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CADERNO PENAL - PARTE ESPECIAL - 2021 MPF

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DIREITO PENAL PARTE ESPECIAL
CRIMES CONTRA A PESSOA
CRIMES CONTRA A VIDA
Competência: se dolosos, competência do Tribunal do Júri.
1) HOMICÍDIO
Objeto jurídico: vida humana extrauterina (crime simples: protege apenas um bem jurídico)
Objeto material: a pessoa contra a qual recai a conduta. 
Núcleo do tipo (ação nuclear): “matar”
· Elemento subjetivo (doloso): animus necandi ou accidendi (extraído das circunstâncias do fato)
Forma de realização típica: crime de ação livre.
Crime instantâneo de efeitos permanentes.
Crime material: necessário o resultado naturalístico morte.
a) Morte clínica: parada cardíaca ou respiratória
b) Morte biológica: destruição molecular
c) Morte encefálica ou cerebral (critério da Lei 9.434/91 – Lei do Transplante) – interpretação sistemática para a consumação do homicídio
Tentativa: sim, é crime plurissubsistente. 
a) Perfeita: acabada ou crime falho
b) Imperfeita: propriamente dita
c) Branca (incruenta)
d) Vermelha (incruenta)
Ação penal: pública incondicionada.
	Homicídio simples: 6 a 20 anos
Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
	Crime progressivo (um desígnio): comecei querendo matar e terminei matando.
Progressão criminosa (mudança de desígnio): comecei querendo lesar, mas depois quis matar (absorção)
	É hediondo? Não. Salvo se grupo de extermínio. Qualificado sempre é.
Homicídio privilegiado: Caso de diminuição de pena (minorante – 3ª fase)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
	Domínio de violência emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima
a) DOMÍNIO
b) IMEDIATA
c) INJUSTA
E A ATENUANTE? nos termos do artigo 65, III, “c”, última parte, do Código Penal, é circunstância atenuante o fato de ter o agente cometido o crime “sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima”. Para configuração da atenuante, basta que a infração tenha sido praticada sob a influência da violenta emoção, não sendo preciso o domínio da emoção violenta. Além disso, a relação de imediatidade entre a provocação da vítima e a reação do agente, exigida na causa de diminuição de pena, não aparece na atenuante.
	É obrigatória.
	
	Comunicabilidade? Não (circunstância pessoal, CP, 30).
pois não são elementares típicas e têm natureza subjetiva (Art. 30 – “não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”). Nada impede que cada um dos agentes seja beneficiado pela redução, mas por conta da sua motivação própria
	STJ (2018) Juiz deve considerar o “grau emotivo do réu, além da intensidade da injusta provocação”.
Valor social: coletivo. Valor moral: individual.
· Concursos: aplicação do valor moral na eutanásia.
· Certeza: valor social e moral no pai que mata estuprador.
Homicídio emocional: domínio de violenta emoção, reação imediata e injusta provocação da vítima (pode ser indireta, a terceiros e animais).
· Emoção não exclui da culpabilidade/imputabilidade (CP, 28, I), salvo se patológica
	HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO
Homicídio privilegiado qualificado (híbrido)? Sim (STJ, 2019). É Hediondo? NÃO!
Desde que a qualificadora seja OBJETIVA (meio), pois a privilegiadora é sempre subjetiva.
No procedimento do TRIBUNAL DO JÚRI, tendo em vista a observância do princípio da plenitude de defesa, as teses benéficas ao acusado devem, obrigatoriamente, ser quesitadas antes das qualificadoras e das causas de aumento de pena. Desta maneira, reconhecida pelos jurados a existência de homicídio privilegiado, estarão automaticamente prejudicados os quesitos pertinentes a eventuais qualificadoras de natureza subjetiva.
	Natureza 
	Qualificadora
	Privilegiadora
	Compatível
	
Subjetiva
	Paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe
	
Relevante valor moral, relevante valor social ou sob domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima (subjetiva)
	
NÃO
	
	Motivo fútil
	
	
	
	para assegurar a execução, a
ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime
	
	
	
	contra autoridade ou agente de segurança pública em razão da função ou parentes***
	
	
	
Objetiva
	contra a mulher por razões da condição de sexo feminino***
	
	
SIM
	
	emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum
	
	
	
	à traição, de emboscada, ou
mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido
	
	
	
	com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido
	
	
Homicídio qualificado: 12 a 30 anos – CRIME HEDIONDO
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
	Emprego de ARMA DE FOGO NÃO É homicídio qualificado.
	Existe crime duplamente qualificado? Embora corriqueiramente usado, NÃO.
O crime é apenas qualificado, se houver mais de uma, uma qualifica e outra é considerada agravante genérica (se houver previsão) ou circunstância judicial desfavorável (STF)
SUBJETIVA[Homicídio mercenário ou por mandato remunerado] I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
	Torpe = Abjeto = Repugnante.
	Caso de interpretação analógica “outro motivo torpe”
	Comunicabilidade? Divergência.
a) 6ª Turma do STJ: É elementar e comunica-se (2018)
b) 5ª Turma do STJ: É circunstância de caráter pessoal incomunicável (2017)
	Vingança é motivo torpe? SIM (STJ, 2018).
Discriminação homotransfóbica é motivo torpe? SIM (STF, 2019)
	Concretização do pagamento? Irrelavante.
	Recompensa precisa ser econômica? Prevalece que SIM! MAS, como dispositivo admite OUTRO MOTIVO TORPE, é só enquadrar na analogia permitida.
II - por motivo fútil; 
	Sem motivo é fútil? NÃO. É homicídio simples (STJ, 2017).
Motivo injusto é fútil? NÃO. Injusto é inerente.
Racha é motivo fútil? NÃO. Motivo fútil corresponde a uma reação desproporcional do agente a uma ação ou omissão da vítima.
Motivo pode ser torpe e fútil ao mesmo tempo? NÃO.
	Ciúme/Vingança é fútil? DEPENDE do caso (STJ). Pode até atenuar (privilégio).
	Estado de embriaguez não afasta o reconhecimento do motivo fútil.
	Torpeza deve ser imediata. Se começou torpe, evoluiu para situação não torpe e aí ocorreu o crime, não pode aplicar.
	A qualificadora do motivo fútil é compatível com o dolo eventual? Divergência.
a) Sim. O dolo não se confunde com o motivo.
b) Não, pela ausência do elemento volitivo.
III – [MEIO] com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
	Veneno: vítima não sabe. Se Sabe: é meio cruel
	Tortura: é o grande tormento ou suplício causado à vítima. O agente tem a vontade livre e consciente de matar a vítima e emprega método de tortura para intensificar o seu sofrimento, como por cobrança de dívida de drogas. Não confundir com o delito de tortura com resultado morte, em que o agente constrange alguém, com emprego violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com alguma finalidade específica, ou quando submete alguém, com emprego de tais meios, a um intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo ou medida de caráter preventivo (art. 1º, caput e § 3º, da Lei 9.455/97).
	A reiteração de golpes configura meio cruel? Sim
	
IV – [RECURSO] à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
	Atirar pelas costas é qualificada peala impossibilidade de defesa!
Vítima tetraplégica/Idade NÃO qualifica pelo meio, não entra na interpretação analógica porque é condição pessoal da vítima, e não artifício como os aqui elencados.
	Premeditação – O crime premeditado (previamente calculado) se contrapõe ao crime de ímpeto (praticado de forma irrefletida, no calor dos acontecimentos). A premeditação, por si, não qualifica o crime, mas pode configurar outras qualificadoras, como a emboscada.
	STJ: Em crime de trânsito comdolo eventual, STJ afastou a qualificadora, exigindo a vontade de surpreender a vítima.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
	Conexão instrumental:
· Conexão teleológica: assegurar execução de outro crime.
· Conexão consequencial: assegurar ocultação, vantagem ou impunidade de outro.
Outro crime pode ter sido ou não praticado pelo agente (Ex.: crime cometido pelo pai)
	CRIME!! NÃO abarca contravenção (talvez enquadre em motivo torpe/fútil).
Feminicídio (forma qualificada – 12 a 30 anos)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
	Doutrina difere do femicídio (vítima mulher). É razões da condição de sexo feminino (feminicídio).
	Violência doméstica e familiar: (i) unidade doméstica; (ii) família; (iii) relação íntima de afeto, conviva ou convivido, independente de coabitação. Independem de orientação sexual.
Uxorocídio: marido mata esposa.
	O Estratégia come coco e só fala bosta e para eles não abrange transexual por ser uma “analogia”. Rogério Sanches Cunha defende posição diversa, entendendo que incide a lei penal para a transexual identificada civilmente como mulher.
	Cumulação com motivo torpe? SIM (não há bis in idem), STJ (2018, 2019) entende que a violência doméstica é uma circunstância de natureza objetiva, sendo possível sua cumulação com o motivo torpe, que tem natureza subjetiva. Ex.: vingança contra ex-namorada – incide violência doméstica + motivo torpe.
	Cumulação com agravante genérica do “prevalecer-se de relações domésticas, coabitação ou de hospitalidade” (CP, 60, II f)? NÃO. Há bis in idem.
Causas de aumento de pena específicas para o Feminicídio (**alterações em 2018**)
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade (igual milícia privada e grupo de extermínio) se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I , II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 .”
	pode haver só a majorante, se o aborto não acontece e não há desígnio autônomo. Se o feto ou embrião morre, entendo haver concurso formal entre aborto sem consentimento da gestante e o feminicídio majorado. Se o feto/embrião morre e o agente também queria a interrupção da gravidez, o concurso formal é impróprio. Não há bis in idem pois há dois bens jurídicos.
	Presença virtual? Uma chamada de vídeo/telefone.
	Atenção: não são todas as medidas protetivas que, se violadas, ensejam o aumento de pena do crime. Tão somente: (i) suspensão ou restrição de armas; (ii) afastamento; (iii) proibição de determinadas condutas.
Homicídio qualificado funcional
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
	Não abrange expressamente aposentados. Parte da doutrina defende haver se houver razão funcional.
Abrange Agentes e Autoridades das Guardas Municipais e Agentes de trânsito.
	Não estão incluídos no texto legal os parentes por afinidade (sogro, sogra e cunhados) nem o parentesco civil (como o filho adotivo).
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:
	O dispositivo, vetado pelo presidente da República, teve seu veto derrubado pelo Congresso Nacional.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
	O homicídio qualificado é compatível com o dolo eventual?
Em princípio, sim. É penalmente aceitável que, por motivo torpe, fútil, etc., assuma-se o risco de produzir o resultado.
Há forte entendimento jurisprudencial no sentido de que a qualificadora do motivo fútil é compatível com o dolo eventual.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. 
Homicídio culposo majorado
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
	Culpa profissional. Deve haver conhecimento da técnica.
Existe bis in idem entre o elemento subjetivo (imperícia) e a majorante de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, como majorante? MAJORITÁRIA: Não há bis in idem, pois são circunstâncias distintas, uma para configurar a majorante e outra para reconhecimento do tipo culposo!!!!
a) Situação 1: A causa especial de aumento, prevista no art. 121, § 4º do Código Penal (inobservância de regra técnica de profissão) figura no campo da culpabilidade e, pois, para incidir, deve estar fundada em outra nuance ou fato diferente do que compõem o próprio tipo culposo, rendendo ensejo a maior reprovabilidade na conduta do profissional que atua de modo displicente no exercício de seu mister, dando causa ao evento morte.
b) Situação 2 (2019): O homicídio culposo por erro médico restou reconhecido pela negligência do tratamento adequado, incidindo sem bis in idem a majorante da inobservância de regra técnica, não apenas pela falta ao atendimento exigível para a situação, mas também pela realização de procedimento cirúrgico de grande porte em clínica que se sabia não possuir estrutura adequada.
	Omissão de socorro: Se não há culpa do agente quanto à morte, o crime será de omissão de socorro. 
Não incide a majorante em caso de morte instantânea da vítima ou de socorro instantâneo por outrem (absolutamente evidente). MAS não cabe ao agente efetuar a avaliação sobre a utilidade ou não da prestação de socorro (caso de morte imediata da vítima + agente fugido). 
Se pode fazê-lo sem risco pessoal, deve prestar.
Agente que presta socorro só cumpre seu dever legal. NÃO faz jus a atenuante.
	Incriminação da fuga vs. Direito do agente
STF julgou constitucional art. 305 do CTB que tipifica o crime de fuga do local do acidente (RE 971959, 2020). Logo, não há direito de fuga a partir do princípio da não incriminação.
Aumento de pena (majoração):
Homicídio doloso majorado
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
	Não há responsabilidade penal objetiva. Agente deve ter conhecimento sobre a idade da vítima.
	É maior e menor, NÃO IGUAL.
Milícia privada & Grupo de Extermínio 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade (igual majorantes especificadas para forma qualificada do feminicídio) se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
	No caso de GRUPO DE EXTERMÍNIO, o homicídio é hediondo, ainda que praticado por um só agente (art. 11, I, da Lei 8072).
Mas NÃO É CRIME HEDIONDO o homicídio em milícia privada, mas é muito improvável não ter qualificadora para tornar hediondo.
	Qual o número de integrantes? Divergência.
a) Associação criminosa (3 ou +)
b) Apenas dois agentes (Nucci), pois não há exigência
c) Orcrim (4 ou +)
Perdão judicial / Bagatela Imprópria
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
	Perdão judicial é causa de extinção da punibilidade.
STJ exige vínculo/laço afetivo prévio.Não se estende a terceiro mesmo se no acidente tenha sido atingida vítima com relação de afeto.
Admite-se analogia benéfica ao homicídio culposo do CTB.
	É um direito público subjetivo do réu. Presentes os requisitos, há direito.
	Efeitos condenatórios? NÃO (ex.: não gera reincidência)
SÚMULA 18 STJ
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
	STJ INFO 966/2020 É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito. Mesmo se motorista profissional.
Qualificadoras subjetivas e objetivas: privilégio, que é subjetivo, só é compatível com qualificadora objetiva e qualificadoras objetivas cumulam com subjetivas:
	OBJETIVAS
	SUBJETIVAS
	Meio e modo de execução e condição da vítima
	Motivos do agente
	a) Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
b) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
c) Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (STJ – foi uma opção pela gravidade, para possibilitar a punição concomitante pelo motivo torpe ou fútil) (NUCCI defende que há um caráter externo-social-objetivo na violência de gênero; FISCHER, no STJ fala que o animus do agente não é objeto do feminicídio, mas a “violência estrutural” – não usa esse termo)
	a) mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
b) por motivo fútil;
c) para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
* Há quem defenda que o feminicídio é subjetiva, porque pressupõe uma motivação especial (a razão da condição)
	DIVERGÊNCIA 
(Defende-se ser objetiva, em analogia ao entendimento do STJ sobre feminicídio)
(Para CUNHA, é MISTA: objetiva para agente na função; subjetiva quando decorrer da função ou envolver família)
(Para MASSON, é subjetiva)
contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição
O QUE NÃO É HOMICÍDIO?
a) Mãe mata criança após nascer infanticídio
b) Matar o feto aborto
c) Na condução de veículo automotor CTB
d) Intenção de destruir grupo genocídio
2) INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU AUTOMUTILAÇÃO
	REDAÇÃO ATÉ 26/12/2019:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
	O sujeito passivo deve ser pessoa capaz de compreensão, sob pena de se configurar o homicídio. 
Se a conduta se voltar a pessoas indeterminadas, a conduta passa a ser considerada atípica.
Pode ser comissivo ou omissivo impróprio, neste último caso quando o sujeito tiver o dever de garantidor.
Elemento subjetivo: dolo (não há culposo).
	Induzir: criar a ideia.
Instigar: reforçar a ideia.
Auxílio: assistência material. (Deve ser acessório, se praticar atos executórios, é homicídio).
Causas de aumento de pena:
Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência
	REDAÇÃO APÓS 26/12/2019: 
CRIME FORMAL e de Perigo abstrato, QUALIFICADO pelo resultado
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
	O CAPUT é formal ou lesão LEVE (que não era punida)
	Pelo princípio da transcendentalidade ou alteridade, veda-se a punição de condutas que não ultrapassem o Âmbito de disponibilidade do agente. Autolesão e suicídio não são punidos. O que é punido é a instigação, indução e auxílio. Porque uma conduta precipitada pode gerar danos irreparáveis. Busca-se proteger a vida.
	Automutilação lesa o bem jurídico da integridade física, corporal e saúde, logo, não é da Competência do Júri.
	TENTATIVA: SIM
CRIME FORMAL e PLURI - PREVÊ RESULTADO NATURALÍSTICO PRESCINDÍVEL
Devemos analisar o tipo penal em duas partes:
No caso de auxílio material, tratando-se de crime plurissubsistente, a tentativa é possível quando o fornecimento do auxílio for impedido.
No caso de induzimento ou instigação, a tentativa só é possível se o crime for praticado por escrito, nos mesmos moldes em que ocorre o delito previsto no art. 180, caput, parte final, do Código Penal (receptação imprópria).
	Roleta Russa depois de 2019:
Antes: caso um dos participantes morresse ou sofresse lesão corporal de natureza grave, os demais poderiam responder pelo delito.
Hoje: os sobreviventes podem todos responder, já que a punição não depende de resultado lesão ou morte.
	Ambicídio (pacto de morte): 
Estão se incentivando mutuamente ao suicídio. 
Só há ambicídio se a própria pessoa se automutila ou suicida.
Se o outro agente praticou atos executórios, há homicídio.
	Desafios de asfixia online
É a razão das causas de aumento dos §§ 4º e 5º.
Formas qualificada
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
	Cabe sursis processual
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
	Não cabe sursis processual
	Aqui era a modalidade simples do delito.
Formas majoradas
Já existentes
§ 3º A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; II - se a vítima é menor (entre 18 e 14) ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Novas
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. 
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
Hipóteses de configuração de crime mais grave
configura lesão corporal gravíssima ou homicídio
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. 
	Lesão corporal gravíssima: incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização do membro, sentido ou função; deformidade permanente ou aborto:
	E se causar lesão leve ou grave? Responde diretamente por lesão corporal.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.”
	E se a vítima for menor de 14 e não ocorrer lesão grave ou morte?
A criança de 8 anos que é induzida a pular da janela do seu andar, mas é resgatada pelos bombeiros, na verdade foi vítima de tentativa de homicídio, seja na redação anterior do artigo 122, seja na redação atual. É a posição mais correta do ponto de vista de interpretação sistemática.
3) INFANTICÍDIO
É modalidade especial de homicídio doloso privilegiado.
	Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos.
	Crime próprio e de mão própria.
Crime bipróprio: mãe e filho
Estado puerperal: elementopsicofisiológico e não meramente elemento psicológico-moral (mata para ocultar gravidez). Não se confunde com estado patológico da mãe, inimputável.
· É presumido. Dispensa-se perícia médica.
Objeto jurídico: vida humana extrauterina.
· A prova da vida humana extrauterina pode ser realizada pelo exame chamado de docimasia pulmonar-respiratória, como a hidrostática de Galeno.
· Parto? Pode ser período de dilatação (Noronha) ou de expulsão (Hungria)
Crime próprio: condição pessoal, quando elementar do crime, comunica-se aos demais agentes (há doutrina minoritária no sentido de ser condição personalíssima incomunicável) 
Elemento subjetivo: dolo (se por culpa, há quem defenda homicídio culposo ou fato atípico)
Crime material e plurissubsistente (admite tentativca)
Crime doloso: e se a mãe mata culposamente? Há quem defenda ser homicídio culposo e há quem defenda ser fato atípico, por não haver infanticídio culposo.
Crime impossível: natimorto e anencéfalo
4) ABORTO
Tutela da vida humana intrauterina.
Quanto se inicia a vida humana?
a) Teoria da fecundação ou concepção
b) Teoria da nidação (pílula impede)
c) Teoria da atividade neural (não é pacífico, mas em torno de 3 meses)
d) Teoria natalista
	AUTOABORTO e ABORTO CONSENTIDO
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos.
	Crime próprio e de mão própria.
Exceção à teoria monista: terceiro responde por outro crime.
Crimes de mão própria que não admitem participação? Divergência. Bitercourt etc admitem participação. O que não se admite a coautoria.
· admite a participação, caso terceiro preste auxílio moral ou material, mas se o 3º praticar o aborto, responde pelo crime do art. 126
Crime material e plurissubsistente (possível a tentativa).
Gêmeos: concurso formal impróprio
	PROPAGANDA de métodos abortivos: Anúncio/apologia de processo/substância abortiva: contravenção penal (art. 20 LCP).
ABORTO SEM CONSENTIMENTO VÁLIDO DA GESTANTE
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos.
	Comum, doloso, plurissubsistente e cuja persecução ocorre por meio de ação penal pública incondicionada.
Não há modalidade culposa.
Dupla subjetividade passiva.
Admite participação ou coautoria.
Matar mulher grávida ciente da gravidez: concurso fomal
ABORTO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
	Comum, doloso, plurissubsistente e cuja persecução ocorre por meio de ação penal pública incondicionada. 
Exceção à teoria monista.
Admite participação ou coautoria.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
	Consentimento inválido: (a) dissentimento real (por meio de fraude) ou (b) presumido (menor ou alienada).
ABORTO MAJORADO (preterdolosos)
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
	O aumento de pena se refere ao 3º que pratica, com ou sem consentimento.
É um crime preterdoloso (dolo aborto, culpa na lesão ou morte da mulher).
Se houver dolo na lesão ou morte da mulher, há concurso formal.
E se o feto sobreviver e a mãe morrer?
a) 1ª Corrente: Tentativa de aborto qualificado pelo evento morte ou lesão grave. É uma exceção à regra de que o crime preterdoloso não admite tentativa.
b) 2ª Corrente: Aborto qualificado consumado. Tentativa é incabível nos preterdolosos. Mesmo raciocínio do latrocínio.
E o partícipe no aborto consentido ou autoaborto? NÃO aplica majorante!
Depende da teoria adotada.
a) Responde por lesão corporal culposa ou homicídio culposo (MIN)
b) Responde pela participação no aborto consentido ou autoaborto (MAJ)
ABORTO LEGAL (exclusão de ilicitude)
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
	Se for parteira, será estado de necessidade comum, exigindo-se perigo atual.
NÃO há necessidade de autorização judicial.
Aborto necessário (ou terapêutico)
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
	Constitui um estado de necessidade sem exigência da atualidade do perigo.
Médico não precisa de autorização da mãe (no estupro precisa)
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro (sentimental, humanitário ou ético)
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
	O STF (2008) entendeu que não se configura o crime de aborto quando realizada pesquisa com célula-tronco, pelo menos enquanto o ovócito (óvulo já fecundado) não for introduzido no colo do útero feminino. Não se cuida de interromper gravidez humana, pois dela aqui não se pode cogitar.
	O STF (2012) também considerou não configurar o crime de aborto a interrupção da gravidez quando o feto for anencéfalo.
· Não se deve confundir a anencefalia com a microcefalia (não é permitido aborto eugênico), embora PGR tenha sido favorável
	A 1ª Turma do STF (2016) também considerou não tipificado o crime de interrupção da gravidez no primeiro trimestre de gestação.
Requisitos para tipificação
a) este tipo penal deverá proteger um bem jurídico relevante; 
b) o comportamento incriminado não pode constituir exercício legítimo de um direito fundamental;
c) deverá haver proporcionalidade entre a ação praticada e a reação estatal
Violação a direitos fundamentais das mulheres
a) autonomia da mulher
b) integridade física e psíquica
c) direito sexuais e reprodutivos
d) igualdade de gênero
e) discriminação social e impacto desproporcional sobre as mulheres pobres
	AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A VIDA: AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
LESÃO CORPORAL
Crime material. 
Não se pune a autolesão (princípio da alteridade ou transcendentalidade). Salvo se a autolesão for meio para perpetrar uma fraude (art. 171 § 2º V) ou se configurar o crime de autolesão para obtenção de resultado diverso (CPM, 184).
Elemento subjetivo: animus nocendi ou animus laedendi.
1) Simples: LEVE
	Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.
Diferente da contravenção penal de vias de fato: Nesta não há resultado de lesão corporal. O delito de lesão corporal exige que haja ofensa à integridade física ou mental do indivíduo ou à saúde da vítima, como no caso de serem provocados hematomas e equimoses. A mera provocação de dor ou de uma mancha avermelhada não implicam na configuração do crime, o que pode ser o caso de consumação da contravenção de vias de fato.
· Diferente da injúria real: injuriar (animus injuriandi) alguém por meio de violência ou de vias de fato. Na injúria real as vias de fato são sempre absorvidas. Havendo lesão corporal, as penas serão aplicadas em concurso formal. No caso de injúria real, será pública incondicionada se a lesão for grave ou gravíssima, e condicionada à representação, se leve.
2) Qualificada: GRAVE
	§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
	Crime a prazo (necessidade de lapso temporal para configuração).
Ocupação habitual: não precisa ser lucrativa ou laborativa.
	CPP, 168, § 2º: Exame pericial específico para este caso (“logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime”).
· STJ (2018): exame não precisa estar acostado aos autos no momento em que iniciado o processo, uma vez que, para que haja justa causa para a persecução penal, não se exige a comprovação cabal da prática do crime, mas a presença de um lastro probatório mínimo que revele a sua ocorrência
II - perigo de vida; 
	Só resultado culposo (preterdoloso). Doloso é crime contra a vida.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
	Perda de dente? Divergência. Grave como debilidade permanente,pois é possível correção. Gravíssima, pois não importa correção posterior, mas momento do crime.
	Destruição de um órgão duplo: Grave. Se fosse os dois rins seria gravíssima.
IV - aceleração de parto
	Não existe responsabilidade penal objetiva. Só se souber.
Pena - reclusão, de um a cinco anos
· Delito qualificado pelo resultado, que pode ocorrer a título de dolo ou culpa (preterdolosos). O perigo de vida só pode ser produzir por culpa, sob pena de configuração de crime autônomo.
3) Qualificada: GRAVÍSSIMA
	§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
	Se a vítima se negar, injustificadamente, a realizar o tratamento médico, não se configura a forma qualificada do artigo 121, § 2º, II, do CP. Entretanto, não se exige que o ofendido se submeta a cirurgia ou que realize tratamento médico arriscado ou experimental.
	STJ (2016) Se a enfermidade incurável gerar lesão grave de debilidade permanente, haverá absorção (post factum impunível) da grave pela gravíssima, sendo irrelevante a discussão sobre a autonomia de desígnios para produzir ambos resultados, porquanto um é mero exaurimento do outro.
	TRANSMISSÃO CONSCIENTE DE AIDS É LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA POR DOENÇA INCURÁVEL.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
	Dano estético que causa impressão desconfortável par ao convívio social.
Cirurgia estética afasta? NÃO, se no momento do crime foi constatada a lesão geradora de deformidade permanente. É o fundamento para perda de dentes ser GRAVÍSSIMA (Mas há divergência na 6ª Turma STJ).
V - aborto: 
	Resultado culposo: preterdoloso
Resultado doloso: crime autônomo de aborto sem consentimento.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
4) Qualificada: SEGUIDA DE MORTE (homicídio preterdoloso)
	§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
	Doutrina não admite tentativa em crime preterdoloso. 
Como o resultado é culposo, deve haver previsibilidade.
	Resultado
	Pena
	Lesões graves
1. Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias
· NÃO PRECISA SER LABORAL
2. Perigo de vida
3. Debilidade permanente de membro, sentido ou função
4. Aceleração do parto
	1 a 5 anos de reclusão
	Lesões gravíssimas (nome da doutrina)
1. Incapacidade permanente para o trabalho
2. Enfermidade incurável
3. Perda ou inutilização do membro, sentido ou função
4. Deformidade permanente
5. Aborto
	2 a 8 anos de reclusão
	Morte (culposa)
	4 a 12 anos de reclusão
	Lesão corporal culposa tem sempre a mesma pena independente do resultado
	Detenção de 2 meses a 1 ano
5) Qualificada: COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
	LEVE:
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
	VÍTIMA PODE SER HOMEM OU MULHER! Neste caso, aplicável, em alguns casos, a insignificância e os benefícios da Lei 9099.
	Mas se a vítima for mulher: (1) inaplicável insignificância; (2) inaplicável benefícios da lei 9099 (suspensão condicional do processo e transação penal) (3) a ação será pública incondicionada.
CRIME MAJORADO: PCD
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência
	GRAVE OU GRAVÍSSIMA:
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
6) PRIVILEGIADA 
	DIMINUIÇÃO DE PENA (= Homicídio privilegiado) -1/6 a 1/3
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
	SUBSTITUIÇÃO DE PENA
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior (lesão privilegiada)
II - se as lesões são recíprocas.
7) CULPOSA: Resultados da dolosa não a qualificam, mas podem ser valorados como circunstâncias judiciais (1ª Fase).
	§ 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano
8) MAJORADA (CAUSA DE AUMENTO DE PENA)
	§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
	CULPOSOS
1) inobservância de regra técnica da profissão, arte ou ofício; 
2) se o agente deixa de prestar socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato ou foge para evitar prisão; 
DOLOSOS
3) bem como se a vítima for menor de 14 anos ou maior de 60 anos.
4) milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio
9) FUNCIONAL (MAJORAÇÃO - CAUSA DE AUMENTO DE PENA): = Homicídio funcional.
	§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços
10) PERDÃO JUDICIAL
	§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
11) AÇÃO PENAL
REGRA: INCONDICIONADA.
EXCEÇÃO: Art. 88 da Lei 9099 – CONDICIONADA se leve ou culposa.
EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO: Lei Maria da Penha, 41 (CONTRA MULHER): INCONDICIONADA.
	Súmula 542 STJ
A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada
PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Crimes de perigo: embora não causem danos, expõem terceiros a perigo de dano
· Concreto: demonstração de que sofreu real perigo de dano
· Abstrato: se presume que a conduta exponha a perigo de dano, não sendo necessário provar que alguém foi exposto a este risco
Parte da doutrina entende que os crimes em abstrato não foram recepcionados pela CF com base no Princípio da lesividade
Crimes formais: a ocorrência do dano é irrelevante
Ação penal: PÚBLICA INCONDICIONADA
· Salvo crime de perigo de contágio de DOENÇA VENÉREA, que é pública CONDICIONADA!
1) PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO
	Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe (DOLO DIRETO) ou deve saber (DOLO EVENTUAL) que está contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
	Bem jurídico: saúde/vida
Crime comum (para alguns, crime próprio sob condição de ter a doença)
Norma penal em branco: doença venérea está em portaria do Ministério da Saúde
IRRELEVANTE SE A OUTRA PESSOA CONCORDA (parte da doutrina discorda)
Crime de perigo I Crime formal I Cabe tentativa (crime plurissubsistente): efetiva contaminação é irrelevante
Elemento subjetivo: dolo (direto ou eventual) – NÃO SE EXIGE DOLO ESPECÍFICO DE QUERER CONTAMINAR, APENAS O DOLO DE QUERER MANTER RELAÇÕES SEXUAIS, pouco importando se vai contaminar
Meio (Crime de forma vinculada): relação sexual
Ação penal: PÚBLICA CONDICIONADA, no JECRIM (caput) ou comum, sendo possível a suspensão condicional do processo
· AIDS é doença venérea? NÃO. Pois não é transmitida somente pela via sexual.
2) PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
	Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
	Bem jurídico: saúde/vida
Crime próprio: pessoa contaminada I Sujeito passivo:qualquer pessoa não contaminada
Elemento subjetivo: DOLO ESPECÍFICO ou ESPECIAL FIM DE AGIR em querer transmitir a doença (não cabe dolo eventual nem culpa)
Meio: qualquer, não precisa ser relação sexual
Crime de perigo I Crime formal I Cabe tentativa (crime plurissubsistente)
Resultado cria duas situações:
a. Lesão leve: crime de perigo de contágio absorve lesão leve
b. Lesão grave ou morte: lesão ou morte absorvem o crime de perigo de contágio (AIDS)
Ação penal: PÚBLICA INCONDICIONADA, sendo possível a suspensão condicional do processo
TRANSMITIR HIV INTENCIONALMENTE É CRIME DOLOSO CONTRA VIDA/JÚRI? STF/STF – NÃO.
· PARA MASSON, Se um portador do vírus HIV, consciente da letalidade da moléstia, efetua intencionalmente com terceira pessoa ato libidinoso que transmite a doença, matando-a, responde por homicídio doloso consumado. Se a vítima não falecer, a ele deve ser imputado o crime de homicídio tentado. Nesse caso, o dolo de matar, não de contagiar.
· MAS, PARA O STF, não comete homicídio (consumado ou tentado) o sujeito que, tendo ciência da doença (AIDS) e, deliberadamente, oculta-a de seus parceiros, mantém relações sexuais sem preservativo. A Corte, todavia, limita-se a afastar o crime doloso contra a vida, sem concluir acerca da tipicidade do delito efetivamente cometido (perigo de contágio venéreo ou lesão corporal gravíssima pela enfermidade incurável).
· INFO 209 STJ – Transmissão consciente do vírus HIV configura LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA. Há dolo eventual (assumiu o risco). E mesmo que a vítima estivesse ciente da condição do seu parceiro, a ilicitude não poderia ser afastada, pois o bem jurídico protegido (a integridade física) é indisponível.
· PARA A ONU + DHs, não deve ter tipo penal específico para o transmissor (discriminação) + defesa dos novos tratamentos antivirais (prolongamento da vida + diminuta possibilidade de transmissão vírus) = crime impossível (homicídio). AIDS não é sentença de morte, mas moléstia incurável.
E SE TENTAR TRANSMITIR E NÃO CONSEGUIR?
· Teoria finalista: Qual era o dolo do agente? De lesionar a integridade física ou dolo de perigo? Doutrina opta pelo dolo de perigo – art. 131. Havendo infecção, lesão gravíssima.
· Bitencourt: É sempre art. 131 – crime de perigo. Mas se o resultado for de lesão gravíssima, esta absorverá.
3) PERIGO PARA A VIDA OU A SAÚDE DE OUTREM
	Art. 132 – Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
PROTEÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS:
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.
	Comissivo ou omissivo
Crime comum I Sujeito passivo: qualquer pessoa
Elemento subjetivo: dolo (não de causar dano, mas de expor ao perigo). (Não se admite forma culposa)
Crime de perigo I Crime formal I Cabe tentativa (crime plurissubsistente)
Meio para crime mais grave: o crime de perigo é absorvido
Resultado cria duas situações:
a. Lesão leve: crime de perigo de contágio absorve lesão leve
b. Lesão grave ou morte: lesão ou morte absorvem o crime de perigo de contágio
Causa de aumento de pena (1/6 a 1/3): em decorrência de transporte irregular de pessoas para prestação de serviços (boias-frias na caçamba de caminhão)
Ação penal: PÚBLICA INCONDICIONADA, no JECRIM
4) ABANDONO DE INCAPAZ
	Art. 133 – Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
Pena – detenção, de seis meses a três anos. 
FORMAS QUALIFICADAS: Preterdolosos
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: Pena – reclusão, de quatro a doze anos. 
FORMAS MAJORADAS: Aumento de pena (1/3)
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I – se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II – se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. [NÃO COMPANHEIRO]
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
	Crime próprio: qualidade de ter o dever de guarda e vigilância I Sujeito passivo: incapaz é qualquer pessoa que não tenha condições de se proteger sozinha, incapaz civilmente ou não
Elemento subjetivo: dolo em abandonar (não se admite forma culposa)
· Se acredita que a vítima tem capacidade: erro de tipo
· Caso haja dolo de produzir algum outro dano (morte), responderá pelo crime na forma tentada (caso não ocorra) ou consumada, caso ocorra
· Caso ocorram lesões graves ou morte: formas qualificadas
Crime de perigo concreto (prova do risco) I Crime formal I Cabe tentativa (crime plurissubsistente)
Causas de aumento de pena (1/3): 
a. Local ermo
b. CADI + tutor e curador
c. Vítima com mais de 60 anos
Ação penal: PÚBLICA INCONDICIONADA, admitindo-se suspensão condicional do processo nas hipóteses do caput e § 1º
5) EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO: forma privilegiada do abandono de incapaz.
	Art. 134 – Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. 
FORMAS QUALIFICADAS: Preterdolosos
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – detenção, de um a três anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena – detenção, de dois a seis anos.
	Modalidade privilegiada do artigo anterior.
Requisito: nascimento sigiloso
Conduta omissiva ou comissiva
Sujeito ativo: mãe e pai – crime próprio I Sujeito passivo: recém-nascido é aquele que ainda não perdeu o cordão umbilical (ultrapassado esse tempo, a concepção desonrosa não poderia ser escondida e existir)
Elemento subjetivo: dolo específico de ocultar a própria desonra (não há culposo)
Crime de perigo concreto I Crime formal I Cabe tentativa
Ação penal: PÚBLICA INCONDICIONADA, no JECRIM (caput) ou comum, admitindo-se suspensão condicional do processo nas hipóteses do caput e § 1º
6) OMISSÃO DE SOCORRO: Crime omissivo próprio
	Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. 
FORMAS MAJORADAS: CAUSA DE AUMENTO DE PENA
Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
	Crime comum – não há necessidade de vínculo entre sujeitos. Sujeito ativo tem que estar presente – não precisa mover-se para salvá-la – e poder fazer sem criar risco pra si.
a. Se tem dever jurídico de evitar o resultado, responderá pelo resultado (art. 13, § 2)
b. Se foi o mesmo que criou o dano: só responde por ter criado o dano.
c. Criança abandonada ou extraviada o perigo é presumido (abstrato), nos demais casos deve ser provada a efetiva exposição à perigo
d. Não cabe ao autor avaliar a utilidade do socorro (irrelevante falecimento imediato)
Duas formas: socorrer ou chamar autoridade. Mas o AGENTE NÃO PODE ESCOLHER, se pode prestar socorro, deve.
Concurso de agentes (divergência) no crime de omissão de socorro (omissivo próprio):
e. MAJORITÁRIA: possível participação, mas NÃO COAUTORIA
f. Não há coautoria nem participação
g. Possível as duas
h. Pode ser o caso de participação em crime mais grave: agente que permite entrada e permanência dos terceiros para prática do crime. É cumplicidade, auxílio material, participação.
Crime doloso, unissubsistente (não admite tentativa), instantâneo e de perigo.
Crime de mera conduta. Resultado naturalístico é forma qualificada
NÃO ADMITE TENTATIVA – crime omissivo próprio: o crime só se consuma quando o agente efetivamente se omite
Princípio da especialidade: tipos especiais no CTB, CPM e Estatuto do Idoso. CTB
i. Agente envolvido no acidente: CTB
j. Agente que só viu: CP 
Ação penal:PÚBLICA INCONDICIONADA
7) CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL: Modalidade especial de omissão de socorro:
	Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
FORMAS MAJORADAS: CAUSA DE AUMENTO DE PENA
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
· Crime de mera conduta.
· Deve haver exigência, não mera solicitação.
· Para o direito civil, a contratação terá ocorrido em estado de perigo, o que acarreta a sua anulabilidade (CC, 171, II).
· Emergência conceituada no art. 35-C da Lei de planos e seguros privados de assistência à saúde, como risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis. A lei também define o caso de urgência (resultantes de acidentes pessoas ou complicação gestacional), e CUNHA defende que também abrange a urgência.
8) MAUS-TRATOS
	Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
FORMAS QUALIFICADAS:
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena – reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
FORMA MAJORADA;
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
	MAUS TRATOS É CRIME PRÓPRIO: quem tem guarda ou vigilância de outrem
O DOLO É ESPECÍFICO: intenção de educar, ensinar, tratar ou custodiar (não há culposo)
Tipo objetivo PLURINUCLEAR/Crime de ação múltipla:
· Privando de alimentação ou cuidados indispensáveis (crime omissivo e habitual)
· Sujeitando a trabalho excessivo ou inadequado (crime comissivo e pluri)
· Abusando dos meios de correção e disciplina (comissivo e pluri)
Possível omissão – mas Não cabe Tentativa na omissão
Esse tipo absorve lesões leves
Ação penal: PÚBLICA INCONDICIONADA
· Tortura: sofrimento para obter declaração ou demonstrar poder.
O crime de maus-tratos não se confunde com tortura, pois no primeiro se exige a ocorrência de perigo e, no outro, intenso sofrimento físico e mental. O elemento subjetivo também é diferente, sendo que na tortura se busca causar sofrimento na vítima e, no crime do artigo 136 do CP, abusar dos meios corretivos.
9) RIXA
	Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
FORMAS QUALIFICADAS:
Parágrafo único – Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
	RIXA QUALIFICADA
Quem responde pelo resultado agravador?
a) Solidariedade absoluta: todos respondem pelos eventos
b) Cumplicidade correspectiva: todos respondem por uma sanção média
c) AUTONOMIA: só responde pelo resultado o agente causador, se identificado, sob pena de responsabilidade objetiva.
	MAJORITÁRIA:
Se um morre/lesão grave, TODOS RESPONDEM QUALIFICADAMENTE? SIM!! Sua conduta contribuiu para a existência da rixa, mesmo que já tenha ido embora. (SALVO se entrou na rixa após o resultado)
· Se o agente for perfeitamente identificável: divergência doutrinária
· Quem causou: rixa simples em concurso com homicídio
· Todos respondem pela rixa qualificada
	Rixa: briga com MAIS DE DUAS PESSOAS (3 ou +). O CP visa evitar que o delito fique impune, por não saber quem iniciou a briga.
Participantes são sujeitos ativo e passivo do delito, mas NUNCA serão sujeitos ativos e passivos da MESMA CONDUTA criminosa, cada um será ativo na sua agressão e passivo na do outro.
É crime unisubssistente: lesões são mero exaurimento (não cabe tentativa)
Ação penal: PÚBLICA INCONDICIONADA
CRIMES CONTRA A HONRA
Honra subjetiva: sentimento de apreço pessoal que a pessoa tem de si mesma. Injúria.
Honra objetiva: apreço que os outros tem da pessoa. Imagem da pessoa no corpo social. Calúnia e difamação.
· Pessoa jurídica: calúnia de crime ambiental e difamação (honra objetiva)
1) CALÚNIA
	Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos
	Imputação falsa de fato definido como crime.
· Bem jurídico: honra objetiva (imagem)
· Somente comissivo, mas pode ser mediante gestos, insinuações (calúnia reflexa)
· Consumação: divulgação da calúnia a um terceiro (honra objetiva)
· Crime Formal: se as pessoas acreditam ou não (resultado naturalístico) é irrelevante
· Tentativa: cabível na forma escrita
· Elemento subjetivo: dolo
Inclusive dolo eventual (sem a intenção de caluniar, mas sabendo que é provável que o fato não tenha ocorrido, pouco se importando com as consequências de seu ato).
· Deve haver animus de imputar: animus caluniandi, animus offendendi. Não abrange o animus jocandi (humorístico); corrigendi (admoestar a conduta do agente); narrandi (só narrar); consulendi (aconselhar).
· Sujeito ativo: Crime comum (mas alguns sujeitos gozam de imunidade material, como os parlamentares, no exercício da função)
· Sujeito passivo: todos, 
Até os mortos (§ 2º). Mas os sujeitos passivos serão seus familiares. O bem jurídico protegido é a memória do morto, e não sua honra.
Até os inimputáveis, pois a norma não diz “imputar a alguém fato definido como crime”
PESSOA JURÍDICA pode ser vítima? Para STJ PJ não pode ser sujeito passivo dos crimes contra a honra. Para o STF, há precedente aceitando o crime de difamação. ADMITE-SE para calúnia de crimes ambientais contra PJ. Na real, PJ tem honra objetiva, mas não tem honra subjetiva, então só não cabe injúria.
Imputar a SI MESMO é calúnia? NÃO. Pode ser crime de autoacusação falsa (art. 341)
Imputar CONTRAVENÇÃO PENAL é calúnia? NÃO.
Há imunidade parlamentar? SIM.
A calúnia contra o PRESIDENTE da Rep. É crime contra segurança nacional (lei 7170/83)
Figura equiparada (§ 1º): na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
· Aqui não cabe dolo eventual (“sabendo falsa”)
EXCEÇÃO DA VERDADE: § 3º
Admite-se a prova da verdade, salvo:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível PRIVADA: ainda está respondendo
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do 141 Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível PÚBLICA: transito em julgado da absolvição
Exceção de notoriedade: se o caluniador provar que todo mundo já sabe, não há lesividade na conduta (CAPEZ)
Exceção da verdade & Caluniado com prerrogativa de foro: exceção será julgada pelo tribunal competente.
2) DIFAMAÇÃO
	Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único – A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções
	Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
· Bem jurídico: honra objetiva (mas o fato não é crime)
· Sujeito ativo: Crime comum
· Sujeito passivo: NÃO SE PUNE DIFAMAÇÃO CONTRA MORTOS!
STF: Admite difamação contra PJ.
· Dolo direto e eventual
· Crime formal
· Consumação: conhecimento de terceiro
· Tentativa: possível, na forma escrita (plurissubsistente neste caso)
Exceção da verdade: SÓ é admitidaSE O OFENDIDO É FUNCIONÁRIO PÚBLICO
· STJ: NÃO cabe se o ofendido não ocupa mais função pública.
· Também há exceção de notoriedade (doutrina)
3) INJÚRIA
	Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. 
	Injuriar alguém, ofendendo-lhe a DIGNIDADE ou DECORO
· Bem jurídico: HONRA SUBJETIVA
· Não há FATO, mas um conceito depreciativo sobre o outro (PIRANHA)
· Crime formal
· Consumação: conhecimento de terceiro
· Tentativa: possível, na forma escrita
· Sujeito passivo: não há autoinjúria; não há injúria à PJ.
· Injúria reflexa: atinge também terceira pessoa (marido e mulher)
· Crimes especiais: Idoso; CPM; Eleitoral.
Exceção da verdade NUNCA É POSSÍVEL na INJÚRIA
Perdão judicial: § 1º (Causa extintiva da punibilidade e Direito Subjetivo)
O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúrica
II – no caso de retorsão imediata, que consiste em outra injúria
· Não é admitido na injúria real nem na qualificada
Injúria Real: § 2º (Qualificadora do contato físico como meio para a injúria)
Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena – detenção, 3m a 1ª, e multa, além da pena da violência
· Especial fim de agir: ofender/humilhar
· Caso haja:
1) Lesão corporal: concurso de crimes (concurso formal impróprio)
2) Vias de fato: contravenção penal fica absorvida pela injúria real.
Injúria Qualificada : § 3º (Injúria por preconceito ou racial)
Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem, idoso ou deficiente
P – reclusão de 1 a 3 anos e multa
· RACISMO: Segregação (é necessário o dolo específico de ofender um grupo étnico ou racial de forma generalizada)
· PRESCRIÇÃO: Recentes decisões do STF e STJ: é imprescritível (mais uma modalidade de racismo – 2018, DPE 2018) – Em provas, com base em doutrina majoritária e alegação de que o STF não reconheceu expressamente a imprescritibilidade, prevalece a diferença e a PRESCRITIBILIDADE.
	Discriminação de nordestinos na internet
Há entendimento de que há discriminação (racismo) por procedência nacional (art. 20 da L 7716/89). Mas isso se refere à xenofobia/nacionalidade e não região/naturalidade.
Outro entendimento é de ser injúria racial quando direcionada a vítimas determinadas, por discriminação em razão da origem. Assim compreendido, não é de competência da Justiça Federal (injúria racial não é prevista em tratados internacionais) e a ação penal pública é condicionada a representação.
2) DISPOSIÇÕES COMUNS
	FORMAS MAJORADAS (CAUSA DE AUMENTO DE PENA)
Art. 141 – As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
II – contra funcionário público, em razão de suas funções; 
III – na presença de várias pessoas (3), ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. 
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, EXCETO NO CASO DE INJÚRIA. 
CRIME MERCENÁRIO
Parágrafo único – Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
	EXCLUSÃO DO CRIME (INJÚRIA E DIFAMAÇÃO)
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:
	NÃO SE APLICA PARA CALÚNIA E DESACATO, STF julgou inconstitucional a imunidade do art. 7 § 2º do Estatuto da OAB para o desacato
IMUNIDADE JUDICIÁRIA:
 I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador 
· Imunidade judiciária não abarca quem, não advogado, dá publicidade à injúria ou difamação.
IMUNIDADE ARTÍSTICA, CIENTÍFICA OU LITERÁRIA:
II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar
IMUNIDADE FUNCIONAL:
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício
· responde quem dá publicidade
	RETRATAÇÃO (HONRA OBJETIVA)
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou difamação, fica isento de pena.
· Só a HONRA OBJETIVA é passível de retratação.
· Causa subjetiva de extinção da punibilidade: não se comunica
· NÃO é cabível contra funcionário público
· NÃO é cabível nas AÇÕES PÚBLICAS (só cabe nas privadas)
PU.(2015) Nos casos em que o querelado tenha praticado calúnia ou difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelas mesmos meios em que se praticou a ofensa.
	PEDIDO DE EXPLICAÇÕES (INTERPELAÇÃO JUDICIAL)
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
· “Responde” é justa causa para a ação penal. Não para a condenação.
· Pedido de explicação não interrompe prazo decadencial para queixa/representação.
· Juiz não vai emitir nenhum juízo de valor.
	AÇÃO PENAL
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede mediante QUEIXA, SALVO quando no caso da injúria real, resultada lesão corporal.
PU. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, quando contra o Presidente da República ou chefes de governo estrangeiros, e mediante representação do ofendido, no caso do funcionário público ou injúria por raça, cor, etnia, idoso, deficiente
	Enunciado 51 2ª CCR – A persecução penal de crime contra a honra, cometido entre particulares, ainda que praticado por meio da internet, não é de atribuição do MPF.
CRIMES DE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO
	Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
	Art. 16. Constitui EFEITO DA CONDENAÇÃO a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
	Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
	Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa
Cumprimento ao mandado de criminalização da Convenção Internacional Sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racional.
São imprescritíveis (art. 5, XLII).
A DIFERENÇA entre o crime de racismo e de injúria racional está na intenção do agente, de atingir a honra subjetiva ou de inferizá-lo, eliminá-lo, segregá-lo ou privá-lo do gozo de direitos e liberdades.
	RACISMO SOCIAL – DIMENSÃO SOCIAL DO RACISMO - CASO ELWANGER
Racismo não deve ser analisado apenas sob o enfoque biológico ou fenótipo, mas sob o prisma sociocultural, isto é, manifestações contra grupos sociais específicos com caráter de superioridade e com o intuito de eliminá-los ou inferiorizá-los.
	HOMOTRANSFOBIA
A legislação não previu condutas discriminatórias em razão da orientação sexual. Mas na ADO 26 e MI 4733 o STF, com base no conceito de racismo social, firmou que até o advento de uma legislação específica, a homofobia e a transfobia estão compreendidas no crime de racismo. Constitui também motivo torpe como qualificadora do homicídio.
Não afeta liberdade de expressão religiosa, desde que não configure discurso de ódio (incita discriminação, hostilidade ou violência).
· PGR favorável.
“O conceitode racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção do direito”
· Legalidade estrita e analogia in malam parte não absolutos e, mesmo se fosse, tratou-se de interpretação da ontologia do “racismo” e não aplicação analógica.
	HATE SPEECH
O proselitismo religioso que compara e critica outra religião, mesmo com mensagem de superioridade e visando converter fiéis, é liberdade de expressão. Mas se prega o domínio, eliminação, desprezo, violência ou supressão de DHs é discriminação.
COMPETÊNCIA
	RACISMO
MPF
	INJÚRIA RACIAL
ESTADUAL
	Enunciado 89
É de atribuição do Ministério Público Federal a persecução penal do crime de racismo, previsto no art. 20, § 2º, da Lei nº 7.716/89, e na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da qual o Brasil é signatário, se a infração penal, caracterizada pelo evidente excesso no exercício da liberdade de expressão por parte do investigado, for praticada pela rede mundial de computadores. Aprovado na 176ª Sessão de Coordenação, de 10/02/2020.
	Enunciado 85
NÃO É DE ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL a persecução penal do crime DE INJÚRIA RACIAL (CP, art. 140, § 3º), AINDA QUE PRATICADO PELA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES, salvo se, no caso, incidir hipótese especifica de competência federal ou tiver conexão com crime federal
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
	CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
	CONSTRANGIMENTO ILEGAL
(Coação)
MEIO
Crime comum. Caso seja funcionário público pode ser abuso de autoridade.
Elemento subjetivo: dolo de constranger a ato ilegal.
Crime material
Consumação: quando a vítima cede
Tentativa: cabível
STJ: Crime subsidiário.
STJ (2018): Crime instantâneo (diferente do sequestro)
E se o fim for justo? Diferente da ameaça, o mal não tem que ser injusto. O próprio meio da coação já é.
É possível autoria mediata.
Especialidade: CPM, Idoso e CDC.
	Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
MAJORANTE:
§ 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas
· Mínimo de 4 pessoas
· Arma: abarca todas (exceto impropriedade absoluta)
CONCURSO DE CRIMES:
§ 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência
· Concurso material
· Se houver objetivo econômico: extorsão
· Vias da fato são absorvidas
EXCLUSÃO DO CRIME (ILICITUDE – estado de necessidade ou ATIPICIDADE – material, não pacífico):
§ 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida
II – a coação exercida para impedir suicídio
	SUJEITO PASSIVO CAPAZ DE SE AUTODETERMINAR
 No polo passivo da conduta criminosa, encontramos a pessoa natural com capacidade de autodeterminação. Tal capacidade é essencial para o reconhecimento do delito, já que, na sua inexistência, não há objetividade jurídica a ser lesionada. Suponhamos que a conduta recaia sobre criança na aurora da vida. Certamente, ainda não existe capacidade volitiva suficientemente desenvolvida para que possa ser cerceada.
	AMEAÇA
Promessa de realização futura de mal injusto
Elemento subjetivo: dolo (de ameaçar)
Crime FORMAL.
Crime subsidiário: O fato somente é punível autonomamente se não constitui elemento ou circunstância garante especial de outro tipo.
STJ: Inaplicável insignificância. Pois sempre envolve periculosidade.
STJ: Substituição? Ameaça pressupõe grave ameaça, então não.
Tentativa: ameaça escrita. Mas parte da doutrina entende incabível, pois é AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO (deve chegar ao conhecimento da vítima a ameaça e isso seria consumação)
	Art. 147 – Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único – Somente se procede mediante representação.
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO
MESMO na Lei Maria da Penha
	Ameaça incondicionada: vou te matar
Ameaça condicionada (diferente do constrangimento ilegal): vou te matar, se você não fizer isso ATO DIRETO/INSTANTÂNEO
No constrangimento a ameaça é o MEIO para o ofendido realizar o ato ilegal.
	QUAL A DIFERENÇA DA AMEAÇA E CONSTRANGIMENTO?
A melhor maneira de lembrarmos é o famoso SE. Se colocamos um “SE”, estamos em constrangimento ilegal. Se não há o se, trata-se de ameaça.
	SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
Sequestro: não implica em confinamento, como uma vítima levada para uma fazenda.
Cárcere privado: vítima fica em recinto/cômodo fechado
Crime permanente: Súmula 711 do STF.
STJ(2017): É prescindível privação total. Esposa que possuía chave, mas era impedida de sair em razão de violência física e psicológica do marido. Bem jurídico é a autodeterminação.
STJ: Não é crime autônomo se praticada com a finalidade da prática de roubo ou para seu exaurimento. É majorante, EXCETO se a privação dura além do necessário!
Especialidade: CPM.
	Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:
P: reclusão, de um a três anos
FORMAS QUALIFICADAS:
	Nos crimes contra a liberdade individual, somente sequestro e cárcere privado têm qualificadora. O resto é majorante.
§ 1º A pena é de reclusão, de 2-5
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 anos CAD+60
II – se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital
III – se a privação da liberdade dura mais de 15 dias
IV – se o crime é praticado contra menor de 18
V – se o crime é praticado com fins libidinosos
FORMA QUALIFICADA PELO RESULTADO
§ 2º Se resulta à vítima, em razão dos maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
P: reclusão, de 2-8 anos
	ELEMENTO SUBJETIVO
Somente privar da liberdade, se desejar dinheiro será extorsão mediante sequestro.
	Pode haver concurso de crimes de sequestro e cárcere privado e de um delito contra a dignidade sexual. Os contextos fáticos devem ser distintos, além de que o agente deve ter apresentado desígnios autônomos. Não basta privar da liberdade enquanto estupra.
	Obtenção de informação? Tortura.
 
	REDUÇÃO À CONDIÇÃO ANÁLOGA DE ESCRAVO
“Plágio ou Plagium”
STF/STJ: Competência da JUSTIÇA FEDERAL pois atinge a própria organização do trabalho, indo além da liberdade individual.
STJ (2018): Lucro fácil, cobiça e violação de direitos são inerentes ao tipo. NÃO são circunstâncias judiciais aptas à elevação da pena.
DIFERENTE do crime de frustração de direito trabalhista
PLURALIDADE DE VÍTIMAS: Concurso formal (exasperação)
	Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a TRABALHOS FORÇADOS ou a JORNADA EXAUSTIVA, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
P: reclusão 2-8 e multa, além da pena da violência
· Dolo
a) Submissão a trabalhos forçadosb) Submissão a jornada exaustiva
c) Sujeição a condições degradantes de trabalho
d) Restrição da liberdade de locomoção, em razão de dívida contraída com o empregador
FORMAS EQUIPARADAS:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho
· Dolo + Elemento Subjetivo Especial de retenção.
· Com ou sem uso de armas (STJ)
MAJORANTE:
§ 2º A pena é aumentada da metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem
	ORIGEM:
 Art. 149 é resultado do compromisso internacional firmado na Convenções nº 29 (sobre o Trabalho Forçado ou Obrigatório) e nº 105 da OIT (de abolição do trabalho forçado). Ainda, há o art. 8º, § 1º do PIDCP; art. 6º CADH; art. 3º do Protocolo Adicional à Convenção das NU contra o Crime Organizado Transnacional relativo à Prevenção, Repressão e Punição do tráfico de pessoas; P. San Salvador; Declaração Sócio Laboral do Mercosul.
· Delito é considerado tráfico de pessoas (art. 1º), portanto, a vítima tem direitos (art. 6º): (a) proteção da identidade; (b) informação sobre procedimentos e assistência judiciária; (c) medidas de recuperação psicológica e social; (d) segurança física; (e) medidas que possibilitem a obtenção de indenização Se for imigrante irregular, não é pra deportar sem atenção a isso.
CARACTERÍSTICAS NO DIP
Erga omnes e jus cogens. Então, há obrigação de proteger o DF, inclusive mediante criminalização e persecução penal sob pena de violação do princípio da proibição da insuficiência.
· CEDH, Siliadin v. França.
· CRÍTICA: A pena mínima cominada ao crime, que é a mais frequentemente aplicada nas sentenças condenatórias, enseja a aplicação de penas diferentes da pena de prisão e favorece a prescrição retroativa da pena. A combinação desses dois resultados da ação penal tem alimentado a percepção social de impunidade, mesmo em caso de condenação. Por isso, a 2ª CCR estimula a investigação de crimes conexos e a utilização do D. Penal como instrumento de proteção dos DHs (UNTERMASSVERBOT).
CASOS:
ACORDO NA CIDH:
· CASO JOSÉ PEREIRA (2003 - Criação da CONATRAE, indenização e outras medidas)
CONDENAÇÃO NA CORTE IDH: Corte declarou que imprescritibilidade.
· CASO FAZENDA BRASIL VERDE
HISTÓRICO DA LEI
A Lei 10.803/03 diminui o grau de abertura do tipo (o que gerava baixo grau de efetividade), transformando de tipo aberto em tipo de forma vinculada alternativa (crítica: fechado, quando poderia haver interpretação analógica).
BEM JURÍDICO:
Liberdade pessoal; Direito ao trabalho; Direitos trabalhistas e dignidade humana. Com as modificações ocorridas em 2003, não tutela somente a liberdade individual (formas equiparadas).
SUJEITO ATIVO:
Qualquer pessoa: (a) o aliciador (gato); (b) o empresário rural ou urbano que explora o trabalho, ainda que por pessoa interposta e ainda que sem participação pessoal direta na submissão; (c) o gerente de oficina de costura onde os trabalhadores eram explorados.
· DOLO NECESSÁRIO: Teoria do domínio final do fato. Evitar adoção equivocada da teoria objetiva-formal (também chamada de restritiva) para a definição da autoria penal. Restringe-se com isso a qualidade de autor apenas a quem realiza o verbo nuclear do tipo. Todavia, em casos semelhantes, a aplicação da teoria do domínio do fato impõe-se como mais adequada. TRF 1 reconhece responsabilidade penal do proprietário, mesmo que não tenha agido pessoalmente. STF (monocraticamente) também.
SUJEITO PASSIVO e CONSENTIMENTO DA VÍTIMA
Qualquer pessoa, IRRELEVANTE de qualquer concordância formal com as condições de trabalho, pois o que está em jogo é a dignidade, indisponível (Protocolo Adicional à Convenção de Palermo + STJ).
TIPO OBJETIVO E CONCEITO DE ESCRAVIDÃO
Escravidão moderna
“Condição análoga” (mais sutil). Foi abolido o conceito estrito no sentido de pertencer a outra pessoa. “Na escravidão moderna, o trabalhador que não é mais capaz de produzir (...) é simplesmente dispensado, sem mais, traduzindo-se a prática no controle exercido sobre a pessoa do trabalhador, e não na propriedade sobre ele”. Cerceamento da liberdade pode decorrer de diversos constrangimentos econômicos (inclusive ao direito ao trabalho digno) e não necessariamente físicos.
Para o Protocolo de Palermo, trabalho escravo é modalidade de tráfico de pessoas.
a) ESCRAVIDÃO: estado ou condição de um indivíduo sobre o qual se exercem, total ou parcialmente, os atributos do direito de propriedade (Convenção de Genebra sobre a Escravatura, 1926, e Estatuto de Roma do TPI).
b) SERVIDÃO: condição de qualquer um quer seja obrigado pela lei, pelo costume ou por um acordo, a viver e trabalhar numa terra pertencente a outra pessoa e a fornecer a essa outra pessoa, contra remuneração ou gratuitamente, determinados serviços, sem poder mudar sua condição (Convenção Supl. Sobre a Abolição da Escravatura)
Os conceitos de escravidão e servidão implicam em trabalhos forçados:
c) TRABALHOS FORÇADOS OU OBRIGATÓRIOS: “todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente” (Convenção 29 OIT). Obs.: Tarefa imposta em razão da condenação criminal não é considerada trabalho forçado em alguns países (EUA). Para Baltazar, é sem pagamento/irrisório/em troca de alimentação/coação física ou moral.
· É trabalho forçado ameaçar imigrante ilegal de denúncia, ou o mero temor, que faz com que a vítima não procure autoridades (TRF3)
· PIDCP (art. 8º, b); CADH (6º e 7º) e Convenção 29 OIT excluem: (i) preso; (ii) militar e serviço alternativo; (iii) emergência; (iv) obrigações cívicas normais.
d) JORNADA EXAUSTIVA: supera os limites legais. Ex.: Sweatshop (fábrica de suor ou atelier da miséria). Não inclui: superado o limite de horas extras ou estas sem remuneração.
e) SERVIDÃO POR DÍVIDA (truck system, peonage, bonded labor ou debt bondage): restrição da liberdade do trabalhador em razão de dívida contraída com o empregador. “estado ou condição resultante do fato de que um devedor se haja comprometido a fornecer, em garantia de uma dívida, seus serviços pessoais ou os de alguém sobre o qual tenha autoridade, se o valor desses serviços não for equitativamente avaliado no ato da liquidação da dívida ou se a duração desses serviços não for limitada nem sua natureza definida” (Convenção Suplementar sobre Abolição da Escravatura, Tráfico etc). Inclui dívidas contraídas no transporte, tramitação administrativa de visto para estrangeiro, pagamento por vales. Vedada pelo CC, 598; CLT, 462 §§ 2º e 4º; Estatuto da Terra, 93, I, IV e V e 96, IV).
f) RETENÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO: Restrição da liberdade do trabalhador, com a finalidade de retê-lo no local de trabalho, mediante vigilância ostensiva, apreensão de documentos pessoais ou cerceamento do acesso aos meios de transporte.
NÃO há necessidade de restrição da liberdade de locomoção, sendo esta apenas uma das formas de prática
PRECISA DE VIOLÊNCIA FÍSICA?
Para Baltazar e STF: Não. É tipo misto alternativo.
Para o TRF5: Afastou o crime em caso de trabalho em condições degradantes, mas não havia restrição a liberdade, retenção de documentos ou servidão por dívidas.
· Por que alguém se sujeitaria? Não há opção.
ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO: CONDIÇÕES DEGRADANTES
Conceito jurídico indeterminado que diz respeito ao mínimo de garantias, ou seja, a própria CLT e NRs (“tratando-o como coisa e não como pessoa humana, o que pode ser feito não só mediante coação, mas também pela violação intensa e persistente de seus direitos básicos (...) “ser escravo é não ter domínio sobre si mesmo”.
Roteiro de atuação no combate à escravidão moderna da 2ª CCR: São práticas que poderão configurar, simultânea ou alternativamente, condições degradantes, dentre outras: ausência de local adequado para as necessidades fisiológicas;

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