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Narrativa Jurídica- Casos Concretos

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Semana 8
Trata-se de questão sobre crime de discriminação e preconceito em ação movida pela Federação Israelita do Rio de Janeiro em face do estudante de publicidade Luiz Vinícius, de 23 anos, e outras duas pessoas ligadas a ele, ao que tudo indica integrantes de um grupo neonazista.
O fato ocorreu durante uma festa de estudantes de psicologia no Clube Israelita Brasileiro, em Copacabana (RJ), em 13 de dezembro de 2011. Na ocasião, Luiz Vinícius posou para fotos exibindo um dos mais fortes símbolos do Nazismo – uma suástica, tatuada na perna. A imagem foi divulgada na internet e, a pedido da Federação Israelita do Rio, a polícia deu início a uma investigação, prendendo o referido estudante. 
O delegado titular da 12.ª DP (Copacabana), Antenor Martins, afirmou que Luiz Vinícius e os outros dois universitários detidos fazem parte de um grupo neonazista e que, além deles, outras pessoas são investigadas. Com mandado de busca e apreensão, os policiais encontraram na casa do estudante, no Grajaú, revistas alusivas ao Nazismo e conteúdo antissemita. O computador de Luiz Vinícius também foi apreendido. Foram encontradas fotos em que ele aparece com a mão em riste como se fizesse a saudação nazista.
O acusado admitiu na delegacia que era um grande admirador de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler e que estudava o assunto em sua monografia. Os outros dois detidos trocavam informações sobre o tema com Luiz Vinícius por meio de um site de relacionamentos, sendo um adulto e um menor de idade. Pelo menos mais duas pessoas ainda são investigadas. Também foram cumpridos mandados de busca em endereços na Tijuca e em Copacabana.
O Presidente do Clube Israelita, César Benjor, lamentou o episódio, que considerou inaceitável. 
É o Relatório.
Semana 9
Questão 1:
	 Informações para a parte autora
	 Informações para a parte ré
	
A mãe, Kátia de Paula Torres, deixou a filha de um ano trancada dentro do carro durante duas horas, até que o manobrista Bruno Rafael de Souza ouvisse o seu choro.
	
A mãe afirmou que a criança costuma dormir a noite inteira e deixou ao lado da cadeirinha do bebê um dispositivo denominado “babá eletrônica”, que permite ouvir qualquer som emitido pela criança à distância.
	
A razão para deixar a filha trancada foi simplesmente a apresentação do grupo de pagode Exaltasamba na casa de shows Porto Alcobaça, na Barra Funda, a que a ré desejava assistir.
	
Ela não teria ouvido o choro da menina porque o referido dispositivo, embora recém-comprado, apresentou defeito.
	
A criança não foi vista inicialmente pelo manobrista por se encontrar no banco de trás do veículo, dormindo e tendo um cobertor sobre ela.
	
A criança não foi vista inicialmente pelo manobrista por se encontrar no banco de trás do veículo, dormindo e tendo um cobertor sobre ela.
	
O manobrista chamou a polícia e a ré foi detida uma hora depois.
	
Questão 2:
Narrativa jurídica valorada (de acusação)
O MP ajuizou Ação Penal Pública em face de Kátia de Paula Torres, 25 anos, na qual pleiteia a perda da guarda de sua filha, Maria Fernanda Torres, por ter a ré a deixado trancada dentro do carro durante duas horas, enquanto, em companhia de um casal de amigos, assistia à apresentação do grupo de pagode Exaltasamba na casa de shows Porto Alcobaça, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, em ..... de outubro de 2006.
Maria Fernanda Torres, a filhinha da ré, dormia no banco traseiro de um Tempra azul, quando o veículo foi deixado no estacionamento às 23h 30min. Kátia seguiu para ver o show com um casal de amigos, enquanto o manobrista Bruno Rafael de Souza se encarregava de estacionar o veículo.
A criança não foi vista por Souza porque dormia e tinha um cobertor sobre ela, de tal forma que ninguém perceberia haver ali um incapaz. Então, por volta da 1h 30min, o manobrista ouviu um choro que vinha da direção do veículo. Ao se aproximar do carro, encontrou a menina de pé sobre o banco.
O manobrista, em seguida, pediu ajuda à polícia e a ré foi detida uma hora depois, alegando em sua defesa que a menina costuma dormir a noite inteira, como se isso justificasse a sua atitude. E ao confiar a uma “babá eletrônica” que estaria defeituosa a segurança de sua filhinha, comprovou quão irresponsável foi o seu comportamento.
Pede-se, assim, o seu enquadramento no ................ do Código Penal, com a consequente perda da guarda de Maria Fernanda Torres.
Semana 10
Questão 2: (a questão 1 é pesquisa sobre o tema – modelo foi enviado à parte)
Narrativa valorada (a favor da parte ré)
A agente de trânsito Luciana Tamburini recebeu voz de prisão do juiz João Carlos de Souza Correa, titular da 1.ª Vara de Búzios, que alegou ter sido desacatado por ela depois de ser parado numa blitz da Operação Lei Seca, durante a madrugada do dia ....., na Lagoa.
O magistrado, que dirigia um Land Rover preto sem placa e estava sem a carteira de habilitação no momento da abordagem, foi submetido ao teste do “bafômetro” e não foi constatada ingestão excessiva de álcool. Ao verificar a data da nota fiscal do carro, porém, a funcionária constatou que o período de 15 dias para emplacamento havia expirado e, conforme o procedimento padrão para esses casos, informou que o veículo seria rebocado. A agente recebeu do juiz voz de prisão após questionar o fato de ele, na qualidade de representante da lei, não ter conhecimento desse prazo. O magistrado interpretou o comentário como insulto.
Luciana Tamburini, que trabalha na operação há dois anos, desde o início da Lei Seca, recebeu então ordem para entrar no carro da polícia, mas se recusou e, considerando mais adequado o procedimento, seguiu no veículo da Lei Seca até a delegacia. O caso foi então registrado na 14.ª DP (Leblon) como desacato.
A agente de trânsito, o juiz e policiais que trabalham dando apoio à blitz da Lei Seca prestaram seus depoimentos sobre o caso, ficando a documentação de Souza Correa com Luciana até eles chegarem à delegacia. Depois de ser ouvido, o juiz teve seu veículo rebocado.
Na ocasião, Souza Correa confirmou que realmente desconhecia que o prazo para o emplacamento era tão curto e culpou o despachante, que não o havia alertado. Sobre sua habilitação, alegou ter ficado na bolsa da sua mulher, com quem estava retornando de Búzios, até o momento em que ele parou para uma refeição e a esposa prosseguiu a viagem, levando o documento consigo.
Souza Correa já foi investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por conta de sentenças polêmicas proferidas por ele em processos sobre disputas fundiárias em Búzios. A agente Luciana, que, diga-se, estava no exercício da sua função, afirmou que o juiz cometeu ainda outra infração ao retirar o carro retido na blitz e conduzi-lo sem habilitação até a delegacia. Certa da ilegalidade da sua prisão, haja vista ter apenas cumprido o seu dever, a funcionária considera ter sido vítima de abuso de autoridade, além de afirmar que jamais passara antes por uma situação parecida, embora tenha participado de várias operações, nas quais presenciou ocorrências das mais diversas e conflitantes. 
Semana 11
Questão única:
	FATO
	VALORAÇÃO
	JUSTIFICATIVA
	
1.°) Não é a primeira vez que o STF trata de questão relativa a pensões vitalícias pagas a ex-governadores.
	
A recorrência dos casos envolvendo tais pensões aponta para um problema já antigo e para o qual a lei ainda não encontrou a devida solução. 
	A prática recorrente vai ao encontro da alegação de que certos políticos confundem, desde muito tempo, um mandato com um emprego. O costume gera indignação maior do que um caso isolado.
	
2.°) A Paraíba é o estado que mais gasta com pessoal além do que permite a Lei de Responsabilidade Fiscal. Lá, ganham a pensão tanto os ex-governadores como as suas viúvas.
	
A Paraíba é um estado nordestino, que ostenta um dos mais baixos índices de qualidade de vida no Brasil. O gasto extra com pensões gera um rombo nas finanças estaduais.
	
Ao associar a situação de pobreza existente em um estado com os gastos excessivoscom pensões, enfatiza-se ainda mais quão descabida é essa situação.
	3.°) A questão pode ser de difícil solução por conta dos interesses contrários; por outro lado, sua formulação é simples: basta a criação de uma lei específica sobre a questão, que seja aprovada pelo Congresso e tenha a sanção do Presidente.
	
Havendo real interesse na resolução do problema, há soluções viáveis para eliminá-lo.
	
Ao demonstrar que existe solução, mas falta um real interesse da classe política em efetivá-la, a omissão constatada nos causa indignação ainda maior.
	4.°) Mandatos, é verdade, proporcionam privilégios indispensáveis, como carro oficial e diversos outros, mas praticamente todos os privilégios findam quando o mandato termina – ou, pelo menos, assim devia ser.
	
Ressalta uma posição em princípio óbvia; porém, demonstra ao final que nem sempre é o que de fato acontece. 
	
Ao questionar-se acerca de um ponto que deveria ser consensual por sua obviedade, faz acentuar a desconfiança em torno de práticas que insistem em se perpetuar no Brasil.
	
5.°) Por tudo o que foi dito, "governador aposentado" é uma expressão que deveria ser contraditória em termos.
	Novamente vem à cena a ideia defendida desde o início: de que mandatos políticos não podem ser vistos como empregos públicos.
	Ao se utilizar a referida expressão, almeja-se dar a ela sentido de paradoxo – algo como “o invisível que se vê” ou “a dor que não se sente”.
Semana 12
Questão 1: (pesquisa jurisprudencial sobre o tema em questão)
0007423-12.2002.8.19.0042 – APELACAO TJRJ
DES. MARIO DOS SANTOS PAULO – Julgamento: 01/06/2010 – QUARTA CÂMARA CÍVEL
1. RESPONSABILIDADE CIVIL. 2. DANOS MATERIAIS E MORAIS. 3. TABAGISMO. USO PROLONGADO DE CIGARROS. 4. PROPAGANDA ENGANOSA. 5. ANTES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, NÃO HAVIA NORMA LEGAL SOBRE O FUMO, TEMA ENCARTADO NO ART. 220 DA NOVA CARTA POLÍTICA, REMETENDO A REGULAMENTAÇÃO PARA LEI ORDINÁRIA, QUE DEVERIA TER SIDO EDITADA EM DOZE MESES, CONFORME ART. 65 DO ADCT, MAS QUE SÓ VEIO A LUME EM 1996, SOB O NÚMERO 9294. 6. DE LONGA DATA, HÁ DÉCADAS, SÃO CONHECIDOS OS EFEITOS NEGATIVOS DO HÁBITO DE FUMAR, ANTES SOCIALMENTE ACEITO E INCENTIVADO. 7. A PARTIR DA VIGÊNCIA DA NOVA CARTA MAGNA OS FABRICANTES PASSARAM A DIVULGAR ALERTAS DESTACANDO OS PERIGOS À SAÚDE, E A PROPAGANDA NEGATIVA SE TORNOU MAIS INTENSA A PARTIR DAS REGRAS GENÉRICAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, INTENSIFICANDO-SE APÓS A LEI ESPECÍFICA, SEMPRE OBEDECIDO O ORDENAMENTO JURÍDICO PELAS EMPRESAS DO RAMO. 8. A INDUSTRIALIZAÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E PROPAGANDA DO TABACO SÃO ATIVIDADES LÍCITAS E REGULAMENTADAS. 9. FUMAR, E MANTER-SE FUMANTE, É ESCOLHA PESSOAL, CORRENDO O INTERESSADO OS RISCOS, POSTO QUE INSISTENTEMENTE ALERTADO POR FRENÉTICA E PERMANENTE, CAMPANHA CONTRÁRIA. 10. CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR, PELOS EVENTUAIS MALEFÍCIOS EXPERIMENTADOS. 11. DE OUTRO LADO, AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO EFETIVA DO NEXO CAUSAL, ASSIM COMO DE UTILIZAÇÃO EXCLUSIVA DOS PRODUTOS DA RÉ. 12. SENTENÇA QUE MERECE PRESTÍGIO. 13. RECURSO IMPROVIDO.
0121082-93.2000.8.19.0001 – APELACAO TJRJ
DES. MARIA AUGUSTA VAZ – Julgamento: 02/03/2010 – PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL
TABAGISMO
MORTE DA VÍTIMA
NEXO CAUSAL NAO CONFIGURADO
ATIVIDADE LÍCITA
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
RESPONSABILIDADE CIVIL. TABAGISMO E MORTE DO CONSUMIDOR. AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE COMERCIALIZAÇÃO E FATO DANOSO. LAUDO PERICIAL NESSE SENTIDO. ATIVIDADE LÍCITA E EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. Não se pode reconhecer o liame de causalidade entre o hábito do tabagismo e o óbito do fumante, como, aliás, expressamente o afirmou o laudo pericial. Tendo a morte ocorrido logo após a vigência do CDC, todas as práticas comerciais de publicidade e fornecimento abusivo de cigarro pela ré, suscitadas pela autora e que supostamente teriam causado o óbito do seu marido, ocorreram antes do advento desse diploma legal, remetendo-se o juízo de Responsabilidade Civil ao Código Civil de 1916, em vigor á época de todos os acontecimentos. Não há dúvidas sobre os efeitos nefastos do consumo de cigarro sobre a saúde dos consumidores, mas a sociedade e, principalmente, o legislador constitucional (artigo 220, §4º da CRFB) e infraconstitucional (Lei 9294/96) reconhecem a legitimidade e a licitude da fabricação, comercialização e publicidade do cigarro. As atividades comerciais e industriais ligadas ao cigarro são lícitas no Brasil, configurando objeto de extensa regulamentação e disciplina, nos quesitos de precificação, propaganda, tributação, exportação e informação ao consumidor. Não há ato ou fato ilícito na industrialização e venda de cigarros, o que define a atividade da ré como exercício regular de um direito, nos moldes e limites impostos pelo ordenamento jurídico. Como bem sabido e expresso no artigo 5º, II, da CRFB, inexiste obrigação de fazer ou de se omitir que possa ser imposta sem que haja previsão em lei para tanto. Não cumpre ao magistrado fazer juízo de moralidade, custo-benefício e justiça social da política sanitária, criminal e de saúde nacional, sob pena de travestir-se em legislador, mas sim respeitar e impor a vontade legislativa que, em princípio, reflete a da população. E nesse tocante, a livre iniciativa deve ser respeitada, pois não está ultrapassando qualquer limite imposto pelo ordenamento jurídico. Em última instância, a escolha pelo hábito de fumar não é de ninguém a não ser do consumidor, que inaugura a conduta por sua livre a desvinculada escolha. Sentença que se confirma.
Ementário: 23/2010 - N. 19 - 17/06/2010
Precedente Citado: TJRJ AC 2003.001.22442, Rel.Des. Horácio Ribeiro Neto, julgada em 14/10/2003;AC 2003.001.03822, Rel. Des. Laerson Mauro, julgada em 12/08/2003; AC 2003.001.04184, Rel. Des. Galdino Siqueira Netto, julgada em 30/04/2003 e AC 2002.001.09153, Rel. Des. Murilo Andrade de Carvalho, julgada em 26/09/2002.
Questão 2: Continue sua pesquisa a fim de esclarecer se há como demonstrar nexo causal entre a conduta e o resultado. Justifique sua resposta.
A dificuldade inicial para responsabilizar uma empresa tabagista pela morte de um consumidor ou por danos causados à saúde de consumidores passa pelo reconhecimento de um nexo de causalidade.
Convém ressaltar que antes da Constituição Federal de 1988 não havia norma legal sobre o fumo, nem exigência aos fabricantes no sentido de alertar os consumidores para os efeitos nocivos e danosos do consumo do cigarro.
Não há impedimento de ordem jurídica para a industrialização do cigarro, tampouco para sua comercialização; ou seja, trata-se de atividades lícitas e regulamentadas.
A publicidade em torno do cigarro há muito deixou de ser enganosa, no sentido de relacionar o consumo do tabaco a atividades esportivas ou a imagens que sugerem vigor físico e elegância, características que não têm correspondência com a nocividade do produto para a saúde dos fumantes.
Havendo, como hoje, propagandas esclarecedoras sobre os muitos efeitos danosos do consumo do tabaco, movidas por uma constante campanha antitabagista, fica cada vez mais a critério do consumidor decidir-se por fumar ou não fumar. Não se pode afirmar que o consumidor desconhece os riscos do consumo do cigarro.
Via de regra, lei, doutrina e jurisprudência não acolhem a tese de que fumantes (ou seus sucessores, no caso de morte daqueles) têm direito a receber indenização se houver problemas de saúde ou morte decorrente do uso contínuo do tabaco. A grande dificuldade dos consumidores é demonstrar o nexo causal entre o consumo do produto e a maior parte das doenças, ainda que largamente noticiadas como fruto dessa prática nociva à saúde.
Com efeito, se não existem dúvidas quanto à nocividade do cigarro para a saúde dos fumantes, nocividade esta embasada em comprovação científica, em casos como o que se apresenta, em que se deseja vincular a ocorrência de um câncer pulmonar ao consumo excessivo de cigarros, em decorrência do qual veio a vítima a falecer, falta definir se o ato de fumar se caracteriza comocausa ou se seria apenas um fator agravante. É fato incontestável que mesmo pessoas que não consomem regularmente cigarros são passíveis de contrair câncer pulmonar e, por lado inverso, há pessoas que, embora fumem de longa data, não foram vitimadas pela doença nem jamais serão. 
Outra dificuldade é a própria aplicação do CDC, pois a maior parte dos fumantes, como no caso em análise, iniciou o consumo antes da entrada em vigor dessa legislação.
Questão 3 – Na impossibilidade ou na dificuldade de recorrer às fontes citadas nas questões anteriores, como você propõe que seja defendida a tese de que a empresa Souza Cruz tem responsabilidade civil com os consumidores ou com seus sucessores?
As principais fontes do direito não apresentam orientação específica no sentido da indenização para esses casos. Quem a pretende precisa persuadir o magistrado prioritariamente pelos fatos e pelos princípios.
Semana 13
Questão única:
Fundamentação (simples)
Diferenças culturais já foram usadas mais de uma vez, ao longo dos contatos históricos entre os povos e as nações, para tentar justificar gestos e atitudes que, na perspectiva legal específica de um determinado país, configuram-se não apenas imorais como também criminosas. Assim é que, se em certos países asiáticos ou africanos, por exemplo, tem o homem o direito de espancar ou mesmo mutilar a sua esposa, o argumento de ser esse um costume antigo e socialmente aceitável em seu povo não impede que o seu autor seja julgado e punido pelas leis do país no qual se encontra atualmente. O caso do italiano preso em flagrante, na Praia do Futuro, em Fortaleza, por sua conduta indecente, diante dos olhares incrédulos de turistas brasileiros, é um bom exemplo do que acabamos de explanar. (1)
Deve prosperar a acusação de pedofilia e estupro em face do réu porque, de acordo com o depoimento de um casal de turistas de Brasília, que se achava no local, o estrangeiro beijou na boca a sua filha, de apenas oito anos; e também acariciou partes íntimas da menina. Além disso, segundo o gerente da barraca onde o caso se deu, o italiano fora antes advertido por um funcionário, a pedido do casal de Brasília, mas, como não se contivesse, a polícia foi chamada. (2)
É de verificar-se que o Código Penal, em seu Art. 215, prevê reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, a quem tiver “conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”. (3)
Mesmo que se possa alegar que, na Europa, os carinhos descritos acima sejam considerados normais entre um pai e sua filha, fato este confirmado pela própria menina em depoimento dado na Delegacia de Combate à Exploração de Crianças e do Adolescente, a nova lei que trata dos crimes contra a dignidade sexual equipara abuso a estupro, razão pela qual o estrangeiro foi preso pelo crime de estupro de vulnerável. (4)
Conclusão
Diante do exposto acima, com base nos artigos 215 e 217 do CP, deve o réu responder pelo crime de estupro de vulnerável.
__________________________
(1) Introito (abertura da Fundamentação).
(2) Argumento pró-tese.
(3) Argumento de autoridade.
(4) Argumento de oposição concessiva.

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