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[] O PODER DOgenerogenero #ParaTodxs '`'` Kevin Grieve Gênero é uma das dimensões que mais influencia nossas vidas e a sociedade. Estrutura as maneiras como organizamos os sistemas políticos, sociais e econômicos, e a forma como expressamos o corpo e a sexualidade. Ao longo dos anos, o enunciado que marca a identidade e fixa comportamentos - “É menina! É menino!” – passa a ser questionado, e ao invés de exclamações surgem interrogações - Será menino? Será menina? Será um e outro? #PARATODOS #PARATODAS #PARATODXS #PARATODES #PARATODOS #PARATODAS #PARATODXS #PARATODES A pós-modernidade trouxe a multiplicidade de sujeitos que se expressam por todos os lados. Quebramos a velha fórmula do binarismo. Abraçamos a fluidez no gênero, raça, sexualidade, territorialidade, e em outras categorias. Substituímos a “batalha dos sexos” e a rigidez por novas possibilidades. Transformações no mundo do trabalho, na tecnologia ou na cultura chegam acompanhadas de movimentos identitários e até mesmo biológicos. Le sl ie J on es Di mi ta r Be lc he v A afirmação das identidades sexuais, de gênero e raça trouxe, para a moda e para o discurso das marcas, diversidade, mais representatividade e novas oportunidades. Vamos ouvir movimentos que amplificam essas vozes e criam iniciativas afirmativas. Vamos falar de agentes que vivem no cotidiano da cultura de consumo, esse processo em transição na cultura da moda. Há espaço para todos, todas, todes. Há espaço para pensarmos uma utopia de gênero que não reifique estereótipos e desigualdades, que seja libertadora. Os tempos são fluidos, assim como os corpos. mulheres[ ] A NOVA ONDA DO MOVIMENTO DE mulheres A NOVA ONDA DO MOVIMENTO DE _DRIVER #1 Clarke Sanders _intro Les Anderson 00 Ideias de igualdade e justiça de gênero vêm de longe. O manuscrito de Christine de Pizan [1405] já falava de uma “utopia de gênero”, onde o sexismo não seria parte da organização estruturante da sociedade. Por séculos, mulheres foram protagonistas de mudanças. Em contraposição ao feminino tradicional – sinônimo de “conservador / bela / recatada / do lar” – o feminismo desafiou o patriarcado, questionando estruturas de poder para mudar relações de gênero, classe e raça. _driver #1 _driver #2 _driver #3 RESSIGNIFICAR. REPRESENTAR. POLITIZAR. O abolicionismo, o voto feminino e o direito a escolhas reprodutivas foram marcos, no mundo todo, de mais liberdade. Antes visto como um conjunto homogêneo – mulheres em luta contra a opressão – o feminismo se desdobrou, trazendo outros marcadores sociais: raça, sexualidades, etnicidades e territórios. A politização do corpo feminino (“meu corpo, minhas regras”) produz uma virada estética. A indústria do consumo, que projeta a mulher como objeto sexual nas suas propagandas e produtos, é obrigada a repensar como concebe estes corpos. Kyle Loftus _driver #1 _driver #2 _driver #3 CHANEL_ questiona o padrão feminino/ masculino, introduzindo o uso de ternos para as mulheres. Libertou as mulheres da cintura marcada, eliminou os espartilhos e diminui o comprimento das vestes. Mais tarde: lançou cabelos curtos/ pele bronzeada. VIRADAS ESTÉTICASANOS 1920 ANOS 1940-50 DIOR_ the New Look, pós-Segunda Guerra: Mulher mais feminina e sensual. ANOS 1960 COURRÈGES, PIERRE CARDIN, PACO RABANNE_ moda futurista. Padrões gráficos; estilo geométrico YSL_ poder às mulheres, vestindo-as de smoking. Clássico sutilmente andrógino. Diversidade étnica sempre presente nas coleções. MINISSAIA_ liberdade sexual e a emancipação das mulheres. ANOS 1970 VOGUE_ fotos Helmut Newton - capa [1975] com modelo em smoking traz para a mídia questões de sexualidade e gênero. ANDROGINIA_ cultura pop influencia o vestuário. Unissex. Cinturas altas, maquiagem nos olhos, calças boca de sino, jeans e camiseta para homens e mulheres. _driver #1 _driver #2 _driver #3 O PUNK E SEUS ACESSÓRIOS_ meia arrastão rasgada, piercings, uso do preto. Gaultier e os homens de saias. JAPONISMO_ estilo urbano, assexuado, mais conceitual e cerebral. Modelos negras, o pós- colonialismo africano. VIRADAS ESTÉTICAS ANOS 1980 MODA “SEX AND THE CITY”_ hiperfeminilidade. FAST FASHION_ democratização da moda. ANOS 1990 GRUNGE_ a música como vetor de comportamento / moda. Campanhas de diversidade da Benetton. ANOS 2010 BELEZA_ conceito mais ampliado, corpos “diferentes”, “fora do padrão”. Cabelos naturais, maquiagem para peles não-brancas. Visibilização do racismo na moda. Ativismo de marca. ANOS 2000 _driver #1 _driver #2 _driver #3 “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” [Olympe de Gouges - 1791, França] “Reivindicação dos Direitos da Mulher” [Mary Wollstonecraft -1792, Inglaterra] “Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens” [Nísia Floresta - 1832, Brasil] “E eu não sou uma mulher?” [Sojourner Truth – 1851, Estados Unidos] O MOVIMENTO DE MULHERES PRECURSORAS ONDAS FEMINISTAS DA MODERNIDADE VOTO FEMININO - EQUIDADE DOS DIREITOS POLÍTICOS_ Nova Zelândia [1893] / Austrália [1906] / Países nórdicos europeus [1906 a 1919] / Países sob influência russa [a partir de 1917] / Alemanha [1918] / Brasil [1932] / França [1945] DIREITOS DAS TRABALHADORAS_ A entrada massiva de mulheres no mercado de trabalho produzido pela revolução industrial trouxe, ao mesmo tempo, a superexploração do trabalho feminino, e a luta pela sua regulação. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) criada em 1919, inspirou leis de proteção à maternidade, salário igual, jornada de trabalho, que até hoje são muitos desiguais, variam de país para país. FINAL SÉC. XIX / INÍCIO SÉC. XX_ _driver #1 _driver #2 _driver #3 O MOVIMENTO DE MULHERES ONDAS FEMINISTAS DA MODERNIDADE FEMINISMO DA IGUALDADE_ Equidade dos direitos civis (casamento), econômicos (empregos, posse de propriedade) e direitos sociais. SIMONE DE BEAUVOIR_ “O Segundo Sexo”: “Não se nasce mulher, torna- se”. Sexo biológico não é definidor da identidade de gênero, sendo esta definida como uma construção social e cultural. DESCOBERTA DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL_ ROSA PARKS_ feminismo antirracista. As mulheres não são todas iguais. Lutas anticoloniais na África e no Caribe. DÉCADAS DE 1950 A 1970_ DÉCADAS DE 1980 E 1990_ FEMINISMO DA DIFERENÇA_ pluralidade dentro da categoria “mulher”. INTERSECCIONALIDADE_ encontro e sobreposição de diversas formas de exclusão. DISTINÇÕES_ peso a outras identidades marcadoras de subjetividade [raça, sexualidade, corporeidade, territorialidade]. A PARTIR DE 2000 ATÉ O MOMENTO PRESENTE REVOLUÇÃO DAS TICS_ tecnologias de informação e comunicação Ciberativismo / ciberfeminismo Massificação / amplificação de agendas dos direitos das mulheres via mídias sociais DESCOLAMENTO DO GÊNERO_ a identidade do indivíduo como homem, mulher, não-binário ou de outras identidades - do sexo de nascença (biológico) FALA DOS SUBALTERNOS_ A luta do movimento LGBTQ vai às ruas. Cresce a aceitação de diferenças dentro da sociedade. Muito do que era ‘desviante’ já não o é mais. Protagonismo das mulheres negras e feminismo antirracista _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Interseccionalidade 11 Dá para ter um enfoque interseccional na moda? Dá, embora ainda reproduzamos em massa as múltiplas formas de exclusão - basta folhear as revistas de moda para perceber. Levar em conta os aspectos étnicos-raciais nas cadeias produtivas,compostas em sua maioria por mulheres, negras e pobres, passou a ser obrigação na indústria e pode até ser tornar uma commodity. Mulheres negras, latinas, da periferia, trans, vêm celebrando suas existências e suas aparências e rompendo fronteiras com sucesso. Nas passarelas, na cultura interna das empresas, ou como empreendedoras, produzindo marcas que possibilitam maior diversidade e mudança social, elas estão se afirmando como sujeitos. Hanna Grace _driver #1 _driver #2 _driver #3 CAROL BARRETO_ É mulher negra, feminista e como designer de moda autoral elabora produtos e imagens de moda a partir de reflexões sobre as relações étnico-raciais e de gênero. É ainda professora adjunta do Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade - FFCH – UFBA. Pesquisa a relação entre Moda e Ativismo Político. “Venho considerando a aparência como forma de materialização da reflexão sobre a importância da presença, buscando expressar o meu lugar de fala e meu posicionamento crítico diante do vocabulário da moda e suas estruturas”, diz. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 GOYA LOPES_ A designer baiana se consolidou como uma das mais importantes criadoras da moda afro- brasileira. Artista plástica, designer de moda e de superfície, é proprietária da marca Goya Lopes Design Brasileiro. Formada na Escola de Belas Artes da UFBA, fez especialização em Design na Itália e é conhecida pelas estampas autorais que contam a história das pessoas negras no Brasil. Ativista na moda, com largo trânsito internacional - sua marca existe há mais de 30 anos e circula o mundo - Goya faz sua inserção também no campo da representação política. Foi Diretora Geral da ABDesign - Associação Bahia Design; Diretora de Responsabilidade Social do Sindicato do Vestuário de Salvador e regiões, e convidada pelo antigo Ministério da Cultura fez parte do GT do colegiado Setorial de Moda em 2009. Hoje é integrante da ANAMAB – Associação Nacional da Moda Afro-Brasileira. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 DJAMILA RIBEIRO_ Pode procurar pelo nome e não precisa ir longe: Djamila está em todas as revistas brasileiras, todas mesmo e em todas as mídias sociais. Em menos de 4 meses, você a viu como capa da revista da Gol, colunista de opinião na Carta Capital, editora convidada da Elle [março/2018] e matéria em destaque na Marie Claire, além de finalista do prêmio Trip Transformadores. E o que faz a pesquisadora acadêmica da área de Filosofia Política para tanto? Como feminista negra, pensa a condição feminina ressignificando conceitos e desmistificando estereótipos. Sua luta contra a violência sofrida pela mulher negra ganhou ecos nas redes sociais. Lançou um livro, apresentou programa na TV, é consultora de roteiristas da TV Globo interessadas em discutir a questão do feminismo. Foi secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. Ah, e ainda ministra cursos na Faculdade de Sociologia e Política de São Paulo. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 Resistência é ressignificar. Resistir é não só mais uma ação do sujeito, mas a subjetividade que o define. É sobreviver contra todas as barreiras e chances, agarrando as possibilidades. "Nossas visões políticas são conhecidas através da fala e da escrita, mas também através de imagens, sons e uma ampla gama de expressões artísticas. A arte performática é uma dessas práticas com consequências políticas. Ela aparece em manifestações, mas também como formas corporais de expressão, formas de fazer demandas políticas, mesmo quando a fala está ausente”, diz Judith Butler. _R/existo, logo existo 22 Dr op t he L ab el M ov em en t _driver #1 _driver #2 _driver #3 O corpo foi tomado como um espaço de resistência, sendo ressignificado pelas novas definições de gênero e pela luta das mulheres. A moda tem uma dívida com todos os corpos desafiantes, aqueles que vêm mostrar que o corpo é político e é seu próprio manifesto. Fora a objetificação do corpo feminino. Viva a glorificação e a sexualização como forma de empoderamento! RESISTO PORQUE EXISTO. EXISTO PORQUE RESISTO. Gr eg K an tr a _driver #1 _driver #2 _driver #3 PONTO FIRME_ O social e o político foi incorporado à SPFW em abril com detentos do projeto Ponto Firme trazendo às passarelas a materialização do dia a dia da prisão. As peças são criadas na Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos, para os quais o designer Gustavo Silvestre ensinou algumas técnicas. Sarja, tons escuros, calças beges como o austero uniforme dos detentos contrastavam com apliques coloridos do crochê, representando a luz e a esperança fora da prisão. Os participantes - já são mais de 100 - ganham certificado e remissão da pena. Silvestre realizou um desfile dentro da penitenciária, antes da SPFW, uma festa onde eles foram protagonistas e da qual não puderam participar. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 WHAT WERE YOU WEARING?_ Museu Centre Communautaire Maritime Volta e meia um caso de estupro vem com uma pergunta implícita nas conversas: ”O que a pessoa estava vestindo”? A premissa é a de que se a roupa é provocativa, a causa está nela. Uma exposição no início de 2018 na Bélgica refuta este mito. São roupas normais que qualquer um vestiria, como camisas de mangas compridas e calças, uniforme de polícia, pijamas ou uma camiseta com a figura do Meu Pequeno Pônei. A maioria das vítimas recorda perfeitamente do que usava naquele dia impossível de ser apagado da memória. A mostra do Centro Comunitário Marítimo de Bruxelas reproduzia as peças descritas pelas vítimas, resgatando a lembrança como forma de resistência. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 Fi lm ar - F il ma r_ 11 _h r Ri cc ar do A nn an da le -1 40 62 4 _Feminismo pop ou Gender-washing? O feminismo se tornou cool. Caiu a visão estereotipada e antiga da ativista que tinha pernas peludas, odiava os homens, queimava sutiãs e queria transformar toda mulher em lésbica. No ambiente da cultura pop, é impossível ignorar como o manifesto de Beyoncé sobre a feminilidade negra em ‘Lemonade’ impacta na rede; as hashtags que falam de assédio sexual ou celebridades de Hollywood, como Meryl Streep ou Emma Watson se posicionando publicamente sobre a igualdade salarial ou o sexismo. Ser feminista não é mais subversivo, aponta uma tendência. Vestuário com frases encorajadoras e símbolos gráficos dos movimentos ativistas; ícones femininos estampados em releituras visuais, o feminismo virou pop e está no gosto do consumidor. Mas o que dizer quando a comercialização de causas chega ao ponto do absurdo?33 Pa bl o He im pl at z _driver #1 _driver #2 _driver #3 Gender-washing é a apropriação do feminismo para minimizar aspectos negativos de uma determinada entidade, pública ou privada, que tenta se mostrar simpática à causa. Seu primo-irmão pinkwashing - a utilização da comunidade LGBTQ para “lavar uma imagem” negativa - é praticado mesmo por governos que se dizem avançados. Um exemplo: a administração Obama, seguida pela mídia norte-americana, não hesitou em criticar a Rússia por seu fracasso em fornecer liberdades civis básicas para sua população LGBTQ mas silenciou com aliados, como Honduras, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Os EUA também não reconheceram o progresso dos direitos LGBTQ em Cuba. Todo cuidado é pouco na hora de pensar estratégias.O consumo e popularização não podem ser transformados em esvaziamento das causas, ou seja, um possível gender-washing. Oscar Keys _driver #1 _driver #2 _driver #3 HEROICAS_ Peças coloridas, bom humor e uma dose de ativismo. A Heroicas define-se assim, “Sobre Mulheres, para Mulheres”. As peças vão de camisetas a quadros, com estampas de significativas artistas como Laerte. Ícones da luta feminina como Frida Kahlo também são inspiração. Um “Sejam bem viadas” dá as “boas-vindas” no quadro de entrada para casa. Canecas com um “Fight like a girl” ilustradas por personagens de séries e animações (como a Poussey, de “Orange is the new black”, Arya Stark, de “Game of Thrones”, ou a valente princesa Merida) são referências. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 MULHERES NA ARQUIBANCADA_ Para as mulheres, futebol é um campo enorme a avançar. Tome como exemplo o Flamengo, que tem 44% do total da torcida no público feminino, mas não aprendeu a se livrar dos estereótipos. O Clube lançou, a título de homenagem, uma camisa oficial “rubro-negra”... rosa. Uma saraivada de posts bombardeou pelas mídias sociais o clube e a marca responsável pelo patrocínio da ideia, não só pela visão estereotipada que vincula a mulher a uma cor mas também pelo alto preço da “peça-homenagem”. Como contrapartida, a camisa não-oficial da torcida feminista do time - vermelha e preta, como manda o figurino - estampa na frente: “Lugar de mulher é onde ela quiser” e atrás “Contra o futebol moderno”, uma alusão crítica à lógica mercantil do futebol atual, onde o escudo passou a ser marca e o torcedor é visto mais como consumidor do que pela paixão à camisa. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 DIOR REVISITA O FEMINISMO_ A coleção de verão 2018 da Dior vem com um design ativista. Maria Grazia Chiuri, que deslanchou com Valentino, deixa claro seu recado: feminismo também tem lugar no luxo. “Cheguei na maison e todo mundo falava: Dior é feminilidade. Ok, mas eu tento falar para a mulher hoje, para o futuro. E Dior tem que ser sobre o empoderamento feminino”, diz. Ela sabe do que fala. Se há uma revolução na mulher hoje, o designer deve refletir essa atitude. Há uma audiência diferente, com diferentes valores. Um mesmo look pode ser obtido de uma maneira muito barata. Mas não é sobre vestidos que se fala. “Uma casa de luxo tem que manter o valor, a marca, a qualidade, o artesanato, mas ao mesmo tempo tem que iniciar um novo diálogo com essa nova audiência. O novo diálogo tem que ser sobre valor”. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 Na nossa legislação, há uma lei que estabelece cotas para os partidos, indicando que tenham pelo menos 30% de candidatas mulheres. Mesmo assim, no pleito de 2016 apenas 12% de candidatas mulheres no país alcançaram cargos. Marielle Franco, mulher negra, lésbica e ativista dos direitos humanos, foi eleita como a vereadora mais votada do Rio de Janeiro. Já Áurea Carolina, negra, ativista feminista, foi a vereadora mais votada de Belo Horizonte. Ambas se elegeram pelo mesmo partido. Marielle veio da Favela da Maré, Áurea do hip hop. Na plataforma, as duas defendem a transversalidade de gênero e raça em todas as políticas públicas. Uma campanha de nicho. Coincidência? Não. _Representação ]uma puxa a outra[ 44 Matthew Smith _driver #1 _driver #2 _driver #3 Como elas, outras vereadoras representantes do movimento negro, de periferia e vindas de classe baixa tiveram seus pleitos reconhecidos pelo voto. A sororidade se espalhou e foi comum ver uma candidata pedindo votos para outra. O assassinato de Marielle a tirou da Câmara Legislativa. Ao matar a representação de um grupo, o efeito foi outro: milhares de pessoas foram às ruas em todo país - e em todo o mundo - entendendo que a importância da sua vida de luta e resistência foi muito além da ação em prol de um nicho. Marielle se transformou em um símbolo, de dimensão ainda não avaliada. A chegada da representação feminina na vida pública traz a quebra do paradigma público / privado. A diversificação de demandas ocupa a discussão: políticas públicas de inclusão, maternidade (licença, creche), mobilidade urbana (parar fora do ponto, vagão rosa), direitos sexuais e reprodutivos são novos temas do legislativo. _driver #1 _driver #2 _driver #3 REVISTA CAPITOLINA_ A Revista Capitolina nasceu do problema da falta de representação: um grupo de meninas e jovens diversas não se sentia contemplado lendo revistas de moda e beleza mainstream. A solução foi, então, criar sua própria revista em 2014, totalmente digital para permitir a participação de colaboradoras e leitoras do país inteiro. Incorporam em sua linha editorial a ideia de que não há um mundo aspiracional, ideal, mas sim, que suas experiências e realidades que já são válidas e devem ser ressignificadas. Com mais de 80 colaboradores, a Capitolina tem edição mensal temática e editorias semanais, abordando política, ciências, sexo, comportamento e moda. Tudo baseado no princípio DYI, das ilustrações à programação dos códigos. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 SOMOS MUITAS_ Em março de 2015, pessoas autônomas, com trajetórias de atuação em diversos movimentos sociais de Belo Horizonte começaram a construção das “SOMOS MUITAS” pela Cidade que Queremos. Ativistas de diversas causas, das lutas por moradia e por mobilidade, da questão indígena, das mulheres, das pessoas negras, da população em situação de rua, das pessoas trans, dos gays, das lésbicas (das bee), das juventudes, divulgaram pautas que iam desde o direito ao espaço público e preservação das áreas verdes, aos direitos dos trabalhadores e dos animais, ao acesso à cultura, entre outras. As eleições de 2016 foram pontuadas por essas pautas concretas da cidade, pela internet ou em encontros ao vivo, apresentando candidaturas populares e cidadãs comprometidas com o desejo de uma vida mais justa. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 Passou da hora de mudanças. O setor produtivo precisa corrigir a assimetria entre o sucesso da atividade econômica e a atividade social. Traçar estratégias específicas para uma gestão ética e responsável com mulheres, bem como políticas que estimulem a igualdade de gênero é obrigação nas grandes empresas. Mulheres e meninas representam a maior parcela dos 21 milhões de pessoas em trabalho forçado no mundo. 14,2 milhões* são vítimas de exploração forçada em atividades econômicas, como na manufatura. E falar de gig economy / setores informais do trabalho para a mulher na maioria das vezes significa trabalho sem proteções legais e, portanto, mais exposta à precariedade e violências. *Fonte: Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas, Instituto Ethos, 2016 _Novas formas de pensar o mercado de trabalho 55 Lu ci a vi a Un sp la sh _driver #1 _driver #2 _driver #3 DISTRIBUIÇÃO DO PESSOAL POR SEXO NAS 500 MAIORES EMPRESAS NO BRASIL* *Fonte: Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas, Instituto Ethos, 2016 Na moda, mulheres correspondem a 85% da mão de obra. No Brasil, são 75%, com jornadas de até 14h e um quadro onde o trabalho escravo vem aumentando. Um dos grandes desafios na promoção do trabalho decente é como melhorar a posição das trabalhadoras na cadeia de valor. Mulheres são maioria no ensino superior, mas ainda assim só 11% dos cargos de tomadas de decisão nas 500maiores empresas do país são ocupados por mulheres. Na moda, das 50 maiores marcas, apenas 14% tem liderança feminina. Dr op t he L ab el M ov em en t _driver #1 _driver #2 _driver #3 A adoção de políticas de ações afirmativas para mulheres e de igualdade de gênero, como mecanismos de seleção igualitários, programas especiais para capacitação profissional para assumir postos de alto nível, dando visibilidade ao tema diversidade, e sistemas de promoção justos, são urgentes. Novas políticas começam a traduzir uma preocupação com a mudança no sistema trabalhista: as leis de igualdade de salário, inclusão plena [por intermédio de licença maternidade e paternidade, creches, ambientes de trabalho acolhedores para crianças etc.], punição severa ao assédio e abuso sexual no trabalho, mais proteção nos quesitos saúde e segurança, proteção legal nos estados de vulnerabilidade [gravidez, doença, etc.] entre outros. Eliminar aspectos de desigualdade de gênero no trabalho é uma meta que encontra obstáculos enraizados na própria sociedade. A instituição de um código de valores e normas dentro das empresas pode contribuir com práticas mais justas, e ainda ser economicamente vantajoso. A igualdade não produz perdas, e altera alguns privilégios. Ro ya A nn M il le r _driver #1 _driver #2 _driver #3 JUSTA TRAMA_ Justa Trama é a marca ícone da cadeia produtiva do algodão ecológico certificado, indo do plantio à produção de fibras e comercialização das peças. São mais de 600 envolvidos de vários estados de Norte a Sul. Catadoras de sementes, agricultoras, fiadoras, tecedores, costureiras, artesãs e assentados encontraram nessa rede de cooperativas remuneração justa, economia solidária, respeito à mulher. Está fisicamente localizada no Rio Grande do Sul. Comércio justo e sustentabilidade completam a ideia, hoje uma realização de sucesso com mais de 20 anos de existência. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 FAIRWEAR_ A fundação Fairwear atua com marcas, fábricas, outras ONGs e sindicatos para averiguar e melhorar as condições de trabalho na moda em 11 países da África, Ásia e Europa. As 80 empresas associadas representam mais de 120 marcas presentes em 20 mil pontos de venda em 80 países. É uma grande iniciativa que provê instrumentos como código de práticas trabalhistas, canal direto de reclamações ao trabalhador que se sente desassistido, programas educacionais no local de trabalho direcionados a gerentes e supervisores e plataformas online como a que trata da violência em todos os níveis contra a mulher no local de trabalho: assédio, jornada mal paga, remuneração baixa, discriminação profissional, pouca higiene e insalubridade etc. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 [ ] DE GÊNERO fluidezfluidez DE GÊNERO _DRIVER #2 Artem Gavrysh _intro 00RE-NOMEAR. RE-CONHECER. TRANS-FORMAR. TRANS-NORMATIZAR A moda está gritando nossa capacidade de expressar outros eus, outros gêneros. Usamos roupas para experimentar nossa subjetividade, criar lugares, espaços, para estar livre. E para expressar feminilidade, masculinidade e tudo mais entre e além. A exigência de coerência/convergência entre sexo, gênero e desejo/prática, da construção dos corpos masculinos e femininos assegurados por dois sexos fixos predominou até bem pouco tempo e era fácil para a moda prever comportamentos e criar produtos dentro das caixinhas: maquiagem para meninas; botas caubói para meninos. Mas os modelos explicativos de gênero pautados na oposição ‘construção social versus natureza’ vêm sendo questionados com força. Gênero é construção. Finalmente a roupa não precisa mais se proclamar binária. Angel Leon _driver #1 _driver #2 _driver #3 Reconhecer a diversidade de formas de viver o gênero é uma grande revolução. A vivência do gênero como identidade caracteriza, por exemplo, transexuais e travestis. Como funcionalidade é representada pelos crossdressers, drag queens, drag kings. Ao não vincular-se em nenhuma categoria de gênero, uma pessoa pode ser considerada de gênero fluido, transitando entre os gêneros, não-binário, queer, ou extinguir definitivamente qualquer definição relativa a gênero. O corpo híbrido performa de acordo com sua vontade. Significa que não só aquele corpo assume certos papéis e reproduz determinadas atitudes, mas que imprime conotações que marcam o gênero e as identidades. A moda tem uma gigantesca influência na maneira como refletimos sobre e como sentimos nossos corpos. Uma posição de poder sem par, trazendo a responsabilidade de produzir e refletir novas manifestações. Sh ar on M cC ut ch eo n _driver #1 _driver #2 _driver #3 LÍNGUA / LINGUAGEM & GÊNERO NA GRAMÁTICA LÍNGUA / LINGUAGEM & GÊNERO NA GRAMÁTICA Toda linguagem reflete uma estrutura de poder. E se a sociedade está evoluindo para a diversidade de gênero, porque continuar a usar a linguagem binária, predominantemente masculina? Pronomes e artigos, ainda mais na morfologia da língua portuguesa, não são suficientes para dar conta das mudanças que estamos vivendo. Aqui até os astros têm sexo! Instados a buscar uma linguagem neutra de gênero, comunicadores e estudiosos vêm tentando um texto mais representativo nas propagandas, onde o sexismo não seja reproduzido. Os novos sinais do tempo passam pelos símbolos e sinais @ / x / _ / e. No entanto, estes não têm a força transformadora da oralidade. Na Suécia, um pronome neutro utilizado pela comunidade transexual do país desde a década de 60, foi incluído na revisão do dicionário oficial em 2015. Hen faz a mesma função de han (ela) e hon (ele). A língua é uma construção social, assim como o gênero. A língua que usamos reflete e reforça desigualdades de um sistema. A saída está na práxis. Vamos abolir no dia a dia o uso do masculino como genérico. Vamos insistir na construção da visibilidade das mulheres e das transgeneridades. Pa bl o Pa di ll a _driver #1 _driver #2 _driver #3 RENOMEAR O MUNDO DE ACORDO COM NOSSAS CRENÇAS. CONVITE: VAMOS FLEXIBILIZAR O GÊNERO? RENOMEAR O MUNDO DE ACORDO COM NOSSAS CRENÇAS. CONVITE: VAMOS FLEXIBILIZAR O GÊNERO?ABRACE A IDENTIDADE DE GÊNERO! GÊNERO FLUIDO_ Alguém que sente que o seu gênero flutua numa base de momento a momento. INTERSEXO_ pessoas que têm anatomia ou cromossomos que não se encaixam nas definições médicas do binário feminino e masculino. CIS [CISGENDER]_ Alguém que se identifica com o gênero que lhes foi atribuído no nascimento. É importante notar que dizemos "atribuído" em vez de "biológico". BINÁRIO_ O mito do gênero como categorizado em uma das duas identidades, masculino ou feminino. TRANS_ Alguém que se identifica como um gênero ou com um sexo diferente daquele que foi atribuído no nascimento. NÃO BINÁRIO / GÊNERO QUEER_ Uma pessoa que não acredita no binário de gênero, mas que não se identifica com nenhum dos dois, ou uma combinação de gêneros masculinos e femininos. Ho ne y Fa ng s _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Androginia, da passarela ao cotidiano 11 A androginia deu partida à ambiguidade de gênero na moda. A incorporação de elementos do sexo oposto no figurino foi alimentada primeiro por personagens da cultura musical pop, como Jimmy Hendrix e David Bowie usando peças de lantejoulas. Nos desfiles da década de 80, a modelo Twiggy passava com ar andrógino enquanto Jean-Paul Gaultier vestia homens com saias, causando estardalhaço. No século XXI, fluidez de gênero não é mais só um elemento estético. Em programas de TV’s cresce a representação dos personagensnão-binários. Modelos trans, andróginas, não- binárias ocupam as passarelas, não com ambiguidade, mas como afirmação. A fluidez está na própria essência. No circuito alta costura, o corte reto, assim como babadinhos ou florais permeiam ambas as coleções, masculinas e femininas. E para algumas marcas que estão chegando e enxergando longe, sequer há separação entre coleções. _driver #1 _driver #2 _driver #3 ANDREJA PEJIC_ Ela começou fotografando para a Vogue Paris em 2010 e hoje está bombando em todas as capas de revistas do mundo. “Eu descobri quem eu era aos 13 […] Na época, a androginia se tornou uma maneira de expressar minha feminilidade sem ter que me explicar demais para as pessoas… me tornei esse modelo masculino andrógino, e isso foi uma grande parte do meu crescimento e minha autodescoberta”. Nascida na Bósnia e criada na Austrália, o primeiro modelo transgênero do mundo fez a cirurgia de redesignação sexual em 2014 e hoje é febre nas passarelas, além de ativista importante para a causa. “Acho que minha história pode ajudar as pessoas. Meu objetivo é dar um rosto humano a essa luta e sinto que tenho uma responsabilidade”. Recentemente assinou com a Ford Models, num time que inclui Elle Macpherson e Naomi Campbell. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 SHARPE SUITING_ A comunidade andrógina de Los Angeles - especialmente as tomboys e homens trans - encontram em Sharpe sua melhor representante. Originalmente financiado pelo Kickstarter, até registrou uma nova patente, a Andropometrics™, levando a moda genderqueer também a outras cidades. Muita inovação em ternos personalizados, para qualquer ocasião, classudos, e adaptados ao estilo pessoal para mostrar identidade individual. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Cultura Queer, saindo do gueto Fi lm ar - F il ma r_ 11 _h r 22 Ig or O vs ya nn yk ov -2 01 19 8 O queer sempre fez moda sem gênero. Pensa em comprar roupas como um quebra-cabeça amórfico que é uma mistura de feminino, masculino, DIY. O queer vem para desafiar todos os corpos e sua transformação em moda vem como uma resposta dessa população, de um determinado grupo que tanto sofreu e que ainda sofre. Queer: um termo guarda-chuva politizado para pessoas LGBTIQAA [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, Intersexuais, Queer, Assexuais, Agênero]… Há os que defendem que uma pessoa cis pode ser sentir queer, estranho, assim como pessoas gays ou lésbicas podem não se identificar como estranhas. Ser queer tem uma implicação real, cria corpos, cria subjetividade, influencia. A realidade da vida diária da população LGBTQA, especialmente das classes populares e dos travestis que trabalham nas ruas é muito dura, com altas taxas de crimes de ódio cometidos contra ela. É aqui que, mais uma vez, a moda sai na frente: o que há tantos anos era radical é agora a maior influência no mundo fashion, tornando-se mainstream. _driver #1 _driver #2 _driver #3 THE PHLUID PROJECT_ Inaugurado em 1º de março deste ano com muita música pop e manequins customizados sem gênero, é um local de 3 mil metros quadrados voltado para a liberdade de gênero. Localizado a poucos metros do Soho em Nova Iorque, é em parte varejo, parte "plataforma experiencial". Metade das peças são da marca própria, como a linha de camisetas e moletons onde se lê os slogans “Strong Together” e “One World”. Há um espaço comunitário, na forma de arquibancadas, que recebe a comunidade em talks e workshops regulares. O banheiro é de gênero neutro, seguido de um local para selfies. Quem quiser pode agendar uma sala gratuitamente, para reuniões de negócios. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 REBIRTH GARMENTS_ O próprio nome já diz: vestuário de renascimento. Uma marca que trabalha com moda queer, abrangendo todo o espectro de gênero, tamanho e diversidade funcional. A identidade é a do QueerCrip, um termo politizado que engloba as identidades estranhas e inconformistas de gênero, deficiências / desordens visíveis e invisíveis - físicas, mentais, de desenvolvimento, emocionais. As comunidades trans e deficientes que não são adequadamente atendidas por estilistas de roupas tradicionais também encontram ali uma moda colorida e plural. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 JARROD REID_ Designer emergente da Nova Zelândia, sua estética desenvolveu-se a partir da experimentação na moda queer, trazendo características e enfeites divertidos e peculiares. Sua crença é a de que a moda pode impulsionar a maneira como a sociedade se movimenta, e não apenas refletir. Sua coleção “Mas eu não quero tirar meus brincos” desafia o binarismo e se concentra nas questões da hipermasculinidade e homofobia, internalizada dentro da comunidade gay. “O homem homossexual afeminado tem sido visto como menos homem, já que as visões de masculinidade na sociedade moderna moldaram o gênero normativo do vestuário”, diz. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 O GRITO_ Desde 2011, Thiago Neves idealizou esse bazar brechó vintage onde as questões da cultura queer e de fluidez de gênero conduzem várias coleções. O garimpo de peças incríveis dos 70’s, 80’s, 90’s é cuidadosamente feito pelo stylist, criando looks para todes. É comum ver O Grito colaborando com editoriais de moda para publicações importantes. O local em Botafogo funciona como ponte de encontro e troca de experiências, promovendo festas, vendas temáticas, e lançamentos de novos produtos de marcas badaladas. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 MARIMACHO_ "Marimacho" é um termo espanhol ofensivo para designar uma “tomboy”. Em consonância com a tradição queer, Crystal e Ivette González-Alé reapropriaram o termo para designar sua marca, baseada em NY. Fazem moda clássica para o masculino não convencional, como ternos, roupas íntimas e roupas de banho coloridas que servem para se adequar às mulheres que se identificam como masculinas, melhor do que a própria moda masculina poderia fazer por elas. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Trans-normatização 33 TRANS É O NOVO NORMAL. TRANS É UMA MUDANÇA DE PARADIGMA DE CONSUMO E DE COMPORTAMENTO. Karina Carvalho Pessoas cisgênero - que concordam sua identidade de gênero com a configuração hormonal e genital de nascença - são consideradas parte do padrão, da normatividade. Uma subjetividade fluida, em construção infinita e interminável, mutante, está em curso. Quais são os corpos que estão se tornando referência para as pessoas, os corpos que vão ser observados como os corpos do futuro, “normais”? _driver #1 _driver #2 _driver #3 A MODA TEM PAPEL FUNDAMENTAL NESTE TRANS-FORMAR E TRANS- NORMATIZAR. A MODA TEM PAPEL FUNDAMENTAL NESTE TRANS-FORMAR E TRANS- NORMATIZAR. Mulher transgênero é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como mulher. Homem transgênero é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como homem. O que determina se a pessoa é transgênero é a identidade, não um procedimento cirúrgico. Uma mulher ou um homem trans podem tanto ser heterossexuais, homossexuais ou bissexuais. Podem, ainda, situar-se entre um homem e uma mulher, flutuando em uma posição intermediária que é também uma tomada de posição per si. Depois de tanto adestramento e docilização, novos imaginários vão sendo criados para produzir mais amor próprio, mais autoestima. Os corpos trans, antes invisíveis,performam. Jimmy Fermin _driver #1 _driver #2 _driver #3 VICENTE PERROTTA_ Ativista e idealizadora do Ateliê TRANSmoras, Vicente Perrotta é a audácia da vez. Travesti não-binária, questiona moda, corpo e gênero e toda a mediocridade que há em definições binárias. No Brasil Eco Fashion Week em fins de 2017, Perrota incomodou muita gente ao falar da opressão da roupa. “Não acinturo, não faço numeração. E quem disse que uma mulher tem que estar sempre linda para o homem? Quero tirar a opressão patriarcal da roupa”. Adquirindo materiais por meio de trocas e sobras da indústria têxtil, trabalha com a desconstrução de peças do vestuário - e de ideias reacionárias. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 MC LINN DA QUEBRADA_ Linn da Quebrada usa o funk para gerar movimento. Linn da Quebrada é favelada, negra, transexual, “não-cirurgiada”, como ela diz. Um corpo que desafia qualquer coisa, que abre caminho para a representatividade, que rompe estigmas de música, gênero e cor. Cresceu na cena musical e artística e como uma das maiores vozes trans do Brasil, motivando o filme “Meu corpo é político”, lançado em circuito nacional. O filme conta com participações em festivais internacionais (Visions du Reel, Festival de Toronto, Bafici e Festival Internacional do Cinema Latino-americano). Recentemente recebeu o Prêmio Teddy na mostra paralela do Festival de Berlim, a Bixa Travesty. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 EN FEMME_ Em Barcelona, um apartamento de 120m2 serve como um grande armário. É lá que os crossdressers conseguem, com seu ir e vir, vivenciar uma experiência que transita entre gêneros. Homens, muitos deles casados, guardam suas roupas masculinas com as quais saíram pela manhã de casa e as substituem pelas femininas, vestindo-as durante um período. O refúgio é um lugar onde os homens se sentem protegidos e tranquilos. E sobretudo, aprendem a respeitar sua própria condição, ganhando força para buscar uma vida fora do submundo a que estão destinados pelo preconceito. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 TRANSEXUALIDADE NÃO É MAIS DOENÇA_ 18 de junho de 2018 vai ficar marcado na comunidade LGBTQ. É o dia em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a transexualidade da lista de doenças e transtornos mentais da Organização das Nações Unidas (ONU). A medida dá um enorme passo para acabar com o estigma e criar oferta para as políticas públicas de saúde para transexuais. O novo manual de classificação de doenças, conhecido como ICD 11, define que a incongruência de gênero, ou seja , a transexualidade, não pertence mais ao grupo de transtornos mentais, onde figuram a cleptomania e a pedofilia. [Veja mais] CASECASE _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Agênero e não-binário44 Agênero não é a mesma coisa que unissex. Pessoas não binárias - aquelas que não se identificam com o gênero binário, homem ou mulher - querem tempo e liberdade para experimentar suas roupas e identidade. E que roupa se encaixa naquelas que não desejam ser encaixadas em nenhum gênero? A tendência do unissex é um pilar do feminismo da segunda onda que se sustenta até hoje. Foi uma reação aos novos papéis impostos no pós- Segunda Guerra aos homens e mulheres da geração baby boomer. Na moda dos anos 1960/1970 flertou com a ideia de cruzar os gêneros, vestindo casais heterossexuais. No entanto, a uniformidade dos trajes mantinha o contraste entre o usuário e a roupa, demarcando e chamando atenção para o corpo feminino ou masculino. Gus Idn _driver #1 _driver #2 _driver #3 ACORDE!ACORDE! Desde a década de 90 a moda unissex é ampla e socialmente aceita em qualquer situação. De demonstração pública de afirmação da igualdade, pulou até para as roupas íntimas: o mercado de underwear unissex é promissor. Já a moda agênero só recentemente passou a encontrar marcas que a representam. A pessoa agênero quer viver sem ser confinada pelos limites do binário e seu corpo é o veículo que dá a melhor oportunidade de se expressar. Os códigos culturais estão mudando. Um numeroso mercado - que vai muito além do cis, branco e magro - está esperando que as marcas criem fora do padrão. Caique Silva _driver #1 _driver #2 _driver #3 BEIRA_ Marca carioca que desfilou na SPFW 43, a Beira saiu do Rio com vestidos largos, cortes retos e moda sem gênero para fazer sucesso também nos EUA, Japão, São Paulo, Dinamarca, Itália. Criada em 2014 por Lívia Campos, suas peças funcionais têm na modelagem o forte, com o avesso tão interessante quanto o lado direito. Lívia busca desenvolver produtos que possam ser usados tanto por homens quanto por mulheres. As peças da Beira são atemporais, e podem fazer parte da coleção permanente de qualquer gênero. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 É DE PEQUENININHO QUE SE COMEÇA_ Uma explosão de marcas para recém-nascidos e crianças voltou-se para o unissex. Resultado da pressão de novos pais e da sociedade, que não mais quer se ver presa ao estereótipo rosa-e-azul, todas as cores e formas vem ganhando mercado. As novas marcas saem com coleções-cápsula e fabricação sob demanda, enquanto pesos pesados da moda - como John Lewis - acabaram com a demarcação “menino” e “menina” nas etiquetas das roupas e nas lojas. Saem as sainhas, chegam macacões, salopettes e camisetas de fácil vestir. Praticidade das peças e conforto são básicos, mas algumas marcas agregam outros valores, como a sustentabilidade, o uso de algodão orgânico e ajustes de modelagem para que a roupa cresça com os pequenos. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 NOT EQUAL_ Destaque na exposição Folk Couture: Fashion e Folk Art, e segundo lugar no Project Runway, Season 10, Fabio Costa é mineiro de Belo Horizonte, e se formou em moda na FUMEC. Seguiu para NY, completando estudos no FIT e na Prat. Em 2012 fundou a Not Equal, em parceria com sua amiga Rebecca Diele, com roupas artesanais desafiando a alfaiataria tradicional. Suas observações sobre como a roupa está evoluindo levou-os a praticar uma moda não definível a um só gênero, baseada nas proporções áureas, muito usadas na arquitetura e nas artes. A forma e a individualidade no sem gênero, com linhas arrojadas e padrões que qualquer um usaria exemplificam a marca, cuja ambição é empurrar os limites, alcançando enorme aceite, como na New York Fashion Week. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Geração Z e o novo poder de compra 55 56% CONHECE ALGUÉM QUE USA PRONOMES DE GÊNERO NEUTRO PARA SE RECONHECER 70% APOIA A INTENÇÃO DE TER BANHEIROS PÚBLICOS NEUTROS APENAS 48% SE DIZEM EXCLUSIVAMENTE HETEROSSEXUAIS *dados colhidos entre os adolescentes dos EUA, e apresentados no SWSX 2016 pela agência JWT. Os Millenials (21-34 anos) foram a geração que quebrou as definições tradicionais de gênero, sexualidade, raça, não se prendendo mais aos parâmetros demográficos nos seus hábitos, intenções e interesses. Em se tratando de gênero, é inegável que a chamada Geração Z (nascida de 1998 para cá) apresenta um número percentual de pessoas não identificadas com o binarismo muito maior do que a antecedente. Receptivos à fluidez dos novos tempos, os G Zers querem experimentar novas possibilidades identitárias e são o mercado do futuro. Brunel Johnson _driver #1 _driver #2 _driver #3 X “Eu sempre compro produtos específicos para o meu gênero ao invés de produtos sem gênero determinado,quando a categoria é:” PRODUTO GÊNERO SAPATOS_ ROUPAS_ DESODORANTE_ PERFUME_ EQUIPAMENTO ESPORTIVO_ ACESSÓRIOS_ Talles Alves*Fonte: J. Walter Thompson Intelligence - Study of Youth Attitudes Toward Gender GEN Z_ 13-20 GEN Y_ 21-34 _driver #1 _driver #2 _driver #3 ÜLEVUS_ Marca brasileira que trabalha com gênero neutro, cores neutras e pastéis. Feita para jovens que evitam estereótipos, entendeu bem o conceito de sem gênero. A Ülevus foi criada pelo casal Paola Penna e Larissa Rodrigues, que cria coleções atemporais para pessoas que, como elas, buscam liberdade e individualidade. A preferência por malhas e tecidos leves ajuda na hora de adaptar as peças a qualquer biotipo, independente do gênero. O estilo é uma mistura de referências urbanas, minimalistas, contemporâneas e artsy. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 TRIZ_ Triz encontrou no rap e nas redes sociais a saída para a invisibilidade. Triz nasceu na periferia de São Paulo, nunca se encaixou no binarismo e se reivindica como uma pessoa de gênero neutro. Aos 18 anos, gravou um clipe onde falava do preconceito. Em pouco tempo alcançou 1 milhão de visualizações no YouTube e hoje é porta voz do gênero musical, mesmo sem se reconhecer como rapper. “Estudei durante dois anos sobre gênero para conseguir entender. Não me encaixo na feminilidade, nem na masculinidade desses padrões impostos, meu cérebro não se adequa a esses comportamentos. Mas confesso que o “a” é para mim pior do que o “o”. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 TEACHING TOLERANCE_ A plataforma conta com recursos que ajudam a moldar políticas inclusivas nas escolas e a capacitar alunos vulneráveis. Apoiar os jovens em seu crescimento e criar espaços para que eles possam explorar as possibilidades deixando-os à vontade é o objetivo. Fornece links para os recursos on-line para apoiar estudantes transexuais; discute questões como sexo atribuído no nascimento, orientação sexual, identidade de gênero e expressão de gênero, não só para professores ou estudiosos, mas com linguagem acessível a qualquer um que queira saber mais sobre o assunto. Tolerance.org não se restringe à diversidade de gênero. Religião, raça e etnicidade, imigração, pobreza e necessidades especiais são igualmente abordados em profundidade, procurando auxiliar na construção de um plano de ensino que privilegie a diversidade. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Novas significações da masculinidade mainstream 66 Masculinidade hegemônica, tóxica, mainstream. Historicamente, a igualdade de gênero tem a ver com inclinar-se ou assimilar as masculinidades. Assim, no plural, porque são múltiplas, praticadas por homens, principalmente, mas também por mulheres. Os traços visíveis começam cedo: “homens não choram” ou “não seja uma mulherzinha”. Apesar de os papéis femininos serem muito rígidos, sem negociação de mudanças e com leis que até autorizam violência, os papéis masculinos de gênero são geralmente apresentados com mais rigor do que os atribuídos às mulheres. Há uma dinâmica de poder que divide os homens em duas categorias: os que fazem parte da masculinidade hegemônica, predominantemente branca, provedora e protetora da família, considerada “correta”, em contraposição a outras masculinidades - “afeminadas”, menos rígidas e, por vezes, contraditórias. Ja ke D av ie s _driver #1 _driver #2 _driver #3 Lentamente algo novo está surgindo no ar. A masculinidade mainstream vem sendo discutida pelos homens das novas gerações com tanto interesse quanto pelas mulheres. Não há apenas uma maneira de ser homem, nem deveria existir. Homens, mulheres e meninos precisam repensar a maneira com que aprenderam a ser orientados sob a condição de homem. Grupos de apoio estão desenvolvendo consultorias tanto individuais quanto para empresas, na busca de ações que tragam mudanças profundas no sistema patriarcal. A aceitação geral da fluidez de gênero enfrenta um enorme obstáculo na masculinidade tóxica. Ressignificar a masculinidade significa compreender limitações e restrições. Implica em igualdade de gênero, dizer não à violência em todas as suas formas, abolir de vez o assédio e o abuso sexual, abrir mão de privilégios obtidos pela condição de nascença de raça e gênero. Os ganhos vêm a seguir. Homem também chora, usa maquiagem e não precisa ser “macho” 24h por dia. Ni ck K ar vo un is _driver #1 _driver #2 _driver #3 MAYBELLINE_ Foram décadas anunciando linhas de maquiagem só para mulheres, até a indústria perceber que estava marcando touca. A Maybelline deu um passo à frente e, bum, sai com Manny Gutierrez, vlogger e influenciador gigante de beleza como modelo em 2017. Ele é o primeiro homem a estrelar uma campanha da marca, anunciando maquiagem também para eles. Detalhe: ninguém vê Manny Gutierrez como uma drag queen, mas como um homem que gosta de usar maquiagem. Ponto para a Maybelline. A Cover Girl também lançou seu Coverboy: James Charles. Outras marcas, como a Makeup e a Anastasia Beverly Hills se valeram de homens em suas campanhas. Giorgio Armani lançou seu primeiro batom de gênero neutro. As mulheres usam a beleza como forma de expressão, e homens agora querem igualdade no quesito. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 JADEN SMITH_ Jaden nasceu famoso. É filho do ator Will Smith, emancipou-se aos 15, com apoio dos pais. Tem uma casa de 4 milhões de dólares comprada com seu trabalho como ator e rapper. Foi considerado um dos mais estilosos homens de 2015 na votação da influente revista GQ (ele tinha 15 anos). Foi o primeiro modelo masculino a estrelar uma campanha na Louis Vuitton usando uma saia, e continuou a usar roupas femininas até o final de 2016. Ainda assim, nas mídias sociais, as reações não foram tão positivas. No Twitter, enquanto uns o chamavam de jovem confuso, outros evocavam seu pai para que escolhesse roupas corretas para Jade. E houve mesmo blogueiro dizendo que ele insultava a masculinidade negra e parecia estar inconsciente do fato. O “rapaz confuso” hoje tem mais de 8 milhões de seguidores no Insta, sua própria marca, a Syre, e anunciou recentemente que está trabalhando com o selo holandês G Star-W numa coleção de denim sustentável. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 ZOOMER, NASCIDO E CRIADO NO GÊNERO NEUTRO_ Dois anos antes de Zoomer nascer, Myers fazia estudos de gênero na Universidade de Utah onde aprendeu que gênero é uma construção social. Zoomer veio ao mundo como “They-by”. Ela e o parceiro partiram do princípio de que se a criança crescesse em um ambiente livre de estereótipos poderia chegar a uma compreensão de seu próprio gênero em seu próprio tempo. E mais. Em vez de limitá-lo ao gênero neutro, usam a expressão ”criativo de gênero”, uma espécie de “arco-íris de opções”. Zoomer não usa roupas demarcadas e nem brinquedos com gênero carimbado, tampouco pronomes definidos. É um dos casos de “theybies” - trocadilho usado na Inglaterra natal, no lugar de “babies” - que vem se tornando mais e mais comum, embora ainda sofra preconceitos dos mais velhos, como seus avós. Zoomer reconhece as diferenças nas pessoas, chamando-as de “papai”, se parecidas com seu pai, ou vice-versa “mamãe”. O casal, que busca não fazer apologia nem pressão seja para a neutralidade ou binarismo, espera que a criança se auto-identifique breve, na altura dos 3 ou 4 anos. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 [ ] REVOLUÇÃOTECNOLÓGICA, DISTOPIA E UTOPIA DE generogenero REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA, DISTOPIA E UTOPIA DE _DRIVER #3 Ch ri s Ba rb al is '`'` _intro Rafael Romero 00 HUMANOS, MÁQUINA, CORPO: REIMAGINAR. RECODIFICAR. Robótica. Inteligência Artificial. Realidade Virtual. Conectividade. A revolução das TICs é também a evolução do conceito de gênero com toda a sua diversidade. Para uns, vivemos uma utopia - a desconstrução de estereótipos de gêneros. Para outros, a distopia, com o reforço de preconceitos. A internet abriu as portas para diferentes visões de gênero e sexualidade, permitindo àqueles que não se encaixavam nos padrões encontrar seus pares. Nas comunidades on-line, as pessoas ficam mais confortáveis para mostrar quem realmente são, protegidas pelo anonimato e identificadas umas com as outras. Por outro lado, se tornam mais vulneráveis, quando se posicionam publicamente e são atacadas com virulência. _driver #1 _driver #2 _driver #3 Fr an ck V Auxiliados pelas novas formas de conexão, como smartphones e mídias sociais, todos somos produtores de conteúdo, cada um retomando para si a representação de sua própria identidade. Uma nova voz vem das margens. Múltiplas plataformas são criadas, ouvem e refletem as vozes periféricas - meninas, pessoas não- brancas, trans. O conhecimento é diversificado, muda de mãos e não mais está centrado nos detentores do poder midiático-econômico-social. Diferenciar autenticidade de um ruído gigantesco, em meio a tantas informações, é o mais difícil. Mas e se as máquinas, em uma progressão exponencial, refletem o sistema patriarcal e perpetuam e ampliam as desigualdades encontradas no mundo real? Todo código - social ou programado - é ideológico. Máquinas não têm uma ética natural. Elas refletem e reforçam preconceitos já arraigados. A discussão passa pela construção de normas de implantação da Inteligência Artificial [IA] da qual deve participar toda a comunidade global. PODERÁ A TECNOLOGIA NOS CONDUZIR A UM MUNDO PÓS-GÊNERO? PODERÁ A TECNOLOGIA NOS CONDUZIR A UM MUNDO PÓS-GÊNERO? _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Gênero e Inteligência Artificial Fi lm ar - F il ma r_ 11 _h r 11 Pode-se atribuir ao mundo dos algoritmos boa parte dessa revolução tecnológica, com a chegada da inteligência artificial, machine learning e dos bots que interagem com humanos por texto ou imagem. Mas também pode ser a ferramenta de reprodução das estruturas de poder e comportamento. Reparou que quase todas as assistentes virtuais têm voz feminina, macia, redonda, quando ligadas às tarefas de baixo status, como afazeres domésticos e pequenos cuidados? Tecnologia é um meio. A revolução acontece quando dispomos de novas ferramentas e adotamos novos comportamentos. Justin Peralta _driver #1 _driver #2 _driver #3 Na era dos algoritmos, qualquer coisa relacionada a texto, imagem ou voz está passível de ser processada. Um conjunto de dados pode traduzir em códigos o preconceito de uma sociedade, usado como base para a construção das normas, na perpetuação do status quo e nas previsões. Falando em moda: algoritmos podem influenciar nas decisões de contratação, na escolha de cores e tendências, na definição de seu público-alvo, em suma, na forma como uma marca vê e quer ser vista. Desconfie do conteúdo. Analise o contexto. Não pergunte [tudo] à Siri. A decisão final é sua, de acordo com sua observação e experiência crítica. Noah Buscher _driver #1 _driver #2 _driver #3 PRECONCEITO REFORÇADO POR MACHINE LEARNING_ Os softwares de reconhecimento de imagem estão na berlinda. Um recente estudo da Universidade de Virginia mostrou como eles podem reforçar estereótipos dos papéis masculino e feminino. Os pesquisadores utilizaram conjuntos de fotos usados para fins de busca – incluindo dois grandes, da Microsoft e do Facebook – e mostraram como o software de aprendizado de máquina treinado nestes conjuntos de dados não apenas refletia os preconceitos já existentes nos conjuntos, mas amplificava-os. Se um grupo de imagens vinculava, por exemplo, mulheres à culinária, e homens a esportes, o software treinado pelo estudo dessas fotos criava uma associação ainda mais forte. Uma prova de que os sistemas de IA ainda têm muito a caminhar em se tratando de pessoas, lembrando que, em 2015, o serviço de fotos da Google acidentalmente classificou negros como gorilas. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 SIRI, CORTANA, ALEXA, KASISTO_ precisamos falar sobre Assistentes Pessoais_ Não fique surpreso em saber que há (muita) gente assediando (sexualmente) bots. Alguns estudos mostraram que nós tendemos a antropomorfizar os robôs, nos relacionando com eles como se humanos fossem. Pegue seu celular e pergunte à Siri. O tom é doce. Do outro lado, a vozinha feminina demonstra tranquilidade, como se estivesse sentada em sua casa respondendo todas as suas perguntas. Como uma mãe. Ou uma mulher subserviente. Quem disse que os bots têm que ter gênero? Jacqueline Feldman criou um bot para a empresa Kasisto, de IA. Ela personalizou Kai, um chatbot programado para auxiliar nas tarefas bancárias. Uma das situações previstas por ela é justamente a de assédio. Kai é anódino e neutro na resposta, em lugar de ser indulgente, como a maioria das assistentes pessoais o fazem. O fato é que o trabalho das assistentes virtuais está reproduzindo as relações que já conhecemos. Quando usados em aplicativos para auxiliar um engenheiro ou um advogado, estes preferem que a voz seja masculina. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Ciberfeminismo/ ciberativismo Há uma relação de longa data entre a tecnologia da informação e a emancipação das mulheres. A possibilidade de usar a tecnologia como meio torna jornadas individuais processos coletivos, hackeando a própria lógica de promover transformações. O ciberfeminismo é essa ferramenta que alia o movimento à tecnologia. Nas mídias sociais, possibilitada pela amplitude das redes, a massificação de agendas dos direitos das mulheres é uma realidade. Garantidas pelo anonimato e pelo vanguardismo de outras, mais mulheres se expõem e falam entre si sobre suas questões mais íntimas. Das campanhas contra o assédio sexual #metoo, #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto à convocação da grande marcha contra Trump ou da greve mundial de mulheres pela Internet, elas deixam claro que não tolerarão mais ameaças aos seus direitos. O feminismo é um movimento global. 22 #METOO #MEUPRIMEIROASSEDIO #MEUAMIGOSECRETO Jessica Podraza _driver #1 _driver #2 _driver #3 Na programação, com a criação de plug ins, de novas plataformas e de chatbots, mulheres vêm mostrando como a linguagem pode ser poderosa na promoção - ou enfraquecimento - da igualdade de gênero. WOMEN IN TECH, PROGRAMAÇÃO É A SUA NOVA LÍNGUA! WOMEN IN TECH, PROGRAMAÇÃO É A SUA NOVA LÍNGUA! Ar un K uc hi bh lo ta _driver #1 _driver #2 _driver #3 BETA, UMA ROBÔ FEMINISTA_ “Uma robô feminista até o último código”. Beta é uma chatbot programada dentro da ótica feminista. E o que faz a robô? Funciona como uma ferramenta de mobilização on-line, enviando alertas e notificações e atualizando o usuário sobre o que de importante acontece no cenário político em relação aos direitos das mulheres, como pautas ligadas a direitos sexuais e reprodutivos, por exemplo. Foi desenvolvida pela Nossas, uma ONG que atua como laboratório de ativismo multicausas com forte atuação on line, ressignificando a política. [Veja mais] CASECASE Imagem_driver #1 _driver #2 _driver #3 FEMINIST NEWS FEED ERADICATOR FOR FACEBOOK_ Um editor de notícias femininas para o Facebook? Sim, é isso mesmo. No lugar de receber um monte de baboseiras e piadas misóginas, este aplicativo bloqueia todo o minifeed do FB e o substitui por notícias autorizadas por uma mulher. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 DIY FEMINISTA_ A Hack Blossom é uma organização que luta em espaços digitais. Facilita o intercâmbio de recursos técnicos, iniciativas ativistas, redação pessoal e projetos artísticos que promovam uma cultura inclusiva da tecnologia. A comunidade apoia radicalmente a visão feminista, acolhendo todos os que rejeitam a violência e a opressão. Um dos projetos é este guia DYI sobre cybersegurança. Um completo passo a passo de como se proteger e proteger nossos dados, que normalmente deixam rastros em nossa navegação diária e facilitam a violência e invasão de privacidade, e não só no mundo virtual. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 CHANGE MAN TO BOY_ O plug-in foi inventado por uma usuária que se queixava de ser chamada no seu ambiente de trabalho de menina, no lugar de mulher, de uma forma claramente diminutiva de seu real valor. Na utilização do Chrome, a extensão muda as palavras "homem" para "menino" e "homens" para "meninos", criando um contraste entre o que de fato acontece. Sua criadora diz: “Eu adoraria poder ter os homens mais misóginos do meu local de trabalho instalando em seus laptops o plug in, para reconhecer o quão depreciado eu às vezes me sinto com a linguagem com a qual se acostumaram a me descrever”. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 VEDETAS, UMA SERVIDORA FEMINISTA_ Sites, blogs e plataformas feministas e ligadas aos direitos das mulheres são constantemente atacados e derrubados por hackers, ficando vulneráveis também no cyberespaço. E todo o conteúdo da Internet deve estar hospedado em algum lugar, seja físico - um hardware - ou não - um software. Vedetas busca solucionar esse problema, hospedando essas plataformas e garantindo sua segurança contra tais ataques. A referência vem de mulheres revolucionárias baianas ex-escravas, que formaram uma resistência nas vedetas, pequenas casas na costa, de onde faziam a vigilância contra os ataques portugueses. Elas não só hackeam as plataformas ou as programam, mas desenham os próprios servidores de Internet (web servers). Oferecem ainda oficinas de cultura hacker, segurança da informação, feminismo, rede autônoma e outros. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Ciborgue, robô e androginia 33 Je an B el le r QUAIS SÃO OS PRECONCEITOS QUE ESTAMOS REPRODUZINDO NOS ROBÔS? QUAIS SÃO OS PRECONCEITOS QUE ESTAMOS REPRODUZINDO NOS ROBÔS? Sim, estamos nos tornando ciborgues. Somos ciborgues porque temos uma simbiose com a máquina, porque a realidade da vida pós- moderna inclui uma relação entre pessoas e tecnologia tão visceral que não é mais possível separá-las. Ciborgues da raça humana, somos efêmeros. Na presença de artefatos da tecnologia, não temos idade definida. Relegamos o conceito de “natural” e “artificial” ao passado e podemos ser reconstruídos. Como ciborgues, precipitamos a mudança em muitas frentes. Temos uma identidade fluida também nesse sentido. Ciborgues são o paradigma da superação da dualidade. Rejeitam o labirinto de dualismos em que explicamos nossos corpos. Rejeitam a realidade conhecida e brincam com o impossível. Já somos ciborgues e estamos criando robôs. Robôs são replicantes. Podem replicar o espectro de gênero no comportamento humano ou representar a utopia de gênero. _driver #1 _driver #2 _driver #3 ROBÔS COM GENITAIS_ A indústria está prestes a lançar robôs sexuais femininos com genitais feitos sob medida e até mesmo sistemas de aquecimento e lubrificação, tudo na busca de criar uma experiência sexual satisfatória. A boneca sexual é resultado de tecnologias convergentes. O software de reconhecimento de voz e facial, a tecnologia de detecção de movimento e a engenharia animatrônica são combinados, podendo a robô dar uma recepção calorosa quando você chegar em casa, entretê-lo com uma conversa rápida e estar sempre disponível para sexo. Robôs são subservientes. É a objetificação do corpo, saindo da mulher, para a máquina. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Biohacking e self hacking 44 A relação intrínseca entre homem e máquina chegou ao corpo. Em busca da melhoria de nossas capacidades, a prática de mudar nossa química e nossa fisiologia através da ciência e auto- experimentação foi incorporada. No que vem sendo chamado de she-economy, a ascensão das mulheres no mercado da saúde e tecnologia vem transformando as questões relacionadas ao bem- estar sexual. 21% de todas as empresas de tecnologia fundadas por mulheres têm peso na área de saúde. No método DYI, podemos ‘crackear’ nosso corpo da mesma maneira como fazemos com um computador: entendendo seu sistema. Biohacking pode ser uma coisa simples, mudar o estilo de vida, padrões de sono ou consumo alimentar, para melhorar nosso estado geral. Pode ser ainda um poderoso mecanismo de enfrentamento de problemas e debilidades que um corpo tenha ou adquira, como por exemplo, a perda de um braço ou a infertilidade feminina, entre tantas outras aplicações. Jo hn J ac ks on _driver #1 _driver #2 _driver #3 Mulheres são biohackers originais desde sempre. Tomemos como exemplo o período menstrual. Elas controlam a quantidade de fluxo, regulam alimentos, tomam chá para as cólicas, marcam no calendário para a natalidade. Se desejam filhos, acompanham a ovulação com a temperatura basal. No outro extremo encontramos a tecnologia. Novos aplicativos e wearables estão tornando a vida mais fácil e colaboram para eliminar o estigma e a vergonha de tratar dos assuntos sexuais. As mulheres podem monitorar e compilar com precisão dados diários, colocando-os em um contexto. Em métodos mais invasivos, pode fazer uma fertilização in vitro, implantando óvulos fecundados. A tecnologia de implantes e de engenharia genética substitui partes do corpo buscando um aprimoramento e a expansão de nossos limites como mortais. O ideal de um humano com superpoderes personalizados saiu da ficção científica e nunca esteve tão perto. Ia n Do ol ey _driver #1 _driver #2 _driver #3 A HISTÓRIA DE CYBERSISSY E BAYBJANE_ BayBJane é uma ‘Bionic Drag’ [nasceu com sérias debilidades, sem um olho, dedos não conformados, pernas curtas]. CyberSissy é um artista da Holanda. As performances da dupla expõem questões nas interseções de sexualidade e deficiência enquanto deslumbram o público com o uso de próteses, biohacking, tecnologia e alta- costura. A corajosa vida e obra de BayBJane foi tema do premiado documentário “One Zero One”. CiberSissy foi quem descobriu a drag queen e suas habilidades, fazendo dela a contraparte perfeita para a performance de sucesso que roda o mundo. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 LIONESS, OHNUT: O PRAZER LIBERTADOR_ Várias femtechs vêm trabalhando para que a saúde sexual feminina seja beneficiada. Um exemplo de produtos para a área é o Lioness, vibrador inteligente que, conectado a um aplicativo de smartphone, ajuda a aumentar o prazer. Doenças como vaginismo e dispaurenia (que provocam dores intensas durante a penetração) também vêm recebendo atenção: o Ohnut é umdispositivo feito de silicone que auxilia no desconforto da mulher e entra em produção ainda este ano de 2018. Já a Clue lançou o smartwatch que monitora o ciclo de menstruação, enquanto a Fitbit se associou a esta e juntou outros dados de monitoramento, como sono e frequência cardíaca, para obter um relatório que permita entender melhor o bem estar da mulher. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 _Realidade virtual, aumentada e mista 55 O meio é novo mas a estrutura se repete. Uma rápida pesquisa no Google vai indicar que homens têm mais interesse na Realidade Virtual [RV] do que mulheres [20% contra 14%]. A discrepância tem a ver com o conteúdo, criado em sua maioria por homens e para homens. Nos antigos videogames, tiros para todos os lados só atraíam adolescentes meninos. Foi só a indústria explorar jogos mais criativos para que, em 2014, mulheres passassem a ser maioria entre os gamers [52%]. Na camada intermediária entre o mundo real e a realidade virtual, a Realidade Aumentada [RA] possibilita a visualização de interfaces em ambientes físicos através de dispositivos mobile. Por ser mais versátil e acessível que a Realidade Virtual, suas aplicações para a moda são mais numerosas: interfaces avançadas de reconhecimento de objetos, integração com mídias sociais massivamente utilizadas e descoberta e sugestão de opções através de reconhecimento de imagem. Alex Iby _driver #1 _driver #2 _driver #3 Mulheres têm na RV e RA a chance de se colocarem à frente, desenvolvendo hardwares, softwares, tornando-se empreendedoras na área, assumindo os papéis criativos. E mais. Pesquisas crescentes indicam que mulheres e homens processam a imersão sensorial da RV de maneira distintas, biologicamente falando. Está na hora de pensar a quem se destina este instrumento tão poderoso, que transcende os limites de espaço e tempo e pode transformar a maneira como nos divertimos, nos educamos e nos comunicamos. RV, RA e mista são dimensões onde o corpo é maleável, moldado por códigos. Podem ser uma experiência de representação de si próprio, da fantasia projetada, usada para se colocar no lugar do outro e gerar empatia. Um potencial espaço para trabalhar questões de gênero e identidade. Mas o mercado tende a outra direção. A indústria de tecnologia sexual, que inclui brinquedos sexuais inteligentes e é estimada em 30 bilhões de dólares, acordou para o meio. Uma parte desse montante vem da pornografia da realidade virtual, mista ou aumentada, e é importante destacar a violência sexual estimulada em alguns dos programas. Seja para a montagem de uma experiência de compras, jogos, campanhas de marketing ou documentários em 360º, produtos em RV, RA e Mista devem refletir um público variado, um mix de gênero e a ética da marca. Edu Lauton _driver #1 _driver #2 _driver #3 MULHERES EM RV_ Aumentar a visibilidade da mulher em realidade virtual, seja como criadora, seja como usuária, é o objetivo dessa plataforma. Fundada ainda na infância da RV, em 2014, conta com um diretório de especialistas, discussões sobre aspectos legais desse mercado, particularmente as que envolvem a vulnerabilidade das mulheres, formas de adoção e consumo de VR, onde as mulheres se encaixam, além de listar comunidades femininas de RV. É ainda uma boa fonte de notícias do mundo de RV, mista e aumentada. [Veja mais] CASECASE Im ag em _driver #1 _driver #2 _driver #3 CGTRADER_ A CGTrader é uma companhia que cria modelos 3D para o mercado de desenvolvedores de RV e RA. Os modelos são manipulados, animados e otimizados para aplicativos e jogos em tempo real. Uma pesquisa no site feita por uma desenvolvedora em busca de modelos para um aplicativo RV de defesa pessoal revelou dados preocupantes: a maioria dos modelos de qualidade criados destinavam-se a conteúdo adulto (sexo e pornografia). A porcentagem de modelos femininos nus, 20%, era quase dez vezes maior do que a porcentagem de modelos masculinos nus, 2%. No entanto, o número total de modelos masculinos era maior em 25%. A hipersexualização dos modelos é um dos reflexos do mercado. A empresa anunciou então o desafio ‘3D Female Character’ - uma competição onde designers e estudantes de design de todo o mundo podem ganhar licenças de software e outros prêmios, criando modelos não sexualizados de personagens femininas realistas. [Veja mais] CASECASE Imagem _driver #1 _driver #2 _driver #3 []ANÁLISE[]FINALANÁLISE Ro be rt K at zk i A utopia sempre foi um produto do seu tempo e como tal, reflete sobre os lugares de gênero. Thomas More [1516] nos deu a palavra e o conceito de um lugar imaginário que examinava sociedades ideais e instituições sociais. O paradigma patriarcal tem sido a base da organização social; às mulheres foi destinado o lugar da subalternidade, em um jogo paradoxal de interditos, violências e deveres. Papéis de gênero foram discutidos em mundos literários utópicos. Neles, a androginia, o poder às mulheres e a presença da tecnologia foram preponderantes em busca da sociedade ideal. Amazonas dominavam uma civilização. A partenogênese permitia filhos gerados sem a presença masculina. Mulheres praticavam a seleção genética para segregar homens que quase destruíram o mundo. Com um personagem andrógino transitando por entre os séculos e mudando sem esforço de homem para mulher e vice-versa, Virginia Woolf alcançou seu sucesso máximo. Soren Astrup Jorgensen Al ex is F au ve t No futuro utópico, não precisamos julgar seres humanos e defini-los como homens ou mulheres, e aprimoramos o modo de pensar tanto quanto nosso corpo. Rompemos com as masculinidades hegemônicas. Em que medida a revolução tecnológica possibilita uma nova utopia, uma nova maneira de pensar a identidade de gênero? Na era das máquinas, podemos entender essa identidade não só como uma construção social, mas agora uma interação complexa, que soma fatores ambientais, biológicos, hormonais e culturais, uma vez que tudo isso é passível de mudanças profundas, graças à tecnologia. A mudança de comportamento e de atitudes não é um ato isolado de um único indivíduo. Exige uma constituição coletiva de forças sociais, políticas, econômicas. Que saiamos de nossos selfs para a luta comum. Que confrontemos o impossível com o conhecido. Reimaginemos o gênero como um continuum, um estado de constante mutação, tal como o mundo fluido. O futuro utópico está aqui, mas não distribuído igualmente dentro da sociedade e ao redor do globo. Hi su L ee [LIVROS E PUBLICAÇÕES] Beauvoir, Simone (1949). Le Deuxième Sexe. Butler, Judith. (1990). Gender Trouble. Gouges, Olympe des. (1791). Déclaration des Droits de la Femme et la Citoyenne. Revista Scientific American (edição Brasil, outubro 2017). [WEB] http://web.mit.edu/~shaslang/www/WGS/BrayGT.pdf http://journals.sagepub.com/home/gtd http://itforchange.net/sites/default/files/Annotated-Bibliography-Session-5-APU.pdf http://www.itforchange.net/sites/default/files/652/ITfCWorkshop_Report_Final_0.pdf http://www.eldis.org/vfile/upload/4/document/1409/Gender%20and%20ICTs%20briefing %202014.pdf https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/14383SDG5format-revOD.pdf http://www.ftsm.ukm.my/ss/Book/EVOLUTION%20OF%20WWW.pdf https://channels.theinnovationenterprise.com/articles/gender-in-ai-why-it-matters https://www.huffingtonpost.co.uk/ailsa-wakley/women-in-vr_b_15403772.html https://www.seeker.com/closing-the-gender-gap-in-virtual-reality-2077946740.html https://www.theverge.com/2016/5/5/11576262/virtual-reality-abe-vr-gender-horror-movies https://www.artspace.com/magazine/interviews_features/book_report/can-virtual-reality-
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