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LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br AULA – 10 Olá querido aluno, Eis a nossa penúltima aula e, enfim, chegamos à parte final do Código de Trânsito Brasileiro! Nesta aula, estudaremos um assunto bastante importante: os Crimes de Trânsito. É um assunto que volta e meia tem ocupado grande espaço na mídia, mas que, em se tratando provas de concursos, ainda não tem sido um alvo muito grande de questões. Para falar bem a verdade, a Vunesp não tem gostado muito de cobrar o tema, mas não se engane: é um assunto muito interessante de ser cobrado em provas para agentes fiscalizadores de trânsito. Então, muito respeito à aula, ok? E já te adianto que a estudaremos em alto nível! Mais do que descrever os todos os crimes de trânsito trazidos pelo CTB, vamos dar qualidade ao tema aprofundando-o no limite necessário. Abordarei primeiramente a Parte Geral do Capítulo XIX (arts. 291 a 301) e em seguida, com a base dada pela parte geral, falarei sobre cada um dos Crimes em Espécie (arts. 302 a 312) destacando as importantes mudanças promovidas nessa parte de crimes pela Lei nº 11.705/08, a famosa Lei Seca, e pela recentíssima Lei nº 12.760/12, apelidada de “Lei da Tolerância Zero”. Dedique tempo especial a essa aula, ok? Aperte o cinto e vamos em frente! LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br I – OS CRIMES DE TRÂNSITO 1.1. PARTE GERAL – CONCEITOS INICIAIS O CTB estabelece que aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, nele previstos, aplicam-se subsidiariamente as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. Daí você já percebe que as consequências sofridas por quem comete crimes no trânsito não se esgotam apenas nas disposições do referido Código. A depender da gravidade e dos agravantes, o infrator pode também ser submetido às imposições do Código Penal e do Código Processual Penal, assim como da Lei 9.099/95 (Leis dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais). Vamos trabalhar alguns conceitos que entendemos serem importantes para a compreensão geral do assunto. Tendo como referência o que diz o Código Penal, em se tratando de crime de trânsito, o envolvido por ele responderá se o tiver cometido tanto em via pública quanto em via particular, a não ser que no tipo penal venha de maneira expressa o termo "via pública”. Sendo assim, aquele que pratica homicídio culposo ou lesão corporal culposa na direção de veículo automotor responde pelo CTB, ainda que esses crimes tenham ocorrido em vias particulares, uma vez que o CTB em seus artigos 302 e 303 nada menciona. 1.2. ELEMENTOS SUBJETIVOS DA CONDUTA Para configuração do crime é preciso que seja analisado se o agente incorreu em dolo, em culpa, ou se esses elementos estavam ausentes, a fim de que seja feita a correta tipificação do delito. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br � Crimes dolosos O Código Penal Brasileiro define, em seu art.18, que um crime é doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. IMPORTANTE � A punição por conduta dolosa nos crimes de trânsito É A REGRA; os crimes de trânsito tipificados no CTB são, em sua maioria, punidos apenas na modalidade DOLOSA, mais especificamente os dos arts. 304 ao 312 do CTB. � Crimes culposos No mesmo artigo 18, o Código Penal Brasileiro diz que um crime culposo é aquele em que o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Pois bem, a punição por conduta culposa, nos delitos em geral, constitui regra de exceção. Assim, ao analisar um delito de trânsito qualquer, a conduta será culposa se nele houver expressa previsão. IMPORTANTE � No CTB temos apenas dois delitos de trânsito, cometidos na direção de veículo automotor com previsão de punição das condutas culposas que são: HOMICÍDIO CULPOSO ��� Art. 302 LESÃO CORPORAL CULPOSA ��� Art. 303 LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br 1.3. INFRAÇÃO x CRIME DE TRÂNSITO É importante perceber que na infração de trânsito, não há que se falar na valoração, pelo agente de trânsito, dos elementos subjetivos da conduta, dolo e culpa, como requisito para tipificação, ou seja, esses elementos não são levados em consideração pelo agente de trânsito nas autuações. O que ele de fato analisa é somente se o condutor está ou não em uma situação proibida. Já no crime de trânsito, o magistrado (autoridade judiciária) sempre valora os elementos subjetivos da conduta, a fim de fazer a correta tipificação do delito, e, por conseguinte, aplicar a pena correspondente à conduta lesiva. 1.4. SUSPENSÕES PREVISTAS NO CTB Ao estudar as penalidades impostas pela autoridade de trânsito aos condutores que cometem infrações, você aprendeu que uma delas é a suspensão do direito de dirigir. Esta é, portanto, a suspensão administrativa, já que é aplicada pela autoridade de trânsito do órgão com circunscrição pela via. Acontece que não temos apenas essa modalidade de suspensão prevista no CTB. Há também um tipo de suspensão aplicada pela autoridade judiciária em decorrência de crimes de trânsito. Esta pena é aplicável tanto ao inabilitado quanto ao detentor da habilitação. Vamos analisá-las e conhecer suas diferenças! � A suspensão administrativa Dessa você se lembra, não é? Já estudamos que a penalidade de suspensão do direito de dirigir. Ela será aplicada nos casos previstos no CTB, pelo prazo mínimo de 01 mês até o máximo de 01 ano e, no caso de reincidência no período de 12 meses, pelo prazo mínimo de 06 meses até o máximo de dois anos, segundo critérios estabelecidos pela Resolução CONTRAN nº 182/05, a ser estudada na nossa próxima e última aula. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br Será também suspenso (administrativamente) aquele que acumular 20 pontos em seu prontuário no período de 12 meses. E quem a aplica? A autoridade de trânsito!! � A suspensão penal A suspensão penal prevista no CTB proporciona ao magistrado uma possibilidade maior de sua aplicação, se comparada com a suspensão administrativa aplicada pela autoridade de trânsito. IMPORTANTE � Pela imposição dessa pena, poderá ficar suspenso tanto quem tem o direito de dirigir quanto o inabilitado, pelo prazo variável de 02 meses a 05 anos. Quando aplicada essa suspensão, o habilitado tem seu direito de dirigir veículo automotor suspenso. O inabilitado (aquele que ainda não é habilitado) tem proibido o direito de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Essa suspensão somente pode ser aplicada por um Juiz de Direito, tem natureza jurídica de pena restritiva de direito, apenas sendo possível aplicá- la, em regra, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. O CTB estabelece que a suspensão penal pode ser aplicada como penalidade principal, isolada (apenas ela) ou cumulativamente (com a pena privativa de liberdade ou com a multa), e com prazo a ser estipulado pela autoridade judiciária, sem nenhuma correlação com os prazos da pena privativa de liberdade, devendo, entretanto, o juiz observar um mínimo de 2 meses e ummáximo de 5 anos. Diferentemente da suspensão administrativa, o cumprimento da suspensão penal está condicionado à soltura do réu; sendo assim, enquanto o condenado estiver recolhido em estabelecimento prisional, não há de ser deflagrada a contagem da suspensão penal, não havendo esse impedimento na aplicação de sanções administrativas. Por exemplo: você foi condenado por um crime de trânsito a 02 anos de reclusão e o magistrado também decidiu pela suspensão do seu direito de LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br dirigir por 03 anos. Transitada em julgado a sentença, você primeiro cumprirá a pena restritiva de liberdade e, somente após a sua soltura, é que começa a contar o prazo de cumprimento da suspensão do direito de dirigir. Em tese você, ficará 05 anos (02 de reclusão + 03 de suspensão) sem poder conduzir veículos. Existe, em caráter de exceção, a previsão no art. 294 do CTB, de que poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para garantir a ordem pública. Nesse caso, o legislador deu ao judiciário a oportunidade de acalmar o clamor público, a sensação de impunidade, e também uma maneira de calar a imprensa, e outros meios de comunicação, em situações em que a manutenção do direito de dirigir atente contra a tranquilidade social. � Condições para o SUSPENSO voltar a dirigir Vamos relembrar o que estudamos na aula sobre penalidades: aquele que for suspenso administrativamente pela autoridade de trânsito terá como condição para voltar a dirigir: � o cumprimento do prazo da suspensão e; � a participação em curso de reciclagem. Pois bem, quanto ao suspenso penalmente, deve ser obedecida a regra geral do artigo 160 do CTB, regulamentado pela Resolução CONTRAN nº 300/08. Tal regra estabelece que todo condenado por delito de trânsito, após sentença definitiva, terá seu documento de habilitação apreendido, e só após o cumprimento da decisão judicial e de submissão a novos exames, com a devida aprovação neles, será emitido um novo documento de habilitação mantendo-se o mesmo registro, sendo necessária também a participação em curso de reciclagem. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br IMPORTANTE � Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, EM 48 HORAS, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. � Depois de cumprida a pena o condenado por delito de trânsito NÃO PRECISA reiniciar todo o processo de habilitação, apenas refaz os exames exigidos para primeira habilitação, no DETRAN de registro da sua habilitação. � Se o réu for reincidente na prática de crime previsto no CTB, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. Para você não se esquecer das diferenças: Suspensão Administrativa � imposta pela autoridade de trânsito � 01 mês a 01 ano � se reincidente em 12 meses � 06 meses a 02 anos � cumprido o prazo, faz curso de reciclagem e volta a conduzir. Cassação da Habilitação ��� administrativa � imposta pela autoridade de trânsito � 02 anos � cumprido o prazo, recomeça todo os exames com novo registro RENACH + curso de reciclagem. Suspensão Penal ��� imposta pelo magistrado � 02 meses a 05 anos � começa a cumprir depois de transitada em julgado a sentença � cumprida a pena, faz todos os exames da primeira habilitação mantendo-se o primeiro registro + curso de reciclagem. Veja como foi cobrado: 01. [UIAPE – AGENTE DE TRANS. TRANSPORTE – PREF. MUN. OLINDA/PE – 2011] Qual a duração do prazo estabelecido pela legislação de trânsito, quando da suspensão ou da proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor? (A) De dois meses a cinco anos. (B) De dois meses a quatro anos. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br (C) De três meses a cinco anos. (D) De seis meses a quatro anos. (E) De seis meses a cinco anos. Comentário: Questão bem simples, mas que lhe exige o conhecimento sobre a suspensão para quem comete crimes de trânsito. A suspensão penal prevista no CTB proporciona ao magistrado uma possibilidade maior de sua aplicação, se comparada com a suspensão administrativa aplicada pela autoridade de trânsito. Quando aplicada essa suspensão, o habilitado tem seu direito de dirigir veículo automotor suspenso. O inabilitado (aquele que ainda não é habilitado) tem proibido o direito de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Pela imposição dessa pena, poderá ficar suspenso tanto quem tem o direito de dirigir quanto o inabilitado, pelo prazo variável de 02 meses a 05 anos. Gabarito: Letra “A” 02. [UIAPE – AGENTE DE TRANS. TRANSPORTE – PREF. MUN. OLINDA/PE – 2011] Se o réu for reincidente na prática de crimes previstos na legislação, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículos automotores, sem prejuízos das demais sanções penais cabíveis. Comentário: Exato! Vimos que se o réu for reincidente na prática de crime previsto no CTB, o juiz terá necessariamente que aplicar a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. Gabarito: Certo 1.5. AS MULTAS PREVISTAS NO CTB O termo multa torna-se relevante em virtude da confusão feita por muitos candidatos, uma vez que no CTB existe a previsão de três tipos de multas de naturezas diferentes: LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br � A de natureza CIVIL; � A de natureza PENAL e; � A de natureza ADMINISTRATIVA. Vamos aprender a diferenciá-las!! � A multa administrativa Você também viu na aula sobre penalidades que a multa administrativa é uma sanção a ser imposta pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via onde tenha ocorrido uma infração de trânsito. Poderíamos defini-la também como uma receita de natureza não tribu- tária de arrecadação vinculada, uma vez que tem destino certo, pois vimos que o CTB determina que a receita arrecadada com a cobrança das multas de transito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego de campo, policiamento, fiscalização e educação de transito. Vale lembrar que 5% do total da receita de multa arrecadada pelo país são destinados ao FUNSET (Fundo Nacional de Segurança e Educação para o Trânsito), que é administrado pelo DENATRAN. � A multa reparatória Essa é uma multa de natureza civil, indenizatória, e exigida no juízo penal. É, na verdade, uma antecipação de um ressarcimento imposta pelo juiz da esfera penal, após reclamação da vítima ou seus sucessores. Para que a multa reparatória se torne exigível é necessária a ocorrência de um crime de transito, já que é aplicada no juízo penal, e também um dano material - apenas este é indenizável a título de multa reparatória. Perceba que o destino da multa reparatória é diferente do destino da multa administrativa, pois esta vai para o Estado e aquelaé paga à vítima ou aos seus sucessores. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br Convém ressaltar que o valor da multa reparatória terá como limite o do prejuízo demonstrado no processo; porém, se posteriormente a vítima se achar insatisfeita com o valor pago, poderá ainda reclamar o mesmo objeto, a mesma indenização, na esfera cível, recebendo evidentemente apenas a diferença. A forma de pagamento dessa multa está prevista no Código Penal, entre seus arts. 49 e 52, devendo ser paga em dia-multa, a ser fixado pelo juiz. A multa deve ser paga dentro de 10 dias depois de transitada em julgada a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais, inclusive mediante desconto no vencimento ou salário, sendo que o desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e da sua família. � A multa penal A pena de multa, também conhecida como pena pecuniária, é uma sanção penal que consiste na imposição ao condenado da obrigação de pagar ao Fundo Penitenciário determinada quantia em dinheiro, calculada na forma de dias-multa, atingindo o patrimônio do condenado. O CTB prevê que a pena de multa pode ser cominada e aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade ou ainda de forma alternativa com a pena de prisão. Quando a multa é punição única (comum na lei de contravenções penais), ou nos casos em que ela se encontra cumulada com a pena de prisão, ao magistrado, no caso de condenação, será obrigatória a sua aplicação, sob pena de ferir o princípio da legalidade ou da inderrogabilidade da pena. Nos casos em que a pena de multa estiver prevista de forma alternativa com a pena privativa de liberdade, o juiz terá uma discricionariedade para escolher entre uma ou outra, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. 1.6. CRIMES DE DANO E DE PERIGO NO CTB Para entendermos melhor a dinâmica dos crimes de trânsito, é preciso LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br entender os conceitos de crimes de dano e de crimes de perigo (abstrato e concreto). Crime de dano é aquele que não se consuma apenas com o perigo, pois é necessário que ocorra uma efetiva destruição a um bem jurídico penalmente protegido. Na legislação de trânsito, mais especificamente no capítulo dos crimes de trânsito, encontramos como crimes de dano apenas os culposos, previstos nos artigos 302 e 303. São eles os crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa. Crime de perigo é aquele que se consuma com o simples perigo criado para o bem jurídico. Divide-se em crime de perigo em concreto ou em abstrato. O crime de perigo concreto é aquele que precisa ser comprovado, isto é, deve ser demonstrada a situação de risco corrida pelo bem juridicamente protegido. Exemplos desse crime são o crime de excesso de velocidade e o de trânsito com veículos sobre calçadas. Nos crimes de perigo em abstrato, a situação de perigo não precisa ser provada, pois a lei contenta-se com a simples prática da ação que pressupõe perigosa. Os crimes de perigo estão previstos nos artigos 304 ao 312, ora de perigo em concreto, ora de perigo em abstrato, em ambos os casos sempre dolosos. Você entenderá melhor essas diferenças quando tratarmos individualmente cada um dos crimes previstos. 1.7. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E AUMENTATIVAS DE PENA O CTB traz algumas condutas que, caso praticadas por alguém na condução de veículo, agravam as penas impostas aos crimes de trânsito. Algumas dessas circunstâncias, além de agravarem a pena, também aumentam o tempo máximo estabelecido para determinados crimes no CTB. Quando eu digo que alguma circunstância agrava a pena de um crime, eu quero dizer que o magistrado (o juiz), ao aplicar a sentença condenatória por determinado crime de trânsito e observar que uma dessas circunstâncias estava presente no ato do crime, ele tenderá a não aplicar a pena mínima e, sim, a depender do caso, aplicará a pena máxima ou o mais próximo dela. Quando eu digo que alguma circunstância é aumentativa de pena de um crime, eu quero dizer que a pena restritiva de liberdade prevista para aqueles tipo penal será aumentada de um terço à metade. Se por exemplo, um crime de trânsito prevê a pena máxima de 04 anos, em havendo circunstância aumentativa de pena no cometimento desse crime, o juiz poderá LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br decidir em sua sentença por aplicar uma pena de até 06 anos! IMPORTANTE � Os AUMENTATIVOS de pena aplicam-se apenas aos crimes de homicídio culposo (art. 302) e de lesão corporal culposa (art. 303); � As AGRAVANTES aplicam-se a todos os demais delitos (arts. 304 a 312). Aí você me pergunta: e quais são então as circunstâncias agravantes de pena estabelecidas pelo CTB? São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração: � com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; � utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; � sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; � com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo; � quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga; � utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; � sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres. E as aumentativas de pena? De todas as circunstâncias acima citadas, apenas três delas são aumentativas de pena. Não é necessário que você tente decorá-las, pois se você der uma lida cuidadosa em cada uma, perceberá que há algumas que, LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br pela suja gravidade, destacam-se frente às outras. São situações aumentativas de pena, ter o condutor cometido crime: � sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (fácil de imaginar o quão sério é alguém cometer um crime de trânsito sem sequer possuir habilitação, não é mesmo?) � no exercício de sua profissão ou atividade estiver conduzindo veículos de transporte DE PASSAGEIROS; (Como agravante de pena, tanto faz ser condutor que exerce atividade remunerada de veículo de carga e de passageiros. Agora, essa agravante não será aplicada para motoristas de veículos de transporte de PASSAGEIROS nos casos de lesão corporal ou homicídio culposo, pois ela é uma situação aumentativa de pena.) � sobre faixa de pedestres ou na calçada; (cometer crime de trânsito em faixa de pedestre você há de concordar comigo que é, sem dúvida nenhuma, boa razão para se aumentar a pena!!) � deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente. (Bom, você deve ter estranhado esse item aparecer apenas como aumentativo de pena e não ser sequer um agravante. É isso mesmo! Esse é o único dos itens que só é aumentativo de pena. As razões são bastante óbvias!!) As agravantes deverão ser consideradas na 2ª fase da fixação da pena (art. 68 do Código Penal) em relaçãoàs penas privativas de liberdade, multa e de suspenso ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor. Saiba ainda que as circunstâncias agravantes não serão consideradas quando constituírem elementar, qualificadora ou causa de aumento de pena do delito em espécie. Caso contrário, haveria bis in idem. E antes de tratarmos dos crimes, mais uma informação importante: LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br IMPORTANTE � Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. Veja como foi cobrado em prova: 03. [IUAPE – MOTORISTA - PREF. MUN. SURUBIM/PE – 2009] O condutor de um veículo cometeu um crime de trânsito sobre a faixa de trânsito temporária destinada a pedestres. Nesta circunstância, a pena será (A) atenuada. (B) agravada. (C) aumentada em dobro. (D) agravada apenas com multa. (E) atenuada em um terço da pena. Comentário: O enunciado da questão nos diz que o condutor de um veículo cometeu um crime sobre a faixa de trânsito temporária destinada a pedestres. Ele não cita que crime foi esse. Poderá ter sido um dos dois únicos crimes culposos previstos no CTB (homicídio culposo ou lesão corporal culposa), cuja situação ensejaria um aumentativo de pena de um terço à metade ou poderá ter sido um crime de trânsito doloso (todos os demais crimes) que ensejaria em agravantes de pena. Como não está tão claro no enunciado, vamos buscar o item que melhor se encaixa para uma possível resposta correta: Item A - O CTB não prevê circunstâncias atenuantes de pena para crimes de trânsito e, sim, circunstâncias aumentativas ou agravantes. (Errado) Item B - Opa! A situação descrita na questão pode nos levar sim a uma pena agravada. A priori, o item está correto. Vamos checar os demais! (Certo) Item C - Pode ser também uma circunstância aumentativa de pena, mas não há previsão no CTB para que penas sejam aumentadas em dobro!! (Errado) LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br Item D - Não há agravantes de pena de multa e, sim, de penas restritivas de liberdade. (Errado) Item E - Já vimos que não há circunstâncias atenuantes de pena previstas no Código. (Errado) Bom, diante do enunciado da questão e das opções que nos foram apresentadas, o item “B” é a melhor resposta. Gabarito: Letra “B” 04. [CESPE – POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL – 2008] De acordo com o CTB, assinale a opção correta acerca das ações penais por crimes cometidos na direção de veículos automotores. (A) Em nenhuma hipótese se admite a aplicação aos crimes de trânsito de disposições previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais criminais. (B) A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, mas sempre de forma isolada, sendo vedada a aplicação cumulativa com outras penalidades. (C) A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor tem a duração de dois anos. (D) Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em 24 horas, a permissão para dirigir ou a CNH. (E) Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se ele prestar pronto e integral socorro àquela. Comentário: Item A - Essa é uma das primeiras e mais importantes informações que você deve ter ao estudar os crimes de trânsito: O CTB, em seu primeiro artigo da Parte Geral dos Crimes de Trânsito, o art. 291, estabelece que aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, nele previstos, aplicam-se subsidiariamente as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, bem como a Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Criminais), no que couber. Daí você já percebe que as consequências sofridas por quem comete crimes no trânsito não se esgotam apenas nas disposições do referido Código. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br A depender da gravidade e dos agravantes, o infrator pode também ser submetido às imposições do Código Penal e do Código Processual Penal, assim como da Lei 9.099/95 (Leis dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais). O item em estudo afirma exatamente o contrário do que nos ensina o Código. (Errado) Item B - Vimos que, pela imposição dessa pena, poderá ficar suspenso tanto quem tem o direito de dirigir quanto o inabilitado, pelo prazo variável de 02 meses a 05 anos. O habilitado tem seu direito de dirigir veículo automotor SUSPENSO. O inabilitado (aquele que ainda não é habilitado) tem PROIBIDO o direito de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. O CTB estabelece que a suspensão penal pode ser aplicada como penalidade PRINCIPAL, ISOLADA (apenas ela) ou CUMULATIVAMENTE (com a pena privativa de liberdade ou com a multa), e com prazo a ser estipulado pela autoridade judiciária, sem nenhuma correlação com os prazos da pena privativa de liberdade. O item afirma corretamente que a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, porém erra ao afirmar que terá que ser imposta sempre de forma isolada, sendo vedada a aplicação cumulativa com outras penalidades. Acabamos de forma que ela pode sim ser aplicada de forma cumulativa. (Errado) Item C – Errado! Para a aplicação da penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, o juiz deve observar um prazo variável de no mínimo 2 meses a um máximo de 5 anos. Não é um prazo fixo de 02 anos! (Errado) Item D – Cuidado com esses prazos! Transitada em julgado a sentença condenatória e tendo sido aplicada pena de suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em 48 horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. O item fala em um prazo de 24 horas. As bancas gostam muito de trocar esse prazo! (Errado) Item E - Exatamente! Se você for envolvido em algum acidente e dele resultar alguma vítima, caso preste pronto e integral socorro a ela, estará livre de ser preso em flagrante ou de pagar fiança. Essa é a disposição estabelecida pelo art. 301 do CTB. (Certo) Gabarito: Letra “E” LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br 1.8. OS CRIMES DE TRÂNSITO Neste tópico vamos estudar quais são os crimes de trânsito tipificados no CTB e quais são suas principais peculiaridades para fins de provas de concursos. Estudaremos artigo por artigo, crime por crime, mas antes, precisamos fazer algumas considerações doutrinárias, dando especial destaque às importantes mudanças trazidas pela Lei 11.705/08 (A Lei Seca) para este tema. Para começar, vamos voltar ao disposto no primeiro artigo da PARTE GERAL do capítulo XIX do CTB (crimes de trânsito). Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal; se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9,099 de 26 de setembrode 1995, no que couber. A Lei nº 9.099/95 acima citada trata dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais (JEC). Já, já você entenderá o porquê de sua relevância para o tema. Bom, a persecução penal, ou seja, os caminhos processuais a serem seguido pelos crimes de trânsito são dois: � Ou lavra-se um termo circunstanciado e encaminha-se o réu para o JEC (Juizado Especial Criminal), � Ou é instaurado um inquérito policial e o réu é encaminhado para a Vara Criminal. Importante você saber que os crimes de trânsito são, em sua maioria, crimes de menor potencial ofensivo, que pedem procedimento sumário, no mais das vezes, dispensando, inclusive, o procedimento preparatório do inquérito policial. Você já sabe: LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br IMPORTANTE � Consideram-se infrações penais de MENOR POTENCIAL OFENSIVO as contravenções penais e os crimes a que a lei comine PENA MÁXIMA NÃO SUPERIOR A 02 ANOS, cumulada ou não com multa. Pois bem, fica fácil você entender que os crimes de menor potencial, por agredirem menos a sociedade, não necessitam de um procedimento preparatório do processo mais detalhado, como no inquérito policial. No termo circunstanciado a materialidade é reduzida a termo, e uma vez assinada pelo indiciado, tem-se a consignação de materialidade e autoria do delito, sendo, portanto, dispensável o inquérito policial. Em crimes de menor potencial, portanto, o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. IMPORTANTÍSIMO � Todos os crimes de trânsito são crimes de menor potencial ofensivo, exceto: � HOMICÍDIO CULPOSO na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB); � O crime de EMBRIAGUEZ (art.306 do CTB) e; � Em alguns casos (estudaremos esses casos em detalhes) a lesão corporal culposa. Vamos então aos crimes propriamente ditos e aos seus desdobramentos: Art. 302. Praticar HOMICÍDIO CULPOSO na direção de veículo automotor. Penas - detenção, de 02 a 04 anos + suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veiculo automotor. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br A primeira informação que considero relevante sobre esse crime é que ele é o único no CTB que trata de homicídio. E ainda mais: só se configurará como crime se for praticado na direção de veículo e o veículo tem que ser automotor. Além disso, já te adianto que você não há tipificação no CTB de crime de homicídio doloso. Já citamos, inclusive, que esse é um dos dois únicos crimes na modalidade culposa tipificados no Código. Mas professor, e nos casos em que a pessoa atropela alguém propositadamente?? Não responderá por homicídio doloso?? Responderá sim, mas não por crime tipificado como tal no CTB e, sim, no Código Penal Brasileiro (art. 121). Outro detalhe importante é que esse é o único dos crimes do CTB que tem pena restritiva de liberdade com duração máxima de até 04 anos. Perceba também que não temos a pena de multa prevista para esse crime. E lembre-se que no homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente se enquadrar em uma daquelas situações aumentativas por nós já estudadas! Veja como o homicídio foi cobrado: 05. [UIAPE – AGENTE DE TRANS. TRANSPORTE – PREF. MUN. OLINDA/PE – 2011] A pena de detenção de dois a quatro anos será imputada ao condutor que praticar homicídio culposo na direção dos veículos automotores. Comentário: Exatamente! Lembre-se que esse é o único dos crimes do CTB que tem pena restritiva de liberdade com duração máxima de até 04 anos. Interessante perceber também que não está prevista a pena de MULTA para esse crime. Gabarito: Certo [CESPE – CABO SELEÇÃO INTERNA – PM/DF - 2003] José e Geraldo, maiores de idade que não possuem habilitação para dirigir, resolveram participar de um racha com os automóveis de seus pais, sem o conhecimento deles. Durante o racha, realizado na avenida principal da cidade em que residem, o veículo conduzido por Geraldo, que não utilizava cinto de segurança, desgovernou-se e atropelou Maria, que ficou gravemente ferida. Desesperados com o ocorrido, os dois jovens fugiram sem prestar socorro à vítima, que faleceu no hospital algumas LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br horas após identificar as placas dos veículos conduzidos por José e Geraldo. Com relação à situação hipotética apresentada acima, julgue o item a seguir, à luz do CTB. 06. Se, após o devido processo legal, Geraldo for condenado por homicídio culposo pela morte de Maria, a pena será aumentada de, no mínimo, dois terços. Comentário: Na situação hipotética da questão, temos um caso de homicídio culposo em via pública, típico crime de trânsito (art. 302). Vimos aqui que, com relação aos tipos penais previstos no CTB, os aumentativos de pena aplicam-se apenas aos crimes de homicídio culposo e de lesão corporal culposa caso a conduta do agente se enquadre em uma das seguintes situações: � sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; � no exercício de sua profissão ou atividade estiver conduzindo veículos de transporte DE PASSAGEIROS; � sobre faixa de pedestres ou na calçada; � deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente. Das informações acima, já podemos perceber que para a conduta de Geraldo (homicídio culposo) cabe o aumentativo de pena, não é verdade? Até aí, tudo bem, mas a pena aumentará de quanto? Segundo o art. 302, parágrafo único, do CTB, as circunstâncias acima, principalmente a destacada em vermelho, aumentam a pena restritiva de liberdade de um terço à metade. A questão afirma de forma equivocada que a pena de Geraldo será aumentada de, no mínimo, dois terços. Gabarito: Errado 07. [CESPE – POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL – 2002] Ao passar em frente a uma parada de ônibus, conduzindo o seu veículo em avançada hora da madrugada, Tício avistou um desafeto. Assim, retornou na avenida, de modo a passar novamente em frente ao inimigo. Quando se aproximava, então, da parada, acelerou o veículo, arremessando-o contra o pedestre, causando-lhe morte instantânea. Para essa situação, há, no CTB, tipo específico que descreve a conduta de Tício, no qual se prevê, ainda, o atropelamento ocorrido em calçada como causa de aumento de pena do homicídio. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br Comentário: Ao atropelar intencionalmente o seu desafeto, Tício agiu com dolo, pois quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Acontece que, até os dias atuais, o CTB não tipificou no rol de seus crimes, o de homicídio doloso. Apenas o de homicídio CULPOSO, no art. 302. Ele deverá responder por homicídio doloso sim, mas não com base no CTB e, sim, no Código Penal Brasileiro (art. 121). Gabarito: Errado Continuemos: Art. 303. Praticar LESÃO CORPORAL CULPOSA na direção de veículo automotor. Penas - detenção, de 06 meses a 02 anos + suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veiculo automotor. Estamos diante de mais um dos dois únicos crimes de natureza culposa tipificados no CTB.Assim como o crime anterior, ele só será configurado se for praticado na direção de um veículo e de um veículo automotor. Quero chamar sua especial atenção para disposições específicas do CTB e da Lei nº 11.705/08 sobre esse crime o qual, com a referida Lei, tomou desdobramentos mais complexos, interessantes e, diga-se de passagem, bons de prova!! Vamos analisar os desdobramentos para as diversas variações do crime de lesão corporal culposa tipificado no CTB: � Lesão corporal culposa SEM os benefícios da Lei 9.099/95 Começamos pela análise do disposto no § 1º do art. 291 do CTB: LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br � Art. 291. (...) § 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). § 29 Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. (Redação dada pela Lei 11.705/08). Preste bastante atenção no parágrafo primeiro do artigo acima transcrito! Ele cita os arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099/95. Por que esses artigos especificamente? Vamos responder a essa pergunta mostrando as correlações deles com o crime de lesão corporal culposa praticados no trânsito. Veja: � Lei nº 9.099/95: Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. A composição civil de danos trata-se da possibilidade de acordo homologado por juiz entre vítima e réu, tendo esse acordo eficácia de título a LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br ser executado e também acarretando, portanto, a renúncia ao direito de queixa ou representação. Para crimes de menor potencial ofensivo, o réu, de acordo com esse artigo, pode ser beneficiado com essa possibilidade de fazer um acordo com a vítima, esse acordo ser homologado pelo juiz e ter então a queixa ou representação retirada. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do juiz. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. Nos crimes considerados de menor potencial ofensivo, pode o Ministério Público negociar com o acusado sua pena. Ou seja, é um “bem bolado” entre a LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br acusação e a defesa pra evitar que o processo corra, poupando o réu (e o Estado também) de todas as cargas consequentes (sociais, psicológicas, financeiras etc.). A transação deve ser proposta antes do oferecimento da denúncia. A aceitação da proposta não pode ser considerada reconhecimento de culpa ou de responsabilidade civil sobre o fato, não pode ser utilizada para fins de reincidência e não consta de fichas de antecedente criminal. O fato só é registrado para impedir que o réu se beneficie novamente do instituto antes do prazo de 05 anos definidos na lei. As propostas podem abranger só duas espécies de pena: multa e restritiva de direitos. A primeira é obviamente pecuniária, a segunda pode ser prestação de serviços à comunidade, impedimento de comparecer a certos lugares, proibição de gozo do fim de semana etc., depende da criatividade dos promotores (que atualmente só conhecem o pagamento de cesta básica). Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. Há quatro tipos de ação no Processo Penal brasileiro: a ação penal pública incondicionada, a ação penal pública condicionada à representação, a ação penal de iniciativa privada e a ação penal privada subsidiária da pública. O art. 88, da Lei nº 9.099/95 nos traz a ação penal pública condicionada à representação. Assim, os crimes de lesões corporais leves e lesão corporal culposa, dependerão da representação da vítima para instauração do inquérito policial ou para o oferecimento da denúncia, caso o inquérito seja desnecessário por já haver provas suficientes. Resumindo então: a Lei nº 9.099/95 nos traz os seguintes benefícios para os crimes de menor potencial ofensivo: Composição civil de danos Transação penal Ação penal pública condicionada à representação LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br Volte ao §1º do art. 291 do CTB e veja que caso ocorra lesão corporal culposa em determinadas situações, o réu perderá o direito aos benefícios acima descritos. As situações são: Ter cometido o crime: � sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; � participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição auto- mobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor não autorizada pela autoridade competente; � transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50km/h (cinquenta quilômetros por hora). Não estamos nos reportando aqui àquelas situações agravantes ou aumentativas de pena!! As situações acima são situações em que cometidas conjuntamente com o crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, fazem com que o réu perca os direitos à composição civil, à transação penal e a ação penal passará a ser incondicionalà representação. Importante ressaltar que o crime continua sendo de menor potencial ofensivo ainda que combinado com as circunstâncias acima. O processo ainda ocorrerá no JEC (Juizado Especial Criminal), porém não será lavrado termo circunstanciado e passará NECESSARIAMENTE por inquérito policial. Duas questões interessantes: 08. [CESPE – ANALISTA DE TRANSITO – DETRAN/DF – 2009] Considere que Gustavo conduza o seu veículo à velocidade de 110 km/h, quando a sinalização do local aponta como limite máximo a velocidade de 50 km/h e, de forma culposa, tenha atropelado Maria, que teve lesão corporal leve. Nesse caso, Gustavo deverá responder por crime de lesão corporal culposa, desde que haja representação da vítima. Comentário: Gustavo conduz o seu veículo à velocidade de 110 km/h, quando a sinalização do local aponta como limite máximo a velocidade de 50 km/h. Veja LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br que ele está transitando com velocidade de 60km/h a mais do que a permitida pela via. Ao atropelar Maria de forma culposa, ele de fato cometeu o crime de lesão corporal culposa previsto no CTB. E o pior: por atropelar alguém transitando em velocidade superior à máxima permitida da via em 50km/h, Gustavo perde, conforme vimos, os direitos à composição civil e à transação penal ale do que a ação penal passará a ser incondicional à representação. A assertiva erra, portanto, ao afirmar que, nesse caso haveria a necessidade de representação da vítima. Gabarito: Errado 09. [CESPE – POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL – 2008 - Adapt.] Em nenhuma hipótese se admite a aplicação aos crimes de trânsito de disposições previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais criminais. Comentário: Você acabou de estudar que a Lei nº 9.099/95 é sim aplicável aos crimes de trânsito, principalmente no que diz respeito ao crime de lesão corporal culposa. Gabarito: Errado � Lesão corporal culposa com AUMENTATIVO de pena Vamos pensar agora em duas situações: Imaginemos que alguém cometera o crime de LESÃO CORPORAL CULPOSA ao conduzir determinado veículo. Ao cometer o crime, não estava sob influência de álcool, nem disputando corrida com outro veículo, muito menos transitando com velocidade superior à máxima para a via em 50km/h. Acontece que esse motorista praticou o crime em faixa de pedestres e o pior, deixou de prestar socorro à vítima. O que temos nessa situação? Duas situações aumentativas de pena. Sendo situações aumentativas de pena, a pena máxima prevista para esse crime (que é de 02 anos) ficará aumentada de um terço à metade e, por consequência, o crime deixa de ser de menor potencial ofensivo e passa a ser de maior potencial. Nesses casos não há que se falar em procedimento sumário, ocorrendo necessariamente o inquérito policial e o processo correndo, necessariamente, na vara criminal. Mas lembre-se que, mesmo assim, por LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br força do que estudamos sobre o § 1º do art. 291, o réu ainda gozará daqueles direitos garantidos pelos artigos 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099/95. Agora, se além de ter cometido em faixa de pedestre (situação aumentativa de pena), o motorista cometer o crime sob influência de álcool, por exemplo, além de ter que responder a processo criminal, perde o direito à composição civil de danos, à transação penal e a ação penal pública será incondicionada à representação. Aí, caro aluno, o motorista fica bem enrolado! � Lesão corporal com aplicação da 9.099/95 na ÍNTEGRA Esse é o caso mais simples! Sempre que o agente praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor em situações diferentes das especificadas acima, a lesão corporal culposa será considerada um crime de menor potencial ofensivo, com a aplicação da 9.099/95 na íntegra. Caro aluno, é importante que antes de continuar a estudar os outros crimes você dê mais uma revisada no que acabamos de mostrar, pois é muito importante para sua prova que tenha consolidado esse conhecimento sobre as vertentes do crime de LESÃO CORPORAL CULPOSA. Veja como foi cobrado: 10. [FUNRIO – POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL – 2009 – Adapt.] No dia 15 de junho de 2007, por volta das 09h, pela Avenida Canal, proximidades do "Atacadão Rio do Peixe”, José Antônio, guiando o veículo ônibus, ano 1998, de cor branca, provocou atropelamento contra Marinalva, que pedalava uma bicicleta próximo à guia da calçada, sofrendo traumatismos generalizados. O socorro foi prestado por solicitação de populares do SAMU ao Hospital Regional de Urgência e Emergência de Campina Grande, e o infrator se evadiu. No que se refere à conduta praticada, uma vez que o infrator se evadiu sem prestar socorro à vítima, é correto afirmar que o condutor não merece aplicação do aumento de pena daí decorrente, uma vez que a vítima não era pedestre, conforme estipulado pela Lei nº 9503/97. Comentário: Ao ser atropelada, Marinalva não veio a falecer, sofrendo traumatismos generalizados. Com isso, podemos concluir que João Antônio cometeu o crime de lesão corporal culposa. Esse crime, como vimos, é tipificado no art. 303 do CTB e é um de dois crimes culposos previstos no Código. Para esses crimes LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br culposos não se fala em situações agravantes de pena e, sim, aumentativas de pena. Pois bem, o enunciado nos fala ainda que o infrator evadiu-se sem prestar socorro à vítima, ou seja, omitiu socorro. A omissão de socorro é uma das situações de aumentativo de pena para o crime de lesão corporal culposa. Assim, ao contrário do que afirma o item, o condutor merece a aplicação, em tese, do aumento de pena daí decorrente, conforme estipulado pela Lei nº 9503/97. Gabarito: Errado Continuando: Art. 304. Deixar o condutor do veículo, NA OCASIÃO DO ACIDENTE, de PRESTAR IMEDIATO SOCORRO à vitima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxilio da autoridade pública: Penas - detenção, de 06 meses a 01 ano OU multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. Quanto à omissão de socorro, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves, incide a aplicação das penas tipificadas no artigo acima. Bastante atenção: a pena pode ser a detenção OU a multa, certo? A multa, nesse caso, não será cumulativa. Não esqueça!! Art. 305. AFASTAR-SE o condutor do veículo DO LOCAL DO ACIDENTE, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de 06 meses a 01 ano, OU multa. Não se pode confundir o delito acima exposto com a omissão de LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br socorro do artigo anterior, uma vez que aqui o bem jurídico tutelado é a administração da justiça, e na omissão de socorro, o bem jurídico tutelado é a vida, a saúde ou a integridade física. Dessa forma, existe a possibilidade de se cometer o crime de afastar- se do local, em acidente com vítima, sem, contudo, cometer a omissão de socorro. Basta que, por exemplo, o condutor envolvido leve a vítima até um hospital e lá a deixe sem se identificar para fugirda responsabilidade penal. Note que ainda que em um primeiro momento não tenha ocorrido crime, como no caso de acidentes envolvendo apenas danos materiais, é possível que o condutor que fuja do local do acidente seja responsabilizado com fulcro no artigo acima, se o seu objetivo é fugir da responsabilidade pela batida, ou melhor, de impedir que a justiça ocorra. Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada EM RAZÃO DA INFLUÊNCIA de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Penas: detenção de 06 meses a 03 anos + multa + suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (...) Estamos diante de um dos principais, senão o principal, crime de trânsito para as organizadoras de prova, justamente por toda a polêmica em torno dele. Vamos entendê-lo direitinho: Graças ao nosso bom Deus, este artigo vem sofrendo alterações significativas nos últimos anos, sempre no intuito de diminuir o espantoso número de acidentes e mortes no trânsito de nosso país, provocados pela embriaguez ao volante. Comecemos nossa análise por aquelas alterações promovidas pela Lei Federal nº 11.705/08, a famosa e tão conhecida Lei Seca. Com o advento dessa norma, o crime de embriaguez deixou de ser um crime de perigo em concreto para ser um crime de perigo em abstrato. Antes, para consumação do delito, era necessário que o condutor estivesse ziguezagueando, transitando sobre calçadas, roletando cruzamentos, ou seja, atentando objetivamente contra incolumidade pública. O perigo de sua conduta tinha que ser concretamente demonstrado para que o condutor fosse LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br enquadrado! Com as novas alterações, ainda que um condutor esteja conduzindo adequadamente, se tiver acima dos índices permitidos para embriaguez, será enquadrado no crime acima tipificado. E mais: antes da Lei nº 11.705/08, a diferença entre a infração de trânsito da embriaguez e o crime de embriaguez era a situação de perigo, ou seja, para ocorrência do crime, era necessária a ocorrência da infração mais uma situação de perigo em concreto. Com as novas disposições, a diferença entre a infração de trânsito e o crime de trânsito passou a ser a concentração de álcool por litro de sangue. Agora, atenção: IMPORTANTE � Isso também acabou de mudar com a publicação da recentíssima Lei nº 12.760/12, e hoje o crime já estará configurado se for provada que a capacidade psicomotora do motorista foi alterada em razão da influência de ÁLCOOL ou de outra SUBSTÂNCIA PSICOATIVA que determine dependência. Para que você entenda bem como se dá essa diferença entre infração e crime, precisamos entender como se configura uma infração de trânsito relativa à embriaguez. Para isso, vamos ao importante e polêmico artigo 165 do CTB, transcrito a seguir e que, diga-se de passagem, também foi modificado pela Lei nº 12.760/12: � Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela lei nº 11.705, de 19.06. 2008) Infração - gravíssima; Penalidade - multa (10 vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br De posse das informações acima, vamos agora para o que estabelece o art. 276 do CTB: Esse artigo nos diz o seguinte: � Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerância quando a infração for apurada por meio de aparelho de medição, observada a legislação metrológica. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) E como se prova que alguém está sob a influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência? Como identificar se há alguma concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar? Bom, o artigo acima, em seu parágrafo único, estabelece que o Contran disciplinará as margens de tolerância quando a infração for apurada por meio de aparelho de medição, não é verdade? Pois bem, o Contran já o fez no passado, mas, neste ano de 2013, por conta da nova lei, editou a Resolução nº 432/13. Nela, ele regulamenta não só tais margens de tolerância como também os meios para a caracterização da infração de trânsito do art. 165. Segundo esta Resolução, a confirmação da alteração da capacidade psicomotora em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência dar-se-á por meio de, pelo menos, um dos seguintes procedimentos a serem realizados no condutor de veículo automotor: � exame de sangue; � exames realizados por laboratórios especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras substâncias psicoativas que determinem dependência; � teste em aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar alveolar (etilômetro) � verificação dos sinais que indiquem a alteração da capacidade LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br psicomotora do condutor. IMPORTANTE � Além dos meios dispostos acima, também poderão ser utilizados PROVA TESTEMUNHAL, IMAGEM, VÍDEO ou qualquer outro meio de prova em direito admitido. Perceba, caro aluno, como agora ficou muito mais difícil alguém negar que está alcoolizado! Se ficou mais difícil para o condutor, ficou mais fácil para o agente de trânsito (você, logo em breve!) autuar alguém suspeito de estar embriagado. Segundo ainda o que dispõe a Resolução nº 432/13, a infração prevista no art. 165 do CTB será caracterizada por: � exame de sangue que apresente qualquer concentração de álcool por litro de sangue; � teste de etilômetro (bafômetro) com medição realizada igual ou superior a 0,05 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado (0,05 mg/L), descontado o erro máximo admissível. � sinais de alteração da capacidade psicomotora. E se o condutor não quiser submeter-se a nenhum desses exames? A resposta: IMPORTANTE � Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas previstas no art. 165 do CTB ao condutor que recusar a se submeter a qualquer um dos procedimentos previstos acima, sem prejuízo da incidência do crime previsto no art. 306 do CTB caso o condutor apresente os sinais de alteração da capacidade psicomotora. Revisando: não há margem de tolerância no exame de sangue nem nos LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br sinais de aliteração da capacidade motora para que seja configurada a infração de trânsito. Se o teste for o do bafômetro, basta que a medição desse aparelho seja igual ou superior à 0,05mg/L para que a infração jáesteja caracterizada. Por fim, se houver recusa do condutor a se submeter a qualquer dos procedimentos, será também autuado com base no art. 165. Bom, a pergunta agora é? E quando é que o uso do álcool deixa de ser apenas uma infração e passa a também ser considerado um crime de trânsito? Os parágrafos 1º a 3º do art. 306 do CTB assim nos respondem: Art. 306. (...) § 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) E é também a Resolução nº 432/13 que regulamenta essa equivalência entre os distintos testes de alcoolemia para efeito de caracterização do crime de embriaguez no trânsito. Para falar bem a verdade, em seu art. 7º, ela só detalha um pouco mais as disposições do quadro acima, estabelecendo que o crime previsto no art. 306 do CTB será caracterizado por qualquer um dos procedimentos abaixo: � exame de sangue que apresente resultado igual ou superior a 6 (seis) decigramas de álcool por litro de sangue (6 dg/L); LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br � teste de etilômetro com medição realizada igual ou superior a 0,34 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado (0,34 mg/L), descontado o erro máximo admissível; � exames realizados por laboratórios especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras substâncias psicoativas que determinem dependência; � sinais de alteração da capacidade psicomotora obtido conforme vimos logo acima. Isso significa que os valores de 06 dg/l (exame de sangue) e de 0,34 mg/l (bafômetro) representam aqueles que, se detectados, incriminam o condutor, ou seja, são suficientes para que ele, além de ser enquadrado na infração de trânsito do art. 165 (dirigir embriagado), responda também pelo crime de trânsito (embriaguez ao volante) tipificado no art. 306 do CTB. Dessa forma, para facilitar o seu entendimento, extraímos o seguinte quadro-resumo a respeito das dosagens de álcool detectadas em condutores por meio de exame clínico ou do etilômetro (bafômetro): Exame de Sangue: � qualquer concentração � infração de trânsito � igual ou acima de 06 dg/l � infração e crime de trânsito Bafômetro: � até 0,049 mg/l � não é infração e nem crime � de 0,05 a 0,33 mg/l � infração de trânsito � igual ou acima de 0,34 mg/l � a conduta é infração e crime de trânsito A precisão das medidas acima, respeita, é claro, o percentual tolerável de erro do equipamento. E vou repetir o que hoje é considerado um dos aspectos mais importantes trazidos pela Lei 12.760/12 e pela Resolução nº 432/13: LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br IMPORTANTÍSSIMO � A verificação da influência de álcool ou de substância psicoativa que cause dependência poderá ser obtida também mediante perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. É, caro aluno, perceba que a coisa agora ficou difícil para quem bebe e em seguida conduz um veículo... Não é por menos, que a Lei 12.760/12 é chamada também de Lei de Tolerância Zero! Sobre a embriaguez ao volante era o que tínhamos a dizer. É mais do que suficiente para a sua prova! Veja agora como isso foi cobrado: [CESPE – ASSIST. TÉCNICO DE TRÂNSITO – DETRAN/ES – 2010] Com relação às infrações de trânsito, julgue os itens subsecutivos. 11. Comprovada a embriaguez, o condutor terá seu veículo apreendido e sua CNH cancelada pelo período de um ano e, caso queira voltar a conduzir veículo automotor, terá de realizar, após este período, todos os exames para a obtenção de nova habilitação. 12. A chamada Lei Seca diz respeito à fiscalização de condutores sob efeito de álcool e também de qualquer outra substância psicoativa que cause dependência. Portanto, o condutor que apresentar sintomas de torpor ou euforia, mesmo que não se evidencie a existência de álcool em seu organismo pelo bafômetro, pode ser submetido a outros exames pelas autoridades de trânsito e sofrer as mesmas penalidades. Comentário 11: Agora o cerco apertou, mas também não chega a ser assim! Comprovada a embriaguez, o art. 165 do CTB prevê que condutor será autuado, incorrerá nas penalidades de multa no valor de R$ 1.915,00 (10 vezes o da infração gravíssima) e de suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. Mas tudo, é claro, deverá respeitar o devido processo legal não havendo, portanto, o cancelamento automático da CNH pelo período de um ano. Gabarito: Errado LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br Comentário 12: Exatamente! Foi o que acabamos de estudar! Com as mudanças promovidas pela Lei 12.760/12, mesmo que o condutor se negue a realizar o exame clínico ou o teste de bafômetro, outros exames poderão ser realizados para comprovar os sinais de alteração de sua capacidade psicomotora. E não esqueça: a simples negativa do condutor já é suficiente para que ele seja enquadrado na infração de trânsito do art. 165 do CTB, sem prejuízo de também ser enquadrado no crime de embriaguez caso apresente sinais de diminuição da capacidade psicomotora. Gabarito: Certo 13. [CESPE - AGENTE DE TRANSITO – DETRAN/DF – 2003] O condutor que, ao receber ordem de um agente de trânsito, se nega a realizar teste em aparelho de ar alveolar para avaliar a concentração de álcool em seu organismo, não apenas pratica infração administrativa, mas também comete crime de desacato. Comentário: Vamos analisar essa questão à luz dos regramentos atuais: O agente de trânsito, ao desconfiar que o condutor apresenta sintomas de embriaguez, pode pedir que ele realize o teste de bafômetro. O art. 277 do CTB dá essa prerrogativa ao agente, assim como também a Resolução nº 432/13. Acabamos de ver que a recusa do condutor em realizar qualquer dos testes já é suficiente para enquadrá-lo na infração administrativa prevista no art. 165 do Código. Agora, o fato de recusar a fazer os testes não significa necessariamente que cometa o crime de desacato. Não há na assertiva outros elementos que possam garantir isso! Gabarito: Errado 14. [CESPE – POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL – 2004 – Adapt.] A conduta de dirigir veículo automotor sob a influência de álcool, em nível superior ao permitido, não configura, necessariamente, crime perante a lei brasileira, sendo punida administrativamente como infração gravíssima, com penalidade de multa e suspensão do direito de dirigir. Para ser enquadrada na categoria de crime, a embriaguez do condutor deve expor a dano potencial a incolumidade de outrem. Comentário: Perceba que essa questão foi elaborada no ano de 2004. Nesta época, ainda nãoestavam em vigor todos os desdobramentos do crime de embriaguez trazidos pelas Leis nº 11.705/08 e 12.760/12. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br O principal desses desdobramentos é exatamente o fato de que hoje a embriaguez no trânsito é um crime de perigo abstrato, ou seja, não é necessário que haja um dano para que um condutor embriagado seja enquadrado nesse crime. Basta que esteja ao volante e a embriaguez seja constatada pelos testes regulamentados ou por outros meios permitidos em lei. Para os dias de hoje, portanto, a questão está errada. Gabarito: Errado 15. [CESPE – POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL – 2004 - ADAPT] A embriaguez pode ser constatada por provas técnicas e periciais, como exame de sangue e teste em bafômetro, mas nunca, por prova testemunhal. Comentário: Claro que a prova testemunhal é válida sim e esta validade é um dos maiores ganhos trazidos pela recentíssima Lei nº 12.760/12, que acrescentou o § 2º no art. 306 do CTB, assim determinando: Art. 306. (...) § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) A assertiva erra ao afirmar o contrário. Gabarito: Errado Vamos continuar a análise dos demais crimes: Art. 307 - Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código: Penas - detenção, de 06 meses a 01 ano + multa, com nova imposição adicional te idêntico prazo de suspensão ou de proibição. Parágrafo único - Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293 (em 48 horas), a permissão para dirigir ou a Carteira de Habilitação. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br O que está sendo punido, verdadeiramente, é a desobediência à ordem judicial, de forma específica. Num primeiro momento, viola-se a ordem, ou seja, a suspensão imposta, se o condutor dirige após a aplicação dessa pela autoridade judiciária; em outro momento, quando o condutor deixa de entregar a CNH, em 48 horas, após imposição da pena pelo magistrado, também viola o disposto no referido artigo. Para que os agentes de trânsito tenham maior controle da imposição da pena imposta pelo juiz, temos as seguintes previsões, no artigo 295 do CTB e no artigo 41 da Resolução n° 168/04 do CONTRAN: - CTB - Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comunicada pela autoridade judiciária no Conselho Nacional de Transito - CONTRAN, ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente. - Resolução nº 168/04 - Art. 41. A Base Indíce Nacional de Condutores - BINCO conterá um arquivo de dados onde será registrada toda e qualquer restrição no direito de dirigir de obtenção do ACC e da CNH, que será atualizado pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado e do Distrito Federal. §3º A suspensão do direito de dirigir ou a proibição de se obter a habilitação, imputada pelo Poder Judiciário, será registrada na BINCO. Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de CORRIDA, DISPUTA ou COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA NÃO AUTORIZADA pela autoridade competente, desde que RESULTE DANO POTENCIAL à incolumidade pública ou privada: Penas - detenção, de 06 meses a 02 anos + multa + suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br Primeira observação sobre esse delito: é um dos 02 únicos crimes tipificados no CTB que trazem as TRÊS PENAS possíveis previstas em sua parte geral. O outro crime que também traz as três penas é o da embriaguez (art. 306). É também, junto à lesão corporal culposa, o único com penas previstas de 06 meses a 02 anos! Caro aluno, muita atenção: importante não confundir esse crime com a seguinte infração de trânsito: � Art. 174. Promover, na via, competição esportiva, eventos organizados, exibição e demonstração de perícia em manobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via: Infração - gravíssima; Penalidade - multa (cinco vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo; Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo. Parágrafo único. As penalidades são aplicáveis aos promotores e aos condutores participantes. Neste delito, diferentemente da infração de trânsito, punem-se apenas os condutores e não os promotores do evento, uma vez que não têm uma ingerência direta no resultado lesivo. Para configuração desse tipo penal devem estar presentes alguns requisitos, como: � Veículo automotor, � Via pública e; � A possibilidade superveniente de dano objetivamente descrito. O sujeito passivo desse delito é a coletividade e, de forma secundária, a pessoa exposta a risco em virtude da disputa. Como os eventos "corrida", "disputa" ou "competição” explicitados no caput do artigo 308 do CTB, pressupõem a participação de pelo menos 02 (dois) veículos, devemos entendê-lo como um crime de concurso necessário. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br 16. [UIAPE – AGENTE DE TRANS. TRANSPORTE – PREF. MUN. OLINDA/PE – 2011] Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizadas pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada constitui (A) crime, com pena de detenção de seis meses a dois anos, multa e suspensão de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo. (B) apenas a cassação da Carteira Nacional de Habilitação. (C) apenas detenção de seis meses a um ano e multa. (D) crime, detenção por três anos e suspensão para dirigir. (E) advertência por escrito, multa e suspensão para dirigir. Comentário: Essa está bem simples, pois traz a literalidade do crime de trânsito que acabamos de estudar. A conduta descrita no enunciado é, portanto, crime, com pena de detenção de seis meses a dois anos, multa e suspensão de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo. Gabarito: Letra “A” Sigamos: Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão para dirigir ou habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, GERANDO PERIGO DE DANO: Penas - detenção, de 06 meses a 01 ano, OU multa. Para a ocorrência do delito acima, alguns elementos são essenciais: � Deve haver condução de veículo automotor; � É crime de via pública; � É crime de perigo em concreto, e, por fim, o condutor deve ser inabilitado ou estar cassado. LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO P/ OFICIAL DE TRÂNSITO – DETRAN/SP (Pacote) PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br Sendo assim, basta que o agente conduza veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão para dirigir ou habilitação e, de forma anormal e irregular, sendo inconsequente de modo a atingir o nível de segurança de trânsito, que é o objeto jurídico tutelado pelo dispositivo.
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