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ARTIGO ENSINO DE HISTÓRIA E DIVERSIDADE CULTURAL

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ENSINO DE HISTÓRIA E DIVERSIDADE CULTURAL: Desafios e 
Possibilidades 
 
Fabilene Prado Pereira Lima 1 
Luiza Helena Ferreira Pinheiro 2 
Marcelle Rodrigues Monteiro 3 
 
RESUMO 
 
O presente artigo apresenta um breve relato sobre a importância do ensino de história na 
educação básica, multiculturalismo no desenvolvimento do processo escolar, pontuando a 
identidade étnica e os desafios e possibilidades que o ensino de história brasileira tem no 
contexto atual. Por meio de pesquisa bibliográfica, buscou-se obter uma visão do cenário atual 
no qual o ensino básico brasileiro não tem dado o devido valor à história das minorias enquanto 
construtores de nossa sociedade. Resultando na confirmação de que essa discussão é de extrema 
relevante para fomentação positiva do multiculturalismo, onde tanto as crianças e os jovens 
quanto, os profissionais da escola precisam aprender a lidar com a diversidade de culturas 
distintas em um mesmo ambiente. E seguindo esse raciocínio iremos discorrer sobre a 
relevância da discussão multicultural em nossa sociedade pós-moderna. 
 
 
Palavras-Chave: Ensino de História. Multiculturalismo. Possibilidades. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este artigo irá tratar sobre a correlação entre o ensino de história e a diversidade cultural 
com seus desafios e possibilidades, principalmente em uma sociedade heterogênea em relação 
a raça, religião, educação, cultura, gênero e etc., como é o caso do Brasil. Com isso, se mostrará 
necessário que esses dois fatores trabalhem juntos para o reconhecimento e respeito no modo 
 
1 Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFMA – São Luís. 
2Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFMA – São Luís. 
3Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFMA – São Luís. 
 
2 
 
 
de pensar e agir em relação às individualidades de cada grupo social. Uma sociedade 
considerada multicultural – deve abordar, demonstrar, representar e principalmente respeitar as 
individualidades sociais e problemas governamentais apresentados por sociedades com 
diferenças culturais. 
Quando tratamos de diversidade cultural não temos só a visão antropológica ou histórica 
a serem consideradas, faz-se necessário discutir toda uma gama de elementos que irá afetar 
diretamente no funcionamento correto ou não das relações entre diferentes culturas, tais como 
a questão política das relações sociais que estão sendo estabelecidas num dado momento 
histórico, o fluxo migratório, opressão das minorias, as diferenças econômicas, alienação da 
massa, etc. 
O multiculturalismo e educação estão profundamente ligados, pois a escola ensina as 
pluralidades culturais ao mesmo tempo ela afasta os que não fazem parte do padrão étnico 
aceitável pelo sistema. Por conseguinte, o professor tem um papel fundamental que é o de 
garantir a intermediação entre a cultura do aluno, isto é, respeitar a cultura do aluno e os 
conhecimentos mesclados do âmbito escolar´, estimulando a curiosidade, a reflexão e um 
pensamento crítico dos estudantes, contribuindo assim, para a igualdade e o respeito recíproco, 
superando barreiras, diferenças e preconceitos de toda espécie, saindo de uma visão 
monocultural para a visão multicultural. 
Portanto, a interseção entre o diversidade cultural e o ensino de história são 
fundamentais na formação e no trabalho do educador, pois tem como função desenvolver um 
conhecimento crítico aos seus alunos, pois a escola é uma das principais responsáveis pelo 
processo de socialização com distintas culturas. 
 
 
2 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE HISTÓRIA 
 
A importância do ensino de história é fundamental tanto no estudo quanto na formação 
do aluno, pois auxilia a compreender a realidade que o cerca, contribuindo para a reflexão e a 
criticado aluno acerca dos fatos históricos que marcaram e mudaram a história da humanidade, 
sendo necessária a compreensão dos fatos históricos no ensino. Para que isso aconteça, o (a) 
professor (a) precisa fazer com que o aluno faça uma ligação entre os fatos históricos e sua 
realidade com uma reflexão crítica da tal acontecimento contribuindo para sua aprendizagem e 
 
3 
 
 
na formação social, isto é, que obtenha uma relação de professor-aluno, o professor passa a ser 
mediador. 
O reconhecimento da história como um processo em permanente construção é ligado à 
importância do passado para o desenvolvimento cultural e social. Assim a contribuição da 
história é fundamental, pois ela está relacionada com diversos assuntos como a cultura afro-
brasileira que para entender é preciso saber sobre a história afro-brasileira, sobre a questão da 
construção dessa cultura, visto que, o aluno precisa saber as diversas culturas existentes que 
constituem a sociedade. De acordo com Brito: 
 
A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira não 
se restringe à população negra, ao contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma 
vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade 
multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma nação democrática. (BRITO, 
2014, p.14). 
 
Com uma sociedade que possui diversas culturas em um mesmo lugar é necessária uma 
educação multicultural, ou seja, principalmente no currículo de ensino, conteúdos referentes à 
história e cultura afro-brasileira. Sendo que a disciplina história trata de diferentes culturas. 
Assim sendo, para ensinar em um ambiente com diversas culturas é preciso valorizar as 
desigualdades e combater a desigualdade, como por exemplo, a Lei 10.639/03 que torna 
obrigatória o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas públicas 
e particulares do ensino fundamental até o ensino médio. 
Portanto, a história é importante para a construção da cidadania, pois a partir do 
momento que resgata fatos históricos relevantes, contribui para a formação do aluno, sendo 
possível observar, analisar e refletir sobre esses fatos, assim o aluno não corre o risco de cometer 
possíveis equívocos. Sendo que somente a escola pode oferecer um ensino que possibilite a 
compreender e refletir sobre os fatos históricos em relação ao passado e presente. 
 
 
3 DIVERSIDADE CULTURAL 
 
Analisar o multiculturalismo, que pode parecer em nosso contexto social atual, mundo 
pós-moderno, como sendo algo harmonioso e linear, é bem mais complexo do que observar a 
cultura (características e especificidades) de um povo de forma isolada. Agora o olhar será 
 
4 
 
 
direcionado para as diversas interlocuções culturais dentro de um mesmo cenário social, sendo 
possível identificar vários problemas, violação de identidade, interesses individuais, que 
precisam ser discutidos coletivamente. Para tal análise discorreremos sobre alguns conceitos e 
concepções a fim de entendermos um pouco dessa complexidade que é a importância do 
multiculturalismo sendo trabalho no ambiente escolar. 
 
3.1 Identidade Étnica 
 
Para compreender identidade étnica é necessário entender o conceito de cultura e 
identidade. Cultura é um complexo de crenças, moral, regras, costumes, modo de agir, pensar 
e outros de determinado grupo possuindo seus símbolos culturais para diferenciar de cada 
grupo. Sendo que esses símbolos podem sofrer mudanças de acordo com o tempo, assim a 
cultura é considerada dinâmica, isto é, pode ser mudada. Segundo Hall sobre a questão da 
cultura: 
 
A ênfase nas práticas culturais é importante. São os participantes em uma cultura que 
conferem significado às pessoas, objetos e eventos. Coisas em si mesmas raramente, 
ou nunca, têm um significado único, fixo e imutável. […] Em parte damos significado 
às coisas pelamaneira como as representamos. […] A cultura, podemos dizer, está 
envolvida em todas aquelas práticas que não são simplesmente geneticamente 
programadas em nós, mas que carregam significado e valor, e que precisam ser 
interpretadas pelos outros de maneira significativa, ou que dependem do significado 
para que funcione de maneira efetiva. Cultura, nesse sentido, permeia toda a 
sociedade. É o que distingue o elemento humano na vida social do que é orientado 
biologicamente. Seu estudo sublinha o papel crucial do domínio simbólico no âmago 
da vida social. (HALL, 2003, p.3 – Nossa tradução.). 
 
Portanto, o indivíduo é primordial no processo de cultura, ou seja, a cultura é que define 
a diferença de diversos grupos existentes e nesse processo são envolvidos por diversos fatores. 
De acordo com Hall (2016, p. 3) sobre circuito da cultura que envolve a produção, o consumo, 
a identidade, a regulação e a representação, ou seja, cada elemento nesse circuito envolve o 
processo de cultura, onde todos são ligados. E um dos pontos principais nesse circuito é a 
identidade, pois a identidade para Dubar (1997 apud FARIA; SOUZA, 2011, p. 36) concebe 
identidade como resultado do processo de socialização, que compreende o cruzamento dos 
processos relacionais (ou seja, o sujeito é analisado pelo outro dentro dos sistemas de ação nos 
quais os sujeitos estão inseridos) e biográficos (que tratam da história, habilidades e projetos da 
pessoa). Assim, a identidade é construída em referência aos vínculos que conectam os 
 
5 
 
 
indivíduos uns aos outros em diferentes culturas, ou seja, é a mudança em meio à diversidade, 
desta forma os indivíduos constroem suas identidades de acordo com a cultura em que vivem, 
isto é, ao grupo que pertença. 
Enquanto etnia é definida “pelas características culturais – língua, religião, costumes, 
tradição, sentimento de ‘lugar’ – que são partilhadas por um povo” (HALL, 1997, p. 67). Sendo 
que a etnia é um processo que se constrói pelas práticas sociais em grupos de diferentes culturas. 
A identidade étnica é considerada um processo histórico entre o tempo e o espaço, como 
por exemplo, a questão da colonização do Brasil, que foi um processo de diferentes etnias, ou 
seja, os imigrantes europeus com a presença de grupos indígenas, onde houve a ocupação das 
terras. 
Desse modo, segundo Barth (1998, p. 35) a identidade étnica é usada para estabelecer 
os limites de determinado povo e ao mesmo tempo reforçar sua cultura, e para que isso ocorra, 
são os traços culturais que definem os limites de determinado grupo. 
A identidade étnica este frequentemente relacionado ao termo multiculturalismo, devido 
à pluralidade que acompanha a história da humanidade. Segundo Canen (2007, p. 35) essa 
pluralidade é de raças, gêneros, religiões, saberes, culturas, linguagens e outras características 
identitárias para sugerir que a sociedade é múltipla e reconhecida. A identidade étnica está 
relacionada com a distinção cultural, ou seja, a questão do reconhecimento ao longo do processo 
histórico. 
Sendo que a discussão sobre o respeito ao multiculturalismo surge a partir de 
reivindicações de minorias étnicas que sofrem opressão histórica como, por exemplo, os negros 
e as populações indígenas. 
Assim, a identidade étnica está relacionada ao processo histórico de colonização. É uma 
visão etnocêntrica (no geral eurocêntrica), ou seja, é quando uma etnia se coloca no centro como 
superior, e as demais são tidas com inferior e subordinada. 
 
3.2 Processo Escolar 
 
A mistura de raças, povos e diferentes etnias fazem parte da formação de algumas 
sociedades, uma delas é o Brasil. Neste sentido no campo educacional, a escola tem como um 
de seus papéis integrar esse conjunto de fatores e preparar o aluno para viver no meio de culturas 
diferentes. 
 
6 
 
 
A partir daí nesse processo de preparação é ensinado ao aluno, compreender as variadas 
situações multiculturais, para que seja facilitado também a ciência de que existem outras formas 
de pensamentos diferentes. 
No processo escolar é fundamental fazer referência a interculturalidade, pois na maioria 
das vezes vai existir a diversidade cultural. Para que se obtenha uma convivência harmoniosa é 
necessário haver integração e o respeito mútuo. 
Na perspectiva histórica, a educação brasileira surgiu para atender as necessidades da 
burguesia, os menos favorecidos ou minorias, não poderiam ter acesso à educação formal, 
mostra-se que historicamente exclusão sempre existiu. 
Um dos graves problemas que existem em muitos países é o racismo, que acaba afetando 
não só moralmente, mas psicologicamente as crianças negras, um exemplo bem nítido é a 
exclusão da figura negra dos livros didáticos e quando raramente essa figura é encontrada, 
infelizmente na maioria das vezes é representado pelo pobre, escravo ou sem instrução. Ou seja, 
o seu nível intelectual é definido pela sua cor. A revista da faculdade de educação da USP, traz 
o levantamento do autor Negrão (1988), que pontuou várias situações na qual o racismo é 
explicitamente declarado e na maioria das vezes o mesmo não é “percebido” ou questionado no 
meio escolar: 
 
A não representação de personagens negros na sociedade descrita nos livros; a 
representação do negro em situação social inferior à do branco; o tratamento da 
personagem negra com postura de desprezo; a visão do negro como alguém digno de 
piedade; o enfoque da raça branca como sendo a mais bela e a de mais poderosa 
inteligência; o combate ao preconceito através da História do Brasil. (NEGRÃO, 
1988, p. 53). 
 
A escola aliada a família é responsável, pois contribui significativamente no intelecto 
do aluno, e dependendo de como trabalha esse desenvolvimento, pode ter influência negativa, 
portanto é preciso focar na influência positiva, através da transmissão de conhecimentos que 
influenciem na produção de valores sociais. Mas, tudo isso depende do conteúdo informativo 
que esses alunos terão acesso, que em geral distorce e manipula a realidade dentro e fora do 
espaço escolar, pois se dentro das escolas o material didático inferioriza o negro, fora dela a 
situação não será muito diferente. 
 
3.3 Multiculturalismo 
 
 
7 
 
 
A relação entre o multiculturalismo e a escola é que a escola está inserida num contexto 
histórico de relações sociais, sendo o que caracteriza o universo escolar é a relação entre as 
diversas culturas inseridas nesse ambiente. Assim, a educação se apresenta como multicultural 
nesse momento. Com isso, a escola precisa possuir técnicas e métodos pedagógicos em seus 
conteúdos para diferentes culturas no mesmo ambiente, isto é, ao público que atende. O 
historiador Fernandes (2005), em seu artigo, trata sobre a dificuldade que a escola brasileira 
ainda tem em trabalhar o multiculturalismo: 
 
Apesar desse fato incontestável de que somos, em virtude de nossa formação 
histórico-social, uma nação multirracial e pluriétnica, de notável diversidade cultural, 
a escola brasileira ainda não aprendeu a conviver com essa realidade e, por 
conseguinte, não sabe trabalhar com as crianças e jovens dos estratos sociais mais 
pobres, constituídos, na sua grande maioria, de negros e mestiços. (FERNANDES, 
2005, p. 379). 
 
Apesar da escola sempre ter tido dificuldade em lidar com a pluralidade e a diferença, 
os desafios estão postos para que sejam superados e reconhecer a diversidade como parte 
inseparável da identidade nacional, é primordial, tanto a sociedade quanto os profissionais que 
compõem o cenário educacional, precisam se empoderar das discussões postas frente às 
diversas culturas existentes e que é necessário incluir no plano pedagógico da escola assuntos 
como a históriade povos com culturas diferentes, sobre religião, etnia, respeito e 
reconhecimento do trabalho e fundamental papel das minorias na construção de nossa história 
e etc. 
 
 
4 DESAFIOS E POSSIBILIDADES DO ENSINO DE HISTÓRIA, E A 
DIVERSIDADE CULTURAL 
 
Embora o negro tenha sido o principal personagem que ajudou a enriquecer o nosso 
país, ele desde a colonização juntamente com o índio é visto como figura inferior, por ter sido 
usado como mão de obra, ou seja, subordinado nas mãos dos colonizadores. O papel do 
colonizador é exaltado como se fosse apenas ele que tivesse construído a riqueza nacional e 
ocupado o nosso território. 
 
8 
 
 
Na história do Brasil é bem escasso essa abordagem do negro e do indígena, geralmente 
é possível encontrar esses personagens com uma visão apenas cultural do passado e não com a 
verdadeira importância que eles realmente possuem em nossa sociedade, atualmente e 
historicamente. 
É tão predominante muitas vezes essa inferioridade que através da visão educacional 
podemos perceber a falta de valorização do indivíduo afro-brasileiro por exemplo. Então, como 
existir uma educação de qualidade, sem valorizar essa temática tão importante? 
A educação de qualidade tem sido umas das mais importantes bandeiras de luta de 
grupos e movimentos sociais, em prol dessa causa diversos líderes da sociedade civil, gestores, 
lidam direta e indiretamente com essa questão educacional. 
Mas como pode existir uma educação de qualidade se é escasso o ensino, 
especializações e investimentos na área da igualdade de relações étnico-raciais no âmbito 
educacional? A educação de qualidade não é apenas aquela que assiste alguns, e que abrange 
didáticas isoladas, mais sim aquela que é igualitária. 
 
Ser negro ou ser mestiço significa ter uma maior probabilidade de ser recrutado para 
posições sociais inferiores. Isto, numa estrutura social que já é profundamente 
desigual. Então, no meu entender, o vínculo entre raça e classe é exatamente esse: raça 
funciona como mecanismo de seleção social que determina uma medida bastante 
intensa qual posição que as pessoas vão ocupar (HASEMBALG, 1991, p. 46). 
 
Segundo Hasembalg 1991, a raça e a classe seleciona em qual posição iremos ocupar na 
sociedade, ou seja, há uma diferença, uma desigualdade mesmo dentro de um país miscigenado. 
O Brasil é um país de matriz africana que apenas recentemente implementou uma lei que inclui 
no currículo oficial dos estabelecimentos de ensino básico, tanto particular quanto privado, a 
lei de n°10.693/03, promulgada em 09 de janeiro de 2003, que obriga o estudo da temática de 
história e cultura afro-brasileira, alterando assim a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB). 
Um dos desafios encontrados para a implementação desse ensino nas escolas, é a ideia 
de que entre crianças pequenas não haveria preconceitos e discriminação racial, mas estudos 
recentes revelam que pelo fato de crianças negras culturalmente serem vistas em um papel de 
inferioridade, enquanto as crianças brancas expressam sentimento de superioridade, acaba 
surgindo então algumas situações de conflito no tocante a identidade étnico-racial. 
Esse sentimento de inferioridade acaba sim incidindo diretamente no processo de 
aprendizagem do aluno, tendo em vista a sua cor, a sua cultura, a sua classe social; quanto maior 
 
9 
 
 
a diferença entre esses fatores no âmbito escolar, mais probabilidade de dificuldade pode haver 
no seu rendimento. 
Estudos realizados pela Doutora em Educação formada pela Universidade Harvard e 
pós-doutoranda em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-
USP) Paula Louzano, a partir dos dados de 2001 e 2011 do Sistema Nacional de Avaliação da 
Educação Básica (Saeb), mostram que o fracasso escolar que vem desencadeando reprovação 
e abandono e que o rendimento dos alunos de determinados grupos raciais tem sofrido uma 
decadência. É bem verdade que atualmente houve uma leve diminuição da desigualdade racial 
no Brasil, só recentemente começaram os debates sobre esses determinados assuntos voltados 
para a discriminação e o preconceito, até pouco tempo não existia essa discussão. Mas nessa 
pesquisa constatou-se que mesmo existindo essa discussão e essa tentativa de reverter essa 
vertente, os estudantes negros tem uma maior probabilidade baixo rendimento na escola. 
Atualmente melhorou sim a diferença no que tange o acesso à escola entre negros, 
brancos e índios, mas isso não significa que eles possuem as mesmas oportunidades e um acesso 
à educação igualitário. Ainda precisa ser mais discutida e posta em pratica a lei de n°10.693/03, 
juntamente com um maior investimento nos processos de ensino-aprendizagem que deem 
importância a diversidade cultural dentro das escolas, capacitando educadores, colocando nas 
grades curriculares educacionais brasileiras o estudo com maior ênfase na diversidade cultural 
e principalmente no estudo de história, não como apenas uma disciplina que releva histórias e 
acontecimentos da nossa nação, mais que inclua em nosso cotidiano o verdadeiro papel e a 
valorização de nossos descendentes e/ou construtores de nossas história. Contudo é possível 
sim o ensino de história dentro dessa temática, o caminho principal é buscar erradicar 
discriminação dentro das escolas e da sociedade, que tem sido o maior desafio, e assim fazer a 
sociedade entender que o multiculturalismo faz parte de nosso meio, e que é de extrema 
importância social. 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A escola deve criar condições e instrumentos que permitam romper as práticas 
monoculturais presentes em seu cotidiano. O ideal é uma escola de todos e para todos 
referente a diversidade. E para se ter uma escola para todos é necessário ajudar na inclusão 
 
10 
 
 
educativa e social dos alunos, pois cada aluno tem seus diferentes modos de aprender 
sendo diferente do modelo padrão da escola. 
Segundo Sá (2001, p. 82), a escola deve pensar em estratégias para acolher todos 
os alunos. Entretanto, para Martins (1998, p. 75) “parece que a escola como todas as 
instituições sociais, não se encontra preparada para enfrentar-se à diversidade, à 
desigualdade e à exclusão social (as minorias, a cultura da marginalidade, a inadaptação 
social, a xenofobia, etc.)”. 
As relações do dia-a-dia, por menores que possam parecer, tem um peso enorme 
no desenvolvimento da criança sejam através de um comercial, um desenho animado, um 
filme, redes sociais, propagandas em outdoors, irá influenciar no seu crescimento 
enquanto cidadão ou cidadã de forma positiva ou negativa, acreditamos que o trabalho do 
multiculturalismo na escola vai além das diferenças culturais entre países, os professores 
precisam ensinar as crianças a conviver bem com o diferente em todos os aspectos. 
De acordo com Bernestein (1996, p. 2) “para que a criança possa assimilar a 
cultura da escola, é necessário que a escola consiga assimilar a cultura da criança.”. A 
escola deve adotar uma atitude positiva em relação a realidade, ou seja, desenvolver 
práticas favoráveis a educação, assim contribuindo com um espaço que ajude os alunos 
com suas diversas culturas em um só lugar, assim sendo exaltar o respeito à diversidade 
na escola, e principalmente do educador. E também, projetos que levam as crianças a 
diferentes culturas e sobre uma reflexão de diferentes culturas, costumes e tradições. 
 
Se a educação escolar não se transformar, quebrando o tradicionalismo que a 
caracteriza e englobando na sua cultura, subculturas de populações ou grupos 
que até há pouco tempo ignorava, ou que lhe eram estranhas, bem como 
questões das realidades locais e mundiais, está sujeita, pelo menos a duas 
situações:(1) perder uma das razões da sua existência e que é a de contribuir 
para uma educação para todos; (2) ser um veículo de marginalização de certos 
grupos sociais e obrigá-los a um processo de assimilação, sujeitando-os a uma 
perda das suas identidades culturais. (LEITE, 2002, p. 97). 
 
A criança tem que se ver representada em todos os espaços ao qual interage, não só em 
seu lar, mas principalmente nos espaços em comum que divide com outras crianças, e na escola 
há um encontro multicultural muito grande e que a cada dia se tornará mais cheio de diferenças, 
por isso a escola precisa começar a promover ações onde a criança se sinta ou tenha uma visão 
de igualdade mesmo estando entre pessoas diferentes. 
 
11 
 
 
Portanto, a escola deve adotar estratégias baseadas em programas curriculares que 
manifestem a diversidade de culturas, onde a história real do Brasil possa ser estudada, 
discutida, apreendida e valorizada, e também em promover a diversidade étnica, tanto da escola 
quanto do aluno. E o papel fundamental do educador é promover a integração dos alunos com 
diversas culturas, entretanto que ao mesmo tempo não ocorra a perda da identidade cultural de 
cada um. 
 
 
6 REFERÊNCIAS 
 
BARTH, F. Grupos étnicos e suas fronteiras. In: POUTIG-NAT, P.; STREIFF-FENART, J. 
Teorias da etnicidade.São Paulo: Editora UNESP, 1998. Disponível em: < 
http://www.santoandre.sp.gov.br/pesquisa/ebooks/364142.pdf>. Acesso em: 08 jul 2018. 
 
BERNESTEIN, B. In Diálogo Entreculturas. n. 18. p. 2. Ed. Morata, Madrid, 1996. 
Disponível em: < https://comim.rcaap.pt/bistream/10400.26/3683/1/PaulaRodrigues.pdf>. 
Acesso em: 08 jul. 2018. 
 
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo 
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-
Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003. 
 
BRITO, Maria da Glória Franco. A valorização da cultura africana e afro-brasileira em 
uma escola da rede pública do estado da Paraíba. 2014. 31f. Dissertação (Especialização) 
– UEPB, Itabaiana, 2014. Disponível em: 
<http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/lei-10639-03-ensino-historia-
cultura-afro-brasileira-africana.htm>. Acesso em: 05 jul 2018. 
 
CANEN, Ana. O multiculturalismo e seus dilemas: implicações na educação. Comunicação 
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em:<https://www.researchgate.net/publication/237591283_O_multiculturalismo_e_seus_dile
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FARIA, Ederson de; SOUZA, Vera Lúcia Trevisan de. Sobre o conceito de identidade: 
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Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP. Volume 15, Número 1, Janeiro/Junho de 
 
12 
 
 
2011, p. 35-42. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/pee/v15n1/04.pdf >. Acesso em: 
08 jul. 2018. 
 
FERNANDES, José Ricardo Oriá. Ensino de História e Diversidade Cultural: Desafios e 
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