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Dinâmica de um Sistema de Partículas Dra. Diana Andrade, Dra. Angela Krabbe, Dr. Caius Lucius & Dr. Sérgio Pilling 4 - MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME Se um ponto se move numa circunferência, seu movimento é circular, podendo ser uniforme ou não. Alguns movimentos ocorrem em setores de circunferência tendo características semelhantes ao movimento circular, embora não sejam chamados com esse nome. Um exemplo é o pêndulo. O movimento circular pode ser tratado como um movimento em uma dimensão (1D), (através de uma única coordenada) ou em duas dimensões (2D), através da decomposição x,y, pois este movimento se dá num plano. Primeiro vejamos o movimento circular como um movimento 1D. Uma vez definido o ponto R e a convenção de sinais, a coordenada s de um ponto P numa reta ou numa curva aberta, possui um único valor. Seu módulo é dado pelo comprimento do trecho de curva que vai de R a P, sendo o sinal atribuido de acordo com a convenção adotada. Num círculo, ou qualquer curva fechada, a escolha de R e da convenção de sinais não é suficiente para definir a coordenada de posição de modo inequívoco. Seja ela escalar ou polar, há infinitos valores possíveis para a coordenada de um determinado ponto P sobre a curva, todos medidos a partir de R. O exemplo a seguir mostra dois valores, s1 e s2, para uma mesma posição de P e para o mesmo observador. - R + P s1 - R + P s2 900 900 s1 = (π/2) . 5 ≅ 7,85 cm s2 = - (3π/2) . 5 ≅ - 23,6 cm 5 cm O movimento circular uniforme é o movimento circular no qual o ponto se move com velocidade escalar (ou angular) constante. Nesse caso as funções s(t) e θ(t) são lineares em t: s(t) = s0 + vt, onde s0 e v são a coordenada de posição escalar inicial e a velocidade escalar da partícula, respectivamente. θ(t) = θ0 + wt, onde θ0 e w são a coordenada polar inicial e a velocidade angular da partícula, respectivamente. s(t) e θ(t) são formas alternativas de descrever o movimento circular e não são independentes. As grandezas escalares do movimento estão relacionadas diretamente com as respectivas grandezas angulares através do raio do círculo: s(t) = r θ(t) ; v(t) = r θ’(t) ; a(t) = r θ’’(t) No movimento circular uniforme tem-se: v(t) = v, v constante e θ’(t) = w, ω constante Podemos ainda, descrever o movimento circular uniforme como um movimento em duas dimensões (2D), pois o ponto P se move num plano, o plano do círculo. Assim, o movimento de P é descrito pelas coordenadas x(t) e y(t), num sistema de referência cartesiano previamente escolhido. Os movimentos das sombras x e y obedecem às relações do movimento retilíneo, isto é, velocidade e aceleração são respectivamente a primeira e segunda derivadas das funções x(t) e y(t). A velocidade e aceleração de uma sombra é a projeção do vetor velocidade e do vetor aceleração, respectivamente, no eixo correspondente. Exemplo4-1: Um ponto P move-se num círculo de raio r e dois observadores estudam seu movimento: -o observador 4-1 usa a descrição 1D. Para esse observador o movimento é descrito pela coordenada polar θ(t). As convenções para a coordenada θ(t) são as mesmas da coordenada escalar s(t) e estão mostradas na FIG. 4-1 pela referência R e convenção de sinais. A FIG. 4-1 mostra o ponto P num instante de tempo t qualquer. O ângulo mostrado, θ(t) é positivo (sentido anti-horário é positivo, de acordo com a convenção + R -). FIG. 1: coordenada polar segundo observador 1 θ (t) P r r + R - -o observador 2 usa a descrição 2D. Para esse observador o movimento é descrito no sistema de referência cartesiano mostrado na FIG. 4-2. A origem foi escolhida como sendo o centro do círculo. a)Represente na FIG. 4-3 o ângulo θ(t), conforme definido pelo observador 1 (FIG. 4-1) b)Com dois riscos a lápis, mostre na FIG. 3 os segmentos de reta que representam os valores de x(t) e y(t). FIG. 3 x y t 0 x(t) y(t) θ (t) x y FIG. 2: coordenadas cartesianas segundo o observador 2 P 0 x(t) y(t) r c)Obtenha a relação entre o segmento x(t) (cateto adjacente) e o ângulo θ(t). x(t) = r cos [θ(t)] d)Faça o mesmo para o segmento y(t) (cateto oposto). y(t) = r sen [θ(t)] ; y(t) é igual ao tamanho do cateto oposto ao ângulo. 4.1 - Aceleração centrípeta e período: Embora a velocidade escalar não varie no movimento circular uniforme, o movimento é acelerado porque a velocidade muda de direção. A figura ao lado mostra a relação entre os vetores velocidade e aceleração em várias posições durante o movimento circular uniforme. Î O módulo dos dois vetores permanece constante durante o movimento, mas a orientação varia continuamente. Î A velocidade está sempre na direção tangente à circunferência e tem o mesmo sentido que o movimento. Î A aceleração está sempre na direção radial e aponta para o centro do círculo. Por essa razão, a aceleração associada ao movimento circular uniforme é chamada de centrípeta (“que busca o centro”). Como será demonstrado a seguir, o módulo dessa aceleração centrípeta a r é: r va 2 = (aceleração centrípeta) (4.1) onde r é o raio da circunferência e v é a velocidade da partícula. Durante essa aceleração com velocidade escalar constante a partícula percorre a circunferência completa (uma distância igual a 2π r) em um intervalo de tempo dado por: v rT π2= (período) (4.2) O parâmetro T é chamado período de revolução ou, simplesmente, período. Período é o tempo que uma partícula leva para completar uma volta em uma trajetória fechada. Demonstração da equação 5.1: jvivsenjvivv yx ˆ)cos(ˆ)(ˆˆ θθ +−=+=r (4.3) Vemos que r y sen p=θ e r x p=θcos . j r vx i r vy v pp ˆˆ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −=r (4.4) Sendo a aceleração, a taxa de variação temporal da velocidade e lembrando que tanto o raio r quanto a velocidade escalar v são constantes, podemos escrever: j dt dx r vi dt dy r v dt vda pp ˆˆ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛−== rr (4.5) De acordo com a figura, θvsenvx −= e θcosvvy = , sendo a primeira, a componente x e a segunda, a componente y da velocidade. Desta forma: jsen r vi r va ˆˆcos 22 ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛−+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛−= θθr (5.6) Para determinar o módulo e a orientação da aceleração no caso do movimento circular uniforme, considere a figura ao lado. Em (a) a partícula p se move com velocidade escalar constante v enquanto percorre uma circunferência de raio r. No instante mostrado, p possui coordenadas xp e yp. vr é sempre tangente a trajetória da partícula na posição considerada. Isso significa que, na figura, vr é perpendicular a uma reta r que liga o centro da circunferência à posição da partícula. Nesse caso, o ângulo θ que v r faz com a reta vertical passando pelo ponto p é igual ao ângulo θ que o raio r faz com o eixo x. As componentes escalares de v r aparecem na figura (b). Assim, v r pode ser escrita em termos dessas componentes, como: Assim, o módulo da aceleração será dado por: r vsen r vaaa yx 2 22 2 22 )()(cos =+=+= θθ Para determinar a orientação de a r , temos que encontrar o ângulo φ: θθ θφ tg rv senrv a a tg x y =− −== cos)/( )/( 2 2 θφ = Significando que a r aponta na direção do raio r da figura acima, no sentidodo centro da circunferência, como queríamos demonstrar. Exemplo 4.1: Os pilotos de caça se preocupam quando têm que fazer curvas muito fechadas. Como o corpo do piloto fica submetido à aceleração centrípeta, com a cabeça mais próxima do centro de curvatura, a pressão sanguínea no cérebro diminui, o que pode levar à perda das funções cerebrais. Os sinais de perigo são vários. Quando a aceleração é de 2g ou 3g, o piloto se sente pesado. Quando a aceleração passa para 4g a visão do piloto passa para preto e branco. Se a aceleração é mantida ou aumentada, o piloto passa a não enxergar e logo em seguida perde a consciência. Qual o módulo da aceleração, em unidades de g, para um piloto cuja aeronave inicia uma curva horizontal com uma velocidade smjiv /)ˆ500ˆ400(0 +=r e 24,0 s após termina a curva com smjiv f /)ˆ500ˆ400( +−=r ? Suponha que o movimento é circular uniforme. rr va 222 )500()400( +== , mas não temos r. Usando: v rT π2= Î π2 Tvr = Como a velocidade final é o negativo da velocidade inicial, significa que o avião termina a curva no lado oposto da circunferência e completou metade de uma circunferência em 24,0 s. Assim, T=48 s. Substituindo na equação acima: mr 77,4891 2 )500()400(48 22 =+= π e 2 2222 /81,83 77,4891 410000 77,4891 ))500()400(( sm r va ==+== Assim, ga 6,8 8,9 81,83 ≈= . Exercícios: 1) Um ponto P move-se numa circunferência de raio 50 cm e sua posição angular é dada pela função θ(t) = tππ 2 25 8 + (rad, s). Considere o sistema de referência cartesiano indicado na FIG. 4. As convenções para as coordenadas escalar e angular estão também indicadas. Marque F (falso) V(verdadeiro) ( ) o movimento de P é no sentido anti-horário. ( ) o período do movimento é da 0,16s. ( ) a sombra x do ponto P move-se entre x = -50cm e x = +50cm. ( ) quando θ = 3π, a velocidade da sombra y é igual a zero. ( ) quando t=0 a sombra x encontra-se na origem do sistema de referência. ( ) a velocidade escalar de P é igual a π 2 25 cm/s. ( ) em t=0,04s a velocidade da sombra x é negativa. ( ) no instante em que o ponto P completa uma volta, a aceleração da sombra y é negativa. ( ) a coordenada escalar de P, no instante t=0 é s(0) = 50 8 π cm. ( ) sempre que x=0 o vetor aceleração é paralelo a y. Resp.: V V V F F F V V V V FIG. – Mostra o ponto P num instante qualquer t, diferente de zero. x y θ P + R - 2)Um ponto P gira uniformemente no sentido horário sobre uma circunferência de raio 40cm na taxa de 72 rotações por minuto. No instante t=0, a posição do ponto é dada por sua coordenada escalar s(0) = -10π cm. O sistema de referência e convenções para coordenada escalar estão indicadas na FIG. abaixo. a) Obtenha a função θ(t) que descreve o movimento do ponto P. b) Na FIG. 5, marque A, posição inicial de P, e represente o vetor velocidade nesse instante. c) Calcule o período, o módulo da velocidade escalar v1 de um ponto distante r/4 do centro do círculo e os módulos da velocidade escalar e da aceleração de P. Resp.: 0,833...s; 75,4 cm/s; 302 cm/s; 2274 cm/s2 3) A posição de um ponto P sobre uma circunferência é dada por θ0 = 4 π rad, nas convenções mostradas na FIG. 6. A partir desse instante seu movimento é uniforme, no sentido anti-horário e à taxa de 3 voltas completas por segundo. O raio da circunferência é igual a 20cm e o plano do movimento é vertical. a) Dê a função θ(t) que descreve o movimento de P para t ≥ 0. b) Determine: -o período do movimento -a função s(t) que descreve o movimento de P sobre a trajetória. x + R - y θ(t) = T = 1/3 s s(t) = 5π + 120 π t (cm,s) -o módulo da velocidade vr (t) do ponto P num instante de tempo t qualquer. c) Obtenha as funções x(t) e y(t) que descrevem o movimento de P no sistema de referência cartesiano da FIG. 3 e determine as funções vx(t), vy(t), ax(t) e ay(t), velocidades e acelerações das sombras x e y respectivamente. d) Determine t1 e t2, instantes de tempo em que a sombra y atinge o ponto mais alto de seu movimento pela primeira e segunda vez, respectivamente. Obtenha o vetor aceleração quando P passa por esse ponto e desenhe-o na FIG. 6. FIG. x y θ0 P + R - Resp.: 120 π cm/s x(t) = 20 cos (π/4 + 6π t) (cm,s) vx (t) = - 120 π sen (π/4 + 6π t) (cm,s) ax (t) = - 720 π2 cos (π/4 + 6π t) (cm,s) y(t) = vy (t) = ay(t) = t1 = (1/24) s ; t2 = 0,375 s ar = (ax, ay) = (0, -720 π2 cm/s2)
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