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UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS
Biologia
1ª Frequência modelo – Física geral
(Resolução)
Questão 1: A energia mecânica a que uma massa 𝑚1fica sujeita sob a acção de outra 𝑚2, que se
encontram a uma distância 𝑅, é definida por:
𝑈 =
1
2
𝑘𝑣2 − 𝐺
𝑚1.𝑚2
𝑅
Determine as dimensões e unidades em SI das constantes 𝑘 e 𝐺.
(as dimensões de 𝑈 são 𝑀𝐿2𝑇−2).
Resolução:
Da equação de definição:
𝑈 =
1
2
𝑘𝑣2 − 𝐺
𝑚1.𝑚2
𝑅
passamos para as equações às dimensões. Note-se que só se podem somar dois termos com
as mesmas dimensões e a soma tem a mesma dimensão de cada um deles, ou seja, do
resultado. Assim vem:
{
[𝑈] = [𝑘][𝑣]2
[𝑈] = [𝐺]
[𝑚1][𝑚2]
[𝑅]
⟹ {
𝑀𝐿2𝑇−2 = [𝑘](𝐿𝑇−1)2
𝑀𝐿2𝑇−2 = [𝐺]
𝑀2
𝐿
obtendo-se então as dimensões de cada uma das constantes:
{
[𝑘] = 𝑀
[𝐺] = 𝑀−1𝐿3𝑇−2
e consequentemente as unidades no sistema internacional:
𝑘 ⟶ 𝑘𝑔
𝐺 ⟶ 𝑘𝑔−1𝑚3𝑠−2
Questão 2. Considere um corpo de massa 5𝑘𝑔 que num dado instante fica sujeito a três forças:
�⃗�1 = 8𝑒𝑥 + 12𝑒𝑦 − 6𝑒𝑧; �⃗�2 = −10𝑒𝑥 − 6𝑒𝑦 + 10𝑒𝑧; �⃗�3 = 2𝑒𝑥 + 4𝑒𝑦 − 14𝑒𝑧
dadas no Sistema Internacional.
a) Qual a força resultante, bem como a aceleração, a que este corpo fica sujeito?
b) Sabendo que nesse instante, o corpo tinha velocidade:
�⃗�0 = 5𝑒𝑥 + 10𝑒𝑦 + 20𝑒𝑧
determine o deslocamento do corpo ao fim de 5 segundos, assim como o vector
velocidade.
Resolução:
a) A resultante das forças é dada pela soma das forças:
�⃗�𝑅 = �⃗�1 + �⃗�2 + �⃗�3
�⃗�𝑅 = 10𝑒𝑦 − 10𝑒𝑧
A aceleração obtém-se a partir da 2.ª Lei de Newton:
�⃗�𝑅 = 𝑚�⃗�
⇒ �⃗� =
�⃗�𝑅
𝑚
= 2𝑒𝑦 − 2𝑒𝑧 (𝑚/𝑠
2)
b) Tendo em conta que a aceleração é constante, podemos garantir que o corpo se move com
movimento uniformemente acelerado, obedecendo às equações:
𝑟 = 𝑟0 + �⃗�0𝑡 +
1
2
�⃗�𝑡2 ∧ �⃗� = �⃗�0 + �⃗�𝑡
Dado que o deslocamento é dado por:
∆𝑟 = 𝑟 − 𝑟0
substituindo o tempo por 5s e utilizando os vectores, velocidade inicial e aceleração, vem:
∆𝑟 = (5�⃗�𝑥 + 10�⃗�𝑦 + 20�⃗�𝑧) × 5 +
1
2
(2�⃗�𝑦 − 2�⃗�𝑧) × 5
2 = 25�⃗�𝑥 + 75�⃗�𝑦 + 75�⃗�𝑧
�⃗� = 5�⃗�𝑥 + 10�⃗�𝑦 + 20�⃗�𝑧 + (2�⃗�𝑦 − 2�⃗�𝑧) × 5 = 5�⃗�𝑥 + 20�⃗�𝑦 + 10�⃗�𝑧
Questão 3. Um golfinho executa um salto acrobático no qual atinge uma altura de 1,8 𝑚. Tendo
em conta que ao sair da água o golfinho faz um ângulo de 30º com a horizontal:
a) Calcule a velocidade inicial com que o golfinho sai da água.
b) Calcule o alcance horizontal neste salto.
Resolução:
Sabemos que se trata de um projéctil, as equações para a posição e velocidade são:
{
𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0𝑐𝑜𝑠(𝜃)𝑡
𝑦 = 𝑦0 + 𝑣0𝑠𝑖𝑛(𝜃)𝑡 −
1
2
𝑔𝑡2
{
𝑣𝑥 = 𝑣0𝑐𝑜𝑠(𝜃)
𝑣𝑦 = 𝑣0𝑠𝑖𝑛(𝜃) − 𝑔𝑡
Neste caso, temos (𝜃 = 30𝑂):
{
𝑥0 = 0 𝑚
𝑦0 = 0 𝑚
∧
{
𝑣0𝑥 = 𝑣0
√3
2
𝑚/𝑠
𝑣0𝑦 = 𝑣0
1
2
𝑚/𝑠
Podemos então escrever as equações paramétricas na forma:
{
𝑥 = 𝑣0
√3
2
𝑡
𝑦 = 𝑣0
1
2
𝑡 − 5𝑡2
∧
{
𝑣𝑥 = 𝑣0
√3
2
𝑣𝑦 = 𝑣0
1
2
− 𝑔𝑡
a) Sabemos que a altura máxima é de 1,8𝑚. Determinando o tempo no qual a velocidade
vertical é nula, tem-se:
𝑣0
1
2
− 10𝑡 = 0 ⇒ 𝑡 = 𝑣0
1
20
Substituindo o tempo na equação da distância vertical, temos:
1,8 = 𝑣0
1
2
× 𝑣0
1
20
− 5 × (𝑣0
1
20
)
2
⇒ 1,8 =
𝑣0
2
80
⇒ 𝑣0 = 12 𝑚/𝑠
b) O alcance é o valor de 𝑥 obtido para 𝑦 = 0. substituindo na equação para o 𝑦 tem-se:
0 = 12 ×
1
2
𝑡 − 5𝑡2
0 = 6𝑡 − 5𝑡2 ⟹ 𝑡 = 0 ∨ 𝑡 = 1,2 𝑠
substituindo o tempo na equação para o 𝑥 vem:
𝑥𝑚á𝑥 = 12 ×
√3
2
× 1,2 = 12,47 𝑚
Questão 4. Um trenó de massa 5𝑘𝑔, inicialmente em repouso, está carregado com duas crianças
e é puxado por uma força que faz um angulo de 30º com a horizontal. O coeficiente de atrito
estático é 0,2 e o coeficiente de atrito cinético é de 0,15. Sabendo que a massa das crianças no
seu conjunto igual a 45𝑘𝑔, qual a força de atrito do solo sobre o trenó e a aceleração deste:
a) Se a força aplicada for de 100𝑁?
b) Se a força aplicada for de 120𝑁?
Resolução:
a) A primeira observação que deve ser feita é que as crianças e o trenó se movem em
conjunto, pelo que podem ser vistos como apenas um bloco com massa igual à soma das
massas, 𝑚 = 50𝑘𝑔. Posto isto, vamos agora proceder à representação das forças aplicadas:
Escolhemos o sistema de eixos de acordo com a sugestão de deixar que a direcção do
movimento (ou da tendência de movimento) coincida com o eixo 𝑂𝑥. Note-se que na
direcção perpendicular ao plano não há movimento. Sendo 𝜃 o ângulo que a força aplicada
(tensão na corda) faz com a horizontal, e decompondo a força da mesma forma que nos
problemas anteriores, a componente horizontal da força é dada por:
𝐹𝑥 = 𝐹 𝑐𝑜𝑠(𝜃) = 100
√3
2
= 86,6 𝑁
Não podemos agora aplicar directamente as leis de Newton sem saber se esta força é
suficiente para pôr o sistema trenó/crianças em movimento. Para que isso aconteça, é
necessário que a componente horizontal da força, calculada acima, seja superior à força de
atrito estática máxima. Vamos então calcular esse valor. Para isto temos de calcular a
reacção normal a partir da 2ª lei de Newton aplicada na direcção 𝑂𝑦: Nesta direcção,
sabemos que a aceleração é zero porque:
𝑅𝑁 + 𝐹 𝑠𝑖𝑛(𝜃) −𝑚𝑔 = 0
donde resulta 𝑅𝑁 = 50 × 10 − 100 × 0,5 = 450𝑁, e da definição:
y
x
𝜃
𝐹𝑎max = 0,2 × 450 = 90 𝑁
Comparando com o valor da componente horizontal da força, calculada acima, verificamos
que não há movimento. Assim podemos dizer que a aceleração é nula e que, aplicando a 2ª
lei de Newton na direcção horizontal tem-se:
𝐹𝑥 − 𝐹𝑎e = 0
o que implica 𝐹𝑎e = 86,6𝑁.
b) Fazendo as mesmas contas que na alínea anterior, mas agora com um valor da força
igual a 120N, vem para a componente horizontal da força:
𝐹𝑥 = 𝐹 𝑐𝑜𝑠(𝜃) = 120
√3
2
= 103,9𝑁
Para a reacção normal:
𝑅𝑁 = 50 × 10 − 120 × 0,5 = 440𝑁
e a força de atrito máxima é:
𝐹𝑎max = 0,2 × 440 = 88𝑁
Neste caso existe aceleração e pode ser calculada a partir da 2ª lei (note-se que agora o
atrito é cinético):
𝐹𝑥 − 𝐹𝑎c = 𝑚. 𝑎
e, calculando a força de atrito cinético, obtém-se:
𝐹𝑎c = 0,15 × 440 = 66𝑁
pelo que a aceleração vem:
𝑎 =
103,9−66
50
= 0,758𝑚. 𝑠−2
Questão 5. Uma águia de massa 8 𝑘𝑔 descreve circulos com um raio de 20𝑚, a 100𝑚 de altura,
na procura de presas no solo. Para tal, realiza uma pequena inclinação das suas asas de 30º
relativamente à horizontal. Determine o valor da velocidade (norma) a que a águia se move
nesse movimento circular, bem como o valor da força de sustentação.
Nota: A força de sustentação da águia, �⃗�𝑆 é perpendicular às asas.
Resolução:
Tal como acontecia no problema do pendulo cónico, a 2.ª lei de Newton pode ser desenvolvida
da seguinte forma (𝑎𝑦 = 0: a águia não sobe nem desce):
�⃗�𝑅 = 𝑚. �⃗� ⟹ {
𝐹𝑅𝑥 = 𝑚. 𝑎
𝐹𝑅𝑦 = 0
A aceleração que a águia possui é centrípeta (movimento circular uniforme), relacionando-se
com a velocidade e com o raio da trajectória circular a partir da expressão:
𝑎𝑐 =
𝑣2
𝑅
De acordo com o sistema de eixos apresentado, as equações correspondentes à 2ª lei escrevem-
se na forma (tal como fizemos no problema do pendulo cónico):
{
𝐹𝑆 𝑠𝑖𝑛(𝜃) = 𝑚. 𝑎𝑐
𝐹𝑆 𝑐𝑜𝑠(𝜃) − 𝑚𝑔 = 0
⇒ {
𝐹𝑆 𝑠𝑖𝑛(𝜃) = 𝑚.
𝑣2
𝑅
𝐹𝑆 𝑐𝑜𝑠(𝜃) = 𝑚𝑔
onde 𝑅 é o raio da trajectória circular. Resolvendo o sistema de equações encontramos as
respostas para ambas as alíneas:
{
𝑡𝑔(𝜃) =
𝑣2
𝑅.𝑔
𝐹𝑆 =
𝑚𝑔
𝑐𝑜𝑠(𝜃)
⇒ {
𝑣 = √20 × 9,8 × 𝑡𝑔(30𝑂) = 10,64 𝑚/𝑠
𝐹𝑆 =
8∗9,8
𝑐𝑜𝑠(30𝑂)= 90,53 𝑁
�⃗�𝑆
�⃗�𝑆
𝑦
𝑥
Questão 6. Uma mola vertical está assente no chão e quando não está nenhuma força a deformá-
la tem 50 𝑐𝑚 de comprimento. A constante da mola tem o valor de 750 𝑁/𝑚. Uma bola de
ferro com a massa de 5 𝑘𝑔 é largada de 1,5 𝑚 de altura e em queda livre atinge a mola.
a) Calcule a distância total que a mola é comprimida por acção da bola.
b) Indique qual o valor da velocidade da bola no instante em que a mola está comprimida
de 20 𝑐𝑚.
Resolução:
a) O esquema de resolução do problema é o seguinte:
As únicas forças que aplicadas à bola, durante o seu movimento de queda, são o peso e a
força elástica. Deste modo, podemos garantir que não existe trabalho de forças não
conservativas, e consequentemente há conservação da energia mecânica:
𝑊𝐹𝑁𝐶 = 0
⟹ ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝
𝑔
+ ∆𝐸𝑝
𝑒𝑙 = 0
⟹
1
2
𝑚(𝑣𝑓
2 − 𝑣𝑖
2) + 𝑚𝑔(ℎ𝑓 − ℎ𝑖) +
1
2
𝐾(𝑥𝑓
2 − 𝑥𝑖
2) = 0
Substituindo os dados indicados na figura, vem:
⟹
1
2
5 × (02 − 02) + 5 × 10 × (0,5 − 𝑥− 1,5) +
1
2
750 × (x2 − 02) = 0
⟹−50 − 50𝑥 +
1
2
750x2 = 0
⟹ 15x2 − 2𝑥 − 2 = 0
⟹ x = −0,31 m ∨ x = 0,44 m
ℎ𝑓
𝑥
1,5 𝑚
𝑥1 = 0; ℎ1 = 1,5 𝑚; 𝑣1 = 0
𝑥2 = 𝑥; ℎ2 = 0,5 − 𝑥; 𝑣2 = 0
0,5 𝑚
A solução negativa não tem sentido uma vez que ao considerar que a altura final é dada pela
diferença (0,5 − 𝑥), um valor negativo de 𝑥, significaria que a bola parava antes de atingir a mola!
b) O esquema do problema é idêntico ao anterior, com a diferença de que para uma
compressão de 20cm da mola, a esfera ainda não parou:
A resolução é então igual:
𝑊𝐹𝑁𝐶 = 0
⟹ ∆𝐸𝑐 + ∆𝐸𝑝
𝑔
+ ∆𝐸𝑝
𝑒𝑙 = 0
⟹
1
2
𝑚(𝑣𝑓
2 − 𝑣𝑖
2) + 𝑚𝑔(ℎ𝑓 − ℎ𝑖) +
1
2
𝐾(𝑥𝑓
2 − 𝑥𝑖
2) = 0
Substituindo os dados indicados na figura, vem:
⟹
1
2
5 × (𝑣2 − 02) + 5 × 10 × (0,3− 1,5) +
1
2
750 × (0,22 − 02) = 0
⟹
1
2
5𝑣2 − 60 + 15 = 0
⟹ 𝑣 = √18 𝑚/𝑠
ℎ𝑓 = 0,5 − 0,2
𝑥 = 0,2 𝑚
1,5 𝑚
𝑥1 = 0; ℎ1 = 1,5 𝑚; 𝑣1 = 0
𝑥2 = 0,2; ℎ2 = 0,3; 𝑣2 =?
0,5 𝑚