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1
PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
I. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 
 
1.1. Aspectos Gerais 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), Decreto-Lei n° 4.657, 
de 4 de setembro de 1942, é conhecida como Lex Legum, por ser a “Lei das Leis”, reunindo 
em seu texto normas sobre as normas. 
A LINDB está em plena vigência no Direito Pátrio, não tendo sido revogada pelo 
Código Civil Brasileiro (Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002). Há que se ressaltar que a 
LINDB não é parte componente do Código Civil. Sua aplicação não se restringe tão somente 
ao Direito Civil, voltando-se aos mais variados ramos do Ordenamento Jurídico Brasileiro, 
como o próprio Direito Civil, o Direito Internacional Público e o Direito Internacional 
Privado, o Direito Penal, o Direito Empresarial, entre outros. 
A Lei de Introdução dispõe acerca da vigência das normas no tempo, uma vez que 
estabelece os prazos para que uma norma jurídica tenha seus efeitos (Direito Intertemporal), 
bem como resolve o conflito de normas no espaço (Direito Interespacial), pois indica qual a 
norma a ser seguida quando se trata de relações jurídicas havidas com pessoas estrangeiras ou 
realizadas fora do território brasileiro. 
A LINDB traz critérios de interpretação das normas, ou seja, trata de Hermenêutica 
Jurídica – que é a Ciência da Interpretação; e, ainda, critérios de Integração, nos casos em que 
não há norma jurídica. A LINDB autoriza ao juiz que julgue valendo-se da analogia, do 
costume e dos princípios gerais de Direito, na hipótese de omissão na lei (lacunas do Direito). 
 
1.2. Da Vigência da Lei 
Em tendo sido cumpridos todos os trâmites legislativos (votação da lei, sua 
promulgação e sua publicação no Diário Oficial), há que se questionar, a partir de quando a 
norma passa a ter qualidade impositiva1, ou seja, produzir seus efeitos? Em regra, para que os 
cidadãos não sejam surpreendidos pela nova lei, faz-se necessário que transcorra lapso 
temporal razoável entre o dia da publicação no Diário Oficial e o momento em que a lei 
produza seus efeitos, para que todos tenham amplo conhecimento do conteúdo da norma e 
passem a observá-la. 
 
1.2.1. Do Período de Vacatio de 45 dias para a Lei Vigorar no Brasil 
A LINDB trata desta matéria em seu artigo 1º, a saber: “Art. 1o Salvo disposição 
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada.” 
Portanto, não havendo disposição contrária, a lei começa a vigorar, ou seja, a 
produzir seus efeitos, de forma simultânea (princípio do prazo simultâneo), em todo o 
território brasileiro, após quarenta e cinco dias contados de sua publicação no Diário Oficial. 
É também conhecido como sistema da obrigatoriedade simultânea. 
 
1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, v. 1, p. 115. 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
O prazo poderá ser maior ou menor, neste caso, dependendo de disposição expressa 
no texto da lei, como por exemplo: “esta lei entra em vigor após decorridos quinze dias de 
sua publicação oficial.” 
É o que se depreende da disposição havida no artigo 8°, § 2º, da Lei Complementar n° 
95, de 26 de fevereiro de 1998, a saber: 
“§ 2o As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em 
vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’.” 
 
Logo, “vacatio legis” ou “vacância da lei”, trata-se do período de tempo havido entre 
a publicação oficial e o momento em que a lei passa a produzir os seus efeitos. 
Haverá casos em que a lei, dispondo de forma contrária, determinará que a lei passe a 
produzir efeitos “no momento de sua publicação”, conforme dispõe o caput do artigo 8º da 
LC 95/98, a saber: 
“Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável 
para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor na data de sua 
publicação’ para as leis de pequena repercussão.” 
 
Neste caso, em havendo a expressão “entra em vigor na data de sua publicação”, não 
há “vacatio legis”, não havendo, portanto, período de vacância da lei. 
 
1.2.2. Do Período de Vacatio de Três Meses para a Obrigatoriedade da Lei Brasileira nos 
Estados Estrangeiros 
Na hipótese em que, nos Estados estrangeiros, é admitida a obrigatoriedade da lei 
brasileira, pelo princípio da extraterritorialidade, o período de vacância da lei, ou seja, a 
vacatio legis, é de três meses, a teor do artigo 1º, § 1º, da LINDB: 
“§1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três 
meses depois de oficialmente publicada.” 
 
Aplica-se, neste caso, o período de vacância de três meses, pois, em que pese o pleno 
acesso à informação daqueles que residam no exterior, principalmente, em face da publicação 
eletrônica das leis, cumpre destacar que a LINDB buscou, desde o início, preservar o cidadão 
que não está no Brasil e, portanto, presumidamente, está afastado do contexto nacional, 
fazendo-se necessário período maior de vacância para assimilar as alterações legislativas. 
Como observação importante, há que se salientar que o período de vacância é de três 
meses, não devendo ser computado em dias. 
 
1.2.3. Das Incorreções da Lei 
Em sendo publicada a lei no Diário Oficial, o texto legal passa a ser de conhecimento 
de todos os cidadãos brasileiros. Ocorre que, em alguns casos, a lei contém imperfeições, 
necessitando de correções. Nestas hipóteses há que ser observado: 
 
 
 
 
 
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 Prof. Cristiano Colombo 
A uma, se a correção é feita dentro do período de vacatio legis, ou seja, dentro dos 
quarenta e cinco dias, ainda não tendo a lei produzido seus efeitos, começa-se a contar do zero 
o período de vacância da nova publicação, de todo o texto legal, não somente dos artigos que 
estão incorretos, nos termos do artigo 1º, § 3º, da LINDB: 
“§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a 
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.” 
 
A duas, se a correção for feita após ter transcorrido o período de vacância da lei, 
portanto, estando a primeira lei em pleno vigor, a nova lei, que veio para corrigir – ora 
denominada de lei corretiva – terá de aguardar o seu próprio período de vacância, enquanto, 
neste período, as incorreções da primeira lei continuarão a vigorar. Assim, publicada a lei 
nova, os atos praticados durante a vacatio legis, conforme a lei antiga, terão validade, ainda 
que voltados a evitar os efeitos da lei nova. Quando cumprido o período de vacância da lei 
corretiva, cessa a vigência dos artigos incorretos da primeira lei, e a segunda lei corretiva tem 
plenos efeitos. É o que o artigo 1º, § 4º, da LINDB dispõe: 
“§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.” 
 
Não há como ser corrigida a lei mediante mera interpretação judicial analógica; faz-
se necessário a produção de lei corretiva. 
 
1.2.4. Do Princípio da Continuidade das Leis 
Segundo o artigo 2º da LINDB, caput: 
“Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou 
revogue.” 
 
Importa destacar que lei com vigência temporária é aquela norma que vem atender 
situação temporária, fixando prazo determinado de vigência. A doutrina aponta como 
exemplo a Lei nº 7.538, de 24.09.1986, que suspendeu as execuções de despejo até 1º de 
março de 1987, em face de grave crise econômica havida, na época.2 Logo, a própria lei, ao 
nascer, já refereo seu período de vigência. 
Contudo, no tocante à maioria das leis, a doutrina identificou o “princípio da 
continuidade das leis”, ou seja, segundo Caio Mário da Silva Pereira: “Nos regimes jurídicos 
em que a teoria geral das fontes de direito assenta na supremacia da lei escrita, deve ter e tem 
efetivamente esta um começo certo e um fim precisamente caracterizado; nasce, vive e morre, 
somente cessando sua obrigatoriedade em razão de um fato que o legislador reconhece como 
hábil a este resultado, que é a revogação. Enquanto esta não ocorrer, a lei permanece em 
vigor, mesmo que decorra largo tempo sem que seja invocada e aplicada.”3 
 
 
 
2 RIZZARDO, Arnaldo. Parte Geral do Código Civil: Lei n º 10.406, de 10.01.2002. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 75. 
3 PEREIRA, 2007, p. 124. 
 
 
 
 
 
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 Prof. Cristiano Colombo 
 
1.2.5. Espécies de Revogação 
1.2.5.1. Quanto à Extensão: Ab-rogação e Derrogação 
A Revogação, quanto à extensão, pode ser total ou parcial, dividindo-se em: 
Ab-rogação (Revogação Total): A revogação atinge todo o texto da lei; a revogação 
é total, todos os dispositivos são atingidos. 
Derrogação (Revogação Parcial): Parte da lei é revogada, apenas determinados 
dispositivos de lei são revogados, persistindo os demais comandos da lei. 
 
1.2.5.2. Quanto à Forma: Revogação Expressa ou Tácita 
Nos termos do artigo 2º, § 1º, da LINDB, assim refere: 
“Artigo 2º, § 1o, da LINDB: A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, 
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei 
anterior.” 
 
Logo, verificam-se duas espécies de revogação: 
Revogação Expressa: A lei nova, por declaração expressa, revoga a lei velha, 
declarando que todo o texto de lei está revogado, ou, ainda, enumerando dispositivos de uma 
determinada lei, revogando aqueles que estão revogados, declinando o número do artigo e da 
lei. 
Revogação Tácita: É quando há incompatibilidade da lei nova com a lei velha, em 
que pese não haja expressa referência de revogação aos dispositivos anteriores. Segundo Caio 
Mário da Silva Pereira: “(...) quando a lei nova passa a regular inteiramente a matéria versada 
na lei anterior, todas as disposições desta deixam de existir, vindo a lei revogadora substituir 
inteiramente a antiga. (...) Incompatibilidade poderá surgir também no caso de disciplinar a lei 
nova, não toda, mas parte apenas da matéria, antes regulada por outra, apresentado o aspecto 
de uma contradição parcial. A lei nova, entre seus dispositivos, contém um ou mais, 
estatuindo diferentemente daquilo que era objeto da lei anterior.”4 
 A diferença entre revogação expressa e tácita é trazida pelo célebre jurista Carlos 
Maximiliano, em sua obra Hermenêutica e Aplicação do Direito: “A revogação é expressa, 
quando declarada na lei nova; tácita, quando resulta da incompatibilidade entre texto anterior 
e posterior. (...) Dá-se a revogação expressa em declarando a norma especificadamente quais 
as prescrições que inutiliza; e não pelo simples fato de se achar no último artigo a frase 
tradicional – revogam-se as disposições em contrário: uso inútil; superfetação, desperdício de 
palavras, desnecessário acréscimo!”5 
 
1.2.6. Da Convivência da Lei Nova com a Lei Anterior 
 
4 PEREIRA, 2007, p. 128-129. 
5 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 292. 
 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
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 Como analisado no ponto anterior, a lei nova por si só não revoga a lei anterior, podendo os 
diplomas legais conviverem harmonicamente, quando não há incompatibilidade ou, ainda, 
quando a nova lei não regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
 É o caso da lei nova que estabelece disposições gerais ou especiais, nos termos do artigo 2º, 
“§ 2º, da LINDB: 
“Artigo 2º, § 2o, da LINDB: A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já 
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.” 
 
O Superior Tribunal de Justiça, em Recurso Especial sob o n. 977980/PR, assim 
decidiu no tocante à relação da Lei de Execução Fiscal com a Lei de Liquidação Extrajudicial 
de Instituição Financeira: 
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL DE INSTITUIÇÃO 
FINANCEIRA. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. SUSPENSÃO DO PROCESSO 
EXECUTIVO. ART. 18, “A”, DA LEI 6.024/74. INAPLICABILIDADE. ESPECIALI-DADE NA 
NORMA CONTIDA NO ART. 29 DA LEF. JURISPRU-DÊNCIA PACÍFICA DA 1ª SEÇÃO DO STJ. 
1. A Lei de Execução Fiscal é lex specialis em relação à Lei de Liquidação Extrajudicial das 
Instituições Financeiras, aplicando-se ao tema a regra do § 2º do art. 2º da LICC, verbis: “A lei 
nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga 
nem modifica a lei anterior.” 
2. A Lei de Execução Fiscal (6.830/90) é lei especial em relação à Lei de Liquidação 
Extrajudicial das Instituições Financeiras (6.024/74), por isso que não há suspensão do 
executivo fiscal em razão de liquidação legal dos bancos, nos termos do art. 18, a, desta lei 
in foco, por força da prevalência do art. 29 da lei fiscal (lex specialis derogat generali). 
Precedente: EREsp 757.576/PR, julgado em 26.11.08, DJ 09.12.08, da 1ª Seção desta C. Corte: 
“EXECUÇÃO FISCAL – DEVEDORA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA EM LIQUIDAÇÃO – 
SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO – IMPOSSIBILIDADE. 1. É entendimento assente nesta Corte que 
a Lei de Execução Fiscal constitui norma especial em relação à Lei n. 6.024/74, de maneira que a 
execução fiscal não tem seu curso suspenso em razão de liquidação processual, ou seja, o art. 18, 
a, da Lei n. 6.024/74 não tem aplicabilidade quando se está diante de executivo fiscal. 2. Deve 
prevalecer o comando do artigo 29 da Lei de Execuções Fiscais no sentido da não 
suspensão da execução fiscal contra instituição financeira em razão de procedimento de 
liquidação extrajudicial. Embargos de divergência improvidos.” 
3. A jurisprudência da Corte perfilha referido entendimento consoante se verifica dos seguintes 
julgados: Ag 1.101.675-PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJ 27.05.2009; REsp 798.953–BA, Rel. Min. 
DENISE ARRUDA, DJ 14.03.2008; REsp 903.401/PR, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ 25.2.2008; 
REsp 902771/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ 18.9.2007; REsp 698951/BA, Rel. Min. ELIANA 
CALMON, DJ 7.11.2005. 4. Recurso especial desprovido. (Grifou-se) 
 
1.2.7. Da Repristinação no Direito Brasileiro 
 O instituto da “Repristinação” dá-se quando a lei revogada se restaura em face da lei 
revogadora ter perdido a vigência. 
No Direito brasileiro, tem-se que: 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
“Artigo 2º, § 3o, da LINDB: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a 
lei revogadora perdido a vigência.” 
 Logo, em regra, a repristinação não se aplica no Direito brasileiro. Assim, em havendo uma 
“LEI A”, e, sendo esta revogada pela “LEI B”, caso a “LEI B” (revogadora) venha a ser 
revogada, não retornam automaticamente os efeitos da “LEI A”, no Direito brasileiro. 
 No entanto, é incorreto afirmar que a repristinação jamais é admitida no ordenamento 
jurídico pátrio, pois, como refere o texto de lei: “salvo disposição em contrário”. 
Importa colacionar decisão do Superior Tribunal de Justiça, em Recurso Especial sob 
o n. 1120193 / PE, que trata acerca da questão: 
PROCESSO CIVIL - TRIBUTÁRIO - CONSELHOS DE PROFISSÕES - ANUIDADE - 
FUNDAMENTO NORMATIVO - LEI 6.994/82 - REVOGAÇÃO PELAS LEIS 8.906/94 E 9.649/98- 
AUSÊNCIA DE REPRISTINAÇÃO - ACÓRDÃO - CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO – NÃO 
OCORRÊNCIA. 
1. Acórdão que explicita exaustivamente as razões de decidir não pode ser acoimado de carente 
de fundamentos. 
2. A Lei 6.994/82 foi expressamente revogada pelas Leis 8.906/94 e 9.649/98. Precedentes do 
STJ. 
3. Salvo disposição de lei em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei 
revogadora perdido vigência. 
4. Recurso especial não provido. (Grifou-se) 
 
1.3. Da Alegação de Desconhecimento da Lei para Não Cumprimento 
 Nos termos do que dispõe o artigo 3º da LINDB: “Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a 
lei, alegando que não a conhece.” 
Se contrário fosse, ter-se-ia que analisar a mente de cada pessoa, buscando investigar 
o que cada um saberia acerca do Direito, tornando-se impraticável aplicar a lei a todos, dada a 
impossibilidade de notificar cada destinatário da norma individualmente. O Superior Tribunal 
de Justiça, em Recurso Especial sob n. 404628/DF, assim decidiu, referindo importantes 
posicionamentos doutrinários: 
RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. LEI Nº 7.446/85. TRANSCURSO DO PRAZO PARA 
REQUERER A RECLAS-SIFICAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. 
1. "A primeira composição das categorias funcionais do Grupo-Arquivo será efetivada mediante 
reclassificação dos atuais ocupantes de cargos ou empregos permanentes da atual sistemática do 
Plano de Classificação de Cargos com atividades que se identifiquem com as categorias funcionais 
a que se refere este artigo (...)" (artigo 2º, caput, da Lei n. 7.446/85). 
2. "Os servidores de que trata este artigo deverão manifestar, por escrito, no prazo de 60 
(sessenta) dias contados da data da vigência desta lei, o desejo de serem reclassificados nas 
novas categorias, sem alteração do respectivo regime jurídico." (artigo 2º, parágrafo único, da Lei 
n. 7.446/85). 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
3. "Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece." (artigo 3º da Lei de 
Introdução ao Código Civil). 
4. "A norma nasce com a promulgação, que consiste no ato com o qual se atesta a sua 
existência, ordenando seu cumprimento, mas só começa a vigorar com sua publicação no 
Diário Oficial. De forma que, em regra, a promulgação constituirá o marco de seu existir e a 
publicação fixará o momento em que se reputará conhecida, visto ser impossível notificar 
individualmente cada destinatário, surgindo, então, sua obrigatoriedade, visto que ninguém 
poderá furtar-se a sua observância, alegando que não a conhece. É obrigatória para todos, 
mesmo para os que a ignoram, porque assim o exige o interesse público." (in Maria Helena 
Diniz, Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada, Editora Saraiva, 6ª edição, 2000, 
São Paulo, página 84). 
5. O dispositivo da Lei de Introdução ao Código Civil não comporta exceção, valendo 
destacar, outrossim, que a lei, embora de caráter geral e abstrato, não exige, para que assim 
seja qualificada, repercussão na esfera jurídica de toda coletividade, bastando, para tanto, 
que vigore para todos os casos da mesma espécie. 
6. "Toda a norma é um imperativo - ordena e proíbe. Ora um imperativo só tem sentido na boca 
daquele que tem o poder de impor a sua vontade à vontade de outrem, e de traçar-lhe a sua linha 
de conduta. O imperativo supõe uma dupla vontade; (...) O imperativo pode traçar um modo de 
proceder em um caso determinado ou prescrever um tipo de ação para todos os casos de uma 
mesma espécie. É o que nos faz distinguir os imperativos concretos e abstratos. Estes são 
idênticos à norma. A norma é, pois, o imperativo abstrato das ações humanas." (in Rudolf von 
Jhering, A Evolução do Direito - Zweck im Recht, Livraria Progresso Editora, 2ª Edição, 1956, 
Salvador, páginas 263/264). 
7. Não procede a justificativa do servidor em eximir-se do cumprimento do prazo legal sob a 
alegação de que o desconhecia, nem há necessidade de se o divulgar no âmbito 
administrativo. 
8. Recurso não conhecido. (Grifou-se) 
 
1.4. Da Integração 
Quando o aplicador não encontra normas para solução de um caso concreto, diz-se 
haver lacunas jurídicas. Conforme leciona Francisco Amaral: “A lacuna é a ausência de 
norma jurídica ao caso concreto.”6 
Neste caso, em havendo lacunas jurídicas, opera-se a Integração, nos termos do artigo 
4º da LINDB: “Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” 
Na integração, não se aplicarão métodos interpretativos, uma vez que não há lei, 
devendo as lacunas serem preenchidas com a analogia, os costumes e os princípios gerais de 
direito. 
 
 
 
6 AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p 90. 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
1.4.1. Da Analogia 
A Analogia “trata-se de um processo de raciocínio lógico pelo qual o juiz estende um 
preceito legal a casos não diretamente compreendidos na descrição legal” 7. Ainda: “Na 
analogia legal, o aplicador busca uma norma que se aplique a casos semelhantes. (...) Não 
logrando o intérprete um texto semelhante para aplicar ao caso sob exame, ou então sendo os 
textos semelhantes insuficientes, recorre a um raciocínio mais profundo e complexo. Tenta 
extrair do pensamento dominante em um conjunto de normas uma conclusão particular para o 
caso em exame. Essa é a chamada analogia jurídica”8 (Grifou-se). A título exemplificativo, 
colaciona-se o Recurso Especial sob o n. 1026981/RJ, que trata de analogia, a saber: 
Direito Civil. Previdência privada. Benefícios. complementação. Pensão post mortem. União entre 
pessoas do mesmo sexo. Princípios fundamentais. Emprego de analogia para suprir lacuna 
legislativa. Necessidade de demonstração inequívoca da presença dos elementos essenciais à 
caracterização da união estável, com a evidente exceção da diversidade de sexos. Igualdade de 
condições entre beneficiários. - Despida de normatividade, a união afetiva constituída entre 
pessoas de mesmo sexo tem batido às portas do Poder Judiciário ante a necessidade de 
tutela, circunstância que não pode ser ignorada, seja pelo legislador, seja pelo julgador, que 
devem estar preparados para atender às demandas surgidas de uma sociedade com 
estruturas de convívio cada vez mais complexas, a fim de albergar, na esfera de entidade 
familiar, os mais diversos arranjos vivenciais. - Comprovada a existência de união afetiva entre 
pessoas do mesmo sexo, é de se reconhecer o direito do companheiro sobrevivente de receber 
benefícios previdenciários decorrentes do plano de previdência privada no qual o falecido era 
participante, com os idênticos efeitos operados pela união estável. - Se por força do art. 16 da Lei 
nº 8.213/91, a necessária dependência econômica para a concessão da pensão por morte 
entre companheiros de união estável é presumida, também o é no caso de companheiros do 
mesmo sexo, diante do emprego da analogia que se estabeleceu entre essas duas entidades 
familiares. (...) - Mediante ponderada intervenção do Juiz, munido das balizas da integração da 
norma lacunosa por meio da analogia, considerando-se a previdência privada em sua acepção de 
coadjuvante da previdência geral e seguindo os princípios que dão forma à Direito Previdenciário 
como um todo, dentre os quais se destaca o da solidariedade, são considerados beneficiários os 
companheiros de mesmo sexo de participantes dos planos de previdência, sem preconceitos ou 
restrições de qualquer ordem, notadamente aquelas amparadas em ausência de disposição legal. - 
Registre-se, por fim, que o alcancedeste voto abrange unicamente os planos de previdência 
privada complementar, a cuja competência estão adstritas as Turmas que compõem a Segunda 
Seção do STJ. Recurso especial provido. (Grifou-se) 
 
1.4.2. Dos Costumes e sua Classificação 
Os costumes são as práticas reiteradas de condutas, que se tornam obrigatórias. 
Segundo Caio Mário da Silva Pereira, no tocante ao costume9: “Sua análise acusa dois 
elementos constitutivos, um externo e outro interno. O primeiro, externo, é a constância da 
repetição dos mesmos atos, a observância de um mesmo comportamento, capaz de gerar 
convicção de que daí nasce uma norma jurídica. (...) O segundo, interno, é a convicção de que 
 
7 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil.. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010, v. 1, p. 22. 
8 VENOSA, 2010, v. 1, p. 23. 
9 PEREIRA, 2007, v. 1, p. 69. 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
a observância da prática costumeira corresponde a uma necessidade jurídica, opinio 
necessitatis.” 
Sílvio de Salvo Venosa classifica os costumes em: secundum legem, praeter legem e 
contra legem: “O costume secundum legem já foi erigido em lei e, portanto, perdeu a 
característica de costume propriamente dito. O costume praeter legem é exatamente aquele 
referido no art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, que serve para preencher 
lacunas, é um dos recursos de que se serve o juiz para sentenciar quando a lei for omissa. O 
costume contra legem é o que se opõe ao dispositivo de uma lei, denominando-se costume ab-
rogatório; quando torna uma lei não utilizada, denomina-se desuso.”10 
 
1.4.3. Dos Princípios Gerais de Direito 
 Segundo Arnaldo Rizzardo, os princípios gerais de direito “correspondem à cultura jurídica, 
aos elementos de direito extraídos historicamente do pensamento filosóficos, das pesquisas 
científicas, e compreendem também as máximas supremas de valores como a verdade, a 
liberdade, a igualdade, a justiça, a democracia.”11 Por seu turno, Francisco Amaral refere: “Os 
princípios gerais de direito constituem-se em recurso último para o caso de o ordenamento 
jurídico ser incompleto, lacunoso, não dispondo da norma jurídica aplicável ao caso material 
surgido.”12 
O Superior Tribunal de Justiça, em Recurso Especial sob o n. 472533/MS, aplicou os 
princípios gerais de direito, com base no princípio do não enriquecimento sem causa, a saber: 
CONTRATO DE INCORPORAÇÃO. LEILÃO EXTRAJUDICIAL. ADJUDICAÇÃO DO IMÓVEL DO 
ADQUIRENTE PELO CONDOMÍNIO. SALDO DEVEDOR. ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. 
IMPOSSIBILIDADE. RESTITUIÇÃO AO CONDÔMINO INADIMPLENTE DAS PARCELAS 
EFETIVAMENTE PAGAS. INCIDÊNCIA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. LEI 4.591/64. 
1. Afronta os princípios gerais de direito e a justiça contratual almejada pelo Código de 
Defesa do Consumidor a não restituição, ao condômino inadimplente, das parcelas 
efetivamente saldadas para a construção de empreendimento mediante contrato de 
incorporação. 
2. Cabível a restituição das parcelas adimplidas devidamente corrigidas, autorizada a retenção, 
pelo condomínio, de 15% do valor referente à comissão e multa remuneratória, a que se refere o § 
4º do artigo 63 da Lei 4.951/64. 
3. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (Grifou-se) 
 
 
1.5. Dos Fins Sociais e as Exigências do Bem Comum 
 Nos termos do artigo 5º da LINDB, tem-se que: 
“Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum.” 
 
10 VENOSA, 2010, v. 1, p. 17. 
11 RIZZARDO, 2007, p. 66. 
12 AMARAL, 2003, p 94. 
 
 
 
 
 
 10
PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
 Zeno Veloso, de forma bastante objetiva, leciona que: “O art. 5º da LICC indica um caminho, 
um rumo para o juiz: ele deve atender os fins sociais a que a lei se dirige, às exigências do bem 
comum. A interpretação, portanto, deve ser axiológica, progressista, na busca daqueles valores 
para que a prestação jurisdicional seja democrática e justa, adaptando-se às contingências e 
mutações sociais.”13 
 Assim, além da LINDB voltar-se à integração, de igual forma estabelece critérios de 
interpretação. Convém salientar a diferença entre normas integrativas e normas interpretativas: 
“As normas interpretativas estabelecem os critérios a seguir na pesquisa do sentido da norma (CC, 
art. 112) ou fixa-lhe previamente o sentido. Normas integrativas são as que compõem com outras 
normas, preenchendo lacunas.”14 
 Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça, em Recurso Especial sob o n. 251024/SP, 
assim aplicou o artigo 5º da LINDB: 
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. LIMITAÇÃO TEMPORAL DE 
INTERNAÇÃO. CLÁUSULA ABUSIVA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, ART.51-IV. 
UNIFORMIZAÇÃO INTERPRETATIVA. PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO. RECURSO 
CONHECIDO E PROVIDO. 
I - É abusiva, nos termos da lei (CDC, art. 51-IV), a cláusula prevista em contrato de seguro-saúde 
que limita o tempo de internação do segurado. 
II – Tem-se por abusiva a cláusula, no caso, notadamente em face da impossibilidade de 
previsão do tempo da cura, da irrazoabilidade da suspensão do tratamento indispensável, 
da vedação de restringir-se em contrato direitos fundamentais e da regra de sobredireito, 
contida no art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo a qual, na aplicação da lei, 
o juiz deve atender aos fins sociais a que ela se dirige a às exigências do bem comum. 
III – Desde que a tese jurídica tenha sido apreciada e decidida, a circunstância de não ter constado 
do acórdão impugnado referência ao dispositivo legal não é obstáculo ao conhecimento do recurso 
especial.” (Grifou-se) 
 
Sendo assim, quando o magistrado, na aplicação da lei, busca atender aos fins e às 
exigências do bem comum, está-se tratando de normas interpretativas, não de normas 
integrativas, pois há lei para o caso concreto. 
 
1.6. Do Ato Jurídico Perfeito, Direito Adquirido e da Coisa Julgada 
 Importa salientar que a Lei de Introdução trata de Direito Intertemporal – a aplicação do 
Direito no tempo, visando garantir a certeza, segurança e estabilidade, preservando as 
situações consolidadas. 
 É o que se depreende do próprio artigo 6º da LINDB, que conceitua o Ato Jurídico Perfeito, 
o Direito Adquirido e a Coisa Julgada: 
“Art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei n. 3.238, de 1º.8.1957) 
 
13 VELOSO, Zeno. Comentários à Lei de Introdução ao Código Civil. 2. ed. Belém: Umuama, 2006, p. 126. 
14 AMARAL, 2003, p 74. 
 
 
 
 
 
 11
PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se 
efetuou. (Parágrafo incluído pela Lei n. 3.238, de 1º.8.1957) 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa 
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Parágrafo incluído pela Lei n. 3.238, de 1º.8.1957) 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 
(Parágrafo incluído pela Lei n. 3.238, de 1º.8.1957)” 
 
Caio Mário da Silva Pereira referiu: “O primeiro aspecto se apresenta como o ato 
jurídico perfeito, que é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que efetuou. É ato 
plenamente constituído, cujos requisitos se cumpriram na pendência da lei sob cujo impériose 
realizou, e que fica cavaleiro da lei nova.”15 
É o que o Supremo Tribunal Federal decidiu em Agravo de Instrumento sob o n. 
700254 ED-AgR / SP: 
EMENTA: CIVIL. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. CADERNETA DE POUPANÇA. CORREÇÃO 
MONETÁRIA. CONTRATOS FIRMADOS ANTES DA VIGÊNCIA DA MP 32/89. ATO JURÍDICO 
PERFEITO. AGRAVO IMPROVIDO. I - Os critérios de atualização dos depósitos de caderneta de 
poupança introduzidos pela Medida Provisória 32/89 são inaplicáveis aos contratos firmados antes 
de sua vigência, sob pena de violação ao ato jurídico perfeito. Precedentes. II - Agravo regimental 
improvido. (Grifou-se) 
 
No tocante ao direito adquirido, referiu o insigne jurista: “São os direitos 
definitivamente incorporados ao patrimônio do seu titular, sejam os já realizados, sejam os 
que simplesmente dependem de um prazo para o exercício, sejam ainda os subordinados a 
uma condição inalterável ao arbítrio de outrem. A lei nova não pode atingi-los, sem 
retroatividade.”16 
 O Superior Tribunal de Justiça em Agravo de Instrumento sob n. 1284990/SP, 
assim decidiu acerca do direito adquirido: 
AGRAVO REGIMENTAL - AÇÃO DE COBRANÇA - CORREÇÃO MONETÁRIA - CADERNETA DE 
POUPANÇA - PRAZO PRESCRICIONAL VINTENÁRIO - PLANO VERÃO DIREITO ADQUIRIDO 
AO IPC - RECONHECIMENTO - ACÓRDÃO RECORRIDO EM HARMONIA COM O 
ENTENDIMENTO DESTA CORTE - MULTA APLICADA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - REEXAME 
DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO - IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVAS - 
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DESTA CORTE - RECURSO IMPROVIDO. (Grifou-se) 
 
A coisa julgada, por sua vez, é a decisão judicial que já não caiba mais recurso. É o 
que leciona Sílvio de Salvo Venosa: “O art. 468 do Código de Processo Civil dispõe que a 
sentença de mérito que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide 
e das questões decididas. Assim, à decisão judicial que não mais se sujeita a recurso 
denomina-se coisa julgada material. A imutabilidade da sentença é importante instrumento de 
 
15 PEREIRA, 2007, v. 1, p. 159. 
16 Ibid., p. 159. 
 
 
 
 
 
 12
PARTE GERAL II 
 
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credibilidade do Estado em prol da segurança e da paz social.”17 O Superior Tribunal de 
Justiça manifestou-se acerca da matéria em Recurso Especial sob o n. 940309 / MT: 
PROCESSUAL CIVIL. 1) EXECUÇAO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. MULTA COMINATÓRIA 
DIÁRIA IMPOSTA NO DESPACHO INICIAL. VALIDADE. 2) "ASTREINTE", CONSISTENTE EM 
ELEVADA MULTA, FIXADA LIMINARMENTE PARA A OUTORGA DE ESCRITURA. VALIDADE. 
3) ALEGAÇÃO DE INSUBSISTÊNCIA DA MULTA, EM VIRTUDE DA SUSPENSÃO DO 
PROCESSO DE EXECUÇÃO, AFASTADA; 4) EMBARGOS DO DEVEDOR REJEITADOS DIANTE 
DE ANTERIOR JULGAMENTO; 5) VALOR DA MULTA COMINATÓRIA COM NATUREZA DE 
“ASTREINTE”, TÍMIDA MODALIDADE BRASILEIRA DO "CONTEMPT OF COURT", DERIVA DE 
SANÇÃO PROCESSUAL, QUE NÃO SOFRE A LIMITAÇÃO DA NORMA DE DIREITO CIVIL 
PELA QUAL O VALOR DA MULTA NÃO PODE ULTRAPASSAR O DO PRINCIPAL. RECURSO 
ESPECIAL IMPROVIDO. 1.- Na Execução de Obrigação de Fazer é admissível a fixação liminar de 
multa cominatória diária, para o caso de não cumprimento imediato da obrigação, indo o risco do 
não cumprimento à conta do executado que resiste em vez de cumprir o preceito, assumindo o 
risco decorrente da opção pela resistência. 2.- Ofende a coisa julgada a repetição, em Embargos 
do Devedor, de matéria já anteriormente julgada, com trânsito em julgado, em anterior processo, 
consistente na alegação de inexistência de motivos para incidência de “astreinte” e de excessiva 
onerosidade do valor fixado. 3.- Do fato de ter havido suspensão do processo de execução, devido 
a Embargos do Devedor julgados improcedentes, não resulta a exoneração de pagamento de 
multa fixada pelo Juízo a título de "astreinte", pois os Embargos suspendem apenas o processo 
(CPC, arts. 739, § 1º, e 791, I, do Cód. de Proc. Civil), não interferindo na relação de direito 
material trazida pela lide neles contida e em seus efeitos. (...) 6.- Recurso Especial improvido. 
(Grifou-se) 
 
1.7. Das Normas de Direito Internacional Privado 
Estão contidas na Lei de Introdução, regras que tratam de Direito Internacional 
Privado. Este ramo do Direito volta-se para situações em que estão presentes elementos de 
estraneidade, ou seja, componentes internacionais, tais como: nacionalidade estrangeira, local 
do casamento em países diversos e domicílio conjugal diverso da nacionalidade dos 
cônjuges.18 
 Segundo Caio Mário da Silva Pereira: “Diante de uma situação jurídica disciplinada 
diversamente por mais de uma legislação e envolvendo efeitos diferentes em decorrência da 
existência de normas legais em conflito, cabe ao direito internacional privado indicar qual dos 
sistemas jurídicos fornecerá os princípios de aplicação à espécie.”19 
 Assim, aplicar-se-á o direito estrangeiro nos casos indicados em lei ou quando haja contrato 
entre as partes determinando a observância de diploma legal estrangeiro.20 
 
1.7.1. Da Aplicação da Lei do Domicílio ao Estatuto Pessoal (Começo e Fim da 
Personalidade, Nome, Capacidade e Direitos de Família) 
 
17 VENOSA, 2010 v. 1, p. 121. 
18 AMARAL, Renata Campetti. Direito Internacional Público e Privado. 2. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2006, p. 119. 
19 PEREIRA, 2007, v. 1, p. 170-171. 
20 Sentença Estrangeira Contestada 646 /US, em 05/11/2008, da relatoria do, à época, Ministro do Superior Tribunal de Justiça Luiz Fux. 
 
 
 
 
 
 13
PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
 Nos termos do artigo 7º da LINDB, tem-se que: “Art. 7o. A lei do país em que domiciliada a 
pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e 
os direitos de família.” 
 Portanto, é o domicílio da pessoa que determina as regras aplicáveis. O Superior Tribunal de 
Justiça, em Recurso Especial sob o n. 512401/SP, assim decidiu: 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E CIVIL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE DE 
ESTRANGEIRO. REGISTRO EM SUA PÁTRIA DE ORIGEM. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO 
BRASILEIRA. 
O elemento de conexão, no conflito de leis no espaço, estipulado no ordenamento pátrio, é 
o domicílio da pessoa. Ainda que a concepção, o nascimento e o registro da investigante 
tenham ocorrido no exterior, estando ela domiciliada no Brasil, deve ser aplicado o 
ordenamento nacional. 
A demanda pela paternidade real, fundada na falsidade de registro, não tem prazo decadencial, 
mesmo antes da promulgação da Carta Magna. Precedente da Segunda Seção. 
A ação de investigação de paternidade não depende da prévia propositura da ação anulatória do 
assento de nascimento do investigante, tendo o filho interesse de buscar a paternidade real, a 
despeito de reconhecido como legítimo por terceiro com falsidade ideológica. 
Recurso não conhecido. 
 
1.7.1.1. Da Aplicação da Lei Brasileira aos Casamentos Realizados no Brasil quanto aos 
“Impedimentos Dirimentes” e Formalidades 
Assim preceitua o artigo 7º, em seu parágrafo primeiro, da LINDB, a saber: 
“Art. 7º § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos 
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.” 
Importa destacar que, hodiernamente, não é mais aplicável a expressão 
“impedimentos dirimentes” no Código Civil de 2002 – nomenclatura redacional do vetusto 
Código Civil de 1916. No entanto, permanecem estas disposições, sob nova nomenclatura, 
como salienta Sílvio Rodrigues: “Veja-se, no geral, a identidade parcial do quadro de 
impedimentos então existente, com as restrições atualmente apresentadas pelo Código, de tal 
sorte, que se aproximam, quanto às causas e efeitos, os impedimentos dirimentesabsolutos, 
como os atuais impedimentos; os impedimentos dirimentes relativos, com a atual capacidade 
para o casamento e com as causas para anulação do vínculo; (...)”21 (Grifou-se) 
Neste sentido, dada a vigência do Novo Código Civil, quando realizado no Brasil, 
deverá ser observado o artigo 1.52122 do Código Civil Brasileiro, que trata dos impedimentos, 
assomados aos artigos 1.525 a 1.542 do mesmo diploma legal, que indicará as formalidades. 
No tocante à capacidade para se casar, por se tratar de regra de Estatuto Pessoal, 
aplicar-se-á a lei do domicílio da pessoa, nos termos do artigo 7º, caput. Importa colacionar 
 
21 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil, Direito de Família. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, v. 6, p. 53. 
22 Código Civil Brasileiro: “Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil; II - 
os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, 
unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas 
casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.” 
 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que aplicou os impedimentos em Recurso 
Especial sob o n. 280197/RJ: 
CIVIL. CASAMENTO REALIZADO NO ESTRANGEIRO. MATRIMÔNIO SUBSEQUENTE NO 
PAÍS, SEM PRÉVIO DIVÓRCIO. ANULAÇÃO. O casamento realizado no estrangeiro é válido no 
país, tenha ou não sido aqui registrado, e por isso impede novo matrimônio, salvo se desfeito o 
anterior. Recurso especial não conhecido. 
 
1.7.1.2. Do Casamento Consular 
O parágrafo 2º do artigo 7º da LINDB assim dispõe: 
“Art. 7º § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou 
consulares do país de ambos os nubentes.” (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957) 
 
Trata-se do denominado casamento consular, que autoriza, por exemplo, aos 
nubentes brasileiros, que se encontrem no exterior, a possibilidade de se matrimoniarem 
perante as autoridades brasileiras. 
É o que Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenwald lecionam: “Conferindo-lhe 
existência reza o artigo 1.544 da Codificação, repetindo disposição já incorporada ao sistema: 
‘o casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades e 
cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou 
de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º 
Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir’.” 23 (Grifou-se) 
 Importa destacar que “ambos” os cônjuges devem ser brasileiros, não sendo possível a 
realização do casamento consular na hipótese de um dos cônjuges ser estrangeiro. 
 
1.7.1.3. Da Aplicação da Lei do Primeiro Domicílio Conjugal em Matéria de Invalidade de 
Matrimônio 
Nos termos do artigo 7º, § 3o, da LINDB, tem-se que: 
“Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do 
primeiro domicílio conjugal.” 
 
Este parágrafo do artigo 7º da LINDB trata do plano da validade do casamento, 
diferentemente de apenas tocar no plano de sua existência. É o que lecionam Cristiano 
Chaves de Farias e Nelson Rosenwald: “Ao contrário do plano da existência, no qual são 
aferidos os pressupostos existenciais, aqui a análise diz respeito aos requisitos erigidos pelo 
sistema jurídico positivo como condições necessárias para sua adequação, a conformidade, 
daquele matrimônio. É dizer: no plano da validade, tem-se a conformação de um casamento 
com os requisitos expressos em lei, logo após o reconhecimento de sua existência. 
 
23 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 195. 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
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Exemplificando, enquanto a ausência de vontade implica inexistência, a manifestação viciada 
de vontade (por erro ou coação, e.g.) provoca a invalidade por mandamento legal.” 24 
 
1.7.1.4. Da Aplicação do Domicílio dos Nubentes ao Regime de Bens 
O parágrafo 4º do artigo 7º da LINDB trata acerca da lei aplicável ao regime de bens: 
“§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes 
domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.” 
 
O Superior Tribunal de Justiça, em Recurso Especial sob o n. 134246 / SP, assim 
decidiu: 
Ação declaratória. Casamento no exterior. Ausência de pacto antenupcial. Regime de bens. 
Primeiro domicílio no Brasil. 1. Apesar do casamento ter sido realizado no exterior, no caso 
concreto, o primeiro domicílio do casal foi estabelecido no Brasil, devendo aplicar-se a 
legislação brasileira quanto ao regime legal de bens, nos termos do art. 7º, § 4º, da Lei de 
Introdução ao Código Civil, já que os cônjuges, antes do matrimônio, tinham domicílios diversos. 
2. Recurso especial conhecido e provido, por maioria. 
 
1.7.1.5. Da Naturalização e da Adoção do Regime de Comunhão Parcial dos Bens 
 A Lei de Introdução, em face da redação dada pela Lei n. 6.515, de 26.12.1977, denominada 
Lei dos Registros Públicos (LRP), concede o direito ao estrangeiro casado, que se naturalizar 
brasileiro, com expressa anuência do cônjuge, que, no ato de entrega do decreto de 
naturalização, se apostile a adoção do regime de comunhão parcial de bens, como preceitua o 
artigo 7º, § 5º, da LINDB: 
“§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de 
seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao 
mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e 
dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei n. 6.515, de 26.12.1977)” 
 
1.7.1.6. Do Divórcio Realizado no Estrangeiro 
Com o advento da Emenda Constitucional n. 66, de 13 de julho de 2010, com a 
supressão do requisito de prévia separação judicial por mais de 1 (um) ano ou de comprovada 
separação de fato por mais de 2 (dois) anos para fins de divórcio, compreende-se ter havido 
revogação tácita do parágrafo 6º do artigo 7º da LINDB, uma vez que este busca, em verdade, 
afastar situações em que brasileiros pudessem valer-se de ordenamento estrangeiro para burlar 
o cumprimento dos prazos exigidos anteriormente, no entanto, em face da ausência de 
manifestação jurisprudencial ou revogação expressa, dada a recente a alteração constitucional, 
colaciona-se: 
“§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será 
reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida 
de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, 
obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O 
 
24 FARIAS; ROSENVALD, 2010, p. 169. 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
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Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a 
requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças 
estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. 
(Redação dada pela Lei n. 12.036, de 2009).” 
 
1.7.1.7. Da Extensão do Domicílio dos Representantes e Assistentes aos seus 
Representadose Assistidos 
O artigo 7º, § 7º, da LINDB, traz a seguinte redação: 
“§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos 
filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.” 
Importa destacar que o dispositivo deve ser lido através das lentes da Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, bem como do Código Civil, Lei n. 10.406, de 
10.01.2002. 
Neste sentido, restou superada a denominação “chefe de família”, revelada por uma 
evolução histórica25, desaparecendo as normas discriminatórias26, em face do artigo 226, § 5º, 
da Constituição Federal: 
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 5º - Os direitos e 
deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.” 
 
Leciona Carlos Silveira Noronha acerca da evolução da família: “E nos dias atuais, 
sob o influxo do novo estágio pós-moderno, a autoridade paterna foi estendida a ambos os 
genitores, visando mais o interesse dos pais, mas dirigindo-se ao interesse dos filhos e da 
própria família, com enfoque na paternidade responsável, positivada no artigo 226, § 7º, da 
Constituição Federal.”27 
Ainda, o Código Civil, em seu artigo 76, dispõe: 
“Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor 
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo 
da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente 
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir 
a sentença.” 
 
 
 
 
 
25 “É induvidoso que a família moderna passa por uma profunda evolução e para isso vêm contribuindo inúmeros fatores que se 
acentuaram a partir da última grande guerra, quando um dos seus membros fundamentais – a mulher, esposa, mãe, partiu para 
trabalhar fora do lar, inicialmente para suprir a falta do marido presente nos campos de batalha e, terminado o conflito, para compensar 
no orçamento doméstico os influxos da economia dos países combalida pela guerra.” NORONHA, Carlos Silveira. Fundamentos e 
evolução histórica da família na Ordem Jurídica, Revista da Faculdade de Direito da PUCRS, v. 20, p. 65, dez. 1999. 
26 “Desapareceram, assim, as normas discriminatórias dos direitos do chefe de família em relação aos demais membros, dando lugar à 
família igualitária-integrativa , na qual se verifica uma crescente personalização de todos os seus membros (...).” NORONHA, Carlos 
Silveira. Conceito e fundamentos de família e sua evolução. Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 326, p. 25, dez. 1994. 
27 NORONHA, Carlos Silveira. Da Instituição do Poder Familiar, em perspectiva histórica, moderna e pós-moderna. Revista da 
Faculdade de Direito da UFRGS, Porto Alegre, v. 26, p. 90, dez. 2006. 
 
 
 
 
 
 
 17
PARTE GERAL II 
 
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1.7.1.8. Do Domicílio Ocasional 
O domicílio ocasional é aplicado àqueles que não têm residência habitual, ou seja, 
são itinerantes, tais como o artista circense, o andarilho, bem como alguns povos que se 
comportam de forma nômade. Tal situação é contemplada pelo artigo 7º, § 8º, da LINDB: 
“§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência 
ou naquele em que se encontre.” 
 
Importa destacar que o Código Civil de 2002, de igual forma, contempla tal situação 
em seu artigo 73, a saber: 
“Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde 
for encontrada.” 
 
1.7.1.9. Da Aplicação da Lei do País em que Estiverem Situados os Bens quanto à sua 
Qualificação e suas Relações 
O caput do artigo 8º da Lei de Introdução dispõe que se aplicará para qualificar os 
bens e regular as relações a eles concernentes a lei do país em que estiverem situados, in 
verbis: 
“Art. 8o. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do 
país em que estiverem situados.” 
 
De tal arte, aplica-se aos bens imóveis o lugar da situação da coisa, ou seja, forum rei 
sitae. 
No tocante aos bens móveis, há regra específica, uma vez que se presume que estes 
acompanhem o seu proprietário: 
“Art. 8º § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens 
móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.” 
 
A Lei de Introdução ao Código Civil dispõe, ainda, no artigo 8º, em seu parágrafo 2º, 
que a lei aplicável ao penhor é a do domicílio do possuidor direto, a saber: 
“Art. 8º § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre 
a coisa apenhada.” 
 
O penhor é direito real de garantia de bem móvel, e, em se tratando de penhor 
comum, o possuidor direto é o credor pignoratício, é o que dispõe o artigo 1.431 do Código 
Civil, caput, a saber: 
“Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao 
credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível 
de alienação.” 
 
Logo, no penhor comum, a Lei aplicável é a do domicílio do credor pignoratício. 
 
 
 
 
 
 18
PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
Ocorre que, em matéria de penhor rural, industrial, mercantil e de veículo, as coisas 
empenhadas continuam no poder do devedor, a saber: 
“Art. 1.431 (...) Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas 
empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar.” 
 
No caso destas modalidades de penhores especiais, aplicar-se-á a lei do domicílio do 
dono da coisa empenhada. 
 
1.7.1.10. Da Aplicação da Lei do País em que se Constituírem as Obrigações 
Para qualificar e reger as obrigações, aplica-se a lei do país em que se constituírem, 
ou seja, onde se concluiu o negócio jurídico, leia-se: em regra, onde for assinado ou 
perfectibilizado o contrato. É o que dispõe o artigo 9º, caput, da LINDB: 
“Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.” 
 
O parágrafo primeiro do artigo 9º dispõe que, quando a obrigação for executada no 
Brasil, dependendo de forma especial, será esta observada28. É o que ocorre, por exemplo, 
quando para o adimplemento de um contrato ajusta-se a dação em pagamento de bem imóvel, 
situado no Brasil, avaliado em montante acima de trinta salários mínimos. Nos termos do 
artigo 108 do Código Civil Brasileiro29, exige-se que o instrumento seja público. Logo, deverá 
ser cumprida esta solenidade exigida no Brasil, ainda que o contrato tenha sido constituído no 
exterior. 
Por último, o parágrafo 2º do artigo 9º dispõe que a obrigação resultante de contrato 
reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.30 O proponente é quem apresenta 
a proposta, faz a oferta para contratar, também denominada de “policitação”. Portanto, 
policitante, proponente ou ofertante são expressões sinônimas.31 
Ainda, neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça, em Recurso Especial sob o n. 
215988/PR, decidiu: 
ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE 
RODOVIÁRIO. DISPOSIÇÕES DO ART. 28. O ANEXO "A" DO TRATADO DE ITAIPU. 
INAPLICABILIDADE À ESPÉCIE DOS AUTOS. APLICAÇÃO DA LEI BRASILEIRA (ART. XIX DO 
TRATADO E ART. 9º, § 2º, DA LICC). INCIDÊNCIA, IN CASU, DO DECRETO-LEI Nº 2.300/86. - 
ITAIPU Binacional, por ser empresa sediada em Brasília e Assunção, submete-se à Lei brasileira 
que regula as obrigações decorrentes dos contratos celebradoscom pessoas físicas ou 
jurídicas domiciliadas e residentes no Brasil, nos termos do art. XIX do Tratado que a 
instituiu e art. 9º, § 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil. - Daí, a incidência das normas 
pertinentes ao procedimento da licitação e aos contratos administrativos, constantes do Decreto-lei 
n. 2.300/86, em vigor na época da prestação dos serviços objeto da presente lide. 
 
28 Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 9º, § 1o: “Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma 
essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.” 
29 Código Civil Brasileiro, artigo 108: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos 
que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior 
salário mínimo vigente no País.” 
30 Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 9º, § 2o: “A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o 
proponente.” 
31GAGLIANO, Stolze Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2009, v. 4, p. 86. 
 
 
 
 
 
 19
PARTE GERAL II 
 
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1.7.1.11. Da Aplicação da Lei do Domicílio do Defunto ou Desaparecido na Sucessão por 
Morte ou Ausência 
No rastro do que preceitua o artigo 10 da Lei de Introdução ao Código Civil, tem-se 
que: 
“Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o 
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.” 
É o que se depreende da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em Recurso 
Especial sob o n. 275985/SP, a saber: 
DIREITOS INTERNACIONAL PRIVADO E CIVIL. PARTILHA DE BENS. SEPARAÇÃO DE CASAL 
DOMICILIADO NO BRASIL. REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS. APLICABILIDADE 
DO DIREITO BRASILEIRO VIGENTE NA DATA DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO. 
COMUNICABILIDADE DE TODOS OS BENS PRESENTES E FUTUROS COM EXCEÇÃO DOS 
GRAVADOS COM INCOMUNICABILIDADE. BENS LOCALIZADOS NO BRASIL E NO LIBANO. 
BENS NO ESTRANGEIRO HERDADOS PELA MULHER DE PESSOA DE NACIONALIDADE 
LIBANESA DOMICILIADA NO BRASIL. APLICABILIDADE DO DIREITO BRASILEIRO DAS 
SUCESSÕES. INEXISTÊNCIA DE GRAVAME FORMAL INSTITUÍDO PELO DE CUJUS. DIREITO 
DO VARÃO À MEAÇÃO DOS BENS HERDADOS PELA ESPOSA NO LIBANO. RECURSO 
DESACOLHIDO. I - Tratando-se de casal domiciliado no Brasil, há que aplicar-se o direito 
brasileiro vigente na data da celebração do casamento, 11.7.1970, quanto ao regime de bens, nos 
termos do art. 7º-§ 4º da Lei de Introdução. II - O regime de bens do casamento em questão é o da 
comunhão universal de bens, com os contornos dados à época pela legislação nacional aplicável, 
segundo a qual, nos termos do art. 262 do Código Civil, importava "a comunicação de todos os 
bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas", excetuando-se dessa 
universalidade, segundo o art. 263-II e XI do mesmo Código "os bens doados ou legados com a 
cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar", bem como "os bens da herança 
necessária, a que se impuser a cláusula de incomunicabilidade". 
III - Tratando-se da sucessão de pessoa de nacionalidade libanesa domiciliada no Brasil, 
aplica-se à espécie o art. 10, caput, da Lei de Introdução, segundo o qual "a sucessão por 
morte ou por ausência obedece à lei em que era domiciliado o defunto ou desaparecido, 
qualquer que seja a natureza e a situação dos bens". IV - Não há incomunicabilidade dos bens 
da herança em tela, sendo certo que no Brasil os bens da herança somente comportam 
incomunicabilidade quando expressa e formalmente constituído esse gravame pelo de cujus, nos 
termos dos arts. 1.676, 1.677 e 1.723 do Código Civil, complementados por dispositivos constantes 
da Lei de Registros Públicos. V - Não há como afastar o direito do recorrido à meação incidente 
sobre os bens herdados de sua mãe pela recorrente, na constância do casamento sob o regime da 
comunhão universal de bens, os que se encontram no Brasil e os localizados no Líbano, não 
ocorrendo a ofensa ao art. 263, do Código Civil, apontada pela recorrente, uma vez inexistente a 
incomunicabilidade dos bens herdados pela recorrente no Líbano. VII - O art.89-II, CPC, contém 
disposição aplicável à competência para o processamento do inventário e partilha, quando 
existentes bens localizados no Brasil e no estrangeiro, não conduzindo, todavia, à supressão do 
direito material garantido ao cônjuge pelo regime de comunhão universal de bens do casamento, 
especialmente porque não atingido esse regime na espécie por qualquer obstáculo da legislação 
sucessória aplicável. VIII - Impõe-se a conclusão de que a partilha seja realizada sobre os bens do 
casal existentes no Brasil, sem desprezar, no entanto, o valor dos bens localizados no Líbano, de 
maneira a operar a equalização das cotas patrimoniais, em obediência à legislação que rege a 
espécie, que não exclui da comunhão os bens localizados no Líbano e herdados pela recorrente, 
segundo as regras brasileiras de sucessão hereditária. 
 
 
 
 
 
 
 20
PARTE GERAL II 
 
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1.7.1.12. Da Aplicação da Lei Brasileira mais Benéfica à Sucessão de Bens de Estrangeiros 
Situados no País 
A Lei de Introdução ao Código Civil, em seu artigo 10, parágrafo 1º, dispõe que: 
“§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em 
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 18.5.1995)” 
 
Em síntese: aplica-se a lei brasileira em matéria de sucessão de bens estrangeiros 
situados no Brasil em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que a lei 
estrangeira (do domicílio pessoal do de cujus) não lhe for mais benéfica. A LINDB, de tal 
arte, tem como vetor a proteção dos brasileiros, enfim, da família brasileira. 
 
1.7.1.13. Da Aplicação da Lei do Domicílio do Herdeiro ou Legatário quanto à Capacidade 
de Suceder 
O artigo 10, em seu parágrafo 2º, dispõe: “§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou 
legatário regula a capacidade para suceder.” 
Segundo Sílvio de Salvo Venosa, tem-se que: “A capacidade para suceder é a aptidão 
para se tornar herdeiro ou legatário numa determinada herança. A vocação hereditária está na 
lei, norma abstrata que é. Daí por que a lei diz que são chamados os descendentes, em sua 
falta os ascendentes, cônjuges, colaterais até quarto grau e o Estado.”32 
Há que se salientar que, em Recurso Especial sob o n. 61434/SP, o Superior Tribunal 
de Justiça voltou-se à aplicação deste dispositivo: 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. ART. 10, PARAG. 2., DO CÓDIGO CIVIL. CONDIÇÃO DE 
HERDEIRO. CAPACIDADE DE SUCEDER. LEI APLICÁVEL. CAPACIDADE PARA SUCEDER 
NÃO SE CONFUNDE COM QUALIDADE DE HERDEIRO. ESTA TEM A VER COM A ORDEM DA 
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA QUE CONSISTE NO FATO DE PERTENCER A PESSOA QUE SE 
APRESENTA COMO HERDEIRO A UMA DAS CATEGORIAS QUE, DE UM MODO GERAL, SÃO 
CHAMADAS PELA LEI A SUCESSÃO, POR ISSO HAVERÁ DE SER AFERIDA PELA MESMA LEI 
COMPETENTE PARA REGER A SUCESSÃO DO MORTO QUE, NO BRASIL, "OBEDECE A LEI 
DO PAÍS EM QUE ERA DOMICILIADO O DEFUNTO." (ART. 10, CAPUT, DA LICC). RESOLVIDA 
A QUESTÃO PREJUDICIAL DE QUE DETERMINADA PESSOA, SEGUNDO O DOMICÍLIO QUE 
TINHA O DE CUJUS, E HERDEIRA, CABE EXAMINAR SE A PESSOA INDICADA É CAPAZ OU 
INCAPAZ PARA RECEBER A HERANÇA, SOLUÇÃO QUE É FORNECIDA PELA LEI DO 
DOMICÍLIO DO HERDEIRO (ART. 10, PARAG. 2., DA LICC). RECURSO CONHECIDO E 
PROVIDO. (Grifou-se) 
1.8. Da Aplicaçãoda Lei do Estado em que se Constituírem as Organizações, das 
Sociedades e Fundações 
O artigo 11 da Lei de Introdução ao Código Civil assim preceitua: 
“Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as 
fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem.” 
 
 
32 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009, v. 7, p. 49. 
 
 
 
 
 
 
 21
PARTE GERAL II 
 
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É o que dispõe o artigo 1.126 do Código Civil Brasileiro: 
‘“Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha 
no País a sede de sua administração.” 
 
1.9. Da Disposição de Prévia Aprovação dos Atos Constitutivos pelo Governo Brasileiro das 
Sociedades Estrangeiras 
O artigo 11 da LINDB, em seu parágrafo 1º, preceitua: 
 “§ 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem 
os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.” 
 
Neste mesmo sentido, é o que dispõe o artigo 1.134 do Código Civil Brasileiro, a 
saber: 
“Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização 
do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, 
todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.” 
 
1.10. Da Vedação de Aquisição de Bens Imóveis ou Susceptíveis de Desapropriação por 
Governos Estrangeiros 
O artigo 11, parágrafo 2º, da LINDB, no sentido de preservar a soberania nacional, 
vedou a aquisição de bens imóveis ou sujeitos à desapropriação por Governos Estrangeiros, a 
saber: 
“§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles 
tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil 
bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação.” 
 
1.10.1. Da Autorização para que Governos Estrangeiros Adquiram Prédios Necessários à 
Sede dos Representantes Diplomáticos e Agentes Consulares 
A vedação para aquisição de prédios por Governos estrangeiros tem como exceção os 
prédios necessários para a instalação de embaixadas e consulados.33 
 
1.11. Da Competência Internacional da Autoridade Judiciária Brasileira 
A Lei de Introdução ao Código Civil, em seu artigo 12, dispõe acerca da competência 
internacional: 
“Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou 
aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer 
das ações, relativas a imóveis situados no Brasil.” 
 
 
33 Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 11, § 3o: Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à 
sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
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1.12. Do Exequatur para Cumprimento de Diligências Deprecadas por Autoridades 
Estrangeiras 
Nos termos do que dispõe o artigo 12, parágrafo 2º, a autoridade judiciária brasileira 
cumprirá, concedido o exequatur, as diligências deprecadas por autoridade competente 
estrangeira, fazendo transitar pelas vias diplomática as cartas rogatórias, a saber: 
“§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma 
estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, 
observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.” 
O exequatur é o “cumpra-se” para que se realize a citação, a oitiva de testemunhas, 
enfim, a produção de provas a serem utilizadas em processo judicial que tramita no 
estrangeiro. Tais pleitos são formulados via carta rogatória. 
É o que se colhe da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em Agravo 
Regimental na Carta Rogatória 6/GB: 
CARTA ROGATÓRIA. CITAÇÃO PARA RESPONDER A UMA AÇÃO PROPOSTA NO PAÍS 
ALIENÍGENA. INOCORRÊNCIA DE OFENSA À SOBERANIA OU A ORDEM PÚBLICA 
(RESOLUÇÃO Nº 9/05, ART. 6º). EXEQUATUR CONCEDIDO. AGRAVO REGIMENTAL. 
AUTENTICIDADE DE DOCUMENTOS. CERCEAMENTO DE DEFESA. REQUISITOS DO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, ART. 202. 
1. O trânsito pelas vias diplomáticas confere autenticidade às cartas rogatórias. 2. Não há 
falar em cerceamento de defesa quando a parte não for intimada da tradução de documento 
antes de concedido o exequatur. 3. Os requisitos do Código de Processo Civil, art. 202, são 
aplicáveis tão somente às cartas rogatórias ativas. 4. Agravo Regimental não provido. 
 
1.13. Da Aplicação da Lei do Lugar dos Fatos em matéria de Ônus da Prova e Meios de 
Produção Probatórios 
É a lei do lugar do país estrangeiro em que ocorrer o fato a que se pretende provar 
que será aplicável quanto ao ônus da prova e aos meios de produzi-la (lex loci). Contudo, não 
se admitirá provas ilícitas e desconhecidas pelo Direito brasileiro.34 
 
1.14. Da Prova do Direito Estrangeiro 
O juiz poderá exigir a quem invoca lei estrangeira que prove o texto da norma, bem 
como sua vigência. É o que dispõe o artigo 14 da Lei de Introdução ao Código Civil: 
“Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e 
da vigência.” 
1.15. Dos Requisitos para Homologação de Sentença Estrangeira 
Com o advento da Emenda Constitucional n. 45 de 2004, nos termos do artigo 105 da 
Constituição Federal, compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
“I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão 
de exequatur às cartas rogatórias;” 
 
 
34 Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 13: “A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto 
ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.” 
 
 
 
 
 
 23
PARTE GERAL II 
 
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O artigo 15 da Lei de Introdução ao Código Civil35 define cinco requisitos para a 
homologação de sentença estrangeira: 
a) haver sido proferida por juiz competente; 
A sentença deve ter sido prolatada por juiz competente no Ordenamento Jurídico do 
qual se originou. 
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; 
Trata-se da aplicação do artigo 5º, LV, da Constituição da República Federativa do 
Brasil, sendo assegurados o contraditório e ampla defesa, a saber: 
“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;” 
 
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a 
execução no lugar em que foi proferida; 
A decisão deve ser definitiva e, portanto, sob o manto da coisa julgada. 
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
Deve ser a decisão traduzida por tradutor público juramentado. 
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. 
Como já referido, a sentença deve ter sido homologada pelo Superior Tribunal de 
Justiça, em face do advento da Emenda Constitucional nº 45, nos termos do artigo 105 da 
CRFB/1988. 
É o que se depreende da decisão do Superior Tribunal de Justiça, em Agravo 
Regimental em Sentença Estrangeira sob o n. 2598/US: 
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO. SENTENÇA NORTE-
AMERICANA. CARIMBO DE ARQUIVA-MENTO. PROVA DO TRÂNSITO EM JULGADO. 
CONTESTAÇÃO. DESNECESSIDADE DE DISTRIBUIÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO 
PROVIDO. 
– O carimbode arquivamento é suficiente à comprovação do trânsito em julgado da 
sentença norte-americana. Precedentes da Corte Especial: SE n. 756 e 1.397. 
– Desnecessária a distribuição da sentença estrangeira contestada, quando a impugnação versa 
sobre questão já debatida e decidida pelo órgão especial deste Tribunal. Agravo regimental 
improvido. 
 
1.16. Da Desconsideração da Remissão (Reenvio) Feita à Outra Lei 
Há vedação no Ordenamento Jurídico à consideração de remissão/reenvio feita à 
outra lei, a saber: 
 
35 Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 15: “Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes 
requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; c) ter 
passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que ,foi proferida; d) estar traduzida 
por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.” 
 
 
 
 
 
 
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PARTE GERAL II 
 
 Prof. Cristiano Colombo 
“Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-
se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.” 
 
1.17. Da Ineficácia das Leis, Atos e Sentenças de outro País que Ofenderem a Soberania 
Nacional 
O artigo 17 da LINDB assim dispõe: 
“Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, 
não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons 
costumes.” 
É o que se depreende de decisão acerca de sentença estrangeira, SEC sob o n. 
2259/CA: 
SENTENÇA ESTRANGEIRA. DIVÓRCIO. HOMOLOGAÇÃO. 1. Homologa-se sentença 
estrangeira de divórcio que não viola a soberania nacional, os bons costumes e a ordem 
pública. 2. Alegação de ausência de citação que não tem procedência. O requerido compareceu à 
audiência de instrução e julgamento realizada pelo juízo estrangeiro e formulou reivindicações. 3. 
Preenchimento das condições legais para a homologação da sentença estrangeira que se 
reconhece. 4. O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, 
produzirá efeitos ao Brasil somente após um ano da sentença, ou mais de dois anos de separação 
de fato. 5. Sentença homologada para que produza os seus jurídicos e legais efeitos. (Grifou-se) 
 
1.18. Da Competência das Autoridades Consulares Brasileiras para Celebrar Casamento, 
Nascimento e Óbito dos Filhos de Brasileiro ou Brasileira Nascido no País da Sede do 
Consulado e os mais Atos de Registro Civil 
Nos termos do artigo 18 da Lei de Introdução ao Código Civil: 
“Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para 
lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de 
nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. 
(Redação dada pela Lei n. 3.238, de 1º.8.1957)” 
 
Importa destacar, que, no tocante ao casamento, somente poderá ser realizado perante 
as autoridades consulares no caso de ambos os nubentes serem brasileiros, nos termos do 
artigo 7º, § 2º, da LINDB, tratando-se do denominado “Casamento Consular”. 
 
1.19. Regra de Transição entre os Anos de 1945 e 1957 
O artigo 19 da LINDB é uma regra de transição, aplicada entre os anos de 1942 e 
1957. 
“Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros 
na vigência do Decreto-lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos 
legais. (Incluído pela Lei n. 3.238, de 1º.8.1957) Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos 
tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao 
interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta 
lei. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957) 
 
 
 
 
 
 25
PARTE GERAL II 
 
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2.1. Do Conceito 
Segundo leciona Sílvio de Salvo Venosa: “Os direitos de personalidade são os que 
resguardam a dignidade da pessoa humana. Desse modo, ninguém pode, por ato voluntário, 
dispor de sua privacidade, renunciar à liberdade, ceder seu nome de registro para utilização 
por outrem, renunciar ao direito de pedir alimentos no campo de família, por exemplo.”36 
Caio Mário da Silva Pereira, por sua vez, referiu: “Em linhas gerais, os direitos de 
personalidade envolvem o direito à vida, à liberdade, ao próprio corpo, à incolumidade física, 
à proteção da intimidade, à integridade moral, à preservação da própria imagem, ao nome, às 
obras de criação do indivíduo e tudo mais que seja digno de proteção, amparo e defesa na 
ordem constitucional, administrativa, processual e civil.”37 Portanto, são intransmissíveis, 
irrenunciáveis, não podendo seu exercício sofrer limitação voluntária, “com exceção dos 
casos previstos em lei”. 
É o que dispõe o artigo 11 do Código Civil Brasileiro: 
“Artigo 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.” 
 
Portanto, a lei admite, por exemplo, como exceção, o contrato de uso de imagem da 
pessoa natural, em matérias publicitárias, sendo negócio jurídico não proibido no 
Ordenamento Jurídico Pátrio. 
 
2.2. Da Cessação da Ameaça ou Lesão a Direito de Personalidade 
O artigo 12 do Código Civil dispõe acerca do direito da vítima de fazer cessar a 
ameaça ou lesão a qualquer dos direito de personalidade, bem como de reclamar perdas e 
danos, a saber: 
“Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar 
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.” 
 
Importa destacar que têm legitimidade para fazer cessar as ameaças e lesões, em se 
tratando a vítima de morto, as seguintes pessoas: o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em 
linha reta (ascendentes e descendentes: bisavô (a), avô (a), pai, mãe, filho (a), neto (a), bisneto 
(a)), bem como colateral até quarto grau (irmãos, tios, até os primos-irmãos). É o que dispõe o 
parágrafo único do artigo 12, a saber: 
“Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste 
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau 
 
 
 
 
 
36 VENOSA, 2010, v. 1, p. 171-172. 
37 PEREIRA, 2007, v. 1, p. 243. 
 
 
 
 
 
 
 26
PARTE GERAL II 
 
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2.3. Da Vedação a Ato de Disposição do Próprio Corpo 
No sentido de preservar a integridade física, é que o artigo 13 do Código Civil dispõe 
que, salvo por exigência médica, é proibido ato de disposição do próprio corpo, quando 
importe diminuição permanente da integridade física ou contrarie os bons costumes: 
“Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando 
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.” 
 
Ressalte-se, portanto, que o dispositivo se refere a ato de disposição de diminuição da 
integridade física que seja permanente, não abrangendo, por exemplo, o corte de cabelo, para 
fins de sua comercialização.38 Há que se destacar que a amputação de uma perna, por 
exigência médica, com a finalidade de buscar salvar o paciente, de igual forma, não se 
configura violação de direito de personalidade. 
Ainda, saliente-se

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