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PROCESSO PENAL – PONTO 4º

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PROCESSO PENAL – PONTO 4º
PROCESSUAL PENAL: Questões e processos incidentes. Questões prejudiciais. Exceções. Medidas assecuratórias: seqüestro, hipoteca legal e arresto. Incidentes de falsidade e de insanidade mental do acusado. Restituição das coisas apreendidas. Perdimento. Provas. Procedimento probatório. Classificação. Prova testemunhal. Documental. Material. Ônus. Presunções. Indícios. Valoração. Provas ilícitas 
Reestruturado e atualizado por Leonardo Tavares Saraiva, em agosto de 2012.
QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
PONTO: qualquer afirmação ou alegação que qualquer das partes faça no processo.
PONTO PASSIVO (expressão de Carnellutti): afirmado por uma parte e não impugnado pela outra.
PONTO CONTROVERTIDO: afirmado por uma parte e controvertido pela outra; é o que se denomina QUESTÃO.
QUESTÃO: ponto controvertido/duvidoso/divergente; o processo é instaurado para que o juiz julgue o PEDIDO (objeto da ação; QUESTÃO PRINCIPAL), mas, no seu curso, surgirão questões (QUESTÃO INCIDENTAL) sobre as quais deve se posicionar; em alguns casos, a questão incidental será processada em autos apartados (PROCESSO INCIDENTE). 
QUESTÕES PREJUDICIAIS (ARTS. 92 A 94, CPP)
CONCEITO: São questões que devem ser avaliadas pelo juiz, com valoração penal ou extrapenal (ex: questão cível), devendo ser decididas antes (questão incidental) do mérito da ação principal.
Ex: bigamia (art. 235, CP) - validade do 1º casamento, que está sendo discutida em ação anulatória de casamento, é condição para condenação por bigamia.
Ex: abandono material (art. 244, CP) – paternidade/filiação é questão prejudicial.
NATUREZA JURÍDICA: Prevalece na doutrina o entendimento de que as questões prejudiciais são elementares da infração penal (questões de mérito), pois condicionam a própria existência do delito.
	ELEMENTARES
	CIRCUNSTÂNCIAS
	Dados essenciais da figura típica
	Dados periféricos que gravitam ao redor da figura típica
	Interferem no tipo penal
	Não interferem no tipo penal
	Ausência pode gerar atipicidade relativa (desclassificação) ou absoluta (inexistência de crime)
	Presença pode aumentar ou diminuir a pena
	Elementares, objetivas ou subjetivas, comunicam-se aos demais agentes, desde que cientes. 
	Somente se comunicam as circunstâncias de caráter objetivo. Art. 30, CP.
CARACTERÍSTICAS
Anterioridade: questão prejudicial deve ser enfrentada antes da questão prejudicada.
Essencialidade (ou interdependência): o mérito da ação principal depende da resolução da questão prejudicial. Essencialidade está ligada à própria natureza jurídica (elementar). O juiz não consegue julgar o mérito se antes não julgar a prejudicial.
Autonomia: questão prejudicial pode ser objeto de uma ação autônoma. 
QUESTÕES PREJUDICIAIS X QUESTÕES PRELIMINARES
	Questões Prejudiciais
	Questões Preliminares
	Interferem no mérito da causa.
	Não interferem no mérito da causa.
	Decisão da questão prejudicial influencia no teor da questão principal, mas não impede a sua apreciação.
	Solução da questão preliminar poderá obstar/impedir a análise da questão principal, mas não influencia no seu teor.
	Dizem respeito ao direito material.
	Estão ligadas ao direito processual.
	A natureza jurídica é de uma elementar da infração penal, relacionando-se, portanto, ao mérito da causa.
	Estão ligadas à existência ou não dos pressupostos processuais de existência e de validade (ex.: exceções do art. 95, CP)
	Possuem existência autônoma, independendo de um processo criminal.
	Estão vinculadas ao processo criminal, não tendo existência autônoma.
	Podem ser analisadas pelo juízo penal ou extrapenal.
	Só podem ser analisadas pelo juiz criminal.
CLASSIFICAÇÃO DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
QUANTO À NATUREZA (questão prejudicial pertence ou não ao mesmo ramo da questão prejudicada?)
Homogênea / Comum / Imperfeita: pertence ao mesmo ramo do direito da questão prejudicada (ex: receptação e crime antecedente – art. 180, CP); são sempre analisadas pelo juiz penal.
OBS: Quando o CPP trata das questões prejudiciais, não está preocupado com as homogêneas. Na verdade, resolve-se o problema das homogêneas através da conexão probatória ou instrumental (art. 76, II e III, CPP). 
OBS: Se os dois crimes são objeto do mesmo processo (prejudicialidade interna), ou foram reunidos por conexão (prejudicialidade externa homogênea), o juiz julga primeiro o crime antecedente e, depois, na mesma sentença, o crime consequente. Porém, se os dois crimes não estiverem reunidos no mesmo processo (não foi possível reunir por algum motivo), o juiz deve apreciar o primeiro crime apenas de maneira incidental (incidenter tantum), para que possa julgar a questão prejudicada (principaliter tantum). A decisão incidental sobre o primeiro crime não faz coisa julgada (relaciona-se à causa de pedir; solucionada na fundamentação; não integra o dispositivo).
Heterogênea / Jurisdicional / Perfeita: a questão prejudicial pertence a outro ramo do direito (ex: casamento e bigamia – art. 235, CP; paternidade e abandono material – art. 244, CP).
OBS: O CPP trata da questão prejudicial heterogênea ao julgamento penal (questão principal é de cunho criminal). Em se tratando de questão prejudicial heterogênea ao julgamento cível (questão principal é de caráter cível), a solução é dada pelo art. 265, IV, c/c §5º, CPC (suspensão do processo cível pelo prazo máximo de 1 ano). Neste caso, perceba-se que a questão prejudicial pode ser de caráter penal, havendo que se atentar, ainda, para o disposto no art. 110, caput (c/c art. 265, §5º), e p. único (ação penal sequer foi ajuizada), CPC. De toda sorte, superado o prazo de 1 ano (ou 60 dias, se a ação penal não vier a ser intentada), a questão penal poderá ser decidida no juízo cível como questão incidente (incidenter tantum), mas essa decisão não surtirá efeitos na esfera criminal.
QUANTO À COMPETÊNCIA (juiz penal devolve ou não a questão prejudicial ao juiz extrapenal?)
Questão prejudicial não devolutiva: são sempre analisadas pelo juiz penal; questões prejudiciais homogêneas.
Questão prejudicial devolutiva: o juiz penal devolve o conhecimento da matéria ao juiz natural; questões prejudiciais heterogêneas; pode ser de 2 espécies:
Questão Prejudicial Devolutiva Absoluta: são aquelas que nunca podem ser analisadas pelo juiz penal. O juiz penal, obrigatoriamente, deverá remeter para o juiz cível (questões prejudiciais heterogêneas relacionadas ao estado civil das pessoas); art. 92, CPP.
Questão Prejudicial Devolutiva Relativa: podem eventualmente ser analisadas pelo juiz penal. O juiz penal é que vai decidir se ele mesmo aprecia a questão ou se ele remete a questão para que seja resolvida em um juízo extrapenal (são todas as questões prejudiciais heterogêneas que não digam respeito ao estado civil das pessoas); art. 93, CPP.
QUANTO AOS EFEITOS (processo criminal fica ou não suspenso?)
Obrigatórias / Necessárias / Em Sentido Estrito: são aquelas que sempre acarretam a suspensão do processo; o juiz criminal não pode apreciá-las; são exatamente as questões prejudiciais de natureza devolutiva absoluta.
Facultativas / Em Sentido Amplo: são aquelas que nem sempre acarretam a suspensão do processo, pois o juiz penal pode eventualmente enfrentá-las; são as questões prejudiciais de natureza devolutiva relativa.
RELAÇÃO ENTRE CLASSIFICAÇÕES ANTERIORES:
Questão prejudicial homogênea (mesmo ramo, no caso, penal) é sempre não devolutiva (decidida pelo juiz penal).
Questão prejudicial heterogênea (outro ramo) é sempre devolutiva, podendo ser:
devolutiva absoluta (sempre será devolvida ao juiz extrapenal), quando então será obrigatória (sempre acarreta a suspensão do processo criminal) – art. 92, CPP (questões ligados ao estado civil das pessoas);
devolutiva relativa (juiz penal decide se devolve ao juiz extrapenal), quando então será facultativa (suspende ou não o processo, conforme devolva ou não a questão ao juízo extrapenal)– art. 93, CPP (questões extrapenais não relacionadas ao estado civil das pessoas).
SISTEMAS DE SOLUÇÃO DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS HETEROGÊNEAS
SISTEMA DA COGNIÇÃO INCIDENTAL (SISTEMA DO PREDOMÍNIO/PREVALÊNCIA DA JURISDIÇÃO PENAL): Não é o sistema adotado pelo CPP. O juiz penal sempre é competente para apreciar a questão prejudicial heterogênea. Vantagem: celeridade e economia processual, além de evitar decisões contraditórias. Crítica: possível violação ao Princ. Juiz Natural (ex: imagine um juiz criminal julgando a validade de um casamento).
SISTEMA DA PREJUDICIALIDADE OBRIGATÓRIA (SISTEMA DA SEPARAÇÃO JURISDICIONAL ABSOLUTA): O juiz penal nunca é competente para apreciar a questão prejudicial heterogênea, nem mesmo de maneira incidental. Vantagem: respeito ao Princ. Juiz Natural. Crítica: compromete a celeridade e a economia processual.
SISTEMA DA PREJUDICIALIDADE FACULTATIVA (SISTEMA DA SEPARAÇÃO JURISDCIONAL RELATIVA): O juiz penal tem a faculdade de apreciar ou não as questões prejudiciais heterogêneas.
SISTEMA ECLÉTICO (OU SISTEMA MISTO): O CPP adota esse sistema. Fusão do sistema da prejudicialidade obrigatória com o sistema da prejudicialidade facultativa. Em relação às questões prejudiciais heterogêneas ligadas ao estado civil das pessoas, vigora o sistema da prejudicialidade obrigatória (art. 92, CPP). Em relação às questões prejudiciais heterogêneas que não digam respeito ao estado civil das pessoas, vigora o sistema da prejudicialidade facultativa (art. 93, CPP).
QUESTÃO PREJUDICIAL HETEROGÊNEA DEVOLUTIVA ABSOLUTA OBRIGATÓRIA (ART. 92, CPP):
PRESSUPOSTOS:
Deve ser uma elementar do crime (“se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia”).
OBS: circunstâncias do crime, como agravantes ou atenuantes, causas de diminuição ou de aumento, não acarretam a suspensão do processo, não sendo tais questões devolvidas ao juízo extrapenal.
A controvérsia deve ser séria e fundada.
A questão prejudicial heterogênea deve estar ligada ao estado civil das pessoas. 
CONSEQUÊNCIAS:
Obrigatória suspensão do processo: de ofício ou a requerimento das partes (art. 94, CPP), devendo perdurar até o trânsito em julgado da decisão cível (sem prazo fixado).
Suspensão da prescrição: art. 116, I, CP.
Oitiva de testemunhas e produção de outras provas de natureza urgente
Nos crimes de ação penal pública, deve o MP promover a ação civil (ou nela prosseguir) referente à questão prejudicial (art. 92, p. único, CPP), ainda que não tivesse legitimidade originária para tanto (por ser titular da ação penal, que está a depender da solução da questão prejudicial extrapenal).
QUESTÃO PREJUDICIAL HETEROGÊNEA DEVOLUTIVA RELATIVA FACULTATIVA (ART. 93, CPP):
PRESSUPOSTOS:
Deve ser uma elementar da infração penal. 
A questão prejudicial não deve versar sobre o estado civil das pessoas.
A questão prejudicial deve ser da competência do juízo extrapenal.
Existência de ação civil em andamento.
Questão prejudicial deve ser de difícil solução. 
Inexistência de limitação da prova na lei civil quanto à questão prejudicial.
OBS: art. 227, CC – exemplo de limitação civil da prova.
OBS: No processo penal, por conta dos valores em jogo, admite-se maior amplitude probatória. Para não prejudicar o réu com eventual limitação probatória prevista na lei civil, o legislador previu tal pressuposto.
CONSEQUÊNCIAS:
Suspensão facultativa do processo: de ofício ou a requerimento das partes (art. 94, CPP), cabendo ao juiz criminal estabelecer um prazo razoável de suspensão, que poderá ser prorrogado, se a demora não for imputável à parte (art. 93, §1º, CPP); expirado esse prazo sem que haja decisão cível (não se exige trânsito em julgado), o juiz criminal retoma sua competência para apreciar a questão prejudicial, de maneira incidental (incidenter tantum; sem surtir efeitos na esfera cível).
Suspensão da prescrição: art. 116, I, CP.
Oitiva de testemunhas e produção de outras provas de natureza urgente.
Nos crimes de ação pública, o MP deve intervir nas ações em andamento (art. 93, §3º, CPP).
OBS: Na prejudicial devolutiva relativa, o juiz penal não é obrigado a devolver, mas, se devolver, fica vinculado (decisão na esfera cível surtirá efeitos na seara criminal).
OBSERVAÇÕES FINAIS:
Da decisão que suspende o processo por conta de uma questão prejudicial heterogênea cabe RESE (art. 581, XVI, CPP).
Se a decisão for de indeferimento da suspensão, não caberá recurso (art. 93, §2o, CPP). Neste caso, se houver risco à liberdade de locomoção, é possível o manejo de HC.
Existência de prejudicial heterogênea não implica suspensão de IP, mas apenas de processo criminal.
Sentença cível relativa à questão prejudicial heterogênea tem força de coisa julgada na esfera penal. Por outro lado, eventual decisão do juiz criminal sobre questão prejudicial heterogênea devolutiva relativa (art. 93, §1º, CPP) não faz coisa julgada na seara cível, pois apreciada de maneira incidental (incidenter tantum). Se o juiz penal decidir prejudicial devolutiva relativa, e o juiz extrapenal, ao apreciar a mesma questão, decidir de modo diverso, mais favorável ao réu, este poderá manejar revisão criminal. Em se tratando de prejudicial heterogênea devolutiva absoluta, caso o juiz criminal aprecie a questão, sem devolvê-la ao juiz extrapenal, sua decisão estará contaminada por uma nulidade absoluta, pois era absolutamente incompetente para apreciar a matéria.
PRINCÍPIO DA SUFICIÊNCIA DA AÇÃO PENAL: em algumas situações, o processo penal, por si só, é suficiente para dirimir a controvérsia; é o que ocorre nas questões prejudiciais heterogêneas devolutivas relativas, quando a controvérsia não for de difícil solução; tal princípio não se revela aplicável às questões prejudiciais heterogêneas devolutivas absolutas.
A controvérsia acerca da constituição definitiva do tributo nos crimes materiais contra a ordem tributária (súmula vinculante 24) não é questão prejudicial (elementar do delito), mas sim condição objetiva de punibilidade (jurisprudência majoritária).
EXCEÇÕES (ARTS. 95 A 112, CPP)
CONCEITO: São procedimentos incidentais em que se alegam determinados fatos processuais referentes a pressupostos processuais ou condições da ação, objetivando a extinção do processo ou sua simples dilação. São questões preliminares. Espécie de defesa indireta em que não se ataca diretamente o mérito da ação penal. Podem ser opostas pelo autor (raro). 
DISTINÇÃO ENTRE EXCEÇÃO E OBJEÇÃO: 
Exceção é espécie de defesa que só pode ser conhecida pelo juiz se alegada pela parte.
Objeção (ou objeções processuais) é a defesa que pode ser conhecida de ofício pelo juiz.
OBS: Art. 95 do CPP – atecnia: “exceções” que são objeções, pois podem, e devem, ser conhecidas de ofício pelo juiz.
MODALIDADES DE EXCEÇÕES:
EXCEÇÕES DILATÓRIAS: geram apenas a procrastinação do processo, o que é de extrema valia ao réu (prescrição).
- Exceção de suspeição (o impedimento e a incompatibilidade seguem o mesmo raciocínio).
- Exceção de incompetência do juízo. 
EXCEÇÕES PEREMPTÓRIAS: geram a extinção do processo.
- Exceção de litispendência.
- Exceção de coisa julgada.
OBS: Art. 95, IV, CPP (exceção de ilegitimidade de parte) – há divergências: 
Capez e Mirabete: exceção dilatória.
Pacelli e LFG: exceção peremptória.
ATENÇÃO: No CPC (art. 304), diferentemente do art. 95, CPP, somente foram previstas as exceções de incompetência relativa, de impedimento e de suspeição. Incompetência absoluta, litispendência, coisa julgada e ilegitimidade de parte são matérias que, no CPC, devem ser suscitadas como preliminar de contestação (art. 301, II, V, VI e X, CPC).
DO PROCEDIMENTO E DA SUSPENSÃO DO PROCESSO:
Em regra, são processadas em autos apartados (“processos incidentes”), e não suspendem o andamento do processo (arts. 111 e 396-A, §1º, CPP). 
OBS: Art. 102, CPP (exceção de suspeição) - se a parte contrária concorda, é possível a suspensão do processo. 
ATENÇÃO: NoCPC, os arts. 265, III, e 306 estabelecem que a exceção suspende o curso do processo. 
OBS: Como o juiz pode apreciar as matérias de oficio, ainda que a exceção tenha sido arguida de modo incorreto, o juiz poderá apreciá-las. Na prática, é raro o advogado apresentar exceção em separado. Geralmente, é apresentada no bojo de sua peça. O ideal, nesse caso, seria extrair cópias dessa peça e as colocar em autos apartados. A técnica, entretanto, não impede o reconhecimento pelo juiz da matéria de ofício.
EXCEÇÕES DE SUSPEIÇÃO, IMPEDIMENTO E INCOMPATIBILIDADE:
Finalidade: proteção à imparcialidade do julgador (requisito de validade do processo).
OBS: Exceções de impedimento e incompatibilidade seguem o procedimento da exceção de suspeição (art. 112, CPP).
SUSPEIÇÃO (art. 254 a 256, CPP)
OBS: STF entende que o rol do art. 254, CPP, é taxativo. STJ, recentemente (HC 172819/MG), reafirmou sua jurisprudência no sentido de que o rol do art. 254, CPP, é exemplificativo.
RELACÃO EXTERNA AO PROCESSO
OBS: Amizade juiz-advogado não é causa de suspeição, verificando-se esta na amizade juiz-parte (inclusive, MP).
CONSEQUÊNCIA: prática de ato jurisdicional por juiz suspeito, segundo o art. 564, I, CPP, é causa de nulidade absoluta (ab initio – vai invalidar o processo desde o primeiro momento em que aquele juiz atuou).
ÔNUS DA PROVA: ônus da prova é do excipiente (STJ, HC 146796).
SUSPEIÇÃO POR FORO ÍNTIMO: próprio juiz declara-se suspeito sem revelar o motivo; 
OBS: A Res. 82 do CNJ, ao tratar do tema, estabeleceu a necessidade de o magistrado informar à Corregedoria, em ofício reservado, as razões da suspeição por foro íntimo. Referida Resolução, no entanto, teve sua constitucionalidade questionada por meio da ADI 4.260/DF, a qual se encontra pendente de julgamento. Saliente-se que algumas liminares já foram monocraticamente deferidas em mandados de segurança.
ATENÇÃO: “É ilegal e abusiva a intervenção do Conselho de Magistratura do tribunal de origem que invalidou a manifestação do julgador que se declarou suspeito por motivo de foro íntimo (art. 135, parágrafo único, do CPC), uma vez que essa declaração é dotada de imunidade constitucional, por isso ressalvada de censura ou de crítica da instância superior”. (Informativo 499 do STJ)
IMPEDIMENTO (arts. 252, 253 e 255, CPP):
OBS: Não há divergência, entendendo o STF e o STJ que o rol do art. 252, CPP, é taxativo. 
RELACÃO INTERNA AO PROCESSO (em regra)
CONSEQUÊNCIA: prática de ato jurisdicional por juiz impedido, dada a sua gravidade, segundo doutrina majoritária, acarreta a inexistência do ato; jurisprudência majoritária trata a questão como nulidade absoluta.
ATENÇÃO: Atuação de juiz na fase do IP não gera impedimento (Informativo 522 do STF).
INCOMPATIBILIDADE:
Prevalece que são as razões que afetam a imparcialidade do juiz, e que não estão elencadas dentre as causas de suspeição e impedimento, estando previstas nas leis de organização judiciária.
CONSEQUÊNCIA: prática de ato jurisdicional por juiz incompatível gera nulidade absoluta.
PROCEDIMENTO DA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO (IMPEDIMENTO/INCOMPATIBILIDADE – ART. 112, CPP)
Juiz pode reconhecer suspeição de ofício (art. 97, CPP), sendo esta decisão irrecorrível.
Se o juiz não reconhecer de ofício, deve ser arguida pelas partes, por meio de uma petição escrita (art. 98, CPP). 
OBS: Todas as exceções podem ser apresentadas oralmente (arts. 108 e 110, CPP), salvo a exceção de suspeição.
ATENÇÃO: No Júri, a suspeição dos jurados (arts. 448 a 451, CPP) deve ser arguida oralmente (art. 106, CPP). CONSEQUÊNCIA da atuação de jurado suspeito: nulidade absoluta, haja vista que, a partir da Lei 11.689/08, não há mais como se aferir o grau de influência de seu voto, pois a votação se encerra com quatro votos num mesmo sentido. Ainda sobre o Júri: recusa peremptória (sem motivação) não se confunde com arguição de suspeição (motivada).
MOMENTO: A petição escrita deve ser apresentada na primeira oportunidade, observando o art. 96, CPP. 
MP ou o querelante: no momento do oferecimento da peça acusatória.
Acusado: no momento da resposta à acusação (art. 396-A, CPP). 
ATENÇÃO: Ainda que não arguidas oportunamente, como são questões ligadas ao devido processo legal e à imparcialidade do juiz, a suspeição, o impedimento e a incompatibilidade poderão ser reconhecidos após o trânsito em julgado da condenação, mediante HC ou revisão criminal. No CPC, apenas o impedimento autoriza o manejo da rescisória (art. 485, II).
Para arguir suspeição, advogado deve ter procuração com poderes especiais.
Se o juiz acolher a exceção: remessa dos autos ao substituto (art. 99, CPP). Contra essa decisão não cabe recurso.
OBS: Quando juiz julga procedente exceção, em regra, cabe RESE (art. 581, III, CPP), salvo no caso de suspeição.
Não acolhendo a exceção, o juiz oferece resposta em 3 dias, e remete os autos ao tribunal em 24h (art. 100, CPP). 
OBS: As exceções, em regra, são apreciadas pelo próprio juízo, salvo a de suspeição.
No tribunal, 2 possibilidades:
Rejeição liminar, se manifestamente improcedente (art. 100, §2º, CPP).
Se verossímil a arguição, o tribunal inquire testemunhas, e profere decisão irrecorrível (art. 581, III, CPP). As partes poderão impetrar MS, ou, se houver risco à locomoção do acusado, poderá este se valer de HC. 
ATENÇÃO: Há DIVERGÊNCIA quanto à possibilidade de o assistente de acusação oferecer exceção de suspeição. Para Capez e Tourinho, o assistente pode apresentar exceção de suspeição, pois tem interesse em um processo justo. Para LFG e Mirabete, o assistente não pode apresentar exceção de suspeição, vez que não é parte. 
SUSPEIÇÃO, IMPEDIMENTO E INCOMPATIBILIDADE DO MP
As causas de impedimento, suspeição e incompatibilidade do juiz (arts. 252 a 256, CPP) se aplicam ao MP (art. 258, CPP), seja quando atua como parte, seja como fiscal da lei (ex: ação penal privada).
Art. 104, CPP: cabe ao juiz, em decisão irrecorrível, apreciar a arguição quanto à imparcialidade do MP. 
CONSEQUÊNCIA: não há nulidade, sendo considerados válidos os atos praticados; os autos irão ao substituto.
ATENÇÃO: Súm. 234 do STJ - não há impedimento ou suspeição do membro do MP por ter atuado na fase investigatória. Informativos 671 e 672 do STF: embora a matéria ainda não esteja definida, a tendência é que se considere legítima a atividade investigatória do MP.
SUSPEIÇÃO DA AUTORIDADE POLICIAL:
Conquanto não seja possível arguir a suspeição das autoridades policiais nos atos do IP, estas deverão declarar-se suspeitas, diante de motivo legal (art. 107, CPP). Daí se vê o caráter autoritário e inquisitivo do IP.
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA (DECLINATORIA FORI):
Instrumento adequado para arguir tanto a incompetência absoluta quanto a incompetência relativa. 
ATENÇÃO: No CPC, apenas a incompetência relativa deve ser arguida por exceção (arts. 112 e 113, CPC).
MOMENTO: No prazo da defesa, podendo ser oposta oralmente ou por escrito (art. 108, CPP).
Tanto a incompetência absoluta quanto a incompetência relativa podem ser reconhecidas de ofício (art. 109, CPP).
ATENÇÃO: No CPC, em regra, o juiz só pode reconhecer de ofício a incompetência absoluta (art. 113, CPC). Exceção: art. 112, p. único, CPC.
CONSEQUÊNCIA: atos decisórios praticados por juiz, nas hipóteses de incompetência absoluta ou relativa, são nulos, podendo os atos probatórios ser aproveitados (art. 567, CPP).
 ATENÇÃO: No CPC, os atos decisórios serão nulos apenas no caso de incompetência absoluta (art. 113, §2º, CPC).
OBS: Recebimento da denúncia, embora tenha carga decisória, não é ato decisório, podendo ser ratificado pelo juiz competente (STF). A interrupção da prescrição somente vai se operar com a ratificação do recebimento da denúncia pelo juiz competente. 
OBS: Incompetência Absoluta X Incompetência Relativa
	INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
	INCOMPETÊNCIA RELATIVA
	Viola norma de competência absoluta (interesse público; improrrogável; inderrogável).Viola norma de competência relativa (interesse particular; prorrogável; derrogável).
	Gera nulidade absoluta (prejuízo é presumido; pode ser arguida a qualquer momento, pois não preclui).
	Gera nulidade relativa (prejuízo deve ser demonstrado; deve ser arguida oportunamente, sob pena de preclusão).
	Modalidades: 
Em razão da matéria (ratione materiae).
Prerrogativa de função (ratione personae).
Funcional.
	Modalidades:
Em razão do território (ratione loci).
Prevenção (Súm. 706 do STF)
Distribuição
	Não admite conexão/continência
	Admite conexão/continência
 OBS: Juiz absolutamente incompetente prolata sentença condenatória ou absolutória imprópria (impõe medida de segurança), vindo esta a transitar em julgado: cabe, em favor do réu, revisão criminal ou HC. Por outro lado, em se tratando de absolvição por juiz absolutamente incompetente, transitando em julgado a decisão, CJ é absoluta, vez que não cabe revisão criminal pro societate.
OBS: Recursos
- Se o juiz declara a sua incompetência de ofício, caberá RESE (art. 581, II, CPP).
- Se o juiz julgar procedente a exceção de incompetência, caberá RESE (art. 581, III, CPP).
- Se o juiz julgar improcedente a exceção de incompetência, não cabe recurso. Nada impede a utilização de HC, ou a renovação da questão em sede de preliminar de apelação.
EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE:
Instrumento para arguir tanto a ilegitimidade ad causam quanto a ilegitimidade ad processum. 
	ILEGITIMIDADE AD CAUSAM
	ILEGITIMIDADE AD PROCESSUM
	Condição da ação penal: pertinência subjetiva da ação (na ação privada, o querelante é o legitimado; na ação pública, o MP é o legitimado).
	Pressuposto processual de validade: capacidade para validamente praticar atos no processo (ex: menor de 18 anos não pode oferecer queixa)
	Produz uma nulidade absoluta.
	Produz uma nulidade relativa.
	Natureza peremptória (nulidade desde o início, art. 564, II, CPP).
	Natureza dilatória (é possível a ratificação; art. 568, CPP).
MOMENTO: Sem prazo fatal.
OBS: Recursos
- Se juiz reconhece a ilegitimidade de ofício, rejeitando a denúncia: RESE (art. 581, I, CPP).
- Se juiz anular o processo por ilegitimidade (art. 564, II, CPP): RESE (art. 581, XIII, CPP).
- Se juiz julgar procedente a exceção de incompetência: RESE (art. 581, III, CPP).
- Se juiz julgar improcedente a exceção de incompetência, não cabe recurso. Nada impede a utilização de HC, ou a renovação da questão em sede de preliminar de apelação.
ATENÇÃO: Menor de 18 anos à época do delito é denunciado perante vara criminal pela pratica de um crime quando já conta com 19 anos. Neste caso, há legitimidade ad causam (é ele o provável autor do ato infracional) e legitimidade ad processum (com 19 anos, já pode praticar atos processuais), mas ele não pode ser julgado numa vara criminal comum, já que se trata de um ato infracional. O que há aí é incompetência. Reconhecida a incompetência, remete para a vara de infância e juventude.
EXCECÃO DE LITISPENDÊNCIA:
Atende ao princípio do non bis in idem (ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato). 
MOMENTO: Sem prazo fatal.
OBS: No processo penal, a litispendência é identificada pelo FATO NATURAL IMPUTADO AO MESMO ACUSADO, independentemente da classificação jurídica atribuída. O que interessa é a imputação (o fato) e o sujeito passivo imputado.
ATENÇÃO: No CPC, há litispendência quando houver duas ações idênticas, isto é, mesmas partes, mesmo pedido e mesma causa de pedir (art. 301, §§1º a 3º, CPC).
OBS: Não há litispendência entre IP e processo penal, pois só há litispendência a partir da citação válida (art. 219, CPC).
OBS: Recursos
- Se juiz reconhece litispendência de ofício (decisão definitiva): APELAÇÃO (art. 593, II, CPP).
- Se juiz julgar procedente a exceção de litispendência: RESE (art. 581, III, CPP).
- Se juiz julgar improcedente a exceção de incompetência, não cabe recurso. Nada impede a utilização de HC, ou a renovação da questão em sede de preliminar de apelação.
EXCEÇÃO DE COISA JULGADA: 
Coisa julgada refere-se à decisão jurisdicional da qual não cabe mais recurso, tornando-se imutável. Traduz ideia de segurança jurídica e estabilidade. Um de seus principais EFEITOS é a imutabilidade da decisão. Atende ao princípio do non bis in idem (ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato).
OBS: No Brasil, só se admite a revisão criminal pro reo, não existindo a revisão criminal pro societate (art. 8º, 4., CADH). 
a) sentenças condenatória e absolutória imprópria com trânsito em julgado admitem revisão criminal em favor do réu (além de HC), sendo a imutabilidade em tais casos RELATIVA (JUSTIÇA > SEGURANÇA/ESTABILIDADE).
b) sentenças absolutória e extintiva da punibilidade com trânsito em julgado NÃO admitem revisão criminal em favor da sociedade, sendo a imutabilidade em tais casos ABSOLUTA (COISA SOBERANAMENTE JULGADA).
ATENÇÃO: Absolvição/extinção da punibilidade produz CJ, ainda que proferida por juiz incompetente (Informativo 468 do STF - HC 86.606/MS: J. Estadual extinguiu a punibilidade em caso de crime da competência da J. Militar. Afastou-se a nulidade absoluta por conta do princípio do ne bis in idem).
ATENÇÃO: Extinção de punibilidade baseada em certidão de óbito falsa é decisão juridicamente inexistente (STF), Não há CJ.
OBS: Coisa Julgada Formal X Coisa Julgada Material
	COISA JULGADA FORMAL
	COISA JULGADA MATERIAL
	Imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida. Efeito PRECLUSIVO.
	Pressupõe CJ formal. Imutabilidade da decisão se projeta para fora do processo.
	É possível decisão em sentido contrário em outro processo.
	Não admite decisão em sentido contrário em outro processo.
	Ex: arquivamento do IP por falta de provas (art. 18, CPP; Súm. 524 do STF); impronúncia (art. 414, p. único, CPP).
	Ex: absolvição sumária 
OBS: na decisão condenatória, há CJ material, embora a imutabilidade aí seja relativa.
OBS: Limites da coisa julgada
OBJETIVO: Fato PRINCIPAL imputado, independentemente da qualificação jurídica (art. 110, §2º, CPP: não cabe exceção de CJ em face de questões prejudiciais, fundamentação etc).
SUBJETIVO: Sujeito passivo imputado.
ATENÇÃO: Absolvição de um dos agentes não faz CJ em relação aos demais, salvo se houver reconhecimento da inexistência do fato delituoso (analogia com o art. 580, CPP). Note-se que, a depender do fundamento da decisão absolutória, a CJ repercutirá em outros processos.
ATENÇÃO: Absolvição como AUTOR de um delito não obsta novo processo como PARTÍCIPE do mesmo delito, pois as imputações são distintas (Informativo 539 do STF: HC 82.980/DF).
OBS: Havendo duplicidade de sentenças condenatórias, deve prevalecer a que primeiro transitou em julgado, e não a mais favorável ao réu (STF: HC 101.131/DF; STJ: HC 97.753/DF).
OBS: Art. 70, CP - CONCURSO FORMAL (1 ação/omissão e 2 ou mais crimes): crimes foram processados em juízos distintos; trânsito em julgado em um dos juízos não autoriza arguição de CJ no outro juízo ( são delitos diversos), salvo na hipótese de sentença absolutória que reconhecer a inexistência do fato ou prova da inexistência de autoria (arts. 386, I e IV, CPP).
OBS: Art. 71, CP – CRIME CONTINUADO: CJ se limita à imputação, sendo possível novo processo relativo a período não abrangido na ação anterior; posteriormente, as penas devem ser unificadas.
OBS: CRIME HABITUAL e CRIME PERMANENTE: CJ refere-se apenas aos fatos ocorridos até o oferecimento da peça acusatória (delimitação da imputação). Fatos posteriores: novo processo.
OBS: Recursos
- Se juiz reconhece CJ de ofício (decisão definitiva): APELAÇÃO (art. 593, II, CPP).
- Se juiz julgar procedente a exceção de CJ: RESE (art. 581, III, CPP).
- Se juiz julgar improcedente a exceção de CJ, não cabe recurso. Nada impede a utilização de HC, ou a renovação da questão em sede de preliminar de apelação.
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS (ARTS. 125 A 144, CPP)
CONCEITO: São medidas de caráter instrumentalque têm dupla finalidade: a) garantir o ressarcimento da vítima em face do ilícito ocorrido; b) evitar o locupletamento ilícito do infrator. São procedimentos incidentais (autos apartados: arts. 129 e 138, CPP).
ATENÇÃO: As medidas assecuratórias, nos procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, poderão ser determinadas por colegiado de 1º grau (art. 1º, I, Lei 12.694/12).
ATENÇÃO: Importa ressaltar que a análise abaixo contemplou as medidas assecuratórias previstas no CPP, não ingressando nas peculiaridades da legislação penal especial. De todo modo, visando evitar qualquer prejuízo, seguem os dispositivos legais extravagantes relacionados ao tema:
	- Arts. 4º a 6º, Lei 9.613/98 (Lavagem de Capitais), com recentes alterações da Lei 12.683/12.
	- Arts. 60 a 62, Lei 11.343/06 (Drogas). 
SEQUESTRO (arts. 125 a 133, CPP)
OBJETO: recai sobre o provento do delito, ou seja, bens adquiridos com o produto do crime, tanto imóveis (arts. 125 e 128, CPP;) quanto móveis (art. 132, CPP).
ATENÇÃO: Se o bem móvel é produto direto do crime (objeto sobre o qual recaiu a conduta criminosa; ex: dinheiro furtado), é passível de busca e apreensão (arts. 240 e segs., CPP). Se é provento do crime (obtido com a especialização do produto da infração; ex: carro adquirido com o dinheiro furtado), é cabível o sequestro (arts. 121 e 132, CPP).
CONDIÇÃO: “indícios veementes da proveniência ilícita dos bens” (art. 126, CPP).
Somente pode ser decretado pelo juiz (mesmo no IP): de ofício, ou a requerimento do MP, do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial (art. 127, CPP).
MOMENTO: IP ou processo criminal.
EMBARGOS AO SEQUESTRO: ação autônoma que pode ser manejada pelo acusado, por terceiro de boa-fé (art. 130, CPP) e por terceiro possuidor (art. 129, CPP).
RECURSO: Apelação (art. 593, II, CPP).
LEVANTAMENTO (art. 131, CPP): 
se a ação penal não foi intentada em 60 dias;
se o terceiro prestar caução;
se sentença absolutória ou extintiva da punibilidade.
DESTINAÇÃO FINAL: Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz penal determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público, sendo a quantia arrecadada, no que não couber ao lesado ou ao terceiro de boa-fé, recolhida ao Tesouro Nacional (art. 133, CPP).
ATENÇÃO: SEQUESTRO – provento do ilícito; alienação pelo juízo criminal.
 ≠
 ARRESTO – bens de origem lícita; alienação pelo juízo cível.
HIPOTECA LEGAL E ARRESTO (arts. 134 a 144, CPP)
OBJETO: recaem sobre bens de origem lícita de propriedade do acusado.
CONDIÇÃO: além da prova do dano causado pelo crime, a demandar reparação (art. 91, I, CP), exige-se a “certeza da infração e indícios suficientes da autoria” (art. 134, CPP: deve ser interpretado sistematicamente com os arts. 136 e 137, CPP, de modo que não só a hipoteca legal exige esta condição, mas também o arresto de imóvel e de bens móveis).
ATENÇÃO: A título de esclarecimento, é importante destacar que o ARRESTO DE IMÓVEIS guarda pouca relação com o ARRESTO DE BENS MÓVEIS, embora ambos os institutos, sob prismas diversos, se relacionem à HIPOTECA LEGAL. 
- ARRESTO DE IMÓVEIS (art. 136, CPP): medida assecuratória que recai sobre imóveis de origem lícita, a serem submetidos, em momento ulterior, à hipoteca legal; trata-se de providência puramente cautelar dos direitos do lesado, em face do perigo da demora na especialização da hipoteca legal; caso não seja promovido o procedimento de especialização da hipoteca no prazo de quinze dias da determinação do arresto, será este revogado; enquanto a inscrição de hipoteca legal deve ser proposta durante o processo, a cautelar preparatória dela – o arresto de imóveis -, pode ser movida também durante o IP; todavia, em face da exiguidade do prazo para manejo do processo de inscrição de hipoteca legal (quinze dias), se o arresto de imóvel for requerido durante a fase investigativa, haverá maior risco de incidir hipótese para sua revogação; a decisão que decreta ou denega a medida é irrecorrível (plausível seria o MS como sucedâneo recursal).
- HIPOTECA LEGAL (art. 134 e 135, CPP): medida assecuratória que, assim como sua providência cautelar preparatória (arresto de imóvel), recai sobre imóveis de origem lícita, de propriedade do acusado, sendo que sua decretação só é cabível durante o processo; trata-se de direito real instituído sobre imóvel alheio para garantir uma obrigação de ordem econômica, sem que haja a transferência do bem gravado para o credor; seu procedimento está previsto no art. 135, CPP, sendo que da decisão do juiz de primeiro grau que determina ou nega a inscrição da hipoteca legal, cabe apelação (art. 593, II, CPP).
- ARRESTO DE BENS MÓVEIS (art. 137, CPP): medida assecuratória de caráter residual, subsidiário, complementar, a ser invocada quando não existam bens imóveis de origem lícita, ou em havendo, sejam insuficientes para viabilizar a indenização dos danos causados pela infração; será admissível nos termos que “é facultada a hipoteca legal”; portanto, não sendo possível se proceder à hipoteca legal, como medida residual, adota-se o arresto de bens móveis; a decisão que decreta ou denega a medida é irrecorrível (plausível seria o MS como sucedâneo recursal).
ESQUEMA:
			 CAUTELAR RESIDUALMENTE
		 PREPARATÓRIA SUBSIDIARIAMENTE
LEGITIMIDADE: ofendido (vítima) ou MP.
ATENÇÃO: O art. 142, CPP não terá incidência onde houver Defensoria Pública estruturada, valendo destacar, ainda, que o MP, desde a CF/88, não mais exerce a representação da Fazenda Pública. 
LEVANTAMENTO (art. 141, CPP): quando, por sentença irrecorrível, o réu for absolvido ou tiver extinta a sua punibilidade.
DESTINAÇÃO FINAL: tratando-se de bens de origem lícita, passada em julgado a sentença condenatória, os autos serão remetidos ao juízo cível, onde se efetivará o ressarcimento dos danos causados pelo ilícito criminal (art. 143 c/c art. 63, CPP).
ALIENAÇÃO ANTECIPADA (art. 144-A, CPP, incluído pela Lei 12.694/12)
Trata-se de instituto que já era previsto na legislação extravagante (ex: art. 60, §4º, Lei 11.343/06), vindo a ser generalizado pelo legislador com a Lei 12.694/12, diploma que inseriu o art. 144-A no CPP. A norma entrará em vigor em 25/10/2012.
ATENÇÃO: A Lei 12.683/12 inseriu na Lei de Lavagem de Capitais (Lei 9.613/98) o instituto da alienação antecipada (art. 4º-A).
Pressupõe uma medida assecuratória anteriormente implementada.
FINALIDADE: “Preservação do valor dos bens, quando estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção”.
FORMA: leilão, preferencialmente por meio eletrônico (art. 144-A, §1º, CPP).
INCIDENTE DE FALSIDADE (ARTS. 145 A 148, CPP)
CONCEITO: Procedimento incidental (autos apartados: art. 145, I, CPP) que tem por fim a retirada de documento alegadamente falso, evitando, assim, erros judiciais.
ATENÇÃO: DOCUMENTO ORIGINÁRIO – gerado com o propósito de provar.
 ≠
 DOCUMENTO EVENTUAL – pode servir como prova, mas não foi produzido para tal fim. 
LEGITIMIDADE: Pode ser suscitado pelas partes (MP, querelante ou acusado). Quando a arguição é feita por procurador, exige poderes especiais (art. 146, CPP).
OBS: A verificação de falsidade pode ser feita de ofício pelo juiz (art. 147, CPP).
PROCEDIMENTO: Previsto no art. 145, CPP. Desentranhamento do documento somente após a decisão que reconheceu a falsidade se tornar irrecorrível (inciso IV).
EFEITOS: O incidente não tem o condão de tornar indiscutível a falsidade do documento em todo e qualquer processo. Apenas produz efeitos no processo em que o incidente foi instaurado: a) retirada do documento dos autos b) remessa do documento, com o processo incidente, ao MP (detém a opinio delicti). Não há, portanto,CJ (art. 148, CPP).
ATENÇÃO: Se o MP, ao analisar o documento, resolver oferecer denúncia por falsidade documental, vindo esta a ser julgada improcedente, reconhecendo a veracidade da prova, possível será o manejo de revisão criminal ou HC para que a prova seja reaceita no feito originário.
RECURSO: RESE (art. 581, XVIII, CPP).
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL (ARTS. 149 A 154, CPP)
CONCEITO: Procedimento incidental (autos apartados: art. 153, CPP) que tem por fim verificar a imputabilidade (culpabilidade) do agente à época do delito, a redundar em possível absovição imprópria (imposição de medida de segurança).
LEGITIMIDADE: Pode ser suscitado a requerimento do MP, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge (ou companheiro) do acusado, bem como mediante representação da autoridade policial (art. 149, caput e §1º, CPP).
OBS: A verificação da imputabilidade pode ser feita de ofício pelo juiz.
MOMENTO: No IP, no processo criminal ou na execução penal.
CONDIÇÃO: Existência de dúvida razoável acerca da sanidade mental do acusado (Informativo 544 do STF: HC 97.098/GO).
ATENÇÃO: Se não há dúvida razoável, sendo o agente manifestamente imputável, não se instaura o incidente. Se há dúvida razoável acerca da sanidade mental do agente, instaura-se o incidente. E, se o juiz concluir de plano que o agente é inimputável, dispensa o incidente? NÃO. Ainda que o juiz tenha sido médico psiquiátrico, o incidente deve ser instaurado, embora não haja vinculação ao laudo pericial.
PROCEDIMENTO
1º) instauração do incidente mediante portaria baixada pelo juiz;
2º) nomeação de curador (art. 149, §2º, CPP);
3º) SUSPENSÃO DO PROCESSO PRINCIPAL (IP não se suspende), sem suspensão da prescrição, sendo possível a realização de diligências urgentes;
4º) intimação das partes para oferecimento de quesitos;
5º) conclusão do laudo em 45 dias, prorrogáveis, a critério do juiz (art. 150, §1º, CPP);
6º) apresentado o laudo, os autos do incidente, que corriam em apartado, são apensados ao principal (art. 153, CPP).
7º) concluindo o incidente pela inimputabilidade do agente ao tempo da infração, o processo prosseguirá, com a presença do curador (art. 151, CPP).
RECURSO: 
- Decisão de instauração do incidente é irrecorrível, sendo possível a impetração de MS como sucedâneo recursal.
- Decisão que rejeita o incidente é irrecorrível, sendo cabível o HC.
INSANIDADE SUPERVENIENTE: Se a insanidade surgir no curso do processo (após a prática do delito), o incidente também deverá ser instaurado. Reconhecida a insanidade, o processo ficará suspenso até o dia em que o acusado recobrar sua sanidade, pois só assim poderá defender-se (art. 152, CPP). A prescrição continuará correndo normalmente.
OBS: Cuida-se de típica crise de instância (processo fica paralisado sem ser extinto).
ATENÇÃO: Art. 152, §1º, CPP – durante a suspensão do processo, o juiz poderia determinar a internação do acusado em manicômio ou estabelecimento congênere: 3 posições doutrinárias
Inconstitucional: fere a presunção de inocência ao antecipar medida definitiva.
Somente possível diante da presença de requisitos cautelares.
Constitucional: proteção da sociedade e do próprio imputado.
INSANIDADE NO CUMPRIMENTO DA PENA: 
- Transtorno provisório: condenado deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (art. 41, CP). 
- Transtorno definitivo: substituição da pena por medida de segurança (art. 183, LEP).
ATENÇÃO: “Constatada, no curso da execução, a superveniente inimputabilidade do paciente, é devida a conversão da privativa de liberdade em medida de segurança, atentando-se ao fato de que a duração desta fica limitada à pena concretamente imposta” (STJ, HC 141.598/GO).
RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS (ARTS. 118 A 121, CPP)
OBSERVAÇÕES INICIAIS: O pedido de restituição é incidente que pode se materializar via termo nos autos do IP ou do processo (art. 120, caput, CPP: acolhimento imediato) ou mediante processo incidental (autos apartados: art. 120, §§1º e 2º, CPP), tendo por fim a devolução de instrumentos, produtos e outros objetos relacionados com o fato criminoso, os quais foram apreendidos durante busca pessoal ou domiciliar (art. 240, CPP).
ATENÇÃO: Se o bem móvel é produto direto do crime (objeto sobre o qual recaiu a conduta criminosa; ex: dinheiro furtado), é passível de busca e apreensão (arts. 240 e segs., CPP). Se é provento do crime (obtido com a especialização do produto da infração; ex: carro adquirido com o dinheiro furtado), é cabível o sequestro (arts. 121 e 132, CPP).
AUTORIDADE RESTITUINTE: Art. 120, caput e §§1º e 2º, CPP.
Autoridade policial: quando o direito do reclamante for induvidoso ou a coisa não for apreendida em poder de terceiro de boa-fé.
Juiz: em todos os casos, inclusive quando haja dúvida sobre o direito do reclamante, bem como quando a coisa for apreendida com de terceiro de boa-fé. 
BENS PASSÍVEIS DE RESTITUIÇÃO: Já se viu que, tendo sido anteriormente apreendidos, são passíveis de restituição os instrumentos, os produtos (não os proventos) e outros objetos relacionados à infração, mas desde que o bem NÃO seja confiscável.
OBS: Art. 91, II, CP – CONFISCO: perda em favor da União, ressalvados os bens de propriedade do lesado ou de terceiros de boa-fé (art. 119, CPP).
OBS: Ainda que o bem apreendido não seja confiscável, não poderá ser restituído enquanto interessar ao processo, salvo após transitar em julgado a sentença (art. 118, CPP).
OITIVA DO MP: Em todo pedido de restituição, o MP será ouvido (art. 120, §3º, CPP).
REMESSA AO CÍVEL: Quando a prova acerca da propriedade da coisa for de difícil elucidação, incompatível com o rito célere do incidente de restituição, o juiz penal remeterá as partes para o juízo cível (art. 120, §4º, CPP).
RECURSO: Apelação (art. 593, II, CPP), além da possibilidade de impetração de MS.
PERDIMENTO (ARTS. 122 A 124 E 530-G, CPP)
No CPP, o perdimento de bens apreendidos ocorrerá:
Se não houver pedido de restituição, por ausência de interessados, após 90 dias do trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 123, CPP).
Em caso de confisco (art. 91, II, CP e arts. 119, 122 e 124, CPP). 
Na hipótese do art. 530-G do CPP, em se tratando de processo relativo a crime contra propriedade imaterial.
ATENÇÃO: Perdimento na legislação penal especial: art. 20, §4º, Lei 7.716/89 (Racismo); art. 24, Lei 9.605/98 (Crimes Ambientais); arts. 4º-A, §10, e 7º, I, e §§1º e 2º, Lei 9.613/98 (Lavagem de Capitais); art. 25, Lei 10.826/03 (Armas); art. 63, Lei 11.343/06 (Drogas).
ATENÇÃO: Art. 243, CF/88 – EXPROPRIAÇÃO CONFISCO: Reformando decisão do TRF-1ª Região, o Pleno do STF, de forma unânime, assentou que a expropriação de glebas nas quais sejam encontradas culturas ilegais de plantas psicotrópicas deve se operar em relação a todo o imóvel, e não apenas na área em que localizado o plantio (RE 543.974/MG). 
PROVAS (ARTS. 155 A 250, CPP)
1. NOÇÕES GERAIS
Conceito: 
a) Como atividade probatória: ato ou complexo de atos que tendem a formar a convicção da entidade decidente sobre a existência ou não de uma situação fática. São todas as atividades para tentar formar a convicção do magistrado. As partes têm direito à prova (rigth to evidence). O direito à prova é um desdobramento lógico do direito de ação, razão pela qual o mandado de segurança é o remédio a ser utilizado pela parte na hipótese de indeferimento da produção de determinada prova. 
b) Como resultado: consiste na convicção da entidade decidente quanto à existência ou não de uma situação fática, formada no processo. Ao final do processo, ter-se-á a prova como resultado, ou seja, se conseguiu ou não formar a convicção do magistrado.
c) Como meio: são os instrumentos aptos a formar a convicção do juiz quanto à existência ou não de uma situação fática.
Destinatário da prova: Todos aqueles que devem formar sua convicção no processo penal. É a chamada entidade decidente (juiz ou tribunal). 
Sujeitos da prova:Pessoas responsáveis pela produção da prova. 
Fonte de prova:
Tudo aquilo que indica algum fato ou afirmação que necessita de prova (onde vai ser buscado). A peça acusatória é o melhor exemplo de fonte de prova. 
São as pessoas ou coisas das quais se podem conseguir as provas. 
Meios de prova: São os instrumentos aptos a formar a convicção do juiz quanto à existência ou não de uma situação fática. No processo penal vige o princípio da liberdade das provas (numerus apertus), e não da taxatividade das provas (numerus clausus). Porém, não se pode admitir provas ilícitas e as provas imorais. No processo penal podem ser utilizados quaisquer meios de prova, ainda que não especificados na lei, desde que não sejam ilegais, inconstitucionais ou imorais (ex: gravação de conversa de advogado orientando cliente). 
Provas nominadas:	São aquelas previstas no CPP e na legislação especial (interceptação telefônica).
Provas inominadas: São aquelas não previstas na legislação penal.
Prova típica: É uma prova que possui procedimento probatório específico. Ex.: prova testemunhal que é nominada e típica. 
Prova atípica: É aquela que não possui procedimento probatório específico. Ex.: reconstituição do crime (art. 7°, CPP), que é prova nominada, mas atípica. 
ATENÇÃO: Prova anômola é aquela utilizada para fins diversos daqueles que lhes são próprios, com características de outra prova típica. Ou seja, há meio de prova expressamente previsto para a colheita da prova. Entretanto, ignora-se este meio de prova típica, valendo-se de outro meio de prova. Ex: prova que deveria ser testemunhal é substituída pela juntada de declarações. Esta prova anômola consiste em uma deformação do sistema, não devendo ser aceita, ao contrário da prova atípica, que é admitida no processo penal. 
Prova direta: É aquela que recai diretamente sobre a afirmação feita no processo. 
Prova indireta: Provada a existência de um fato, chega-se a conclusão acerca da existência de outro, por meio de indução ou raciocínio lógico. Ex. testemunha não viu o crime ser competido, mas vê o acusado com vestígios de ter praticado o crime. Este é o conceito de indício. 
Indício: Pode ser usada como sinônimo de prova indireta ou como sinônimo de prova semiplena. 
a) Prova indireta (art. 239, CPP): indícios contundentes autorizam um decreto condenatório (ex. caso Nardoni).
b) Prova semiplena: significado geralmente não citado pela doutrina. É aquela com menor valor persuasivo (ex. significado da palavra “indício” no art. 312, CPP).
2. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LIBERDADE PROBATÓRIA
Estado das pessoas: a prova está sujeita às restrições estabelecidas na lei civil (art. 155, p. único, CPP; Súmula 74 do STJ);
Certas pessoas estão proibidas de depor (advogado, padre etc), conforme art. 207, CPP (sigilo profissional).
Exibição de objetos e leitura de documentos no plenário do júri. A regra do CPP (art. 231) é que os documentos poderão ser juntados a qualquer momento, havendo exceções. Segundo o art. 479, CPP, a juntada de documentos no processo do júri deve se operar com três dias úteis de antecedência. Nesta restrição não estão compreendidos livros de doutrina e a exibição de objetos que tenham sido previamente juntados aos autos. Estão inseridos nesta restrição vídeos ou jornais cujo conteúdo diga respeito a matéria de fato. 
Exame de corpo de delito nos crimes materiais cujos vestígios não tenham desaparecido ( art. 158, CPP).
Questões prejudiciais heterogêneas devolutivas absolutas: a decisão proferida pelo juiz cível faz coisa julgado no âmbito penal (art. 92, CPP). 
MEIOS DE INVESTIGAÇÃO/OBTENÇÃO DE PROVA
	Os meios de prova referem-se a uma atividade endoprocessual, que se desenvolve perante o juiz com a presença das partes. Caracterizam-se pelo contraditório e a ampla defesa. 	
	Os meios de investigação são certos procedimentos, em geral, extraprocessuais, regulados pela lei e tem como objetivo a busca de provas materiais. Podem ser produzidos por funcionários distintos do juiz. Tem como uma das características a surpresa. 
	A busca e apreensão é colocada no CPP como meio de prova, mas é, na verdade, um meio de investigação, ou seja, de obtenção de provas. 
OBJETO DE PROVA
	Chamado thema probandum, são os fatos que interessam à solução da causa.
Precisa ser provado:
Fato narrado na peça acusatória ou narrado pela defesa;
Direito consuetudinário: costume – ex.: repouso noturno;
Regulamentos e portarias. Se a portaria for complemento de uma norma penal em branco, presume-se que o juiz a conheça. 
Direito estadual, municipal e estrangeiro – art. 337, CPC. 
Fatos não contestados e incontroversos. 
OBS: Existe revelia no processo penal para quem é citado ou intimado pessoalmente ou por hora certa. O art. 366, CPP, se aplica para aquele citado por edital. Neste caso, se o acusado não comparece e não constitui advogado, a conseqüência será a suspensão do processo e também da prescrição. Por seu turno, a revelia está prevista no art. 367 do CPP, visto que este artigo se aplica àquele que foi citado pessoalmente (aplicando-se também para citação por hora certa) e não compareceu. 
No processo penal a revelia não importa na presunção dos fatos narrados na peça acusatória, sendo seu único efeito a desnecessidade de intimação do acusado (salvo sentença condenatória, caso em que será intimado por edital, visto que a legitimidade recursal é tanto do acusado como de seu advogado), lembrando que seu advogado será intimado para os atos processuais. 
Não precisa ser provado:
Fatos notórios – do conhecimento público geral. Ex. Dilma é presidente;
Fatos axiomáticos – evidentes ou intuitivos. Ex. drogas causam dependência;
Fatos inúteis – não interessam a causa, cabendo ao juiz mensurar os casos.
Presunções legais – é a afirmação feita pela lei de que um fato é existente ou verdadeiro, independentemente de prova. 
Presunção absoluta - iure et de Iuri, não admitindo prova em contrário. Ex. inimputabilidade do menor de 18 anos. 
Presunção relativa – iuris tantum, admitindo prova em sentido contrário, funcionando como uma causa de inversão do ônus da prova. 
PROVA EMPRESTADA
É a utilização da prova em processo distinto daquele em que foi produzida.
Ingressa no outro processo pela via documental (extração de cópias), mas tem o mesmo valor da prova testemunha, ou seja, apesar do transporte ser feito pela forma documental, seu valor é o mesmo da prova originalmente produzida.
Vem sendo aceita a utilização da prova emprestada, desde que observado o contraditório em relação ao acusado em ambos os processos.
ATENÇÃO: É possível a utilização da intercepção telefônica, como prova emprestada em processo administrativo ou cível/ou crimes punidos com detenção, em que pese o disposto no art. 2º, III, Lei 9.296/96, o qual prevê a medida apenas à hipótese de ser utilizada em processos penais relativos a crimes punidos com reclusão (STJ: MS 15787/DF). 
PRINCÍPIOS
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (NÃO CULPABILIDADE)
Previsão na CADH (art. 8°, 2.). A CF/88, em seu art. 5°, LVII, prevê a presunção de não-culpabilidade até o trânsito em julgado. 
OBS: Para o STF, apesar dos recursos extraordinários não serem dotados de efeito suspensivo (art. 637, CPP, e art. 27, § 2º, Lei 8.038/90), em virtude do princípio de presunção da não-culpabilidade, o indivíduo não poderá ser recolhido à prisão enquanto não se der o trânsito em julgado de sentença condenatória, salvo se a prisão tiver natureza cautelar. 
Do princípio da presunção de inocência derivam duas regras fundamentais:
Regra probatória ou de Juízo: aquele que acusa (parte acusatória) tem o ônus de comprovar a prática da infração penal pelo acusado, sendo que, em caso de dúvida, deve o juiz absolver o acusado. Esta regra probatória consagra o jargão in dúbio pro reo. 
ATENÇÃO: Como a revisão criminal tem como pressuposto o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, caso subsista a dúvida, deve o tribunaljulgar improcedente o pedido. É que o princípio da presunção da inocência é aplicado somente até o trânsito em julgado da sentença, de modo que o princípio utilizado na revisão criminal é o in dubio contra reum.
Regra de tratamento: durante as investigações e o processo penal o acusado deve ser tratado como inocente. A prisão durante o processo não viola o princípio da presunção da inocência, vez que este não é incompatível com prisões cautelares, desde que estas não percam seu caráter excepcional, sua qualidade de instrumento para assegurar a eficácia do processo, e que se mostrem necessárias no caso concreto. 
BUSCA DA VERDADE PELO JUIZ (VERDADE REAL/MATERIAL)
Alguns doutrinadores preferem a terminologia princípio da verdade real ou material, sendo este diametralmente oposto ao princípio da verdade formal, sendo este último aplicado de forma clássica no processo civil. No processo penal em virtude da liberdade de locomoção em disputa, cabe ao juiz a busca da verdade durante o curso do processo, devendo fazê-lo de maneira complementar, subsidiário (ex: art. 212, p. único, CPP). O que não se pode admitir é que o juiz substitua as partes na produção das provas, juiz inquisidor. 
CONTRADITÓRIO
Ciência bilateral que visa contrariar afirmações através da produção de provas.
OBS: Art. 479, CPP- Podem ser exibidos vídeos no Plenário do Júri desde que juntados aos autos com três dias úteis de antecedência, dando-se ciência à parte contrária. 
6.4. NEMO TENETUR SE DETEGERE
O acusado não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Sua origem está ligada à defesa técnica. O direito ao silêncio é um desdobramento deste princípio. Está previsto na CADH, art. 8°, 2., “g”. 
1) Direito ao silêncio: está previsto expressamente no art. 5°, LXIII, CF/88, sendo utilizada a expressão “o preso”. Titular do direito ao silêncio não é somente quem está preso, mas qualquer pessoa sobre a qual recaiam suspeitas da prática de um ilícito criminal. 
OBS: Testemunha, enquanto ouvida como testemunha, tem a obrigação de dizer a verdade, sob pena de responder por falso testemunho. Porém, se das respostas da testemunha puder resultar auto-incriminacao, passa a ter direito ao silêncio. 
OBS: Abrangência do direito ao silêncio (art. 186, CPP)
Direito de ficar calado. 
Tolera-se a mentira defensiva (no Brasil, não há crime de perjúrio). Ex. contar a história de um álibi qualquer. 
ATENÇÃO: Se o acusado imputar a alguém a prática de um delito falsamente (mentira agressiva), responde pelo crime de denunciação caluniosa.
OBS: O art. 198, CPP, em sua parte final, não foi recepcionado pela CF/88, estando em rota de colisão também com o disposto no art. 186, p. único, CPP. 
ATENÇÃO: No Tribunal do Júri, com a Lei 11.689/08, o julgamento poderá ser realizado mesmo sem a presença do acusado, ainda que em relação a crime inafiançável. Caso o acusado opte por fazer uso do direito ao silencio, isso não pode ser usado como argumento de autoridade para convencer os jurados (art. 478, II, CPP). 
OBS: Para o STF, gravações feitas pela imprensa, ou extraídas de conversa informal do preso com policiais, sem a advertência formal e expressa quanto ao direito ao silencio, torna ilícita a prova que contra si produza o acusado (STF: HC 80.949/RJ). 
ATENÇÃO: AVISO DE MIRANDA. Surge em um precedente da Suprema Corte Norte Americana (“Miranda v. Arizona” de 1966). Neste julgado, foi criado a regra do Miranda Rigths/Warnings. Nenhuma validade pode ser dada as declarações feitas pela pessoa à polícia, sem que antes tenha sido informada de: 1) Tem o direito de não responder; 2) Tudo o que dizer pode ser usado contra ela; 3) Tem direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado. Este aviso não é aplicado no Brasil, embora o STF tenha feito menção à origem do Aviso de Miranda. 
2) Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo. 
Reconstituição do crime: estão protegidos pelo nemo tenetur se detegere, visto que o comportamento é ativo. Assim, o acusado não é obrigado a participar da reconstituição. 
Fornecimento de material para exame grafotécnico: estão protegidos pelo nemo tenetur se detegere, visto que o comportamento é ativo. Assim, o acusado não é obrigado fornecer material para exame grafotécnico, sendo que também pode escrever de maneira diferente. 
Reconhecimento de pessoas: não há nenhum comportamento ativo por parte do acusado/investigado, portanto o reconhecimento não está acobertado pelo princípio do nemo tenetur se detegere.
ATENÇÃO: Não é possivel a condução coercitiva do acusado para interrogatório, ante o direito ao silêncio, salvo quando haja necessidade de reconhecimento do réu. 
Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora que envolva o seu corpo humano. 
OBS: PROVAS INVASISVAS X PROVAS NÃO INVASIVAS. As provas invasivas são aquelas que envolvem o corpo humano, implicando na utilização ou extração de alguma parte dele, estando condicionadas ao consentimento do acusado. As provas não invasivas consistem numa inspeção ou verificação corporal, não implicando na extração de nenhuma parte do corpo humano, de modo que não dependem do consentimento do acusado. Conclui-se que as provas invasivas estão protegidas pelo princípio do nemo tenetur se detegere.
OBS: Art. 306, CTB - Ao se exigir, como elementar, concentração de álcool igual ou superior a 6 decigramas por litro de sangue, a caracterização do delito restou condicionada à prova técnica (exame de sangue e ao teste do bafômetro), não sendo, por outro lado, obrigado o acusado a se submeter aao exame, por força do princípio de que ninguém será obrigado a colaborar na produção de prova para auto-incriminação, nemo tenetur se detegere (STF: RHC 110.258/DF; STJ: REsp 1.244.600/RS). 
ATENÇÃO: Não é despiciendo notar que, para a configuração da infração ADMINISTRATIVA prevista no art. 165 c/c art. 277, §3º, CTB, não havendo exigência de uma quantidade mínima de álcool por litro de sangue, as sanções cominadas poderão ser aplicadas diante do mero reconhecimento do estado de embriaguez ao volante, inclusive por meio de exame clínico. 
OBS: FIO DE CABELO. uma coisa é a produção forcada de prova invasiva, o que não é permitido (arrancar o fio de cabelo); outra coisa é aquela prova produzida voluntária ou involuntariamente para outra finalidade, a qual é permitida (cabelo encontrado caído no chão). 
OBS: O lixo dentro de casa está protegido pela inviolabilidade de domicílio, perdendo esta proteção quando descartado na rua.
ATENÇÃO: Caso Glória Trevi. Placenta descartada pode ser usada para realização de exame de DNA.
6.5. PROPORCIONALIDADE
A) ADEQUAÇÃO – a medida imposta deve ser idônea para atingir o fim proposto (relação de meio e fim).
B) NECESSIDADE – entre as medida idôneas a atingir o fim proposto, deve-se adorar a menos gravosa.
C) PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO - entre os valores em conflito, deve o juiz dar preponderância àquele de maior relevância.
OBS: Pode se utilizar do principio da proporcionalidade para admitir provas ilícitas no processo em favor do acusado, para demonstrar a sua inocência. 
AUTORESPONSABILIDADE
As partes são responsáveis pelo que provam, e, sobretudo, pelo que não provam.
COMUNHÃO DAS PROVAS
Prova produzida por uma parte pode ser utilizada pela outra parte, já que a prova é do processo, e não das partes.
SISTEMAS DE VALORAÇÃO DAS PROVAS
A) Sistema da certeza moral ou da íntima convicção do juiz: permite que o magistrado avalie a prova com ampla liberdade, decidindo ao final de acordo com a sua livre convicção, não precisando fundamentá-la. No ordenamento jurídico brasileiro, esse sistema vigora em relação ao Tribunal do Júri, pois aí vigora o sigilo das votações, havendo, hoje, inclusive, o terceiro quesito: “o jurado absolve o acusado?” O jurado não precisa fundamentar.
B) Sistema da verdade legal ou tarifado/tarifário de provas: o legislador atribui um determinado valor a cada prova, cabendo ao juiz simplesmente obedecer ao mandamentolegal.	Por meio de sistema, o juiz seria simplesmente um matemático. Esse sistema traz uma certeza, mas diante de um caso concreto seria um absurdo. Conquanto não seja adotado no Brasil, existem alguns resquícios desse na legislação penal:
(a) Infração que deixa vestígios: é indispensável o exame de corpo de delito (não se quer nenhum outro tipo prova), nos moldes do art. 158, CPP.
(b) Quanto ao estado das pessoas, deverão ser observadas as restrições estabelecidas na lei civil (ex: comprovação da idade com certidão de nascimento), a teor do art. 155, p. único, CPP.
C) Sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional do juiz: o juiz tem ampla liberdade na valoração das provas (todas as provas têm valor relativo), mas deve fundamentar seu convencimento. É esse o sistema adotado pelo CPP, no art. 155, bem como pela CF/88, no art. 93, IX.
OBS: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DA PERSUASÃO RACIONAL
Todas as provas são relativas. Nenhuma prova possui valor absoluto (a confissão também não tem valor absoluto, necessita de outras provas).
Não existe hierarquia entre as provas (não se pode falar que uma prova material tem maior valor do que uma documental).
O juiz julga e somente pode julgar de acordo com as provas existentes no processo. Conhecimentos privados do juiz não podem ser invocados (o que não está nos autos não está no mundo, não pode nem sequer argumentar).
O juiz tem que valorar todas as provas produzidas (o juiz não pode deixar de valorar nenhuma prova colhida dentro do processo).
Motivação. Deve o julgador fundamentar a sua convicção (o juiz no processo penal não é como um jurado no Tribunal do Júri, no qual o jurado não tem que indicar a motivação).
Ausência de limitação quanto aos meios de provas. Como já mencionado, o CPP traz somente exemplificações dos meios de provas. Sendo as provas licitas e legitimas, ainda que inominadas, e sem qualquer regulamentação, poderão ser admitidas para a formação do convencimento do juiz.
OBS: Elementos Informativos X Prova
			ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO
	PROVA
	Colhidos na fase investigatória (inquisitorial), sem a participação dialética das partes;
Não estão sujeitos ao contraditório;
Não há ampla defesa;
Prestam-se para a fundamentação de medidas cautelares e para a formação da opinio delicti (opinião do titular da ação penal).
	Em regra, é produzida na fase judicial, que é regida pelo sistema acusatório (acusador, acusado, juiz);
Observância do contraditório;
Observância da ampla defesa.
ATENÇÃO: No CPP, atualmente, também se adota o princípio da IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ, segundo o qual o magistrado que presidiu a instrução deve sentenciar (art. 399, § 2º, CPP). Jurisprudência: o princípio não ostenta caráter absoluto, comportando as exceções previstas no art. 132, CPC.
OBS: Provas Cautelares X Não-repetíveis X Antecipadas (art. 155, CPP)
Cautelares: aqueles em que existe um risco de desaparecimento do objeto em virtude do decurso do tempo. Neste tipo de provas o contraditório é diferido (são provas produzidas na fase investigatória). Ex: interceptação telefônica (degravação é juntada aos autos para que seja feito o contraditório); busca e apreensão. Não se pode deixar para decretar essas medidas no final do processo.
Não-repetíveis: aquelas colhidas na fase investigatória porque não podem ser produzidas novamente no curso do processo. O contraditório será diferido. Ex: exame de corpo de delito de um local de crime de homicídio.
Antecipadas: em razão de sua urgência e relevância, são produzidas antes de seu momento processual oportuno, e até mesmo antes de iniciado o processo, porém com a observância do contraditório real, perante a autoridade judicial. Ex: art. 225, CP (depoimento antecipado ou depoimento ad perpetuam rei memorium).
OBS: Art. 155, CP – “EXCLUSIVAMENTE”: Elementos informativos, de maneira isolada, não são aptos a fundamentar uma condenação. No entanto, não devem ser ignorados, podendo-se somar à prova produzida em juízo como mais um elemento na formação da convicção do juiz. Assim, a condenação deve sempre se basear nas provas colhidas em contraditório judicial, podendo apenas supletivamente, a título de reforço argumentativo, se basear nos elementos informativos do IP (STF: RE 287.658 e REAgr 425.734). 
ÔNUS DA PROVA
A) Conceito: é o encargo que tem a parte de provar a veracidade do fato alegado. Não há o dever de provar, há somente um encargo.
B) Ônus da prova objetivo ≠ Ônus da prova subjetivo
1) Objetivo: é entendido como uma regra de julgamento. Se, ao final do processo, houver dúvida, deve o juiz absolver o acusado (princípio do in dubio pro reo).
2) Subjetivo: é entendido como o encargo que recai sobre as partes na busca pela formação da convicção do julgador.
C) Ônus da acusação (o que o MP tem que provar): 
1) Existência de fato penalmente ilícito;
2) Autoria;
3) Relação de causalidade;
4) Elemento subjetivo: dolo (demonstrado a partir dos elementos do caso concreto) ou culpa.
ATENÇÃO: Teoria da cegueira deliberada. Recentemente, foi utilizada no caso do BACEN. Ocorre nos casos em que o sujeito prefere evitar o conhecimento. Se o agente, deliberadamente, evita o conhecimento quanto à origem ilícita dos bens, responde a título de dolo eventual pelo crime de lavagem de capitais.
ATENÇÃO: Teoria da ratio cognoscendi ou da indiciariedade foi adotada pelo CP. Assim, se o fato é típico, presume-se que é ilícito (“onde há fumaça – tipicidade –, provavelmente, mas nem sempre, haverá fogo – ilicitude”). Então, cabe ao MP somente provar a tipicidade, pois o restante vem por consequência.
D) Ônus da defesa (o que a defesa deve provar):
a) Fatos extintivos do direito de punir, tais como prescrição e decadência;
b) Fatos impeditivos, tais como causas excludentes da culpabilidade;
c) Fatos modificativos, tais como excludente da ilicitude.
ATENÇÃO: Se, ao final do processo, houver dúvida quanto à presença de causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade, deve o juiz absolver o acusado (art. 386, VI, CPP). Então, a certeza é importante na hora da condenação.
OBS: Sistema inquisitorial X Sistema acusatório:
1) Sistema inquisitório: extrema concentração de poder nas mãos do órgão julgador; o acusado é mero objeto de investigação; não há separação entre as funções de acusar, defender e julgar.
2) Sistema acusatório: separação entre as funções de acusar, defender e julgar, criando-se um processo de partes; o acusado é sujeito de direitos; o Poder Judiciário tem a função de garante das regras do jogo. Adotado pela CF/88, no art. 129, I.
ATENÇÃO: Art. 3º, Lei 9.034/95 - permitia que o juiz pessoalmente realizasse diligências. Em relação aos sigilos bancário e financeiro, o STF entendeu que o art. 3º teria sido revogado pelo advento da LC 105/01 (que passou a dispor sobre o sigilo). Por outro lado, em relação aos sigilos fiscal e eleitoral, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 3º por violação ao princípio da imparcialidade e ao sistema acusatório (ADI 1.570/DF).
OBS: O art. 156, I, CPP, tem sido alvo de muitas críticas principalmente no que toca à possibilidade de o julgador, antes mesmo do início da ação penal, produzir provas de ofício. Em verdade, o entendimento predominante na jurisprudência atual é que no “sistema processual penal acusatório, mormente na fase pré-processual, reclama deva ser o juiz apenas um magistrado de garantias, mercê da inércia que se exige do Judiciário enquanto ainda não formada a opinio delicti do Ministério Público”. (Informativo 671 do STF: Ag. Reg. no Inq. 2.913/MT). Portanto, durante o curso do inquérito, o juiz pode determinar a produção de provas consideradas urgentes e relevantes, tais como, a interceptação telefônica, a busca e apreensão em domicílio, dentre outras, porém, tais medidas pressupõem prévio requerimento da autoridade policial (somente pode requerer durante o IP) ou do Ministério Público (pode requerer durante o IP ou durante a aÇÃO pENAL).
OBS: Quanto ao art. 156, II, CPP,a orientação dominante é no sentido de que o juiz deve ter um papel instrutório meramente complementar às partes, devendo a atividade probatória do julgador ser cercada de cautelas, somente determinando a realização de diligências imprescindíveis à obtenção da verdade.
PROVAS ILEGAIS
Prova Ilegal (gênero): A prova é ilegal toda vez que sua obtenção caracteriza violação de normas legais ou de princípios gerais do ordenamento, de natureza processual ou material. Esse é o gênero do qual são espécies a prova ilícita e a prova ilegítima. 
Prova Ilícita (material): É aquela obtida com violação à norma de direito material. Em regra, é extraprocessual. Ex: confissão mediante tortura. Essas provas devem ser desentranhadas, por manifestação do direito de exclusão (exclusionary rule).
Prova Ilegítima (processual): É a prova obtida com violação à norma de direito processual. Em regra, é intraprocessual/endoprocessual. Ex: juntada de documentos com menos de 3 dias úteis do Júri.
Prova Ilícita E Ilegítima: Viola norma de direito material e processual simultaneamente. Ex: busca e apreensão feita por um Delegado sem autorização judicial. Essas provas também devem ser desentranhadas, por manifestação do direito de exclusão (exclusionary rule). Prevalece a ilicitude da prova.
OBS: Art. 157, CPP – Provas ilícitas: “obtidas com violação a normas constitucionais ou legais”. A lei acabou complicando, pois não especificou se a norma violada - legal ou constitucional - é de direito processual ou de direito material.	A lei não restringiu. Então, pode colocar como legais, tanto normas processuais quanto materiais. O legislador acabou mudando tudo o que a doutrina falava. Diante disso, a prova ilegítima também deve ser objeto de desentranhamento, já que agora é espécie de prova ilícita.
OBS: PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO.	Fruits of the poisonous tree (teoria dos frutos da árvore envenenada): tem origem nos EUA, nos casos Silverthorne Lumber Co VS US e Nardone VS US. Refere-se ao meio probatório que, não obstante produzido validamente em momento posterior, encontra-se afetado pelo vício da ilicitude originária, que a ele se transmite, contaminando-o por efeito de repercussão causal. Trata-se de teoria acolhida no Brasil, inicialmente em sede jurisprudencial (STF: HC 69.912/RS e RHC 90.376/RJ), e, atualmente, positivada no art. 157, §1º, CPP.
OBS: LIMITAÇÕES (EXCEÇÕES) Á PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO
A) teoria da fonte independente: teve origem no EUA (independent source). Se o órgão da persecução penal demonstrar que obteve legitimamente elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vínculo causal, tal prova será admissível no processo (art. 157, §1º, CPP).
B) teoria é a exceção da descoberta inevitável: tem origem no direito norte americano (inevitable discovery), cujo precedente foi Nix v. Willian Willians II. Será aplicável, caso se demonstre que a prova seria produzida de qualquer maneira, independentemente da prova ilícita originária. Encontra-se prevista no art. 157, §2º, CPP, dispositivo que não prima pela boa técnica ao inverter os termos (fonte independente e descoberta inevitável).
ATENÇÃO: Para a aplicação desta teoria, não é possível se valer de meros elementos especulativos, sendo imprescindível a existência de dados concretos que demonstrem que a descoberta seria inevitável. Não basta, portanto, o juízo do possível, mas sim um juízo do provável, fundado em elementos concretos de prova.
C) teoria ou exceção do nexo causal atenuado: tem origem no direito norte-americano, cujo precedente foi Wonh Sun v. USA (purged taint). Ocorre quando um ato posterior totalmente independente retira a ilicitude originária. O nexo causal entre a prova primária e secundária é atenuado não em razão da circunstância da prova secundária possuir existência independente daquela, mas sim em virtude do espaço temporal decorrido entre uma e outra, bem como as circunstâncias intervenientes no conjunto probatório (ex: confissão delatória). Para alguns, estaria presente no art. 157, §1º, CPP.
D) exceção da boa-fé: caso se demonstre que o agente responsável pela obtenção da prova ilícita agiu de boa-fé, não será considerada ilícita a prova por ele obtida, ou seja, será considerada lícita (good faith exception). Esta teoria não é admitida no direito brasileiro, porque lá no EUA esta teoria existe para dissuadir a autoridade policial, mas no Brasil não é admitida para proteger direitos fundamentais. 
E) teoria do encontro fortuito de provas: aplica-se esta teoria nas hipóteses em que a autoridade policial, cumprindo uma diligência policial, casualmente encontra provas que não estão na linha de desdobramento normal da investigação. 
ATENÇÃO: Teoria do encontro fortuito de provas tem notável incidência nas interceptações telefônicas (Lei 9.296/96). 
ATENÇÃO: Busca e apreensão em escritório de advocacia. Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por advogado, cabe a expedição de mandado de busca e apreensão, especifico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de represente da OAB, sendo vedada a utilização de documentos pertencentes a clientes do advogado que não estejam sendo investigados como seus partícipes ou coautores (art. 7º, § 6º, Lei 8906/94, com redação dada pela Lei 11.777/08).
F) princípio da proporcionalidade: composto por três sub-princípios: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. O exercício do poder é limitado, só sendo justificadas restrições a direitos individuais por razoes de necessidade, adequação e supremacia do valor a ser protegido em confronto com aquele a ser restringido. A adoção do princípio da proporcionalidade: a) pro reo: prova ilícita em favor do réu é admitida pelo STF. b) pro societate: o STF ainda não admite (HC 80949). 
ATENÇÃO: Não é admissível carta interceptada criminosamente (art. 233, caput, do CPP), salvo pelo próprio destinatário, para DEFESA de seu direito (art. 233, p. único, CPP).
ATENÇÃO: ADMISSIBILIDADE DE PROVAS DO ALÉM. A questão se coloca do seguinte modo: é juridicamente admissível, como prova judicial, mensagens psicografadas que digam respeito à determinação de responsabilidade penal ou de direitos e obrigações civis? Embora não haja vedação legal, a posição majoritária é pelo não cabimento, haja vista se tratar de prova irracional, cuja autenticidade não pode ser demonstrada. Minoria, com base na liberdade de crença religiosa (art. 5º, VI, VIII, CF/88), defende a admissibilidade, desde que se trate de prova subsidiária e em harmonia com o conjunto de outras provas não proibidas no Sistema Geral do Direito Positivo. 
PROVAS EM ESPÉCIE
PROVA PERICIAL
CONCEITO DE PERITO: perito é a pessoa que possui uma formação cultural especializada e que traz os seus conhecimentos ao processo, auxiliando o juiz e as partes na descoberta ou na valoração de elementos de prova. É um sujeito de provas. Atualmente, para esclarecer alguns aspectos da perícia, o perito pode ser ouvido em audiência, nos termos do art. 159, §5º, I, CPP. Pode ser:
A) perito oficial: são funcionários públicos de carreira cuja função consiste em realizar perícias determinadas pela autoridade policial (art. 6º, VII, CPP) ou pelo juiz da causa. Em regra, as pericias na fase policial são determinadas pela autoridade policial. Porém, apenas o juiz pode determinar o exame de insanidade mental (art. 149, § 1º, CPP). Perito oficial basta apenas um (art. 159, CPP).
B) perito não oficial: funcionará nas hipóteses de não haver peritos oficiais. Deve prestar o compromisso (art. 159, §2º, CPP) de desempenhar de forma correta sua função. Porém os tribunais superiores entendem que a ausência de compromisso é apenas uma mera irregularidade. Para perícia não oficial, precisa-se de dois peritos ( Art. 159, §1º, CPP):
OBS: Note-se que tanto perito oficial quanto peritos não oficiais devem portar diploma de curso superior. 
ATENÇÃO:

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