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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL 02 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu- ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis- taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil- idade, segurança e modernidade, visando à satis- fação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 03 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com S7293e Souza, Cinthia Ferreira. Ética e responsabilidade social e ambiental/Cinthia Ferreira Souza – Serra: Multivix, 2017. 98 f.: il.; 30 cm Inclui referências. 1. Ética 2. Ética empresarial 3. Responsabilidade social 4. Educação ambiental I. Faculdade Multivix – NeaD. II. Título. CDD: 170 EDITORIAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Felix Soares Multivix Educação à Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EAD 04 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO - R E I TO R APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, procura fazer a sua parte, investindo em projetos sociais, ambientais e na promoção de oportunidades para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segu- rança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 05 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO Bem-vindo(a) à disciplina de Ética, Responsabilida- de Social e Ambiental, na qual estudaremos, para aprofundar seus conhecimentos, os conceitos de ética, no âmbito empresarial enfatizando visões clássicas e socioeconômicas, além do desenvolvi- mento ambiental na sociedade e educação, correla- cionando-os às disciplinas de formação profissional. Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada em 06 (seis) unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, podem ser subdivididos em seções (tópicos), atendendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem. De modo geral, na disciplina de Ética, Responsabi- lidade Social e Ambiental, trata de Conceitos como Ética, Moral, Ética Empresarial e tópicos relaciona- dos ao Meio Ambiente e Cidadania. Ao longo da disciplina destacaremos e promove- remos uma discussão partindo da contextualiza- ção dos principais conceitos de Ética e Meio Am- biente, destacando os vários enfoques específicos de cada área para, assim, realizarmos um bom curso. Para tanto, fique atento(a) à leitura dos mais importantes conceitos da atualidade no que se re- fere à Ética e Meio Ambiente dentro da realidade da sociedade vigente. Enfim, esperamos promover reflexões acerca do as- sunto e desejamos sucesso e bons estudos! APRESENTAÇÃO GERAL DA DISCIPLINA 06 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS > > > > > > > Figura 01: Partenon (templo da deusa Atena) 24 Figura 02: Sistema Feudal 26 Figura 03: Homem Vitruviano – Leonardo da Vincci 27 Figura 04: Revolução Francesa – Queda da Bastilha 29 Figura 05: Segunda Guerra Mundial 30 Figura 06: Os três pilaresda sustentabilidade 65 Figura 07: Coleta Seletiva 89 07 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO SUMÁRIO 2UNIDADE 1UNIDADE CONCEITO DE ÉTICA 11 1.1 CONCEITOS BÁSICOS: ÉTICA, MORAL, VALORES, DILEMAS, COSTUMES E HÁBITOS 11 1.2 O QUE É ÉTICA? 11 1.3 ESTUDO DA ÉTICA 12 1.4 CONCEITO DE MORAL 12 1.5 DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL 13 1.6 ATO MORAL 13 1.7 OS VALORES 14 1.8 DILEMAS ÉTICOS 15 1.9 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO ÉTICO 16 1.10 ÉTICA EMPRESARIAL 18 AS VISÕES SOBRE A ÉTICA EMPRESARIAL: VISÃO CLÁSSICA E SOCIOECONÔMICA 22 2.1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ÉTICA EMPRESARIAL 22 2.2 AS TEORIAS SOBRE A ÉTICA AO LONGO DO TEMPO 24 2.2.1 ANTIGA GRÉCIA 24 2.2.2 IDADE MÉDIA 26 2.2.3 IDADE MODERNA 27 2.2.4 IDADE CONTEMPORÂNEA 29 AS IMPLICAÇÕES ÉTICAS NAS DECISÕES CORPORATIVAS DE CUNHO ECONÔMICO E SOCIAL 34 3.1 O QUE É ECONOMIA? 34 3.2 RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E ECONOMIA 35 3.4 ÉTICA PROFISSIONAL E ÉTICA ORGANIZACIONAL 40 3.5 DESAFIOS ÉTICOS NO MILÊNIO 42 3.5.1 ÉTICA NAS EMPRESAS 42 3.5.2 CONSULTORIA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES 44 3.5.3 GUARDIÃO DE ÉTICA DAS EMPRESAS 45 3.6 VALORES NAS EMPRESAS 47 3.6.1 OUTROS EXEMPLOS DE VALORES 48 3UNIDADE 08 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO DO DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL DO MILÊNIO 52 4.1 OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO (ODM) 52 4.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE SÃO OS ODS? 54 4.2.1 OBJETIVO DO MILÊNIO 7: GARANTIR A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 55 4.2.2 OBJETIVO 7 55 4.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 56 SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 62 5.1 SUSTENTABILIDADE 62 5.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL: UM INVESTIMENTO EMPRESARIAL 66 5.3 BREVE HISTÓRICO DA RESPONSABLIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS 69 5.4 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIETAL 70 5.5 ÉTICA CORPORATIVA 74 EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA UM CIDADÃO GLOBAL 80 6.1 CIDADANIA 80 6.1.1 CIDADANIA AMBIENTAL 81 6.1.2 CIDADANIA AMBIENTAL GLOBAL 82 6.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 84 6.2.1 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 84 6.2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – HISTÓRICO 85 6.2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA 89 REFERÊNCIAS 94 SUMÁRIO 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 09 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 10 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO UNIDADE 1 > Compreender os conceitos apresentados e trazer uma reflexão crítica acerca da ética na atualidade. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos: 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO 1 CONCEITO DE ÉTICA 1.1 CONCEITOS BÁSICOS: ÉTICA, MORAL, VALORES, DILEMAS, COSTUMES E HÁBITOS 1.2 O QUE É ÉTICA? É uma ciência prática e normativa que estuda o comportamento dos homens, que convivem socialmente sob uma série de normas que lhes permitem ordenar suas ações, as quais o mesmo grupo social estabeleceu. Os conceitos de moral e ética, embora sejam diferentes, são usados com frequência como sinônimos. A etimologia dos termos é semelhante: moral vem do latim mos, moris, que significa “maneira de se comportar regulada pelo uso”, daí “costume”, e de moralis, morale, adjetivo referente ao que é “relativo aos costumes”. Ética vem do grego ethos, que tem o mesmo significado de “costume” (ARANHA; MARTINS, p. 274, 1993). 12 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.3 ESTUDO DA ÉTICA A ética é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das nações e princípios que fundamentam a vida moral. Para o filósofo Mario Sergio Cortella, “não existe ética individual. Ética é sempre de um grupo, de uma coletividade. Ela é um conjunto de valores que você e eu utilizamos em nossa conduta”. (p. 51, 2013) Ainda Cortella (2008, p. 106), “a ética é o que marca a nossa fronteira da nossa con- vivência. Seja com as outras pessoas, seja com o mercado, seja com os indivíduos. Ética é aquela perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos”. 1 - Não se desespere: provocações filosóficas. Mario Sergio Cortella, capítulo: Ética não é enfeite, p. 51, 2013. 2 - Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. Mario Sergio Cortella. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2008 SUGESTÃO DE LEITURA 1.4 CONCEITO DE MORAL Conjunto de costumes, crenças, valores e normas de uma pessoa ou grupo social, que funciona como um guia para o trabalho, ou seja, que orienta sobre o bem ou mal - certo ou errado - de uma ação. Conjunto de regras e normas de ações, destina- da a regular as relações dos indivíduos em uma comunidade. 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO 1.5 DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL A moral é a prática, é o exercício das suas condutas. A ética são os princípios que orientam a sua conduta. Do ponto de vista teórico, ética e moral não são a mesma coisa. Estão conexas. Eu posso dizer que algo é imoral, mas não posso dizer que é aé- tico. É imoral quando colide com determinados princípios que uma sociedade tem. O policial que aceita propina tem ética? Tem. E aquele que oferece propina, tem ética? Tem. Portanto, existem morais particulares, mas a ética é sempre de um grupo, sempre de uma estrutura maior, porque não existe razão para você ter princípios de conduta e valores se você vive só. O que é dentro da moral para o índio, como andar nu, não o é para os "civilizados “. Tem o poder de decidir, escolher e julgar. Uma pessoa com problemas mentais, uma criança ou bebês, um ido- so de muita idade. 1.6 ATO MORAL Todo ato realizado pelo homem está sujeito à aprovação ou sanção dos demais. - Moral: é sempre ligado aos costumes de um povo específico. - Amoral: não tem o poder de decidir, escolher e julgar. 14 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO - Imoral: que não tem nenhum princípio de moral; que vive contrariamente à moral: homem imoral. Devasso, desonesto, libertino. - Aético: aquele a quem não se aplica a questão da ética. - Antiético: algo contrário a uma ética que esse grupo compartilha e aceita. Vamos ao exemplo do bandido. Posso dizer que um bandido tem ética? Posso. Ele tem princípios e valores para decidir, avaliar e julgar. O que eu posso dizer é que a ética dele é contrária à minha e à sua. Então é antiético. Não confunda com aético, isto é, aquele a quem não se aplica a questão da ética. Existe algum tipo de ser humano que eu posso dizer que é aético? Sim, aquele que não puder decidir, avaliar, julgar. Por exemplo, o Imposto de Renda tem uma legisla- ção que permite que seja seu dependente quem for incapaz: o menor até determi- nada idade, uma pessoa com muita idade, pessoas com algumtipo de deficiência. 1.7 OS VALORES Os valores são características morais que todas as pessoas possuem, tais como a hu- mildade, a piedade e o respeito. Considera-se "valor" aquelas qualidades ou características dos objetos, das ações ou das instituições, selecionadas ou eleitas de maneira livre e consciente. Servem ao in- divíduo para orientar seus comportamentos e ações, na satisfação de determinadas necessidades. Eles são importantes, pois orientam a nossa conduta. Com base neles decidimos como agir diante das diferentes situações que a vida nos impõe. Relacionam-se prin- 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO cipalmente com os efeitos que tem sobre o que fazemos para as pessoas, para a sociedade ou em nosso ambiente geral. SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES SÃO: Motivam, impulsam a ação e dizem o que fazer. Dão significado aos comportamentos e os legitimam. Servem como guia e orientação. A questão dos valores, da ética e da moral está muito vinculada com a dos direitos e obrigações do cidadão e do ser humano em geral, por esta razão, ensinar os valores preparará as pessoas para que suas decisões, atitudes e ações sejam respeitosas e responsáveis, para si e para os demais. 1.8 DILEMAS ÉTICOS Nós vivemos muitas vezes dilemas éticos. Há situações em que você tem de decidir “sim ou não" o colocam num conflito. Dilema é quando você quer os dois, por isso é que seu prefixo é "di". Os dois podem ser escolhidos, mas apenas um é eticamente correto. Se você tem autonomia e liberdade, vive dilemas éticos. Não tem como não vivê-los. Para Cortella (p.106, 2008), a ética é um conjunto de princípios e valores que você usa para responder as três grandes perguntas da vida humana: Quero? Posso? Devo? No dilema ético, há coisas que eu quero, mas não devo. Há coisas que eu devo, mas não posso. Há coisas que eu posso, mas não quero. Quando você vive um conflito, muitas vezes é um dilema ético. 16 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.9 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO ÉTICO A existência de dilemas morais é incontestável e inevitável. Somos seres morais e, por isso, apresentamos dilemas morais. A grande pergunta que toma conta do pensa- mento filosófico da tradição ética poderia ser resumida na seguinte questão: Há uma regularidade para a ética? Podemos estabelecer uma regra geral, que determine o que é ético, o que deve ser seguido por todos, ou isto se dá de acordo com a consci- ência de cada um? Inicialmente, podemos entender a existência de duas realidades quando falamos na questão ética: A REALIDADE FATUAL (aquilo que é) e a REALIDADE NORMATIVA (aquilo que deve ser). O homem é um ser moral, cuja ação se fundamenta em um conjunto de valores que representam expectativas, aspirações. Ética, portanto, fun- damenta-se em uma teoria dos valores, do grego axiologia (axios=valores, logia=teo- ria). Por isso, falar em ética é falar em consciência moral, o que envolve julgamentos e conceitos de certo ou errado. A consciência moral pode ser definida como uma apreciação espontânea que o homem faz de sua própria conduta. Implica na deliberação diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na ação. É no ato de deliberar (escolher) que consideramos algo justo ou injusto, certo ou errado, como bem ou mal. Nesse sentido consideramos a existência de dois tipos de juízos, a saber: JUÍZOS DE FATO e JUÍZOS DE VALOR. Os de fato representam aquilo que é a vida cotidiana, o entendimento das ciências, a filosofia. Por exemplo, ao definirmos o homem como um ser mortal, este é um juízo de fato, inquestionável e aceito por todos. É objetivo, universal. Os de valor refere-se àquilo que deve ser, ao ideal apresentado de um mundo de valores dados pela mo- ral, pelas artes, pela religião e pela política. Como exemplo, no mesmo caso anterior, ao avaliarmos uma pessoa como boa ou má, partimos da nossa subjetividade, do nosso julgamento, o que não implica que se ela é boa para mim também o seja para todos que convivem com ela. As análises serão pessoais e não serão unânimes com certeza. Esses juízos resultam do exercício da consciência moral que, por sua vez, pressupõe responsabilidade, autonomia e liberdade. 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO O SUJEITO É ÉTICO/ MORAL, PORTANTO, DEVE TER CONDIÇÕES DE RESPONDER POR SEUS ATOS. Neste ponto, podemos falar em juízos éticos de valor. Estes são juízos normativos. Eles prescrevem as maneiras de agir, as regras, as normas do comportamento a par- tir do que é tido como certo ou errado. Avaliam coisas como boas ou más; desejáveis ou indesejáveis. Aqui está a importância da questão da auto- nomia: o sujeito moral é livre (autônomo) ao fundamentar o seu ato moral, ao deliberar a ação que vai praticar, ou é determinado (he- terônomo), ou seja, outros determinam por ele porque deve agir de tal forma. É o con- fronto entre autonomia e heteronomia. Como esclarecimento final, o estudo da ética em filosofia, falar em ética é falar em moral, ou filosofia moral. Porém, para facilitar a com- preensão e distingui-la do senso comum, fa- remos a separação conceitual entre ambas. Ética, do grego ethos (valores, costumes), será entendida como a preocupação com os fundamentos e a validade das normas mo- rais e dos juízos de valor ou de apreciação sobre as ações humanas, qualificadas de boas ou más. Portanto é o que nos interessa filosoficamente. Não é preocupação da filosofia inicialmente determinar o que é certo ou errado, mas buscar o fundamen- to, a validade daquilo que é considerado certo ou errado. Como moral, que vem do latim mos, moris (valores, costumes), podemos entender as normas ou regras que regem (ou deveriam reger) certos aspectos da conduta humana. Neste ponto, entenderemos os “códigos morais”, sejam eles, religiosos, profissionais ou de qualquer outra natureza. São códigos que determinam as normas para viver bem, para exercer a profissão ou que obrigam à prática de atitudes sob a condição de punição caso haja transgressão, mas que não levam necessariamente o indivíduo Em outras palavras, o grande problema que se estabelece é saber o que fundamenta o ato moral: a liberdade ou o determinismo. Por que agimos ou devemos agir normalmente? 18 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO à reflexão ou à questão de saber “por que” age ou deve agir assim. Aqui não temos uma preocupação com o fundamento da ação, mas com a determinação desta de forma heterônoma, ou seja, externa ao indivíduo. 1.10 ÉTICA EMPRESARIAL A ética empresarial é o ramo da ética diretamente ligada às empresas, que é referen- te à sua conduta ética, ou seja, à forma moralmente correta com que as empresas in- teragem com o seu meio envolvente. Ela fortalece uma empresa, melhorando a sua reputação e tendo também um impacto positivo nos seus resultados. Uma empresa que cumpra determinados padrões éticos vai crescer, e vai favorecer a sociedade, os seus fornecedores, clientes, funcionários, sócios e até mesmo o governo. A ética em- presarial é uma prática essencial de uma empresa, assim como a responsabilidade social e responsabilidade socioambiental. Um dos grandes benefícios da ética empresarial é que ela é reconhecida e valorizada pelo cliente, sendo estabelecida uma relação de confiança. Essarelação, baseada na 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO satisfação do cliente, vai originar lucro para a empresa, ajudando a que ela cumpra os seus objetivos. No entanto, a confiança com o cliente é uma coisa que demora algum tempo a conseguir e pode ser perdida com algum erro cometido no âmbito empresarial. A ética empresarial é a razão de ser de uma empresa, e as empresas que não fun- cionam de forma ética, por exemplo, tentando ganhar dinheiro fácil enganando os clientes, estão condenadas ao fracasso. Atualmente, a ética empresarial é colocada como uma meta essencial a ser alcançada no mundo corporativo. A cultura ética e sua gestão nas empresas são temas tratados com importância igual ou superior aos próprios resultados, à inovação, à excelência e ao sucesso financeiro. Ao longo da última década, tanto a alta administração quanto os demais colabo- radores nas grandes corporações passaram a identificar os valores e a missão das empresas como requisitos obrigatórios para demonstrar a seriedade de propósitos e a transparência na administração para o mundo corporativo. Essa reação se intensificou em especial quando, ao final do século XX, o mundo foi palco de uma série de atos de corrupção e fraude praticados por altos executivos em grandes empresas, abalando a reputação de diversos conglomerados globais. Hoje em dia, os valores e a missão nas empresas, compondo os princípios éticos pelos quais as companhias devem se pautar, tornaram-se essenciais para nortear as metas e a postura de seus colaboradores, deixando clara a vocação das empresas de respeitar e beneficiar não somente seus acionistas, mas a todos os públicos de interesse. 20 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Atualmente, a transparência e a ética na prática dos atos de comércio, indústria e na prestação de serviços, são exigências de comportamento esperadas e plenamente reconhecidas pela comunidade global. Pode-se afirmar ainda que a construção da reputação e da imagem das empresas globais depende fundamentalmente da atu- ação das organizações com base em valores éticos e nos parâmetros de honestidade, decência e respeito a todos os públicos interessados. ÉTICA NO TRABALHO A ética deve ser endendida como um valor da organização, que assegura sua sobrevivenca, sua reputação e, consequentemenre, seus bons resultados. A ética deve sempre estar presente em suas atividades. Não importa se você trabalha em uma multinacional ou numa microempresa, todas as suas ações são vigiadas e, optando pelo bem ou pelo mal, um dia você terá que prestar contas de tudo. ANOTAÇÕES 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO > Compreender e reconhecer a relevância dos pensadores para a disseminação da ética/ ética empresarial e a interferência de cada momento histórico na consolidação da ética. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos: UNIDADE 2 22 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 AS VISÕES SOBRE A ÉTICA EMPRESARIAL: VISÃO CLÁSSICA E SOCIOECONÔMICA 2.1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ÉTICA EMPRESARIAL A evolução histórica do conceito e da prática da ética empresarial é extremamen- te recente, tendo se estabelecido principalmente durante o século XX. Dentro desse período, as maiores mudanças foram acontecendo especialmente a partir dos anos 1950. Até a década de 1950 alguns acontecimentos como o estabelecimento de leis tra- balhistas em vários países (inclusive o Brasil), com a observância dos direitos ele- mentares dos trabalhadores (salário mínimo, férias, descanso semanal remunerado, alimentação, saúde, ...) e lutas em prol dos direitos civis e um tímido início de ati- vidades em prol da defesa do meio-ambiente podem ser considerados os grandes avanços do tema: ética. A década de 1960, influenciada pela religião (de distintas origens), pregava a mo- ralidade nos negócios, a ampliação e respeito aos direitos dos trabalhadores, os valores humanistas e a luta contra a pobreza. A presença da religião na ética não apenas influenciou o mundo empresarial, também se fez presente nas questões da política, da vida familiar e das questões pessoais inerentes a cada indivíduo. É também nesta década que surge nos Estados Unidos, ainda durante a administra- O texto abaixo intitulado Natureza e ética: dilemas e perspectivas educacionais está na íntegra e é de autoria de A. Heemann. 2. ed. Curitiba: Ed. UFPR,1998. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO ção de John Kennedy, a Consumer’s Bill of Rights, ou o equivalente ao Código do Consumidor, criado no Brasil na década de 1990. No final da década de 1960 o governo norte-americano assume compromissos quanto à necessidade de prover ao cidadão de seu país certo grau de estabilidade econômica. Nesse sentido aumenta a fiscalização e o rigor de seu controle sobre as empresas visando evitar atividades consideradas ilícitas e antiéticas. A década de 1970 presenciou o crescimento do interesse público nas questões organizacionais. Esforços acadêmicos surgem no intuito de melhor definir esse fenômeno. Filósofos, sociólogos e estudiosos de outras áreas iniciaram estudos que visavam relacionar a teoria ética ao campo empresarial. Durante esse período, questões importantes ganharam destaque como a segurança de produtos, a preservação do meio ambiente, subornos, cartéis ou a publicidade enganosa, alertando o grande público da necessidade de se cobrar das empresas um comportamento mais correto e justo em relação à sociedade. As grandes empresas aderem aos conceitos e à necessidade de plenamente viven- ciar a ética empresarial somente a partir dos anos 1980. São auxiliadas pelo sur- gimento de cursos que procuram apresentar, debater e fomentar discussões que renovem o conceito e promovam sua aplicação no mundo real. O cerco da socie- dade, do mundo acadêmico e do governo dos Estados Unidos fez com que muitas empresas norte-americanas tentassem maior autonomia em suas decisões e en- caminhamentos. Como isso não foi possível em seu próprio país passa a atuar em economias subdesenvolvidas ou emergentes, onde a organização quanto à ética empresarial e, consequentemente, as pressões, eram menores. Nesta mesma década, 1980, a ética empresarial passou a ser associada ao concei- to de Responsabilidade Social. São termos afins no que tange a seus objetivos e finalidades, mas constituem conceitos diferentes já que a Responsabilidade Social refere-se às obrigações assumidas pelas empresas junto à sociedade com o intuito de socializar os efeitos positivos de sua atuação (e minimizar ações negativas) jun- tamente a comunidade que a acolheu e, numa visão mais ampla, estender essa atuação relativamente à própria humanidade. Muitas pessoas acreditam que quando falamos em responsabilidade social nos re- ferimos tão somente às ações éticas e filantrópicas, porém o âmbito desses compro- missos é maior, pois atinge também os compromissos legais e econômicos dessas instituições. O advento dos anos 1990 e do século XXI têm cobrado mais respon- sabilidade social das empresas e, consequentemente, o aprimoramento e a defesa sistemática da ética empresarial. 24 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL EAMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.2 AS TEORIAS SOBRE A ÉTICA AO LONGO DO TEMPO As teorias éticas nascem e desenvolvem-se em diferentes sociedades como resposta aos problemas resultantes das relações entre os homens. Os contextos históricos são elementos muito importantes para se perceber as condições que estiveram na ori- gem de certas problemáticas morais que ainda hoje permanecem atuais. Vejamos algumas concepções sobre ética ao longo dos períodos históricos: 2.2.1 ANTIGA GRÉCIA Figura 01: Partenon (templo da deusa Atena) construído na Acrópole de Atenas (século V a.C) Sócrates (470-399 a.C.): Defende o caráter eterno de certos valores como o bem, virtude, justiça e saber. O valor supremo da vida é atingir a perfeição e tudo deve ser feito em função deste ideal, o qual só pode ser obtido através do saber. Na vida privada ou na vida pública, todos tinham a obrigação de se aperfeiçoarem fazendo o bem, sendo justos. O homem sábio só pode fazer o bem, sendo as injustiças próprias 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO dos ignorantes (Intelectualismo Moral). Platão (427-347 a.C.): Defende o valor supremo do Bem. O ideal que todos os ho- mens livres deveriam tentar atingir. Para isto acontecesse deveriam ser reunidas, pelo menos duas condições: 1. Os homens deviam seguir apenas a razão desprezando os instintos ou as paixões; 2. A sociedade devia de ser reorganizada, sendo o poder con- fiado aos sábios, de modo a evitar que as almas fossem corrompidas pela maioria, composta por homens ignorantes e dominados pelos instintos ou paixões. Aristóteles (384-322 a.C.): Como já visto anteriormente, defende o valor supremo da felicidade. A finalidade de todo o homem é ser feliz. Para que isto aconteça é neces- sário que cada um siga a sua própria natureza, evite os excessos, seguindo sempre a via do "meio termo" (Justa Medida). Ninguém consegue, todavia ser feliz sozinho. Aristóteles, à semelhança de Platão coloca a questão da necessidade de reorganizar a sociedade de modo a proporcionar que cada um dos seus membros possa ser feliz na sua respectiva condição. Ética e política acabam sempre por estar unidas. 26 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.2.2 IDADE MÉDIA O longo período que se esten- de entre o século IV e o século XV são marcados pelo predo- mínio absoluto da moral cristã. Deus é identificado com o Bem, Justiça e Verdade. É o modelo que todos os homens deviam procurar seguir. Neste contex- to dificilmente se concebe a existência de teorias éticas au- tônomas da doutrina da Igreja Cristã, dado que todas elas de uma forma ou outra teriam que estar de concordo com os seus princípios. Santo Agostinho (354-430): Fundamentou a moral cris- tã com elementos filosóficos da filosofia clássica. O ob- jetivo da moral é ajudar os seres humanos a serem fe- lizes, mas a felicidade suprema consiste num encontro amoroso do homem com Deus. Só através pela graça de Deus podemos ser verdadeiramente felizes. St. Tomás Aquino (1225-1274): No essencial concorda com Santo Agostinho, mas procura fundamentar a éti- ca tendo em conta as questões colocadas na antiguida- de clássica por Aristóteles. Figura 02 : Sistema Feudal 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO 2.2.3 IDADE MODERNA Figura 03: Homem Vitruviano – Leonardo da Vincci Entre os séculos XVI e XVIII, a sociedade Europeia é varrida por profundas mudanças que alteram completamente as concepções anteriores. Vejamos as mudanças que ajudaram a definir teorias éticas da época: RENASCIMENTO: Na Itália a partir do século XIV desenvolve-se um movimento filo- sófico e artístico que retoma explicitamente ideias da Antiguidade Clássica. O ho- mem ocupa nestas ideias o lugar central (antropocentrismo). Este movimento acaba por ser difundir por toda a Europa a partir do século XVI. DESCOBERTAS GEOGRÁFICAS: A aventura iniciada em 1415 pelos portugueses teve um profundo impacto na sociedade europeia. Em consequência destas descobertas as concepções sobre a Terra e o Universo tiveram que ser alteradas. A terra, o Sol, mas também o Homem perdeu neste processo a sua importância e significado. As des- cobertas revelaram igualmente a existência de outros povos, culturas, religiões até aí desconhecidas. A realidade tornou-se muitíssima mais complexa e plural. 28 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO DIVISÕES NA IGREJA: O século XVI é marcado por diversos movimentos de ruptura no cristianismo, que provocam o aparecimento de novas igrejas, cada uma recla- mando para si a interpretação mais correta da palavra divina. Não admira que este período seja marcado por numerosos e sangrentos conflitos religiosos. O resultado global foi o aumento da descrença, o desenvolvimento do ateísmo. CIÊNCIA MODERNA: O grande critério do conhecimento deixa de ser a tradição, a autoridade e passa a ser a experiência. Fato que coloca radicalmente em causa cren- ça milenar. É o resultado destes e muitos outros fatores, que assistimos ao longo de toda a Idade Moderna ao desenvolvimento do Individualismo e a afirmação da razão humana. O grande sinal desta mudança foi a multiplicação das teorias éticas, muitas das quais em contradição com os fundamentos do próprio cristianismo. Vejamos: • Descartes (1596-1650): Este filósofo simboliza toda a fé que a Idade Moderna depositava na razão humana. Só ela nos permitiria construir um conhecimento absoluto. Em termos morais mostrou-se, todavia, muito cauteloso. Neste caso reconheceu que seria impossível estabelecer princípios seguros para a ação humana. Limitou-se a recomendar uma moral provisória de tendência estóica: o seu único princípio ético consistia em seguir as normas e os costumes morais que visse a maioria seguir, evitando deste modo rupturas ou conflitos. • John Locke (1632-1704): Este filósofo parte do princípio que todos os homens nascem com os mesmos direitos (Direito á Liberdade, à Propriedade, à Vida). A sociedade foi constituída, através de um contrato social, que visava garantir e reforçar estes mesmos direitos. Neste sentido, as relações entre os homens devem ser pautadas pelo seu escrupuloso respeito. • David Hume (1711-1778): Defende que as nossas ações são em geral motivadas pelas paixões. Os dois princípios éticos fundamentais são a utilidade e a sim- patia. • Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): Concebe o homem como um ser bom por natureza (mito do "bom selvagem”) e atribui a causa de todos os males à sociedade e à moral que o corromperam. O Homem sábio é aquele que segue a natureza e despreza as convenções sociais. A natureza é entendida como algo harmonioso e racional. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO 2.2.4 IDADE CONTEMPORÂNEA Se quisermos estabelecer um começo para a Idade Contemporânea, temos que re- cuar até aos finais do século XVIII. O que então se iniciou na Europa veio a contribuir de forma decisiva para formar o mundo em que vivemos. Revoluções: A Revolução Francesa (1789) marcou uma ruptura deliberada e radical com o passado. Depois dela muitas outras ocorreram até aos nossos diascom idên- ticos propósitos. Quase sempre foram iniciadas em nome da libertação do povo da opressão (ditaduras, regimes colonialistas etc). Prometeram criar novas sociedades e homens, mas o que produziram foram frequentemente novas matanças. Figura 04: Revolução Francesa – Queda da Bastilha 30 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Guerras Mundiais: A partilha do mundo, a conquista de recursos naturais, os sa- ques de riquezas acumulados foram sempre uma constante ao longo da história da Humanidade. A grande novidade na Idade Contemporânea assentou num aspecto essencial: crescentes eficiências da barbárie praticada por poderosas máquinas de guerra passaram a operar numa escala cada vez mais global. A França napoleônica, no inicio do século XIX, mostrou o caminho que outros países ou alianças de países haviam de prosseguir na guerra e no saque de povos. A dimensão desta barbárie colocou causa os fundamentos da racionalidade e moralidade do mundo ocidental. Progresso científico e tecnológico: A ciência substituiu o lugar que antes era ocu- pado pela religião na condução dos homens. Os cientistas foram apontados como os novos sacerdotes. O balanço desta substituição continua a ser objeto de enormes polêmicas, mas três coisas são hoje evidentes: a) A ciência e a tecnologia mudaram o mundo possibilitando uma melhoria mui- to significativa da vida de uma parte significativa da humanidade. Apesar do imenso bem-estar proporcionado, a verdade é que as desigualdades a nível mundial não diminuíram e se acentuaram. Uns não sabem o que fazer com tanto desperdício, outros lutam diariamente por obter restos que lhes permi- tam sobreviver. Figura 05: Segunda Guerra Mundial 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO b) Não parecem existir limites para o desenvolvimento da ciência e da técnica. Aquilo que era antes impensável tornou-se hoje banal: manipulações genéticas, clonagem de seres, inseminação artificial, morte assistida etc. Valores tidos por sagrados são agora quotidianamente aniquilados por experiências científicas. c) O progresso humano fez-se mais lentamente que o progresso científico e tec- nológico, ou dito de outro modo, o progresso moral não acompanhou o cien- tífico. Ao longo de todo o século XX inúmeras foram as figuras do mundo da ciência e da técnica envolvidas em intermináveis de atos de pura barbárie em nada se distinguindo dos antigos "selvagens". O século XIX e XX foi por tudo isto marcado pelo aparecimento de um enorme nú- mero de teorias éticas, mas também pela própria crítica dos fundamentos da moral. Esta pluralidade revela igualmente a enorme dificuldade que os homens têm sen- tido em estabelecer consensos sobre as normas em que devem de assentar as suas relações. Vejamos: Kant (1724-1804): Partindo de uma concepção universalista do homem, já visto an- teriormente, afirma que este só age moralmente quando, pela sua livre vontade, determina as suas ações com a intenção de respeitar os princípios que reconheceu como bons. O que o motiva, neste caso, é o puro dever de cumprir aquilo que racio- nalmente estabeleceu sem considerar as suas consequências. A moral assume assim, um conteúdo puramente formal, isto é, não nos diz o que devemos fazer (conteúdo da ação), mas apenas o princípio (forma) que devemos seguir para que a ação seja considerada boa. Jeremy Bentham(1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873): Desenvolveram uma ética baseada no princípio da utilidade. As ações morais são avaliadas em função das con- sequências morais que originam para quem as pratica, mas também para quem recaem os resultados. Princípio que deve nortear a ação moral: "A máxima felicidade possível para o maior número possível de pessoas". O Bom é aquilo que for útil para o maior número de pessoas, melhorando o bem-estar de todos, e o Mal o seu contrário. Habermas (1929): Após a 2ª Guerra Mundial, Habermas surge a defender uma ética baseada no diálogo entre indivíduos em situação de equidade e igualdade. A vali- dade das normas morais depende de acordos livremente discutidos e aceites entre todos os implicados na ação. 32 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Hans Jonas (1903-1993): Perante a barbárie cotidiana e a ameaça da destruição do planeta, Hans Jonas, defende uma moral baseada na responsabilidade que todos temos em preservar e transmitir às gerações futuras uma terra onde a vida possa ser vivida com autenticidade. Daí o seu princípio fundamental: "Age de tal modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência da uma vida humana autêntica na terra". Novas Problemáticas: As profundas transformações sociais, culturais e científicas das nossas sociedades colocaram novos problemas éticos, nomeadamente em domínios como a tecnociência (clonagem, manipulação genética, eutanásia etc.), ecologia, co- municação de massas etc. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO UNIDADE 3 > Apresentar os conceitos de ética profissional e organizacional. Promover a análise crítica sobre os desafios da ética no ambiente corporativo. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos: 34 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3 AS IMPLICAÇÕES ÉTICAS NAS DECISÕES CORPORATIVAS DE CUNHO ECONÔMICO E SOCIAL 3.1 O QUE É ECONOMIA? O texto a seguir intitulado Fundamentos de ética empresarial e econômica é adap- tado e tem como autores: ARRUDA, Maria Cecilia Coutinho de. WHITAKER, Maria do Carmo. RAMOS, José Maria Rodriguez. São Paulo: Editora Atlas, 2005. 143-150p. Até aqui se falou apenas de ética, falta conceituar a economia. Eis algumas defini- ções compiladas por Samuelson (1970): 1. Economia é o estudo das atividades que, com ou sem dinheiro, envolvam ope- rações de troca entre as pessoas. 2. Economia é o estudo de como os homens selecionam a utilização de recursos produtivos escassos ou limitados para produzir várias mercadorias e distribuí- -las aos diversos membros da sociedade, para consumo. 3. Economia é o estudo de como a humanidade realiza a tarefa de organizar suas atividades de consumo e produção. 4. Economia é o estudo da riqueza. Poderíamos continuar listando outras definições. É sempre difícil resumir em poucas linhas uma descrição exata de uma ciência de modo a caracterizar suas fronteiras, delimitando-a em face das de outras disciplinas, dando a entender ao principiante tudo que ela é. Com base nessa definição mais clássica sugere-se outra mais completa, por assumir que a ciência econômica é uma só, incluindo tanto a abordagem positiva quanto a normativa ou política. “Economia é a ciência social que estuda o comportamento 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO humano (individual e social) como adequação do uso dos meios limitados de que o homem dispõe para a realização de fins diversos em função da sua natureza, que pressupõe liberdade.” (RAMOS,1993). 3.2 RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E ECONOMIA Definidas as duas ciências, constata-se que ambas têm o mesmo objeto, estudam o homem, porém cada uma delas o analisa sob ângulos diferentes. A economia,como se viu, estuda o comportamento humano condicionado pela escassez, pela limitação de meios e de tempo em relação aos objetivos a que se propõe. Robbins apresentou uma definição geral de economia, abrangendo vários aspectos dos enfoques listados, acatada por muitos economistas e estudiosos: Economia é a ciência que estuda o comportamento humano como um relacionamento entre fins e meios escassos que têm usos alternativos (ROBINS,1935). A ética estuda as ações do homem em relação à sua moralidade, isto é, julga se são boas ou más. Diz respeito, portanto, não aos fins próximos do homem, como com- prar uma casa, um carro, estudar tal curso universitário ou trabalhar em determinada empresa, mas ao seu fim último, isto é, se essas ações contribuem ou não para a sua finalidade essencial. Este ponto merece ser bem explicado. O homem é um ser com uma unidade essencial e profunda em sua vida. Ele pode propor-se como objetivo desempenhar determinada profissão, formar uma família, comprar uma casa na praia, associar-se a determinado partido político. Todas essas finalidades não são independentes da ética ou moral, precisamente em função da unidade de sua pessoa. Alcançar cada uma dessas metas ou projetos pode envolver um aspecto ético impor- tante. Uma pessoa pode comprar um avião com dinheiro que ganhou trabalhando e poupando durante anos, ou com dinheiro que roubou num instante. Outro pode conseguir um emprego dizendo a verdade ou mentindo. Comprar com dinheiro rou- bado e mentir ferem a ética e têm consequências para a pessoa. Pense, por exemplo, em um atirador profissional. Um tiro certeiro pode consagrá-lo como campeão mundial ao acertar o alvo durante as olimpíadas, ou colocá-lo na 36 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO cadeia se acertar a cabeça de uma pessoa inocente que passa pela rua. A mesma ação, atirar, não é indiferente do ponto de vista ético, em função da intenção, do objeto e das circunstâncias da ação. Atirar pode ser uma ação meritória ou destruir interiormente uma pessoa. Ganhar dinheiro não é somente algo bom, mas necessário para a própria subsistên- cia e da família. Porém não de qualquer maneira. Fraudar, roubar ou mentir, para ga- nhar dinheiro, fere a ética e afasta o homem de sua finalidade essencial. Esta infração não é algo circunstancial, mas algo muito profundo. Ir contra a moral é ir contra o próprio ser do homem. A moral não é um código exterior convencional de preceitos humanos que muda com o tempo, ou que depende de cada um ou da sociedade, mas é algo interior, inseparável da própria pessoa. Da mesma maneira que ninguém dá a vida a si próprio, igualmente não é dono e senhor da ética. A ética, condição necessária na ordem pesso- al, também é condição de sobrevivência da sociedade. Sem ética, o convívio social torna- -se insustentável. Sem confiança mútua, por exemplo, não se realizariam transações eco- nômicas, nem haveria contratos. Ninguém empregaria, ninguém produziria, ninguém se associaria. Cada um viveria única e exclu- sivamente para si, cuidando dos próprios in- teresses. Como resultado, a sociedade ruiria, voltaria às cavernas. A economia, como qualquer atividade huma- na, está subordinada à ética. Isso não significa que não tenha autonomia para desenvolver suas conclusões e proposições de política econômica, mas apenas que suas recomen- dações devam subordinar-se a um critério anterior e mais importante, a valoração ética. Alguns exemplos podem ajudar a tornar este ponto mais claro. Imagine-se um problema de desemprego em determinado país. Mui- Assim, como os fins econômicos a que uma pessoa se propõe não são totalmente independentes da ética, a economia como ciência também não pode desentender-se dos aspectos éticos. Uma pessoa que cometa ações contra a ética se destrói a si própria como pessoa, mesmo que consiga aquilo que deseja e se torne imensamente rica ou poderosa e pareça ser feliz. Assim também quando a ciência econômica não se subordina à ética não contribui para o verdadeiro bem-estar e desenvolvimento da sociedade. 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO tas soluções podem ser pensadas como possíveis e viáveis, tais como diminuir os impostos das empresas que criem empregos, ou isentar fiscalmente áreas do país em que o problema seja especialmente grave, ou ainda estimular investimentos de empresas estrangeiras para que instalem no país suas fábricas. A ética não entra dire- tamente no mérito de como resolver o problema econômico, nem tem como função apresentar soluções que são competência exclusiva das empresas, ou do governo, ou dos empresários e economistas, porém os economistas devem ter presente que o critério ético deve orientar o critério econômico. Voltando ao desemprego, por exemplo, não se justifica eticamente forçar determi- nadas famílias a migrarem para determinada área onde estão necessitando de em- pregados. As pessoas podem ser incentiva- das economicamente, mas não podem ser deslocadas contra a sua vontade. A liberdade é um bem que deve ser respeitado. Do mesmo modo, as empresas não podem obrigar ninguém a trabalhar por salários me- nores que os combinados em contrato, ou em condições que atentem contra as nor- mas de segurança no trabalho ou contra a dignidade humana. Se o fizerem, estarão fe- rindo a ética. A ética, portanto, orienta as decisões quanto à moralidade, porém não resolve o proble- ma econômico em si. A ética como ciência não compete elaborar teorias sobre a infla- ção, porém pode denunciar como antiéticas práticas de corrupção ou oportunismo favo- recidas pela inflação. Igualmente não compete à ética decidir como aumentar a arrecadação de impostos ou como diminuir os gastos do governo, po- rém tem um papel a desempenhar em rela- ção a como os recursos são arrecadados ou distribuídos. Se um fiscal exigir dinheiro do Resumindo, economia e ética são ciências autônomas, porém não independentes. A economia está subordinada à ética, embora elabore suas teorias e propostas com liberdade. Como o fim ético é mais importante que o fim econômico, pois este último diz respeito só a um aspecto da vida humana, enquanto o primeiro refere-se ao fim último e mais importante do homem, as políticas e o comportamento econômico dos agentes não devem ir contra a ética, porque nesse momento iriam contra o próprio homem e contra a sociedade. 38 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO contribuinte para que este sonegue imposto sem ser denunciado, a ética estará sen- do ferida. Se um político desviar verbas públicas e depositá-las em sua conta corren- te estará infringindo a ética. A economia e os economistas, se verdadeiramente desejarem contribuir para o de- senvolvimento das pessoas e para o bem comum da sociedade, não poderão ignorar a ética, mas deverão servir-se das normas morais e éticas como norte e guia. A ética não é uma limitação para a economia, do mesmo modo que uma estrada não é uma imposição para os carros. Antes pelo contrário, sua função é facilitar que as pessoas cheguem a seu destino, mesmo que aparentemente seja uma limitação trafegar dentro da estrada e obedecer às leis do trânsito. 3.3 ÉTICA DA CONVICÇÃO E ÉTICA DA RESPONSABILIDADE Max Weber ensina que há pelo menos duas teorias éticas que configuram dois mo- dos diferentes de tomar decisões, cada qual derivando de uma matriz ética distinta:A ÉTICA DA CONVICÇÃO (TRATADO DOS DEVERES); A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE (ESTUDO DOS FINS HUMANOS). Não quer dizer que a ética da convicção seja idêntica à ausência de responsabilida- de e a ética da responsabilidade seja com ausência de convicção. Não se trata disso. Todavia as atitudes são diferentes para quem age segunda as máximas da ética da convicção - em linguagem religiosa diremos: ‘O cristão faz o seu dever e no que diz respeito ao resultado da ação remete-se a Deus’ – e a atitude de quem age segundo a ética da responsabilidade, que diz: ‘Devemos responder pelas consequências pre- visíveis de nossos atos’. De forma simplificada, a máxima da ética da convicção diz: ‘cumpra as suas obriga- ções’ ou ‘siga as prescrições’. Implicitamente celebra impecáveis dicotomias quando advoga: ‘tudo ou nada; sim ou não, branco ou preto’. Argumenta que não há meia 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO gravidez e nem virgindade relativa; descarta meios-tons e não tolera incertezas. É uma teoria que se pauta por valores e normas previamente estabelecidas, cujo efeito primeiro consiste em moldar as ações que deverão ser praticadas. Em um mundo assim regrado, deixam de existir dilemas ou questionamentos, não restam dúvidas a dilacerar consciências e sobram preceitos a serem implementados; tal qual a mãe católica praticante que nega qualquer cogitação de aborto. Essa matriz, todavia, desdobra-se em duas vertentes: 1. A de PRINCÍPIO, que se atém rigorosamente às normas morais estabelecidas, em um deliberado desinteresse pelas circunstâncias, e cuja máxima sentencia: ‘respeite as regras, haja o que houver’; 2. A da ESPERANÇA que ancora em ideais, moldada por uma fé capaz de mover montanhas, pois convicta que todas as coisas podem melhorar cuja máxima preconiza: ‘o sonho antes de tudo’. A ética da responsabilidade, por sua vez, apregoa que somos responsáveis por aquilo que fazemos. Em vez de aplicar ordenamentos previamente estabelecidos, os agen- tes realizam uma análise situacional: avaliam os efeitos previsíveis que uma ação produz; planejam obter resultados positivos para a coletividade; e ampliam o leque das escolhas ao preconizar que ‘dos males o menor’ ou ao visar ‘fazer mais bem ao número maior de pessoas’. A tomada de decisão deixa de ser dedutiva, como ocorre na teoria da convicção, para ser indutiva. Ou seja, a ética da responsabilidade: obri- ga-se ao conhecimento das circunstâncias vigentes; configura uma análise de riscos; supõe uma análise de custos e benefícios; e funda-se sempre na presunção de que serão alcançados consequências ou fins muitos valiosos. A ética da responsabilidade não converte princípios ou ideais em práticas do coti- diano, como faz a ética da convicção, nem aplica normas ou crenças previamente estipuladas, independente de impactos que possam ocasionar. Ou seja, ganha legi- timidade a ação que produz um bem maior ou evita um mal maior. 40 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Assim como ocorre com a ética da convicção, a ética da responsabilidade expressa duas vertentes: 1. A UTILITARISTA exige que as ações produzam o máximo de bem para o maior número, isto é, que possam combinar a mais intensa felicidade possível com a maior abrangência populacional: “faça o maior bem para mais gente”. 2. A da FINALIDADE determina que a bondade dos fins justifique as ações empreen- didas, desde que coincida com o interesse coletivo, e supõe que todas as medidas necessárias sejam tomadas: “alcance objetivos altruístas, custe o que custar”. O contraponto entre a ética da convicção e a ética da responsabilidade fica claro: as ações cometidas pelos praticantes da ÉTICA DA CONVICÇÃO decorrem imediatamen- te da aplicação de prescrições anteriormente definidas (princípios ou ideais) e as ações cometidas pelos praticantes da ÉTICA DA RESPONSABILIDADE decorrem da expecta- tiva de alcançar fins almejados (finalidade) ou consequências presumidas (utilitarismo). 3.4 ÉTICA PROFISSIONAL E ÉTICA ORGANIZACIONAL Regras éticas são quebradas a todo o momento, existem éticas para a sociedade e ética dentro de grupos determinados. Já a ética profissional é a parte da ética que ensina o homem a agir em sua profissão, tendo em vista os princípios da moral. Ela é a aplicação geral no campo das atividades profissionais. Assim, a ética profissio- nal do estudante de Administração, de Engenharia, da Pedagogia etc., consiste em conhecer a ética, nela acreditar e viver eticamente, na vida privada como na vida pública. Então, ética profissional trata dos deveres e dos direitos, dos agentes ad- ministrativos e contabilistas, entre outros. Assume o compromisso do crescimento ético - retidão de consciência. Do ponto de vista organizacional a ética deve ser vista como um conceito utilitário com o sentido de uma ferramenta útil ao dirigente de qualquer organização. Enquanto a ÉTICA PROFISSIONAL está voltada para as profissões e aos profissionais do setor correspondente, a ÉTICA ORGANIZACIONAL atinge as empresas e organizações em geral. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO Portanto, vamos definir ética organizacional como um comportamento regido por pa- drões claros, explícitos, que correspondem à postura real dos dirigentes dessa organi- zação. Ou seja, a ética é parte daquilo que se define como cultura ou filosofia organiza- cional: são padrões de comportamento que correspondem a valores reais, aceitos e assu- midos pelos componentes da organização, a partir de sua cúpula. Isso significa que a ética organizacional não corresponde necessaria- mente a padrões morais ou religiosos, embo- ra seja de esperar e desejar que isso ocorra. Temos exemplos de ética organizacional em setores cujos negócios são ilegais ou até amorais. Um exemplo típico são os bicheiros: eles têm a sua ética, um padrão de comportamento claro, que permite que as pessoas apostem usando um pedacinho de papel como comprovante e tenham a certeza de receber seus prêmios. A importância dessa clareza organizacional fica óbvia quando se sabe que a popu- lação - e são as pesquisas que indicam - confia mais nos bicheiros do que nos co- merciantes, industriais ou banqueiros. Por quê? A resposta é óbvia: há mais clareza nas posições dos bicheiros do que nas dos outros grupos mencionados. Portanto, é preciso não apenas adotar princípios éticos nas organizações, como deixá-los claros aos diversos públicos com que elas se relacionam. Valores são critérios gerais, padrões ou princípios que as pessoas utilizam para determinar quais comportamentos, eventos e situações são desejáveis ou indesejáveis. CURIOSIDADE PRINCÍPIOS DA ÉTICA PROFISSIONAL • Honestidade enquanto ser humano e profissional; • Perseverança na busca de seus objetivos e metas; • Conhecimento Geral e Profissional para oferecer segurança na execução das atividades profissionais; • Responsabilidade na execução de qualquer tarefa; • Iniciativa para buscar solucionar as questões apresentadas; 42 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3.5 DESAFIOS ÉTICOS NO MILÊNIO 3.5.1 ÉTICA NAS EMPRESAS Uma empresa para trazer a ética para o dia a dia precisa manter as questões dos dilemas entre seus funcionários, fomentado a reflexão e o comportamento crítico. E a melhor forma de fazer isso é trazer o temapara o cotidiano, lembrando que a ética não é algo que nos dê conforto, mas algo que nos coloca dilemas. O Exemplo a seguir foi retirado do livro “Qual é a tua obra” de Mario Sergio Cortella (p.107, 2008): Você, executivo de uma empresa, precisa, por exemplo, desembaraçar uma carga que está no Porto de Santos. A nova peça para uma parte essencial da usina. Não dá para desembaraçar pelo trâmite normal antes de seis meses. Mas existe “taxa de facilitação”. Pagar ou não pagar? Aí você pensa: “Se eu não pagar, a gente fica sem a peça e vai paralisar parte da usina. Com isso, não só diminuirão a lucratividade e a produção, como possivelmente o número de empregos naquela área será reduzido. Então, embora seja imoral pagar propina, há uma justificativa para isso, existe um mal menor”. Pagar ou não pagar? Pode-se pagar e começar a criar um mau hábito nessa área ou ter que dar um basta e assumir o risco. Há empresas que se recusam terminantemente a pagar propina. “Nós perdemos negócios, mas não pagamos”. Os acionistas concordam? Sim. Está nos princípios. Se eles concordam, não se paga, perde-se o negócio, diminui-se a lucratividade, perde-se até a rentabilidade, mas não se abre não dos princípios. Qual a lógica que alguns usam? A necessidade de criar futuro. Qual a suposição que eles têm? Que esse sistema de apodrecimento das rela- ções de negócio cada dia aumenta mais e, num determinado momento, vai desabar. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO “Portanto, o que é ética? São os princípios que você e eu usamos para respon- der ao “Quero? Devo? Posso? ”. É preciso remarcar: isso não significa que você e eu não vivamos dilemas. Eles existem e, serão mais tranquilamente ultrapas- sados quando mais sólidos forem os princípios que tivermos e a preservação da integridade que desejamos. ” (CORTELLA, p.108, 2008) Inserido no gênero da “ética organizacional”, vamos abordar um tema atualíssimo e muito importante para o desenvolvimento e a credibilidade de uma empresa no mercado. Atualmente, para que uma empresa possa adquirir e garantir credibilidade junto ao mercado, não basta somente oferecer produtos ou serviços de qualidade, preços competitivos e obter exposição na mídia. Embora estes fatores sejam fundamentais e os consumidores estejam cada vez mais exigentes, a conquista da credibilidade junto ao público exige mais, pois engloba ou- tros fatores tão cruciais quanto os primeiros. A ética é, com certeza, um destes prin- cipais itens. O ambiente empresarial se encontra em constante mudança e aqueles empresários mais preparados devem enxergar a necessidade de acompanhar os no- vos tempos. Passamos por algumas fases, onde a modernidade nos trouxe a neces- sidade da obtenção da qualidade, através da ISO-9000. Depois, passamos à preocu- pação com o meio ambiente, que introduziu a ISO-14000 e chegamos à época da ISO-Ética. É a intenção de se adotar certificados de qualidade ética para as empresas. Analisemos nosso próprio comportamento como consumidores, ao escolher entre adquirir produtos ou serviços de uma empresa que é reconhecida no mercado como detentora de padrões éticos e responsáveis e de outra que fere os princípios da éti- ca e da responsabilidade social para colocar seus produtos ou serviços no mercado. Com quem você negociaria? Enfim, estamos na "Era da Ética" e tal consciência tem feito aumentar o núme- ro de causas submetidas à Justiça, o que nos mostra uma cobrança crescente para que se obedeça a parâmetros que suplantem as necessidades imediatas e primárias, instintivas. Por isso a importância da certificação ISO-Ética. Ou seja, a busca de um padrão res- peitável, global, vanguardista e lucrativo de atuação nas relações comerciais e, como consequência, eleva-se o nível dos relacionamentos, estreitam-se laços de parceria, minimiza-se a desconfiança do consumidor em relação ao produto oferecido e sim- plificam-se os contratos comerciais. 44 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Hoje, para que uma empresa consiga credibilidade junto ao mercado, não basta só auferir qualidade a seus produtos ou serviços. Embora esse fator seja primordial e o público consumidor esteja cada vez mais exigente nesse sentido, a conquista da credibilidade é mais ampla. Ela engloba outros itens – e a ética é, notadamente, um desses principais itens. Não existe, na grande maioria das empresas, a preocupação com a ética sistematiza- da para a organização. Existe a necessidade da preparação de um Código de Ética, que seja seguido por todos os colaboradores da empresa e seus fornecedores. 3.5.2 CONSULTORIA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES O movimento de ética empresarial surgiu nos EUA a fim de reduzir os conflitos exis- tentes entre os valores morais da sociedade e a prática adotada por organizações empresariais na busca de atingir suas metas e objetivos financeiro-econômicos. O que deveria promover uma reflexão sobre a relação entre a sustentabilidade destas organizações e o bem-estar da sociedade, entretanto, terminou por dar à ética o caráter de ferramenta gerencial de controle disciplinar. Como resultado, criou-se um mercado milionário de escritórios de consultoria e firmas que prestam serviços em ética empresarial. Estas empresas oferecem pacotes de serviços que incluem meios de comunicação alternativos e confidenciais para que funcionários possam denunciar comportamen- tos considerados “antiéticos”, sessões de treinamento, seminários, cartazes e publi- cações suplementares, revisões periódicas dos códigos de conduta das empresas, exercícios de aplicação hipotética do código com gerentes etc. Outro fenômeno re- sultante da preocupação com os prejuízos financeiros da conduta antiética em solo norte-americano é a proliferação de cargos e funções hierárquicas de supervisão e controle e a criação de departamentos de ética, com equipes permanentes, objetivos definidos, sistemas de avaliação etc., estruturas que chegam a consumir orçamentos anuais de um milhão de dólares. Enquanto o exercício da ética nas organizações é restrito à descoberta de fraudes, abusos e outros crimes corporativos raramente parecem ser relacionados a efeitos nocivos à sociedade de forma mais global, como problemas causados ao meio am- biente e desemprego. Hoje, as organizações como um todo – incluindo as gover- 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO namentais e as ONGs – são eticamente corretos, se possuírem, antes de tudo, exce- lência na proteção ambiental, melhoria na educação, assistência médica, políticas internas a respeito de salários justos, condições adequadas de trabalho, respeito às diferenças sociais, intelectuais, de sexo, crença ou raça. Isso não é válido apenas para as instituições que têm como missão o serviço à sociedade. 3.5.3 GUARDIÃO DE ÉTICA DAS EMPRESAS Deontologista é o nome de um cargo que está crescendo nos organogramas das principais empresas francesas. O termo deriva de deontologia, que segundo o "Au- rélio" é "o estudo dos princípios, fundamentos e sistemas de moral". Logo, por defini- ção, trata-se do executivo que tem a missão de ser o guardião da ética da empresa, formalizando regras de boa conduta e instituindo regulamentos para os funcioná- rios. A novidade foi lançada na França e parte da Europa e deve invadir o mundo. A questão ética é um bom começo, pois deve ser vista como um conceito utilitá- rio com o sentido de uma ferramenta útil ao dirigente de qualquer organização. Uma atuação profissional ética implicasabermos quais são nossos princípios éticos e aqueles das organizações para as quais trabalhamos. É preciso ter respostas claras a perguntas como: • Os empregados sabem como a organização se comporta em casos de corrup- ção? Oferece suborno? Paga ou não paga a comissão ou o jabaculê solicitado por políticos, fiscais, compradores etc.? Pune ou não pune quem for apanhado aceitando suborno? Ou pagando? • Na postura ambiental, cumpre a legislação, procura ser melhor que a lei ou está preocupada em fazer do jeito mais barato? • E em relação ao consumidor? O código é respeitado? A propaganda, a promo- ção e a embalagem são leais em relação ao que o consumidor vai receber ou buscam enganá-lo? E a qualidade, corresponde ao preço ou ao serviço? • Em relação à concorrência - ela é limpa ou procura prejudicar os outros sempre que possível? • Se a empresa é monopolista ou oligopolista, até que ponto abusa disso? 46 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • A relação com os empregados é aberta ou dissimulada? O que se diz nos comu- nicados e informes internos é verdade ou tentativa de vender gato por lebre? • Os impostos são pagos ou sonegados? Os líderes empresariais descobriram que a ética passou a ser um fator de competi- tividade. Por isso é crescente a preocupação, entre os empresários brasileiros, com a adoção de padrões éticos para suas organizações. Sem dúvida, os integrantes dessas organizações serão analisados através do comportamento e das ações por eles prati- cadas, tendo como base um conjunto de princípios e valores. Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus atos, as empresas (que são formadas por indivídu- os) passaram a ter sua conduta mais controlada e analisada, sobretudo após a edição de leis que visam a defesa de interesses coletivos. A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efetiva de valores como a integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor, entre outros. Nessa dimensão ética distinguem-se dois grandes planos de ação que são propostos como desafio às organizações: de um lado, em termos de projeção de seus valores para o exterior, fala-se em empresa cidadã, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho voluntário, realização de algum benefício para a comunidade, responsabilidade social etc. De outro lado, sob a perspectiva de seu público mais próximo, como executivos, em- pregados, colaboradores, fornecedores, acionistas, envidam-se esforços para a cria- ção de um sistema que assegure um modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais da organização e princípios do direito. Abre-se então uma nova área de atuação, que se desenvolverá mediante a assessoria na elaboração e implantação de códigos de ética ou de conduta, criação de comitês de ética, orientação para os que se ocupam com treinamento dos empregados, contribuindo na revisão de cri- térios e tomadas de decisões, visando auxiliar na solução dos dilemas, respeitando a legislação aplicável e executando um trabalho de consultoria preventiva. São muito pesados os ônus impostos às empresas que, despreocupadas com a ética, enfrentam situações que muitas vezes, em apenas um dia, destroem uma imagem que consumiu anos para ser conquistada. Multas elevadas, quebra da rotina normal, empregados desmotivados, fraude interna, perda da confiança na reputação da em- 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO presa, são exemplos desses ônus. Daí o motivo de muitas empresas terem adotado elevados padrões pessoais de conduta para seleção de seus empregados, cientes de que, atualmente, a integridade nos negócios exige profissionais altamente capazes de compaginar princípios pessoais e valores empresariais. É perfeitamente plausível e absolutamente necessário aliar lucros, resultados, pro- dutividade, qualidade e eficiência de produtos e serviços, além de outros valores tí- picos de empresa, com valores pessoais, tais como: honestidade, justiça, cooperação, tenacidade, compreensão, exigência, prudência, entre outros. Por essa razão muitas empresas de respeito empreenderam um esforço organizado, a fim de encorajar a conduta ética entre seus empregados. Para tanto, implantam códigos de ética, reciclam o aprendizado de seus executivos e empregados, idealizam programas (hoje em dia programas virtuais) de treina- mento, criam comitês de ética, capacitam lideres que percorrem os estabeleci- mentos da organização incentivando a desenvolvimento de um clima ético. Nessa perspectiva serve-se de consultores externos que assessoram na elaboração de có- digos de conduta, no desenvolvimento do clima ético, sensibilizando seus inte- grantes, mediante cursos e palestras, participando ativamente de treinamentos, procurando adequar tudo à legislação aplicável ao assunto. Dentre tantas áreas de especialização que surgiram neste início de milênio, está o vastíssimo campo da ética empresarial. Fica lançado o desafio para aqueles que desejam trabalhar na área de consultoria ética empresarial. 3.6 VALORES NAS EMPRESAS Os valores são os pilares internos das organizações, são ações que se apresentam em condutas que definem "o caráter da Empresa". Por exemplo, comprometimento no atendimento ao cliente, respeitando-o, resol- vendo e solucionando seu problema ou, ouvindo sua sugestão pode ser definido pelo grupo de executivos como um valor corporativo na empresa, e que deve ser multiplicado no dia-a-dia pelos funcionários no seu relacionamento com o cliente quer seja interno ou externo, quando ele fornece uma resposta, quando é contatado ou presta alguma orientação. 48 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Este valor pode ser transportado para outras condutas internas, que deverão re- fletir no comportamento do funcionário. Comprometimento nas tarefas que de- senvolve, nas responsabilidades que assume no atendimento de um problema interno, com a imagem da Empresa, salva guardando-a de qualquer conduta que venha a denegri-la. VALORES DO GRUPO MULTIVIX Diante da missão da Faculdade e, para que se alcancem os objetivos propostos, a con- duta dos profissionais que dela fazem parte, deverá estar centrada nos seguintes valo- res: • Respeito; • Competência; • Argumentação Sólida; • Trabalho em Equipe. EXEMPLO 3.6.1 OUTROS EXEMPLOS DE VALORES • Integridade: pessoas comprometidas a agir com integridade em suas atividades. • Justiça: justiça com o significado de "equidade", ou seja, tratar todo mundo de uma maneira justa e igual. • Responsabilidade Social: a coisa mais socialmente responsável que uma empre- sa pode fazer é realizar um trabalho excepcional no atendimento às necessida- des da sociedade. Apoiar projetos sociais das comunidades. • Ambiente de trabalho: ter um ambiente de trabalho em que possamos usar no- vos dons e habilidades. Criar um ambiente saudável requer uma visão positiva da humanidade, que começa com as pessoas que trabalham na empresa. • Valorizar a pontualidade: a qualidade de cada serviço e presteza no atendimento. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ÉTICA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL SUMÁRIO • Comportamento ético e desenvolvido de acordo com a legislação vigente. • Lealdade para com a Empresa. • Tratamento justo, cortês e respeitoso entre os colegas de trabalho. • Justiça e consideração apropriadas
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