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Cartilha Piscicultura

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piscicultura
Airton Rebouças Sampaio
José Milson Gomes Bastos
 Sampaio, Airton Rebouças
S192p Piscicultura/ Airton Rebouças Sampaio. - Fortaleza: Fundação 
Demócrito Rocha/ Instituto Centro de Ensino Tecnológico - 
CENTEC, 2013.
 44p. : il. color. - (Coleção Formação para o trabalho)
 ISBN 978-85-7529-595-3
 1. Criação de peixes. 2. Piscicultura. I. Título.
CDU 639.3
Fundação Demócrito Rocha
Presidente 
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Edições Demócrito Rocha
Editora 
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Editor Adjunto 
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Coordenação de Produção Editorial 
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Editor de Design 
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Projeto Gráfico 
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Capas 
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Ilustrações 
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Editoração eletrônica 
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Revisão 
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fundacao@fdr.com.br
Sumário
Apresentação ........................................04
Lição 1
Porque criar peixes .............................. 05
Lição 2
Fatores importantes 
para criação de peixes ....................... 07
Lição 3
Os seres vivos aquáticos .................... 10
Lição 4
Os peixes e sua alimentação .............. 13
Lição 5
Principais espécies 
adaptadas aos cultivos ...................... 17
Lição 6
Diferentes sistemas de cultivo ..............20
Lição 7
Criação de peixes em açudes ............. 21
Lição 8
Criação de peixes em 
viveiros e gaiolas ................................. 25
Lição 9
Reversão sexual em tilápia do Nilo ..... 31
Lição 10
Equipamentos indispensáveis 
em piscicultura .................................... 34
Lição 11
Práticas piscícolas ............................... 35
Referências .......................................... 44
4 Formação para o trabalho piscicultura
A 
piscicultura é uma técnica de 
criar e multiplicar os peixes 
sendo, portanto, uma importante 
atividade que, se bem conduzi-
da, representa uma fonte de empre-
go e renda no País, além de contri-
buir para a diminuição do déficit ali-
mentar nas populações mais pobres.
A piscicultura aumenta a disponi-
bilidade e a qualidade da alimenta-
ção familiar, proporciona excelentes 
oportunidades para o lazer e fonte 
de renda, pois os famosos pesque-
pague, além de servirem de entre-
tenimento, quando explorados de 
forma adequada, apresentam ótimo 
retorno financeiro.
O presente manual pretende ser 
um instrumento que possibilite ao 
produtor rural os conhecimentos 
teóricos e práticos necessários à 
gestão de empreendimentos piscí-
colas, através de informações técni-
cas imprescindíveis ao desempe-
nho dessa atividade, visando o 
pleno alcance do sucesso da 
empreitada.
Aplicando, corretamente, os ensi-
namentos aqui contidos e que são 
explanados no curso, tanto na teoria 
quanto na prática, com certeza, o 
empreendedor, em curto espaço de 
tempo, passará a colher os frutos do 
seu esforço e interesse. 
Fator de fundamental importân-
cia para o sucesso dessa atividade 
é o incentivo ao espírito associati-
vista, tendo sempre em vista o 
desenvolvimento de uma atividade 
rentável e que poderá contribuir 
para o incremento da oferta de pro-
teína de origem animal de elevado 
teor nutricional às populações rurais 
e urbanas, pois o peixe é um ali-
mento rico em proteínas, vitaminas, 
sais minerais e suas gorduras não-
saturadas contribuem para redução 
dos teores de colesterol.
Este texto tenta mostrar, ao pro-
dutor rural, que a piscicultura deve 
ser encarada como uma atividade 
produtiva igual a pecuária e agricul-
tura em que os vários procedimentos 
devem ser rigorosamente seguidos.
Apresentação
Fundação Demócrito Rocha 5
Porque criar peixes
Lição 1
O 
Brasil é um país com grande 
potencial hídrico e de solo, 
temperatura sem grandes osci-
lações e luminosidade durante 
todo o ano, favoráveis à implanta-
ção da piscicultura. 
No Estado do Ceará existem, 
hoje, cerca de 10.000 açudes, ocu-
pando 170.000 hectares, aproxima-
damente, de espelho d’água, distri-
buídos em pequenos, médios e gran-
des açudes, particulares e públicos, 
além de 3.200 horas de sol por ano.
Everton Lemos
Vista panorâmica de um açude
Quando comparada com a agri-
cultura, a piscicultura apresenta 
várias vantagens: pequeno investi-
mento (quando já existe reservató-
rio), pouca mão de obra, baixo risco 
e retorno econômico garantido.
Em relação à pecuária, a pisci-
cultura permite uma produção de 
proteína por hectare 20 a 80 vezes 
maior, considerando-se a produção 
de 100 kg carne/ano, em um hecta-
re de boa pastagem. 
A piscicultura aumenta a disponi-
bilidade e a qualidade da alimenta-
ção familiar, melhora o nível de 
emprego e renda, além de propor-
cionar excelentes oportunidades 
para o lazer. 
 Semelhança Entre as Atividades
Discriminação Calorias Proteínas(g) Lipídios(g) Cálcio(mg) 
Boi (magro) 146 21 06 12
Boi (gordo) 225 19 16 11
Galinha (gorda) 246 18 19 10
Porco (gordo) 276 17 23 10
Peixe de 
água doce
Cozido 104 23 01 28
Frito 516 39 39 126
Salgado 193 40 02 190
Fonte: IBGE
A piscicultura aparece como 
uma nobre alternativa de 
aproveitamento de áreas 
salinizadas que perderam o 
seu valor agrícola, podendo 
serem utilizadas para 
construções de viveiros.
6 Formação para o trabalho piscicultura
Na tabela da página anterior pode-
se comparar o teor de calorias, a 
quantidade de lipídios, cálcio e o valor 
proteico da carne do peixe de água 
doce com o valor de outras carnes.
O produtor rural precisa tomar 
conhecimento de que na piscicultu-
ra, como na agricultura irrigada e na 
pecuária, existem as diversas eta-
pas da produção: pesca, beneficia-
mento e comercialização do pesca-
do. Além da piscicultura fornecer 
uma alimentação rica em proteínas 
é uma fonte de renda através da 
comercialização do pescado ou do 
lazer através dos famosos pesque-
pague e portanto deve ser encarada 
do mesmo modo que a pecuária 
intensiva e a agricultura irrigada, 
como mostra a tabela a seguir:
Igor Câmara
Os pesque-pague funcionam como áreas de lazer e renda
 Semelhança entre as Atividades
Agricultura irrigada Criação (pecuária) Piscicultura
Plantio Compra (reprodução) Peixamento
Adubação Ração Adubação
Irrigação Alimentação normal
Alimentação 
complementar
Colheita Corte Despesca
Resumo da lição
•	As	vantagens	da	implantação	da	piscicultura	no	Brasil	se	deve	à	
potencialidade	hídrica	e	de	solo,	temperatura	e	luminosidade.
•	As	vantagens	da	piscicultura	em	relação	à	agricultura	e	à	pecuária	é	
que	aquela	exige	pequeno	investimento,	pouca	mão	de	obra	e	baixo	
risco	econômico.
•	A	piscicultura	propicia	o	aproveitamento	das	áreas	salinizadas.
•	O	valor	proteico	da	carne	do	peixe	de	água	doce	é	superior	ao	das	
carnes	bovina,	de	aves	e	suína.
Qual a vantagem da 
piscicultura em 
relação à agricultura?
Fundação Demócrito Rocha 7
Fatores importantes para
criação de peixes
Lição 2
E
xistem diversos fatores quími-
cos, físicos e biológicos que inte-
ragem entre si, que são impor-tantes para sobrevivência e a 
reprodução das espécies de peixes.
Descrevemos a seguir esses 
fatores e suas interações, com evi-
dentes vantagens para o desenvol-
vimento da piscicultura.
Água
A vida não pode existir na ausência 
de água e a biodiversidade de um 
ecossistema é diretamente propor-
cional à disponibilidade de água.
A piscicultura necessita de água 
em abundância e de boa qualidade. 
O dimensionamento de cada proje-
to de piscicultura é função da água 
disponível, levando-se em conta as 
perdas por evaporação, infiltração e 
eventuais renovações de água das 
coleções d’água. Um hectare de 
viveiro necessita de uma vazão de 
5 a 10 litros/segundo.
Para maior segurança do projeto, 
a água deve ser analisada em labo-
ratório, para determinação da sua 
qualidade, que é tão importante para 
a piscicultura como a qualidade do 
solo para a agricultura: se o solo da 
agricultura não tem boa fertilidade e 
boas características físicas, haverá 
escassa colheita; se a água na pisci-
cultura não contém elementos nutri-
tivos para os peixes e/ou nem apre-
senta adequadas propriedades físi-
cas, haverá pouco pescado. 
Água poluída não serve para 
abastecimento de viveiros e muito 
cuidado com o emprego de pestici-
das na propriedade, para não con-
taminar as fontes d’água. 
Temperatura
A temperatura é o primeiro fator de 
grande importância para a piscicultu-
ra, pois dela dependem a quantida-
de de oxigênio dissolvido na água e, 
de maneira geral, todas as ativida-
des fisiológicas dos peixes (respira-
ção, digestão, alimentação, etc.). 
Os peixes tropicais precisam de 
temperatura entre 25 a 32º C que é a 
faixa de temperatura mais frequente 
nas condições do Nordeste. Cuidados 
deverão ser tomados com as águas 
rasas, com profundidade de 1 a 2 
metros, onde a temperatura pode 
alcançar valores acima de 32 ºC. 
Nas águas mais profundas a tem-
peratura, geralmente, é um pouco 
mais baixa (2 a 3 ºC a menos), no 
fundo da represa, oferecendo um 
refúgio para os peixes nas horas mais 
quentes do dia. A água turva também 
tem temperatura mais baixa, dificil-
mente ultrapassando os 30 ºC a 0,80 
- 1,00 m de profundidade, uma vez 
que essa impede a penetração da luz.
Oxigênio
O oxigênio é o mais importante entre 
os gases dissolvidos na água, sendo 
indispensável à vida dos organismos 
que vivem nos viveiros (peixes, inse-
tos, algas, plantas, etc).
Na água, o oxigênio provém de 
algas e plantas submersas, de onde 
é liberado durante o dia; e da atmos-
fera, a partir da incorporação natural 
ou artificial (aeradores mecânicos).
A água que penetra na boca 
dos peixes passa pelas 
brânquias (onde ocorrem as 
trocas gasosas) e sai pelas 
fendas branquiais.
Os peixes dulcícolas vivem em 
ambiente hipotônico. Por 
osmose, a água entra pelas 
brânquias e pela superfície do 
corpo. Os rins eliminam o 
excesso de água; os sais 
perdidos na urina são repostos 
pelos alimentos e por absorção 
ativa por meio das brânquias.
Temperatura: é uma medida de 
“quanto” alguma coisa é 
“quente” ou “fria”, ou seja, é 
uma medida do movimento das 
moléculas.
A carpa, a curimatã
e a tilápia são mais tolerantes 
às mudanças de temperatura.
Qual a importância 
da temperatura na 
piscicultura?
8 Formação para o trabalho piscicultura
As necessidades de oxigênio 
dissolvido variam com as espécies. 
A quantidade de oxigênio dissol-
vido na água é avaliada através de 
um medidor denominado oxímetro 
e, para fornecer aeração rápida e 
vigorosa aos peixes, existem aera-
dores mecânicos apropriados.
Oxímetro
Transparência
A água não deve ser muito transpa-
rente, nem muito turva. Para medir 
a transparência da água, utiliza-se 
um disco de Secchi (figura ao lado) 
ou um prato branco, amarrado a 
um cordão ou seguro na mão, mer-
gulhando-o na água até que deixe 
de ser visível. A profundidade cor-
respondente a esse ponto mede a 
transparência da água que deve 
ficar entre 20 e 40 cm, para se ter 
condições ótimas de cultivo.
Uma água muito transparente, 
na qual o disco de Secchi ou o 
prato ficam visíveis além de 40 cm 
de profundidade, é uma água pobre 
em nutrientes e, particularmente, 
em algas; porque a luz é tão forte 
nos primeiros centímetros, que 
pode até inibir a fotossíntese, impe-
dindo o desenvolvimento das algas 
na superfície. 
Ao contrário, uma água muito 
turva ou barrenta, na qual o disco 
de Secchi ou o prato deixam de ser 
visíveis com 20 cm de profundida-
de, não deixa penetrar a luz neces-
sária à fotossíntese o que, tam-
bém, impede o desenvolvimento 
das algas.
 A turvação da água é causada, 
geralmente, por materiais em sus-
pensão, trazidos pelas águas bar-
rentas escoadas, de cores carre-
gadas, como o amarelo, o verme-
lho ou o cinza, tendendo a diminuir 
à medida em que os materiais se 
depositam.
A turvação pode também ser 
proveniente de uma grande quanti-
dade de algas e microorganismos, 
dando à água uma coloração 
esverdeada ou verde azulada. 
Neste caso, trata-se de um fator 
positivo, a menos que haja exces-
so, o que prejudicaria os peixes. 
pH (potencial 
hidrogêniônico)
A acidez e a basilicidade (ou alcali-
nidade) de um meio dependem dos 
números relativos de íons H+ ou 
OH- presentes.
Para sabermos o quanto um 
meio é ácido ou básico utilizamos a 
escala de pH, elaborada levando-
se em conta a quantidade de íons 
H+ presentes no meio. Quanto 
maior a quantidade de H+, menor o 
pH e mais ácido o meio. Quanto 
menor a quantidade de H+, maior o 
pH e maior o caráter básico do 
meio. Isto ocorre porque o pH é 
dado pela fórmula:
pH = log 1
[H3O
+]
A escala, a seguir, apresenta as 
diversas faixas de pH para a cria-
ção de peixes nas condições climá-
ticas do Nordeste brasileiro. A faixa 
adequada vai de 7 a 8,5; o pH satis-
fatório varia de 6,5 a 9,5; as outras 
faixas não são boas para a criação.
De onde vem
o oxigênio 
dissolvido na água?
Quem causa 
a turvação da água?
Oxigênio: é o mais abundante 
elemento, em massa, na Terra, 
como gás. Ele forma cerca de 
21% do volume de nossa 
atmosfera. Ele também, forma 
89% da massa da água. É 
essencial para respiração e 
necessário para a obtenção
de energia a partir
do alimento que
os animais comem.
Disco de Secchi: tem 20 cm de 
diâmetro e 4 quadrantes, 
pintados, alternadamente,
em preto e branco.
Disco de Secchi
Fundação Demócrito Rocha 9
Escala de pH
é a plana ou levemente inclinada, 
com declividade menor que 5%, pois 
permite a construção de viveiros 
sem grande movimentação de terra. 
Antes da implantação dos vivei-
ros, coleta-se amostras de solo para 
análise físico-química. A retirada das 
amostras deverá ser realizada à pro-
fundidade de 0 a 1,5m, com o auxílio 
de um trado próprio para coletar 
solo. As amostras de solo deverão 
ser etiquetadas e enviadas ao labo-
ratório de análise mais próximo. 
Para a criação de peixes, são 
feitos os gastos necessários com a 
construção de instalações (açudes, 
viveiros, tanques, etc.); com a aqui-
sição dos alevinos, dos apetrechos e 
equipamentos de pesca e dos insu-
mos (ração). No entanto, existem 
diferentes linhas de crédito e varia-
das condições de financiamento.
 Para obter o financiamento, o 
interessado deve encomendar a 
elaboração do projeto a um técnico 
ou escritório especializado, entre-
gando-o, posteriormente, à fonte 
financiadora autorizada.
Mercado
Por ser uma atividade geradora de 
renda, a piscicultura necessita ser 
vista em perspectiva. Portanto, os 
seus produtos necessitam ser pro-
jetados para mercados, não 
somente locais, mas, também, 
nacionais e internacionais.
A escolha da espécie a ser cria-
da tem que atender à demanda da 
área de abrangência do projeto, 
bem como às exigências dos hábi-
tos alimentares da clientela.O pH varia durante as 24 horas do 
dia, em função dos seguintes fatores: 
 ■ Respiração dos seres vivos 
(algas, plantas e animais);
 ■ Fotossíntese (algas e plantas);
 ■ Calagem (cal, calcário e gesso);
 ■ Adubação (estercos e fertili-
zantes);
 ■ Poluição (química).
Mede-se o pH com instrumentos 
apropriados, pHmetros (figura abai-
xo) ou com fitas de papel indicador, 
mergulhadas na água, cuja cor indi-
ca o pH da mesma.
Medidor de pH, conhecido também 
com pHmetro
A acidez da água (pH inferior a 
6,5) deve ser corrigida, utilizando-
se cal ou calcário.
Terreno
Para a construção de viveiros de 
piscicultura, deve-se levar em conta 
a topografia e a textura do solo onde 
se pretende implantar a criação.
A topografia do terreno define o 
tipo, a forma e a quantidade de vivei-
ros a construir. A mais recomendada 
Resumo 
da lição
•	Os	recursos	naturais	na	cria-
ção	de	peixes	são:	água,	oxi-
gênio	e	terreno.
•	Deve-se	fazer	análise	de	
água	para	determinação	de	
sua	qualidade.
•	A	temperatura	para	peixes	tropi-
cais	é	em	torno	de	25	a	32º C.
•	O	oxigênio	existente	dissolvi-
do	na	água	provém	de	algas	
e	plantas	submersas	e	da	
atmosfera	e	é	indispensável	à	
vida	dos	organismos	que	
vivem	nos	viveiros.
•	A	água	não	deve	ser	muito	
transparente	nem	muito	turva.
•	O	pH	satisfatório	para	piscicul-
tura	varia	de	6,5	a	9,5.
•	A	topografia	da	área	do	criató-
rio	de	peixe	deve	ser	plana	ou	
levemente	inclinada	com	solos	
impermeáveis.
•	Para	obter-se	financiamento	
existem	diferentes	linhas	de	
crédito.
•	A	escolha	das	espécies	a	
serem	criadas	depende	dos	
hábitos	alimentares	da	clientela.
10 Formação para o trabalho piscicultura
Os seres 
vivos aquáticos
Lição 3
O
s organismos não são entida-
des isoladas, uma vez que 
interferem em seu ambiente, 
interagem entre si e com os 
fatores abióticos. Os peixes obtêm 
alimentação do ambiente (luz, 
matéria orgânica, sais minerais, 
água, gases) enquanto nele elimi-
nam resíduos (urina, fezes e gás 
carbônico). Entre os seres vivos de 
um ecossistema, há um interrela-
cionamento dinâmico e equilibrado 
que mantém um fluxo permanente 
de energia e matéria.
Quando a água enche o açude 
ou o viveiro, ela fica rapidamente 
povoada de inúmeros seres vivos 
aquáticos. O equilíbrio entre os 
diversos tipos destes seres vivos e 
o papel dos mesmos na alimenta-
ção e na vida dos peixes são fun-
damentais. Por isso, é de grande 
importância conhecer as principais 
categorias de vegetais e animais 
presentes nos açudes ou viveiros.
Plâncton vegetal 
ou fitoplâncton 
Os fitoplânctons são plantas micros-
cópicas, raramente visíveis a olho 
nu e que, geralmente, juntam-se em 
colônias. A partir da luz, do gás car-
bônico e de alguns sais dissolvidos 
na água, essas plantas sintetizam 
matérias orgânicas, tais como pro-
teínas, óleos e vitaminas que, direta 
ou indiretamente, chegam aos pei-
xes, constituindo-se a base da ali-
mentação dos mesmos. Portanto, 
para os peixes, o plâncton vegetal, 
denominado de fitoplâncton, é o 
elemento mais importante da água.
Plâncton animal ou 
zooplâncton
Os zooplânctons são comunidades 
constituídas por minúsculos ani-
mais aquáticos, como os rotíferos 
que são indispensáveis à alimenta-
ção dos alevinos e por pequenos 
crustáceos (copépodos) que consti-
tuem a base alimentar dos peixes 
que não comem algas.
Pequenos Animais 
do Lodo ou Zoobentos
Os zoobentos, chamados de ani-
mais bentônicos e que vivem no 
fundo dos açudes ou viveiros são, 
principalmente, as larvas de inse-
tos, minhocas e moluscos. Existem 
algumas formas que são prejudi-
ciais, porque alimentam-se de lar-
vas ou alevinos. 
Aves predadoras
Existem aves, como a garça, o 
martim-pescador e o socó, mostra-
das na figura a seguir, que são 
denominadas predadoras, porque 
se alimentam de larvas e de alevi-
nos de peixes.
Nos açudes e nos 
viveiros existem pequenos 
animais e vegetais.
Nos ecossistemas aquáticos, as 
algas são os principais 
componentes do fitoplâncton.
Qual a constituição 
do plâncton animal?
Fundação Demócrito Rocha 11
As aves acima e outras não cita-
das no presente Manual causam 
inúmeros prejuízos aos criadores 
de peixe, especialmente no proces-
so da alevinagem e na fase inicial 
de engorda.
Plantas aquáticas: 
problemas e controle
As plantas aquáticas podem servir 
de alimentos mas também podem 
ser prejudiciais, pois podem interfe-
rir no ambiente aquático através da 
invasão de todo o espelho d’água, 
produção de resíduos e poluentes. 
Entre as plantas aquáticas distin-
guem-se 3 tipos:
Plantas flutuantes: essas plantas, 
que às vezes chegam a cobrir o 
espelho d’água do açude, são pre-
judiciais à piscicultura, impedindo a 
penetração da luz, retirando 
nutrientes básicos da água e con-
sumindo, durante a noite, o oxigê-
nio da água. As mais conhecidas 
são a baronesa (aguapé) e a alface 
d’água (pistia). Em pequenas 
quantidades, porém, elas podem 
ser benéficas, servindo de abrigo 
para a desova, nas áreas mais 
frescas, quando a água esquenta.
Plantas submersas: são as que se 
desenvolvem no fundo dos açudes 
de água muito clara. Embora sirvam 
como alimento para alguns tipos de 
peixe e existam algumas conhecidas 
como boas oxigenadoras da água e 
protetoras de larvas, como a 
Sagitária, Valisnéria, Elodéa (esta 
última alastrando-se com grande 
facilidade), essas plantas são, em 
geral, prejudiciais. No entanto, a tur-
bidez da água dos açudes raramen-
te permite o seu desenvolvimento.
Plantas emergentes: são as que 
crescem no talude da barragem e 
podem constituir parte da alimenta-
ção da carpa-carpim, da tilápia do 
Congo e de outras espécies.
Everton Lemos
Plantas emergentes em viveiros de criação de peixes
Aves predadoras de peixes
O que 
são algas?
Quais são os 
métodos de controle 
das plantas aquáticas?
12 Formação para o trabalho piscicultura
Algas: são vegetais sem vasos, 
geralmente clorofilados, também 
conhecidas por talófitas. Existem 
algumas espécies que são impor-
tantes na criação de peixes; mas 
outras, como o lodo babão 
(Spirogyra), são prejudiciais.
Problemas
Entre os problemas provocados pelas 
plantas aquáticas destacam-se:
 ■ Redução do volume d’água do 
viveiro ou açude; 
 ■ Aumento das inundações dos rios;
 ■ Impedimento das atividades 
recreativas do ambiente aquáti-
co, tais como a pesca dos açu-
des e a despesca do viveiro;
 ■ Causa de assoreamento de açu-
des, viveiros, rios, canais, etc; 
 ■ Bloqueio à navegação;
 ■ Impossibilidade à utilização de 
tanques-rede;
 ■ Transmissão de coloração inde-
sejável e mau cheiro da água;
 ■ Redução do fluxo d’água nos 
canais de abastecimento, nos 
drenos e nas valas;
 ■ Causa de danos aos equipamen-
tos hidráulicos, com prejuízos à 
geração de energia e ao bombe-
amento d’água para o consumo, 
irrigação ou piscicultura.
Controle
É de fundamental importância o con-
trole e identificação dos problemas 
causados pelas plantas aquáticas, 
sendo necessária uma investigação 
rigorosa e metódica para escolher o 
melhor método de controle. A seguir 
são descritos esses métodos:
Controle mecânico
Através de instrumentos (facões e 
foices) para plantas de superfície 
ou, mesmo, arrancando com as 
mãos, para aquelas que se encon-
tram enraizadas nas partes rasas 
e nas margens dos viveiros, açu-
des e canais.
Utilização de rede de arrasto 
para controlar o excesso de algas 
filamentosas (lodo babão) ou de 
vegetais flutuantes (orelha de onça).
Emprego de aparelhos especiais 
para o corte de plantas aquáticas: 
cortador de grama, microtrator, tra-
tor com corrente, lancha ceifadeira 
ou guindaste, para fazer a remoção 
das plantas e algas. 
Controle químico
Utilizam-se cal e adubos para con-
trolaro crescimento exagerado das 
algas e dos vegetais submersos.
Empregam-se herbicidas de 
baixa toxidez, como o Bi-hedonal 
(2-4 D) que, comprovadamente, não 
causa intoxicação ao homem e aos 
animais silvestres e domésticos. 
Controle biológico
O controle biológico das algas e de 
outras plantas aquáticas pode ser 
feito através do uso de peixes 
como tilápia do Congo, carpa-
capim, carpa-prateada, carpa-
cabeça-grande e carpa-comum, ou 
o uso de outros animais como inse-
tos, boi, porco, bode, carneiro, 
pato, marreco, ganso, cisne, peixe-
boi, capivara, búfalo, etc.
A cadeia alimentar, representada 
no esquema ao lado e acima, tem a 
seguinte sequência: a matéria orgâni-
ca possibilita o crescimento e o 
desenvolvimento dos fitoplânctons 
(algas) que, por sua vez, alimentam 
os zooplânctons. Os peixes crescem, 
ao se alimentarem dos zooplânctons, 
e são presas dos animais aquáticos 
carnívoros (peixes, rãs, mamíferos, 
etc.). As relações entre os vários 
níveis tróficos, entre os organismos 
presentes num lago estão apresenta-
dos nesta pirâmide.
Níveis hierárquicos de uma cadeia alimentar
Resumo 
da lição
•	Os	vegetais	e	animais	presentes	no	
açude	ou	viveiro	interagem	entre	si	e	
com	os	fatores	abióticos.
•	Os	fitoplânctons,	plantas	microscópi-
cas,	são	a	base	da	alimentação	dos	
peixes.
•	As	plantas	aquáticas	podem	causar	
problemas	à	piscicultura,	portanto	
devem	ser	controladas.
•	As	algas	são	importantes	na	criação	
de	peixes.
•	A	cadeia	alimentar	mostra	o	fluxo	
dentro	de	um	açude.
Como é feito 
o controle biológico 
das plantas aquáticas?
O que é cadeia 
alimentar e 
como funciona?
Qual o nível que 
contém maior número 
de indivíduos?
Fundação Demócrito Rocha 13
Os peixes e sua alimentação
Lição 4
A 
alimentação dos peixes provém 
de duas fontes: uma natural 
(plânctons e bêntons) que habi-
ta o meio aquático, tais como 
viveiros, lagoas, lagos e açudes e a 
outra artificial, representada pelos 
ingredientes isolados ou associa-
dos, balanceados ou não.
Com a alimentação natural é 
possível obter-se ganho de peso 
dos peixes, desde que a aduba-
ção dos viveiros seja realizada 
racionalmente.
Rede coletora de plânctons
As melhores forragens para os 
peixes são as de feno, tanto de 
leguminosas, como cunhã, leucena, 
algaroba, mucuna, feijão de porco, 
fava brava, marianinha e guandu, 
quanto de mandioca ou macaxeira.
 ■ As farinhas disponíveis são de 
carne, de peixe, de sangue e de 
vísceras; 
 ■ Os tubérculos são de mandioca 
e de batata-doce;
 ■ Os frutos mais usados são a 
goiaba, a manga, a banana, o 
caju, a acerola, o mamão, a 
melancia e o jerimum.
Quanto à forma de apresenta-
ção, as rações podem ser elabora-
das de três maneiras diferentes: 
pastosas, fareladas e granuladas.
A pastosa é fácil de fazer, mas é 
de difícil conservação, exigindo a 
aquisição de geladeira ou freezer. 
Na farelada, o balanceamento 
desaparece rápido, quando a ração 
é distribuída, por causa da desagre-
gação dos componentes na água.
As rações granuladas são prepa-
radas em máquinas especiais: mis-
turador e peletizador. Atualmente, a 
mais indicada é o pelete extrusado 
que flutua antes de afundar, perma-
necendo mais tempo à disposição 
dos peixes.
O estado de conservação dos 
alimentos está intimamente rela-
cionado à qualidade. A exposição 
dos mesmos ao tempo (sol ou 
chuva), pode ocasionar alteração 
significativa (mofo, fermentação), 
podendo haver recusa, intoxicação 
e morte dos peixes. 
Na composição da ração, deve-
se utilizar ingredientes variados, 
atentando para o preço, quantidade 
de proteína, nutrientes digestíveis, 
energia líquida, matéria fibrosa, 
entre outros.
A dieta balanceada, de emprego 
exclusivo na piscicultura intensiva 
ou superintensiva, deve conter pro-
teína bruta, variando de 28 a 35%, 
em função das espécies. Outros 
fatores importantes são o NDT 
(Total de Nutrientes Digestíveis) e 
a energia, respectivamente, 75% e 
2.500 a 3.000 kcal.
A farinha de sangue, apesar da 
riqueza em proteína, é um compo-
nente indigesto, não devendo parti-
cipar com mais de 5% na composi-
ção da ração.
Quais as melhores 
forragens para
os peixes?
Guandu ou andu é o fruto do 
anduzeiro.
Bêntons: conjunto dos seres 
vivos (fauna e flora) que 
habitam o fundo dos lagos, 
açúdes, rios ou do mar.
Pelete ou pellet: produto 
químico prensado e 
apresentado em forma de 
pequenas bolas ou drágeas.
Extrusado: metal, plástico ou 
outro material que foi forçado 
através de um orifício, visando 
conseguir uma forma alongada 
ou filamentosa.
Como são feitas as 
rações granuladas?
14 Formação para o trabalho piscicultura
As farinhas de carne e de peixe 
são importantes compostos para a 
elaboração da ração para peixes; 
porém, apresentam os inconvenien-
tes do alto preço e da dificuldade de 
peletização. A participação das 
duas farinhas, somadas, não deve 
ultrapassar 50% da ração.
O balanceamento das rações 
destinadas aos peixes não estará 
completo se não forem observados 
os conteúdos em vitaminas (A, D, 
E, K, B, e C), macro e micro mine-
rais (fósforo, cálcio, ferro, molibdê-
nio) e ácidos graxos (gorduras).
A tabela a seguir apresenta a 
relação de alguns ingredientes 
com as respectivas porcentagens 
(%) de proteína bruta, nutrientes 
digestíveis, fibra e energia.
Composição da Ração
Ingredientes Proteína bruta(PB %)
Nutrientes 
(NTD) %
Fibra 
(MF) %
Energia
(ELD) cal/kg
Farinha de sangue 80 60 1 2.785
Farinha de peixe 61 60 1 3.123
Farinha de carne 40 75 2 2.878
Farinha de arroz 12 66 12 -
Farinha de soja 46 75 5 3.300
Farinha de trigo 16 70 8 2.512
Farelo de folha de mandioca 18 56 18 -
Farelo de folha de leguminosa 14 53 30 -
Farelo de raspa de mandioca 3 77 10 3.476
Milho triturado 9 80 7 3.520
Sorgo triturado 10 79 2 3.453
Torta de resíduo de algodão 32 65 18 -
Torta de resíduo de babaçu 22 82 12 -
Melaço de cana 3 54 0 -
Vísceras de frango 14 - - 3.554
Soro de leite 14 - - 3.432
Resíduo de amêndoa (caju) 27 - - 2.130
Polpa de caju (pedúnculo) 8 - - 1.100
Complementando os dados for-
necidos, são apresentadas as for-
mulações de algumas dietas para 
uma boa alimentação dos peixes, 
nas diversas fases da vida.
A ração para peixe deve ser 
acrescida de uma substância 
aglutinante (grude), a fim de 
manter o balanceamento por 
mais tempo (2 horas de 
estabilidade). Os aglutinantes 
mais conhecidos são: farinha de 
trigo, goma de mandioca e 
bentonita. 
Fundação Demócrito Rocha 15
Ração para reprodutores de tilápias (*)
Ingredientes (%) dos ingredientes
Farinha de peixe 13,0
Farinha de carne 26,0
Farinha de soja desengordurada 16,0
Farinha de trigo 20,0
Farinha de milho 12,0
Farinha de feno de cunhã 3,0
Fermento de pão 5,0
Óleo vegetal 5,0
Total 100,0
Proteína bruta (%) 30,0
Energia metabolizável cal/g 350,0
EME cal/g/1% PB 116,6
(*) István Erôss (DNOCS/AGROBER)
Observação: Ração
Inicial .................................................................. peixes até 1 mês de vida.
Crescimento ................................... peixes de 1 mês até 2 meses de vida.
Engorda ................................................ peixes acima de 2 meses de vida.
Ração para Tilápias em Diferentes Idades (*)
Ingredientes (%) dos ingredientes
Inicial Crescimento Engorda
Farinha de peixe 8,0 5,0 3,0
Farinha de carne 10,0 6,0 4,0
Farinha de soja 12,0 8,0 6,0
Feno de 
folha de cunhã 12,0 15,0 15,0
Feno de folha 
de mandioca 8,0 10,0 15,0
Semente de cunhã 5,0 6,0 5,0
Ração balanceada 
para frango 26,5 27,5 30,5
Fermento de pão 2,0 1,0 -
As pessoas não especializadas 
em nutrição e alimentação
de peixes e que desejam 
produzir ração
na propriedadedevem procurar 
um profissional no assunto.
continua
16 Formação para o trabalho piscicultura
Ração para Tilápias em Diferentes Idades (*)
Ingredientes (%) dos ingredientes
Inicial Crescimento Engorda
Óleo vegetal 1,0 1,0 -
Farinha de trigo 10,0 10,0 10,0
Farinha de milho 5,0 10,0 10,0
Sal 0,5 0,5 0,5
Total 100,0 100,0 100,0
Proteína bruta (%) 25,9 22,3 30,3
Energia metabo-
lizável cal/g 2.180 2.230 2.100
EME cal/g/1% PB 84,2 100 103,4
(*) István Erôss (DNOCS/AGROBER)
Observação: Ração
Inicial .................................................................. peixes até 1 mês de vida.
Crescimento ................................... peixes de 1 mês até 2 meses de vida.
Engorda .................................................peixes acima de 2 meses de vida.
Ração para Tilápias em Diferentes Idades (*)
Ingredientes (%) dos ingredientes
Crescimento Engorda
Farinha de peixe 35 30
Farinha de carne de osso 5 5
Farelo de soja 26 20
Farelo de algodão 5 5
Farelo de arroz 12 17
Milho triturado 10 16
Melaço de cana 2 2
Óleo de soja 3 3
Premix vitamina 1 1
Premix mineral 1 1
Total 100,0 100,0
Proteína Bruta 34,8 30,9
(*) Merola e Cantelmo (CEPTA/IBAMA)
Resumo 
da lição
•	A	alimentação	dos	peixes	pode	ser	
natural	ou	artificial.
•	As	melhores	forragens	para	os	peixes	
são	as	de	fenos.
•	As	rações	granuladas	são	preparadas	
em	misturador	e	peletizador.
•	Os	ingredientes	utilizados	nas	rações	
devem	conter	proteínas,	alimentos	
energéticos	e		gorduras.
•	As	formas	de	apresentação	das	rações	
são:	pastosas,	fareladas	e	granuladas.
•	As	substâncias	aglutinantes	mais	usa-
das	são	farinha	de	trigo,	goma	de	
mandioca	e	bentonita.
•	As	rações	balanceadas	devem	conter:	
proteínas,	carboidratos,	gorduras,	vita-
minas	e	sais	minerais.
continuação
Fundação Demócrito Rocha 17
Principais espécies 
adaptadas aos cultivos
Lição 5
A
tualmente cultivam-se, no 
Estado do Ceará, cinco espé-
cies de peixe, cujas informa-
ções são explanadas a seguir.
As condições de cultivo dessas 
espécies permitem que sejam 
desenvolvidos projetos de criação 
em outros estados da federação.
Carpa comum
A carpa comum “escama” e “espe-
lho” é cultivada em quase todo o 
mundo e apresenta um crescimento 
rápido, podendo chegar a 1kg (ou 
até mais) em um ano, em densida-
de de peixamento ótima; em densi-
dade muito fraca, a carpa pode 
atingir 3kg nesse mesmo período 
de tempo. 
Quando jovem, a carpa se ali-
menta com zooplâncton e animais 
do fundo do açude ou viveiro 
(minhocas e larvas). Quando adul-
ta, consome quase todos os mate-
riais comestíveis, e alimento com-
plementar a comida natural. 
A carpa atinge a maturidade 
sexual com um ano e se propaga, 
com êxito, em águas paradas onde 
não hajam outras espécies de pei-
xes, especialmente carnívoros que, 
quando presentes, provocam a des-
truição dos ovos, diminuindo bas-
tante a propagação da mesma. 
A carpa comum é um peixe bas-
tante resistente ao baixo teor de 
oxigênio e, quando consorciada, 
aumenta a produção.
Banco de Dados O POVO
Carpa comum
vando de 2 em 2 meses. A tilápia 
alimenta-se de plânctons, grãos, 
farelos, tortas, resíduos, ração 
balanceada, etc. 
O maior entrave à criação da tilá-
pia do Nilo é sua proliferação que 
tende a criar uma população exces-
Tilápia do Nilo
Esse peixe é bem conhecido pelo 
seu espetacular crescimento e, 
sobretudo, pela sua reprodução. 
Com 4 a 6 meses de idade começa 
a propagar-se e as fêmeas passam 
a crescer mais lentamente, deso-
18 Formação para o trabalho piscicultura
siva de peixes pequenos. Por isso, 
recomenda-se povoar os viveiros 
com indivíduos machos (revertidos).
A tilápia do Nilo é considerada 
espécie vantajosa porque atinge o 
Curimatã
A curimatã comum existe em vários 
rios cearenses e alimenta-se de 
material orgânico vivo e morto depo-
sitado no lodo do fundo. Quando 
dispõe de alimento suficiente, a curi-
matã pode alcançar 400 - 600g, em 
8 meses de cultivo. 
A carne da curimatã comum con-
tém muita espinha e, às vezes, tem 
gosto de lama; mas é um dos pei-
xes de maior aceitação nos merca-
dos do interior. 
A curimatã-pacu tem característi-
cas alimentares semelhantes às da 
comum, porém apresenta maior cres-
cimento, devendo ser sempre preferi-
da quando disponível nas estações e 
é o peixe indicado para os sistemas 
extensivo e semi-intensivo.
peso de 300 a 500g em 6 meses de 
cultivo. A linhagem de tilápia do Nilo 
(tailandesa) chega a duplicar os 
pesos citados quando cultivada no 
Nordeste brasileiro. 
Airton Rebouças
Tilápia do Nilo
Banco de Dados O POVO
Curimatã pacu
Sexado ou revertido: 
é a transformação da 
fêmea em macho.
Tailandesa: são as tilápias do 
Nilo que foram melhoradas 
geneticamente
na Tailândia.
Fundação Demócrito Rocha 19
Tambaqui
O tambaqui é um peixe de piracema, 
originário do rio Amazonas e de inte-
resse para a piscicultura. Quando 
bem alimentado, o seu crescimento 
é muito rápido, podendo alcançar 
1kg em 10 meses. É totalmente oní-
voro, comendo insetos, grãos, 
sementes, plâncton, moluscos, sub-
produtos da agroindústria, tortas, 
frutos e ração balanceada. 
O tambaqui tem a carne saborosa, 
com boa aceitação no Norte, além de 
ser rústico, de fácil manuseio e de 
poder ser criado em policultivo com 
outros peixes, como carpas, curima-
tãs e tilápias. No Nordeste, com 
exceção do Maranhão, o tambaqui 
não tem sido muito apreciado pelos 
consumidores dos demais estados 
dessa região.
Tambaqui
Apaiari
Peixe da bacia amazônica, de 
crescimento rápido, carne boa e 
desprovido de espinhas. 
O apaiari reproduz-se em açu-
des e é onívoro, embora precise 
comer pequenos peixes para cres-
cer. É um peixe bastante sensível 
às diferenças de temperatura e 
deve ser reservado para os médios 
e grandes açudes.
Resumo da lição
•	As	principais	espécies	de	peixes	cultivadas	no	Ceará	são:	carpa	
comum,	tilápia	do	Nilo,	tambaqui,	curimatã	e	apaiari.
•	As	espécies	de	peixes	descritas	alimentam-se	de:	plânctons,	zoo-
plânctons,	ração	balanceada,	minhocas,	larvas,	insetos	e	sementes.
•	As	espécies	de	peixes	estudadas	atingem	a	maturidade	entre	seis	
meses	e	um	ano.
Piracema: época em que 
cardumes de peixes deslocam-
se em direção às nascentes dos 
rios para desova.
Onívoro: que pode alimentar-se 
de carne e de vegetal.
Qual o peso que 
cada espécie descrita 
atinge ao chegar a 
um ano de idade?
20 Formação para o trabalho piscicultura
Diferentes 
sistemas de cultivo
Lição 6
Os principais sistemas de cultivo de 
peixe são:
Sistema extensivo
Sistema extensivo é a criação em 
ambientes amplos, tais como açu-
des, lagos e lagoas, sem que haja 
possibilidade de controle da água e 
de realização do manejo adequado, 
apresentando baixa produtividade.
 As espécies mais indicadas para 
esse sistema de cultivo são: curi-
matã comum, curimatã-pacu, piau, 
sardinha, tambaqui, pirapitinga, tilá-
pia do Nilo e carpa comum.
A densidade de estocagem poderá 
atingir até 1.000 peixes por hectare.
Sistema semi-intensivo 
(cultivo em viveiro)
O sistema semi-intensivo é a cria-
ção de peixes em viveiros de barra-
gem ou de escavação, utilizando-se 
baixa densidade de estocagem 
(5.000 peixes por hectare) e sem 
fornecimento de ração balanceada, 
sendo indicadas as seguintes espé-
cies: tilápia do Nilo (macho), tilápia 
vermelha (macho), tambaqui, pira-
pitinga e pacu caranha.
Nesse sistema, as espécies podem 
ser criadas, individualmente ou em 
conjunto, ou seja em monocultivo e 
policultivo, respectivamente e, ainda, 
consorciadas com outros animais.
Exemplos de criação consorciada:
 ■ Peixe e pato (300 a 600 patos 
por hectare);
 ■ Peixe e galinha (300 a 600 
galinhaspor hectare); 
 ■ Peixe e porco (60 a 100 porcos 
por hectare).
Sistema intensivo
O sistema intensivo é desenvolvido 
em viveiros escavados, segue 
regras técnicas rigorosas, não 
sendo adaptado a pequenos açu-
des, salvo em condições muito par-
ticulares, utiliza rações balancea-
das e alcança produções de 10 a 30 
toneladas/hectare.
Sem aeração artificial, indicam-
se as espécies: tilápia do Nilo 
(macho), até 20.000 peixes por hec-
tare; tilápia vermelha (macho), até 
20.000 peixes por hectare; e tamba-
qui, até 10.000 peixes por hectare.
Com aeração artificial, indica-se 
a espécie tilápia do Nilo (macho), 
com densidade de estocagem de 
até 60.000 peixes por hectare.
Sistema superintensivo
O sistema superintensivo é a cria-
ção de peixes em gaiolas ou em 
tanques-rede, sendo indicada a 
espécie tilápia do Nilo, de preferên-
cia o macho, com densidade de até 
300 peixes por metro cúbico de 
gaiola ou tanque-rede flutuantes.
Outras espécies, tais como 
pacu caranha, tambaqui e tilápia 
vermelha, poderão vir a ser indica-
das no futuro.
Piscicultura intensiva com aeração artificial 
(aerador de palheta)
Resumo 
da lição
•	Os	principais	sistemas	de	cul-
tivo	em	piscicultura	são:	
extensivo,	semi-intensivo,	
intensivo	e	superintensivo.
•	As	espécies	indicadas	para	
piscicultura	são:	curimatã,	
piau,	sardinha,	tambaqui,	tilá-
pia	do	Nilo,	carpa	comum	e	
pirapitinga.
O que é 
sistema extensivo?
Onde pode ser 
desenvolvido o
sistema intensivo?
Quais as densidades 
de estocagem para 
cada espécie de peixe?
Fundação Demócrito Rocha 21
Criação de peixes em açudes
Lição 7
B
arragem de terra ou açude é o 
represamento da água de um 
rio, riacho ou córrego através 
de uma parede, em cuja cons-
trução utiliza-se terra, barro, argila 
ou piçarra, convenientemente com-
pactada ou apiloada em camadas, 
colocadas umas sobre as outras até 
atingir a altura desejada.
 As finalidades de um açude são:
 ■ Armazenamento de água para 
consumo humano ou animal;
 ■ Implantação de culturas de 
vazante;
 ■ Fornecimento de água para a 
irrigação;
 ■ Recreação e esporte;
 ■ Criação de peixes, de diversas 
variedades, para fins alimentí-
cios, de lazer, etc.
Características 
de um boa barragem
Bem projetado e bem dimensiona-
do, o reservatório deve ser localiza-
do em um curso d’água que permi-
ta, com um pequeno barramento 
(parede), acumular maior volume 
de água, de modo seguro e otimi-
zando, ao máximo, a utilização da 
bacia hidrográfica. O dimensiona-
mento do açude, quando adequa-
do, ocasiona sangrias anuais. 
A melhor maneira de se manter a 
boa qualidade da água no reserva-
tório, é construí-lo de modo que 
sangre pela galeria (porta d’água), 
devendo-se colocar uma tela para 
evitar a saída dos peixes.
A área do açude que fica submer-
sa, também chamada de “Bacia 
Hidráulica”, deverá estar limpa, isen-
ta de tocos, galhos e estacas, para 
que se possa usar os aparelhos de 
pesca com segurança e eficiência.
Condições para 
o peixamento do açude
Quando se trata do aproveitamento 
de um açude novo, possivelmente 
ainda sem água, recomenda-se 
cortar as árvores e destocar a bacia 
hidráulica, para que as redes e as 
tarrafas não se “enganchem”. Além 
disso, evita-se o desperdício da 
lenha que pode ser vendida para 
compensar as despesas com a mão 
de obra do desmatamento. 
Deve-se aproveitar os tratores 
utilizados na construção do açude, 
que são muito eficazes na remoção 
completa das árvores. 
Além das outras vantagens, um 
açude novo possibilita o povoamen-
to com espécies de peixe adequa-
das, logo após o seu enchimento.
Quando o açude já está constru-
ído, para se conhecerem as espé-
cies existentes, deve-se conversar 
com o proprietário, buscando infor-
mações sobre os tipos de peixe que 
ele costuma pescar na represa. 
Geralmente, há muitas espécies, 
podendo, inclusive, serem prejudi-
ciais à piscicultura.
Os peixes pequenos, dos tipos 
piaba e cará, sem valor comercial, 
consomem alimentos sem qualquer 
proveito para o criador. Esses peixi-
nhos são muito rápidos e espertos e 
chegam, primeiro, ao alimento. 
Os peixes carnívoros, em parti-
cular a traíra, a piranha e a piram-
beba, alimentam-se de peixes 
pequenos, reduzindo a população 
Qual a melhor 
maneira de se manter 
a boa qualidade 
da água no açude?
22 Formação para o trabalho piscicultura
dos peixes de cultivo. A traíra adul-
ta, no entanto, é pouco voraz, sendo 
a sua presença problemática, ape-
nas, quando em densidade eleva-
da. Portanto, uma restrita popula-
ção de traíra não prejudica a cria-
ção no açude.
Controle 
dos peixes carnívoros
Os danos causados pelos peixes 
carnívoros podem ser minimizados 
e, até mesmo, controlados através 
de algumas medidas:
 ■ Aumentando-se o número de ale-
vinos utilizados, com base nas 
previsões de perdas nos primei-
ros dias após o peixamento;
 ■ Colocando-se feixes de garran-
chos nas margens do açude 
(em águas rasas), a fim de pro-
porcionar proteção aos peque-
nos alevinos;
 ■ Os alevinos de algumas espécies 
como tambaqui, nadam em car-
dume (em grupo), facilitando a 
predação por peixes carnívoros. 
Por isso, deve-se soltá-los em 
vários pontos do espelho d’água, 
sobretudo se este for extenso.
 ■ Utilizando-se alevinos de taman-
ho acima de 8 (oito) centímetros, 
pois a traíra somente engole os 
peixes menores e a piranha, que 
pode atacar os peixes e outros 
animais maiores, felizmente, não 
é encontrada com frequência.
No caso de só se conseguir ale-
vinos muito pequenos (3 a 4 cm), a 
melhor solução é acondicioná-los 
em um reservatório separado 
(pode-se utilizar um pequeno vivei-
ro ou instalar uma gaiola no açude), 
até atingirem 8 a 10 cm, recolhen-
do-os, por ocasião da transferência 
para o açude, com jereré, puçá, 
rede de arrasto, caixa, saco plásti-
co ou balde.
Controle da população global
Duas medidas radicais permitem o 
controle global da população de 
peixes, isto é, tanto dos peixes 
carnívoros quanto dos peixinhos 
prolíficos. Nos açudes pequenos, 
recolhem-se todos os peixes, apro-
veitando um período de estiagem, 
em que o açude seca (ou quase) 
ou, eventualmente, esvaziando-o 
com um sifão. 
Como essa solução nem sempre 
permite o controle de todos os pei-
xes, já que há espécies, como a 
traíra, que costumam enterrar-se na 
lama à espera de novos escoamen-
tos que encham o açude, somente 
morrendo quando a lama seca e 
racha, pode-se espalhar cal, princi-
palmente nos locais onde há lama, 
à base de 100 g/m2. 
Nos pequenos açudes explora-
dos com irrigação, o controle das 
espécies é favorecido pelo fato de, 
a cada ano, quase secarem.
Nos açudes médios e grandes, 
que raramente secam, utilizam-se 
os aparelhos de pesca adequados 
para cada espécie, citados na lição 
sobre pescarias em açudes, no final 
deste manual.
O peixamento do açude
A piscicultura nos pequenos açudes 
é viável, desde que os alevinos sejam 
colocados depois da estação chuvo-
sa, de modo que não haja risco de 
perdê-los em eventuais sangrias.
Como se trata de aproveitar o 
nível da água alto, devendo os pei-
xes atingirem um tamanho comer-
cial antes que o açude seque ou 
fique com pouca água, é importante 
fazer o peixamento, o mais cedo 
possível, desde que a probabilidade 
de sangria seja nula.
Entretanto, quando o açude pos-
sui uma extensa bacia e, em alguns 
casos, apresenta-se coberto por 
vegetação bastante densa, principal-
Jereré: cabo longo de madeira 
contendo na ponta um saco de 
tela preso a um aro.
Puçá: pequena rede de pesca, 
em forma de cone curto, presa 
a um aro circular de madeira 
munido de cabo.
Fundação Demócrito Rocha 23
mente, no primeiro ano após a sua 
construção, não se deve colocar os 
alevinos logoapós o enchimento, 
porque as plantas recobertas pela 
água apodrecem. Esse fenômeno é 
muito benéfico para o enriquecimen-
to da água e para a alimentação dos 
peixes; porém, as bactérias respon-
sáveis por essa decomposição, con-
sumindo muito oxigênio, provocam 
um déficit provisório no oxigênio dis-
solvido na água. 
Embora a velocidade de decom-
posição varie de acordo com as 
plantas (em primeiro lugar as legu-
minosas e, por último, as gramíne-
as), o que contribui para diminuir o 
risco, aconselha-se esperar, no 
mínimo, uma semana depois do 
enchimento, para peixar o açude.
Deve-se efetuar o povoamento, 
se possível, com alevinos médios 
ou grandes (de 6 a 15 cm), das 
espécies de crescimento rápido tilá-
pia do Nilo, tambaqui e carpa 
comum. No período de 6 (seis) a 12 
(doze) meses após o peixamento, 
dependendo do peso alcançado 
pelos peixes, a despesca pode 
começar, aproveitando-se a redu-
ção do volume de água do açude.
A despesca tem que ser a mais 
completa possível, pois é necessá-
rio realizar o povoamento, a cada 
ano em que o açude encher, já que 
a população, eventualmente rema-
nescente, não é suficiente para 
assegurar uma produção ótima no 
ano seguinte.
Quando o açude é aproveitado 
para a irrigação de um cultivo de 
ciclo curto no período seco, pode 
ocorrer uma redução bastante rápi-
da da superfície do espelho d’água, 
o que exigirá um aumento na ali-
mentação artificial ou uma redução 
no número de alevinos, podendo 
chegar a inviabilizar a piscicultura.
Nos açudes médios, é necessá-
rio o repovoamento tanto das espé-
cies de “piracema”, que não se 
reproduzem nas águas paradas do 
açude, quanto das outras espécies, 
quando o nível baixa até o ponto de 
prejudicar a sobrevivência do povo-
amento inicial. Com exceção des-
ses dois casos e não havendo 
despesca total do açude, alguns 
peixes podem continuar crescendo 
durante vários anos.
Os peixes apropriados ao cultivo 
devem, de maneira geral, apresen-
tar as seguintes qualidades:
 ■ terem boa aceitação por parte 
dos consumidores;
 ■ apresentarem crescimento rápido;
 ■ consumirem, de preferência, os 
alimentos naturais do açude;
 ■ aceitarem e apresentarem boa 
conversão para os alimentos 
artificiais (ração, capim, etc.);
 ■ propagarem-se, naturalmente ou 
estarem disponíveis nas esta-
ções de piscicultura.
Os peixes propostos pelos cen-
tros de piscicultura apresentam 
boas qualidades para o cultivo, des-
tacando-se o tambaqui, as carpas, 
a tilápia do Nilo e a curimatã, pelo 
conjunto das suas qualidades.
A quantidade de alevinos a ser 
colocada no açude depende do 
tamanho e do tipo dos mesmos, da 
qualidade da água e da alimenta-
ção natural disponível. Os alevinos 
podem ser adquiridos em estações 
de piscicultura ou nas fazendas de 
criação de peixe.
Os grandes alevinos, medindo 
mais de 8 cm, são especialmente 
recomendados para açudes onde 
há grande ocorrência de peixes car-
nívoros, como a traíra e para peque-
nos açudes, visando reduzir o 
tempo do cultivo.
Como ocorre na agricultura, em 
que se utiliza o espaçamento ideal 
no plantio, em função da cultura e 
do solo, existe uma taxa de povoa-
mento ótima que corresponde a um 
equilíbrio entre dois extremos não 
rentáveis: muitos peixes pequenos 
ou médios. 
O ideal para o povoamento dos 
açudes é que seja efetuado com 
espécies de crescimento rápido.
Quando se deve
peixar o açude?
Chico Lima
Transporte de peixe em saco plástico
24 Formação para o trabalho piscicultura
Como a vida no açude é muito 
dependente da luz recebida pelo 
espelho d’água, calcula-se a densi-
dade de peixe em relação à super-
fície do açude e não ao seu volume.
Os alevinos devem ser trans-
portados durante as horas de sol 
frio, ou seja, ao amanhecer ou ao 
entardecer, acondicionados em 
caixas de fibra de vidro ou em 
sacos plásticos, com oxigênio, 
calculando-se a quantidade em 
função do tempo da viagem e do 
tamanho dos mesmos. 
Para uma densidade de 500 ale-
vinos (até 5 centímetros) acondicio-
nados em saco de 60 litros, usam-
se 20 litros de água, complemen-
tando-se, o restante, com oxigênio. 
Ao chegar no açude ou viveiro, 
não se deve despejar os alevinos. 
Antes, deve-se colocar a embala-
gem, por alguns minutos, em contato 
com a água do viveiro ou açude, até 
que haja equilíbrio de temperatura.
Depois, abre-se o saco, coloca-
se água no seu interior e, por últi-
mo, transfere-se os alevinos, lenta-
mente, para a nova coleção d’água.
Os peixes indicados
As indicações das espécies de 
peixe, feitas a seguir, são em fun-
ção do sistema de cultivo.
Sistema Extensivo 
(cultivo em açudes)
Indicam-se as seguintes espécies: 
curimatã comum, curimatã pacu, 
piau, sardinha, tambaqui, pirapitinga, 
tilápia do Nilo e carpa comum - até 
1000 peixes por hectare de espelho 
d’água do açude.
Sugestões de 
peixamento de açudes 
Com base nas informações acima, 
escolhem-se as espécies e quantifi-
ca-se, utilizando 1000 alevinos por 
hectare de espelho d’água, sendo 
700 aclimadas e 300 regionais 
(quadro a seguir).
Sugestões de 
Peixamento de Açudes
Espécies Quantidade/Hectare
Tambaqui 150
Tilápia 
do Nilo 150
Carpa 
comum 100
Camarão de 
água doce 100
Apaiari 100
Curimatã 
pacu 100
Curimatã 
comum 100
Piau 100
Sardinha 100
Total 1.000
Programação de pescarias
Não se deve pescar durante o primeiro 
ano, se o açude for novo. Em açude já 
estabelecido, dão-se 6 (seis) meses de 
repouso após o peixamento e estabe-
lece-se um programa de pescaria de 
tal forma que haja produções seguras, 
mês a mês, sem comprometimento 
dos estoques de recursos pesqueiros.
Repovoamento
Numa fazenda organizada, o repo-
voamento é feito, anualmente. 
Para tanto, há necessidade de se 
fazer controle de produção, por 
espécie capturada.
 Por outro lado, há normas que 
devem ser, rigorosamente, segui-
das, como por exemplo: observar o 
tamanho mínimo dos peixes; res-
peitar a época da desova das espé-
cies de piracema; e calcular a quan-
tidade de peixe a ser capturada, em 
função do mercado. 
Deve-se fazer o repovoamento 
toda vez que se perceber produção 
muito baixa, de determinada espécie.
Qual a forma
correta de soltar 
os peixes em 
açudes e viveiros?
Quantas pescas 
podem ser feitas
em um açude?
Adquirindo canoas, redes de 
emalhar e contratando 
pescadores profissionais, o 
produtor poderá obter ótimo 
retorno de capital.
Resumo 
da lição
•	Pode	criar-se	peixe	em	açudes,	lagoas	
ou	tanques	apropriados.
•	É	importante	a	aeração	da	água	no	local	
em	que	desenvolve-se	a	piscicultura.
•	Deve	ser	feito	o	controle	dos	peixes	
carnívoros	e	da	população	de	peixes	
presentes.
•	O	peixamento	dos	açudes	deve	ser	
feito	depois	da	estação	chuvosa.
•	As	espécies	para	peixamento	devem	
ter	boa	aceitação	dos	consumidores,	
crescimento	rápido,	consumir	alimen-
tos	naturais	do	açude	e	apresentar	
boa	conversão	para	ração	e	propagar-
se	naturalmente.
•	Os	alevinos	devem	ser	transportados	
nas	horas	de	sol	frio.
•	O	repovoamento	de	peixes	deve	ser	
feito	anualmente.
Fundação Demócrito Rocha 25
Criação de peixes em viveiros e gaiolas
Lição 8
V
iveiros são reservatórios de 
água, feitos em terreno natural 
e provenientes de escavações 
em solos impermeáveis ou de 
barragens de terra em leitos de rios, 
riachos ou córregos. 
Os viveiros escavados são dota-
dos de abastecimento artificial (canal 
ou tubulação) e de sistema de dre-
nagem construído pelo homem (san-
gradouro, escoadouro, cotovelo, 
monge e dreno).
Na construção dos viveiros, deve-
se levar em conta dois fatores impor-
tantes: a topografia do terreno e a 
textura do solo. 
A topografia local definirá a 
forma e a quantidade de viveiros, 
em função do movimento de terraexigido e, quanto à textura, devem-
se dar preferência aos solos de 
baixa permeabilidade.
Deve-se fazer a caracterização 
física e química do solo de cada 
viveiro. Para tanto, coletam-se amos-
tras do solo de cada viveiro, nas 
profundidades de 0-50 cm e de 50 - 
100 cm, enviando-as ao laboratório 
para caracterização físico-química. 
Devem-se fazer, também, os testes 
de infiltração “in loco” (no local), para 
maior segurança do projeto. 
Cachimbo de PVC serve para o esvaziamento e a sangria dos viveiros pequenos.
Monge serve para a sangria e o esvaziamento 
dos viveiros médios e grandes.
Banco de Dados O POVO
Construção do viveiro de piscicultura
Para que servem 
os cachimbos de PVC?
26 Formação para o trabalho piscicultura
Viveiros de barragem 
(interceptação)
Os viveiros de barragem, ideais para 
a piscicultura semi-intensiva, são 
construídos ao longo do leito dos rios, 
riachos e córregos da propriedade. 
Não apresentam forma geométrica 
definida, são de profundidade variável 
(1 a 4 metros) e não oferecem condi-
ções para o controle total da água e 
dos peixes em criação. 
Banco de Dados O POVO
Viveiros de barragem (sistema semi-intensivo) 
Viveiros de escavação
Este tipo de viveiro é cavado em solo 
de textura impermeável. A escava-
ção pode ser total ou apenas parcial, 
aproveitando-se a terra retirada do 
buraco para a construção dos talu-
des (muros ou paredes do viveiro).
Banco de Dados O POVO
Viveiro escavado abastecido através de canal
Os viveiros escavados devem 
apresentar a forma de um retângulo. 
Os destinados à engorda dos peixes 
têm área de 1.000 a 4.000 m2. 
A profundidade varia em função 
da espécie e da finalidade do 
viveiro, como pode ser visto na 
tabela a seguir.
O que são viveiros 
de escavação?
Fundação Demócrito Rocha 27
Profundidade dos Viveiros por Espécie e por Finalidade
Espécie Profundidade (em metros)
Desova 
Natural Alevinagem Engorda
Carpa comum 0,5 a 0,8 0,8 a 1,5 1,2 a 2,0
Carpa chinesa – 1,0 a 1,5 1,5 a 3,0
Tambaqui – 1,2 a 1,5 1,2 a 2,0
Tilápia do Nilo 0,8 a 1,0 0,8 a 1,5 1,0 a 1,5
Catfish 0,6 a 1,0 0,6 a 0,8 1,0 a 3,0
Black bass 0,6 a 1,0 1,0 a 1,2 1,0 a 2,0
A carpa chinesa e o tambaqui 
não têm desova natural em viveiro. 
Para que os tambaquis criados em 
viveiros tenham uma alimentação 
mais rica em proteínas é necessário 
que consumam zooplâncton ou 
ração balanceada.
Os viveiros escavados podem ser 
também abastecidos por cata-vento.
Viveiro escavado com abastecimento 
por cata-vento
Declividade do viveiro
A declividade deve ser de 0,1 a 
0,3%, no sentido da entrada para a 
saída d’água do viveiro. Isto significa 
que para cada 100 metros no piso 
do viveiro deve haver uma declivida-
de em torno de 30 centímetros.
Inclinação dos taludes: varia em 
função do solo ou do material utili-
zado na construção, conforme qua-
dro a seguir.
Inclinação dos taludes
Solo ou material Talude interno Talude externo
Solo não muito firme 1:2 ou 1:3 1:1,5 ou 1:2
Solo mais ou menos firme 1:1,5 1:1,5
Solo firme ou bem argiloso 1:1 1:1
Alvenaria 1:1 ou 1:1,5 1:1,5 ou 1:2
Concreto 1:0,5 ou 1:1 1:1,5 ou 1:2
Canais de abastecimento e de 
drenagem: Os canais podem ser de 
alvenaria, de concreto ou de terra, 
sendo que os de abastecimento 
devem estar, no mínimo, a 10 cm 
acima do nível dos viveiros e os dre-
nos, no mínimo, a 20 cm abaixo do 
piso dos viveiros. Quanto à declivi-
dade, pode variar de 0,1 a 0,5%.
Vazão dos canais de 
abastecimento
A vazão deve ser dimensionada 
para cumprir os prazos pré-estabe-
lecidos, mostrados na tabela a 
seguir, para encher os viveiros.
Prazos (em horas) para Encher os Viveiros
Tipos de viveiros Nº de horas para encher os viveiros
De desova 2 a 8
De criação de alevinos 4 a 12
De engorda de peixes 4 a 48
28 Formação para o trabalho piscicultura
A caixa de coleta, que é interna, é 
feita de alvenaria e fica localizada 
junto à saída d’água do viveiro. 
Sugere-se a construção de uma 
caixa de coleta de 40 m2 por cada 
hectare de viveiro. 
O tempo de drenagem total de 
um viveiro varia em função da sua 
finalidade específica. O viveiro de 
alevinagem não deve demorar mais 
de 12 horas para ser esvaziado 
totalmente e, o de engorda, não 
deve ultrapassar os 2 dias.
Para um viveiro pequeno, menor 
do que 2.000 m2, o diâmetro da 
tubulação de saída da água deve 
medir 25 cm e se o viveiro tiver área 
de 0,5 a 1 hectare, esse diâmetro 
deve ser de 40 cm.
Conhecendo-se o volume da água 
do viveiro ou tanque, o número de 
horas demandadas para esvaziá-lo e 
a altura da coluna d’água, pode-se 
determinar o diâmetro da tubulação 
da saída d’água. De forma idêntica, 
os engenheiros calculam o diâmetro 
da tubulação da entrada d’água do 
viveiro de criação de peixes.
Desinfecção dos viveiros
A desinfecção dos viveiros é feita 
procedendo-se a calagem ou uso 
da cal. Além da desinfecção ou con-
trole dos parasitas, esta prática 
sanitária, utilizando a cal, corrige a 
acidez da água e do solo e elimina 
os predadores que se enterram na 
lama, como a traíra.
Na maioria dos estados, a cal, 
conhecida pelas denominações de 
cal extinta, cal comum e, principal-
mente, cal de construção, é encon-
trada, com facilidade, em todos os 
municípios.
No início de cada cultivo, é 
indispensável o uso desta prática 
em cada viveiro, na proporção de 
500kg de cal/ha, distribuída a 
lanço, uniformemente, sobre todo 
o leito do viveiro.
Peixamento dos viveiros
Devem-se povoar os viveiros com 
alevinos de tamanho homogêneo, 
medindo, no mínimo, 5 cm de compri-
mento. A quantidade de peixes por 
hectare depende do sistema de cultivo 
e da espécie escolhida pelo produtor.
Sistema de Cultivo X Quantidade de Peixes
Sistema de cultivo Quantidade de peixes
Sistema semi intensivo 5.000 peixes/ha
Sistema intensivo 
sem aeração artificial 10.000 tambaquis/ha
Sistema intensivo 
com aeração artificial 60.000 tilápias (macho)/ha
Tempo de cultivo
Dependendo da espécie e do siste-
ma utilizado, o tempo de cultivo varia 
de 4 a 12 meses. A tilápia do Nilo e 
a tilápia vermelha atingem peso de 
mercado dos 4 aos 6 meses e o tam-
baqui requer 10 a 12 meses.
Alimentação 
dos peixes em viveiros
Na piscicultura intensiva, para se 
obter os resultados esperados, a 
ração balanceada utilizada deve 
conter 28 a 35% de proteína bruta, 
devendo-se fornecer, diariamente, 
3% do peso dos peixes estocados, 
na engorda.
Desinfecção: ato ou efeito de 
eliminar os agentes 
causadores de infecção.
As gaiolas de tela, de grande 
tamanho, apresentam 
dificuldade na hora da 
amostragem e da despesca dos 
peixes. Por isso, as gaiolas 
menores têm sido as preferidas 
pelos produtores.
Como se faz 
a desinfecção 
dos viveiros?
Qual deve ser 
a quantidade de 
peixes por hectare?
O que é uma âncora 
na piscicultura?
Para que servem os 
flutuadores?
Quais as formas 
da gaiola para 
piscicultura?
Fundação Demócrito Rocha 29
Aeração dos viveiros
Há vários tipos de aeradores e dife-
rentes formas de melhorar a aeração 
de um viveiro. O aerador deve funcio-
nar no período do dia, de 0h às 6h, 
em que se sabe que ocorre queda 
brusca de oxigênio.
Os aeradores comercializados 
têm potência de 1 a 2 HP. O viveiro 
de até 2.000 m2 requer um aerador 
de 1 HP; para os viveiros maiores, 
pode-se utilizar um aerador de 2 HP.
Gaiolas
As gaiolas para criação de peixes 
são estruturas flutuantes, delimita-
das por telas ou redes com a finali-
dade de prender os peixes, cuja 
fixação nos açudes é feita por uma 
estrutura composto de tambores, 
corda de náilon e âncoras.
Partes das gaiolas
A gaiola é composta de um suporte 
ou base, uma tela ou rede, flutuado-
res e âncoras.
Suporte ou Base: é responsável 
pelaforma da gaiola, podendo ser 
confeccionado utilizando-se cano 
de PVC, madeira, ferro, alumínio e 
outros materiais.
Tela ou rede: a rede mantém os 
peixes em cativeiro durante o tempo 
de cultivo, podendo-se utilizar diver-
sos tipos: rede de multifilamento 
com e sem nó (malha 1,5 cm); rede 
de multifilamento primolitada (malha 
2,5 cm); tela de polietileno (malha 
1,5 a 2,0 cm); tela níquel - moeda 
(malha 1,0 a 2,0 cm) e tela de alam-
brado (malha 2,0 cm), é a mais 
usada no momento.
Flutuadores: mantêm a gaiola na 
superfície da água, podendo ser 
utilizados os de tubo rígido de PVC 
(100 ou 150 mm), com tampão; de 
cano plástico de irrigação, rolhado; 
bombona plástica; tambor de ferro; 
isopor; bóia; bambu; tamboril; etc.
Âncora ou poita: é uma peça de 
ferro, um bloco de concreto ou uma 
simples pedra volumosa que, presa a 
um cabo, uma corrente ou uma corda 
de náilon, é lançada no fundo da 
água para segurar a gaiola em um 
determinado ponto da superfície.
Para fixação de um conjunto de 
gaiolas, é aconselhável utilizar uma 
estrutura formada por dois tambores 
de plástico (de 200l), cabo de náilon 
estendido entre ambos e duas ânco-
ras, uma em cada extremidade.
As gaiolas podem ser quadra-
das, que são as preferidas; retangu-
lares, também muito usadas; circu-
lares e hexagonais. As dimensões 
mais utilizadas são as contidas no 
quadro a seguir:
Dimensões das Gaiolas
Quadrado Retangular
Comprimento(m) 2 3
Largura(m) 2 1,5
Altura(m) 2 1,2
Banco de Dados O POVO
Gaiola flutuante quadrada
Banco de Dados O POVO
Gaiolas flutuantes retangulares
Gaiola quadrada
30 Formação para o trabalho piscicultura
Localização das 
gaiolas nos açudes
As gaiolas devem ser localizadas 
em açudes com água de boa quali-
dade (boa renovação da água) e 
que apresente profundidade míni-
ma de 4 m, ao longo dos meses do 
ano. A localização deve ser em 
áreas protegidas de fortes ventos, 
ondas e correntezas e que não haja 
ocorrência acentuada de algas e 
plantas aquáticas, águas turvas e 
de águas poluídas.
Quantidade de gaiolas
As gaiolas a serem colocadas no 
açude devem ser em quantidade limi-
tada, recomendando-se que a área 
ocupada pelas mesmas não ultrapas-
se 1% do espelho d’água do açude. 
Distância entre gaiolas
A distância mínima entre as gaiolas 
é de 2 m, e a dimensão vertical 
mínima entre o leito do açude e a 
parte inferior da gaiola é de 1 m, e o 
espaço mínimo entre as fileiras de 
gaiolas é de 10 m.
Peixamento das gaiolas
A tilápia do Nilo, de preferência o 
macho é, atualmente, a espécie 
mais indicada; contudo, outros pei-
xes, como o tambaqui e o pacu cara-
nha, estão em fase de pesquisa. 
A quantidade de tilápia do Nilo por 
m3 de gaiola flutuante pode chegar a 
300. Portanto, uma gaiola medindo 
2m x 2m x 2m comporta 1.200 tilá-
pias durante um ciclo de cultivo.
O peso inicial dos alevinos para a 
engorda em gaiolas deve ser de, no 
mínimo, 20 g.
Tempo de cultivo
A tilápia do Nilo atinge o peso de 
mercado em 4 meses de engorda. 
Na prática, o período de cultivo 
dessa espécie dura 3 a 4 meses, 
época em que alcança o peso 
médio de 650 gramas. Portanto, em 
uma gaiola (2m x 2m x 2m) podem-
se produzir de 650 a 800kg de tilá-
pia, no período de 3 a 4 meses.
Alimentação 
dos peixes em gaiolas
Para se conseguir os resultados cita-
dos, os peixes necessitam alimentar-
se com ração balanceada, contendo 
32 a 42% de proteína bruta.
A quantidade diária de ração deve 
corresponder a 3% do peso dos pei-
xes. Por exemplo: se há 100kg de 
peixes na gaiola, fornece-se 3kg de 
ração balanceada por dia.
A cada 30 dias, pesa-se parte dos 
peixes, visando ajustar a ração. Por 
exemplo: se o peso total aumentou 
de 100 para 200kg, aumenta-se a 
quantidade diária da ração para 6kg.
A quantidade diária de ração 
deve ser dividida em 2, 3 ou 4 
refeições, sendo administrada pela 
manhã e à tarde.
A gaiola pode ou não ser provida 
de comedouro, ficando esse detalhe 
a critério do criador. No entanto, na 
ausência do mesmo deve-se ter 
cautela, na hora de alimentar os pei-
xes, para não ocorrer desperdício. 
Atente-se, ainda, para a presença 
dos peixes invasores (piabas) que 
causam grandes prejuízos.
Hoje é mais prático para o produ-
tor usar uma tabela alimentar elabo-
rada por um especialista em nutri-
ção de peixe.
Peixes faxineiros
Durante o período da engorda, 
aconselha-se o emprego de peixes 
faxineiros (curimatã e/ou piau), que, 
em função do hábito alimentar, rea-
lizam a limpeza da gaiola. 
Deve-se utilizar a quantidade 
correspondente a 5% do total de 
peixes contidos na gaiola para 
engorda, ou seja, se a gaiola con-
tém 1.000 peixes em engorda, utili-
za-se 50 peixes faxineiros. Embora 
atualmente os produtores não este-
jam utilizando essa técnica.
Mauri Melo
Gaiola retangular de tela
Resumo 
da lição
•	Os	viveiros	são	reservatórios	de	água,	
feitos	em	terreno	natural	ou	provenien-
te	de	escavação	para	criação	e	engor-
da	de	peixes.
•	Os	tipos	de	viveiro	são	de	barragem	e	
de	escavação.
•	A	dimensão	dos	viveiros	são	de	acor-
do	com	a	finalidade	(desova,	alevina-
gem	ou	engorda).
•	Para	povoar	os	viveiros	devemos	usar	
alevinos	de	tamanho	homogêneo,	
medindo	no	mínimo	5	cm.
•	A	desinfecção	dos	viveiros	é	feita	com	
uso	de	cal.
•	O	horário	ideal	para	o	uso	do	aerador	é	
de	0hàs	6h.
•	As	gaiolas	para	peixes	têm	dimensões	
variadas	e	a	sua	localização	nos	açudes	
deve	ser	em	locais	com	profundidade	de	
4m	e	com	água	de	boa	qualidade.
•	A	alimentação	dos	peixes	em	gaiolas	
deve	ser	feita	com	ração	balanceada	e	
equivaler	a	3%	do	peso	dos	peixes.
•	Os	peixes	faxineiros	realizam	a	limpeza	
da	gaiola.
Fundação Demócrito Rocha 31
Reversão sexual em tilápia do Nilo
Lição 9
A 
tilápia do Nilo, espécie de produ-
ção rápida, apresenta um poten-
cial reprodutivo muito grande, o 
que provoca superpopulação no 
viveiro de engorda. Este problema 
pode ser solucionado, utilizando-se 
somente indivíduos machos.
A reversão do sexo da tilápia do 
Nilo, ou seja, a transformação da 
fêmea em macho é uma prática uti-
lizada, com êxito, no mundo inteiro 
e é feita por produtores de todos os 
níveis de escolaridade.
1º Passo: faz-se, inicialmente, os 
acasalamentos da tilápia do Nilo 
para obtenção das larvas, na pro-
porção de 3 (três) fêmeas para 
1(um) macho, usando-se reprodu-
tores estocados em tanques ou 
viveiros com 30 a 350m2 de área 
inundada, devendo o peso inicial 
de cada reprodutor ser de 80g e a 
densidade de estocagem, de um 
peixe por metro quadrado.
2º Passo: após 15 dias do acasa-
lamento das tilápias, faz-se a cap-
tura das larvas, com rede de arras-
to ou puçá, submetendo-as ao 
selecionador de larvas, que é feito 
de madeira e tela com malha de 
3mm, e tem a forma de um cilindro 
cortado longitudinalmente. Todas 
as larvas que passam pela malha 
do selecionador são conduzidas ao 
setor de reversão sexual.
A reversão sexual é realizada em 
gaiolas flutuantes (1 x 1 x 1 m); em 
tanques de alvenaria (3 x 1 x 0,80 m) 
ou em pequenos viveiros, desde que 
abastecidos com água renovável e 
protegidos por telas, para impedir a 
entrada de inimigos (predadores, 
invasores e competidores). 
As larvas, estocadas na densida-
de de 3.000 a 5.000/m3 de água, 
deverão ser alimentadas 4 (quatro) 
vezes ao dia durante 28 dias, com 
ração balanceada, pó fino, conten-
do 28 a 35% de PB, nos seguintes 
quantitativos:
Quantidade de Ração para 1.000 Larvas Estocadas
Tempo de estocagem Quantidade diária de ração
1º ao 5º dia 4 gramas
6º ao 10º dia 8 gramas
11º ao 15º dia 16 gramas
16º ao 20º dia 30 gramas
21º ao 28º dia 34 gramas
O inversor químico utilizado na 
ração balanceada é o 17 alfa-metil-
testosterona, em forma de pó, diluí-
do em álcool comum (1 grama de 
hormôniopara 2 litros de álcool) e 
misturado em 17 kg de ração em pó. 
A ração preparada na proporção 
acima para atender em pequenos 
períodos, deve ser colocada para 
secar em ambientes sombreados e, 
depois, armazenada, na parte infe-
rior da geladeira, por até 2 meses.
No 28º dia, final do período de 
estocagem, selecionam-se os alevi-
nos, no mesmo selecionador das 
larvas, desta vez aproveitando 
somente aqueles que permanece-
rem retidos no selecionador, des-
cartando os demais.
Os alevinos revertidos (alevinos I) 
devem ser encaminhados ao seg-
mento de alevinagem II, formado por 
gaiolas flutuantes ou viveiros de terra.
A densidade de estocagem de 
alevinos I nas gaiolas é de até 
1.500 por m3 e, em viveiros, o 
Qual o potencial 
reprodutivo da
 tilápia do Nilo?
Predadores: aqueles que 
destroem ou devoram.
Que é reversão
do sexo?
32 Formação para o trabalho piscicultura
número de alevinos I por metro qua-
drado cai para 20 ou menos.
A quantidade diária de ração 
balanceada, contendo 32% de PB, 
deve ser 3 a 5% do peso dos alevi-
nos estocados, durante 30 a 60 dias, 
dependendo do peso desejado.
Os alevinos II obtidos são des-
tinados ao setor de engorda, que 
pode ser formado de gaiolas ou 
de viveiros.
As fotos a seguir mostram as 
instalações necessárias aos seto-
res de reversão e de engorda de 
peixes que são:
 ■ viveiros ou tanques de acasala-
mento e reprodução; 
 ■ tanque de reversão sexual;
 ■ viveiro de alevinagem II;
 ■ viveiros de engorda;
 ■ gaiolas flutuantes.
Edson Pio
Tanque de acasalamento de tilápia do Nilo (Coleta de Larvas)
Alcebíades Silva
Tanque de reversão sexual de tilápia do Nilo
Everton Lemos
Viveiro de alevinagem de tilápia do Nilo revertida
Alevinos I: são indivíduos com 
peso de um grama.
Alevinos II: são indivíduos com 
peso acima de 20 gramas.
Fundação Demócrito Rocha 33
Banco de Dados O POVO
Viveiros de engorda de tilápia do Nilo revertida
Banco de Dados O POVO
Gaiolas de engorda de tilápia do Nilo revertida
Resumo da lição
•	O	potencial	reprodutivo	da	tilápia	do	Nilo	é	muito	grande;
•	A	reversão	sexual	da	tilápia	do	Nilo	consiste	em	transformar	fêmea	
em	macho.
•	A	reversão	do	sexo	da	tilápia	do	Nilo	é	realizada	em	tanques	ou	
viveiros	e	feita	com	um	inversor	químico	(hormônio	masculino);
•	As	densidades	de	estocagem	das	larvas	nas	gaiolas	é	de	3.000	a	
5.000	por	metro	cúbico	de	água.
•	As	instalações	necessárias	aos	setores	de	reversão	e	de	engorda	são	
viveiros	ou	tanques	de	acasalamento	e	reprodução,	viveiros	de	rever-
são	sexual,	viveiros	de	alevinagem	II,	engorda	e	gaiolas	flutuantes.
34 Formação para o trabalho piscicultura
Equipamentos indispensáveis 
em piscicultura
Lição 10
O
bservação: ultimamente, os 
acasalamentos de tilápia do 
Nilo têm sido feitos em tan-
ques-rede com vista à colheita 
de ovos ou de larvas sendo os pri-
meiros transferidos para incubado-
ras especiais.
Os medidores de parâmetros 
físico-químicos são equipamentos 
imprescindíveis em granjas piscíco-
las com fins lucrativos. Hoje, no 
Brasil, é possível adquiri-los em 
casas e empresas especializadas. 
Os principais equipamentos 
necessários a um empreendimento 
de piscicultura são:
 ■ Medidor de oxigênio ou oxíme-
tro: mede o oxigênio dissolvido 
na água; 
 ■ Medidor de temperatura ou ter-
mômetro: mede a temperatura 
da água;
 ■ Medidor de pH ou pHmetro: 
mede o pH da água;
 ■ Medidor da condutividade elétri-
ca ou condutivímetro;
 ■ Medidor de transparência ou 
disco de Secchi.
Como opções mais econômicas 
em substituição aos equipamentos, 
encontram-se disponíveis no mer-
cado Kits de medição de parâme-
tros químicos. 
Os níveis do oxigênio dissolvido 
na água oscilam durante as 24h do 
dia, chegando ao máximo no perío-
do da tarde e alcançando o mínimo 
durante a madrugada. Com o pro-
pósito de evitar a mortalidade dos 
peixes, utilizam-se os aeradores 
mecânicos. Os aeradores também 
são usados nas caixas que trans-
portam peixes, sendo alimentados 
pela energia da bateria do veículo 
transportador.
Nos projetos de grandes dimen-
sões, os comedouros automáticos, 
que funcionam ligados à rede elétri-
ca ou às baterias, devem ser acres-
centados à relação dos equipamen-
tos necessários a um empreendi-
mento de piscicultura.
A utilização correta dos equipa-
mentos aqui recomendados permiti-
rá uma melhor produção da fazen-
da de piscicultura, pois possibilita 
um controle mais preciso das condi-
ções fisico-químicas da água.
Nas fazendas de piscicultura é 
importante que sejam desenvolvi-
das pesquisas com objetivos de 
não só melhorar a taxa de conver-
são alimentar e atingir maior produ-
tividade, e maximizar o rendimento, 
com vertizalização da curva de 
crescimento dos peixes favorecen-
do um rápido giro de capital e eco-
nomia de alimento.
Os aeradores mecânicos são 
utilizados normalmente, na 
piscicultura intensiva, durante o 
período de 0h às 6 h e
nos dias de chuvas intensas, 
quando a situação fica crítica. 
Resumo 
da lição
•	Os	equipamentos	necessá-
rios	para	o	controle	físico-
químico	da	água	na	criação	
de	peixes	são	medidores	
de	oxigênio,	temperatura,	
pH,	e	de	condutividade	elé-
trica	e	o	disco	de	Secchi.
•	Os	kits	de	medição	de	
parâmetros	químicos	são	
opções	mais	econômicas.
•	O	nível	de	oxigênio	dissolvi-
do	na	água	oscila	as	24h	do	
dia,	sendo	o	máximo	à	tarde	
e,	o	mínimo,	de	madrugada.
•	Há	necessidade	dos	aera-
dores	mecânicos	no	horário	
de	0h	às	6h.
•	Os	comedouros	automáti-
cos	também	são	necessá-
rios	em	projetos	de	grande	
dimensões.
Fundação Demócrito Rocha 35
Práticas piscícolas
Lição 11
D
entre os parâmetros necessá-
rios para a construção de 
viveiros, coloca-se como um 
dos mais importantes a topo-
grafia do terreno.
Inclinação do terreno
O material necessário para se 
determinar a inclinação de um terre-
no é composto, simplesmente, de 
uma mangueira transparente com 
20m de comprimento e duas varas 
de 2m, marcadas de 5 em 5 cm. 
Colocam-se as dua s varas distan-
tes 10m uma da outra, coloca-se uma 
extremidade da mangueira plástica 
na vara que se encontra no local 
mais alto do terreno e leva-se a outra 
extremidade até a segunda vara. A 
seguir, enche-se a mangueira com 
água, começando pela vara mais 
baixa e sem deixar que transborde 
em nenhuma das extremidades, 
mede-se o nível da água nas duas 
varas e calcula-se a diferença em 
centímetros. Compara-se o valor 
encontrado com a tabela mostrada a 
seguir, encontrando-se o valor (%) da 
inclinação do terreno estudado. 
Determinação da Inclinação do Terreno (%)
Diferença entre as duas varas 
(em cm) Inclinação do terreno (%)
5 0,5
10 1,0
20 2,0
30 3,0
40 4,0
50 5,0
60 6,0
Por exemplo: a diferença encontra-
da entre os níveis da água nas duas 
varas foi de 30 cm. Comparando-se 
na tabela, encontra-se uma inclina-
ção de 3% para o terreno.
Medição da inclinação do terreno
36 Formação para o trabalho piscicultura
 Declividade do Terreno
0 a 3%
3 a 6%
Textura do terreno
Coletam-se amostras de terra em 
vários locais aonde se pretende 
construir os viveiros, umedece-se 
parte dessa terra coletada e amas-
sa-se entre as mãos, tentando fazer 
bolinhas do tamanho de bolas de 
gude. Caso se consiga formar as 
bolinhas, que não deve quebrar 
com facilidade, o terreno testado 
tem textura argilosa (impermeável), 
oferecendo condições físicas para 
se construir os viveiros desejados.
Os solos onde não se consegue 
formar as bolinhas, não são interes-
santes para a piscicultura, embora 
possam ser ótimos para a agricultura.
Vazão de um rio
Para calcular a vazão de um rio ou 
riacho, deve-se fazer o seguinte: 
em um determinado ponto ou local 
do rio ou riacho, mede-se

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