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Aula 9 - filosofia e etica com anexos inseridos

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Aula 9: Ética moderna e contemporânea
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Reconhecer as principais escolas que caracterizam a ética moderna, ressaltando-se a dimensão humana, o papel da ação política, a autonomia, as vantagens que os efeitos de ações podem trazer e o intuicionismo no plano moral;
2. Identificar as duas grandes reflexões que caracterizam os problemas éticos contemporâneos: a essência, origem, finalidade da ética e a linguagem ética.
ESTUDO DIRIGIDO DA AULA
1.Leia o texto condutor da aula.
2.Participe do fórum de discussão para retirar suas dúvidas.
3.Assista ao filme indicado, caso você possa.
4.Leia a chamada para a aula seguinte.
 A história da ética ganha um novo rumo, entre os séculos XIV e XVI (Renascimento), a partir da valorização do homem nas ciências (as quais se prestam às necessidades humanas) e nas artes (representações com características humanas). Retomam-se algumas tendências éticas antigas no início da Renascença, o estoicismo, em particular, demarcando-se, em seguida, o início do que se conhece como ética moderna (séculos XVI-XIX). No vídeo que abre esta aula, você vê cenas da reprodução de um festival típico do período renascentista, período este que marcou a redescoberta e a revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, e que norteou mudanças em direção a um ideal humanista e naturalista. O festival em questão foi realizado em 2007, na cidade de Kansas, USA, e buscou recriar o cenário vivido pelo homem naquele período histórico.
Entendendo o cenário
Esse período (o da ética moderna) é marcado pela criação de uma nova sociedade que substitui a ordem feudal da Idade Média, sob uma série de mudanças. Vamos ver como essas mudanças se deram?
No plano social, aparecimento de uma nova classe social – a burguesia – inicialmente na França (com a Revolução Francesa, 1789), desenvolvendo-se, no século seguinte, principalmente na Inglaterra.
Implantou-se, assim, um sistema em que o trabalhador, ao trocar sua força de trabalho por um salário, não é dono dos meios de produção.
Os meios de produção passam ao domínio da classe burguesa que, ao vender as mercadorias produzidas pelos trabalhadores, atribui um sobrevalor ao produzido, obtendo uma mais-valia ou lucro: o capitalismo.
No plano espiritual, perda do papel de guia atribuído à Igreja Católica, pois a religião deixa de ser a forma ideológica dominante. Separam-se, em linhas gerais: razão/fé, natureza e homem/Deus, Estado/Igreja.
Teoria moral de Kant
	
No século XVIII, marcado pelo movimento intelectual denominado Iluminismo, exalta-se a capacidade que tem o homem de conhecer e agir por uma luz própria da razão. São criticadas posições éticas que conduzem à heteronomia, debatendo-se, antes, a liberdade da vontade em relação ao determinismo da natureza, ou do vínculo entre leis morais e naturais.
heteronomia: Conceito criado po Kant, significando “as leis que recebemos”. Difere de autonomia, pois consiste na sujeição do individuo à vontade de terceiros ou de uma coletividade. Está relacionado ao Estado de Direito, em que todos devem se submeter à vontade da lei.
A este respeito, ressalta a obra de Immanuel Kant (1724-1804), para quem a consciência cognoscente ou moral é suscitada em um homem ativo, criador e legislador. Na Crítica da razão prática (KANTa:1957), e na Fundamentação da metafísica dos costumes (KANTb:1957), ele descobre princípios racionais na vida prática dos homens, compreendendo como certos costumes podem orientar as ações humanas. Segundo afirma, a vontade é verdadeiramente moral quando é regida por imperativos categóricos – referem-se a ações objetivamente necessárias, em que suas realizações estejam subordinadas tanto a fins quanto condições; a moralidade, neste sentido, diz respeito ao fundamento da bondade dos atos, averiguando em que consiste o bom.
TOME NOTA:	
Para Kant, o único bem em si mesmo é a boa vontade, aquela que age por puro respeito ao dever, visando à sujeição do homem à lei moral – autonomia humano-moral. O dever torna-se, nesse quadro, incondicionado ou absoluto, abrangendo algo que se estende a todos os seres humanos em quaisquer tempos ou condições: forma universal que não tem um conteúdo concreto – formalismo ético kantiano.
Deontologia da norma
Como devemos agir, que tipos de atos somos moralmente obrigados a realizar, por sua vez, conduzem à elaboração de uma teoria da obrigação moral em Kant, denominada deontologia da norma (do grego déon, dever): aquela que não faz a obrigatoriedade de uma ação depender exclusivamente das consequências dos atos ou das normas.
 deontologia : Sentido que se opõe, no entanto, ao termo puro deontologia, este criado por Jeremy Bentham (1748-1832), numa obra póstuma (1834), Deontology or the Science of Morality (Deontologia ou a Ciência da Moralidade), significando estudo empírico dos diferentes deveres relativo a uma situação social dada (LALANDE:1999,239): para Kant, quando agimos como seres racionais, e sendo a razão a faculdade que alcança o que é universal (válido para todos os homens), a boa vontade, ao agir pelo dever, atua de modo universal. Ou seja, os motivos que guiam as diversas ações humanas devem se tornar leis universais para todos os homens.
Numa outra vertente do século XIX, encontramos o intuicionismo ético, desenvolvido principalmente na Inglaterra, cujos representantes principais foram George Edward Moore (1873-1958), William David Ross (1877-1971), Harold Arthur Prichard (1871-1947) e Henry Sidgwick (1838-1900).
Para esses autores, a bondade e a obrigatoriedade (avaliação de que algo constitui um dever) não são propriedades apreendidas pela observação empírica, dos fatos, nem tampouco mediante um processo racional de análise e demonstração. O bom seria indefinível (cf. Moore), impondo-se os deveres sem necessidade de prova, por serem evidentes e captados de uma maneira direta e imediata: através da intuição (Prichard, Ross). Segundo Sidgwick, a intuição abrangeria a coincidência do dever individual com o dever dos seres humanos nas mesmas circunstâncias.
Nietzsche e Brentano
Duas últimas importantes contribuições para o domínio ético são encontradas ainda no século XIX: Friedrich Nietzsche (1844-1900) e de Franz Brentano (1838-1917). O primeiro, analisando os valores da cultura européia, os quais vê encarnados no cristianismo, socialismo e igualitarismo democrático, sustenta que são formas de uma moral a ser superada mediante a formulação de um ponto vista além do bem e do mal, pois são manifestações de uma vitalidade decadente, ou ascetismo.
A essa degradação valorativa, ele opõe a vontade de viver ou vontade de potência, girando em torno da dimensão de forças e instintos como criadoras de valores situados fora da moral tradicional.
	
Já para Brentano, seria possível estabelecerem-se leis universais de caráter axiológico (axiologia – filosofia dos valores), na medida em que há um subjetivismo ético que se relaciona a uma teoria objetiva do valor. Este é enunciado sob atos de preferência (valorização) ou repugnância (desvalorização); assim, a experiência que algo seja bom inclui um aspecto subjetivo (para alguém) e a intenção que leva um homem a preferir algo.
Ética contemporânea
Os problemas éticos contemporâneos podem ser divididos em duas grandes reflexões: (1) sobre a essência/origem/finalidade da ética; (2) sua linguagem.
Como vimos, o aspecto formal foi desenvolvido na filosofia kantiana, culminando na autonomia ética. O materialismo, por sua vez, compõe-se de uma ética dos bens e de uma ética dos valores. A primeira abrange todas as doutrinas que, estabelecidas sobre o hedonismo ou consecução da felicidade, colocam fins específicos: utilitários, religiosos, sociais, etc., aproximando-se conceitualmente, ao sustentarem que a bondade ou maldade de um ato 
dependa da adequação da ação a um fim proposto. Neste sentido, diferenciam-se do formalismo kantiano em que as noções de dever, boa vontade e moralidadeanulam qualquer eudemonismo na conduta moral. 
Já a ética dos valores representa uma síntese formalismo/materialismo, ou uma conciliação entre o empirismo e a o apriorismo morais, como aparece em um de seus maiores sistematizadores: Max Scheler (1874-1928). Segundo ele, os valores, compondo-se de conteúdos intencionais e estando, assim, remetidos a objetos particulares, não são concebidos através de atos significativos, não deixando, no entanto, de serem objetos de intuições essenciais. Conseqüentemente, as normas que compõem a ética não podem estar baseadas, apenas, nos imperativos categóricos kantianos; vinculando o a priori com o material, ele supõe, antes, a existência de uma intuição emocional que surge do tecido de vivências afetivas puras.
A origem da ética abrange a discussão do caráter autônomo ou heterônomo da moral. Conforme sustentam os defensores da primeira posição, o que se realiza por uma força ou coação externa à razão não é propriamente moral; para os segundos, é justamente a existência desta força, sendo entendida na maior parte das doutrinas como provindo de Deus, que impulsiona a ação moral. A essas perspectivas acrescentaram-se tendências que associam a autonomia do ato moral – uma lei que rege os comportamentos morais –, do fundamento efetivo de onde se originam as normas morais. Elas vinculam, em outros termos, concepções apriristas e empiristas, voluntaristas e intelectualistas, as quais estudam aspectos concernentes aos objetos morais, de valores absolutos e eternamente válidos que perduraram ao longo da historicidade ética. Já o problema da finalidade do campo ético refere-se à capacidade que têm as diferentes posições (eudemonistas, hedonistas, utilitaristas, etc.) de definirem com consistência a ética de acordo com um determinado bem.
O problema da linguagem ética foi apresentado por várias teorias. Dentre as mais importantes, podemos destacar, inicialmente, a de Charles Kay Ogden (1889-1957) e Ivor Armstrong Richards (1893-1979), que estabeleceram distinções entre linguagem indicativa (científica, pois implicam relações como as de implicação e consistência) e linguagem emotiva (não científica, a ética pertencendo a este último domínio). Em seguida, John Dewey (1859-1952), que tenta superar o dualismo entre ciência e moral, formulando uma lógica que seja um método efetivo de investigação e que não rompa com as diversas regiões da experiência. Adotando o princípio de que o pensar é um instrumento forjado pela vida humana para sua adaptação ao meio, diferencia, no domínio ético, termos valorativos („desejado‟, por exemplo) de termos descritivos (provêm da experiência, como „desejável‟). Em terceiro lugar, as contribuições de Alfred Julius Ayer (1910-1989) e Charles Leslie Stevenson (1908-1979), principais defensores do emotivismo ético. Segundo eles, as expressões éticas, ainda que não sejam empiricamente verificáveis (por exemplo, „não aprovo um roubo‟), não deixam de manifestar sentimentos de índole ética (aprovação ou desaprovação de algo). Para Stevenson, ainda, os termos usados em enunciados éticos são dinâmicos, na medida em que podem produzir reações afetivas. Para Ralph Barton Perry (1876-1957), em quarto lugar, o valor de um objeto consiste em sua qualidade. Assim, os valores positivos, relacionados ao bem, abrangem diversos modos de atração – o amado, desejado, agradável –, enquanto que os negativos, vinculados ao mal, modalidades de repulsão – o repugnante, odioso e desagradável. Não estão nos objetos, mas evocam sentimentos ou vontades, o que não significa que dependam das escolhas livres dos seres humanos: segundo ele, haveria uma consciência do conhecimento dos valores que pertencem aos objetos, que conduz os homens a aceitar uma hierarquia própria do que deve ser mais ou menos valorizado. Para Richard Mervyn Hare (1919-2002), finalmente, as expressões da linguagem ética são prescritivas. Estas são imperativas, pois delas derivam-se juízos éticos (como quando dizemos, “obedeça a teus pais”, equivalendo a “desejo que obedeças a teus pais”). Em linhas gerais, todas estas investigações aceitam a existência de uma linguagem ética expressa através de preceitos ou juízos de valor, possuindo, assim, uma natureza prescritiva. As dificuldades que enfrentam residem, entretanto, no exame das relações entre as dimensões imperativa e valorativa desta linguagem.
Bibliografia
1. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2002. 
2. FERRATER MORA, José. Diccionario de Filosofia, tomo II. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1971. 1005 p.
3. KANT, Immanuel. Kritik der praktischen Vernunft. In: Werke.Berlin: Insel Verlag, 1956. Seiten 11-102.
4. Grundlegung zur Metaphysik der Sitten. In: Werke.Berlin: Insel Verlag, 1956. Seiten 102-292. 
5. LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. São Paulo : Martins Fontes, 1999. 1336 p. 
6. SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA: Na aula seguinte, nossa última, iremos fazer um resumo para a segunda avaliação. Não deixe de realizar os exercícios de autocorreção e de participar do fórum de discussão. Até lá!

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