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piscicultura Airton Rebouças Sampaio José Milson Gomes Bastos Sampaio, Airton Rebouças S192p Piscicultura/ Airton Rebouças Sampaio. - Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha/ Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC, 2013. 44p. : il. color. - (Coleção Formação para o trabalho) ISBN 978-85-7529-595-3 1. Criação de peixes. 2. Piscicultura. I. Título. CDU 639.3 Fundação Demócrito Rocha Presidente Luciana Dummar Coordenação Técnica Francisco Fábio Castelo Branco Edições Demócrito Rocha Editora Regina Ribeiro Editor Adjunto Raymundo Netto Coordenação de Produção Editorial Sérgio Falcão Editor de Design Amaurício Cortez Projeto Gráfico Arlene Holanda e Welton Travassos Capas Deglaucy Jorge Teixeira e Welton Travassos Ilustrações Elinaudo Barbosa e Leonardo Filho Editoração eletrônica Cristiane Frota Revisão Vessillo Monte Fotos Banco de Dados O POVO Catalogação na fonte Ana Kelly Pereira ©2013 by Fundação Demócrito Rocha Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC Diretor Presidente Francisco Férrer Bezerra Diretoria de Extensão Tecnológica e Inovação Antônio Elder Sampaio Nunes Diretoria de Ensino, Pesquisa e Pós-Graduação Francisco Moreira de Meneses Diretoria Administrativo-Financeira Luiz Carlos Pontes Todos os direitos desta edição reservados a: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6270 - 3255.6148 Fax: (85) 3255.6271 fundacaodemocritorocha.com.br fundacao@fdr.com.br Sumário Apresentação ........................................04 Lição 1 Porque criar peixes .............................. 05 Lição 2 Fatores importantes para criação de peixes ....................... 07 Lição 3 Os seres vivos aquáticos .................... 10 Lição 4 Os peixes e sua alimentação .............. 13 Lição 5 Principais espécies adaptadas aos cultivos ...................... 17 Lição 6 Diferentes sistemas de cultivo ..............20 Lição 7 Criação de peixes em açudes ............. 21 Lição 8 Criação de peixes em viveiros e gaiolas ................................. 25 Lição 9 Reversão sexual em tilápia do Nilo ..... 31 Lição 10 Equipamentos indispensáveis em piscicultura .................................... 34 Lição 11 Práticas piscícolas ............................... 35 Referências .......................................... 44 4 Formação para o trabalho piscicultura A piscicultura é uma técnica de criar e multiplicar os peixes sendo, portanto, uma importante atividade que, se bem conduzi- da, representa uma fonte de empre- go e renda no País, além de contri- buir para a diminuição do déficit ali- mentar nas populações mais pobres. A piscicultura aumenta a disponi- bilidade e a qualidade da alimenta- ção familiar, proporciona excelentes oportunidades para o lazer e fonte de renda, pois os famosos pesque- pague, além de servirem de entre- tenimento, quando explorados de forma adequada, apresentam ótimo retorno financeiro. O presente manual pretende ser um instrumento que possibilite ao produtor rural os conhecimentos teóricos e práticos necessários à gestão de empreendimentos piscí- colas, através de informações técni- cas imprescindíveis ao desempe- nho dessa atividade, visando o pleno alcance do sucesso da empreitada. Aplicando, corretamente, os ensi- namentos aqui contidos e que são explanados no curso, tanto na teoria quanto na prática, com certeza, o empreendedor, em curto espaço de tempo, passará a colher os frutos do seu esforço e interesse. Fator de fundamental importân- cia para o sucesso dessa atividade é o incentivo ao espírito associati- vista, tendo sempre em vista o desenvolvimento de uma atividade rentável e que poderá contribuir para o incremento da oferta de pro- teína de origem animal de elevado teor nutricional às populações rurais e urbanas, pois o peixe é um ali- mento rico em proteínas, vitaminas, sais minerais e suas gorduras não- saturadas contribuem para redução dos teores de colesterol. Este texto tenta mostrar, ao pro- dutor rural, que a piscicultura deve ser encarada como uma atividade produtiva igual a pecuária e agricul- tura em que os vários procedimentos devem ser rigorosamente seguidos. Apresentação Fundação Demócrito Rocha 5 Porque criar peixes Lição 1 O Brasil é um país com grande potencial hídrico e de solo, temperatura sem grandes osci- lações e luminosidade durante todo o ano, favoráveis à implanta- ção da piscicultura. No Estado do Ceará existem, hoje, cerca de 10.000 açudes, ocu- pando 170.000 hectares, aproxima- damente, de espelho d’água, distri- buídos em pequenos, médios e gran- des açudes, particulares e públicos, além de 3.200 horas de sol por ano. Everton Lemos Vista panorâmica de um açude Quando comparada com a agri- cultura, a piscicultura apresenta várias vantagens: pequeno investi- mento (quando já existe reservató- rio), pouca mão de obra, baixo risco e retorno econômico garantido. Em relação à pecuária, a pisci- cultura permite uma produção de proteína por hectare 20 a 80 vezes maior, considerando-se a produção de 100 kg carne/ano, em um hecta- re de boa pastagem. A piscicultura aumenta a disponi- bilidade e a qualidade da alimenta- ção familiar, melhora o nível de emprego e renda, além de propor- cionar excelentes oportunidades para o lazer. Semelhança Entre as Atividades Discriminação Calorias Proteínas(g) Lipídios(g) Cálcio(mg) Boi (magro) 146 21 06 12 Boi (gordo) 225 19 16 11 Galinha (gorda) 246 18 19 10 Porco (gordo) 276 17 23 10 Peixe de água doce Cozido 104 23 01 28 Frito 516 39 39 126 Salgado 193 40 02 190 Fonte: IBGE A piscicultura aparece como uma nobre alternativa de aproveitamento de áreas salinizadas que perderam o seu valor agrícola, podendo serem utilizadas para construções de viveiros. 6 Formação para o trabalho piscicultura Na tabela da página anterior pode- se comparar o teor de calorias, a quantidade de lipídios, cálcio e o valor proteico da carne do peixe de água doce com o valor de outras carnes. O produtor rural precisa tomar conhecimento de que na piscicultu- ra, como na agricultura irrigada e na pecuária, existem as diversas eta- pas da produção: pesca, beneficia- mento e comercialização do pesca- do. Além da piscicultura fornecer uma alimentação rica em proteínas é uma fonte de renda através da comercialização do pescado ou do lazer através dos famosos pesque- pague e portanto deve ser encarada do mesmo modo que a pecuária intensiva e a agricultura irrigada, como mostra a tabela a seguir: Igor Câmara Os pesque-pague funcionam como áreas de lazer e renda Semelhança entre as Atividades Agricultura irrigada Criação (pecuária) Piscicultura Plantio Compra (reprodução) Peixamento Adubação Ração Adubação Irrigação Alimentação normal Alimentação complementar Colheita Corte Despesca Resumo da lição • As vantagens da implantação da piscicultura no Brasil se deve à potencialidade hídrica e de solo, temperatura e luminosidade. • As vantagens da piscicultura em relação à agricultura e à pecuária é que aquela exige pequeno investimento, pouca mão de obra e baixo risco econômico. • A piscicultura propicia o aproveitamento das áreas salinizadas. • O valor proteico da carne do peixe de água doce é superior ao das carnes bovina, de aves e suína. Qual a vantagem da piscicultura em relação à agricultura? Fundação Demócrito Rocha 7 Fatores importantes para criação de peixes Lição 2 E xistem diversos fatores quími- cos, físicos e biológicos que inte- ragem entre si, que são impor-tantes para sobrevivência e a reprodução das espécies de peixes. Descrevemos a seguir esses fatores e suas interações, com evi- dentes vantagens para o desenvol- vimento da piscicultura. Água A vida não pode existir na ausência de água e a biodiversidade de um ecossistema é diretamente propor- cional à disponibilidade de água. A piscicultura necessita de água em abundância e de boa qualidade. O dimensionamento de cada proje- to de piscicultura é função da água disponível, levando-se em conta as perdas por evaporação, infiltração e eventuais renovações de água das coleções d’água. Um hectare de viveiro necessita de uma vazão de 5 a 10 litros/segundo. Para maior segurança do projeto, a água deve ser analisada em labo- ratório, para determinação da sua qualidade, que é tão importante para a piscicultura como a qualidade do solo para a agricultura: se o solo da agricultura não tem boa fertilidade e boas características físicas, haverá escassa colheita; se a água na pisci- cultura não contém elementos nutri- tivos para os peixes e/ou nem apre- senta adequadas propriedades físi- cas, haverá pouco pescado. Água poluída não serve para abastecimento de viveiros e muito cuidado com o emprego de pestici- das na propriedade, para não con- taminar as fontes d’água. Temperatura A temperatura é o primeiro fator de grande importância para a piscicultu- ra, pois dela dependem a quantida- de de oxigênio dissolvido na água e, de maneira geral, todas as ativida- des fisiológicas dos peixes (respira- ção, digestão, alimentação, etc.). Os peixes tropicais precisam de temperatura entre 25 a 32º C que é a faixa de temperatura mais frequente nas condições do Nordeste. Cuidados deverão ser tomados com as águas rasas, com profundidade de 1 a 2 metros, onde a temperatura pode alcançar valores acima de 32 ºC. Nas águas mais profundas a tem- peratura, geralmente, é um pouco mais baixa (2 a 3 ºC a menos), no fundo da represa, oferecendo um refúgio para os peixes nas horas mais quentes do dia. A água turva também tem temperatura mais baixa, dificil- mente ultrapassando os 30 ºC a 0,80 - 1,00 m de profundidade, uma vez que essa impede a penetração da luz. Oxigênio O oxigênio é o mais importante entre os gases dissolvidos na água, sendo indispensável à vida dos organismos que vivem nos viveiros (peixes, inse- tos, algas, plantas, etc). Na água, o oxigênio provém de algas e plantas submersas, de onde é liberado durante o dia; e da atmos- fera, a partir da incorporação natural ou artificial (aeradores mecânicos). A água que penetra na boca dos peixes passa pelas brânquias (onde ocorrem as trocas gasosas) e sai pelas fendas branquiais. Os peixes dulcícolas vivem em ambiente hipotônico. Por osmose, a água entra pelas brânquias e pela superfície do corpo. Os rins eliminam o excesso de água; os sais perdidos na urina são repostos pelos alimentos e por absorção ativa por meio das brânquias. Temperatura: é uma medida de “quanto” alguma coisa é “quente” ou “fria”, ou seja, é uma medida do movimento das moléculas. A carpa, a curimatã e a tilápia são mais tolerantes às mudanças de temperatura. Qual a importância da temperatura na piscicultura? 8 Formação para o trabalho piscicultura As necessidades de oxigênio dissolvido variam com as espécies. A quantidade de oxigênio dissol- vido na água é avaliada através de um medidor denominado oxímetro e, para fornecer aeração rápida e vigorosa aos peixes, existem aera- dores mecânicos apropriados. Oxímetro Transparência A água não deve ser muito transpa- rente, nem muito turva. Para medir a transparência da água, utiliza-se um disco de Secchi (figura ao lado) ou um prato branco, amarrado a um cordão ou seguro na mão, mer- gulhando-o na água até que deixe de ser visível. A profundidade cor- respondente a esse ponto mede a transparência da água que deve ficar entre 20 e 40 cm, para se ter condições ótimas de cultivo. Uma água muito transparente, na qual o disco de Secchi ou o prato ficam visíveis além de 40 cm de profundidade, é uma água pobre em nutrientes e, particularmente, em algas; porque a luz é tão forte nos primeiros centímetros, que pode até inibir a fotossíntese, impe- dindo o desenvolvimento das algas na superfície. Ao contrário, uma água muito turva ou barrenta, na qual o disco de Secchi ou o prato deixam de ser visíveis com 20 cm de profundida- de, não deixa penetrar a luz neces- sária à fotossíntese o que, tam- bém, impede o desenvolvimento das algas. A turvação da água é causada, geralmente, por materiais em sus- pensão, trazidos pelas águas bar- rentas escoadas, de cores carre- gadas, como o amarelo, o verme- lho ou o cinza, tendendo a diminuir à medida em que os materiais se depositam. A turvação pode também ser proveniente de uma grande quanti- dade de algas e microorganismos, dando à água uma coloração esverdeada ou verde azulada. Neste caso, trata-se de um fator positivo, a menos que haja exces- so, o que prejudicaria os peixes. pH (potencial hidrogêniônico) A acidez e a basilicidade (ou alcali- nidade) de um meio dependem dos números relativos de íons H+ ou OH- presentes. Para sabermos o quanto um meio é ácido ou básico utilizamos a escala de pH, elaborada levando- se em conta a quantidade de íons H+ presentes no meio. Quanto maior a quantidade de H+, menor o pH e mais ácido o meio. Quanto menor a quantidade de H+, maior o pH e maior o caráter básico do meio. Isto ocorre porque o pH é dado pela fórmula: pH = log 1 [H3O +] A escala, a seguir, apresenta as diversas faixas de pH para a cria- ção de peixes nas condições climá- ticas do Nordeste brasileiro. A faixa adequada vai de 7 a 8,5; o pH satis- fatório varia de 6,5 a 9,5; as outras faixas não são boas para a criação. De onde vem o oxigênio dissolvido na água? Quem causa a turvação da água? Oxigênio: é o mais abundante elemento, em massa, na Terra, como gás. Ele forma cerca de 21% do volume de nossa atmosfera. Ele também, forma 89% da massa da água. É essencial para respiração e necessário para a obtenção de energia a partir do alimento que os animais comem. Disco de Secchi: tem 20 cm de diâmetro e 4 quadrantes, pintados, alternadamente, em preto e branco. Disco de Secchi Fundação Demócrito Rocha 9 Escala de pH é a plana ou levemente inclinada, com declividade menor que 5%, pois permite a construção de viveiros sem grande movimentação de terra. Antes da implantação dos vivei- ros, coleta-se amostras de solo para análise físico-química. A retirada das amostras deverá ser realizada à pro- fundidade de 0 a 1,5m, com o auxílio de um trado próprio para coletar solo. As amostras de solo deverão ser etiquetadas e enviadas ao labo- ratório de análise mais próximo. Para a criação de peixes, são feitos os gastos necessários com a construção de instalações (açudes, viveiros, tanques, etc.); com a aqui- sição dos alevinos, dos apetrechos e equipamentos de pesca e dos insu- mos (ração). No entanto, existem diferentes linhas de crédito e varia- das condições de financiamento. Para obter o financiamento, o interessado deve encomendar a elaboração do projeto a um técnico ou escritório especializado, entre- gando-o, posteriormente, à fonte financiadora autorizada. Mercado Por ser uma atividade geradora de renda, a piscicultura necessita ser vista em perspectiva. Portanto, os seus produtos necessitam ser pro- jetados para mercados, não somente locais, mas, também, nacionais e internacionais. A escolha da espécie a ser cria- da tem que atender à demanda da área de abrangência do projeto, bem como às exigências dos hábi- tos alimentares da clientela.O pH varia durante as 24 horas do dia, em função dos seguintes fatores: ■ Respiração dos seres vivos (algas, plantas e animais); ■ Fotossíntese (algas e plantas); ■ Calagem (cal, calcário e gesso); ■ Adubação (estercos e fertili- zantes); ■ Poluição (química). Mede-se o pH com instrumentos apropriados, pHmetros (figura abai- xo) ou com fitas de papel indicador, mergulhadas na água, cuja cor indi- ca o pH da mesma. Medidor de pH, conhecido também com pHmetro A acidez da água (pH inferior a 6,5) deve ser corrigida, utilizando- se cal ou calcário. Terreno Para a construção de viveiros de piscicultura, deve-se levar em conta a topografia e a textura do solo onde se pretende implantar a criação. A topografia do terreno define o tipo, a forma e a quantidade de vivei- ros a construir. A mais recomendada Resumo da lição • Os recursos naturais na cria- ção de peixes são: água, oxi- gênio e terreno. • Deve-se fazer análise de água para determinação de sua qualidade. • A temperatura para peixes tropi- cais é em torno de 25 a 32º C. • O oxigênio existente dissolvi- do na água provém de algas e plantas submersas e da atmosfera e é indispensável à vida dos organismos que vivem nos viveiros. • A água não deve ser muito transparente nem muito turva. • O pH satisfatório para piscicul- tura varia de 6,5 a 9,5. • A topografia da área do criató- rio de peixe deve ser plana ou levemente inclinada com solos impermeáveis. • Para obter-se financiamento existem diferentes linhas de crédito. • A escolha das espécies a serem criadas depende dos hábitos alimentares da clientela. 10 Formação para o trabalho piscicultura Os seres vivos aquáticos Lição 3 O s organismos não são entida- des isoladas, uma vez que interferem em seu ambiente, interagem entre si e com os fatores abióticos. Os peixes obtêm alimentação do ambiente (luz, matéria orgânica, sais minerais, água, gases) enquanto nele elimi- nam resíduos (urina, fezes e gás carbônico). Entre os seres vivos de um ecossistema, há um interrela- cionamento dinâmico e equilibrado que mantém um fluxo permanente de energia e matéria. Quando a água enche o açude ou o viveiro, ela fica rapidamente povoada de inúmeros seres vivos aquáticos. O equilíbrio entre os diversos tipos destes seres vivos e o papel dos mesmos na alimenta- ção e na vida dos peixes são fun- damentais. Por isso, é de grande importância conhecer as principais categorias de vegetais e animais presentes nos açudes ou viveiros. Plâncton vegetal ou fitoplâncton Os fitoplânctons são plantas micros- cópicas, raramente visíveis a olho nu e que, geralmente, juntam-se em colônias. A partir da luz, do gás car- bônico e de alguns sais dissolvidos na água, essas plantas sintetizam matérias orgânicas, tais como pro- teínas, óleos e vitaminas que, direta ou indiretamente, chegam aos pei- xes, constituindo-se a base da ali- mentação dos mesmos. Portanto, para os peixes, o plâncton vegetal, denominado de fitoplâncton, é o elemento mais importante da água. Plâncton animal ou zooplâncton Os zooplânctons são comunidades constituídas por minúsculos ani- mais aquáticos, como os rotíferos que são indispensáveis à alimenta- ção dos alevinos e por pequenos crustáceos (copépodos) que consti- tuem a base alimentar dos peixes que não comem algas. Pequenos Animais do Lodo ou Zoobentos Os zoobentos, chamados de ani- mais bentônicos e que vivem no fundo dos açudes ou viveiros são, principalmente, as larvas de inse- tos, minhocas e moluscos. Existem algumas formas que são prejudi- ciais, porque alimentam-se de lar- vas ou alevinos. Aves predadoras Existem aves, como a garça, o martim-pescador e o socó, mostra- das na figura a seguir, que são denominadas predadoras, porque se alimentam de larvas e de alevi- nos de peixes. Nos açudes e nos viveiros existem pequenos animais e vegetais. Nos ecossistemas aquáticos, as algas são os principais componentes do fitoplâncton. Qual a constituição do plâncton animal? Fundação Demócrito Rocha 11 As aves acima e outras não cita- das no presente Manual causam inúmeros prejuízos aos criadores de peixe, especialmente no proces- so da alevinagem e na fase inicial de engorda. Plantas aquáticas: problemas e controle As plantas aquáticas podem servir de alimentos mas também podem ser prejudiciais, pois podem interfe- rir no ambiente aquático através da invasão de todo o espelho d’água, produção de resíduos e poluentes. Entre as plantas aquáticas distin- guem-se 3 tipos: Plantas flutuantes: essas plantas, que às vezes chegam a cobrir o espelho d’água do açude, são pre- judiciais à piscicultura, impedindo a penetração da luz, retirando nutrientes básicos da água e con- sumindo, durante a noite, o oxigê- nio da água. As mais conhecidas são a baronesa (aguapé) e a alface d’água (pistia). Em pequenas quantidades, porém, elas podem ser benéficas, servindo de abrigo para a desova, nas áreas mais frescas, quando a água esquenta. Plantas submersas: são as que se desenvolvem no fundo dos açudes de água muito clara. Embora sirvam como alimento para alguns tipos de peixe e existam algumas conhecidas como boas oxigenadoras da água e protetoras de larvas, como a Sagitária, Valisnéria, Elodéa (esta última alastrando-se com grande facilidade), essas plantas são, em geral, prejudiciais. No entanto, a tur- bidez da água dos açudes raramen- te permite o seu desenvolvimento. Plantas emergentes: são as que crescem no talude da barragem e podem constituir parte da alimenta- ção da carpa-carpim, da tilápia do Congo e de outras espécies. Everton Lemos Plantas emergentes em viveiros de criação de peixes Aves predadoras de peixes O que são algas? Quais são os métodos de controle das plantas aquáticas? 12 Formação para o trabalho piscicultura Algas: são vegetais sem vasos, geralmente clorofilados, também conhecidas por talófitas. Existem algumas espécies que são impor- tantes na criação de peixes; mas outras, como o lodo babão (Spirogyra), são prejudiciais. Problemas Entre os problemas provocados pelas plantas aquáticas destacam-se: ■ Redução do volume d’água do viveiro ou açude; ■ Aumento das inundações dos rios; ■ Impedimento das atividades recreativas do ambiente aquáti- co, tais como a pesca dos açu- des e a despesca do viveiro; ■ Causa de assoreamento de açu- des, viveiros, rios, canais, etc; ■ Bloqueio à navegação; ■ Impossibilidade à utilização de tanques-rede; ■ Transmissão de coloração inde- sejável e mau cheiro da água; ■ Redução do fluxo d’água nos canais de abastecimento, nos drenos e nas valas; ■ Causa de danos aos equipamen- tos hidráulicos, com prejuízos à geração de energia e ao bombe- amento d’água para o consumo, irrigação ou piscicultura. Controle É de fundamental importância o con- trole e identificação dos problemas causados pelas plantas aquáticas, sendo necessária uma investigação rigorosa e metódica para escolher o melhor método de controle. A seguir são descritos esses métodos: Controle mecânico Através de instrumentos (facões e foices) para plantas de superfície ou, mesmo, arrancando com as mãos, para aquelas que se encon- tram enraizadas nas partes rasas e nas margens dos viveiros, açu- des e canais. Utilização de rede de arrasto para controlar o excesso de algas filamentosas (lodo babão) ou de vegetais flutuantes (orelha de onça). Emprego de aparelhos especiais para o corte de plantas aquáticas: cortador de grama, microtrator, tra- tor com corrente, lancha ceifadeira ou guindaste, para fazer a remoção das plantas e algas. Controle químico Utilizam-se cal e adubos para con- trolaro crescimento exagerado das algas e dos vegetais submersos. Empregam-se herbicidas de baixa toxidez, como o Bi-hedonal (2-4 D) que, comprovadamente, não causa intoxicação ao homem e aos animais silvestres e domésticos. Controle biológico O controle biológico das algas e de outras plantas aquáticas pode ser feito através do uso de peixes como tilápia do Congo, carpa- capim, carpa-prateada, carpa- cabeça-grande e carpa-comum, ou o uso de outros animais como inse- tos, boi, porco, bode, carneiro, pato, marreco, ganso, cisne, peixe- boi, capivara, búfalo, etc. A cadeia alimentar, representada no esquema ao lado e acima, tem a seguinte sequência: a matéria orgâni- ca possibilita o crescimento e o desenvolvimento dos fitoplânctons (algas) que, por sua vez, alimentam os zooplânctons. Os peixes crescem, ao se alimentarem dos zooplânctons, e são presas dos animais aquáticos carnívoros (peixes, rãs, mamíferos, etc.). As relações entre os vários níveis tróficos, entre os organismos presentes num lago estão apresenta- dos nesta pirâmide. Níveis hierárquicos de uma cadeia alimentar Resumo da lição • Os vegetais e animais presentes no açude ou viveiro interagem entre si e com os fatores abióticos. • Os fitoplânctons, plantas microscópi- cas, são a base da alimentação dos peixes. • As plantas aquáticas podem causar problemas à piscicultura, portanto devem ser controladas. • As algas são importantes na criação de peixes. • A cadeia alimentar mostra o fluxo dentro de um açude. Como é feito o controle biológico das plantas aquáticas? O que é cadeia alimentar e como funciona? Qual o nível que contém maior número de indivíduos? Fundação Demócrito Rocha 13 Os peixes e sua alimentação Lição 4 A alimentação dos peixes provém de duas fontes: uma natural (plânctons e bêntons) que habi- ta o meio aquático, tais como viveiros, lagoas, lagos e açudes e a outra artificial, representada pelos ingredientes isolados ou associa- dos, balanceados ou não. Com a alimentação natural é possível obter-se ganho de peso dos peixes, desde que a aduba- ção dos viveiros seja realizada racionalmente. Rede coletora de plânctons As melhores forragens para os peixes são as de feno, tanto de leguminosas, como cunhã, leucena, algaroba, mucuna, feijão de porco, fava brava, marianinha e guandu, quanto de mandioca ou macaxeira. ■ As farinhas disponíveis são de carne, de peixe, de sangue e de vísceras; ■ Os tubérculos são de mandioca e de batata-doce; ■ Os frutos mais usados são a goiaba, a manga, a banana, o caju, a acerola, o mamão, a melancia e o jerimum. Quanto à forma de apresenta- ção, as rações podem ser elabora- das de três maneiras diferentes: pastosas, fareladas e granuladas. A pastosa é fácil de fazer, mas é de difícil conservação, exigindo a aquisição de geladeira ou freezer. Na farelada, o balanceamento desaparece rápido, quando a ração é distribuída, por causa da desagre- gação dos componentes na água. As rações granuladas são prepa- radas em máquinas especiais: mis- turador e peletizador. Atualmente, a mais indicada é o pelete extrusado que flutua antes de afundar, perma- necendo mais tempo à disposição dos peixes. O estado de conservação dos alimentos está intimamente rela- cionado à qualidade. A exposição dos mesmos ao tempo (sol ou chuva), pode ocasionar alteração significativa (mofo, fermentação), podendo haver recusa, intoxicação e morte dos peixes. Na composição da ração, deve- se utilizar ingredientes variados, atentando para o preço, quantidade de proteína, nutrientes digestíveis, energia líquida, matéria fibrosa, entre outros. A dieta balanceada, de emprego exclusivo na piscicultura intensiva ou superintensiva, deve conter pro- teína bruta, variando de 28 a 35%, em função das espécies. Outros fatores importantes são o NDT (Total de Nutrientes Digestíveis) e a energia, respectivamente, 75% e 2.500 a 3.000 kcal. A farinha de sangue, apesar da riqueza em proteína, é um compo- nente indigesto, não devendo parti- cipar com mais de 5% na composi- ção da ração. Quais as melhores forragens para os peixes? Guandu ou andu é o fruto do anduzeiro. Bêntons: conjunto dos seres vivos (fauna e flora) que habitam o fundo dos lagos, açúdes, rios ou do mar. Pelete ou pellet: produto químico prensado e apresentado em forma de pequenas bolas ou drágeas. Extrusado: metal, plástico ou outro material que foi forçado através de um orifício, visando conseguir uma forma alongada ou filamentosa. Como são feitas as rações granuladas? 14 Formação para o trabalho piscicultura As farinhas de carne e de peixe são importantes compostos para a elaboração da ração para peixes; porém, apresentam os inconvenien- tes do alto preço e da dificuldade de peletização. A participação das duas farinhas, somadas, não deve ultrapassar 50% da ração. O balanceamento das rações destinadas aos peixes não estará completo se não forem observados os conteúdos em vitaminas (A, D, E, K, B, e C), macro e micro mine- rais (fósforo, cálcio, ferro, molibdê- nio) e ácidos graxos (gorduras). A tabela a seguir apresenta a relação de alguns ingredientes com as respectivas porcentagens (%) de proteína bruta, nutrientes digestíveis, fibra e energia. Composição da Ração Ingredientes Proteína bruta(PB %) Nutrientes (NTD) % Fibra (MF) % Energia (ELD) cal/kg Farinha de sangue 80 60 1 2.785 Farinha de peixe 61 60 1 3.123 Farinha de carne 40 75 2 2.878 Farinha de arroz 12 66 12 - Farinha de soja 46 75 5 3.300 Farinha de trigo 16 70 8 2.512 Farelo de folha de mandioca 18 56 18 - Farelo de folha de leguminosa 14 53 30 - Farelo de raspa de mandioca 3 77 10 3.476 Milho triturado 9 80 7 3.520 Sorgo triturado 10 79 2 3.453 Torta de resíduo de algodão 32 65 18 - Torta de resíduo de babaçu 22 82 12 - Melaço de cana 3 54 0 - Vísceras de frango 14 - - 3.554 Soro de leite 14 - - 3.432 Resíduo de amêndoa (caju) 27 - - 2.130 Polpa de caju (pedúnculo) 8 - - 1.100 Complementando os dados for- necidos, são apresentadas as for- mulações de algumas dietas para uma boa alimentação dos peixes, nas diversas fases da vida. A ração para peixe deve ser acrescida de uma substância aglutinante (grude), a fim de manter o balanceamento por mais tempo (2 horas de estabilidade). Os aglutinantes mais conhecidos são: farinha de trigo, goma de mandioca e bentonita. Fundação Demócrito Rocha 15 Ração para reprodutores de tilápias (*) Ingredientes (%) dos ingredientes Farinha de peixe 13,0 Farinha de carne 26,0 Farinha de soja desengordurada 16,0 Farinha de trigo 20,0 Farinha de milho 12,0 Farinha de feno de cunhã 3,0 Fermento de pão 5,0 Óleo vegetal 5,0 Total 100,0 Proteína bruta (%) 30,0 Energia metabolizável cal/g 350,0 EME cal/g/1% PB 116,6 (*) István Erôss (DNOCS/AGROBER) Observação: Ração Inicial .................................................................. peixes até 1 mês de vida. Crescimento ................................... peixes de 1 mês até 2 meses de vida. Engorda ................................................ peixes acima de 2 meses de vida. Ração para Tilápias em Diferentes Idades (*) Ingredientes (%) dos ingredientes Inicial Crescimento Engorda Farinha de peixe 8,0 5,0 3,0 Farinha de carne 10,0 6,0 4,0 Farinha de soja 12,0 8,0 6,0 Feno de folha de cunhã 12,0 15,0 15,0 Feno de folha de mandioca 8,0 10,0 15,0 Semente de cunhã 5,0 6,0 5,0 Ração balanceada para frango 26,5 27,5 30,5 Fermento de pão 2,0 1,0 - As pessoas não especializadas em nutrição e alimentação de peixes e que desejam produzir ração na propriedadedevem procurar um profissional no assunto. continua 16 Formação para o trabalho piscicultura Ração para Tilápias em Diferentes Idades (*) Ingredientes (%) dos ingredientes Inicial Crescimento Engorda Óleo vegetal 1,0 1,0 - Farinha de trigo 10,0 10,0 10,0 Farinha de milho 5,0 10,0 10,0 Sal 0,5 0,5 0,5 Total 100,0 100,0 100,0 Proteína bruta (%) 25,9 22,3 30,3 Energia metabo- lizável cal/g 2.180 2.230 2.100 EME cal/g/1% PB 84,2 100 103,4 (*) István Erôss (DNOCS/AGROBER) Observação: Ração Inicial .................................................................. peixes até 1 mês de vida. Crescimento ................................... peixes de 1 mês até 2 meses de vida. Engorda .................................................peixes acima de 2 meses de vida. Ração para Tilápias em Diferentes Idades (*) Ingredientes (%) dos ingredientes Crescimento Engorda Farinha de peixe 35 30 Farinha de carne de osso 5 5 Farelo de soja 26 20 Farelo de algodão 5 5 Farelo de arroz 12 17 Milho triturado 10 16 Melaço de cana 2 2 Óleo de soja 3 3 Premix vitamina 1 1 Premix mineral 1 1 Total 100,0 100,0 Proteína Bruta 34,8 30,9 (*) Merola e Cantelmo (CEPTA/IBAMA) Resumo da lição • A alimentação dos peixes pode ser natural ou artificial. • As melhores forragens para os peixes são as de fenos. • As rações granuladas são preparadas em misturador e peletizador. • Os ingredientes utilizados nas rações devem conter proteínas, alimentos energéticos e gorduras. • As formas de apresentação das rações são: pastosas, fareladas e granuladas. • As substâncias aglutinantes mais usa- das são farinha de trigo, goma de mandioca e bentonita. • As rações balanceadas devem conter: proteínas, carboidratos, gorduras, vita- minas e sais minerais. continuação Fundação Demócrito Rocha 17 Principais espécies adaptadas aos cultivos Lição 5 A tualmente cultivam-se, no Estado do Ceará, cinco espé- cies de peixe, cujas informa- ções são explanadas a seguir. As condições de cultivo dessas espécies permitem que sejam desenvolvidos projetos de criação em outros estados da federação. Carpa comum A carpa comum “escama” e “espe- lho” é cultivada em quase todo o mundo e apresenta um crescimento rápido, podendo chegar a 1kg (ou até mais) em um ano, em densida- de de peixamento ótima; em densi- dade muito fraca, a carpa pode atingir 3kg nesse mesmo período de tempo. Quando jovem, a carpa se ali- menta com zooplâncton e animais do fundo do açude ou viveiro (minhocas e larvas). Quando adul- ta, consome quase todos os mate- riais comestíveis, e alimento com- plementar a comida natural. A carpa atinge a maturidade sexual com um ano e se propaga, com êxito, em águas paradas onde não hajam outras espécies de pei- xes, especialmente carnívoros que, quando presentes, provocam a des- truição dos ovos, diminuindo bas- tante a propagação da mesma. A carpa comum é um peixe bas- tante resistente ao baixo teor de oxigênio e, quando consorciada, aumenta a produção. Banco de Dados O POVO Carpa comum vando de 2 em 2 meses. A tilápia alimenta-se de plânctons, grãos, farelos, tortas, resíduos, ração balanceada, etc. O maior entrave à criação da tilá- pia do Nilo é sua proliferação que tende a criar uma população exces- Tilápia do Nilo Esse peixe é bem conhecido pelo seu espetacular crescimento e, sobretudo, pela sua reprodução. Com 4 a 6 meses de idade começa a propagar-se e as fêmeas passam a crescer mais lentamente, deso- 18 Formação para o trabalho piscicultura siva de peixes pequenos. Por isso, recomenda-se povoar os viveiros com indivíduos machos (revertidos). A tilápia do Nilo é considerada espécie vantajosa porque atinge o Curimatã A curimatã comum existe em vários rios cearenses e alimenta-se de material orgânico vivo e morto depo- sitado no lodo do fundo. Quando dispõe de alimento suficiente, a curi- matã pode alcançar 400 - 600g, em 8 meses de cultivo. A carne da curimatã comum con- tém muita espinha e, às vezes, tem gosto de lama; mas é um dos pei- xes de maior aceitação nos merca- dos do interior. A curimatã-pacu tem característi- cas alimentares semelhantes às da comum, porém apresenta maior cres- cimento, devendo ser sempre preferi- da quando disponível nas estações e é o peixe indicado para os sistemas extensivo e semi-intensivo. peso de 300 a 500g em 6 meses de cultivo. A linhagem de tilápia do Nilo (tailandesa) chega a duplicar os pesos citados quando cultivada no Nordeste brasileiro. Airton Rebouças Tilápia do Nilo Banco de Dados O POVO Curimatã pacu Sexado ou revertido: é a transformação da fêmea em macho. Tailandesa: são as tilápias do Nilo que foram melhoradas geneticamente na Tailândia. Fundação Demócrito Rocha 19 Tambaqui O tambaqui é um peixe de piracema, originário do rio Amazonas e de inte- resse para a piscicultura. Quando bem alimentado, o seu crescimento é muito rápido, podendo alcançar 1kg em 10 meses. É totalmente oní- voro, comendo insetos, grãos, sementes, plâncton, moluscos, sub- produtos da agroindústria, tortas, frutos e ração balanceada. O tambaqui tem a carne saborosa, com boa aceitação no Norte, além de ser rústico, de fácil manuseio e de poder ser criado em policultivo com outros peixes, como carpas, curima- tãs e tilápias. No Nordeste, com exceção do Maranhão, o tambaqui não tem sido muito apreciado pelos consumidores dos demais estados dessa região. Tambaqui Apaiari Peixe da bacia amazônica, de crescimento rápido, carne boa e desprovido de espinhas. O apaiari reproduz-se em açu- des e é onívoro, embora precise comer pequenos peixes para cres- cer. É um peixe bastante sensível às diferenças de temperatura e deve ser reservado para os médios e grandes açudes. Resumo da lição • As principais espécies de peixes cultivadas no Ceará são: carpa comum, tilápia do Nilo, tambaqui, curimatã e apaiari. • As espécies de peixes descritas alimentam-se de: plânctons, zoo- plânctons, ração balanceada, minhocas, larvas, insetos e sementes. • As espécies de peixes estudadas atingem a maturidade entre seis meses e um ano. Piracema: época em que cardumes de peixes deslocam- se em direção às nascentes dos rios para desova. Onívoro: que pode alimentar-se de carne e de vegetal. Qual o peso que cada espécie descrita atinge ao chegar a um ano de idade? 20 Formação para o trabalho piscicultura Diferentes sistemas de cultivo Lição 6 Os principais sistemas de cultivo de peixe são: Sistema extensivo Sistema extensivo é a criação em ambientes amplos, tais como açu- des, lagos e lagoas, sem que haja possibilidade de controle da água e de realização do manejo adequado, apresentando baixa produtividade. As espécies mais indicadas para esse sistema de cultivo são: curi- matã comum, curimatã-pacu, piau, sardinha, tambaqui, pirapitinga, tilá- pia do Nilo e carpa comum. A densidade de estocagem poderá atingir até 1.000 peixes por hectare. Sistema semi-intensivo (cultivo em viveiro) O sistema semi-intensivo é a cria- ção de peixes em viveiros de barra- gem ou de escavação, utilizando-se baixa densidade de estocagem (5.000 peixes por hectare) e sem fornecimento de ração balanceada, sendo indicadas as seguintes espé- cies: tilápia do Nilo (macho), tilápia vermelha (macho), tambaqui, pira- pitinga e pacu caranha. Nesse sistema, as espécies podem ser criadas, individualmente ou em conjunto, ou seja em monocultivo e policultivo, respectivamente e, ainda, consorciadas com outros animais. Exemplos de criação consorciada: ■ Peixe e pato (300 a 600 patos por hectare); ■ Peixe e galinha (300 a 600 galinhaspor hectare); ■ Peixe e porco (60 a 100 porcos por hectare). Sistema intensivo O sistema intensivo é desenvolvido em viveiros escavados, segue regras técnicas rigorosas, não sendo adaptado a pequenos açu- des, salvo em condições muito par- ticulares, utiliza rações balancea- das e alcança produções de 10 a 30 toneladas/hectare. Sem aeração artificial, indicam- se as espécies: tilápia do Nilo (macho), até 20.000 peixes por hec- tare; tilápia vermelha (macho), até 20.000 peixes por hectare; e tamba- qui, até 10.000 peixes por hectare. Com aeração artificial, indica-se a espécie tilápia do Nilo (macho), com densidade de estocagem de até 60.000 peixes por hectare. Sistema superintensivo O sistema superintensivo é a cria- ção de peixes em gaiolas ou em tanques-rede, sendo indicada a espécie tilápia do Nilo, de preferên- cia o macho, com densidade de até 300 peixes por metro cúbico de gaiola ou tanque-rede flutuantes. Outras espécies, tais como pacu caranha, tambaqui e tilápia vermelha, poderão vir a ser indica- das no futuro. Piscicultura intensiva com aeração artificial (aerador de palheta) Resumo da lição • Os principais sistemas de cul- tivo em piscicultura são: extensivo, semi-intensivo, intensivo e superintensivo. • As espécies indicadas para piscicultura são: curimatã, piau, sardinha, tambaqui, tilá- pia do Nilo, carpa comum e pirapitinga. O que é sistema extensivo? Onde pode ser desenvolvido o sistema intensivo? Quais as densidades de estocagem para cada espécie de peixe? Fundação Demócrito Rocha 21 Criação de peixes em açudes Lição 7 B arragem de terra ou açude é o represamento da água de um rio, riacho ou córrego através de uma parede, em cuja cons- trução utiliza-se terra, barro, argila ou piçarra, convenientemente com- pactada ou apiloada em camadas, colocadas umas sobre as outras até atingir a altura desejada. As finalidades de um açude são: ■ Armazenamento de água para consumo humano ou animal; ■ Implantação de culturas de vazante; ■ Fornecimento de água para a irrigação; ■ Recreação e esporte; ■ Criação de peixes, de diversas variedades, para fins alimentí- cios, de lazer, etc. Características de um boa barragem Bem projetado e bem dimensiona- do, o reservatório deve ser localiza- do em um curso d’água que permi- ta, com um pequeno barramento (parede), acumular maior volume de água, de modo seguro e otimi- zando, ao máximo, a utilização da bacia hidrográfica. O dimensiona- mento do açude, quando adequa- do, ocasiona sangrias anuais. A melhor maneira de se manter a boa qualidade da água no reserva- tório, é construí-lo de modo que sangre pela galeria (porta d’água), devendo-se colocar uma tela para evitar a saída dos peixes. A área do açude que fica submer- sa, também chamada de “Bacia Hidráulica”, deverá estar limpa, isen- ta de tocos, galhos e estacas, para que se possa usar os aparelhos de pesca com segurança e eficiência. Condições para o peixamento do açude Quando se trata do aproveitamento de um açude novo, possivelmente ainda sem água, recomenda-se cortar as árvores e destocar a bacia hidráulica, para que as redes e as tarrafas não se “enganchem”. Além disso, evita-se o desperdício da lenha que pode ser vendida para compensar as despesas com a mão de obra do desmatamento. Deve-se aproveitar os tratores utilizados na construção do açude, que são muito eficazes na remoção completa das árvores. Além das outras vantagens, um açude novo possibilita o povoamen- to com espécies de peixe adequa- das, logo após o seu enchimento. Quando o açude já está constru- ído, para se conhecerem as espé- cies existentes, deve-se conversar com o proprietário, buscando infor- mações sobre os tipos de peixe que ele costuma pescar na represa. Geralmente, há muitas espécies, podendo, inclusive, serem prejudi- ciais à piscicultura. Os peixes pequenos, dos tipos piaba e cará, sem valor comercial, consomem alimentos sem qualquer proveito para o criador. Esses peixi- nhos são muito rápidos e espertos e chegam, primeiro, ao alimento. Os peixes carnívoros, em parti- cular a traíra, a piranha e a piram- beba, alimentam-se de peixes pequenos, reduzindo a população Qual a melhor maneira de se manter a boa qualidade da água no açude? 22 Formação para o trabalho piscicultura dos peixes de cultivo. A traíra adul- ta, no entanto, é pouco voraz, sendo a sua presença problemática, ape- nas, quando em densidade eleva- da. Portanto, uma restrita popula- ção de traíra não prejudica a cria- ção no açude. Controle dos peixes carnívoros Os danos causados pelos peixes carnívoros podem ser minimizados e, até mesmo, controlados através de algumas medidas: ■ Aumentando-se o número de ale- vinos utilizados, com base nas previsões de perdas nos primei- ros dias após o peixamento; ■ Colocando-se feixes de garran- chos nas margens do açude (em águas rasas), a fim de pro- porcionar proteção aos peque- nos alevinos; ■ Os alevinos de algumas espécies como tambaqui, nadam em car- dume (em grupo), facilitando a predação por peixes carnívoros. Por isso, deve-se soltá-los em vários pontos do espelho d’água, sobretudo se este for extenso. ■ Utilizando-se alevinos de taman- ho acima de 8 (oito) centímetros, pois a traíra somente engole os peixes menores e a piranha, que pode atacar os peixes e outros animais maiores, felizmente, não é encontrada com frequência. No caso de só se conseguir ale- vinos muito pequenos (3 a 4 cm), a melhor solução é acondicioná-los em um reservatório separado (pode-se utilizar um pequeno vivei- ro ou instalar uma gaiola no açude), até atingirem 8 a 10 cm, recolhen- do-os, por ocasião da transferência para o açude, com jereré, puçá, rede de arrasto, caixa, saco plásti- co ou balde. Controle da população global Duas medidas radicais permitem o controle global da população de peixes, isto é, tanto dos peixes carnívoros quanto dos peixinhos prolíficos. Nos açudes pequenos, recolhem-se todos os peixes, apro- veitando um período de estiagem, em que o açude seca (ou quase) ou, eventualmente, esvaziando-o com um sifão. Como essa solução nem sempre permite o controle de todos os pei- xes, já que há espécies, como a traíra, que costumam enterrar-se na lama à espera de novos escoamen- tos que encham o açude, somente morrendo quando a lama seca e racha, pode-se espalhar cal, princi- palmente nos locais onde há lama, à base de 100 g/m2. Nos pequenos açudes explora- dos com irrigação, o controle das espécies é favorecido pelo fato de, a cada ano, quase secarem. Nos açudes médios e grandes, que raramente secam, utilizam-se os aparelhos de pesca adequados para cada espécie, citados na lição sobre pescarias em açudes, no final deste manual. O peixamento do açude A piscicultura nos pequenos açudes é viável, desde que os alevinos sejam colocados depois da estação chuvo- sa, de modo que não haja risco de perdê-los em eventuais sangrias. Como se trata de aproveitar o nível da água alto, devendo os pei- xes atingirem um tamanho comer- cial antes que o açude seque ou fique com pouca água, é importante fazer o peixamento, o mais cedo possível, desde que a probabilidade de sangria seja nula. Entretanto, quando o açude pos- sui uma extensa bacia e, em alguns casos, apresenta-se coberto por vegetação bastante densa, principal- Jereré: cabo longo de madeira contendo na ponta um saco de tela preso a um aro. Puçá: pequena rede de pesca, em forma de cone curto, presa a um aro circular de madeira munido de cabo. Fundação Demócrito Rocha 23 mente, no primeiro ano após a sua construção, não se deve colocar os alevinos logoapós o enchimento, porque as plantas recobertas pela água apodrecem. Esse fenômeno é muito benéfico para o enriquecimen- to da água e para a alimentação dos peixes; porém, as bactérias respon- sáveis por essa decomposição, con- sumindo muito oxigênio, provocam um déficit provisório no oxigênio dis- solvido na água. Embora a velocidade de decom- posição varie de acordo com as plantas (em primeiro lugar as legu- minosas e, por último, as gramíne- as), o que contribui para diminuir o risco, aconselha-se esperar, no mínimo, uma semana depois do enchimento, para peixar o açude. Deve-se efetuar o povoamento, se possível, com alevinos médios ou grandes (de 6 a 15 cm), das espécies de crescimento rápido tilá- pia do Nilo, tambaqui e carpa comum. No período de 6 (seis) a 12 (doze) meses após o peixamento, dependendo do peso alcançado pelos peixes, a despesca pode começar, aproveitando-se a redu- ção do volume de água do açude. A despesca tem que ser a mais completa possível, pois é necessá- rio realizar o povoamento, a cada ano em que o açude encher, já que a população, eventualmente rema- nescente, não é suficiente para assegurar uma produção ótima no ano seguinte. Quando o açude é aproveitado para a irrigação de um cultivo de ciclo curto no período seco, pode ocorrer uma redução bastante rápi- da da superfície do espelho d’água, o que exigirá um aumento na ali- mentação artificial ou uma redução no número de alevinos, podendo chegar a inviabilizar a piscicultura. Nos açudes médios, é necessá- rio o repovoamento tanto das espé- cies de “piracema”, que não se reproduzem nas águas paradas do açude, quanto das outras espécies, quando o nível baixa até o ponto de prejudicar a sobrevivência do povo- amento inicial. Com exceção des- ses dois casos e não havendo despesca total do açude, alguns peixes podem continuar crescendo durante vários anos. Os peixes apropriados ao cultivo devem, de maneira geral, apresen- tar as seguintes qualidades: ■ terem boa aceitação por parte dos consumidores; ■ apresentarem crescimento rápido; ■ consumirem, de preferência, os alimentos naturais do açude; ■ aceitarem e apresentarem boa conversão para os alimentos artificiais (ração, capim, etc.); ■ propagarem-se, naturalmente ou estarem disponíveis nas esta- ções de piscicultura. Os peixes propostos pelos cen- tros de piscicultura apresentam boas qualidades para o cultivo, des- tacando-se o tambaqui, as carpas, a tilápia do Nilo e a curimatã, pelo conjunto das suas qualidades. A quantidade de alevinos a ser colocada no açude depende do tamanho e do tipo dos mesmos, da qualidade da água e da alimenta- ção natural disponível. Os alevinos podem ser adquiridos em estações de piscicultura ou nas fazendas de criação de peixe. Os grandes alevinos, medindo mais de 8 cm, são especialmente recomendados para açudes onde há grande ocorrência de peixes car- nívoros, como a traíra e para peque- nos açudes, visando reduzir o tempo do cultivo. Como ocorre na agricultura, em que se utiliza o espaçamento ideal no plantio, em função da cultura e do solo, existe uma taxa de povoa- mento ótima que corresponde a um equilíbrio entre dois extremos não rentáveis: muitos peixes pequenos ou médios. O ideal para o povoamento dos açudes é que seja efetuado com espécies de crescimento rápido. Quando se deve peixar o açude? Chico Lima Transporte de peixe em saco plástico 24 Formação para o trabalho piscicultura Como a vida no açude é muito dependente da luz recebida pelo espelho d’água, calcula-se a densi- dade de peixe em relação à super- fície do açude e não ao seu volume. Os alevinos devem ser trans- portados durante as horas de sol frio, ou seja, ao amanhecer ou ao entardecer, acondicionados em caixas de fibra de vidro ou em sacos plásticos, com oxigênio, calculando-se a quantidade em função do tempo da viagem e do tamanho dos mesmos. Para uma densidade de 500 ale- vinos (até 5 centímetros) acondicio- nados em saco de 60 litros, usam- se 20 litros de água, complemen- tando-se, o restante, com oxigênio. Ao chegar no açude ou viveiro, não se deve despejar os alevinos. Antes, deve-se colocar a embala- gem, por alguns minutos, em contato com a água do viveiro ou açude, até que haja equilíbrio de temperatura. Depois, abre-se o saco, coloca- se água no seu interior e, por últi- mo, transfere-se os alevinos, lenta- mente, para a nova coleção d’água. Os peixes indicados As indicações das espécies de peixe, feitas a seguir, são em fun- ção do sistema de cultivo. Sistema Extensivo (cultivo em açudes) Indicam-se as seguintes espécies: curimatã comum, curimatã pacu, piau, sardinha, tambaqui, pirapitinga, tilápia do Nilo e carpa comum - até 1000 peixes por hectare de espelho d’água do açude. Sugestões de peixamento de açudes Com base nas informações acima, escolhem-se as espécies e quantifi- ca-se, utilizando 1000 alevinos por hectare de espelho d’água, sendo 700 aclimadas e 300 regionais (quadro a seguir). Sugestões de Peixamento de Açudes Espécies Quantidade/Hectare Tambaqui 150 Tilápia do Nilo 150 Carpa comum 100 Camarão de água doce 100 Apaiari 100 Curimatã pacu 100 Curimatã comum 100 Piau 100 Sardinha 100 Total 1.000 Programação de pescarias Não se deve pescar durante o primeiro ano, se o açude for novo. Em açude já estabelecido, dão-se 6 (seis) meses de repouso após o peixamento e estabe- lece-se um programa de pescaria de tal forma que haja produções seguras, mês a mês, sem comprometimento dos estoques de recursos pesqueiros. Repovoamento Numa fazenda organizada, o repo- voamento é feito, anualmente. Para tanto, há necessidade de se fazer controle de produção, por espécie capturada. Por outro lado, há normas que devem ser, rigorosamente, segui- das, como por exemplo: observar o tamanho mínimo dos peixes; res- peitar a época da desova das espé- cies de piracema; e calcular a quan- tidade de peixe a ser capturada, em função do mercado. Deve-se fazer o repovoamento toda vez que se perceber produção muito baixa, de determinada espécie. Qual a forma correta de soltar os peixes em açudes e viveiros? Quantas pescas podem ser feitas em um açude? Adquirindo canoas, redes de emalhar e contratando pescadores profissionais, o produtor poderá obter ótimo retorno de capital. Resumo da lição • Pode criar-se peixe em açudes, lagoas ou tanques apropriados. • É importante a aeração da água no local em que desenvolve-se a piscicultura. • Deve ser feito o controle dos peixes carnívoros e da população de peixes presentes. • O peixamento dos açudes deve ser feito depois da estação chuvosa. • As espécies para peixamento devem ter boa aceitação dos consumidores, crescimento rápido, consumir alimen- tos naturais do açude e apresentar boa conversão para ração e propagar- se naturalmente. • Os alevinos devem ser transportados nas horas de sol frio. • O repovoamento de peixes deve ser feito anualmente. Fundação Demócrito Rocha 25 Criação de peixes em viveiros e gaiolas Lição 8 V iveiros são reservatórios de água, feitos em terreno natural e provenientes de escavações em solos impermeáveis ou de barragens de terra em leitos de rios, riachos ou córregos. Os viveiros escavados são dota- dos de abastecimento artificial (canal ou tubulação) e de sistema de dre- nagem construído pelo homem (san- gradouro, escoadouro, cotovelo, monge e dreno). Na construção dos viveiros, deve- se levar em conta dois fatores impor- tantes: a topografia do terreno e a textura do solo. A topografia local definirá a forma e a quantidade de viveiros, em função do movimento de terraexigido e, quanto à textura, devem- se dar preferência aos solos de baixa permeabilidade. Deve-se fazer a caracterização física e química do solo de cada viveiro. Para tanto, coletam-se amos- tras do solo de cada viveiro, nas profundidades de 0-50 cm e de 50 - 100 cm, enviando-as ao laboratório para caracterização físico-química. Devem-se fazer, também, os testes de infiltração “in loco” (no local), para maior segurança do projeto. Cachimbo de PVC serve para o esvaziamento e a sangria dos viveiros pequenos. Monge serve para a sangria e o esvaziamento dos viveiros médios e grandes. Banco de Dados O POVO Construção do viveiro de piscicultura Para que servem os cachimbos de PVC? 26 Formação para o trabalho piscicultura Viveiros de barragem (interceptação) Os viveiros de barragem, ideais para a piscicultura semi-intensiva, são construídos ao longo do leito dos rios, riachos e córregos da propriedade. Não apresentam forma geométrica definida, são de profundidade variável (1 a 4 metros) e não oferecem condi- ções para o controle total da água e dos peixes em criação. Banco de Dados O POVO Viveiros de barragem (sistema semi-intensivo) Viveiros de escavação Este tipo de viveiro é cavado em solo de textura impermeável. A escava- ção pode ser total ou apenas parcial, aproveitando-se a terra retirada do buraco para a construção dos talu- des (muros ou paredes do viveiro). Banco de Dados O POVO Viveiro escavado abastecido através de canal Os viveiros escavados devem apresentar a forma de um retângulo. Os destinados à engorda dos peixes têm área de 1.000 a 4.000 m2. A profundidade varia em função da espécie e da finalidade do viveiro, como pode ser visto na tabela a seguir. O que são viveiros de escavação? Fundação Demócrito Rocha 27 Profundidade dos Viveiros por Espécie e por Finalidade Espécie Profundidade (em metros) Desova Natural Alevinagem Engorda Carpa comum 0,5 a 0,8 0,8 a 1,5 1,2 a 2,0 Carpa chinesa – 1,0 a 1,5 1,5 a 3,0 Tambaqui – 1,2 a 1,5 1,2 a 2,0 Tilápia do Nilo 0,8 a 1,0 0,8 a 1,5 1,0 a 1,5 Catfish 0,6 a 1,0 0,6 a 0,8 1,0 a 3,0 Black bass 0,6 a 1,0 1,0 a 1,2 1,0 a 2,0 A carpa chinesa e o tambaqui não têm desova natural em viveiro. Para que os tambaquis criados em viveiros tenham uma alimentação mais rica em proteínas é necessário que consumam zooplâncton ou ração balanceada. Os viveiros escavados podem ser também abastecidos por cata-vento. Viveiro escavado com abastecimento por cata-vento Declividade do viveiro A declividade deve ser de 0,1 a 0,3%, no sentido da entrada para a saída d’água do viveiro. Isto significa que para cada 100 metros no piso do viveiro deve haver uma declivida- de em torno de 30 centímetros. Inclinação dos taludes: varia em função do solo ou do material utili- zado na construção, conforme qua- dro a seguir. Inclinação dos taludes Solo ou material Talude interno Talude externo Solo não muito firme 1:2 ou 1:3 1:1,5 ou 1:2 Solo mais ou menos firme 1:1,5 1:1,5 Solo firme ou bem argiloso 1:1 1:1 Alvenaria 1:1 ou 1:1,5 1:1,5 ou 1:2 Concreto 1:0,5 ou 1:1 1:1,5 ou 1:2 Canais de abastecimento e de drenagem: Os canais podem ser de alvenaria, de concreto ou de terra, sendo que os de abastecimento devem estar, no mínimo, a 10 cm acima do nível dos viveiros e os dre- nos, no mínimo, a 20 cm abaixo do piso dos viveiros. Quanto à declivi- dade, pode variar de 0,1 a 0,5%. Vazão dos canais de abastecimento A vazão deve ser dimensionada para cumprir os prazos pré-estabe- lecidos, mostrados na tabela a seguir, para encher os viveiros. Prazos (em horas) para Encher os Viveiros Tipos de viveiros Nº de horas para encher os viveiros De desova 2 a 8 De criação de alevinos 4 a 12 De engorda de peixes 4 a 48 28 Formação para o trabalho piscicultura A caixa de coleta, que é interna, é feita de alvenaria e fica localizada junto à saída d’água do viveiro. Sugere-se a construção de uma caixa de coleta de 40 m2 por cada hectare de viveiro. O tempo de drenagem total de um viveiro varia em função da sua finalidade específica. O viveiro de alevinagem não deve demorar mais de 12 horas para ser esvaziado totalmente e, o de engorda, não deve ultrapassar os 2 dias. Para um viveiro pequeno, menor do que 2.000 m2, o diâmetro da tubulação de saída da água deve medir 25 cm e se o viveiro tiver área de 0,5 a 1 hectare, esse diâmetro deve ser de 40 cm. Conhecendo-se o volume da água do viveiro ou tanque, o número de horas demandadas para esvaziá-lo e a altura da coluna d’água, pode-se determinar o diâmetro da tubulação da saída d’água. De forma idêntica, os engenheiros calculam o diâmetro da tubulação da entrada d’água do viveiro de criação de peixes. Desinfecção dos viveiros A desinfecção dos viveiros é feita procedendo-se a calagem ou uso da cal. Além da desinfecção ou con- trole dos parasitas, esta prática sanitária, utilizando a cal, corrige a acidez da água e do solo e elimina os predadores que se enterram na lama, como a traíra. Na maioria dos estados, a cal, conhecida pelas denominações de cal extinta, cal comum e, principal- mente, cal de construção, é encon- trada, com facilidade, em todos os municípios. No início de cada cultivo, é indispensável o uso desta prática em cada viveiro, na proporção de 500kg de cal/ha, distribuída a lanço, uniformemente, sobre todo o leito do viveiro. Peixamento dos viveiros Devem-se povoar os viveiros com alevinos de tamanho homogêneo, medindo, no mínimo, 5 cm de compri- mento. A quantidade de peixes por hectare depende do sistema de cultivo e da espécie escolhida pelo produtor. Sistema de Cultivo X Quantidade de Peixes Sistema de cultivo Quantidade de peixes Sistema semi intensivo 5.000 peixes/ha Sistema intensivo sem aeração artificial 10.000 tambaquis/ha Sistema intensivo com aeração artificial 60.000 tilápias (macho)/ha Tempo de cultivo Dependendo da espécie e do siste- ma utilizado, o tempo de cultivo varia de 4 a 12 meses. A tilápia do Nilo e a tilápia vermelha atingem peso de mercado dos 4 aos 6 meses e o tam- baqui requer 10 a 12 meses. Alimentação dos peixes em viveiros Na piscicultura intensiva, para se obter os resultados esperados, a ração balanceada utilizada deve conter 28 a 35% de proteína bruta, devendo-se fornecer, diariamente, 3% do peso dos peixes estocados, na engorda. Desinfecção: ato ou efeito de eliminar os agentes causadores de infecção. As gaiolas de tela, de grande tamanho, apresentam dificuldade na hora da amostragem e da despesca dos peixes. Por isso, as gaiolas menores têm sido as preferidas pelos produtores. Como se faz a desinfecção dos viveiros? Qual deve ser a quantidade de peixes por hectare? O que é uma âncora na piscicultura? Para que servem os flutuadores? Quais as formas da gaiola para piscicultura? Fundação Demócrito Rocha 29 Aeração dos viveiros Há vários tipos de aeradores e dife- rentes formas de melhorar a aeração de um viveiro. O aerador deve funcio- nar no período do dia, de 0h às 6h, em que se sabe que ocorre queda brusca de oxigênio. Os aeradores comercializados têm potência de 1 a 2 HP. O viveiro de até 2.000 m2 requer um aerador de 1 HP; para os viveiros maiores, pode-se utilizar um aerador de 2 HP. Gaiolas As gaiolas para criação de peixes são estruturas flutuantes, delimita- das por telas ou redes com a finali- dade de prender os peixes, cuja fixação nos açudes é feita por uma estrutura composto de tambores, corda de náilon e âncoras. Partes das gaiolas A gaiola é composta de um suporte ou base, uma tela ou rede, flutuado- res e âncoras. Suporte ou Base: é responsável pelaforma da gaiola, podendo ser confeccionado utilizando-se cano de PVC, madeira, ferro, alumínio e outros materiais. Tela ou rede: a rede mantém os peixes em cativeiro durante o tempo de cultivo, podendo-se utilizar diver- sos tipos: rede de multifilamento com e sem nó (malha 1,5 cm); rede de multifilamento primolitada (malha 2,5 cm); tela de polietileno (malha 1,5 a 2,0 cm); tela níquel - moeda (malha 1,0 a 2,0 cm) e tela de alam- brado (malha 2,0 cm), é a mais usada no momento. Flutuadores: mantêm a gaiola na superfície da água, podendo ser utilizados os de tubo rígido de PVC (100 ou 150 mm), com tampão; de cano plástico de irrigação, rolhado; bombona plástica; tambor de ferro; isopor; bóia; bambu; tamboril; etc. Âncora ou poita: é uma peça de ferro, um bloco de concreto ou uma simples pedra volumosa que, presa a um cabo, uma corrente ou uma corda de náilon, é lançada no fundo da água para segurar a gaiola em um determinado ponto da superfície. Para fixação de um conjunto de gaiolas, é aconselhável utilizar uma estrutura formada por dois tambores de plástico (de 200l), cabo de náilon estendido entre ambos e duas ânco- ras, uma em cada extremidade. As gaiolas podem ser quadra- das, que são as preferidas; retangu- lares, também muito usadas; circu- lares e hexagonais. As dimensões mais utilizadas são as contidas no quadro a seguir: Dimensões das Gaiolas Quadrado Retangular Comprimento(m) 2 3 Largura(m) 2 1,5 Altura(m) 2 1,2 Banco de Dados O POVO Gaiola flutuante quadrada Banco de Dados O POVO Gaiolas flutuantes retangulares Gaiola quadrada 30 Formação para o trabalho piscicultura Localização das gaiolas nos açudes As gaiolas devem ser localizadas em açudes com água de boa quali- dade (boa renovação da água) e que apresente profundidade míni- ma de 4 m, ao longo dos meses do ano. A localização deve ser em áreas protegidas de fortes ventos, ondas e correntezas e que não haja ocorrência acentuada de algas e plantas aquáticas, águas turvas e de águas poluídas. Quantidade de gaiolas As gaiolas a serem colocadas no açude devem ser em quantidade limi- tada, recomendando-se que a área ocupada pelas mesmas não ultrapas- se 1% do espelho d’água do açude. Distância entre gaiolas A distância mínima entre as gaiolas é de 2 m, e a dimensão vertical mínima entre o leito do açude e a parte inferior da gaiola é de 1 m, e o espaço mínimo entre as fileiras de gaiolas é de 10 m. Peixamento das gaiolas A tilápia do Nilo, de preferência o macho é, atualmente, a espécie mais indicada; contudo, outros pei- xes, como o tambaqui e o pacu cara- nha, estão em fase de pesquisa. A quantidade de tilápia do Nilo por m3 de gaiola flutuante pode chegar a 300. Portanto, uma gaiola medindo 2m x 2m x 2m comporta 1.200 tilá- pias durante um ciclo de cultivo. O peso inicial dos alevinos para a engorda em gaiolas deve ser de, no mínimo, 20 g. Tempo de cultivo A tilápia do Nilo atinge o peso de mercado em 4 meses de engorda. Na prática, o período de cultivo dessa espécie dura 3 a 4 meses, época em que alcança o peso médio de 650 gramas. Portanto, em uma gaiola (2m x 2m x 2m) podem- se produzir de 650 a 800kg de tilá- pia, no período de 3 a 4 meses. Alimentação dos peixes em gaiolas Para se conseguir os resultados cita- dos, os peixes necessitam alimentar- se com ração balanceada, contendo 32 a 42% de proteína bruta. A quantidade diária de ração deve corresponder a 3% do peso dos pei- xes. Por exemplo: se há 100kg de peixes na gaiola, fornece-se 3kg de ração balanceada por dia. A cada 30 dias, pesa-se parte dos peixes, visando ajustar a ração. Por exemplo: se o peso total aumentou de 100 para 200kg, aumenta-se a quantidade diária da ração para 6kg. A quantidade diária de ração deve ser dividida em 2, 3 ou 4 refeições, sendo administrada pela manhã e à tarde. A gaiola pode ou não ser provida de comedouro, ficando esse detalhe a critério do criador. No entanto, na ausência do mesmo deve-se ter cautela, na hora de alimentar os pei- xes, para não ocorrer desperdício. Atente-se, ainda, para a presença dos peixes invasores (piabas) que causam grandes prejuízos. Hoje é mais prático para o produ- tor usar uma tabela alimentar elabo- rada por um especialista em nutri- ção de peixe. Peixes faxineiros Durante o período da engorda, aconselha-se o emprego de peixes faxineiros (curimatã e/ou piau), que, em função do hábito alimentar, rea- lizam a limpeza da gaiola. Deve-se utilizar a quantidade correspondente a 5% do total de peixes contidos na gaiola para engorda, ou seja, se a gaiola con- tém 1.000 peixes em engorda, utili- za-se 50 peixes faxineiros. Embora atualmente os produtores não este- jam utilizando essa técnica. Mauri Melo Gaiola retangular de tela Resumo da lição • Os viveiros são reservatórios de água, feitos em terreno natural ou provenien- te de escavação para criação e engor- da de peixes. • Os tipos de viveiro são de barragem e de escavação. • A dimensão dos viveiros são de acor- do com a finalidade (desova, alevina- gem ou engorda). • Para povoar os viveiros devemos usar alevinos de tamanho homogêneo, medindo no mínimo 5 cm. • A desinfecção dos viveiros é feita com uso de cal. • O horário ideal para o uso do aerador é de 0hàs 6h. • As gaiolas para peixes têm dimensões variadas e a sua localização nos açudes deve ser em locais com profundidade de 4m e com água de boa qualidade. • A alimentação dos peixes em gaiolas deve ser feita com ração balanceada e equivaler a 3% do peso dos peixes. • Os peixes faxineiros realizam a limpeza da gaiola. Fundação Demócrito Rocha 31 Reversão sexual em tilápia do Nilo Lição 9 A tilápia do Nilo, espécie de produ- ção rápida, apresenta um poten- cial reprodutivo muito grande, o que provoca superpopulação no viveiro de engorda. Este problema pode ser solucionado, utilizando-se somente indivíduos machos. A reversão do sexo da tilápia do Nilo, ou seja, a transformação da fêmea em macho é uma prática uti- lizada, com êxito, no mundo inteiro e é feita por produtores de todos os níveis de escolaridade. 1º Passo: faz-se, inicialmente, os acasalamentos da tilápia do Nilo para obtenção das larvas, na pro- porção de 3 (três) fêmeas para 1(um) macho, usando-se reprodu- tores estocados em tanques ou viveiros com 30 a 350m2 de área inundada, devendo o peso inicial de cada reprodutor ser de 80g e a densidade de estocagem, de um peixe por metro quadrado. 2º Passo: após 15 dias do acasa- lamento das tilápias, faz-se a cap- tura das larvas, com rede de arras- to ou puçá, submetendo-as ao selecionador de larvas, que é feito de madeira e tela com malha de 3mm, e tem a forma de um cilindro cortado longitudinalmente. Todas as larvas que passam pela malha do selecionador são conduzidas ao setor de reversão sexual. A reversão sexual é realizada em gaiolas flutuantes (1 x 1 x 1 m); em tanques de alvenaria (3 x 1 x 0,80 m) ou em pequenos viveiros, desde que abastecidos com água renovável e protegidos por telas, para impedir a entrada de inimigos (predadores, invasores e competidores). As larvas, estocadas na densida- de de 3.000 a 5.000/m3 de água, deverão ser alimentadas 4 (quatro) vezes ao dia durante 28 dias, com ração balanceada, pó fino, conten- do 28 a 35% de PB, nos seguintes quantitativos: Quantidade de Ração para 1.000 Larvas Estocadas Tempo de estocagem Quantidade diária de ração 1º ao 5º dia 4 gramas 6º ao 10º dia 8 gramas 11º ao 15º dia 16 gramas 16º ao 20º dia 30 gramas 21º ao 28º dia 34 gramas O inversor químico utilizado na ração balanceada é o 17 alfa-metil- testosterona, em forma de pó, diluí- do em álcool comum (1 grama de hormôniopara 2 litros de álcool) e misturado em 17 kg de ração em pó. A ração preparada na proporção acima para atender em pequenos períodos, deve ser colocada para secar em ambientes sombreados e, depois, armazenada, na parte infe- rior da geladeira, por até 2 meses. No 28º dia, final do período de estocagem, selecionam-se os alevi- nos, no mesmo selecionador das larvas, desta vez aproveitando somente aqueles que permanece- rem retidos no selecionador, des- cartando os demais. Os alevinos revertidos (alevinos I) devem ser encaminhados ao seg- mento de alevinagem II, formado por gaiolas flutuantes ou viveiros de terra. A densidade de estocagem de alevinos I nas gaiolas é de até 1.500 por m3 e, em viveiros, o Qual o potencial reprodutivo da tilápia do Nilo? Predadores: aqueles que destroem ou devoram. Que é reversão do sexo? 32 Formação para o trabalho piscicultura número de alevinos I por metro qua- drado cai para 20 ou menos. A quantidade diária de ração balanceada, contendo 32% de PB, deve ser 3 a 5% do peso dos alevi- nos estocados, durante 30 a 60 dias, dependendo do peso desejado. Os alevinos II obtidos são des- tinados ao setor de engorda, que pode ser formado de gaiolas ou de viveiros. As fotos a seguir mostram as instalações necessárias aos seto- res de reversão e de engorda de peixes que são: ■ viveiros ou tanques de acasala- mento e reprodução; ■ tanque de reversão sexual; ■ viveiro de alevinagem II; ■ viveiros de engorda; ■ gaiolas flutuantes. Edson Pio Tanque de acasalamento de tilápia do Nilo (Coleta de Larvas) Alcebíades Silva Tanque de reversão sexual de tilápia do Nilo Everton Lemos Viveiro de alevinagem de tilápia do Nilo revertida Alevinos I: são indivíduos com peso de um grama. Alevinos II: são indivíduos com peso acima de 20 gramas. Fundação Demócrito Rocha 33 Banco de Dados O POVO Viveiros de engorda de tilápia do Nilo revertida Banco de Dados O POVO Gaiolas de engorda de tilápia do Nilo revertida Resumo da lição • O potencial reprodutivo da tilápia do Nilo é muito grande; • A reversão sexual da tilápia do Nilo consiste em transformar fêmea em macho. • A reversão do sexo da tilápia do Nilo é realizada em tanques ou viveiros e feita com um inversor químico (hormônio masculino); • As densidades de estocagem das larvas nas gaiolas é de 3.000 a 5.000 por metro cúbico de água. • As instalações necessárias aos setores de reversão e de engorda são viveiros ou tanques de acasalamento e reprodução, viveiros de rever- são sexual, viveiros de alevinagem II, engorda e gaiolas flutuantes. 34 Formação para o trabalho piscicultura Equipamentos indispensáveis em piscicultura Lição 10 O bservação: ultimamente, os acasalamentos de tilápia do Nilo têm sido feitos em tan- ques-rede com vista à colheita de ovos ou de larvas sendo os pri- meiros transferidos para incubado- ras especiais. Os medidores de parâmetros físico-químicos são equipamentos imprescindíveis em granjas piscíco- las com fins lucrativos. Hoje, no Brasil, é possível adquiri-los em casas e empresas especializadas. Os principais equipamentos necessários a um empreendimento de piscicultura são: ■ Medidor de oxigênio ou oxíme- tro: mede o oxigênio dissolvido na água; ■ Medidor de temperatura ou ter- mômetro: mede a temperatura da água; ■ Medidor de pH ou pHmetro: mede o pH da água; ■ Medidor da condutividade elétri- ca ou condutivímetro; ■ Medidor de transparência ou disco de Secchi. Como opções mais econômicas em substituição aos equipamentos, encontram-se disponíveis no mer- cado Kits de medição de parâme- tros químicos. Os níveis do oxigênio dissolvido na água oscilam durante as 24h do dia, chegando ao máximo no perío- do da tarde e alcançando o mínimo durante a madrugada. Com o pro- pósito de evitar a mortalidade dos peixes, utilizam-se os aeradores mecânicos. Os aeradores também são usados nas caixas que trans- portam peixes, sendo alimentados pela energia da bateria do veículo transportador. Nos projetos de grandes dimen- sões, os comedouros automáticos, que funcionam ligados à rede elétri- ca ou às baterias, devem ser acres- centados à relação dos equipamen- tos necessários a um empreendi- mento de piscicultura. A utilização correta dos equipa- mentos aqui recomendados permiti- rá uma melhor produção da fazen- da de piscicultura, pois possibilita um controle mais preciso das condi- ções fisico-químicas da água. Nas fazendas de piscicultura é importante que sejam desenvolvi- das pesquisas com objetivos de não só melhorar a taxa de conver- são alimentar e atingir maior produ- tividade, e maximizar o rendimento, com vertizalização da curva de crescimento dos peixes favorecen- do um rápido giro de capital e eco- nomia de alimento. Os aeradores mecânicos são utilizados normalmente, na piscicultura intensiva, durante o período de 0h às 6 h e nos dias de chuvas intensas, quando a situação fica crítica. Resumo da lição • Os equipamentos necessá- rios para o controle físico- químico da água na criação de peixes são medidores de oxigênio, temperatura, pH, e de condutividade elé- trica e o disco de Secchi. • Os kits de medição de parâmetros químicos são opções mais econômicas. • O nível de oxigênio dissolvi- do na água oscila as 24h do dia, sendo o máximo à tarde e, o mínimo, de madrugada. • Há necessidade dos aera- dores mecânicos no horário de 0h às 6h. • Os comedouros automáti- cos também são necessá- rios em projetos de grande dimensões. Fundação Demócrito Rocha 35 Práticas piscícolas Lição 11 D entre os parâmetros necessá- rios para a construção de viveiros, coloca-se como um dos mais importantes a topo- grafia do terreno. Inclinação do terreno O material necessário para se determinar a inclinação de um terre- no é composto, simplesmente, de uma mangueira transparente com 20m de comprimento e duas varas de 2m, marcadas de 5 em 5 cm. Colocam-se as dua s varas distan- tes 10m uma da outra, coloca-se uma extremidade da mangueira plástica na vara que se encontra no local mais alto do terreno e leva-se a outra extremidade até a segunda vara. A seguir, enche-se a mangueira com água, começando pela vara mais baixa e sem deixar que transborde em nenhuma das extremidades, mede-se o nível da água nas duas varas e calcula-se a diferença em centímetros. Compara-se o valor encontrado com a tabela mostrada a seguir, encontrando-se o valor (%) da inclinação do terreno estudado. Determinação da Inclinação do Terreno (%) Diferença entre as duas varas (em cm) Inclinação do terreno (%) 5 0,5 10 1,0 20 2,0 30 3,0 40 4,0 50 5,0 60 6,0 Por exemplo: a diferença encontra- da entre os níveis da água nas duas varas foi de 30 cm. Comparando-se na tabela, encontra-se uma inclina- ção de 3% para o terreno. Medição da inclinação do terreno 36 Formação para o trabalho piscicultura Declividade do Terreno 0 a 3% 3 a 6% Textura do terreno Coletam-se amostras de terra em vários locais aonde se pretende construir os viveiros, umedece-se parte dessa terra coletada e amas- sa-se entre as mãos, tentando fazer bolinhas do tamanho de bolas de gude. Caso se consiga formar as bolinhas, que não deve quebrar com facilidade, o terreno testado tem textura argilosa (impermeável), oferecendo condições físicas para se construir os viveiros desejados. Os solos onde não se consegue formar as bolinhas, não são interes- santes para a piscicultura, embora possam ser ótimos para a agricultura. Vazão de um rio Para calcular a vazão de um rio ou riacho, deve-se fazer o seguinte: em um determinado ponto ou local do rio ou riacho, mede-se
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