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Web Aulas Constitucional 1

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1) O sentido sociológico da Constituição como uma folha de papel, cuja 
verdadeira característica está na organização dos fatores reais do poder em 
uma dada sociedade, contrasta com a visão da força normativa da 
Constituição, segundo a qual a Constituição não se pode submeter à 
vontade dos poderes constituídos e ao império dos fatos e das 
circunstâncias. A Constituição espraia sua força normativa por sobre o 
ordenamento jurídico, e todos os atos estatais que com ela contrastem 
expõem-se à censura jurídica do Poder Judiciário. Julgue de maneira 
fundamentada a questão. (CESPE) 
 
Visão sociológica da constituição (Ferdinand Lassalle): 
Este ponto de vista privilegia os fatores sócio-político-econômicos que envolvem 
a constituição. A exegese(interpretação) das Normas Constitucionais não pode ser 
realizada de forma separada, mas sim analisada em conjunto como os elementos 
fornecidos pela sociedade. A visão sociológica define a constituição como uma 
decorrência dos fatores sociais, concebendo os mandamentos constitucionais como um 
complemento da realidade fática, sem nenhuma autonomia. A Carta Magna (a 
Constituição) não teria a sua origem numa norma hipotética fundamental, como afirma 
a visão jurídica de Kelsen, mas sim nos fatos marcantes produzidos pela população, 
capazes de remodelar a estrutura jurídica. 
A visão sociológica da Constituição foi definida por Ferdinand Lassalle, 
interpretando a Carta Magna (Constituição) como o reflexo da soma dos fatores reais de 
poder. O que se destaca nessa análise sociológica é o papel desempenhado pela eficácia 
normativa, a qual ficaria condicionada à um elemento exterior à esfera jurídica. Para a 
Constituição produzir os seus efeitos, as normas deveriam se adequar aos fatores reais 
de poder, isto é, as forças políticas dominantes, como os banqueiros, empresários etc. Se 
as normas não se reunissem com os núcleos de poder vigentes, então os mandamentos 
constitucionais se tornariam uma simples “folha de papel”, uma peça jurídica sem valor, 
destituída de qualquer força normativa. 
Segundo Lassalle, uma Constituição deve ser formulada em sincronia com os 
interesses das forças sociais que imperam na sociedade. Somente as classes dominantes 
têm condições de tornar as normas constitucionais efetivas(produtoras de efeito), 
realizando aquilo que Konrad Hesse chama de força normativa da constituição. 
Se uma Constituição não estiver em sincronia com os interesses dominantes, então 
as elites sociais podem transformá-la numa folha de papel, sem importância alguma, 
retirando qualquer possibilidade de concretude normativa. Havendo uma modificação 
nas classes dominantes, então também deve haver uma alteração na Lei Maior 
(Constituição); caso contrário, a Constituição não valerá nada. Sempre que tiver um 
antagonismo entre a norma e o fato social, segundo a Teoria Sociológica de Lassalle, 
então o fato social deve prevalecer sobre a norma. 
 
Visão Jurídica da Constituição (Hans Kelsen) 
Vislumbra-se como “diretor” desta tese o jurista austríaco Hans Kelsen. Segundo 
Kelsen, o direito se resume à norma pura. Kelsen tomou essa atitude para purificar o 
direito da intervenção das demais ciências humanas, como a sociologia, a economia e a 
filosofia. Segundo Kelsen, o jurista deve olhar o fenômeno jurídico apenas sob o ponto 
de vista jurídico, cabendo as outras análises às demais ciências humanas. Apesar disso, 
como adverte MacCormick e Weinberger, o positivismo jurídico não assume qualquer 
critério de validade para o fenômeno jurídico independente do interesse da população e 
de suas instituições. 
Para realizar essa purificação, Kelsen realizou um corte metodológico (método = 
o caminho para se chegar a um objetivo) e um corte axiológico (de valor). Esse corte 
axiológico significa a análise do fenômeno jurídico sem recorrer aos recursos 
ideológicos, analisando o objeto (o conteúdo) do Direito de forma neutra(imparcial), 
ausente de qualquer tipo de valoração ou interesse no resultado. Já o corte metodológico 
apresenta que o direito apenas pode ser estudado por métodos jurídicos, afastando-se 
dos recursos metodológicos empregados pelas outras ciências, reduzindo-se o objeto de 
estudo à norma jurídica. 
Segundo Kelsen, não caberia analisar a Constituição como uma decisão política 
ou como um reflexo das classes sociais dominantes. Essas hipóteses seriam 
questionamentos pré-jurídicos, fora do espaço para os operadores do direito. A força das 
normas jurídicas seria independente das forças sociais e, se houvesse um antagonismo 
entre elas (as normas jurídicas), a intensidade normativa prevaleceria sobre a realidade 
fática. 
Ausente qualquer elemento de valor das normas, o seu intérprete deveria analisá-
las de forma neutra, cabendo-lhe aplicar o teor literal das cominações (imposições de 
Pena). Para chegar a essa conclusão, Kelsen se auxilia de um corte axiológico, no qual 
as interferências valorativas (axiológicas) da norma são evitadas. 
O alicerce do ordenamento jurídico mora na norma hipotética fundamental - a 
grundnorm - cabendo a ela validar as demais normas do ordenamento jurídico. A 
grundnorm valida a Constituição e esta (a Constituição) valida as outras normas, 
formando-se um sistema hierarquizado em que a norma inferior é validada pela norma 
superior. Por isso, a validade, alicerce das normas jurídicas, reside na compatibilidade 
vertical e não numa explicação filosófica ou sociológica, como querem alguns, dentre 
outros, Max Weber. Uma norma inferior, para ter validade, necessita estar de acordo 
com a norma superior, sendo proferida (pronunciada) pelo órgão estatal competente e 
enquadrada dentro do ordenamento jurídico. 
Kelsen concebe a Constituição de um ponto de vista lógico-jurídico e jurídico-
positivo. O ponto de vista lógico-jurídico define a Constituição como uma Norma 
Hipotética Fundamental, tomada como ponto fundador do Ordenamento Jurídico, cuja 
finalidade é validar o restante do ordenamento. O ponto de vista jurídico-positivo define 
a Constituição como o conjunto de normas dotadas de supra-legalidade, a qual tem a 
finalidade de regular a criação de outras normas, exercendo uma função normo-
genética, regulamentando o procedimento de nascimento das leis infra-constitucionais. 
 
A Supremacia da Constituição Federal de 1988 
A Constituição é a lei fundamental e suprema do Estado Brasileiro. A Constituição é o 
fundamento de validade último de todas as normas jurídicas, por conferir os poderes 
governamentais e impor os seus limites. Consequentemente, qualquer norma do 
Ordenamento Jurídico somente será válida se estiver em conformidade com as normas 
constitucionais – seja sob o aspecto formal, seja sob o aspecto material – , pois toda 
autoridade encontra o seu fundamento na Constituição Federal. 
O sistema jurídico pátrio pode ser representado por uma pirâmide imaginária composta, 
basicamente, por 3 níveis hierárquicos. No topo, encontram-se as normas 
constitucionais originárias (derivadas do Poder Constituinte), assim como aquelas 
normas elaboradas pelo poder derivado reformador (Artigo 59, I da CF 88: Emendas à 
Constituição). 
No escalão intermediário estão os atos normativos primários, os quais encontram na 
própria Constituição o seu fundamento imediato de validade. São esses atos normativos 
primários: as leis em sentido estrito (Leis Federais, Leis Estaduais, Leis Distritais e Leis 
Municipais; Leis Ordinárias e Leis Complementares), as Medidas Provisórias, as Leis 
Delegadas, os Decretos Legislativos e as Resoluções da Câmara, do Senado e do 
Congresso Nacional (Artigo 59 da Constituição Federal de 1988, incisos II a VII). 
A base desta pirâmide é formada pelos decretos regulamentares,que encontram o seu 
fundamento direto de validade nas leis, às quais estão materialmente subordinados. 
 
O topo do Poder Judiciário, personificado no Supremo Tribunal Federal cujo papel é de 
grande guardião da Constituição Federal, atua de forma repressiva a qualquer norma 
infraconstitucional cujo conteúdo seja incompatível com o conteúdo da norma 
constitucional. 
 
2) A Constituição de 1988 desenhou em seu texto um Estado de bem-estar 
social, consagrando princípios próprios do modelo liberal clássico de forma 
conjugada com outros, típicos do modelo socialista. Esse pluralismo 
principiológico se faz sentir ao longo de todo o texto constitucional, 
especialmente no art. 170, CRFB, que adota a livre iniciativa como 
princípio da ordem econômica, sem desprezar, no entanto, o papel do 
Estado na regulação do mercado. Considerando tal constatação, responda: 
a) Como o pluralismo principiológico pode favorecer a estabilidade da 
CRFB/88? 
Artigo 170: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim(objetivo) assegurar a todos uma existência digna, de acordo com 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
I – a soberania nacional; 
II – a propriedade privada; 
III – a função social da propriedade; 
IV – a livre concorrência; 
V – a defesa do consumidor; 
VI – a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o 
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e 
prestação; 
VII – redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII – busca do pleno emprego; 
IX – tratamento favorecimento para as empresas de pequeno porte constituídas sob as 
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
Parágrafo único: É assegurado a todos o seu exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos publicos, salvo(exceto) nos casos previstos 
em lei. 
Essa mistura de correntes ideológicas é capaz de proporcionar ao Estado Democrático 
de Direito em que se baseia a Constituição Federal o equilíbrio necessário a partir de 
diversos aspectos políticos: 
I) aspectos liberais: 
- a livre concorrência: imprescindível para a competição e o desenvolvimento 
econômico da sociedade. A lei de oferta e a lei de procura – as quais estabelecem o 
equilíbrio entre a produção, a distribuição e o consumo de bens numa sociedade. A 
Constituição deve evitar ao máximo o monopólio econômico de uma empresa o qual 
emperra o valor espontâneo dos produtos. Porém, é óbvio que ainda existem 
monopólios como, por exemplo, nos setores de energia, água e correspondência. 
É necessário a livre competição, distribuindo melhor e barateando mais o valor dos 
produtos. Atualmente, o grande problema é a formação de cartéis, que são entendidos 
como associações de empresas da mesma área, que procuram nivelar o preço dos 
produtos e impedir a livre concorrência. Por outro lado, existem os trustes, que são 
conglomerados que dominam amplos mercados e quase exercem monopólio sobre os 
mesmos, inclusive podendo estabelecer o preço que quiser. Por fim, passou a ser 
corrente, desde os fins do século XX, que empresas concorrentes sejam absorvidas por 
outras, as chamadas fusões. Todos esses movimento resultam em lesão ao mercado. 
 
- a defesa da propriedade privada: O Estado tem a função de garantir a segurança dos 
indivíduos e de seus Direitos Naturais, como a liberdade e propriedade privada. Ambos 
Direitos Naturais são essenciais à prosperidade do homem à medida em o ato de ter 
posses faz com que o indivíduo queira cada vez mais investir e melhorar a sua qualidade 
de vida e, consequentemente, ajude a melhorar a dos demais. 
Entendida como um direito essencial, a propriedade privada decorreu de uma 
reivindicação do liberalismo, fundamentada no pensamento do filósofo John Locke, 
contra os abusos do Estado Absoluto defendido por Thomas Hobbes. O conceito de 
propriedade privada surge com fim do conceito de propriedade da Idade Média, em que 
o servo da gleba pertencia à terra em que lavrava, de maneira que isto gerava uma nova 
situação, em que o servo também tinha o direito de cultivar aquela terra. Com a 
formação dos cercamentos, em que se expulsou o homem inglês do campo para as 
cidades, com o objetivo de se criar ovelhas, para fornecer lãs aos teares londrinos, a 
afirmação de uma propriedade ampla e absoluta sobre determinado bem, ao ponto de se 
dar o direito de usar, gozar, fruir e dispor, foi a suprema maneira de afirmar a ideia de 
uma propriedade total. 
Dentro dos termos clássicos e liberais, no artigo 1.229 do Código Civil, a propriedade 
privada é disposta como a “faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de 
revê-la do poder de quem quer que seja injustamente a possua ou detenha”. A 
propriedade de solo compreende as propriedades do espaço aéreo e subsolo 
correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o 
proprietário opor-se às atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou 
profundidades tais, que não tenham ele interesse legítimo em impedi-las. Por outro lado, 
a propriedade presume-se plena e exclusiva, até que se prove o contrário, no seu artigo 
1.231. 
 
II) aspectos socialista: 
- função social da propriedade privada: partindo do fundamento marxista de que a 
propriedade privada é o principal instrumento para o implemento das desigualdades 
sociais, a função social da propriedade privada tem por meta (pelo menos teoricamente) 
a distribuição igualitária e justa dos bens à camadas menos favorecidas da sociedade, 
seja a partir dos impostos (baseados no princípio da solidariedade), seja a partir da 
expropriação de latifúndios para favorecer a reforma agrária. 
No Código Civil de 2002, dispõe o 1º do artigo 1.228 que o direito de propriedade deve 
ser exercido de acordo com as suas finalidades econômicas e sociais e de maneira que 
sejam preservadas, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, 
as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, assim 
como evitada a poluição do ar e das águas. 
 
- redução das desigualdades regionais e sociais: 
Baseado no conceito marxista da Mais Valia, a ideologia marxista tenta solucionar os 
embates entre a classe dominante – a burguesia – e a classe dominada – proletariado. A 
Mais Valia consiste exploração imposta pela burguesia ao proletariado: a força de 
trabalho dos operários é o único valor de uso capaz de multiplicar o valor. Ao vender 
sua força de trabalho ao burguês, em troca de um salário, A força operária se torna um 
valor de troca como qualquer outra mercadoria: “o valor da força de trabalho é 
determinado pela quantidade de trabalho necessária à sua produção”. Entretanto, o 
burguês prolonga ao máximo a duração do trabalho do operário. Este sobre-trabalho cria 
um sobre-produto, uma Mais-Valia a qual não é paga ao operário, que lhe é subtraída e 
marca a sua exploração. 
Uma economia capitalista não se efetua a partir da igualdade social, mas sim através da 
concorrência e do lucro, por isso as possibilidades de desigualdades socioeconômicas 
são tão explícitas em alguns países, sobretudo no caso de países não-desenvolvidos 
como é o caso do Brasil. O governo, através de normas programáticas, tributos e 
programas sociais deve promover uma compensação às regiões menos favorecidos 
(como por exemplo, o Norte e o Nordeste do país). 
Por diversos fatores, um país não se desenvolve de forma harmônica, havendo centros 
dinâmicos de muita riqueza, ao lado de locais periféricos de muita pobreza. O modelo 
procuraconcentrar renda em um determinado local, como forma de aumentar os 
investimentos, entretanto, a médio prazo, não gera prosperidade ao país como um todo, 
pois cria regiões de baixo nível econômico e comprometedor de metas de expansão 
econômica. É essencial que o desenvolvimento de um país ocorra de forma homogênea 
e ordenada, podendo se espalhar por todas as regiões. Através de uma políticas de 
subsídios (recursos públicos financeiros) como uma maneira de permitir que exista um 
estímulo especial para a implantação das atividades econômicas em certos lugares, mais 
carentes. 
 
 
III) aspectos sociais-democrata: 
– busca do pleno emprego: 
A questão do desemprego é preocupante, inclusive para os capitalistas, na medida em 
que excluir do mercado consumidor a população que foi afetada pelo fenômeno da falta 
de emprego. Baseado no pensamento do economista inglês John Maynard Keynes, o 
Estado de Bem Estar Social diz que: “Caso os indivíduos não queiram consumir os 
bens, então faz-se necessário a intervenção do Estado. Para Keynes, a tarefa de 
estabelecer o volume de investimentos não pode ser deixada com tranquilidade nas 
mãos das empresas privadas. Na Teoria geral de ocupação, lucro e moeda, Keynes 
sugere que o problema do emprego pode ser resolvido sem que seja necessário utilizar 
reformas socialistas: passar a propriedade privada à propriedade coletiva dos meios de 
produção. Para Keynes, o capitalismo deve ser apenas reformado: o Estado deve intervir 
na economia e chamar para si mesmo “determinados controles centrais” que, agora, em 
seu conjunto, são deixados à iniciativa individual. Segundo Keynes, isso não significa 
que a iniciativa privada deve ser abolida, mas sim que, diante da iniciativa privada, o 
Estado também não pode ser abolido de suas funções centrais. Para Keynes, o Estado 
deve exercer função direta sobre a tendência para o consumo, seja através do fisco 
(conjunto de órgãos da Administração Pública encarregado da arrecadação e 
fiscalização dos impostos), seja através das taxas de lucro, ou seja talvez ainda através 
de outras maneiras. 
Em contraste com a economia Liberal, Keynes evidencia que uma economia de 
mercado em situação de equilíbrio pode não estar realizando as condições definidas de 
pleno emprego. Uma situação de equilíbrio a pleno emprego é apenas uma entre tantas 
outras possibilidades que se observam na realidade econômica. Trata-se de “um caso 
especial, não de um caso geral, pois a situação que ela supõe encontra-se no limite das 
possíveis situações de equilíbrio. Nada garante que o pleno emprego se realize sempre a 
autonomamente, dada a multiplicidade e a heterogeneidade dos fatores que determinam 
cada um dos grandes componentes da demanda (procura) efetiva (permanente). As 
forças autônomas do mercado do produto e do mercado financeiro podem não ser 
suficientes para movimentar a economia na direção de um pleno emprego permanente. 
Portanto, exigem-se movimentos na economia induzidos por parte da intervenção 
estatal. A orientação das agências de fomento(desenvolvimento) econômico, portanto, 
deve ser no sentido de estimular as atividades que resultem na ampliação do mercado de 
trabalho. 
- a defesa do consumidor: 
O consumidor, em razão da sua hipossuficiência (estar em nível de desigualdade com o 
fornecedor), deve ter um tratamento mais privilegiado. O consumidor é qualquer pessoa 
física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço, como destinatário final, 
assim como a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que tenha intervindo 
nas relações de consumo. Já o fornecedor é toda pessoa física ou pessoa jurídica, 
nacional ou estrangeira, assim como entes despersonalizados (ex: condomínio e massa 
falida), que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestações 
de serviços. Deve-se entender o produto como qualquer bem, móvel ou imóvel, material 
ou imaterial, ao passo que serviço é qualquer atividade fornecida de consumo, através 
de remuneração, inclusive de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária(de 
seguros), exceto as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
O Código Civil de 2002 traz inovações significativas aproximando-se do direito do 
consumidor, dentre elas a anulação do negócio jurídico celebrado em decorrência de 
lesão ou estado de perigo. 
- a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme 
o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e 
prestação. 
O meio ambiente pode ser entendido como o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que acolhe e dirige a vida em suas 
formas, abrangendo as comunidades, os ecossistemas e a biosfera. Já a poluição é 
definida como uma modificação indesejável nas características físicas, químicas e 
biológicas no ar, solo e água, que acabam afetando contrariamente à vida humana e de 
outras espécies, as condições de vida e os recursos naturais. 
 
– tratamento favorecimento para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
 
 
b) Diante de tal característica, como a doutrina classificaria a CRFB/88? 
Devido ao equilíbrio entre os extemos liberais (de direita) e socialistas (de esquerda), 
podemos dizer que a Constituição Federal se sustenta no Estado Social Democrático de 
Direito. Portanto, a Constituição Federal de 1988 é ECLÉTICA (HETERODOXA), haja 
vista que possui DIVERSAS IDEOLOGIAS. 
3) Considere a seguinte notícia, adaptada do site do Tribunal Superior do 
Trabalho. Por maioria de votos, a Souza Cruz S.A. obteve, na SBDI-1 do 
Tribunal Superior do Trabalho, decisão que lhe permite manter 
trabalhadores no chamado “painel sensorial” de avaliação de cigarros 
(“provador de cigarros”). A maioria dos Ministros seguiu a divergência 
aberta pelo Exmo. Ministro Ives Gandra Martins Filho, no sentido de que a 
atividade, sendo lícita e regulamentada, não poderia ser proibida e 
reformou condenação que impedia a ré de contratar trabalhadores para 
esta atividade. Para o Ministério Público do Trabalho, a expressão “painel 
sensorial” é apenas um “nome fantasia” para o que, na prática, seria “uma 
brigada de provadores de tabaco”, que provam cigarros da Souza Cruz e 
dos concorrentes com a finalidade de aprimorar o produto comercialmente. 
Embora a fabricação e o consumo de cigarros sejam lícitos, trata-se de 
atividade “sabidamente nociva à espécie humana”. Ao contestar a ação civil 
pública, a Souza Cruz defendeu que a avaliação de cigarros é essencial para 
garantir a uniformidade do produto, sendo que a técnica do “painel 
sensorial” é usada internacionalmente. A proibição, imposta somente a ela e 
não às empresas concorrentes, afetaria sua posição no mercado. Destacou, 
além de outros aspectos, que a adesão ao “painel sensorial” é voluntária e 
restrita aos maiores de idade e fumantes e que a decisão recorrida violou 
diversos dispositivos e princípios constitucionais, dentre eles o da livre 
iniciativa, o da separação dos Poderes, o do livre exercício profissional e o 
do direito ao trabalho. Assim, considere que A Constituição Federal de 1988 
não veda o labor em condições de risco à saúde ou à integridade física do 
empregado, pois garante a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por 
meio de normas de saúde, higiene e segurança, bem como o pagamento de 
adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas. Esta afirmativa encontra-se correta ou errada¿ Fundamente.(TRT – 4ª Região – adaptada) 
Correta. Artigo 5º, inciso XIII: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Portanto, 
estando dentro da Legalidade, o trabalho de provador de cigarro é permitido desde 
que esteja de acordo com as normas de saúde, higiene e segurança, assim como o 
pagamento de adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas. Da mesma forma que temos profissões arriscadas como, por exemplo, 
garis e trabalhadores que limpam os esgotos, colocando em risco suas saúdes, 
também é permitido o experimento de tabacos, pois a produção de cigarros ainda é 
lícita. 
4) Consoante o Art. 5º, iniciso XLV, da Constituição da República Federativa 
do Brasil, “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos 
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite 
do valor do patrimônio transferido”. Com os olhos voltados à classificação 
das normas constitucionais, é correto afirmar que a interpretação desse 
comando normativo dá origem a uma norma constitucional de eficácia 
plena e aplicabilidade limitada. Julgue e fundamente. (FGV – adaptada). 
 Normas constitucionais de eficácia plena: 
Denominam-se de eficácia plena as normas que produzem efeitos sem a necessidade de 
regulamentação por parte do legislador ordinário, sendo consideradas auto-executáveis. 
A norma será considerada plena quando preencher todos os requisitos que possibilitem 
sua produção de efeitos sem depender da regulamentação de outra norma. 
Não há impedimento para que as normas de eficácia plena sejam regulamentadas por 
dispositivo infra-constitucional, com a finalidade de esclarecer a execução do 
mandamento constitucional. O que é terminantemente proibido é que ocorra a 
diminuição da eficácia normativa. Nesse caso, o auxílio de outra norma não seria 
necessário para a produção de seus efeitos. 
Como exemplos, podemos mencionar a norma que permite a acumulação remunerada 
de dois cargos públicos, desde que exista a compatibilidade de horário (Artigo 37, XVI, 
da CF 88); as normas definidoras da competência exclusiva, privativa, comum e 
concorrentes (Artigos 21, 22, 23 e 24 da CF). 
As normas de eficácia plena se diferenciam da eficácia absoluta porque as normas de 
eficácia plena são passíveis de sofrer modificações pelo processo de emenda. 
Em nenhum momento foi intenção do legislador constituinte disciplinar de forma 
exauriente (esgotante) as matérias dispostas na Constituição Federal de 1988. A 
regulamentação de muitos dispositivos (artigos, parágrafos, incisos, alineas, itens) 
constitucionais foi remetida (enviada) para o legislador ordinário para que ele pudesse 
atender da melhor forma às cambiantes (alterantes) necessidades da sociedade. Contudo, 
há normas na constituição que têm eficácia imediata, que não necessitam ser 
regulamentadas para começarem a produzir efeitos. Geralmente, elas explicitam 
condutas positivas ou negativas para os cidadãos, mas também podem designar 
(expressar) competências, conferir uma imunidade, indicar um processo especial etc. 
As normas constitucionais de eficácia plena produzem diferentes níveis de eficácia, não 
existindo uma mensuração(quantificação) comum. O teor de concretização normativa 
dependerá de circunstâncias jurídicas e extra-jurídicas. 
As normas de eficácia plena são as que: 
- contenham vedações ou proibições; 
- Confiram inserções (introduções), imunidades e prerrogativas (privilégios); 
- Não designem órgãos ou autoridades especiais a que incubam (encarreguem) 
especificamente a sua execução; 
- Não indiquem processuais especiais para a sua execução; 
- Não exijam a elaboração de novas normas legislativas que lhes completem o alcance e 
o sentido, ou lhes fixem o conteúdo, porque já se apresentam suficientemente explícitas 
na definição dos interesses regulados. 
 
 Normas constitucionais de eficácia limitada: 
A norma de eficácia limitada é aquela cuja previsão na constituição não é suficiente 
para a plena deflagração(provocação) de seus efeitos, para o que se faz necessário a 
elaboração de uma legislação ordinária que a complemente. Com a sua previsão na 
Constituição Federal de 1988, a norma de eficácia limitada é detentora de uma eficácia 
mínima: a norma de eficácia limitada revoga (mata) as normas anteriores e torna 
inconstitucionais as normas posteriores com ela conflitantes. A legislação ordinária virá, 
portanto, conferir à norma de eficácia limitada as condições de plena aplicação, e não 
restringir as condições de plena aplicação (como acontece com a norma de eficácia 
contida). 
As normas de eficácia limitada são aquelas normas que apenas terão eficácia imediata 
quando forem regulamentadas. A forma como foram dispostas na Constituição não 
permite que elas produzam efeitos imediatos, tendo de esperar pelo surgimento de uma 
norma que as regulamente. Todavia, possuem eficácia mediata, negativa, ou seja, 
nenhuma norma infra-constitucional poderá afrontar o seu conteúdo. 
As normas de eficácia limitada se dividem em normas programáticas e normas de 
princípio institutivo. 
Um exemplo de norma programática é o imposto sobre as grandes fortunas, que apenas 
entrará no ordenamento jurídico quando uma lei complementar determinar a sua 
hipótese de incidência, alíquota, sujeito passivo etc. Esse tipo de norma funciona como 
uma norma de eficácia diferida (adiada), ficando a sua aplicabilidade condicionada à 
entrada em vigor de outra norma. 
Como exemplo de norma de princípio institutivo pode-se mencionar a disposição 
Constitucional que prevê que a lei disporá sobre a criação, a estruturação e as 
atribuições do Ministério (Artigos 87 e 88 da CF). 
 
Portanto o artigo diz: 
“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. 
A norma de eficácia limitada é aquela cuja previsão na constituição não é suficiente 
para a plena deflagração(provocação) de seus efeitos, para o que se faz necessário a 
elaboração de uma legislação ordinária que a complemente. O artigo remete a eficácia 
da norma a duas Leis Ordinárias – o Código Penal e o Código Civil. 
O dispositivo acima foi tratado desde a Constituição Imperial de 1824. O inciso implica 
em que haja a transmissão de pena para os familiares do agente criminoso e, também, 
que a pena extingue-se com a morte deste. Apesar disso, o inciso permite que o 
patrimônio do criminoso de cujus (do morto) responda por seus atos, sendo medida em 
que se procura inibir a criminalidade e, ao mesmo tempo, proteger as vítimas. O Código 
Penal, Decreto-Lei 2.848, de 1940, trata da matéria nos artigos 32 e seguintes. 
5) Determinado Prefeito Municipal tinha a intenção de encaminhar projeto de 
lei à Câmara dos Vereadores disciplinando a concessão de direitos sociais a 
certa camada da população. No entanto, tinha dúvidas a respeito da 
compatibilidade dessa iniciativa com a ordem constitucional, mais 
especificamente com o princípio da igualdade, consagrado no Art. 5º, caput, 
da Constituição da República Federativa do Brasil. Em seu entender, a 
igualdade exigiria que os direitos sociais fossem igualitariamente oferecidos 
a todos, independentemente de suas características pessoais. Para sanar 
suas dúvidas, solicitou o pronunciamento da Procuradoria do Município, 
que exarou alentado parecer a respeito dessa temática. À luz da presente 
narrativa,o conceito de igualdade, tal qual consagrado na Constituição, não 
se projeta sobre as políticas públicas a cargo do Poder Executivo. Julgue se 
correta ou errada e fundamente. (FGV – adaptada) Parte superior do 
formulário 
Errado. As ações afirmativas colocam à margem a igualdade formal em benefício da 
construção da igualdade material, sendo incorreto afirmar que sempre serão 
incompatíveis com a Constituição. 
O constituinte tratou de proteger certos grupos mais pobres que, a seu entender, 
mereceriam tratamento diferenciado. Focalizando-os a partir de uma realidade histórica 
de marginalização social ou de hipossuficiência decorrente de outros fatores, o 
constituinte cuidou de estabelecer medidas de compensação, buscando concretizar, ao 
menos em parte, uma igualdade de oportunidades com os demais indivíduos, que não 
sofreram as mesmas espécies de restrições. 
 
Igualdade Formal. 
A igualdade formal é aquela que não estabelece distinção alguma entre as pessoas. No 
entanto, a falta de distinção pode gerar desigualdades ao invés de igualdade. 
Por exemplo: nos concursos para ingresso nas carreiras policiais, existem testes físicos 
e, dentre eles, a prova de barra fixa. 
Nesta situação, imagine que, para obtenção de aprovação na referida prova física, fosse 
exigida dos candidatos dos sexos masculino e feminino a realização de no mínimo 5 
repetições de barra. 
Vemos facilmente que estaríamos diante de uma injustiça, já que as mulheres têm 
estrutura muscular menos robusta que a dos homens. 
Logo, as provas físicas não podem tratar homens e mulheres de maneira igual na 
realização de testes físicos, pois nesta hipótese não há igualdade entre os candidatos dos 
dois sexos (pois são biologicamente diferentes). 
Por isso, nos concursos públicos que têm como requisitos a capacidade física devem 
respeitar o Princípio da Igualdade Material, que será visto no tópico seguinte. 
 
Igualdade Material. 
Por outro lado, temos a igualdade material, também chamada de igualdade substancial 
ou aristotélica. 
Aproximadamente no ano 300 antes de Cristo, o filósofo Aristóteles proferiu a seguinte 
frase: 
“Devemos tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na medida de suas 
desigualdades”. 
Pois bem, esse é o atual conceito jurídico de Igualdade Material. 
Podemos citar vários exemplos de tratamento jurídico diferenciado dado a certos grupos 
de pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade: 
Lei Maria da Penha, que protege a mulher no contexto familiar. 
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que protege os menores de idade. 
Estatuto do Idoso, que protege os direitos da pessoa idosa. 
Código de Defesa do Consumidor. 
Reserva de vagas para portadores de necessidades especiais em concursos públicos. 
Aposentadoria diferenciada para militares e para mulheres 
 
 
6) Gevásio, estudante de Direito, realizou amplas pesquisas a respeito dos 
requisitos de fruição e dos beneficiários dos direitos e garantias 
fundamentais, isso com o objetivo de passar o seu conhecimento aos 
moradores da localidade em que reside. À luz da teoria dos direitos 
fundamentais e da sistemática da Constituição da República Federativa do 
Brasil, é correto afirmar que nenhum direito previsto na Constituição pode 
ser exercido sem que a lei o regulamente. Julgue e fundamente. (FGV ? 
adaptada) 
Errada. 
Não se trata de uma norma de eficácia limitada. 
A norma de eficácia limitada é aquela cuja previsão na constituição não é suficiente 
para a plena deflagração (provocação) de seus efeitos, para o que se faz necessário a 
elaboração de uma legislação ordinária que a complemente. Com a sua previsão na 
Constituição Federal de 1988, a norma de eficácia limitada é detentora de uma eficácia 
mínima: a norma de eficácia limitada revoga (mata) as normas anteriores e torna 
inconstitucionais as normas posteriores com ela conflitantes. A legislação ordinária virá, 
portanto, conferir à norma de eficácia limitada as condições de plena aplicação, e não 
restringir (delimitar) as condições de plena aplicação (como acontece com a norma de 
eficácia contida). 
As normas de eficácia limitada são aquelas normas que apenas terão eficácia imediata 
quando forem regulamentadas. A forma como foram dispostas na constituição não 
permite que elas produzam efeitos imediatos, tendo de esperar pelo surgimento de uma 
norma que as regulamente. Todavia, possuem eficácia mediata, negativa, ou seja, 
nenhuma norma infra-constitucional poderá afrontar o seu conteúdo. 
As normas de eficácia limitada se dividem em normas programáticas e normas de 
princípio institutivo. 
Um exemplo de norma programática é o imposto sobre as grandes fortunas, que apenas 
entrará no ordenamento jurídico quando uma lei complementar determinar a sua 
hipótese de incidência, alíquota, sujeito passivo etc. Esse tipo de norma funciona como 
uma norma de eficácia diferida (adiada), ficando a sua aplicabilidade condicionada à 
entrada em vigor de outra norma. 
Como exemplo de norma de princípio institutivo pode-se mencionar a disposição 
constitucional que prevê que a lei disporá sobre a criação, a estruturação e as atribuições 
do ministério (artigos 87 e 88 da CF). 
 
Normas Constitucionais de Eficácia Plena: e aplicabilidade direta, imediata e integral 
são aquelas que, no momento em que a Constituição entra em vigor, estão aptas a 
produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa 
infraconstitucional. 
Normas Constitucionais de Eficácia Contida: ou prospectiva têm aplicabilidade 
direta e imediata, mas possivelmente não integral. Embora tenham condições de, 
quando da promulgação da nova Constituição, produzir todos os seus efeitos, poderão 
sofrer uma redução de sua abrangência por uma norma infraconstitucional. 
Ex: A lei que restringe a profissão de advogado ao curso de Direito e à aprovação na 
OAB. 
 
Normas Constitucionais de Eficácia Limitada: são aquelas que, de imediato, não têm 
o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de uma lei integrativa 
infraconstitucional. São, portanto, de aplicabilidade mediata e reduzida, ou, segundo 
alguns autores, aplicabilidade diferida. 
 
7) Ednaldo soube por um amigo que determinada empresa pública estadual 
mantinha em seu poder diversas informações, relativas à sua pessoa, que 
seriam incorretas. Ato contínuo procurou um advogado e solicitou 
esclarecimentos de como deveria proceder para retificar os dados 
incorretos. À luz da sistemática constitucional brasileira Ednaldo deve 
impetrar(pedir em juízo) um habeas data, que independe da formulação de 
prévio requerimento de retificação na esfera administrativa. Julgue 
fundamentadamente. 
A norma constitucional não estabelece nenhuma restrição(limitação) ao cidadão para 
fins de impetração de habeas data. Todavia, o poder judiciário tem interpretado que é 
necessário a postulação sob a via administrativa como requisito para a impetração de 
habeas data, via constitucional. 
O habeas data tem o objetivo de defender o direito à informação. Porém, apenas 
aquelas informações relativas à pessoa do impetrante podem ser conhecidas, pois é uma 
prerrogativa(privilégio) inerente a um direito personalíssimo, intransferível, que impede 
a quebra da privacidade alheia. 
São passíveis de habeas data as instituições públicas, da administração direta e 
indireta, e as instituições de caráter público mesmo de natureza privada, como as 
instituições de proteção ao crédito bancário. Entidades privadas que tenham registros de 
dados, obtidos de forma lícita, sem ferir a privacidade dos cidadãos, para sua utilização 
exclusiva, não podem ser passíveis de habeas data. O Supremo TribunalFederal negou 
habeas data impetrado por um ex-empregado do Banco do Brasil para a obtenção de 
sua ficha funcional. O STF considerou que o Banco do Brasil não tem legitimidade 
passiva ad causam para responder ao pedido porque não é uma entidade governamental, 
nem o registro se enquadra no conceito de registro de caráter público, normalmente 
porque a ficha funcional não pode ser utilizado por terceiros. 
O habeas data é um remédio constitucional que tem por objeto(conteúdo) 
proteger a esfera íntima dos indivíduos contra: 
- o habeas data é um remédio constitucional que tem por objeto(conteúdo) proteger a 
esfera íntima dos indivíduos contra os usos abusivos de registros de dados pessoais 
coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos; 
- o habeas data é um remédio constitucional que tem por objeto(conteúdo) proteger a 
esfera íntima dos indivíduos contra introdução nesses registros de dados sensíveis 
(assim chamados os dados de origem racial, opinião pública, filosófica ou religiosa, 
filiação partidária e sindical, orientação sexual etc.); 
- o habeas data é um remédio constitucional que tem por objeto(conteúdo) proteger a 
esfera íntima dos indivíduos contra conservação de dados falsos ou com fins diversos 
dos autorizados em lei. 
Com relação aos dados inerentes à privacidade, o armazenamento de informações 
somente não mostrará ilícito quando for imprescindível(indispensável) para a realização 
da finalidade para a qual o órgão foi criado e desde que não possam ser criados 
estorvos(obstáculos) em razão dos posicionamentos político-filosófico-religiosos dos 
cidadãos. Dados obtidos de forma ilícita ou que afrontam os direitos de privacidade 
devem ser suprimidos(anulados) dos registros de caráter público. 
Como condição para a impetração do habeas data, existe a necessidade de se provar a 
negação da informação pretendida por via administrativa. Um mesmo habeas data pode 
ter as seguintes funções: de conhecimento e de retificação. No momento de sua 
impetração, obrigatoriamente, o habeas data é de conhecimento, com o 
escopo(objetivo) de fornecer informações particulares ao cidadão. Dependendo do seu 
conteúdo(objeto), o habeas data pode se tornar retificador. Dessa maneira, numa mesma 
ação, se for verificado que existem informações que não correspondam à realidade ou 
versem(examinem) sobre os dados sensíveis, poderá ocorrer a retificação da ação em 
processo sigiloso, na esfera judicial ou na esfera administrativa. 
Portanto, um habeas data, que tem como objetivo imediato a defesa da liberdade de 
informação, pode passar a ter como objetivo mediato a retificação dessas mesmas 
informações. A retificação atinge somente aqueles dados considerados 
inexatos(imprecisos), seja realizando correção, seja atualizando o seu conteúdo, seja 
suprimindo(anulando) o dado inverídico ou que verse sobre objeto sensível, como a 
preferência sexual. 
Uma terceira finalidade foi acrescentada pela lei 9507 de 1997. O habeas data poderá 
determinar a anotação nos assentamentos do interessado com a explicação acerca de um 
dado verdadeiro. A motivação dessa finalidade do habeas data foi possibilitar maiores 
informações sobre determinados dados para impedir constrangimentos que poderiam ser 
ocasionados pelo descobrimento dessas informações sem os motivos que as 
ensejaram(deram oportunidade). 
O habeas data e o habeas corpus não requerem pagamento de custas judiciais. 
 
8) João desejava obter conhecimento de informações relativas à sua pessoa, 
consistentes em notas (não certidão) acerca de sua escala de trabalho de 
finais de semana e feriados dos últimos 5 anos, constantes de registros ou 
bancos de dados da autarquia municipal Transalvador - Superintendência 
de Trânsito e Transporte de Salvador. Assim sendo, protocolou 
requerimento que, contudo, foi indeferido pelo gerente da autarquia. No 
caso em tela, em tema de direitos e garantias fundamentais em favor de 
João, o Art. 5º, da Constituição da República prevê a impetração do habeas 
corpus. Julgue e fundamente. 
O remédio necessário é o habeas data. 
Habeas data (art. 5º, LXXII, da CF): visando assegurar o conhecimento, retificação ou 
contestação de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou 
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. 
 
9) Maria, desconfiada de que seu esposo Antônio a estava traindo, resolveu 
grampear o celular de seu cônjuge, com fito de interceptar suas 
comunicações telefônicas, gravando inclusive. Dessa forma, Maria 
conseguiu comprovar a traição, inclusive, uma ardente conversa de amor 
entre Antônio e sua amante. Sob o prisma das garantias fundamentais 
previstas no Art. 5º da Constituição da República de 1988, a conduta de 
Maria ao proceder diretamente à interceptação telefônica está errada, pois 
as comunicações telefônicas são invioláveis, salvo, por ordem 
administrativa, legislativa ou judicial, para fins de instrução processual. 
Diga se correta ou errada e fundamente. (FGV – adaptada) 
Errado: “ ... exceto, em último caso, através de uma ordem judicial, nas hipóteses e na 
forma que a lei estabelecer para essas finalidades de investigação criminal ou instrução 
processual penal.” 
Artigo 5º, XII – é inviolável o sigilo(segredo) de correspondências e das comunicações 
telegráficas, dos dados e das comunicações telefônicas, exceto, em último caso, através 
de uma ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para essas 
finalidades de investigação criminal ou instrução processual penal. 
 
10) Evilásio sempre trabalhou sem vínculo formal, realizando tarefas eventuais 
para pessoas naturais e pessoas jurídicas. Com o passar dos anos, os males 
do trabalho desgastante diminuíram sua capacidade de suportar longas 
jornadas, impedindo a assunção de tarefas que efetuava corriqueiramente. 
Com base nas normas constitucionais, diante da necessidade 
premente(urgente) de sobrevivência, deve o Estado ampará-lo, conferindo-
lhe remuneração, diante da proteção, como direito social à previdência. 
É preciso se atentar a uma informação muito importante na questão: ele trabalhou SEM 
VÍNCULO FORMAL. Então, só resta o direito social: assistência aos desamparados. 
Previdência nunca poderia ser, pois se não existiu vínculo formal, consequentemente 
não houve contribuição à previdência. 
 
 
 
11) A Constituição da República estabelece direitos e garantias aos servidores 
públicos da administração direta, autárquica e fundacional, estendendo-lhes, 
ainda, alguns daqueles direitos aplicáveis aos trabalhadores da iniciativa 
privada, previstos no Art. 7° da Constituição. As alternativas a seguir 
apresentam direitos sociais trabalhistas conferidos aos servidores públicos, à 
exceção da irredutibilidade do salário. Julgue e fundamente. (FGV – 
adaptada). 
 
Direitos da CLT que NÃO são previstos aos servidores públicos: 
 Seguro desemprego 
 FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) 
 Relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa. 
 Piso salário proporcional à extensão e à complexidade do trabalho > previsto em 
seus próprios estatutos 
 Participação nos lucros, desvinculada da remuneração. 
 Jornada de 6 horas para turnos ininterruptos(contínuos, sem parar). 
 Adicional de remuneração as atividades penosas, insalubres e perigosas 
 Ação quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho. 
 Proibição de qualquer discriminação no tocante ao salário e critério de admissão 
do trabalhador portador de deficiência. 
 Proibição de distinção entre trabalho manual técnico e intelectual. 
 Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício eo 
trabalhador avulso. 
 
Direitos da CLT que são previstos aos servidores públicos: 
 
Salário mínimo 
 Irredutibilidade do salário 
 Décimo Terceiro Salário 
 Adicional noturno 
 Jornada limite 
 Repouso semanal 
 Horas extras 
 Férias 
 Licença maternidade e paternidade 
 Proteção à mulher 
 Redução de risco 
 Proibição de diferença de salários 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12) Os amigos Ednaldo e José Carlos travaram intensa discussão a respeito de 
sua relação com a República Federativa do Brasil. Ednaldo, com 35 anos de 
idade, nascera na Áustria e era filho de pai brasileiro e mãe austríaca, os 
quais trabalhavam em uma organização civil protetora dos animais. 
Ednaldo nunca residiu em território brasileiro. José Carlos, 21 anos de 
idade, filho de pais austríacos, por sua vez, nasceu no Brasil na época em 
que os seus pais trabalhavam na embaixada austríaca, tendo em seguida 
viajado para a Áustria, de onde nunca mais saiu. À luz da sistemática 
constitucional e da análise das informações fornecidas na narrativa acima, é 
correto afirmar, a respeito dos dois amigos, que Ednaldo será brasileiro 
nato caso venha a residir no Brasil. Julgue e fundamente. (FGV – adaptada) 
Errado: Só residir no Brasil não basta: é preciso que Ednaldo ESCOLHA ser 
BRASILEIRO apenas a partir dos 18 anos de idade. 
Vamos para a norma: 
Artigo 12: São brasileiros natos: 
c) Os nascidos no estrangeiro (no caso Ednaldo nasceu na Áustria), filhos de 
pai OU mãe (fique esperto para a DISJUNÇÃO -> OU (Não é E); se o pai 
OU a mãe forem brasileiro, então o filho poderá ser brasileiro NATO no 
FUTURO), desde que esses filhos sejam REGISTRADOS em 
REPARTIÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA COMPETENTE ou então esses 
filhos venham a RESIDIR na República Federativa Brasileira, em qualquer 
tempo, DEPOIS de atingida a MAIORIDADE (18 ANOS), por terem 
NACIONALIDADE BRASILEIRA. 
 
Ednaldo → atualmente é estrangeiro, mas com possibilidade de tornar-se Brasileiro 
NATO, pois seus pai é brasileiro e cumpria uma MISSÃO no Exterior. 
 
Artigo 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
 
José Carlos → Embora Nascido no Brasil, ele é estrangeiro, visto que seu pai estava a 
serviço da embaixada da Áustria (Art. 12, I, "a"). 
A única coisa que Zé Carlos consegue é ser NATURALIZADO, haja vista que seus pais 
são AUSTRÍACOS e estavam a serviço da Áustria. 
Por que Zé Carlos não pode ser considerado brasileiro nato? Porque seus pais são 
estrangeiros e quando estiveram no Brasil estavam a serviço de seu país. O caso bate de 
frente com inciso I do art. 12 da CF/88 que afirma serem brasileiros natos "os nascidos 
na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço de seu país.". Mas Zé Carlos poderia naturalizar-se brasileiro? Sim, 
observadas as hipóteses das alíneas A ou B do inciso II do art. 12 da CF/88. Ednaldo 
poderá ser brasileiro nato, caso venha a residir no Brasil E OPTE pela nacionalidade 
brasileira. Então, Ednaldo poderá ser brasileiro nato, ainda não é! Não basta que ele 
apenas resida em solo brasileiro, ele deverá optar pela nacionalidade brasileira. 
 
 
13) Antônio, Pedro e José tinham amplas dúvidas a respeito do alcance das 
restrições que recaem sobre sua esfera jurídica, por terem sofrido, 
respectivamente, em razão do exercício anterior de funções públicas, as 
medidas de inelegibilidade, suspensão dos direitos políticos e inabilitação. 
Afinal, todos almejam ser eleitos na próxima eleição. Considerando o teor 
da sistemática constitucional, é correto afirmar que Antônio está impedido 
de participar ativa e passivamente do processo eleitoral. Julgue e justifique. 
(FGV – adaptada) 
Errado: Antônio pode continuar votando (ativamente), mas não pode ser votado 
(passivamente) 
 
14) Acerca das disposições concernentes à ordem social na Constituição, analise 
as afirmativas a seguir, é correto afirmar que os conjuntos urbanos e sítios 
de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, 
ecológico e científico, constituem patrimônio cultural brasileiro e que a 
Constituição veda(proíbe) a prática de tratamento diferenciado para o 
desporto profissional e o não- profissional. Julgue e fundamente. (FGV – 
adaptada) 
Artigo 217. É dever do Estado fomentar(desenvolver) práticas desportivas formais e 
não-formais, como direito de cada um, observados: 
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional; 
 
15) De acordo com a Constituição da República, todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras 
gerações. Nesse sentido, o texto constitucional determina que aquele que 
explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente 
degradado, de acordo com a solução técnica exigida pela sociedade 
empresária contratada para elaboração do estudo de impacto ambiental. 
Julgue e fundamente. (FGV – adaptada) 
Artigo 225 da Constituição Federal 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio 
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público 
competente, na forma da lei. 
 
16) De acordo com a Lei n° 10.098/2000 que estabelece normas gerais e critérios 
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de 
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências, 
determina que não cabe ao Poder Público implementar a formação de 
profissionais intérpretes em escrita braile, linguagem de sinais e guias-
intérpretes para facilitar a comunicação direta à pessoa com deficiência 
sensorial e com dificuldade de comunicação. Julgue e fundamente. (FCC – 
adaptada) 
 
 
 
 
Exercícios 
 
1) No que tange ao direito de nacionalidade, assinale a alternativa correta. 
 a) 
O brasileiro nato não pode perder a nacionalidade. 
Pode, desde que opte por outra nacionalidade voluntariamente. 
Art. 12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade 
nociva ao interesse nacional; 
II - adquirir outra nacionalidade 
 b) 
O filho de pais alemães que estão no Brasil a serviço de empresa privada alemã 
será brasileiro nato caso venha a nascer no Brasil. 
CORRETA 
Na alternativa a empresa é PRIVADA. Caso fosse pública o filho não seria, a princípio, 
brasileiro nato. 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde 
que estes não estejam a serviço de seu país (SERVIÇO PÚBLICO); 
 c) 
O brasileiro naturalizado pode ser extraditado pela prática de crime comum após 
a naturalização. 
Não será após, mas sim ANTES da naturalização. 
Art. 5º 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, 
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
 
 d) 
O brasileiro nato somente poderá ser extraditado no caso de envolvimento com o 
tráfico de entorpecentes. 
O Brasileiro nato não pode ser extraditado (bom para Fernandinho Beira Mar e tantos 
outros) 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, 
praticado antes da naturalização,ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
 
2) (Analista Judiciário – Área Judiciária – Ativ. Proces. - TJDFT – / CESPE-
2003) - Um casal de brasileiros reside por determinado tempo na 
Alemanha, onde o marido é jogador de um clube de futebol. Nem o marido 
nem a mulher encontram-se a serviço da República Federativa do Brasil. O 
filho do casal de brasileiros nasceu em território alemão, no dia 15 de maio 
de 2003. 
Considerando a situação hipotética acima descrita e sabendo que a Alemanha 
adota o sistema do jus sanguini como forma de aquisição da nacionalidade 
originária, assinale a opção correta. 
A) Se o filho do casal vier a residir na República Federativa do Brasil e optar, em 
qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira, adquirirá a condição de brasileiro 
nato. 
B) O filho do casal será brasileiro nato, desde que seja registrado em repartição 
consular brasileira competente na Alemanha ou que venha a residir no Brasil 
antes da maioridade e, nesse caso, opte em qualquer tempo pela nacionalidade 
brasileira. 
C) O filho do casal é considerado brasileiro nato, independentemente de qualquer 
condição, uma vez que, apesar de nascido no estrangeiro, é filho de pai e mãe 
brasileiros. 
D) Caso o filho do casal obtenha a condição de brasileiro nato, após atendidos os 
requisitos estabelecidos na legislação brasileira, não perderá jamais essa condição, 
visto que a Constituição Federal prevê expressamente que nenhum brasileiro nato 
pode perder a nacionalidade brasileira. 
E) Caso o filho do casal obtenha a condição de brasileiro naturalizado, ainda assim 
poderá ter a sua naturalização cancelada, por sentença judicial, mas somente em 
decorrência de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado 
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes. 
Letra A: OPÇÃO VERDADEIRA. Como os pais brasileiros não estão na Alemanha à 
serviço do Brasil, o caso é regulado pela alínea “c” do inciso I do art. 12 da CF/88: 
 
 
 
3) 2015 – OAB – FGV – Dois advogados, com grande experiência profissional e com a 
justa preocupação de se manterem atualizados, concluem que algumas ideias vêm 
influenciando mais profundamente a percepção dos operadores do direito a 
respeito da ordem jurídica. Um deles lembra que a Constituição brasileira vem 
funcionando como verdadeiro “filtro”, de forma a influenciar todas as normas do 
ordenamento pátrio com os seus valores. O segundo, concordando, adiciona que o 
crescente reconhecimento da natureza normativo-jurídica dos princípios pelos 
tribunais, especialmente pelo Supremo Tribunal Federal, tem aproximado as 
concepções de direito e justiça (buscada no diálogo racional) e oferecido um papel 
de maior destaque aos magistrados. 
As posições apresentadas pelos advogados mantêm relação 
com uma concepção teórico-jurídica que, no Brasil e em outros países, vem 
sendo denominada de 
A) neoconstitucionalismo. 
Correto 
B) positivismo-normativista. 
C) neopositivismo. 
D) jusnaturalismo. 
 
O jusnaturalismo é a teoria que se baseia no direito pulverizado, ou seja, fruto da razão 
prática, do que é natural na natureza dos homens. Por exemplo, o direito à vida, ainda 
que não estivesse entalhado na Constituição, não poderia ser desprezado, por ser 
inerente à natureza dos homens. Perceba que, no enunciado, fala-se em direito 
positivado, o que facilita a eliminação do quesito. 
 
Por sua vez, para o positivismo-normativista, adota-se a ideia de completude do 
sistema, de modo que o Direito não se contamina por influências externas (filosofia, 
axiologia, sociologia). Esta teoria teve em Hans Kelsen um dos grandes expoentes, 
dentro de sua retórica da Teoria Pura do Direito. Com esta breve informação, o 
candidato poderia facilmente afastar o quesito, afinal, não há uma aplicação 
transcendente dos princípios pelos Tribunais, sem um diálogo racional. 
 
Assim, o candidato ficaria entre o neopositivismo e neconstitucionalismo, que, por 
acaso, são tratados, erroneamente, como sinônimos em alguns trabalhos. 
 
Pessoal, o neopositivismo prega pelas regras positivadas, porém, em caráter mais aberto 
às interpretações. Por sua vez, o Neoconstitucionalismo defende a abertura maior, com 
maior diálogo, e sem a ideia de positivação do direito, permitindo aos operadores maior 
margem de exegese. 
Para aprofundamento do tema, resgato as lembranças teóricas do autor Pedro Lenza. 
Nas palavras de Walber de Moura Agra, “o neoconstitucionalismo tem como uma de 
suas marcas a concretização das prestações materiais prometidas pela sociedade, 
servindo como ferramenta para a implantação de um Estado Democrático Social de 
Direito. Ele pode ser considerado como um movimento caudatário do pós -modernismo. 
Dentre suas principais características podem ser mencionadas: 
 
a) positivação e concretização de um catálogo de direitos fundamentais (direito à vida, 
liberdade, honra, integridade física, propriedade); 
 
b) onipresença dos princípios e das regras (divisão das normas segundo Ronald 
Dworkin); 
 
c) inovações hermenêuticas(interpretação dos juristas); 
 
d) densificação da força normativa do Estado; 
 
e)desenvolvimento da justiça distributiva”. 
 
E continua o autor: 
 
“o seu modelo normativo não é o descritivo ou deontológico(dever ser), mas o 
axiológico(de valor). No constitucionalismo moderno a diferença entre normas 
constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau, no neoconstitucionalismo a 
diferença é também axiológica(quanto ao valor). A „Constituição como valor em si‟. O 
caráter ideológico do constitucionalismo moderno era apenas o de limitar o poder, o 
caráter ideológico do neoconstitucionalismo é o de concretizar os direitos 
fundamentais”. 
 
4) Acerca da teoria geral da Constituição Federal, assinale a opção correta. 
 a) O constitucionalismo, que pode ser conceituado como o movimento político-
social que pretende limitar o poder e estabelecer o rol de direitos e garantias 
fundamentais, está diretamente relacionado com a ideologia socialista do início da 
primeira metade do século XX. 
Constitucionalismo é como se denomina o movimento social, político e jurídico e até 
mesmo ideológico, a partir do qual emergem(surgem) as constituições nacionais. 
Portanto, não tem qualquer relação com a definição apresentada no item. 
 b) 
O poder constituinte derivado decorrente é caracterizado essencialmente pela sua 
ausência de vinculação a qualquer regra anterior, pela sua autonomia e pela sua 
incondicionalidade. 
O poder constituinte derivado decorrente é aquele que autoriza que os Estados 
(Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro etc.) tenham a sua própria constituição (estadual). 
 c) 
O poder de reforma está limitado às chamadas cláusulas pétreas, entre as quais se 
inclui a proibição de mudança do voto majoritário ou proporcional pelo voto 
distrital misto. 
As limitações de reforma são mais amplas do que os limites estabelecidos nas cláusulas 
pétreas. Há limitações de caráter procedimental(formal -> aprovação de emenda, depois 
de 2 turnos, na câmara e senado, com mais de 3/5(60%) dos membros), circunstancial e 
material. 
 d) 
O valor social do trabalho e da livre iniciativa é um dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil. 
Os fundamentos da República Federativa do Brasil estão previstos no art. 1o da CF/88. 
Mnemônico: SO CI DI VA PLU. 
I – Soberania; 
II – Cidadania; 
III – Dignidade da Pessoa Humana; 
IV – os Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa; 
V – o Pluralismo Político. 
 
João, rico comerciante, é eleito vereador do Município “X” pelo partido Alfa.Contudo, passados dez dias após sua diplomação, o partido político Pi, 
adversário de Alfa, ajuíza ação de impugnação de mandato eletivo, perante a 
Justiça Eleitoral, requerendo a anulação da diplomação de João. Alegou o 
referido partido político ter havido abuso do poder econômico por parte de 
João na eleição em que logrou ser eleito, anexando, inclusive, provas que 
considerou irrefutáveis. 
João, sentindo-se injustiçado, já que, em momento algum no decorrer da 
campanha ou mesmo após a divulgação do resultado, teve conhecimento desses 
fatos, busca aconselhamento com um advogado acerca da juridicidade do 
ajuizamento de tal ação. 
Com base no caso narrado, assinale a opção que apresenta a orientação dada 
pelo advogado. 
 
 
 
 a) 
O Partido Pi não poderia ter ingressado com a ação, pois abuso de poder 
econômico não configura fundamento que tenha o condão de viabilizar a 
impugnação de mandato eletivo conquistado pelo voto. 
Alternativa está incorreta, pois a instauração da AIME (Ação de Impugnação de 
Mandato Eletivo) tem como um dos legitimados o Partido Político e por um dos objetos 
o abuso do poder econômico. 
 b) 
O Partido Pi respeitou os requisitos impostos pela CRFB/88, tanto no que se refere 
ao fundamento (abuso do poder econômico) para o ajuizamento da ação como 
também em relação à sua tempestividade. 
Art. 14 
§ 10. O manDato eletivo poderá ser impugnado(contestado) perante a Justiça 
Eleitoral no prazo de quinze dias contados a partir da Diplomação, instruída a ação com 
provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. 
Macete : (O mandato eletivo = 15 letras = 15 dias) (manDato eletivo → contado 
da Diplomação → segreDo de justiça) 
§ 11. A ação de impugnação(contestação) de mandato tramitará em segreDo de justiça, 
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. 
 
PROVAS DA FAC: 
Fraude 
Abuso do Poder econômico 
Corrupção 
Legitimados para propor a AIME (Ação de Impugnação de Mandato Eletivo) 
LC 64/1990 ("Lei das Inelegibilidades") Art. 22. Qualquer partido político, coligação, 
candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, 
diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, 
indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso 
indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização 
indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de 
partido político,(...). 
 
 c) 
O Partido Pi, nos termos do que dispõe a CRFB/88, não poderia ter ingressado 
com a ação, pois, ocorrida a diplomação, precluso encontrava-se o direito de 
impugnar o mandato eletivo de João. 
Incorreta a alternativa, tem 15 dias, a partir da diplomação para propor a AIME(Ação de 
Impugnação do Mandato Eletivo). 
 d) 
O Partido Pi só poderia impugnar o mandato eletivo que João conquistou pelo voto 
popular em momento anterior à diplomação, sob pena de afronta ao regime 
democrático. 
Alternativa Incorreta, pois a soberania popular não pode justificar o cometimento de 
ilegalidade para sagrar-se vitorioso na eleição, sendo vedado(proibido) o abuso do poder 
econômico, a corrupção ou a fraude. 
 
 
Pedro, reconhecido advogado na área do direito público, é contratado para 
produzir um parecer sobre situação que envolve o pacto federativo entre 
Estados brasileiros. Ao estudar mais detidamente a questão, conclui que, para 
atingir seu objetivo, é necessário analisar o alcance das chamadas cláusulas 
pétreas. 
Com base na ordem constitucional brasileira vigente, assinale, dentre as opções 
abaixo, a única que expressa uma premissa correta sobre o tema e que pode ser 
usada pelo referido advogado no desenvolvimento de seu parecer. 
 a) 
As cláusulas pétreas podem ser invocadas para sustentar a existência de normas 
constitucionais superiores em face de normas constitucionais inferiores, o que 
possibilita a existência de normas constitucionais inconstitucionais. 
Não há hierarquia entre normas constitucionais (STF). 
 b) 
Norma introduzida por emenda à constituição se integra plenamente ao texto 
constitucional, não podendo, portanto, ser submetida a controle de 
constitucionalidade, ainda que sob alegação de violação à cláusula pétrea. 
Emendas Constitucionais deverão ser submetidas a controle constitucional, inclusive se 
não forem compatíveis com as cláusulas pétreas. 
 c) 
Mudanças propostas por constituinte derivado reformador estão sujeitas ao 
controle de constitucionalidade, sendo que as normas ali propostas não podem 
afrontar cláusulas pétreas estabelecidas na Constituição da República. 
 d) 
Os direitos e as garantias individuais considerados como cláusulas pétreas estão 
localizados exclusivamente nos dispositivos do Art. 5º, de modo que é 
inconstitucional atribuir essa qualidade (cláusula pétrea) a normas fundadas em 
outros dispositivos constitucionais. 
Direitos e garantias fundamentais não estão arrolados(alistados) exclusivamente no 
artigo 5º da CF/88, exemplos: Direitos Sociais (Art. 6º CF/88), Princípio da 
anterioridade tributária (Art. 150, II, "b" CF/88), etc. 
 
 
Atos generalizados de violência e vandalismo foram praticados nas capitais de 
alguns estados do país, com ações orquestradas pelo crime organizado. 
Identificados e presos alguns dos líderes desses movimentos, numerosos 
políticos, com apoio popular, propuseram a criação, pela forma juridicamente 
correta, de um juízo especial para apreciação desses fatos, em caráter 
temporário, a fim de que o julgamento dos líderes presos se revele exemplar. 
 
Ao submeterem essa ideia a um advogado constitucionalista, este afirma que, 
segundo a ordem jurídico-constitucional brasileira, a criação de tal juízo 
 
 a) 
é constitucional, pois o apoio popular tem o condão de legitimar a atuação do 
poder público, ainda que esta seja contrária ao ordenamento jurídico vigente. 
 b) 
é inconstitucional, em razão de vedação expressa da Constituição da República de 
1988 à criação de juízo ou tribunal de exceção. 
 c) 
necessita de previsão legislativa ordinária, já que a criação de juízos é competência 
do Poder Legislativo, após iniciativa do Poder Judiciário. 
 d) 
pressupõe a necessária alteração da Constituição da República de 1988, por via de 
emenda, de maneira a suprimir a vedação ali existente. 
 
14 – (FGV / XXII Exame de Ordem – 2017) A teoria dimensional dos direitos 
fundamentais examina os diferentes regimes jurídicos de proteção desses direitos 
ao longo do constitucionalismo democrático, desde as primeiras Constituições 
liberais até os dias de hoje. Nesse sentido, a teoria dimensional tem o mérito de 
mostrar o perfil de evolução da proteção jurídica dos direitos fundamentais ao 
longo dos diferentes paradigmas do Estado de Direito, notadamente do Estado 
Liberal de Direito e do Estado Democrático Social de Direito. Essa perspectiva, 
calcada nas dimensões ou gerações de direitos, não apenas projeta o caráter 
cumulativo da evolução protetiva, mas também demonstra o contexto de unidade e 
indivisibilidade do catálogo de direitos fundamentais do cidadão comum. 
A partir dos conceitos da teoria dimensional dos direitos fundamentais, assinale a 
afirmativa correta. 
a) Os direitos estatais prestacionais, ligados ao Estado Liberal de Direito, 
nasceram atrelados ao princípio da igualdade formal perante a lei, perfazendo a 
primeira dimensão de direitos. 
Letra A: errada. Os direitos prestacionais (direitos que prestam serviços à sociedade) 
estão ligados ao Estado Social de direito (Direitos de 2ª geração). Estão ligados aoEstado liberal os direitos de defesa (direitos de 1
a 
geração). 
b) A chamada reserva do possível fática, relacionada à escassez de recursos 
econômicos e financeiros do Estado, não tem nenhuma influência na efetividade 
dos direitos fundamentais de segunda dimensão do Estado Democrático Social de 
Direito. 
Letra B: errada. A cláusula da reserva do possível deve ser levada em consideração na 
tarefa de concretização dos direitos sociais. O Estado, para concretizar direitos sociais, 
depende de recursos econômicos e financeiros (ex: o Salário Mínimo). 
 
c) O conceito de direitos coletivos de terceira dimensão se relaciona aos direitos 
trans-individuais de natureza indivisível de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato, como ocorre com o direito ao 
meio ambiente. 
Letra C: errada. De fato, o direito ao meio ambiente é um direito de 3
a
geração, 
possuindo natureza indivisível. Trata-se, porém, de um direito difuso, cuja titularidade é 
indeterminada. Todas as pessoas são titulares do direito ao ambiente, 
independentemente de quaisquer circunstâncias de fato que as liguem. 
 
d) Sob a égide da estatalidade mínima do Estado Liberal, os direitos negativos de 
defesa dotados de natureza absenteísta(de se afastar a arbitrariedade e o abuso por 
parte do Estado) são corretamente classificados como direitos de primeira 
dimensão. 
Comentários: 
Letra D: correta. Os direitos de defesa (liberdades negativas) são classificados na 
1
a
 geração de direitos fundamentais. Estão relacionados ao Estado Liberal de direito. 
 
Com relação aos chamados “direitos econômicos, sociais e culturais”, é correto 
afirmar que 
 a) 
são direitos humanos de segunda geração, o que significa que não são 
juridicamente exigíveis, diferentemente do que ocorre com os direitos civis e 
políticos. Errada 
O erro está em dizer que não são juridicamente exigíveis por serem de segunda geração. 
Como existe o princípio da indivisibilidade dos direitos humanos, eles são 
juridicamente exigíveis sejam de qual geração for. 
 b) 
são previstos, no âmbito do sistema interamericano, no texto original da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). 
 c) 
formam, juntamente com os direitos civis e políticos, um conjunto indivisível de 
direitos fundamentais, entre os quais não há qualquer relação hierárquica. 
 d) 
incluem o direito à participação no processo eleitoral, à educação, à alimentação e 
à previdência social.

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