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ENSINO DE HISTÓRIA E DIVERSIDADE CULTURAL: Desafios e Possibilidades Fabilene Prado Pereira Lima 1 Luiza Helena Ferreira Pinheiro 2 Marcelle Rodrigues Monteiro 3 RESUMO O presente artigo apresenta um breve relato sobre a importância do ensino de história na educação básica, multiculturalismo no desenvolvimento do processo escolar, pontuando a identidade étnica e os desafios e possibilidades que o ensino de história brasileira tem no contexto atual. Por meio de pesquisa bibliográfica, buscou-se obter uma visão do cenário atual no qual o ensino básico brasileiro não tem dado o devido valor à história das minorias enquanto construtores de nossa sociedade. Resultando na confirmação de que essa discussão é de extrema relevante para fomentação positiva do multiculturalismo, onde tanto as crianças e os jovens quanto, os profissionais da escola precisam aprender a lidar com a diversidade de culturas distintas em um mesmo ambiente. E seguindo esse raciocínio iremos discorrer sobre a relevância da discussão multicultural em nossa sociedade pós-moderna. Palavras-Chave: Ensino de História. Multiculturalismo. Possibilidades. 1 INTRODUÇÃO Este artigo irá tratar sobre a correlação entre o ensino de história e a diversidade cultural com seus desafios e possibilidades, principalmente em uma sociedade heterogênea em relação a raça, religião, educação, cultura, gênero e etc., como é o caso do Brasil. Com isso, se mostrará necessário que esses dois fatores trabalhem juntos para o reconhecimento e respeito no modo 1 Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFMA – São Luís. 2Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFMA – São Luís. 3Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFMA – São Luís. 2 de pensar e agir em relação às individualidades de cada grupo social. Uma sociedade considerada multicultural – deve abordar, demonstrar, representar e principalmente respeitar as individualidades sociais e problemas governamentais apresentados por sociedades com diferenças culturais. Quando tratamos de diversidade cultural não temos só a visão antropológica ou histórica a serem consideradas, faz-se necessário discutir toda uma gama de elementos que irá afetar diretamente no funcionamento correto ou não das relações entre diferentes culturas, tais como a questão política das relações sociais que estão sendo estabelecidas num dado momento histórico, o fluxo migratório, opressão das minorias, as diferenças econômicas, alienação da massa, etc. O multiculturalismo e educação estão profundamente ligados, pois a escola ensina as pluralidades culturais ao mesmo tempo ela afasta os que não fazem parte do padrão étnico aceitável pelo sistema. Por conseguinte, o professor tem um papel fundamental que é o de garantir a intermediação entre a cultura do aluno, isto é, respeitar a cultura do aluno e os conhecimentos mesclados do âmbito escolar´, estimulando a curiosidade, a reflexão e um pensamento crítico dos estudantes, contribuindo assim, para a igualdade e o respeito recíproco, superando barreiras, diferenças e preconceitos de toda espécie, saindo de uma visão monocultural para a visão multicultural. Portanto, a interseção entre o diversidade cultural e o ensino de história são fundamentais na formação e no trabalho do educador, pois tem como função desenvolver um conhecimento crítico aos seus alunos, pois a escola é uma das principais responsáveis pelo processo de socialização com distintas culturas. 2 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE HISTÓRIA A importância do ensino de história é fundamental tanto no estudo quanto na formação do aluno, pois auxilia a compreender a realidade que o cerca, contribuindo para a reflexão e a criticado aluno acerca dos fatos históricos que marcaram e mudaram a história da humanidade, sendo necessária a compreensão dos fatos históricos no ensino. Para que isso aconteça, o (a) professor (a) precisa fazer com que o aluno faça uma ligação entre os fatos históricos e sua realidade com uma reflexão crítica da tal acontecimento contribuindo para sua aprendizagem e 3 na formação social, isto é, que obtenha uma relação de professor-aluno, o professor passa a ser mediador. O reconhecimento da história como um processo em permanente construção é ligado à importância do passado para o desenvolvimento cultural e social. Assim a contribuição da história é fundamental, pois ela está relacionada com diversos assuntos como a cultura afro- brasileira que para entender é preciso saber sobre a história afro-brasileira, sobre a questão da construção dessa cultura, visto que, o aluno precisa saber as diversas culturas existentes que constituem a sociedade. De acordo com Brito: A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira não se restringe à população negra, ao contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma nação democrática. (BRITO, 2014, p.14). Com uma sociedade que possui diversas culturas em um mesmo lugar é necessária uma educação multicultural, ou seja, principalmente no currículo de ensino, conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira. Sendo que a disciplina história trata de diferentes culturas. Assim sendo, para ensinar em um ambiente com diversas culturas é preciso valorizar as desigualdades e combater a desigualdade, como por exemplo, a Lei 10.639/03 que torna obrigatória o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas públicas e particulares do ensino fundamental até o ensino médio. Portanto, a história é importante para a construção da cidadania, pois a partir do momento que resgata fatos históricos relevantes, contribui para a formação do aluno, sendo possível observar, analisar e refletir sobre esses fatos, assim o aluno não corre o risco de cometer possíveis equívocos. Sendo que somente a escola pode oferecer um ensino que possibilite a compreender e refletir sobre os fatos históricos em relação ao passado e presente. 3 DIVERSIDADE CULTURAL Analisar o multiculturalismo, que pode parecer em nosso contexto social atual, mundo pós-moderno, como sendo algo harmonioso e linear, é bem mais complexo do que observar a cultura (características e especificidades) de um povo de forma isolada. Agora o olhar será 4 direcionado para as diversas interlocuções culturais dentro de um mesmo cenário social, sendo possível identificar vários problemas, violação de identidade, interesses individuais, que precisam ser discutidos coletivamente. Para tal análise discorreremos sobre alguns conceitos e concepções a fim de entendermos um pouco dessa complexidade que é a importância do multiculturalismo sendo trabalho no ambiente escolar. 3.1 Identidade Étnica Para compreender identidade étnica é necessário entender o conceito de cultura e identidade. Cultura é um complexo de crenças, moral, regras, costumes, modo de agir, pensar e outros de determinado grupo possuindo seus símbolos culturais para diferenciar de cada grupo. Sendo que esses símbolos podem sofrer mudanças de acordo com o tempo, assim a cultura é considerada dinâmica, isto é, pode ser mudada. Segundo Hall sobre a questão da cultura: A ênfase nas práticas culturais é importante. São os participantes em uma cultura que conferem significado às pessoas, objetos e eventos. Coisas em si mesmas raramente, ou nunca, têm um significado único, fixo e imutável. […] Em parte damos significado às coisas pelamaneira como as representamos. […] A cultura, podemos dizer, está envolvida em todas aquelas práticas que não são simplesmente geneticamente programadas em nós, mas que carregam significado e valor, e que precisam ser interpretadas pelos outros de maneira significativa, ou que dependem do significado para que funcione de maneira efetiva. Cultura, nesse sentido, permeia toda a sociedade. É o que distingue o elemento humano na vida social do que é orientado biologicamente. Seu estudo sublinha o papel crucial do domínio simbólico no âmago da vida social. (HALL, 2003, p.3 – Nossa tradução.). Portanto, o indivíduo é primordial no processo de cultura, ou seja, a cultura é que define a diferença de diversos grupos existentes e nesse processo são envolvidos por diversos fatores. De acordo com Hall (2016, p. 3) sobre circuito da cultura que envolve a produção, o consumo, a identidade, a regulação e a representação, ou seja, cada elemento nesse circuito envolve o processo de cultura, onde todos são ligados. E um dos pontos principais nesse circuito é a identidade, pois a identidade para Dubar (1997 apud FARIA; SOUZA, 2011, p. 36) concebe identidade como resultado do processo de socialização, que compreende o cruzamento dos processos relacionais (ou seja, o sujeito é analisado pelo outro dentro dos sistemas de ação nos quais os sujeitos estão inseridos) e biográficos (que tratam da história, habilidades e projetos da pessoa). Assim, a identidade é construída em referência aos vínculos que conectam os 5 indivíduos uns aos outros em diferentes culturas, ou seja, é a mudança em meio à diversidade, desta forma os indivíduos constroem suas identidades de acordo com a cultura em que vivem, isto é, ao grupo que pertença. Enquanto etnia é definida “pelas características culturais – língua, religião, costumes, tradição, sentimento de ‘lugar’ – que são partilhadas por um povo” (HALL, 1997, p. 67). Sendo que a etnia é um processo que se constrói pelas práticas sociais em grupos de diferentes culturas. A identidade étnica é considerada um processo histórico entre o tempo e o espaço, como por exemplo, a questão da colonização do Brasil, que foi um processo de diferentes etnias, ou seja, os imigrantes europeus com a presença de grupos indígenas, onde houve a ocupação das terras. Desse modo, segundo Barth (1998, p. 35) a identidade étnica é usada para estabelecer os limites de determinado povo e ao mesmo tempo reforçar sua cultura, e para que isso ocorra, são os traços culturais que definem os limites de determinado grupo. A identidade étnica este frequentemente relacionado ao termo multiculturalismo, devido à pluralidade que acompanha a história da humanidade. Segundo Canen (2007, p. 35) essa pluralidade é de raças, gêneros, religiões, saberes, culturas, linguagens e outras características identitárias para sugerir que a sociedade é múltipla e reconhecida. A identidade étnica está relacionada com a distinção cultural, ou seja, a questão do reconhecimento ao longo do processo histórico. Sendo que a discussão sobre o respeito ao multiculturalismo surge a partir de reivindicações de minorias étnicas que sofrem opressão histórica como, por exemplo, os negros e as populações indígenas. Assim, a identidade étnica está relacionada ao processo histórico de colonização. É uma visão etnocêntrica (no geral eurocêntrica), ou seja, é quando uma etnia se coloca no centro como superior, e as demais são tidas com inferior e subordinada. 3.2 Processo Escolar A mistura de raças, povos e diferentes etnias fazem parte da formação de algumas sociedades, uma delas é o Brasil. Neste sentido no campo educacional, a escola tem como um de seus papéis integrar esse conjunto de fatores e preparar o aluno para viver no meio de culturas diferentes. 6 A partir daí nesse processo de preparação é ensinado ao aluno, compreender as variadas situações multiculturais, para que seja facilitado também a ciência de que existem outras formas de pensamentos diferentes. No processo escolar é fundamental fazer referência a interculturalidade, pois na maioria das vezes vai existir a diversidade cultural. Para que se obtenha uma convivência harmoniosa é necessário haver integração e o respeito mútuo. Na perspectiva histórica, a educação brasileira surgiu para atender as necessidades da burguesia, os menos favorecidos ou minorias, não poderiam ter acesso à educação formal, mostra-se que historicamente exclusão sempre existiu. Um dos graves problemas que existem em muitos países é o racismo, que acaba afetando não só moralmente, mas psicologicamente as crianças negras, um exemplo bem nítido é a exclusão da figura negra dos livros didáticos e quando raramente essa figura é encontrada, infelizmente na maioria das vezes é representado pelo pobre, escravo ou sem instrução. Ou seja, o seu nível intelectual é definido pela sua cor. A revista da faculdade de educação da USP, traz o levantamento do autor Negrão (1988), que pontuou várias situações na qual o racismo é explicitamente declarado e na maioria das vezes o mesmo não é “percebido” ou questionado no meio escolar: A não representação de personagens negros na sociedade descrita nos livros; a representação do negro em situação social inferior à do branco; o tratamento da personagem negra com postura de desprezo; a visão do negro como alguém digno de piedade; o enfoque da raça branca como sendo a mais bela e a de mais poderosa inteligência; o combate ao preconceito através da História do Brasil. (NEGRÃO, 1988, p. 53). A escola aliada a família é responsável, pois contribui significativamente no intelecto do aluno, e dependendo de como trabalha esse desenvolvimento, pode ter influência negativa, portanto é preciso focar na influência positiva, através da transmissão de conhecimentos que influenciem na produção de valores sociais. Mas, tudo isso depende do conteúdo informativo que esses alunos terão acesso, que em geral distorce e manipula a realidade dentro e fora do espaço escolar, pois se dentro das escolas o material didático inferioriza o negro, fora dela a situação não será muito diferente. 3.3 Multiculturalismo 7 A relação entre o multiculturalismo e a escola é que a escola está inserida num contexto histórico de relações sociais, sendo o que caracteriza o universo escolar é a relação entre as diversas culturas inseridas nesse ambiente. Assim, a educação se apresenta como multicultural nesse momento. Com isso, a escola precisa possuir técnicas e métodos pedagógicos em seus conteúdos para diferentes culturas no mesmo ambiente, isto é, ao público que atende. O historiador Fernandes (2005), em seu artigo, trata sobre a dificuldade que a escola brasileira ainda tem em trabalhar o multiculturalismo: Apesar desse fato incontestável de que somos, em virtude de nossa formação histórico-social, uma nação multirracial e pluriétnica, de notável diversidade cultural, a escola brasileira ainda não aprendeu a conviver com essa realidade e, por conseguinte, não sabe trabalhar com as crianças e jovens dos estratos sociais mais pobres, constituídos, na sua grande maioria, de negros e mestiços. (FERNANDES, 2005, p. 379). Apesar da escola sempre ter tido dificuldade em lidar com a pluralidade e a diferença, os desafios estão postos para que sejam superados e reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional, é primordial, tanto a sociedade quanto os profissionais que compõem o cenário educacional, precisam se empoderar das discussões postas frente às diversas culturas existentes e que é necessário incluir no plano pedagógico da escola assuntos como a históriade povos com culturas diferentes, sobre religião, etnia, respeito e reconhecimento do trabalho e fundamental papel das minorias na construção de nossa história e etc. 4 DESAFIOS E POSSIBILIDADES DO ENSINO DE HISTÓRIA, E A DIVERSIDADE CULTURAL Embora o negro tenha sido o principal personagem que ajudou a enriquecer o nosso país, ele desde a colonização juntamente com o índio é visto como figura inferior, por ter sido usado como mão de obra, ou seja, subordinado nas mãos dos colonizadores. O papel do colonizador é exaltado como se fosse apenas ele que tivesse construído a riqueza nacional e ocupado o nosso território. 8 Na história do Brasil é bem escasso essa abordagem do negro e do indígena, geralmente é possível encontrar esses personagens com uma visão apenas cultural do passado e não com a verdadeira importância que eles realmente possuem em nossa sociedade, atualmente e historicamente. É tão predominante muitas vezes essa inferioridade que através da visão educacional podemos perceber a falta de valorização do indivíduo afro-brasileiro por exemplo. Então, como existir uma educação de qualidade, sem valorizar essa temática tão importante? A educação de qualidade tem sido umas das mais importantes bandeiras de luta de grupos e movimentos sociais, em prol dessa causa diversos líderes da sociedade civil, gestores, lidam direta e indiretamente com essa questão educacional. Mas como pode existir uma educação de qualidade se é escasso o ensino, especializações e investimentos na área da igualdade de relações étnico-raciais no âmbito educacional? A educação de qualidade não é apenas aquela que assiste alguns, e que abrange didáticas isoladas, mais sim aquela que é igualitária. Ser negro ou ser mestiço significa ter uma maior probabilidade de ser recrutado para posições sociais inferiores. Isto, numa estrutura social que já é profundamente desigual. Então, no meu entender, o vínculo entre raça e classe é exatamente esse: raça funciona como mecanismo de seleção social que determina uma medida bastante intensa qual posição que as pessoas vão ocupar (HASEMBALG, 1991, p. 46). Segundo Hasembalg 1991, a raça e a classe seleciona em qual posição iremos ocupar na sociedade, ou seja, há uma diferença, uma desigualdade mesmo dentro de um país miscigenado. O Brasil é um país de matriz africana que apenas recentemente implementou uma lei que inclui no currículo oficial dos estabelecimentos de ensino básico, tanto particular quanto privado, a lei de n°10.693/03, promulgada em 09 de janeiro de 2003, que obriga o estudo da temática de história e cultura afro-brasileira, alterando assim a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Um dos desafios encontrados para a implementação desse ensino nas escolas, é a ideia de que entre crianças pequenas não haveria preconceitos e discriminação racial, mas estudos recentes revelam que pelo fato de crianças negras culturalmente serem vistas em um papel de inferioridade, enquanto as crianças brancas expressam sentimento de superioridade, acaba surgindo então algumas situações de conflito no tocante a identidade étnico-racial. Esse sentimento de inferioridade acaba sim incidindo diretamente no processo de aprendizagem do aluno, tendo em vista a sua cor, a sua cultura, a sua classe social; quanto maior 9 a diferença entre esses fatores no âmbito escolar, mais probabilidade de dificuldade pode haver no seu rendimento. Estudos realizados pela Doutora em Educação formada pela Universidade Harvard e pós-doutoranda em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE- USP) Paula Louzano, a partir dos dados de 2001 e 2011 do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), mostram que o fracasso escolar que vem desencadeando reprovação e abandono e que o rendimento dos alunos de determinados grupos raciais tem sofrido uma decadência. É bem verdade que atualmente houve uma leve diminuição da desigualdade racial no Brasil, só recentemente começaram os debates sobre esses determinados assuntos voltados para a discriminação e o preconceito, até pouco tempo não existia essa discussão. Mas nessa pesquisa constatou-se que mesmo existindo essa discussão e essa tentativa de reverter essa vertente, os estudantes negros tem uma maior probabilidade baixo rendimento na escola. Atualmente melhorou sim a diferença no que tange o acesso à escola entre negros, brancos e índios, mas isso não significa que eles possuem as mesmas oportunidades e um acesso à educação igualitário. Ainda precisa ser mais discutida e posta em pratica a lei de n°10.693/03, juntamente com um maior investimento nos processos de ensino-aprendizagem que deem importância a diversidade cultural dentro das escolas, capacitando educadores, colocando nas grades curriculares educacionais brasileiras o estudo com maior ênfase na diversidade cultural e principalmente no estudo de história, não como apenas uma disciplina que releva histórias e acontecimentos da nossa nação, mais que inclua em nosso cotidiano o verdadeiro papel e a valorização de nossos descendentes e/ou construtores de nossas história. Contudo é possível sim o ensino de história dentro dessa temática, o caminho principal é buscar erradicar discriminação dentro das escolas e da sociedade, que tem sido o maior desafio, e assim fazer a sociedade entender que o multiculturalismo faz parte de nosso meio, e que é de extrema importância social. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A escola deve criar condições e instrumentos que permitam romper as práticas monoculturais presentes em seu cotidiano. O ideal é uma escola de todos e para todos referente a diversidade. E para se ter uma escola para todos é necessário ajudar na inclusão 10 educativa e social dos alunos, pois cada aluno tem seus diferentes modos de aprender sendo diferente do modelo padrão da escola. Segundo Sá (2001, p. 82), a escola deve pensar em estratégias para acolher todos os alunos. Entretanto, para Martins (1998, p. 75) “parece que a escola como todas as instituições sociais, não se encontra preparada para enfrentar-se à diversidade, à desigualdade e à exclusão social (as minorias, a cultura da marginalidade, a inadaptação social, a xenofobia, etc.)”. As relações do dia-a-dia, por menores que possam parecer, tem um peso enorme no desenvolvimento da criança sejam através de um comercial, um desenho animado, um filme, redes sociais, propagandas em outdoors, irá influenciar no seu crescimento enquanto cidadão ou cidadã de forma positiva ou negativa, acreditamos que o trabalho do multiculturalismo na escola vai além das diferenças culturais entre países, os professores precisam ensinar as crianças a conviver bem com o diferente em todos os aspectos. De acordo com Bernestein (1996, p. 2) “para que a criança possa assimilar a cultura da escola, é necessário que a escola consiga assimilar a cultura da criança.”. A escola deve adotar uma atitude positiva em relação a realidade, ou seja, desenvolver práticas favoráveis a educação, assim contribuindo com um espaço que ajude os alunos com suas diversas culturas em um só lugar, assim sendo exaltar o respeito à diversidade na escola, e principalmente do educador. E também, projetos que levam as crianças a diferentes culturas e sobre uma reflexão de diferentes culturas, costumes e tradições. Se a educação escolar não se transformar, quebrando o tradicionalismo que a caracteriza e englobando na sua cultura, subculturas de populações ou grupos que até há pouco tempo ignorava, ou que lhe eram estranhas, bem como questões das realidades locais e mundiais, está sujeita, pelo menos a duas situações:(1) perder uma das razões da sua existência e que é a de contribuir para uma educação para todos; (2) ser um veículo de marginalização de certos grupos sociais e obrigá-los a um processo de assimilação, sujeitando-os a uma perda das suas identidades culturais. (LEITE, 2002, p. 97). A criança tem que se ver representada em todos os espaços ao qual interage, não só em seu lar, mas principalmente nos espaços em comum que divide com outras crianças, e na escola há um encontro multicultural muito grande e que a cada dia se tornará mais cheio de diferenças, por isso a escola precisa começar a promover ações onde a criança se sinta ou tenha uma visão de igualdade mesmo estando entre pessoas diferentes. 11 Portanto, a escola deve adotar estratégias baseadas em programas curriculares que manifestem a diversidade de culturas, onde a história real do Brasil possa ser estudada, discutida, apreendida e valorizada, e também em promover a diversidade étnica, tanto da escola quanto do aluno. E o papel fundamental do educador é promover a integração dos alunos com diversas culturas, entretanto que ao mesmo tempo não ocorra a perda da identidade cultural de cada um. 6 REFERÊNCIAS BARTH, F. Grupos étnicos e suas fronteiras. 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