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Inseminação Artificial em Bovinos (1)

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Inseminação Artificial em Bovinos
Ana Cristina Ávila 
Lucas de Melo
Thatiany Lídia
Introdução
A IA é, por definição, a deposição mecânica do sêmen no aparelho genital feminino.
 Atualmente, a IA é considerada a biotecnologia de reprodução assistida que causa o maior impacto em programas de melhoramento animal, como resultado da sua eficiente forma de dispersão de genes de animais de mérito genético superior.
Histórico
Relatos extraoficiais datam que a primeira IA foi feita pelos Árabes em 1332
Primeiro relato científico em 1784 por Lazzaro Spallanzani
Primeiro nascimento fruto de IA em bovinos 
ocorreu em 1938 (PELI, 1938)
Histórico
Ampla difusão oriunda dos avanços da manipulação do sêmen 
Polge, Smith e Parkes (1949) demonstração da capacidade de criopreservar espermatozoides
Histórico
No Brasil o uso comercial da IA começou na década de 70 
Atualmente comercializam-se por ano mais de 8,2 milhões de doses de sêmen no país, um crescimento de 210,66%
Este crescimento explica-se pelo avanço na produção nacional de sêmen, bem como na imensa importação de sêmen de diferentes touros de várias partes do mundo
FIG. 1: Evolução da inseminação artificial no Brasil com a comercialização de sêmen (milhões de doses) nacional e importado durante o período de 2004/2008
Fonte: Associação Brasileira de Inseminação Artificial e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2008)
Tabela 1. 
Comercialização de sêmen
no Brasil de raças de corte 
Nacional e importado 
Vantagens da IA
Dentre as vantagens da IA pode-se citar o melhoramento zootécnico, sanitário, econômico e social.
Vantagens zootécnicas: 	
Uso racional do sêmen, aproveitando o máximo potencial dos reprodutores
Melhoramento genético do rebanho
Implantação de programas de cruzamentos com maior facilidade
Redução dos períodos de serviço
Utilização de sêmen de reprodutor que já tenha morrido
Melhor distribuição dos nascimentos durante o ano, para gado leiteiro
Vantagens da IA
Vantagens sanitárias: 	
Não ocorre contato entre o macho e a fêmea
Ação preventiva na transmissão e disseminação de doenças infecto-contagiosas
Vantagens econômicas: 
Viabiliza o uso de sêmen de reprodutores de alto valor zootécnico
Possibilidade de arrendamento de touros para centrais de IA
Vantagens sociais: 	
Qualificação do trabalhador rural
Aumento da renda e melhora na oportunidade de empregos
Intercâmbio de experiências
Limitações da IA
As limitações inerentes à IA não significam necessariamente desvantagens, só reforçam os cuidados que devem ser tomados na sua organização:
Alta exigência de qualificação da mão de obra 
Utilização de ferramentas auxiliares à detecção de cio, como rufiões, buçal marcador, etc
Aumento de fatores genéticos indesejáveis, caso os defeitos do reprodutor não sejam conhecidos
Caso haja negligência na técnica, pode provocar lesões, infecções e propagação de doenças
Baixa eficiência na detecção de estros é um grande fator limitante
Recomendações para se Realizar a Inseminação Artificial em Bovinos
•O primeiro passo para obter eficiência no procedimento de inseminação artificial em bovinos está na correta observação do cio do animal e identificação do melhor momento para a deposição do sêmen.
CIO DA FÊMEA BOVINA
A fêmea bovina se caracteriza por possuir ciclos estrais com intervalos regulares, durante o ano todo.
Isso significa que o animal não gestante irá apresentar cio, em média, a cada 21 dias.
Esse intervalo pode variar de 17 a 24 dias. Levando-se em conta a duração média do período de cio nos bovinos, recomenda-se um mínimo de duas observações diárias, com duração de 30 a 45 minutos cada.
 SINAIS
• Montar em outras fêmeas - pró estro
• Inquietação, nervosismo.
• Mugido frequente.
• Movimentar-se acima do normal.
• Afastamento do rebanho.
• Vulva edemaciada (inchada).
• Presença de muco saindo pela vulva.
• Cauda erguida, posição de lordose, urinar com frequência.
• Descansar o queixo sobre a região lombar das companheiras.
• Posição de luta (cabeça-a-cabeça com outras fêmeas).
REGRA BÁSICA
CIO DE ENCABELAMENTO
É um cio falso, que pode ocasionalmente ocorrer numa pequena percentagem de vacas, provavelmente por um distúrbio hormonal ainda não bem esclarecido. Geralmente acontece ao redor do quinto mês de gestação, e daí o seu nome, pois nessa época o bezerro está “encabelando” no útero materno.
Nesse cio, normalmente não existe nenhuma eliminação de muco, uma vez que o colo está fechado e no seu interior encontra-se o “tampão mucoso”.
CIO SILENCIOSO
É outro tipo de cio que pode ocorrer no rebanho, sendo muito frequente em rebanho leiteiro.
Pode-se suspeitar de que um animal tenha dado cio silencioso, ao examinar sua ficha e constatar repetições de cio a intervalos maiores, porém múltiplos de 21.
Inseminação artificial em horário único
Início do cio x Observação do cio
Horário da IA: Manhã
 
CIO OBSERVADO
INSEMINAR
Tarde
Manhã seguinte
Manhã
Manhã, logo após observação do cio
Inseminação artificial em horário único
Esquema utilizado em gado de corte
Prática rotineira com bons resultados
Vantagens:
É mais prático e de fácil execução
As fêmeas em cio não ficam presas aguardando a inseminação
As fêmeas são recolhidas ao curral, inseminadas e imediatamente após devolvidas ao lote
< stress: melhor resultado de IA
 
Inseminador
Peça fundamental para o sucesso da IA
Características básicas:
Interesse
Responsabilidade
Preparo
Higiene
higiene pessoal do inseminador
higiene com o animal
higiene das instalações: local e equipamentos
higiene com o material utilizado
Interesse: gosta do trabalho com animais, calmo, educado e trabalhador - êxito na IA
Responsabilidade: Tarefas de observação de cio, horários de inseminação, cuidados no momento da aplicação do sêmen - aplicados com rigor e dedicação
Preparo: curso de treinamento de inseminadores - êxito depende do esforço e dedicação
Higiene: responsável por insucessos nos resultados da IA
Botijão de sêmen
Destinado a criopreservação do sêmen
Recipiente térmico, isolado à vacuo, que possui nitrogênio líquido em seu interior, à temperatura de -196°C
Cuidados no manuseio:
Checar nível do nitrogênio líquido
Não substituir tampão por outros materiais
Observar presença de condensação na superfície externa
Transporte cauteloso
Armazenamento
Cuidado na retirada da palheta de sêmen
Levantar o caneco até cerca de 7 cm abaixo da boca do botijão, por no máximo 10 segundos. A temperatura sobe significamente, o que pode causar lesões nas doses restantes dentro do caneco, as quais serão utilizadas posteriormente.
Material necessário para IA
Botijão de nitrogênio para conservação e armazenamento do sêmen
Termômetro de -10 a +60 °C
Nitrogênio líquido
Álcool 70%
Garrafa térmica ou aquecedor
Caixa de isopor para descongelamento
Aplicador
Luvas plásticas
Papel toalha
Tesoura
Bainhas
Água
Sabão neutro
Macacão e avental plástico
Pinça
Sêmen
Formulários para registro 
Caneta esferográfica
Procedimentos para a realização da inseminação artificial
1. Examinar a ficha da vaca e verificar: data da última parição (não inseminar antes de 45 dias pós-parto), data do último cio (verificar número e intervalos de possíveis repetições) e número de inseminações (quando não for possível inseminar a vaca por três vezes consecutivas, após exame veterinário, faz-se o descarte do animal).
2. Separar o material a ser utilizado: botijão de nitrogênio com sêmen, aplicador universal, bainhas, luvas de palpação, papel toalha, tesoura ou cortador de palhetas, pinça para retirada das palhetas, recipiente para água, termômetro e aquecedor de água.
Procedimentos para a realização da inseminação artificial
3. Conter o animal adequadamente; retirar as fezes do reto do animal ; higienizar avulva da vaca com água, sabão neutro e papel toalha .
Retirada manual das fezes
Higienização da região vulvar
Procedimentos para a realização da inseminação artificial
4. Examinar o aspecto do muco no momento de limpeza do reto. O muco deve ser transparente e cristalino.
Visualização do muco cervical translúcido, indicando a possibilidade de inseminação do animal.
Procedimentos para a realização da inseminação artificial
5. Abrir a tampa do botijão e localizar a rack que contém o sêmen a ser utilizado. em seguida, levantar o caneco até cerca de 7 cm abaixo da boca do botijão e retirar a palheta do sêmen escolhido. Fechar o botijão.
O caneco contendo as doses de sêmen não deve permanecer por mais de 10 seg próximo à boca do botijão para não prejudicar a qualidade do sêmen a ser utilizado no futuro.
Se levantar o caneco até 5 cm não deve permanecer por mais de 5 segundos.
Procedimento de retirada do sêmen do botijão criogênico.
Procedimentos para a realização da inseminação artificial
6. Imediatamente após a retirada da palheta, esta deve ser imersa em água a 35-37°C, por cerca de 30 segundos, para o descongelamento do sêmen. O nível da água deve cobrir totalmente a palheta.
Descongelamento do sêmen em água morna.
Sêmen acondicionado em palheta fina descongelar durante 7 segundos.
Procedimentos para a realização da inseminação artificial
7. Enxugar a palheta com papel toalha e cortar a extremidade oposta à bucha de algodão com o auxílio de uma tesoura. 
8. Encaixar a extremidade cortada da palheta na bainha.
9. Montar o aplicador e fixar a bainha por pressão do anel plástico.
10. Introduzir o êmbolo metálico até encostar na palheta. Colocar a luva de palpação e ter cuidado para não contaminar o aplicador. 
Procedimentos para a realização da inseminação artificial
11. Com a ajuda de um auxiliar, abrir a vulva e introduzir o aplicador a um ângulo de 45° à base da cauda. Cuidado, a ponta para baixo corre o risco de atingir o meato urinário e bexiga!
12. Localizar a cérvice com a mão introduzida no reto e direcionar a ponta do aplicador para o orifício de entrada da cérvice. Não se deve forçar o aplicador em direção ao útero, mas encaixar a cérvice nele.
Usar o dedo polegar como orientador para direcionar o aplicador.
Fazer movimentos com a mão para o aplicador passar suavemente cada anel cervical.
Procedimentos para a realização da inseminação artificial
13. Localizar o ponto do inseminador, no corpo do útero, logo após o último anel da cérvice. Pressionar o êmbolo lentamente para depositar o sêmen no local. 
14. Retirar lentamente o aplicador da vagina e o braço do reto e massagear levemente o clitóris. 
15. Preencher a ficha do animal: verificar o nome do touro. Descartar bainha e luva. Limpar o aplicador com álcool 70%.
A deposição no corpo do útero é o mais indicado, pois possibilita a distribuição para os dois cornos uterinos.
Em caso de utilização de sêmen sexado e houver o monitoramento ovariano por ultrassom pelo veterinario, a IA pode ser intracornual profunda. 
MAssagear o clitoris para provocar estímulos nervosos que favorecem o trânsito dos espermatozoides no seu caminho para encontrar o óvulo.
Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF)
Técnica desenvolvida para suprir as deficiências da inseminação artificial tradicional, que são as falhas de detecção de cios e a incapacidade de atingir fêmeas em anestro. 
Inseminação artificial em momento pré-determinado com a utilização de protocolos hormonais.
Vantagens:
Não necessita detecção de cio
Taxa de serviço 		100%
Pode resultar na elevação da taxa de prenhez do rebanho
Estimular indução da atividade ovariana em alguns casos de anestro pós-parto
TS: nº de fêmeas efetivamente inseminadas em relação ao nº de fêmeas disponíveis para serem inseminadas.
Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF)
Protocolo hormonal padrão:
Sincronizar a onda de crescimento folicular
Controlar a manutenção da fase luteal e o crescimento folicular com um dispositivo de liberação lenta de progesterona até o estágio pré-ovulatório
Promover a regressão do corpo lúteo (CL)
Induzir a ovulação de um folículo maduro ao final do protocolo
Protocolo padrão utilizado na IATF
D0: GnRH - indução da ovulação; nova onda folicular - estradiol
D7/8: Indução da luteólise PGF2alfa
D9/10: Indução da ovulação em 41 a 46 horas
Recomendações para aplicação da IATF
Boa nutrição animal: CC>2,5
Sanidade: rebanho isento de doenças
Instalações: contenção adequada do animal
Organização no manejo: aplicação dos fármacos em todos os animais e em todas as etapas do protocolo
Qualidade do sêmen
Rodízio de inseminadores: 40 a 50 animais/inseminador
Acompanhamento de um técnico especializado
Utilização de sêmen sexado na IA
Atender demandas específicas do mercado
Mercado de leite (fêmeas) x mercado de corte (macho)
Dificuldades:
procedimento lento e ineficiente (aprox. 50% é do sexo desejado)
procedimento de separação dos sptz pode causar lesões na MP e acrossomo, diminuindo a viabilidade de fecundação
dificuldade de separação dos sptz: doses menos concentradas (~2 a 5 milhões sptz/palheta fina), podendo levar a diminuição da eficiência da IA
Considerações Finais
A IA é uma técnica de fácil realização extremamente vantajosa para o grande e pequeno produtor pois intensifica o melhoramento genético do rebanho, podendo garantir o acesso dos produtores a touros de genética elevada, a baixo custo.
Contudo, é necessário que a propriedade apresente mínima organização na alimentação, reprodução e sanidade do rebanho, além de promover o treinamento técnico adequado para a sua mão de obra, devendo a aplicação ser realizada corretamente, para que apresente bons resultados. 
Dessa forma, a IA é uma biotécnica de eleição para maximização dos índices produtivos no cenário atual da pecuária brasileira. 
Obrigado!

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