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Os Saberes Docentes na Prática de Estágio

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Aula 9 – Os Saberes Docentes Fortalecendo a Competência Profissional
Estamos na reta final dessa fase da Prática de Estágio I em História, muitos caminhos percorridos, muitas inquietações, não é? Que bom que isso está ocorrendo. É sinal de que você está percebendo a complexidade que é o processo de ensino-aprendizagem, de como é o funcionamento de uma escola, com seus atores, seus instituídos e instituintes, seus projetos pedagógicos, a forma como os professores lidam no cotidiano escolar, ou seja, você agora não é mais o aluno que só recebia conteúdos, tem agora que se posicionar de forma crítica, afinal de contas, esta é a sua futura profissão e você irá vivenciar cotidianamente essa realidade.
Você era aluno, agora você está se tornando professor. Ao mergulhar, com todos os sentidos aguçados nesta grande aventura que é a docência, percebeu os limites à amplidão que é o magistério, percebeu através do tato, da visão o gosto dessa escola. É difícil em um primeiro momento separar todas essas sensações do vivido. Você está lá no dia a dia do magistério, acompanhando o desenrolar dessa trama de relações que é a educação.
Presenciou a alegria e o desânimo de ser professor, a angústia que esses profissionais passam ao exercer a sua profissão, mas também como eles dão a volta por cima nos problemas do dia a dia. Observou, participou, refletiu sobre tantas questões. Mas a importância da vida não se mede com fita métrica nem com balanças e barômetros, mas sim com as mudanças produzidas pelo conhecimento do mundo e da compreensão sobre o nosso ser e estar no mundo - parafraseando o pequeno e grande poeta Manoel de Barros.
Nesta perspectiva, o Estágio Supervisionado em História tem uma grande relevância para a mudança epistemológica da sua fundamentação da prática profissional. Nesta fase acadêmica é que se plasma a identidade docente, ou seja, é pela observação cotidiana em confrontação com as várias maneiras de se ver determinadas situações que podemos confrontar as repostas que são dadas a estas - a teoria. A teoria nos ajuda a confrontar e a compreender que o cotidiano escolar é um espaço onde o estagiário necessita ouvir a voz que anseia por uma educação essencial. Afinal, a História não é determinismo, mas um constante mutatis mutuntes da sociedade.
Nas atuais propostas curriculares de formação de professores temos uma efetiva participação do estagiário com uma abordagem do cotidiano no ensino, com vistas a uma reflexão do hoje em nome de uma sala de aula diferenciada, onde se possa refletir à concepção de dia a dia no sentido de superar o tempo único, homogêneo e linear.
Desta maneira, vemos que os professores são demiurgos de novos saberes - essa epistemologia da prática docente, onde o professor tece os seus conhecimentos no dia a dia, sem ter que pedir autorização a outros elementos fora da sua sala de aula, pois ele consegue, na vivência do cotidiano escolar, ressignificar os conteúdos “acadêmicos” em conteúdos educacionais, confrontando em uma relação dialógica o seu conhecimento pessoal com a prática em sala de aula. O saber pessoal do docente não é formado apenas na experiência concreta do sujeito em particular, mas é tecido em conjunto com as reflexões das teorias da educação, que ajudam aos professores a ter uma postura ‘teórico-prática’ em constante processo de reelaboração. A resignificação dos saberes teóricos em confrontação com a prática docente é a grande formadora da identidade reflexiva dos professores.
Seguindo esta tendência, vemos que o Estágio é uma ocasião oportuna para os estudantes estarem diretamente em contato com outros profissionais da área, a fim de ampliarem saberes, refletindo sobre a teoria a partir da ação profissional. É no estágio que os futuros professores terão a possibilidade de relacionar os assuntos abordados na sala de aula da universidade com a prática do cotidiano escolar. O estágio deve ser considerado tão importante quanto os demais conteúdos do currículo acadêmico.
Saiba Mais Sobre o Estágio Supervisionado
Ao refletir sobre as atividades desenvolvidas nas unidades escolares, o estagiário tem um crescimento profissional, pois tem a oportunidade de pensar sobre sua própria forma de agir, a qual pode ser vista refletida no outro, além de permitir a ele a elaboração de novos conhecimentos sobre os assuntos em pauta e compartilhar com os seus futuros alunos a forma de agir em determinada situação de conflitos etc.
Enfim, a experiência proporcionada pelo estágio ajuda a desenvolver outras posturas profissionais dos estudantes e, consequentemente, a melhoria em sua prática educativa, a qual vai se transformando ao longo das vivências profissionais. As vivências adquiridas na prática e a troca de experiências, que são considerados as melhores formas de aprendizagem e nos leva a discutir como essa aprendizagem surgem no período de estágio.
Assim, o estagiário, para “[...] construir o seu presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que vê fazer, de imitar sem copiar, de recriar, de transformar” (ALARCÃO, 1996 p. 24). Para que isso ocorra, o estagiário deve dialogar, demonstrar, questionar, refletir, orientar a tomada de decisões, mas deve também, sempre que preciso, informar, explicar, descrever, teorizar sobre assuntos que se façam necessários.
Tem que haver uma integração reflexiva e não uma pura imitação. Novos aprendizados surgem dessa relação, ajudando o professor no exercício pleno da sua profissão. A integração da teoria à prática, vivenciada em situações e problemas relativos à profissão escolhida, estimula o pensamento crítico do estudante e possibilita a formação de um profissional apto a enfrentar desafios.
O estágio supervisionado tem como objetivo principal proporcionar ao estudante oportunidades de desenvolver suas habilidades, analisar situações-problemas e propor mudanças necessárias para saná-las. Desse modo, o papel que a teoria tem é de oferecer aos estagiários outras visões dos contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si mesmos,  os quais estão vivendo como profissionais, nos quais se dá sua atividade docente, para neles intervir, transformando-os de forma crítica e conforme as condições materiais do seu cotidiano escolar.
Assim, essa prática pedagógica propicia a complementação do ensino e da aprendizagem e serem planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares, a fim de se constituírem em instrumentos de integração, em termos de treinamento prático, de aperfeiçoamento técnico-cultural, científico e de relacionamento humano. Além disso, o estágio pode servir de espaço de projetos interdisciplinares, ampliando a compreensão e o conhecimento das realidades do magistério.
A finalidade do estágio é propiciar ao aluno uma aproximação à realidade na qual atuará. Assim, o estágio se afasta da compreensão até então corrente, de que seria a parte prática do curso. É através da observação, da participação e da regência, que o(a) estudante da licenciatura poderá refletir sobre e vislumbrar futuras ações pedagógicas, sendo esse momento o primeiro contato que o(a) aluno(a) tem com o seu futuro campo de atuação profissional. Assim, sua formação tornar-se-á mais significativa quando essas experiências forem socializadas através de discussão com seu professor(a) orientador(a), e com os colegas de turma possibilitando uma reflexão crítica, construindo a sua identidade profissional. Na atualidade, há uma grande exigência para que a bagagem profissional seja mais complexa, que se faça um aperfeiçoamento constante - a chamada formação continuada em serviço. Por isso, mais uma vez é importante ressaltar que para o aluno a prática do estágio é fundamental. Através dela o licenciado se integra ao trabalho, aprende e amplia metodologias, revela uma estrutura pessoal de agir e conhece profissionais de áreas diversificadas.
Estamos em uma era na qual os desafios dos profissionais da educação globalizada são enormes, pois as escolas estão repletasde alunos com personalidades diversas, cada um com seus medos e sonhos e, principalmente, cada aluno tem uma maneira distinta de assimilar conhecimentos. De certa forma, estamos começando a fazer educação no sentido de valorizar as maneiras distintas de ser e estar no mundo, com formas próprias de desenvolvimento cognitivo. O papel do professor perante esses desafios é ter comprometimento com o desenvolvimento intelectual desses alunos, utilizando metodologias adequadas e respeitando o tempo de aprendizado deles, rompendo com uma educação homogeneizadora - presente, ainda fortemente, nas escolas brasileiras - por uma educação heterogênea (Onde o contexto social, cultural do seu alunato é parte integrante dos conhecimentos dos professores e inclui, entre outros, conhecimentos sobre os estilos de aprendizagem dos alunos, seus interesses, necessidades e dificuldades.).
Podemos observar, dessa maneira, que a escola precisa constantemente renovar seus conhecimentos, transformando os saberes da docência em saberes da experiência, os saberes científicos em saberes pedagógicos. Segundo Alves, em sua entrevista, a fragmentação dos saberes na escola ocorre também na formação docente. Muitos pesquisadores sugerem que a prática social é o ponto de partida e de chegada da formação docente, ou seja, é na atuação diária que se constitui a ressignificação de saberes da docência, evitando essa fragmentação. Deve-se reinventar e reorganizar os espaços e tempos da escola, possibilitando o surgimento do pensamento heterogêneo, multipolar. Desta mesma forma, o estágio supervisionado também se constitui como oportunidade para superar essa fragmentação através da reflexão voltada para os saberes docentes, os quais são tecidos através do diálogo entre as universidades e o cotidiano escolar.
Os conteúdos estudados têm uma função relevante esse processo. Contudo, eles precisam ser significativos, de forma que possuam uma interpenetração com o contexto vivido, para que seja possível ao estagiário estabelecer uma relação entre os saberes construídos durante o curso de licenciatura e os saberes experimentados na prática escolar. Assim, a socialização de experiências adquire importância, de forma que que sejam reconhecidos outros saberes além do saber do professor.
Evita-se desta maneira a dicotomia entre o conhecer e o fazer, tal qual nos adverte Tardif (2000), abandonando a antiga prática das “receitas” a serem aplicadas em uma realidade concreta. Tal modelo receituário, ainda que falido, devido às constantes mudanças pelas quais passa a realidade, ainda é utilizado em muitas redes públicas e particulares, ferindo de morte em muitas vezes o preceito da autonomia pedagógica presente na LDB de 1996. De qualquer forma, a extinção deste modelo prescritivo no Estágio supervisionado é essencial para a tessitura da identidade do futuro professor, pois ajuda no redirecionamento dos saberes da prática docente, quando faz com que o licenciando adquira consciência de sua própria aprendizagem, compreendendo que os saberes da docência são plurais e heterogêneos. Ao articular os diferentes saberes no Estágio Supervisionado, arma-se uma estratégia. A elaboração teórica é extremamente importante para a renovação das práticas vivenciadas, possibilitando uma integração entre o conhecimento teórico e a prática docente do cotidiano escolar.
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