1lncos43 2 1 14 2 2 R bGRTb bG 2 1 bG 2 3 Fonte de Frank-Read em uma amostra de silício. Dash, 1957. Observe que a configuração do anel formado não é um arco de circunferência, porque o valor local da tensão da linha varia com a orientação. Fonte de Frank-Read em uma amostra de alumínio. Fonte de Frank-Read gerada a partir de contornos de grãos. Duas fontes são visíveis na fotografia: no ponto triplo A e no ponto B. Ambas emitem discordâncias para o interior do grão à esquerda. Aço inoxidável austenítico Fe-18Cr-14Mn-0,6N. Fonte de Frank-Read gerada a partir de encontro de discordâncias. Uma barreira é mostrada no ponto A da fotografia. O movimento do empilhamento de discordâncias é obstruído por um plano de elevada densidade de discordâncias que intercepta a superfície da folha no traço B-B. A tensão na ponta do empilhamento ativa a fonte de Frank-Read. As novas discordâncias emitidas deslizam para cima e para baixo na fotografia. Aço inoxidável austenítico Fe-18Cr-14Mn-0,6N. ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Velocidade de discordâncias Experiência de Gilman e Johnson, para determinação da velocidade de uma discordância. TR Q kv m exp Compilação de resultados da literatura, sobre a dependência da velocidade de discordâncias com a tensão aplicada. Dependência da velocidade de discordâncias com a tensão aplicada para LiF. Johnston e Gilman, 1959. Dependência da velocidade de discordâncias com a tensão aplicada e com a temperatura para Fe-3%Si. Stein e Low, 1960. Cisalhamento produzido pela passagem de discordâncias paralelas. Equação de Orowan-Taylor. vb bdxb dxdxdx dxN dx bN p l 113 321 2 3 13 ┴ Introdução histórica ┴ Definição de discordâncias ┴ Classificação ┴ O vetor de Burgers ┴ Movimento de discordâncias ┴ Origem das discordâncias ┴ Observação das discordâncias ┴ Tensão de Peierls-Nabarro ┴ Força exercida sobre uma discordância ┴ Tensão de linha de uma discordância ┴ Redes de Frank ┴ Densidade de discordâncias ┴ Campo de tensões em torno de discordâncias ┴ Energia da discordância ┴ Reações entre discordâncias ┴ Campo de forças entre discordâncias ┴ Deslizamento cruzado ┴ Escalada ┴ Interseção de discordâncias ┴ Fonte de Frank-Read ┴ Velocidade de discordâncias ┴ Discordâncias nas estruturas CFC, HC e CCC Seja um cristal CFC, obtido por meio do empilhamento de planos de máxima densidade atômica, do tipo {111}, sendo que a sequência de empilhamento é do tipo ABCABCABC... A passagem de uma discordância por um plano deste tipo causa deformação plástica e não deve provocar alteração da estrutura original do cristal. Este tipo de discordância é denominada discordância unitária ou perfeita. Quando a estrutura original não é mantida, a discordância é denominada discordância parcial ou imperfeita. Discordância perfeita em um cristal CFC. Discordância parcial em um cristal CFC. Discordâncias na estrutura CFC A passagem de uma discordância unitária com vetor de Burgers b1 = a/2[110] não altera a seqüência de empilhamento. No entanto, o mesmo resultado final pode ser obtido de maneira mais fácil, desde que o movimento seja feito em duas etapas, em ziguezague. Neste caso, o deslocamento é representado por duas discordâncias parciais, denominadas de parciais de Schockley, com vetores de Burgers b2 = a/6[211] e b3 = a/6[121], respectivamente. O processo todo pode ser representado pela seguinte reação de discordâncias: A decomposição de uma discordância unitária em parciais de Schockley é representada na figura abaixo. Existe uma força de repulsão entre as parciais, uma vez que o ângulo entre os vetores de Burgers b2 e b3 é igual a 60 0 (conforme visto no item anterior “Força entre discordâncias”). As parciais de Schockley se repelem com uma força: onde b2 . b3 é o produto escalar e d é a distância entre as parciais d bb GF 2 32 Decomposição de uma discordância unitária em duas parciais. Dissociação de Schockley em um plano (111) de um cristal CFC. A falha de empilhamento é uma descontinuidade bidimensional, e será aprofundada no
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