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07/08/2014 Extinção da punibilidade Punibilidade: possibilidade que o Estado tem de impor uma sanção penal ao responsável por uma infração penal. Não é requisito ou elemento do crime (exceto para alguns doutrinadores), e sim uma consequência dele. Porém, há situações em que o Estado não irá impor essa pena, ou seja, há causas que excluem a punibilidade do agente, mesmo existindo o crime. "Persecutio criminis": é a "perseguição" do Estado ao agente que cometeu o ilícito penal. Pretensão das causas de exclusão da punibilidade: Essas causas visam alcançar a pretensão punitiva do Estado (o interesse que o Estado tem de aplicar a pena), e também sua pretensão executória. É importante notar que essas causas podem ocorrer antes ou depois da sentença, ou seja, sendo assim, podem alcançar também a sentença. Espécies: Gerais: podem ocorrer em qualquer delito. Ex: morte do agente Especiais: ocorrem em apenas certos delitos. Ex: ação penal privada - renúncia Comunicáveis: atingem os outros autores, isto é, causas de extinção que aproveitam aos autores e coautores do crime. Ex: renúncia. Incomunicáveis: não aproveitam os demais autores. Ex: perdão judicial. Momento de seu reconhecimento: Matéria de ordem pública: as autoridades devem reconhecer as causas de extinção a qualquer momento, isto é, seu reconhecimento não depende de manifestação do advogado, por exemplo. Essas causas também impedem a ação estatal. Artigo 107 - Rol exemplificativo Existem outras causas que excluem a punibilidade - em leis especiais e dentro do próprio CP. Ex: art. 312, §3º do CP - reparação do dano no crime de peculato culposo. Análise do artigo 107: I - Morte do agente Fundamento: princípio da personalidade da pena, art. 5º, XLV CF, "nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido". A morte alcança todas as penas e seus efeitos, exceto a reparação do dano e o perdimento de bens, que podem alcançar os sucessores. Prova da morte: certidão de óbito *art. 6º e 7º CC: morte presumida II - Anistia É a exclusão por lei ordinária com efeitos retroativos, de um ou mais fatos criminosos de ser alcançado pela lei penal. É importante notar que a anistia se dá em relação ao fato, e não à pessoa. Efeitos "ex tunc", ou seja, retroativo. É concedida pelo legislativo, através de lei. Vedação constitucional: art. 5º, XLIII. II - Graça e indulto São formas de extinção da punibilidade em virtude da clemência do Presidente da República. Esses dois institutos são atribuições do presidente (art. 84, XII CF) e são atos discricionários. A graça é um benefício individual. Já o indulto é concedido a um grupo de criminosos. Na graça, o criminoso já está condenado, isto é, já há uma sentença condenatória. Já no indulto, o trânsito em julgado da sentença não é requisito, basta que os recursos do MP tenham se esgotado. A graça é concedida mediante pedido, o indulto por sua vez é espontâneo. Vedação constitucional: art. 5º, XLIII. Espécies: Total: extingue a pena por completo, extinguindo assim a punibilidade. Parcial: extingue parcialmente a pena ou a comuta. Aqui não se fala em causa de extinção da punibilidade. Efeitos: Extingue a punibilidade Extingue os efeitos penais da condenação. Ex: reincidência. III - Abolitio criminis (art. 2º CP) Ocorre quando uma lei posterior exclui um crime, desconsiderando uma conduta que antes era tida como criminosa. A autoridade que estiver com o processo tem competência para alegar o abolitio criminis. IV - Prescrição, decadência e perempção[1: A prescrição será estudada com Florestan] Decadência Consiste na perda do direito do ofendido ou de seu representante legal de ajuizar queixa-crime (ação penal privada) ou representação (ação penal pública condicionada) em razão de sua inércia.[2: Queixa-crime é apresentada em juízo] Condição de procedibilidade: a representação do ofendido ou de seu representante legal é condição que desencadeia a ação estatal nos casos de ação penal pública condicionada. Contagem do prazo (art.103 CP): 6 meses, a contar da data da ciência da autoria do crime. Regras para a contagem: Prazo penal (art. 10 CP): preclusivo e improrrogável. Inclui o primeiro dia e exclui o último. Crime continuado: considera-se cada uma das infrações separadamente para fim de contagem. Ação penal privada subsidiária (art. 103,§3º CP): não há que se falar aqui de prazo decadencial, pois se o ofendido não se manifestar dentro dos seis meses, o Estado continuará com o poder de agir. Perempção É a causa de exclusão da punibilidade pela perda do interesse da ação devido a inércia do querelante[3: Querelante: ofendido na ação penal privada (querelante x querelado)] Só ocorre na ação penal privada. Ocorre durante o processo, aqui a vítima já ajuizou a ação penal privada. V - Renúncia do direito de queixa Ato da vítima que abre mão do direito de queixa, isto é, de promover a ação. Só ocorre na ação penal privada (ação penal exclusivamente privada) - aqui o interesse está totalmente nas mãos do ofendido. Pode ser expressa - quando o ofendido renuncia expressamente, por escrito - ou tácita - quando a vítima pratica atos incompatíveis com a vontade de exercer o direito de ação. Indenização pelo dano causado (art. 104,§2º): a renúncia do direito de ação não implica na renúncia da indenização. V - (2ª parte) ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada A renúncia só pode ocorrer antes de iniciar a ação, mas após iniciar a ação cabe o perdão. Comunicabilidade do perdão (art. 106, I): aproveita a todos os querelados Divisibilidade do perdão (art. 106, II): o perdão por um dos ofendidos não prejudica os demais. Ato bilateral (art. 106, III): se o querelado recusar o perdão, ele não produz efeitos. VI - Retratação nos casos em que a lei admite Crimes contra honra: art. 143 CP Falso testemunho: art. 342,§2º CP Porém, há casos que a lei não admite retratação. Ex: injúria. IX - Perdão judicial Faculdade do juiz de deixar de aplicar a pena por situações de política criminal. Ex: pai que atropela o filho. Perdão judicial ≠ absolvição No perdão judicial o sujeito merece a pena, o juiz o condena, mas não aplica a pena. Dos crimes contra a vida Homicídio - art. 121 Homicídio doloso Homicídio simples (art. 121, caput) "Matar alguém"; é a supressão da vida extrauterina. Pena: 6 a 20 anos Objetividade jurídica (bem jurídico tutelado): vida extrauterina Crime simples - ofende um único bem jurídico, a vida Proteção constitucional: art. 5º, caput CF - "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade..." Não é crime hediondo. Objeto material (aquilo sobre o que recai a ação do agente): pessoa Núcleo do tipo: "matar" Matar: crime de ação livre, a lei não descreve forma Ação ou omissão: crime comissivo por omissão (art. 13) Crime impossível por ineficácia absoluta do meio: art. 17 Concurso de pessoas: o homicídio admite concurso de pessoas, nas modalidades coautoria e participação. Autoria colateral: quando duas pessoas executam o núcleo do tipo ao mesmo tempo, sem uma saber da outra, sendo que, provadamente, apenas uma da causa ao resultado. Autoria incerta: mesma situação do caso anterior, mas é impossível se determinar quem deu causa ao resultado. Neste caso, ambos responderão por tentativa. Crime comum: qualquer pessoa pode praticá-lo. Sujeito passivo: o ser humano vivo Crime impropriedade absoluta do objeto (art. 17): matar cadáver. Consumação: se dá no momento da morte da vítima. Conceito de morte - lei de extração de órgãos (lei 9434/97, art., 3º): morte cerebral. Admite-se tentativa[4: Sempre caberá tentativa em crimesmateriais (aqueles nos quais a lei descreve a conduta, descreve o resultado e o exige para a consumação do crime] Classificação Crime material Crime de dano Crime instantâneo; instantâneo de efeito permanente. Prova da materialidade: laudo necroscópico, autópsia, necropsia. Elemento subjetivo do tipo Dolo direto: "animus decandi" - intenção de matar Dolo eventual: o agente assume o risco de produzir o resultado, ainda que não o queira. Ação penal e competência: Ação penal pública incondicionada. Competência: tribunal do júri (assim como todos os crimes dolosos contra a vida - art. 5 XXXVIII, "d" CF). Crime militar (art. 125, §4º CF) - foi retirada a competência da justiça militar para a apuração de crimes dolosos de militares quando a vítima for civil. A competência passou a ser da justiça comum. Homicídio privilegiado - art. 121, §1º "§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço." Natureza jurídica: causa de diminuição de pena. Essas circunstâncias são subjetivas, ligadas à pessoa, e não ao fato, logo não se comunicam (art. 30). Não é crime hediondo. Homicídio culposo - art. 121, §3º Pena: detenção, de um a três anos. Ocorre quando o agente falta com o dever de cuidado, por imprudência, negligência ou por imperícia. §4º Causa de aumento de pena - a pena é acrescida de um terço em casos de: Inobservância de regra técnica Deixar de prestar socorro imediato à vítima ou não procurar diminuir as consequências de seu ato. Se o agente foge para evitar a prisão. Homicídio culposo e o CTB Sempre que o agente estiver na condução de um veículo automotor e em trânsito em vias terrestres, aplica-se o CTB. Ex: art. 302 CTB - praticar homicídio culposo na direção de um veículo automotor. Pena: detenção de 2 a 4 anos. Perdão judicial: está previsto no §5º do art. 121 do CP, mas não está previsto no CTB. Mas a jurisprudência entende que esse instituto deve ser aplicado por analogia ao CTB, por se tratar de uma norma mais benéfica. Homicídio qualificado - art. 121, §2º Pena: de 12 a 30 anos de reclusão. Todas as circunstâncias que qualificam o homicídio estão previstas no art. 61 como agravantes genéricas, isto é, ainda que as qualificadoras não existissem, a pena seria agravada, mas o legislador decidiu punir ainda mais firmemente essas hipóteses. Incisos I e II: motivos do crime Incisos III e IV: meios e modos de execução do crime Inciso V: ligação do homicídio a outros crimes. Qualificadoras subjetivas (incomunicáveis - art.30): I, II e V. São circunstâncias ligas a pessoa do agente.[5: Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.] Qualificadoras objetivas (comunicáveis): III e IV. São circunstâncias ligadas ao fato. "Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe." Paga: valor pago antes, para que o agente cometa o crime. Promessa de recompensa: o agente pratica o crime para obter recompensa posterior. Nos casos em que o homicídio é cometido mediante paga ou promessa de recompensa o crime é plurissubjetivo ou de concurso necessário, isto é, subtende as figuras do autor de do partícipe (mandante). O mandante não será alcançado pela qualificadora, pois esta é subjetiva, logo incomunicável. Ele responderá por homicídio simples. Motivo torpe: é aquele motivo repugnante, inaceitável. "Por motivo fútil" Motivo fútil é aquele insignificante, desproporcional. "Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio considerado insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum" Venefício: homicídio com uso de veneno. Asfixia: falta da condição respiratória. Pode ser mecânica ou tóxica. Mecânica: quando o agente priva a vítima da condição respiratória mecanicamente. Pode ser por: Estrangulamento - quando se usa ferramentas, como, por exemplo, um cinto; Esganadura - quando se usa as mãos para tal; Enforcamento - quando a asfixia se dá pelo peso do corpo; Sufocação - quando se impede o acesso ao ar livre; Afogamento - impedimento da respiração devido a inserção de água; Soterramento - impedimento da respiração devido a inserção de terra; Imprensamento - quando se impede o movimento do corpo devido a pressão, impossibilitando assim a respiração. Tóxica: pode se dar de duas maneiras Uso ou inalação de gás; Confinamento - substituição do ar por um gás. *Todos esses meios podem caracterizar meio cruel Perigo comum: quando além da vítima almejada, o perigo se estende a outras pessoas (art. 250 e seguintes). Nesse caso, o agente responderá pelo homicídio e pelo crime de perigo. "À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido." Essas circunstâncias são qualificadas pela quebra de confiança "Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime." Homicídio privilegiado-qualificado? É possível, desde que a qualificadora seja objetiva (isto é, subjetiva + objetiva = possível; subjetiva + subjetiva = impossível), lembrando que as circunstâncias privilegiadoras são sempre subjetivas. Ex: homicídio praticado sob o domínio de violenta emoção com emprego de fogo. Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio - art. 122 Suicídio Consiste em tirar a própria vida Vai de encontro com o princípio da alteridade, segundo o qual são punidas condutas praticadas contra terceiros. Não é crime, mas fere a lei, pois é um atentado contra a vida. O que é crime é a participação de terceiros no suicídio. O consentimento da vítima é inválido, é um irrelevante penal, afinal trata-se de direito fundamental. Objetividade Objeto jurídico: a vida Objeto material: pessoa viva Núcleo do tipo Induzir ou instigar: formas de participação moral ou intelectual Prestar auxílio: participação material ou cumplicidade O auxílio se dá de forma secundária, se não, configuraria homicídio Auxílio por omissão: possível nos casos de crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão. Entretanto, outra parte da doutrina diz que não é possível, mas aquele que não tenta impedir o suicídio seria responsabilizado por omissão de socorro. Omissão por ortotanásia Ortotanásia: consiste em evitar o prolongamento da vida através de meios artificiais. A pessoa não consegue mais resistir sem tais meios artificiais. Quem pratica a ortotanásia não responde por crime, porque a morte ocorre em decorrência de causas naturais. Eutanásia: caracteriza homicídio privilegiado. Na eutanásia, a pessoa ainda não depende totalmente dos aparelhos, eles apenas a auxiliam. Porém, o agente, visando cessar o sofrimento da vítima, por piedade, desliga os aparelhos, tornando a sobrevivência daquela mais dificultosa, e provocando seu óbito. Sujeitos do crime Sujeito ativo: qualquer pessoa - crime comum Sujeito passivo: pessoa determinada Elemento subjetivo do tipo Dolo direto ou eventual Não há modalidade culposa Consumação e tentativa Consumação: se dá com a morte ou com a lesão grave da vítima Tentativa: não é punível - indiferente penal Ação penal Ação pública incondicionada Competência: tribunal do júri Causa de aumento de pena - pena dobrada Crime praticado por motivo egoístico - envolve algum tipo de vantagem para o agente Crime praticado contra menor ou contra vítima com diminuída capacidade de resistência Menor: a lei não específica quem se enquadra aqui, se são os menores de 14 anos ou os menores de 18. Neste caso, a doutrina entende que fica a critério do juiz. Diminuída: apenas diminuída. Se a capacidade de resistência for retirada, fica configurado o homicídio. Infanticídio - art. 123 "Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após" "Pena - detenção, de dois a seis anos.". IntroduçãoÉ um homicídio com uma pena menor, porque é cometido pela mãe sob um estado de perturbação. Difere do homicídio quanto aos sujeitos, motivos e tempo. Não se confunde com o aborto, aqui é tirada a vida extrauterina. Objetividade Objeto jurídico: a vida humana. Objeto material: nascente ou recém-nascido (neonato). Elementos do tipo Elementos objetivos: Matar Estado puerperal Estado de perturbação que é decorrente do parto É elemento normativo (necessita de explanação) É elementar do tipo Necessidade de perícia: a maior parte da doutrina julga necessária a perícia para que se verifique a presença do estado puerperal. Elemento temporal do estado puerperal Durante o parto Logo após o parto (elemento normativo) Elemento subjetivo: dolo Sujeitos do crime Sujeito ativo: a mãe Admite-se coautoria e participação - inclusive o coautor e o partícipe respondem pelo infanticídio, pois, apesar do estado puerperal ser uma circunstância subjetiva, é comunicável aos demais, afinal é uma elementar do crime. Consumação e tentativa Consumação: com a morte da vítima Tentativa: possível (crime material). Ação penal Ação penal pública incondicionada Competência: tribunal do júri. Aborto - arts. 124 a 126 Art. 124: "Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque". Art. 125: "Provocar o aborto, sem o consentimento da gestante". Art. 126: "Provocar aborto com o consentimento da gestante". Introdução Aborto é a interrupção da gravidez que resulta na morte do fruto da concepção. Início da gravidez: no momento da concepção, da fecundação do óvulo, já existe vida (teoria clássica ou concepcionista) Objeto jurídico: a vida humana. Objeto material: o feto (feto, zigoto ou embrião) A vida intrauterina recebe a tutela deste tipo até o início do parto, a partir daí configura-se o infanticídio ou o homicídio. Sujeitos do crime (art. 124) Sujeito ativo: gestante - crime de mão própria. Sujeito passivo: feto Cabe concurso de agentes, na modalidade participação, apenas. Meios de execução: crime de forma livre. Núcleo do tipo (art. 124) Duas figuras típicas Provocar aborto em si mesma (autoaborto)[6: Aborto é elemento normativo.] Consentir para que terceiro lho provoque (aborto consentido) Elemento subjetivo: dolo direto ou eventual. Não há forma culposa. Tentativa: possível (crime material - fracionamento de conduta). Ação penal Ação penal pública incondicionada. Competência: tribunal do júri. Classificação Crime material - a lei exige o resultado. Crime próprio e de mão própria (art. 124) - só pode ser praticado pela mãe. Os crimes do arts. 125 e 126 são comuns. Crime instantâneo (≠ crime permanente) - é possível discernir o momento em que o crime ocorre. Crime de dano (≠ crime de perigo). Crime comissivo e omissivo (art. 13, §2º). Crime unissubjetivo (art.124, primeira parte - autoaborto). Crime plurrissubjetivo (art. 124, segunda parte - aborto consentido). Crime plurissubsistente - é possível o fracionamento da conduta. Crime de forma livre. Crime progressivo. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Sem consentimento Objeto jurídico: vida intrauterina e integridade física da gestante. Sujeito passivo: o feto e a gestante. Sem consentimento Gestante não permite o aborto. Consentimento viciado - gestante menor de 14 anos, incapaz ou obtido mediante fraude ou coação (§1º). Art. 126 - Com consentimento É exceção à teoria monista ou unitária da ação (art. 29) - aqui pessoas que incorrem para o mesmo crime (aborto) respondem por tipos penais diferentes (a gestante pelo 124 e o partícipe pelo 126). Admite participação, inclusive na forma de coautoria - mais de uma pessoa pode movimentar o núcleo do tipo). ***************************** DIREITO PENAL IV Prof. Glauco R. M. Moreira AULA 11 TEMA: LESÕES CORPORAIS CONTEÚDO Introdução Lesões leves Objetividade jurídica Tipo objetivo Sujeito ativo e passivo Meios de execução Consumação e tentativa Elemento subjetivo Ação Penal e aspectos processuais OBJETIVO Dotar o aluno de conhecimentos específicos de Direito Penal. METODOLOGIA Aula expositiva e estudo de casos REFERÊNCIAS MASSON, Cleber. Direito Penal esquematizado. Parte geral. Vol. 1. 2 ed., São Paulo: Método, 2014, TÍTULO I CAPÍTULO II DAS LESÕES CORPORAIS Lesão corporal Art. 129 Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Introdução Infração de menor potencial ofensivo Ofensa corporal ao ser humano, contra a sua integridade física ou à saúde da pessoa humana DOR, por si só, NÃO CARACTERIZA LESÃO. É necessário prova da ofensa corporal Classificação das lesões corporais: fraturas, escoriações (arranhões - rompimentos da pele), queimaduras, equimoses (rompimento leve dos vasos sanguíneos), hematomas (rompimentos mais profundos dos vasos), (eritemas - paralisia momentânea da circulação - não são considerados lesão). Corte de cabelo ou da barba: pode caracterizar LCD, dependendo da motivação ação do agente Pode ser LCD ou INJÚRIAS REAIS (sentido de humilhar)[7: Lesão Corporal Dolosa] Pluralidade de lesões: crime único Ofensa à saúde: alterações perturbações fisiológicas ou mentais sérias Objeto jurídico: a integridade física da vítima ou à saúde humana Objeto material: a pessoa humana Núcleo do tipo: verbo ofender (prejudicar, causar dano à integridade física Crime de forma livre: praticado mediante AÇÃO ou OMISSÃO Sujeito ativo: crime comum Abuso de autoridade: se for agente público e praticar o crime no exercício da função pública Sujeito passivo: qualquer pessoa Casos especiais: mulher grávida, violência doméstica, pessoa com deficiência Elemento subjetivo: animus laedendi ou animus nocendi (intenção de ferir) Crime doloso (direto ou eventual) Crime culposo (§6°) Crime preterdoloso (§3°)[8: DOLO (resultado menos gravoso) + CULPA (resultado mais gravoso)] Consumação: com a efetiva ofensa à integridade física ou à saúde da vítima – LESÃO Crime de resultado ou de dano Indispensável o laudo pericial Tentativa: possível na forma dolosa Lesão corporal culposa: IMPOSSIBILIDADE Vias de fato: art. 61 da Lei das Contravenções Penais Ação penal: pública condicionada à representação (art. 88 da Lei 9099/95) Autolesão: fato atípico (princípio da alteridade) Prova da materialidade da lesão: laudo pericial FORMAS QUALIFICADAS Classificação das lesões corporais Lesão corporal de natureza grave (§1°) § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; Exigência de exame pericial inicial e complementar, efetuado após 30 dias da data da lesão *Parte minoritária da doutrina entende que o exame inicial é dispensável, bastando o exame complementar. II - perigo de vida; (perigo concreto) III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; Diminuição ou enfraquecimento da capacidade funcional MEMBROS: superiores e inferiores; braços, pernas, mãos, pés SENTIDO: visão, audição, paladar, olfato e tato FUNÇÃO: atividades dos órgãos do corpo humano: digestão, mastigação, respiração, cardiovascular, rins PERDA PARCIAL: pode não caracterizar a diminuição da função: Ex: perda de 1 dente IV - aceleração de parto: é o parto prematuro em decorrência da agressão Pena - reclusão, de um a cinco anos. Lesão corporal gravíssima (§2°) § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; INCAPACIDADE PERMANENTE: longa, duradoura, sem limite de tempo INCAPACIDADE GENÉRICA: para qualquer função II - enfermidade incurável; Alteração incurável, processo patológico (físico, psicológico) III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; MUTILAÇÃO, AMPUTAÇÃO, INUTILIZAÇÃO ÓRGÃOS DUPLOS: caracteriza diminuição (§1° - rins, pernas) IV - deformidade permanente; (é o dano duradouro, incurável, em alguma parte do corpo) Questões estéticas V - aborto: interrupçãoda gravidez provada de forma culposa. Crime preterdoloso. Se doloso o aborto, haverá LCD + ABORTO Pena - reclusão, de dois a oito anos. Lesão corporal seguida de morte (§3°) § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Crime preterdoloso Diminuição de pena Forma privilegiada semelhante ao homicídio culposo § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Substituição da pena § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa § 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano. Violência Doméstica § 9° Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) **************** Dos crimes contra a honra - Calúnia, injúria e difamação Introdução Estão previstos também nos Códigos Militar e Eleitoral, além da lei de imprensa. Honra é o conjunto de atributos de uma pessoa relacionados ao seu convívio social e autoestima. Espécies de honra Honra objetiva: conceito que o meio social tem em relação ao indivíduo. Honra subjetiva: conceito que o sujeito tem dele mesmo. Dos crimes em espécie Calúnia - art. 138 CP "Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:" "Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa." Caluniar: ofender, imputando falsamente fato definido como crime. Essa falsidade pode se dar tanto quanto a existência do fato, quanto à pessoa. Formas equiparadas (§1º): "Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga." Propalar: passar adiante, reproduzindo a calúnia verbalmente. Divulgar: passar adiante, porém, de forma não verbal. Os crimes serão autônomos, apesar de ser reproduzida a mesma calúnia. Sujeitos Sujeito ativo: qualquer pessoa - crime comum O advogado no exercício da função tem imunidade contra crimes contra honra e também contra desacato, segundo o estatuto da OAB.[9: A imunidade ao desacato foi entendida como inconstitucional, objeto de ADIN.] Sujeito passivo: qualquer pessoa Pessoa jurídica: não tem honra, logo não pode ser vítima. Morto (§2º): "É punível a calúnia contra os mortos" Classificação Crime comum Crime de forma livre Crime unissubsistente ou plurissubisistente Crime instantâneo (em regra) Crime unissubjetivo Crime comissivo Crime de dano Crime formal Elemento subjetivo Dolo direto ou eventual - animus caluniandi Não caracterizado pelo animus jocandi, nem pelo animus narrandi. Nas formas equiparadas o agente só responde por dolo direto - "sabendo falsa a imputação". Consumação e tentativa Consuma-se no momento em que a calúnia chega ao conhecimento da sociedade (de terceiros) Tentativa: não é possível, salvo nos casos em que for plurisubsistente, como na calúnia escrita. Exceção da verdade - §3º "§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:" "I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;" "II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;"[10: Presidente da república ou chefe de estado estrangeiro.] "III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível." Difamação - art. 139 CP "Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação" "Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa." O fato imputado não é criminoso, e não necessariamente é falso. Ofende a honra objetiva da vítima Sujeitos Sujeito ativo: crime comum, observando-se aqui também as imunidades. Sujeito passivo: qualquer pessoa. Morto: a lei não prevê - não pode ser vítima. Elemento subjetivo Dolo direto ou eventual - animus diffamandii Também não é caracterizado por animus jocandi e animus narrandi. Consumação e tentativa A consumação se dá quando o fato chega ao conhecimento social. Tentativa: não cabe, salvo se for plurissubsistente. Injúria - art. 140 CP "Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro" "Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa." Ofende a honra subjetiva. É caracterizado por qualquer adjetivação negativa que se dá alguém. Sujeito Sujeito ativo: crime comum, observando-se as imunidades. Sujeito passivo: qualquer pessoa Morto: não pode ser vítima Elemento subjetivo Dolo direto ou eventual - animus injuriandi Não caracterizado por animus jocandi ou animus narrandi. Consumação e tentativa A consumação se dá quando o fato chega ao conhecimento da vítima. Tentativa: cabe tentativa, quando o fato não chega ao conhecimento da vítima por razões alheias a vontade do agente. Injúria real (§2º) "Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes". "detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência."[11: Caso de concurso formal onde a lei prevê que a pena deverá ser somada.] Injúria qualificada (§3º) "Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:" "reclusão de um a três anos e multa." Perdão judicial (§1º) "O juiz pode deixar de aplicar a pena:" "I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;" "II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria."
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