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Saberes Docentes na Prática Educacional

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Aula 6 – Os Saberes Docentes, Fortalecendo a Competência Profissional
Vamos nos deter mais na prática docente, até porque esse será o nosso principal foco no próximo estágio. Então já é bom começarmos a pensar como são as discussões acerca da prática docente e conhecer quais são os saberes nela contidos.
O Debate sobre os Saberes Docentes
As pesquisas sobre a formação de professores e os saberes docentes surgem, principalmente, com o desenvolvimento de estudos, durante a década de 90, que utilizam uma abordagem que valoriza a prática docente a partir da análise de trajetórias, histórias de vida, formação etc. De acordo com Nóvoa (1992), esta nova abordagem veio em oposição aos estudos anteriores que acabavam por reduzir a profissão docente a um conjunto de competências e técnicas, gerando uma crise de identidade dos professores em decorrência de uma separação entre o eu profissional e o eu pessoal. Essa virada nas investigações passou a ter o professor como foco central em estudos e debates, considerando o quanto o "modo de vida" pessoal acaba por interferir no profissional. Nóvoa afirma ainda que esse movimento surgiu "num universo pedagógico, num amálgama de vontades de produzir um outro tipo de conhecimento, mais próximo das realidades educativas e do quotidiano dos professores".
A academia passou a estudar a constituição do trabalho docente levando-se em conta os diferentes aspectos de sua história individual e profissional e relacionando-os. Por meio dos estudos, foram reconhecidos e considerados os saberes construídos pelos professores, e a busca sobre o conhecimento dos diferentes saberes implícitos na prática docente ganhou impulso. Essa proposição fica ainda mais clara ao lermos mais uma vez uma citação de Nóvoa quando afirma que "é preciso investir positivamente os saberes de que o professor é portador, trabalhando-os de um ponto de vista teórico e conceptual".
Percebemos então que é necessário estudar o saber relacionando-o com os elementos constitutivos da identidade do professor e, consequentemente, de seu trabalho. Nesse sentido, é fundamental perceber em sua prática de estágio quais são os conhecimentos, o saber-fazer, as competências e habilidades que os professores mobilizam diariamente, nas salas de aula e nas escolas, a fim de realizar efetivamente as suas diversas tarefas. Não podemos esquecer que o professor, dadas as circunstâncias do seu exercício profissional, interage constantemente com elementos, atores e contextos presentes no processo ensino-aprendizagem e na comunidade escolar. Essas experiências possibilitam-lhes construir conjuntos de saberes sobre cada um, os quais orientam suas práticas.
Os Saberes Docentes
Na obra de Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, de 1997, o autor elege alguns pontos para estabelecer os saberes necessários à prática educativa: a rigorosidade metódica e a pesquisa, a ética e estética, a competência profissional, o respeito pelos saberes do educando e o reconhecimento da identidade cultural, a rejeição de qualquer forma de discriminação, reflexão crítico-pedagógica, o saber dialogar e escutar, o querer bem aos educandos, o ter alegria e esperança, o ter liberdade e autoridade, o ter curiosidade, o ter consciência do inacabado. Tais saberes são indispensáveis à educação como forma de proporcionar a autonomia de ser dos educandos respeitando sua cultura, seu conhecimento prático e empírico e sua forma de compreender o mundo. O autor ainda continua: o conhecimento de nosso inacabamento demanda do/a educador/a um exercício permanente, ou seja, é a convivência amorosa com nossos/as alunos/as e na postura curiosa e aberta que assume e, ao mesmo tempo, provoca-os a se assumirem enquanto sujeitos sócios-históricos-culturais do ato de conhecer que podemos falar do respeito à dignidade e autonomia do educando. Nas relações e/ou práticas pedagógicas, quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender e, nas condições de verdadeira aprendizagem, os educandos e educadores vão se transformando em reais sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado.
Para Tardif (2002) os Saberes Docentes são:
Os conhecimentos pessoais dos próprios professores.
Os procedentes das instituições de formação escolar anterior e da formação profissional.
Os saberes procedentes dos dados pessoais, dos livros didáticos utilizados no trabalho e da própria experiência cotidiana na profissão, na sala de aula e na escola.
Você observa que os saberes docentes têm relação com a comunidade escolar? Consegue perceber isso nas conversas de corredores, sala dos professores ou ainda em sala de aula, caso você esteja acompanhando algum professor de história especificamente? De que forma esses saberes são influenciados pela organização do trabalho pedagógico nas escolas? De que forma eles influenciam o trabalho pedagógico nas escolas? É possível perceber esses saberes no Projeto Político-Pedagógico? E nas formas de avaliar? Veja quantas reflexões para você acrescentar em seu relatório, não é verdade?
Os Saberes e a Formação Docente: Teorias
A formação do professor precisa acontecer por meio da relação, sempre contínua entre a formação e a prática cotidiana, enfatizando os saberes (Esses saberes são transformados e/ou ressignificados, gerando a identidade do professor, constituindo-se em elemento fundamental nas práticas e decisões pedagógicas.) que são mobilizados nessa prática. Vimos que o professor, cuja docência se constrói sobre os saberes do conhecimento específico, da Pedagogia e da experiência, constrói um saber plural, constituído pelo amálgama de uma relação pedagógica e experiencial, contudo a ênfase maior a uma dessas experiências vai influenciar de forma diversa a prática desenvolvida.
Os saberes que o professor possui são construídos muito antes de se assumir as atividades de ensino, ou seja, o professor inicia a construção de sua identidade profissional a partir das experiências que teve como aluno. Isso faz com que reelabore suas experiências transformando-as em saberes que serão mobilizados no decorrer de sua prática e, por isso, ao entrarmos em uma sala de aula para observar a prática do outro, inevitavelmente fazemos uma comparação com aquilo que vivenciamos enquanto alunos, o que pode trazer frustração, uma vez que não vivemos mais na sociedade na qual estudamos, ou seja, as concepções sobre e aprendizado e ensino mudaram, aliás, o mundo está em constante transformação.
Voltando a refletir sobre as pesquisas que tomam os saberes como importante ferramenta teórica, é possível destacar que, segundo Tardif (2000), os saberes profissionais dos professores são plurais e heterogêneos, porque formam um repertório de conhecimento unificado, e são, portanto, ecléticos e pluridimensionais.
Saberes Profissionais ( Assim, esses saberes profissionais estão associados ao serviço da ação e, na prática, tornam-se significativos. Além disso, Tardif (2000) ressalta que o objeto de trabalho do docente são seres humanos e, consequentemente, os saberes dos professores trazem consigo a marca do humano.
Saberes Docentes ( Os saberes docentes são reorganizados continuamente em detrimento de atividades e objetivos delimitados por cada docente em seu dia a dia. Tardif (2000) caracteriza os saberes como temporais e explica que a formação docente está diretamente relacionada com a sua história de vida, em especial com a história de vida escolar. Além disso, aponta que o professor desenvolve suas competências e estrutura sua prática nos anos iniciais de trabalho.
Saberes Temporais ( O autor afirma ainda que os saberes são temporais porque são constantemente movimentados durante a carreira profissional podendo passar por mudanças, reestruturações, redescobertas. Os saberes do professor não são mensuráveis entre si, ou seja, são compostos, constituem-se de diferentes formas e se manifestam em uma pluralidade de ações que vão estruturando a prática pedagógica. Tardif (2002, p. 61) reflete ainda que os saberes docentes trazem à tona, no próprio exercíciodo trabalho, conhecimentos e manifestações do saber-fazer e do saber-ser. Esses conhecimentos são diversificados, provêm de diferentes fontes e também são de natureza variada.
Saber Social ( O saber não se reduz, exclusiva ou principalmente, a processos mentais, defende Tardif, cujo suporte é a atividade cognitiva dos indivíduos, mas é também um saber social que se manifesta nas relações complexas entre professores e alunos. Há que “situar o saber do professor na interface entre o individual e o social, entre o ator e o sistema, a fim de captar a sua natureza social e individual como um todo”.
Saber Plural ( Destaca-se, portanto, que o saber docente é um saber plural, fruto de alguns fatores, tais como:
Formação profissional, ou seja, o conjunto de saberes transmitidos pelas instituições de formação de professores.
Saberes disciplinares, saberes que correspondem ao diverso campo do conhecimento.
Saberes curriculares (programas escolares).
Saberes experienciais, referentes à prática pedagógica.
Todos esses fatores demandam do professor o desenvolvimento da capacidade de dominar, integrar e mobilizar tais saberes enquanto condição para sua prática. A expressão utilizada por Tardif, ‘mobilização de saberes’, transmite uma ideia de movimento, de construção, de constante renovação, de valorização de todos os saberes e não somente do cognitivo, ou seja, o professor é compreendido a partir de uma perspectiva maior, em sua totalidade. Compreender o saber do professor como saberes que têm como objeto de trabalho o homem - indivíduo que vive em diversas estruturas, como a família, a escola que o formou, a cultura pessoal, a universidade, por exemplo, é plural, heterogêneo, temporal, pois se constrói durante a vida e o decurso da carreira, portanto personalizado e situado, ou seja, possui uma historicidade. A identidade do professor é construída, historicamente, na sua formação escolar e não escolar, pois é essa vivência que define as concepções que apresentarão sobre a profissão, sociedade e mundo no qual vivem e convivem.
“A identidade é construída a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação das práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas essas que resistem a inovações (...) do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias.”
Essa concepção da amplitude de saberes que forma o saber do professor é fundamental para entender a atuação de cada um no processo de trabalho coletivo desenvolvido pela escola. Cada professor insere sua individualidade na construção do projeto pedagógico, o que traz a diversidade de olhares contribuindo para a ampliação das possibilidades e construção de outros novos saberes.
Perceber que os professores são produtores de um saber prático, originário das respostas que produzem em face da imprevisibilidade da prática, possibilitou avançar na percepção da prática docente, constituída por conjunto de saberes específicos, ao longo do trabalho cotidiano, e que caracterizam profissionalmente o professor, como sujeito de suas práticas, o que possibilita com que desenvolvam um diálogo crítico com a realidade, com a sua própria atuação valorizando a formação contínua e uma reflexão, com os seus pares, sobre a sua própria condição profissional. Além disso, compreender a formação dessa identidade dos saberes que caracteriza nosso grupo profissional ajuda a refletir sobre as constantes transformações e mudanças, das quais é preciso acompanhar, pois o mundo globalizado e a emergência de uma nova sociedade, designada como sociedade do conhecimento e da informação, exigem dos profissionais de todas as áreas uma formação permanente. Além disso, segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96), o professor deve sempre buscar uma formação para o seu aprimoramento profissional.
Nessa trama, o professor precisa de uma formação que lhe possibilite analisar criticamente a nova realidade, bem como repensar suas funções e sua prática para, então, ter um papel à altura de enfrentar os novos desafios. Além de modificar alguns aspectos de sua prática, ele precisa saber manejar novos recursos pedagógicos, como é o caso da informática, não é verdade?
Na escola onde vocês estão praticando o estágio, existem incentivos para a constante formação docente?
Em sua cidade, existe algum programa específico para isso? Qual?
Os docentes da instituição na qual você está estagiando praticam uma formação contínua?
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