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Poder do gênero: Malha C&A Report

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[] O PODER DOgenerogenero
#ParaTodxs
'`'`
Kevin Grieve
Gênero é uma das dimensões que 
mais influencia nossas vidas e a 
sociedade. Estrutura as maneiras 
como organizamos os sistemas 
políticos, sociais e econômicos, 
e a forma como expressamos o 
corpo e a sexualidade. 
Ao longo dos anos, o enunciado 
que marca a identidade e fixa 
comportamentos - “É menina! É 
menino!” – passa a ser 
questionado, e ao invés de 
exclamações surgem interrogações 
- Será menino? Será menina? Será 
um e outro?
#PARATODOS 
#PARATODAS 
#PARATODXS 
#PARATODES
#PARATODOS 
#PARATODAS 
#PARATODXS 
#PARATODES
A pós-modernidade trouxe a 
multiplicidade de sujeitos 
que se expressam por todos os 
lados. Quebramos a velha 
fórmula do binarismo. 
Abraçamos a fluidez no 
gênero, raça, sexualidade, 
territorialidade, e em outras 
categorias. Substituímos a 
“batalha dos sexos” e a 
rigidez por novas 
possibilidades. 
Transformações no mundo do 
trabalho, na tecnologia ou na 
cultura chegam acompanhadas 
de movimentos identitários e 
até mesmo biológicos.
Le
sl
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 J
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A afirmação das identidades sexuais, de gênero e 
raça trouxe, para a moda e para o discurso das 
marcas, diversidade, mais representatividade e 
novas oportunidades. Vamos ouvir movimentos que 
amplificam essas vozes e criam iniciativas 
afirmativas. Vamos falar de agentes que vivem no 
cotidiano da cultura de consumo, esse processo em 
transição na cultura da moda. 
Há espaço para todos, todas, todes. Há espaço para 
pensarmos uma utopia de gênero que não reifique 
estereótipos e desigualdades, que seja libertadora. 
Os tempos são fluidos, assim como os corpos.
mulheres[ ]
A NOVA ONDA 
DO MOVIMENTO 
DE 
mulheres
A NOVA ONDA 
DO MOVIMENTO 
DE 
_DRIVER #1
Clarke Sanders
_intro
Les Anderson
00
Ideias de igualdade e justiça de gênero vêm de 
longe. O manuscrito de Christine de Pizan 
[1405] já falava de uma “utopia de gênero”, 
onde o sexismo não seria parte da organização 
estruturante da sociedade. 
Por séculos, mulheres foram protagonistas de 
mudanças. Em contraposição ao feminino 
tradicional – sinônimo de “conservador / 
bela / recatada / do lar” – o feminismo 
desafiou o patriarcado, questionando 
estruturas de poder para mudar relações de 
gênero, classe e raça.
_driver #1
_driver #2
_driver #3
RESSIGNIFICAR. 
REPRESENTAR. 
POLITIZAR. 
O abolicionismo, o voto feminino e o direito a 
escolhas reprodutivas foram marcos, no mundo 
todo, de mais liberdade. Antes visto como um 
conjunto homogêneo – mulheres em luta contra a 
opressão – o feminismo se desdobrou, trazendo 
outros marcadores sociais: raça, sexualidades, 
etnicidades e territórios. 
A politização do corpo feminino (“meu corpo, 
minhas regras”) produz uma virada estética. A 
indústria do consumo, que projeta a mulher como 
objeto sexual nas suas propagandas e produtos, é 
obrigada a repensar como concebe estes corpos.
Kyle Loftus
_driver #1
_driver #2
_driver #3
CHANEL_ questiona o 
padrão feminino/
masculino, 
introduzindo o uso de 
ternos para as 
mulheres. Libertou as 
mulheres da cintura 
marcada, eliminou os 
espartilhos e diminui 
o comprimento das 
vestes. Mais tarde: 
lançou cabelos curtos/ 
pele bronzeada.
VIRADAS ESTÉTICASANOS 1920
ANOS 
1940-50
DIOR_ the New Look, 
pós-Segunda Guerra: 
Mulher mais feminina e 
sensual.
ANOS 
1960
COURRÈGES, PIERRE 
CARDIN, PACO RABANNE_ 
moda futurista. Padrões 
gráficos; estilo geométrico 
YSL_ poder às mulheres, 
vestindo-as de smoking. Clássico 
sutilmente andrógino. 
Diversidade étnica sempre 
presente nas coleções. 
MINISSAIA_ liberdade sexual 
e a emancipação das mulheres.
ANOS 
1970
VOGUE_ fotos Helmut Newton - 
capa [1975] com modelo em 
smoking traz para a mídia 
questões de sexualidade e 
gênero. 
ANDROGINIA_ cultura pop 
influencia o vestuário. Unissex. 
Cinturas altas, maquiagem nos 
olhos, calças boca de sino, 
jeans e camiseta para homens e 
mulheres.
_driver #1
_driver #2
_driver #3
O PUNK E SEUS 
ACESSÓRIOS_ meia 
arrastão rasgada, 
piercings, uso do 
preto. 
Gaultier e os homens 
de saias. 
JAPONISMO_ estilo 
urbano, assexuado, 
mais conceitual e 
cerebral. 
Modelos negras, o pós-
colonialismo africano.
VIRADAS ESTÉTICAS
ANOS 
1980
MODA “SEX AND 
THE CITY”_ 
hiperfeminilidade. 
FAST FASHION_ 
democratização da 
moda.
ANOS 
1990
GRUNGE_ a música como vetor 
de comportamento / moda. 
Campanhas de diversidade da 
Benetton.
ANOS 
2010
BELEZA_ conceito mais 
ampliado, corpos “diferentes”, 
“fora do padrão”. 
Cabelos naturais, maquiagem para 
peles não-brancas. 
Visibilização do racismo na 
moda. 
Ativismo de marca.
ANOS 
2000
_driver #1
_driver #2
_driver #3
“Declaração dos Direitos da 
Mulher e da Cidadã” [Olympe de 
Gouges - 1791, França] 
“Reivindicação dos Direitos da 
Mulher” [Mary Wollstonecraft 
-1792, Inglaterra] 
“Direitos das Mulheres e 
Injustiça dos Homens” [Nísia 
Floresta - 1832, Brasil] 
“E eu não sou uma 
mulher?” [Sojourner Truth – 
1851, Estados Unidos]
O MOVIMENTO DE MULHERES
PRECURSORAS
ONDAS FEMINISTAS DA MODERNIDADE
VOTO FEMININO - EQUIDADE DOS 
DIREITOS POLÍTICOS_ Nova Zelândia 
[1893] / Austrália [1906] / Países nórdicos 
europeus [1906 a 1919] / Países sob 
influência russa [a partir de 1917] / 
Alemanha [1918] / Brasil [1932] / França 
[1945] 
DIREITOS DAS TRABALHADORAS_ A 
entrada massiva de mulheres no mercado de 
trabalho produzido pela revolução 
industrial trouxe, ao mesmo tempo, a 
superexploração do trabalho feminino, e a 
luta pela sua regulação. A OIT (Organização 
Internacional do Trabalho) criada em 1919, 
inspirou leis de proteção à maternidade, 
salário igual, jornada de trabalho, que até 
hoje são muitos desiguais, variam de país 
para país. 
FINAL SÉC. XIX / 
INÍCIO SÉC. XX_
_driver #1
_driver #2
_driver #3
O MOVIMENTO DE MULHERES
ONDAS FEMINISTAS DA MODERNIDADE
FEMINISMO DA IGUALDADE_ 
Equidade dos direitos civis 
(casamento), econômicos (empregos, 
posse de propriedade) e direitos 
sociais. 
SIMONE DE BEAUVOIR_ “O Segundo 
Sexo”: “Não se nasce mulher, torna-
se”. Sexo biológico não é definidor da 
identidade de gênero, sendo esta 
definida como uma construção social e 
cultural. 
DESCOBERTA DA PÍLULA 
ANTICONCEPCIONAL_ 
ROSA PARKS_ feminismo 
antirracista. As mulheres não são 
todas iguais. Lutas anticoloniais na 
África e no Caribe.
DÉCADAS DE 1950 A 1970_
DÉCADAS DE 
1980 E 1990_
FEMINISMO DA 
DIFERENÇA_ pluralidade 
dentro da categoria 
“mulher”. 
INTERSECCIONALIDADE_ 
encontro e sobreposição de 
diversas formas de exclusão. 
DISTINÇÕES_ peso a 
outras identidades 
marcadoras de subjetividade 
[raça, sexualidade, 
corporeidade, 
territorialidade].
A PARTIR DE 
2000 ATÉ O 
MOMENTO 
PRESENTE
REVOLUÇÃO DAS TICS_ 
tecnologias de informação e 
comunicação 
Ciberativismo / ciberfeminismo 
Massificação / amplificação de 
agendas dos direitos das mulheres via 
mídias sociais 
DESCOLAMENTO DO GÊNERO_ a 
identidade do indivíduo como homem, 
mulher, não-binário ou de outras 
identidades - do sexo de nascença 
(biológico) 
FALA DOS SUBALTERNOS_ A luta 
do movimento LGBTQ vai às ruas. 
Cresce a aceitação de diferenças 
dentro da sociedade. Muito do que era 
‘desviante’ já não o é mais. 
Protagonismo das mulheres negras e 
feminismo antirracista
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_Interseccionalidade 11
Dá para ter um enfoque interseccional na 
moda? Dá, embora ainda reproduzamos em 
massa as múltiplas formas de exclusão - 
basta folhear as revistas de moda para 
perceber. Levar em conta os aspectos 
étnicos-raciais nas cadeias produtivas,compostas em sua maioria por mulheres, 
negras e pobres, passou a ser obrigação 
na indústria e pode até ser tornar uma 
commodity. 
Mulheres negras, latinas, da periferia, 
trans, vêm celebrando suas existências e 
suas aparências e rompendo fronteiras 
com sucesso. Nas passarelas, na cultura 
interna das empresas, ou como 
empreendedoras, produzindo marcas que 
possibilitam maior diversidade e mudança 
social, elas estão se afirmando como 
sujeitos.
Hanna Grace
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CAROL BARRETO_ 
É mulher negra, feminista e como designer 
de moda autoral elabora produtos e 
imagens de moda a partir de reflexões 
sobre as relações étnico-raciais e de 
gênero. É ainda professora adjunta do 
Bacharelado em Estudos de Gênero e 
Diversidade - FFCH – UFBA. Pesquisa a 
relação entre Moda e Ativismo Político. 
“Venho considerando a aparência como 
forma de materialização da reflexão sobre 
a importância da presença, buscando 
expressar o meu lugar de fala e meu 
posicionamento crítico diante do 
vocabulário da moda e suas estruturas”, 
diz. 
[Veja mais]
CASECASE
Imagem
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GOYA LOPES_ 
A designer baiana se consolidou como uma das 
mais importantes criadoras da moda afro-
brasileira. Artista plástica, designer de 
moda e de superfície, é proprietária da marca 
Goya Lopes Design Brasileiro. Formada na 
Escola de Belas Artes da UFBA, fez 
especialização em Design na Itália e é 
conhecida pelas estampas autorais que contam 
a história das pessoas negras no Brasil. 
Ativista na moda, com largo trânsito 
internacional - sua marca existe há mais de 
30 anos e circula o mundo - Goya faz sua 
inserção também no campo da representação 
política. Foi Diretora Geral da ABDesign - 
Associação Bahia Design; Diretora de 
Responsabilidade Social do Sindicato do 
Vestuário de Salvador e regiões, e convidada 
pelo antigo Ministério da Cultura fez parte 
do GT do colegiado Setorial de Moda em 2009. 
Hoje é integrante da ANAMAB – Associação 
Nacional da Moda Afro-Brasileira. 
[Veja mais]
CASECASE
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DJAMILA RIBEIRO_ 
Pode procurar pelo nome e não precisa ir longe: 
Djamila está em todas as revistas brasileiras, 
todas mesmo e em todas as mídias sociais. Em 
menos de 4 meses, você a viu como capa da 
revista da Gol, colunista de opinião na Carta 
Capital, editora convidada da Elle [março/2018] 
e matéria em destaque na Marie Claire, além de 
finalista do prêmio Trip Transformadores. E o 
que faz a pesquisadora acadêmica da área de 
Filosofia Política para tanto? Como feminista 
negra, pensa a condição feminina 
ressignificando conceitos e desmistificando 
estereótipos. Sua luta contra a violência 
sofrida pela mulher negra ganhou ecos nas redes 
sociais. Lançou um livro, apresentou programa 
na TV, é consultora de roteiristas da TV Globo 
interessadas em discutir a questão do 
feminismo. Foi secretária-adjunta da Secretaria 
de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. 
Ah, e ainda ministra cursos na Faculdade de 
Sociologia e Política de São Paulo. 
[Veja mais]
CASECASE
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Resistência é ressignificar. Resistir é não só 
mais uma ação do sujeito, mas a subjetividade que 
o define. É sobreviver contra todas as barreiras 
e chances, agarrando as possibilidades. 
"Nossas visões políticas são conhecidas através 
da fala e da escrita, mas também através de 
imagens, sons e uma ampla gama de expressões 
artísticas. A arte performática é uma dessas 
práticas com consequências políticas. Ela aparece 
em manifestações, mas também como formas 
corporais de expressão, formas de fazer demandas 
políticas, mesmo quando a fala está ausente”, diz 
Judith Butler.
_R/existo, logo existo 22
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O corpo foi tomado como um espaço de resistência, sendo 
ressignificado pelas novas definições de gênero e pela 
luta das mulheres. A moda tem uma dívida com todos os 
corpos desafiantes, aqueles que vêm mostrar que o corpo 
é político e é seu próprio manifesto. 
Fora a objetificação do corpo feminino. Viva a 
glorificação e a sexualização como forma de 
empoderamento!
RESISTO PORQUE 
EXISTO. EXISTO 
PORQUE RESISTO.
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 K
an
tr
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PONTO FIRME_ 
O social e o político foi incorporado à SPFW 
em abril com detentos do projeto Ponto Firme 
trazendo às passarelas a materialização do 
dia a dia da prisão. As peças são criadas na 
Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, 
em Guarulhos, para os quais o designer 
Gustavo Silvestre ensinou algumas técnicas. 
Sarja, tons escuros, calças beges como o 
austero uniforme dos detentos contrastavam 
com apliques coloridos do crochê, 
representando a luz e a esperança fora da 
prisão. Os participantes - já são mais de 100 
- ganham certificado e remissão da pena. 
Silvestre realizou um desfile dentro da 
penitenciária, antes da SPFW, uma festa onde 
eles foram protagonistas e da qual não 
puderam participar. 
[Veja mais]
CASECASE
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WHAT WERE YOU WEARING?_ 
Museu Centre Communautaire Maritime 
Volta e meia um caso de estupro vem com uma 
pergunta implícita nas conversas: ”O que a 
pessoa estava vestindo”? A premissa é a de que 
se a roupa é provocativa, a causa está nela. Uma 
exposição no início de 2018 na Bélgica refuta 
este mito. São roupas normais que qualquer um 
vestiria, como camisas de mangas compridas e 
calças, uniforme de polícia, pijamas ou uma 
camiseta com a figura do Meu Pequeno Pônei. A 
maioria das vítimas recorda perfeitamente do que 
usava naquele dia impossível de ser apagado da 
memória. A mostra do Centro Comunitário Marítimo 
de Bruxelas reproduzia as peças descritas pelas 
vítimas, resgatando a lembrança como forma de 
resistência. 
[Veja mais]
CASECASE
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_Feminismo pop ou 
Gender-washing?
O feminismo se tornou cool. Caiu a visão 
estereotipada e antiga da ativista que tinha 
pernas peludas, odiava os homens, queimava 
sutiãs e queria transformar toda mulher em 
lésbica. No ambiente da cultura pop, é 
impossível ignorar como o manifesto de Beyoncé 
sobre a feminilidade negra em ‘Lemonade’ 
impacta na rede; as hashtags que falam de 
assédio sexual ou celebridades de Hollywood, 
como Meryl Streep ou Emma Watson se 
posicionando publicamente sobre a igualdade 
salarial ou o sexismo. 
Ser feminista não é mais subversivo, aponta 
uma tendência. Vestuário com frases 
encorajadoras e símbolos gráficos dos 
movimentos ativistas; ícones femininos 
estampados em releituras visuais, o feminismo 
virou pop e está no gosto do consumidor. Mas o 
que dizer quando a comercialização de causas 
chega ao ponto do absurdo?33
Pa
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Gender-washing é a apropriação do feminismo para 
minimizar aspectos negativos de uma determinada 
entidade, pública ou privada, que tenta se mostrar 
simpática à causa. Seu primo-irmão pinkwashing - a 
utilização da comunidade LGBTQ para “lavar uma 
imagem” negativa - é praticado mesmo por governos que 
se dizem avançados. Um exemplo: a administração 
Obama, seguida pela mídia norte-americana, não 
hesitou em criticar a Rússia por seu fracasso em 
fornecer liberdades civis básicas para sua população 
LGBTQ mas silenciou com aliados, como Honduras, 
Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Os EUA 
também não reconheceram o progresso dos direitos 
LGBTQ em Cuba. 
Todo cuidado é pouco na hora de pensar estratégias.O 
consumo e popularização não podem ser transformados 
em esvaziamento das causas, ou seja, um possível 
gender-washing. 
Oscar Keys
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HEROICAS_ 
Peças coloridas, bom humor e uma dose de 
ativismo. A Heroicas define-se assim, 
“Sobre Mulheres, para Mulheres”. As 
peças vão de camisetas a quadros, com 
estampas de significativas artistas como 
Laerte. Ícones da luta feminina como 
Frida Kahlo também são inspiração. Um 
“Sejam bem viadas” dá as “boas-vindas” 
no quadro de entrada para casa. Canecas 
com um “Fight like a girl” ilustradas 
por personagens de séries e animações 
(como a Poussey, de “Orange is the new 
black”, Arya Stark, de “Game of 
Thrones”, ou a valente princesa Merida) 
são referências. 
[Veja mais]
CASECASE
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MULHERES NA ARQUIBANCADA_ 
Para as mulheres, futebol é um campo enorme a 
avançar. Tome como exemplo o Flamengo, que tem 
44% do total da torcida no público feminino, mas 
não aprendeu a se livrar dos estereótipos. O Clube 
lançou, a título de homenagem, uma camisa oficial 
“rubro-negra”... rosa. Uma saraivada de posts 
bombardeou pelas mídias sociais o clube e a marca 
responsável pelo patrocínio da ideia, não só pela 
visão estereotipada que vincula a mulher a uma cor 
mas também pelo alto preço da “peça-homenagem”. 
Como contrapartida, a camisa não-oficial da 
torcida feminista do time - vermelha e preta, como 
manda o figurino - estampa na frente: “Lugar de 
mulher é onde ela quiser” e atrás “Contra o 
futebol moderno”, uma alusão crítica à lógica 
mercantil do futebol atual, onde o escudo passou a 
ser marca e o torcedor é visto mais como 
consumidor do que pela paixão à camisa. 
[Veja mais]
CASECASE
Im
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DIOR REVISITA O FEMINISMO_ 
A coleção de verão 2018 da Dior vem com um 
design ativista. Maria Grazia Chiuri, que 
deslanchou com Valentino, deixa claro seu 
recado: feminismo também tem lugar no luxo. 
“Cheguei na maison e todo mundo falava: Dior 
é feminilidade. Ok, mas eu tento falar para a 
mulher hoje, para o futuro. E Dior tem que 
ser sobre o empoderamento feminino”, diz. Ela 
sabe do que fala. Se há uma revolução na 
mulher hoje, o designer deve refletir essa 
atitude. Há uma audiência diferente, com 
diferentes valores. Um mesmo look pode ser 
obtido de uma maneira muito barata. Mas não é 
sobre vestidos que se fala. “Uma casa de luxo 
tem que manter o valor, a marca, a qualidade, 
o artesanato, mas ao mesmo tempo tem que 
iniciar um novo diálogo com essa nova 
audiência. O novo diálogo tem que ser sobre 
valor”. 
[Veja mais]
CASECASE
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Na nossa legislação, há uma lei que estabelece 
cotas para os partidos, indicando que tenham pelo 
menos 30% de candidatas mulheres. Mesmo assim, no 
pleito de 2016 apenas 12% de candidatas mulheres 
no país alcançaram cargos. 
Marielle Franco, mulher negra, lésbica e ativista 
dos direitos humanos, foi eleita como a vereadora 
mais votada do Rio de Janeiro. Já Áurea Carolina, 
negra, ativista feminista, foi a vereadora mais 
votada de Belo Horizonte. Ambas se elegeram pelo 
mesmo partido. Marielle veio da Favela da Maré, 
Áurea do hip hop. Na plataforma, as duas defendem 
a transversalidade de gênero e raça em todas as 
políticas públicas. Uma campanha de nicho. 
Coincidência? Não. 
_Representação 
]uma puxa a outra[ 44
Matthew Smith
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Como elas, outras vereadoras representantes do movimento 
negro, de periferia e vindas de classe baixa tiveram 
seus pleitos reconhecidos pelo voto. A sororidade se 
espalhou e foi comum ver uma candidata pedindo votos 
para outra. 
O assassinato de Marielle a tirou da Câmara Legislativa. 
Ao matar a representação de um grupo, o efeito foi 
outro: milhares de pessoas foram às ruas em todo país - 
e em todo o mundo - entendendo que a importância da sua 
vida de luta e resistência foi muito além da ação em 
prol de um nicho. Marielle se transformou em um 
símbolo, de dimensão ainda não avaliada. 
A chegada da representação feminina na vida pública traz 
a quebra do paradigma público / privado. A 
diversificação de demandas ocupa a discussão: políticas 
públicas de inclusão, maternidade (licença, creche), 
mobilidade urbana (parar fora do ponto, vagão rosa), 
direitos sexuais e reprodutivos são novos temas do 
legislativo.
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REVISTA CAPITOLINA_ 
A Revista Capitolina nasceu do problema da 
falta de representação: um grupo de meninas e 
jovens diversas não se sentia contemplado 
lendo revistas de moda e beleza mainstream. A 
solução foi, então, criar sua própria revista 
em 2014, totalmente digital para permitir a 
participação de colaboradoras e leitoras do 
país inteiro. Incorporam em sua linha 
editorial a ideia de que não há um mundo 
aspiracional, ideal, mas sim, que suas 
experiências e realidades que já são válidas 
e devem ser ressignificadas. Com mais de 80 
colaboradores, a Capitolina tem edição mensal 
temática e editorias semanais, abordando 
política, ciências, sexo, comportamento e 
moda. Tudo baseado no princípio DYI, das 
ilustrações à programação dos códigos. 
[Veja mais]
CASECASE
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SOMOS MUITAS_ 
Em março de 2015, pessoas autônomas, com 
trajetórias de atuação em diversos 
movimentos sociais de Belo Horizonte 
começaram a construção das “SOMOS MUITAS” 
pela Cidade que Queremos. Ativistas de 
diversas causas, das lutas por moradia e por 
mobilidade, da questão indígena, das 
mulheres, das pessoas negras, da população 
em situação de rua, das pessoas trans, dos 
gays, das lésbicas (das bee), das 
juventudes, divulgaram pautas que iam desde 
o direito ao espaço público e preservação 
das áreas verdes, aos direitos dos 
trabalhadores e dos animais, ao acesso à 
cultura, entre outras. As eleições de 2016 
foram pontuadas por essas pautas concretas 
da cidade, pela internet ou em encontros ao 
vivo, apresentando candidaturas populares e 
cidadãs comprometidas com o desejo de uma 
vida mais justa. 
[Veja mais]
CASECASE
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Passou da hora de mudanças. O setor produtivo 
precisa corrigir a assimetria entre o sucesso 
da atividade econômica e a atividade social. 
Traçar estratégias específicas para uma 
gestão ética e responsável com mulheres, bem 
como políticas que estimulem a igualdade de 
gênero é obrigação nas grandes empresas. 
Mulheres e meninas representam a maior 
parcela dos 21 milhões de pessoas em trabalho 
forçado no mundo. 14,2 milhões* são vítimas 
de exploração forçada em atividades 
econômicas, como na manufatura. E falar de 
gig economy / setores informais do trabalho 
para a mulher na maioria das vezes significa 
trabalho sem proteções legais e, portanto, 
mais exposta à precariedade e violências. 
*Fonte: Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 
maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas, 
Instituto Ethos, 2016
_Novas formas de pensar o mercado 
de trabalho 55
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DISTRIBUIÇÃO DO PESSOAL POR SEXO NAS 
500 MAIORES EMPRESAS NO BRASIL* 
*Fonte: Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas 
ações afirmativas, Instituto Ethos, 2016
Na moda, mulheres correspondem a 85% da mão 
de obra. No Brasil, são 75%, com jornadas 
de até 14h e um quadro onde o trabalho 
escravo vem aumentando. Um dos grandes 
desafios na promoção do trabalho decente é 
como melhorar a posição das trabalhadoras 
na cadeia de valor. Mulheres são maioria no 
ensino superior, mas ainda assim só 11% dos 
cargos de tomadas de decisão nas 500maiores empresas do país são ocupados por 
mulheres. Na moda, das 50 maiores marcas, 
apenas 14% tem liderança feminina.
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A adoção de políticas de ações afirmativas para mulheres e de 
igualdade de gênero, como mecanismos de seleção igualitários, 
programas especiais para capacitação profissional para 
assumir postos de alto nível, dando visibilidade ao tema 
diversidade, e sistemas de promoção justos, são urgentes. 
Novas políticas começam a traduzir uma preocupação com a 
mudança no sistema trabalhista: as leis de igualdade de 
salário, inclusão plena [por intermédio de licença 
maternidade e paternidade, creches, ambientes de trabalho 
acolhedores para crianças etc.], punição severa ao assédio e 
abuso sexual no trabalho, mais proteção nos quesitos saúde e 
segurança, proteção legal nos estados de vulnerabilidade 
[gravidez, doença, etc.] entre outros. 
Eliminar aspectos de desigualdade de gênero no trabalho é uma 
meta que encontra obstáculos enraizados na própria sociedade. 
A instituição de um código de valores e normas dentro das 
empresas pode contribuir com práticas mais justas, e ainda 
ser economicamente vantajoso. A igualdade não produz perdas, 
e altera alguns privilégios.
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JUSTA TRAMA_ 
Justa Trama é a marca ícone da cadeia produtiva 
do algodão ecológico certificado, indo do 
plantio à produção de fibras e comercialização 
das peças. São mais de 600 envolvidos de vários 
estados de Norte a Sul. Catadoras de sementes, 
agricultoras, fiadoras, tecedores, costureiras, 
artesãs e assentados encontraram nessa rede de 
cooperativas remuneração justa, economia 
solidária, respeito à mulher. Está fisicamente 
localizada no Rio Grande do Sul. Comércio justo 
e sustentabilidade completam a ideia, hoje uma 
realização de sucesso com mais de 20 anos de 
existência. 
[Veja mais]
CASECASE
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FAIRWEAR_ 
A fundação Fairwear atua com marcas, 
fábricas, outras ONGs e sindicatos para 
averiguar e melhorar as condições de 
trabalho na moda em 11 países da África, 
Ásia e Europa. As 80 empresas associadas 
representam mais de 120 marcas presentes 
em 20 mil pontos de venda em 80 países. 
É uma grande iniciativa que provê 
instrumentos como código de práticas 
trabalhistas, canal direto de 
reclamações ao trabalhador que se sente 
desassistido, programas educacionais no 
local de trabalho direcionados a 
gerentes e supervisores e plataformas 
online como a que trata da violência em 
todos os níveis contra a mulher no local 
de trabalho: assédio, jornada mal paga, 
remuneração baixa, discriminação 
profissional, pouca higiene e 
insalubridade etc. 
[Veja mais]
CASECASE
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[ ]
DE GÊNERO
fluidezfluidez
DE GÊNERO
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Artem Gavrysh
_intro 00RE-NOMEAR. RE-CONHECER. 
TRANS-FORMAR. 
TRANS-NORMATIZAR
A moda está gritando nossa capacidade de expressar outros 
eus, outros gêneros. Usamos roupas para experimentar nossa 
subjetividade, criar lugares, espaços, para estar livre. E 
para expressar feminilidade, masculinidade e tudo mais entre 
e além. 
A exigência de coerência/convergência entre sexo, gênero e 
desejo/prática, da construção dos corpos masculinos e 
femininos assegurados por dois sexos fixos predominou até 
bem pouco tempo e era fácil para a moda prever 
comportamentos e criar produtos dentro das caixinhas: 
maquiagem para meninas; botas caubói para meninos. 
Mas os modelos explicativos de gênero pautados na oposição 
‘construção social versus natureza’ vêm sendo questionados 
com força. Gênero é construção. Finalmente a roupa não 
precisa mais se proclamar binária.
Angel Leon
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Reconhecer a diversidade de formas de viver o gênero é 
uma grande revolução. A vivência do gênero como 
identidade caracteriza, por exemplo, transexuais e 
travestis. Como funcionalidade é representada pelos 
crossdressers, drag queens, drag kings. 
Ao não vincular-se em nenhuma categoria de gênero, uma 
pessoa pode ser considerada de gênero fluido, 
transitando entre os gêneros, não-binário, queer, ou 
extinguir definitivamente qualquer definição relativa a 
gênero. 
O corpo híbrido performa de acordo com sua vontade. 
Significa que não só aquele corpo assume certos papéis e 
reproduz determinadas atitudes, mas que imprime 
conotações que marcam o gênero e as identidades. 
A moda tem uma gigantesca influência na maneira como 
refletimos sobre e como sentimos nossos corpos. Uma 
posição de poder sem par, trazendo a responsabilidade de 
produzir e refletir novas manifestações.
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LÍNGUA / LINGUAGEM & 
GÊNERO NA GRAMÁTICA
LÍNGUA / LINGUAGEM & 
GÊNERO NA GRAMÁTICA
Toda linguagem reflete uma estrutura de poder. E se a 
sociedade está evoluindo para a diversidade de gênero, 
porque continuar a usar a linguagem binária, 
predominantemente masculina? Pronomes e artigos, ainda mais 
na morfologia da língua portuguesa, não são suficientes para 
dar conta das mudanças que estamos vivendo. Aqui até os 
astros têm sexo! 
Instados a buscar uma linguagem neutra de gênero, 
comunicadores e estudiosos vêm tentando um texto mais 
representativo nas propagandas, onde o sexismo não seja 
reproduzido. Os novos sinais do tempo passam pelos símbolos 
e sinais @ / x / _ / e. No entanto, estes não têm a força 
transformadora da oralidade. Na Suécia, um pronome neutro 
utilizado pela comunidade transexual do país desde a década 
de 60, foi incluído na revisão do dicionário oficial em 
2015. Hen faz a mesma função de han (ela) e hon (ele). 
A língua é uma construção social, assim como o gênero. A 
língua que usamos reflete e reforça desigualdades de um 
sistema. A saída está na práxis. Vamos abolir no dia a dia o 
uso do masculino como genérico. Vamos insistir na construção 
da visibilidade das mulheres e das transgeneridades.
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Pa
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RENOMEAR O MUNDO DE ACORDO COM 
NOSSAS CRENÇAS. CONVITE: VAMOS 
FLEXIBILIZAR O GÊNERO?
RENOMEAR O MUNDO DE ACORDO COM 
NOSSAS CRENÇAS. CONVITE: VAMOS 
FLEXIBILIZAR O GÊNERO?ABRACE A IDENTIDADE DE GÊNERO!
GÊNERO FLUIDO_ Alguém que sente que o seu gênero 
flutua numa base de momento a momento.
INTERSEXO_ pessoas que têm anatomia ou cromossomos 
que não se encaixam nas definições médicas do binário 
feminino e masculino.
CIS [CISGENDER]_ Alguém que se identifica com o gênero 
que lhes foi atribuído no nascimento. É importante notar 
que dizemos "atribuído" em vez de "biológico".
BINÁRIO_ O mito do gênero como categorizado em uma das 
duas identidades, masculino ou feminino.
TRANS_ Alguém que se identifica como um gênero ou com um sexo 
diferente daquele que foi atribuído no nascimento.
NÃO BINÁRIO / GÊNERO QUEER_ Uma pessoa que não acredita no 
binário de gênero, mas que não se identifica com nenhum dos dois, ou 
uma combinação de gêneros masculinos e femininos.
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_Androginia, da 
passarela ao cotidiano 11
A androginia deu partida à ambiguidade de gênero na moda. A 
incorporação de elementos do sexo oposto no figurino foi 
alimentada primeiro por personagens da cultura musical pop, como 
Jimmy Hendrix e David Bowie usando peças de lantejoulas. Nos 
desfiles da década de 80, a modelo Twiggy passava com ar 
andrógino enquanto Jean-Paul Gaultier vestia homens com saias, 
causando estardalhaço. 
No século XXI, fluidez de gênero não é mais só um elemento 
estético. Em programas de TV’s cresce a representação dos 
personagensnão-binários. Modelos trans, andróginas, não-
binárias ocupam as passarelas, não com ambiguidade, mas como 
afirmação. A fluidez está na própria essência. 
No circuito alta costura, o corte reto, assim como babadinhos ou 
florais permeiam ambas as coleções, masculinas e femininas. E 
para algumas marcas que estão chegando e enxergando longe, 
sequer há separação entre coleções.
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ANDREJA PEJIC_ 
Ela começou fotografando para a Vogue 
Paris em 2010 e hoje está bombando em 
todas as capas de revistas do mundo. “Eu 
descobri quem eu era aos 13 […] Na época, 
a androginia se tornou uma maneira de 
expressar minha feminilidade sem ter que 
me explicar demais para as pessoas… me 
tornei esse modelo masculino andrógino, e 
isso foi uma grande parte do meu 
crescimento e minha autodescoberta”. 
Nascida na Bósnia e criada na Austrália, o 
primeiro modelo transgênero do mundo fez a 
cirurgia de redesignação sexual em 2014 e 
hoje é febre nas passarelas, além de 
ativista importante para a causa. “Acho 
que minha história pode ajudar as pessoas. 
Meu objetivo é dar um rosto humano a essa 
luta e sinto que tenho uma 
responsabilidade”. Recentemente assinou 
com a Ford Models, num time que inclui 
Elle Macpherson e Naomi Campbell. 
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CASECASE
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SHARPE SUITING_ 
A comunidade andrógina de Los Angeles - 
especialmente as tomboys e homens trans - 
encontram em Sharpe sua melhor 
representante. Originalmente financiado 
pelo Kickstarter, até registrou uma nova 
patente, a Andropometrics™, levando a moda 
genderqueer também a outras cidades. Muita 
inovação em ternos personalizados, para 
qualquer ocasião, classudos, e adaptados 
ao estilo pessoal para mostrar identidade 
individual. 
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CASECASE
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_Cultura Queer, 
saindo do gueto
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O queer sempre fez moda sem gênero. Pensa em comprar roupas 
como um quebra-cabeça amórfico que é uma mistura de feminino, 
masculino, DIY. O queer vem para desafiar todos os corpos e 
sua transformação em moda vem como uma resposta dessa 
população, de um determinado grupo que tanto sofreu e que 
ainda sofre. Queer: um termo guarda-chuva politizado para 
pessoas LGBTIQAA [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, 
Intersexuais, Queer, Assexuais, Agênero]… Há os que defendem 
que uma pessoa cis pode ser sentir queer, estranho, assim como 
pessoas gays ou lésbicas podem não se identificar como 
estranhas. 
 
Ser queer tem uma implicação real, cria corpos, cria 
subjetividade, influencia. A realidade da vida diária da 
população LGBTQA, especialmente das classes populares e dos 
travestis que trabalham nas ruas é muito dura, com altas taxas 
de crimes de ódio cometidos contra ela. É aqui que, mais uma 
vez, a moda sai na frente: o que há tantos anos era radical é 
agora a maior influência no mundo fashion, tornando-se 
mainstream.
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THE PHLUID PROJECT_ 
Inaugurado em 1º de março deste ano com 
muita música pop e manequins customizados 
sem gênero, é um local de 3 mil metros 
quadrados voltado para a liberdade de 
gênero. Localizado a poucos metros do Soho 
em Nova Iorque, é em parte varejo, parte 
"plataforma experiencial". Metade das 
peças são da marca própria, como a linha 
de camisetas e moletons onde se lê os 
slogans “Strong Together” e “One World”. 
Há um espaço comunitário, na forma de 
arquibancadas, que recebe a comunidade em 
talks e workshops regulares. O banheiro é 
de gênero neutro, seguido de um local para 
selfies. Quem quiser pode agendar uma sala 
gratuitamente, para reuniões de negócios. 
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REBIRTH GARMENTS_ 
O próprio nome já diz: vestuário de 
renascimento. Uma marca que trabalha com 
moda queer, abrangendo todo o espectro de 
gênero, tamanho e diversidade funcional. 
A identidade é a do QueerCrip, um termo 
politizado que engloba as identidades 
estranhas e inconformistas de gênero, 
deficiências / desordens visíveis e 
invisíveis - físicas, mentais, de 
desenvolvimento, emocionais. As 
comunidades trans e deficientes que não 
são adequadamente atendidas por 
estilistas de roupas tradicionais também 
encontram ali uma moda colorida e plural. 
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CASECASE
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JARROD REID_ 
Designer emergente da Nova Zelândia, sua 
estética desenvolveu-se a partir da 
experimentação na moda queer, trazendo 
características e enfeites divertidos e 
peculiares. Sua crença é a de que a moda 
pode impulsionar a maneira como a 
sociedade se movimenta, e não apenas 
refletir. Sua coleção “Mas eu não quero 
tirar meus brincos” desafia o binarismo e 
se concentra nas questões da 
hipermasculinidade e homofobia, 
internalizada dentro da comunidade gay. “O 
homem homossexual afeminado tem sido visto 
como menos homem, já que as visões de 
masculinidade na sociedade moderna 
moldaram o gênero normativo do vestuário”, 
diz. 
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O GRITO_ 
Desde 2011, Thiago Neves idealizou esse 
bazar brechó vintage onde as questões da 
cultura queer e de fluidez de gênero 
conduzem várias coleções. O garimpo de 
peças incríveis dos 70’s, 80’s, 90’s é 
cuidadosamente feito pelo stylist, criando 
looks para todes. É comum ver O Grito 
colaborando com editoriais de moda para 
publicações importantes. O local em 
Botafogo funciona como ponte de encontro e 
troca de experiências, promovendo festas, 
vendas temáticas, e lançamentos de novos 
produtos de marcas badaladas. 
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MARIMACHO_ 
"Marimacho" é um termo espanhol ofensivo 
para designar uma “tomboy”. Em 
consonância com a tradição queer, Crystal 
e Ivette González-Alé reapropriaram o 
termo para designar sua marca, baseada em 
NY. Fazem moda clássica para o masculino 
não convencional, como ternos, roupas 
íntimas e roupas de banho coloridas que 
servem para se adequar às mulheres que se 
identificam como masculinas, melhor do 
que a própria moda masculina poderia 
fazer por elas. 
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CASECASE
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_Trans-normatização 33
TRANS É O NOVO NORMAL. 
TRANS É UMA MUDANÇA DE 
PARADIGMA DE CONSUMO E 
DE COMPORTAMENTO.
Karina Carvalho
Pessoas cisgênero - que concordam sua identidade 
de gênero com a configuração hormonal e genital 
de nascença - são consideradas parte do padrão, 
da normatividade. Uma subjetividade fluida, em 
construção infinita e interminável, mutante, está 
em curso. Quais são os corpos que estão se 
tornando referência para as pessoas, os corpos 
que vão ser observados como os corpos do futuro, 
“normais”?
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A MODA TEM PAPEL FUNDAMENTAL 
NESTE TRANS-FORMAR E TRANS-
NORMATIZAR.
A MODA TEM PAPEL FUNDAMENTAL 
NESTE TRANS-FORMAR E TRANS-
NORMATIZAR.
Mulher transgênero é toda pessoa que reivindica o 
reconhecimento como mulher. Homem transgênero é 
toda pessoa que reivindica o reconhecimento como 
homem. O que determina se a pessoa é transgênero é 
a identidade, não um procedimento cirúrgico. Uma 
mulher ou um homem trans podem tanto ser 
heterossexuais, homossexuais ou bissexuais. Podem, 
ainda, situar-se entre um homem e uma mulher, 
flutuando em uma posição intermediária que é 
também uma tomada de posição per si. 
Depois de tanto adestramento e docilização, novos 
imaginários vão sendo criados para produzir mais 
amor próprio, mais autoestima. Os corpos trans, 
antes invisíveis,performam.
Jimmy Fermin
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VICENTE PERROTTA_ 
Ativista e idealizadora do Ateliê 
TRANSmoras, Vicente Perrotta é a audácia 
da vez. Travesti não-binária, questiona 
moda, corpo e gênero e toda a mediocridade 
que há em definições binárias. No Brasil 
Eco Fashion Week em fins de 2017, Perrota 
incomodou muita gente ao falar da opressão 
da roupa. “Não acinturo, não faço 
numeração. E quem disse que uma mulher tem 
que estar sempre linda para o homem? Quero 
tirar a opressão patriarcal da roupa”. 
Adquirindo materiais por meio de trocas e 
sobras da indústria têxtil, trabalha com a 
desconstrução de peças do vestuário - e de 
ideias reacionárias. 
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MC LINN DA QUEBRADA_ 
Linn da Quebrada usa o funk para gerar 
movimento. Linn da Quebrada é favelada, 
negra, transexual, “não-cirurgiada”, como 
ela diz. Um corpo que desafia qualquer 
coisa, que abre caminho para a 
representatividade, que rompe estigmas de 
música, gênero e cor. Cresceu na cena 
musical e artística e como uma das maiores 
vozes trans do Brasil, motivando o filme 
“Meu corpo é político”, lançado em 
circuito nacional. O filme conta com 
participações em festivais internacionais 
(Visions du Reel, Festival de Toronto, 
Bafici e Festival Internacional do Cinema 
Latino-americano). Recentemente recebeu o 
Prêmio Teddy na mostra paralela do 
Festival de Berlim, a Bixa Travesty. 
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CASECASE
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EN FEMME_ 
Em Barcelona, um apartamento de 120m2 
serve como um grande armário. É lá que os 
crossdressers conseguem, com seu ir e 
vir, vivenciar uma experiência que 
transita entre gêneros. Homens, muitos 
deles casados, guardam suas roupas 
masculinas com as quais saíram pela manhã 
de casa e as substituem pelas femininas, 
vestindo-as durante um período. O refúgio 
é um lugar onde os homens se sentem 
protegidos e tranquilos. E sobretudo, 
aprendem a respeitar sua própria 
condição, ganhando força para buscar uma 
vida fora do submundo a que estão 
destinados pelo preconceito. 
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TRANSEXUALIDADE NÃO É MAIS 
DOENÇA_ 
18 de junho de 2018 vai ficar marcado na 
comunidade LGBTQ. É o dia em que a 
Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou 
a transexualidade da lista de doenças e 
transtornos mentais da Organização das 
Nações Unidas (ONU). A medida dá um enorme 
passo para acabar com o estigma e criar 
oferta para as políticas públicas de saúde 
para transexuais. O novo manual de 
classificação de doenças, conhecido como 
ICD 11, define que a incongruência de 
gênero, ou seja , a transexualidade, não 
pertence mais ao grupo de transtornos 
mentais, onde figuram a cleptomania e a 
pedofilia. 
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_Agênero e não-binário44
Agênero não é a mesma coisa que unissex. 
Pessoas não binárias - aquelas que não se 
identificam com o gênero binário, homem ou 
mulher - querem tempo e liberdade para 
experimentar suas roupas e identidade. E que 
roupa se encaixa naquelas que não desejam ser 
encaixadas em nenhum gênero? 
A tendência do unissex é um pilar do feminismo 
da segunda onda que se sustenta até hoje. Foi 
uma reação aos novos papéis impostos no pós-
Segunda Guerra aos homens e mulheres da 
geração baby boomer. Na moda dos anos 
1960/1970 flertou com a ideia de cruzar os 
gêneros, vestindo casais heterossexuais. No 
entanto, a uniformidade dos trajes mantinha o 
contraste entre o usuário e a roupa, 
demarcando e chamando atenção para o corpo 
feminino ou masculino. 
Gus Idn
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ACORDE!ACORDE!
Desde a década de 90 a moda unissex é ampla e 
socialmente aceita em qualquer situação. De 
demonstração pública de afirmação da igualdade, 
pulou até para as roupas íntimas: o mercado de 
underwear unissex é promissor. 
Já a moda agênero só recentemente passou a encontrar 
marcas que a representam. A pessoa agênero quer 
viver sem ser confinada pelos limites do binário e 
seu corpo é o veículo que dá a melhor oportunidade 
de se expressar. 
Os códigos culturais estão mudando. Um numeroso 
mercado - que vai muito além do cis, branco e magro 
- está esperando que as marcas criem fora do padrão.
Caique Silva
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BEIRA_ 
Marca carioca que desfilou na SPFW 43, a 
Beira saiu do Rio com vestidos largos, 
cortes retos e moda sem gênero para fazer 
sucesso também nos EUA, Japão, São Paulo, 
Dinamarca, Itália. Criada em 2014 por 
Lívia Campos, suas peças funcionais têm na 
modelagem o forte, com o avesso tão 
interessante quanto o lado direito. Lívia 
busca desenvolver produtos que possam ser 
usados tanto por homens quanto por 
mulheres. As peças da Beira são 
atemporais, e podem fazer parte da coleção 
permanente de qualquer gênero. 
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CASECASE
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É DE PEQUENININHO QUE SE 
COMEÇA_ 
Uma explosão de marcas para recém-nascidos 
e crianças voltou-se para o unissex. 
Resultado da pressão de novos pais e da 
sociedade, que não mais quer se ver presa 
ao estereótipo rosa-e-azul, todas as cores 
e formas vem ganhando mercado. As novas 
marcas saem com coleções-cápsula e 
fabricação sob demanda, enquanto pesos 
pesados da moda - como John Lewis - 
acabaram com a demarcação “menino” e 
“menina” nas etiquetas das roupas e nas 
lojas. Saem as sainhas, chegam macacões, 
salopettes e camisetas de fácil vestir. 
Praticidade das peças e conforto são 
básicos, mas algumas marcas agregam outros 
valores, como a sustentabilidade, o uso 
de algodão orgânico e ajustes de modelagem 
para que a roupa cresça com os pequenos. 
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CASECASE
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NOT EQUAL_ 
Destaque na exposição Folk Couture: 
Fashion e Folk Art, e segundo lugar no 
Project Runway, Season 10, Fabio Costa é 
mineiro de Belo Horizonte, e se formou em 
moda na FUMEC. Seguiu para NY, 
completando estudos no FIT e na Prat. Em 
2012 fundou a Not Equal, em parceria com 
sua amiga Rebecca Diele, com roupas 
artesanais desafiando a alfaiataria 
tradicional. Suas observações sobre como 
a roupa está evoluindo levou-os a 
praticar uma moda não definível a um só 
gênero, baseada nas proporções áureas, 
muito usadas na arquitetura e nas artes. 
A forma e a individualidade no sem 
gênero, com linhas arrojadas e padrões 
que qualquer um usaria exemplificam a 
marca, cuja ambição é empurrar os 
limites, alcançando enorme aceite, como 
na New York Fashion Week. 
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_Geração Z e o novo 
poder de compra 55
56% CONHECE ALGUÉM QUE USA 
PRONOMES DE GÊNERO NEUTRO PARA SE 
RECONHECER 
70% APOIA A INTENÇÃO DE TER 
BANHEIROS PÚBLICOS NEUTROS 
APENAS 48% SE DIZEM EXCLUSIVAMENTE 
HETEROSSEXUAIS 
*dados colhidos entre os adolescentes dos EUA, e apresentados no SWSX 2016 pela agência JWT.
Os Millenials (21-34 anos) foram a geração que 
quebrou as definições tradicionais de gênero, 
sexualidade, raça, não se prendendo mais aos 
parâmetros demográficos nos seus hábitos, intenções 
e interesses. Em se tratando de gênero, é inegável 
que a chamada Geração Z (nascida de 1998 para cá) 
apresenta um número percentual de pessoas não 
identificadas com o binarismo muito maior do que a 
antecedente. Receptivos à fluidez dos novos tempos, 
os G Zers querem experimentar novas possibilidades 
identitárias e são o mercado do futuro. 
Brunel Johnson
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X
“Eu sempre compro produtos 
específicos para o meu gênero 
ao invés de produtos sem 
gênero determinado,quando a 
categoria é:”
PRODUTO GÊNERO
SAPATOS_
ROUPAS_
DESODORANTE_
PERFUME_
EQUIPAMENTO 
ESPORTIVO_
ACESSÓRIOS_
Talles Alves*Fonte: J. Walter Thompson Intelligence - Study of Youth Attitudes Toward Gender
GEN Z_ 13-20
GEN Y_ 21-34
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ÜLEVUS_ 
Marca brasileira que trabalha com gênero 
neutro, cores neutras e pastéis. Feita 
para jovens que evitam estereótipos, 
entendeu bem o conceito de sem gênero. A 
Ülevus foi criada pelo casal Paola Penna e 
Larissa Rodrigues, que cria coleções 
atemporais para pessoas que, como elas, 
buscam liberdade e individualidade. A 
preferência por malhas e tecidos leves 
ajuda na hora de adaptar as peças a 
qualquer biotipo, independente do gênero. 
O estilo é uma mistura de referências 
urbanas, minimalistas, contemporâneas e 
artsy. 
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CASECASE
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TRIZ_ 
Triz encontrou no rap e nas redes sociais 
a saída para a invisibilidade. Triz 
nasceu na periferia de São Paulo, nunca 
se encaixou no binarismo e se reivindica 
como uma pessoa de gênero neutro. Aos 18 
anos, gravou um clipe onde falava do 
preconceito. Em pouco tempo alcançou 1 
milhão de visualizações no YouTube e hoje 
é porta voz do gênero musical, mesmo sem 
se reconhecer como rapper. “Estudei 
durante dois anos sobre gênero para 
conseguir entender. Não me encaixo na 
feminilidade, nem na masculinidade desses 
padrões impostos, meu cérebro não se 
adequa a esses comportamentos. Mas 
confesso que o “a” é para mim pior do que 
o “o”. 
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CASECASE
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TEACHING TOLERANCE_ 
A plataforma conta com recursos que ajudam a 
moldar políticas inclusivas nas escolas e a 
capacitar alunos vulneráveis. Apoiar os jovens 
em seu crescimento e criar espaços para que 
eles possam explorar as possibilidades 
deixando-os à vontade é o objetivo. Fornece 
links para os recursos on-line para apoiar 
estudantes transexuais; discute questões como 
sexo atribuído no nascimento, orientação 
sexual, identidade de gênero e expressão de 
gênero, não só para professores ou estudiosos, 
mas com linguagem acessível a qualquer um que 
queira saber mais sobre o assunto. 
Tolerance.org não se restringe à diversidade de 
gênero. Religião, raça e etnicidade, imigração, 
pobreza e necessidades especiais são igualmente 
abordados em profundidade, procurando auxiliar 
na construção de um plano de ensino que 
privilegie a diversidade. 
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CASECASE
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_Novas significações da 
masculinidade mainstream 66
Masculinidade hegemônica, tóxica, mainstream. 
Historicamente, a igualdade de gênero tem a ver com 
inclinar-se ou assimilar as masculinidades. Assim, no 
plural, porque são múltiplas, praticadas por homens, 
principalmente, mas também por mulheres. Os traços 
visíveis começam cedo: “homens não choram” ou “não 
seja uma mulherzinha”. 
Apesar de os papéis femininos serem muito rígidos, sem 
negociação de mudanças e com leis que até autorizam 
violência, os papéis masculinos de gênero são 
geralmente apresentados com mais rigor do que os 
atribuídos às mulheres. Há uma dinâmica de poder que 
divide os homens em duas categorias: os que fazem 
parte da masculinidade hegemônica, predominantemente 
branca, provedora e protetora da família, considerada 
“correta”, em contraposição a outras masculinidades - 
“afeminadas”, menos rígidas e, por vezes, 
contraditórias.
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Lentamente algo novo está surgindo no ar. A masculinidade 
mainstream vem sendo discutida pelos homens das novas gerações 
com tanto interesse quanto pelas mulheres. Não há apenas uma 
maneira de ser homem, nem deveria existir. Homens, mulheres e 
meninos precisam repensar a maneira com que aprenderam a ser 
orientados sob a condição de homem. Grupos de apoio estão 
desenvolvendo consultorias tanto individuais quanto para 
empresas, na busca de ações que tragam mudanças profundas no 
sistema patriarcal. 
A aceitação geral da fluidez de gênero enfrenta um enorme 
obstáculo na masculinidade tóxica. 
Ressignificar a masculinidade significa compreender limitações e 
restrições. Implica em igualdade de gênero, dizer não à 
violência em todas as suas formas, abolir de vez o assédio e o 
abuso sexual, abrir mão de privilégios obtidos pela condição de 
nascença de raça e gênero. Os ganhos vêm a seguir. Homem também 
chora, usa maquiagem e não precisa ser “macho” 24h por dia.
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MAYBELLINE_ 
Foram décadas anunciando linhas de maquiagem 
só para mulheres, até a indústria perceber que 
estava marcando touca. A Maybelline deu um 
passo à frente e, bum, sai com Manny 
Gutierrez, vlogger e influenciador gigante de 
beleza como modelo em 2017. Ele é o primeiro 
homem a estrelar uma campanha da marca, 
anunciando maquiagem também para eles. 
Detalhe: ninguém vê Manny Gutierrez como uma 
drag queen, mas como um homem que gosta de 
usar maquiagem. Ponto para a Maybelline. 
A Cover Girl também lançou seu Coverboy: James 
Charles. Outras marcas, como a Makeup e a 
Anastasia Beverly Hills se valeram de homens 
em suas campanhas. Giorgio Armani lançou seu 
primeiro batom de gênero neutro. As mulheres 
usam a beleza como forma de expressão, e 
homens agora querem igualdade no quesito. 
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CASECASE
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JADEN SMITH_ 
Jaden nasceu famoso. É filho do ator Will Smith, 
emancipou-se aos 15, com apoio dos pais. Tem uma 
casa de 4 milhões de dólares comprada com seu 
trabalho como ator e rapper. Foi considerado um 
dos mais estilosos homens de 2015 na votação da 
influente revista GQ (ele tinha 15 anos). Foi o 
primeiro modelo masculino a estrelar uma campanha 
na Louis Vuitton usando uma saia, e continuou a 
usar roupas femininas até o final de 2016. Ainda 
assim, nas mídias sociais, as reações não foram 
tão positivas. No Twitter, enquanto uns o chamavam 
de jovem confuso, outros evocavam seu pai para que 
escolhesse roupas corretas para Jade. E houve 
mesmo blogueiro dizendo que ele insultava a 
masculinidade negra e parecia estar inconsciente 
do fato. O “rapaz confuso” hoje tem mais de 8 
milhões de seguidores no Insta, sua própria marca, 
a Syre, e anunciou recentemente que está 
trabalhando com o selo holandês G Star-W numa 
coleção de denim sustentável. 
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CASECASE
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ZOOMER, NASCIDO E CRIADO NO 
GÊNERO NEUTRO_ 
Dois anos antes de Zoomer nascer, Myers fazia 
estudos de gênero na Universidade de Utah onde 
aprendeu que gênero é uma construção social. Zoomer 
veio ao mundo como “They-by”. Ela e o parceiro 
partiram do princípio de que se a criança crescesse 
em um ambiente livre de estereótipos poderia chegar 
a uma compreensão de seu próprio gênero em seu 
próprio tempo. 
E mais. Em vez de limitá-lo ao gênero neutro, usam a 
expressão ”criativo de gênero”, uma espécie de 
“arco-íris de opções”. Zoomer não usa roupas 
demarcadas e nem brinquedos com gênero carimbado, 
tampouco pronomes definidos. É um dos casos de 
“theybies” - trocadilho usado na Inglaterra natal, 
no lugar de “babies” - que vem se tornando mais e 
mais comum, embora ainda sofra preconceitos dos mais 
velhos, como seus avós. 
Zoomer reconhece as diferenças nas pessoas, 
chamando-as de “papai”, se parecidas com seu pai, ou 
vice-versa “mamãe”. O casal, que busca não fazer 
apologia nem pressão seja para a neutralidade ou 
binarismo, espera que a criança se auto-identifique 
breve, na altura dos 3 ou 4 anos. 
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CASECASE
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[ ]
REVOLUÇÃOTECNOLÓGICA, 
DISTOPIA E 
UTOPIA DE
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REVOLUÇÃO 
TECNOLÓGICA, 
DISTOPIA E 
UTOPIA DE
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Rafael Romero
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HUMANOS, 
MÁQUINA, CORPO: 
REIMAGINAR. 
RECODIFICAR.
Robótica. Inteligência Artificial. Realidade 
Virtual. Conectividade. A revolução das TICs é 
também a evolução do conceito de gênero com toda 
a sua diversidade. Para uns, vivemos uma utopia - 
a desconstrução de estereótipos de gêneros. Para 
outros, a distopia, com o reforço de 
preconceitos. 
A internet abriu as portas para diferentes visões 
de gênero e sexualidade, permitindo àqueles que 
não se encaixavam nos padrões encontrar seus 
pares. Nas comunidades on-line, as pessoas ficam 
mais confortáveis para mostrar quem realmente 
são, protegidas pelo anonimato e identificadas 
umas com as outras. Por outro lado, se tornam 
mais vulneráveis, quando se posicionam 
publicamente e são atacadas com virulência.
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Fr
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 V
Auxiliados pelas novas formas de conexão, como 
smartphones e mídias sociais, todos somos 
produtores de conteúdo, cada um retomando para 
si a representação de sua própria identidade. 
Uma nova voz vem das margens. Múltiplas 
plataformas são criadas, ouvem e refletem as 
vozes periféricas - meninas, pessoas não-
brancas, trans. O conhecimento é diversificado, 
muda de mãos e não mais está centrado nos 
detentores do poder midiático-econômico-social. 
Diferenciar autenticidade de um ruído 
gigantesco, em meio a tantas informações, é o 
mais difícil. 
Mas e se as máquinas, em uma progressão 
exponencial, refletem o sistema patriarcal e 
perpetuam e ampliam as desigualdades encontradas 
no mundo real? Todo código - social ou 
programado - é ideológico. Máquinas não têm uma 
ética natural. Elas refletem e reforçam 
preconceitos já arraigados. A discussão passa 
pela construção de normas de implantação da 
Inteligência Artificial [IA] da qual deve 
participar toda a comunidade global.
PODERÁ A TECNOLOGIA 
NOS CONDUZIR A UM 
MUNDO PÓS-GÊNERO?
PODERÁ A TECNOLOGIA 
NOS CONDUZIR A UM 
MUNDO PÓS-GÊNERO?
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_Gênero e Inteligência 
Artificial
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Pode-se atribuir ao mundo dos algoritmos boa parte 
dessa revolução tecnológica, com a chegada da 
inteligência artificial, machine learning e dos 
bots que interagem com humanos por texto ou imagem. 
Mas também pode ser a ferramenta de reprodução das 
estruturas de poder e comportamento. Reparou que 
quase todas as assistentes virtuais têm voz 
feminina, macia, redonda, quando ligadas às tarefas 
de baixo status, como afazeres domésticos e 
pequenos cuidados? 
Tecnologia é um meio. A revolução acontece quando 
dispomos de novas ferramentas e adotamos novos 
comportamentos.
Justin Peralta
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Na era dos algoritmos, qualquer coisa 
relacionada a texto, imagem ou voz está passível 
de ser processada. Um conjunto de dados pode 
traduzir em códigos o preconceito de uma 
sociedade, usado como base para a construção das 
normas, na perpetuação do status quo e nas 
previsões. 
Falando em moda: algoritmos podem influenciar 
nas decisões de contratação, na escolha de cores 
e tendências, na definição de seu público-alvo, 
em suma, na forma como uma marca vê e quer ser 
vista. 
Desconfie do conteúdo. Analise o contexto. Não 
pergunte [tudo] à Siri. A decisão final é sua, 
de acordo com sua observação e experiência 
crítica.
Noah Buscher
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PRECONCEITO REFORÇADO POR MACHINE 
LEARNING_ 
Os softwares de reconhecimento de imagem estão na 
berlinda. Um recente estudo da Universidade de 
Virginia mostrou como eles podem reforçar estereótipos 
dos papéis masculino e feminino. Os pesquisadores 
utilizaram conjuntos de fotos usados para fins de 
busca – incluindo dois grandes, da Microsoft e do 
Facebook – e mostraram como o software de aprendizado 
de máquina treinado nestes conjuntos de dados não 
apenas refletia os preconceitos já existentes nos 
conjuntos, mas amplificava-os. Se um grupo de imagens 
vinculava, por exemplo, mulheres à culinária, e homens 
a esportes, o software treinado pelo estudo dessas 
fotos criava uma associação ainda mais forte. Uma 
prova de que os sistemas de IA ainda têm muito a 
caminhar em se tratando de pessoas, lembrando que, em 
2015, o serviço de fotos da Google acidentalmente 
classificou negros como gorilas. 
[Veja mais]
CASECASE
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SIRI, CORTANA, ALEXA, KASISTO_ 
precisamos falar sobre Assistentes 
Pessoais_ 
Não fique surpreso em saber que há (muita) gente 
assediando (sexualmente) bots. Alguns estudos 
mostraram que nós tendemos a antropomorfizar os 
robôs, nos relacionando com eles como se humanos 
fossem. Pegue seu celular e pergunte à Siri. O tom é 
doce. Do outro lado, a vozinha feminina demonstra 
tranquilidade, como se estivesse sentada em sua casa 
respondendo todas as suas perguntas. Como uma mãe. 
Ou uma mulher subserviente. 
Quem disse que os bots têm que ter gênero? 
Jacqueline Feldman criou um bot para a empresa 
Kasisto, de IA. Ela personalizou Kai, um chatbot 
programado para auxiliar nas tarefas bancárias. Uma 
das situações previstas por ela é justamente a de 
assédio. Kai é anódino e neutro na resposta, em 
lugar de ser indulgente, como a maioria das 
assistentes pessoais o fazem. O fato é que o 
trabalho das assistentes virtuais está reproduzindo 
as relações que já conhecemos. Quando usados em 
aplicativos para auxiliar um engenheiro ou um 
advogado, estes preferem que a voz seja masculina. 
[Veja mais]
CASECASE
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_Ciberfeminismo/
ciberativismo
Há uma relação de longa data entre a tecnologia 
da informação e a emancipação das mulheres. A 
possibilidade de usar a tecnologia como meio 
torna jornadas individuais processos coletivos, 
hackeando a própria lógica de promover 
transformações. O ciberfeminismo é essa 
ferramenta que alia o movimento à tecnologia. 
Nas mídias sociais, possibilitada pela amplitude 
das redes, a massificação de agendas dos direitos 
das mulheres é uma realidade. Garantidas pelo 
anonimato e pelo vanguardismo de outras, mais 
mulheres se expõem e falam entre si sobre suas 
questões mais íntimas. Das campanhas contra o 
assédio sexual #metoo, #meuprimeiroassedio e 
#meuamigosecreto à convocação da grande marcha 
contra Trump ou da greve mundial de mulheres pela 
Internet, elas deixam claro que não tolerarão 
mais ameaças aos seus direitos. O feminismo é um 
movimento global.
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#METOO 
#MEUPRIMEIROASSEDIO 
#MEUAMIGOSECRETO
Jessica Podraza
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Na programação, com a criação de plug ins, de 
novas plataformas e de chatbots, mulheres vêm 
mostrando como a linguagem pode ser poderosa na 
promoção - ou enfraquecimento - da igualdade de 
gênero.
WOMEN IN TECH, 
PROGRAMAÇÃO É A SUA 
NOVA LÍNGUA!
WOMEN IN TECH, 
PROGRAMAÇÃO É A SUA 
NOVA LÍNGUA!
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BETA, UMA ROBÔ FEMINISTA_ 
“Uma robô feminista até o último código”. Beta é uma 
chatbot programada dentro da ótica feminista. E o 
que faz a robô? Funciona como uma ferramenta de 
mobilização on-line, enviando alertas e notificações 
e atualizando o usuário sobre o que de importante 
acontece no cenário político em relação aos direitos 
das mulheres, como pautas ligadas a direitos sexuais 
e reprodutivos, por exemplo. Foi desenvolvida pela 
Nossas, uma ONG que atua como laboratório de 
ativismo multicausas com forte atuação on line, 
ressignificando a política. 
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CASECASE
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FEMINIST NEWS FEED ERADICATOR 
FOR FACEBOOK_ 
Um editor de notícias femininas para o 
Facebook? Sim, é isso mesmo. No lugar de 
receber um monte de baboseiras e piadas 
misóginas, este aplicativo bloqueia todo o 
minifeed do FB e o substitui por notícias 
autorizadas por uma mulher. 
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CASECASE
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DIY FEMINISTA_ 
A Hack Blossom é uma organização que luta 
em espaços digitais. Facilita o 
intercâmbio de recursos técnicos, 
iniciativas ativistas, redação pessoal e 
projetos artísticos que promovam uma 
cultura inclusiva da tecnologia. A 
comunidade apoia radicalmente a visão 
feminista, acolhendo todos os que 
rejeitam a violência e a opressão. Um dos 
projetos é este guia DYI sobre 
cybersegurança. Um completo passo a passo 
de como se proteger e proteger nossos 
dados, que normalmente deixam rastros em 
nossa navegação diária e facilitam a 
violência e invasão de privacidade, e não 
só no mundo virtual. 
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CASECASE
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CHANGE MAN TO BOY_ 
O plug-in foi inventado por uma usuária 
que se queixava de ser chamada no seu 
ambiente de trabalho de menina, no lugar 
de mulher, de uma forma claramente 
diminutiva de seu real valor. Na 
utilização do Chrome, a extensão muda as 
palavras "homem" para "menino" e "homens" 
para "meninos", criando um contraste entre 
o que de fato acontece. Sua criadora diz: 
“Eu adoraria poder ter os homens mais 
misóginos do meu local de trabalho 
instalando em seus laptops o plug in, para 
reconhecer o quão depreciado eu às vezes 
me sinto com a linguagem com a qual se 
acostumaram a me descrever”. 
[Veja mais]
CASECASE
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VEDETAS, UMA SERVIDORA FEMINISTA_ 
Sites, blogs e plataformas feministas e ligadas 
aos direitos das mulheres são constantemente 
atacados e derrubados por hackers, ficando 
vulneráveis também no cyberespaço. E todo o 
conteúdo da Internet deve estar hospedado em 
algum lugar, seja físico - um hardware - ou não - 
um software. Vedetas busca solucionar esse 
problema, hospedando essas plataformas e 
garantindo sua segurança contra tais ataques. A 
referência vem de mulheres revolucionárias 
baianas ex-escravas, que formaram uma resistência 
nas vedetas, pequenas casas na costa, de onde 
faziam a vigilância contra os ataques 
portugueses. 
Elas não só hackeam as plataformas ou as 
programam, mas desenham os próprios servidores de 
Internet (web servers). Oferecem ainda oficinas 
de cultura hacker, segurança da informação, 
feminismo, rede autônoma e outros. 
[Veja mais]
CASECASE
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_Ciborgue, robô e 
androginia 33
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QUAIS SÃO OS 
PRECONCEITOS QUE 
ESTAMOS REPRODUZINDO 
NOS ROBÔS?
QUAIS SÃO OS 
PRECONCEITOS QUE 
ESTAMOS REPRODUZINDO 
NOS ROBÔS?
Sim, estamos nos tornando ciborgues. Somos 
ciborgues porque temos uma simbiose com a 
máquina, porque a realidade da vida pós-
moderna inclui uma relação entre pessoas e 
tecnologia tão visceral que não é mais 
possível separá-las. Ciborgues da raça 
humana, somos efêmeros. Na presença de 
artefatos da tecnologia, não temos idade 
definida. Relegamos o conceito de “natural” e 
“artificial” ao passado e podemos ser 
reconstruídos. Como ciborgues, precipitamos a 
mudança em muitas frentes. Temos uma 
identidade fluida também nesse sentido. 
Ciborgues são o paradigma da superação da 
dualidade. Rejeitam o labirinto de dualismos 
em que explicamos nossos corpos. Rejeitam a 
realidade conhecida e brincam com o 
impossível. 
Já somos ciborgues e estamos criando robôs. 
Robôs são replicantes. Podem replicar o 
espectro de gênero no comportamento humano ou 
representar a utopia de gênero. 
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ROBÔS COM GENITAIS_ 
A indústria está prestes a lançar robôs 
sexuais femininos com genitais feitos sob 
medida e até mesmo sistemas de 
aquecimento e lubrificação, tudo na busca 
de criar uma experiência sexual 
satisfatória. A boneca sexual é resultado 
de tecnologias convergentes. O software 
de reconhecimento de voz e facial, a 
tecnologia de detecção de movimento e a 
engenharia animatrônica são combinados, 
podendo a robô dar uma recepção calorosa 
quando você chegar em casa, entretê-lo 
com uma conversa rápida e estar sempre 
disponível para sexo. Robôs são 
subservientes. É a objetificação do 
corpo, saindo da mulher, para a máquina. 
[Veja mais]
CASECASE
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_Biohacking e self hacking 44
A relação intrínseca entre homem e máquina chegou 
ao corpo. Em busca da melhoria de nossas 
capacidades, a prática de mudar nossa química e 
nossa fisiologia através da ciência e auto-
experimentação foi incorporada. No que vem sendo 
chamado de she-economy, a ascensão das mulheres 
no mercado da saúde e tecnologia vem 
transformando as questões relacionadas ao bem-
estar sexual. 21% de todas as empresas de 
tecnologia fundadas por mulheres têm peso na área 
de saúde. 
No método DYI, podemos ‘crackear’ nosso corpo da 
mesma maneira como fazemos com um computador: 
entendendo seu sistema. Biohacking pode ser uma 
coisa simples, mudar o estilo de vida, padrões de 
sono ou consumo alimentar, para melhorar nosso 
estado geral. Pode ser ainda um poderoso 
mecanismo de enfrentamento de problemas e 
debilidades que um corpo tenha ou adquira, como 
por exemplo, a perda de um braço ou a 
infertilidade feminina, entre tantas outras 
aplicações.
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Mulheres são biohackers originais desde sempre. 
Tomemos como exemplo o período menstrual. Elas 
controlam a quantidade de fluxo, regulam 
alimentos, tomam chá para as cólicas, marcam no 
calendário para a natalidade. Se desejam filhos, 
acompanham a ovulação com a temperatura basal. 
No outro extremo encontramos a tecnologia. Novos 
aplicativos e wearables estão tornando a vida mais 
fácil e colaboram para eliminar o estigma e a 
vergonha de tratar dos assuntos sexuais. As 
mulheres podem monitorar e compilar com precisão 
dados diários, colocando-os em um contexto. Em 
métodos mais invasivos, pode fazer uma 
fertilização in vitro, implantando óvulos 
fecundados. 
A tecnologia de implantes e de engenharia genética 
substitui partes do corpo buscando um 
aprimoramento e a expansão de nossos limites como 
mortais. O ideal de um humano com superpoderes 
personalizados saiu da ficção científica e nunca 
esteve tão perto.
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A HISTÓRIA DE CYBERSISSY E 
BAYBJANE_ 
BayBJane é uma ‘Bionic Drag’ [nasceu com 
sérias debilidades, sem um olho, dedos não 
conformados, pernas curtas]. CyberSissy é 
um artista da Holanda. As performances da 
dupla expõem questões nas interseções de 
sexualidade e deficiência enquanto 
deslumbram o público com o uso de 
próteses, biohacking, tecnologia e alta-
costura. A corajosa vida e obra de 
BayBJane foi tema do premiado documentário 
“One Zero One”. CiberSissy foi quem 
descobriu a drag queen e suas habilidades, 
fazendo dela a contraparte perfeita para a 
performance de sucesso que roda o mundo. 
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CASECASE
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LIONESS, OHNUT: O PRAZER 
LIBERTADOR_ 
Várias femtechs vêm trabalhando para que a 
saúde sexual feminina seja beneficiada. 
Um exemplo de produtos para a área é o 
Lioness, vibrador inteligente que, 
conectado a um aplicativo de smartphone, 
ajuda a aumentar o prazer. Doenças como 
vaginismo e dispaurenia (que provocam 
dores intensas durante a penetração) 
também vêm recebendo atenção: o Ohnut é umdispositivo feito de silicone que auxilia 
no desconforto da mulher e entra em 
produção ainda este ano de 2018. Já a Clue 
lançou o smartwatch que monitora o ciclo 
de menstruação, enquanto a Fitbit se 
associou a esta e juntou outros dados de 
monitoramento, como sono e frequência 
cardíaca, para obter um relatório que 
permita entender melhor o bem estar da 
mulher. 
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CASECASE
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_Realidade virtual, 
aumentada e mista 55
O meio é novo mas a estrutura se repete. Uma rápida pesquisa 
no Google vai indicar que homens têm mais interesse na 
Realidade Virtual [RV] do que mulheres [20% contra 14%]. A 
discrepância tem a ver com o conteúdo, criado em sua maioria 
por homens e para homens. Nos antigos videogames, tiros para 
todos os lados só atraíam adolescentes meninos. Foi só a 
indústria explorar jogos mais criativos para que, em 2014, 
mulheres passassem a ser maioria entre os gamers [52%]. 
Na camada intermediária entre o mundo real e a realidade 
virtual, a Realidade Aumentada [RA] possibilita a visualização 
de interfaces em ambientes físicos através de dispositivos 
mobile. Por ser mais versátil e acessível que a Realidade 
Virtual, suas aplicações para a moda são mais numerosas: 
interfaces avançadas de reconhecimento de objetos, integração 
com mídias sociais massivamente utilizadas e descoberta e 
sugestão de opções através de reconhecimento de imagem. 
Alex Iby
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Mulheres têm na RV e RA a chance de se colocarem à frente, 
desenvolvendo hardwares, softwares, tornando-se empreendedoras na 
área, assumindo os papéis criativos. E mais. Pesquisas crescentes 
indicam que mulheres e homens processam a imersão sensorial da RV de 
maneira distintas, biologicamente falando. 
Está na hora de pensar a quem se destina este instrumento tão 
poderoso, que transcende os limites de espaço e tempo e pode 
transformar a maneira como nos divertimos, nos educamos e nos 
comunicamos. RV, RA e mista são dimensões onde o corpo é maleável, 
moldado por códigos. Podem ser uma experiência de representação de si 
próprio, da fantasia projetada, usada para se colocar no lugar do 
outro e gerar empatia. Um potencial espaço para trabalhar questões de 
gênero e identidade. 
Mas o mercado tende a outra direção. A indústria de tecnologia sexual, 
que inclui brinquedos sexuais inteligentes e é estimada em 30 bilhões 
de dólares, acordou para o meio. Uma parte desse montante vem da 
pornografia da realidade virtual, mista ou aumentada, e é importante 
destacar a violência sexual estimulada em alguns dos programas. 
Seja para a montagem de uma experiência de compras, jogos, campanhas 
de marketing ou documentários em 360º, produtos em RV, RA e Mista 
devem refletir um público variado, um mix de gênero e a ética da 
marca.
Edu Lauton
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MULHERES EM RV_ 
Aumentar a visibilidade da mulher em realidade 
virtual, seja como criadora, seja como usuária, é 
o objetivo dessa plataforma. Fundada ainda na 
infância da RV, em 2014, conta com um diretório 
de especialistas, discussões sobre aspectos 
legais desse mercado, particularmente as que 
envolvem a vulnerabilidade das mulheres, formas 
de adoção e consumo de VR, onde as mulheres se 
encaixam, além de listar comunidades femininas de 
RV. É ainda uma boa fonte de notícias do mundo de 
RV, mista e aumentada. 
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CASECASE
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CGTRADER_ 
A CGTrader é uma companhia que cria modelos 3D para 
o mercado de desenvolvedores de RV e RA. Os modelos 
são manipulados, animados e otimizados para 
aplicativos e jogos em tempo real. Uma pesquisa no 
site feita por uma desenvolvedora em busca de 
modelos para um aplicativo RV de defesa pessoal 
revelou dados preocupantes: a maioria dos modelos de 
qualidade criados destinavam-se a conteúdo adulto 
(sexo e pornografia). A porcentagem de modelos 
femininos nus, 20%, era quase dez vezes maior do que 
a porcentagem de modelos masculinos nus, 2%. No 
entanto, o número total de modelos masculinos era 
maior em 25%. 
A hipersexualização dos modelos é um dos reflexos do 
mercado. A empresa anunciou então o desafio ‘3D 
Female Character’ - uma competição onde designers e 
estudantes de design de todo o mundo podem ganhar 
licenças de software e outros prêmios, criando 
modelos não sexualizados de personagens femininas 
realistas. 
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CASECASE
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[]ANÁLISE[]FINALANÁLISE
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A utopia sempre foi um produto do seu tempo e como 
tal, reflete sobre os lugares de gênero. Thomas More 
[1516] nos deu a palavra e o conceito de um lugar 
imaginário que examinava sociedades ideais e 
instituições sociais. O paradigma patriarcal tem 
sido a base da organização social; às mulheres foi 
destinado o lugar da subalternidade, em um jogo 
paradoxal de interditos, violências e deveres. 
Papéis de gênero foram discutidos em mundos 
literários utópicos. Neles, a androginia, o poder às 
mulheres e a presença da tecnologia foram 
preponderantes em busca da sociedade ideal. Amazonas 
dominavam uma civilização. A partenogênese permitia 
filhos gerados sem a presença masculina. Mulheres 
praticavam a seleção genética para segregar homens 
que quase destruíram o mundo. Com um personagem 
andrógino transitando por entre os séculos e mudando 
sem esforço de homem para mulher e vice-versa, 
Virginia Woolf alcançou seu sucesso máximo.
Soren Astrup Jorgensen
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No futuro utópico, não precisamos 
julgar seres humanos e defini-los como 
homens ou mulheres, e aprimoramos o 
modo de pensar tanto quanto nosso 
corpo. Rompemos com as masculinidades 
hegemônicas. Em que medida a revolução 
tecnológica possibilita uma nova 
utopia, uma nova maneira de pensar a 
identidade de gênero? 
Na era das máquinas, podemos entender 
essa identidade não só como uma 
construção social, mas agora uma 
interação complexa, que soma fatores 
ambientais, biológicos, hormonais e 
culturais, uma vez que tudo isso é 
passível de mudanças profundas, graças 
à tecnologia.
A mudança de comportamento e de atitudes não é um ato 
isolado de um único indivíduo. Exige uma constituição 
coletiva de forças sociais, políticas, econômicas. 
Que saiamos de nossos selfs para a luta comum. Que 
confrontemos o impossível com o conhecido. 
Reimaginemos o gênero como um continuum, um estado de 
constante mutação, tal como o mundo fluido. O futuro 
utópico está aqui, mas não distribuído igualmente 
dentro da sociedade e ao redor do globo.
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[LIVROS E PUBLICAÇÕES] 
Beauvoir, Simone (1949). Le Deuxième Sexe. 
 
Butler, Judith. (1990). Gender Trouble. 
 
Gouges, Olympe des. (1791). Déclaration des Droits de la Femme et la Citoyenne. 
Revista Scientific American (edição Brasil, outubro 2017). 
[WEB] 
http://web.mit.edu/~shaslang/www/WGS/BrayGT.pdf 
http://journals.sagepub.com/home/gtd 
http://itforchange.net/sites/default/files/Annotated-Bibliography-Session-5-APU.pdf 
http://www.itforchange.net/sites/default/files/652/ITfCWorkshop_Report_Final_0.pdf 
http://www.eldis.org/vfile/upload/4/document/1409/Gender%20and%20ICTs%20briefing
%202014.pdf 
https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/14383SDG5format-revOD.pdf 
http://www.ftsm.ukm.my/ss/Book/EVOLUTION%20OF%20WWW.pdf 
https://channels.theinnovationenterprise.com/articles/gender-in-ai-why-it-matters 
https://www.huffingtonpost.co.uk/ailsa-wakley/women-in-vr_b_15403772.html 
https://www.seeker.com/closing-the-gender-gap-in-virtual-reality-2077946740.html 
https://www.theverge.com/2016/5/5/11576262/virtual-reality-abe-vr-gender-horror-movies 
https://www.artspace.com/magazine/interviews_features/book_report/can-virtual-reality-

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