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Acesso às VIAS AÉREAS no atendimento de urgência: uma introdução Ebook educativo gratuito 2 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br INTRODUÇÃO As técnicas de manutenção da via aérea podem ser divididas em Básicas e Avançadas. Por básicas entendem-se as manobras não-invasivas, como aquelas que envolvem a anteriorização do mento. Entre as técnicas avançadas encontramos aquelas que utilizam dispositivos que agem acima da glote, ditas supraglótica, e aquelas que agem abaixo da glote, as infraglóticas. De acordo com as normas nacionais que definem atribuições funcionais na área da saúde, as manobras básicas estão ao alcance de qualquer indivíduo que possua treinamento para tal. Já, os procedimentos avançados supraglóticos, estão no âmbito das competências de médicos e enfermeiros, enquanto os infraglóticos são atribuição exclusiva dos médicos. A perviedade da via aérea deve ser a primeira preocupação em situações de emergência onde o paciente não respira ou respira com dificuldade. Esta etapa do socorro deve ser avaliada rapidamente. Em princípio, o paciente que fala claramente não tem a via aérea obstruída. Causas Entre as causas mais comuns de obstrução respiratória aguda estão: ∞ Queda da base da língua sobre a parede posterior da faringe; ∞ Presença de corpo estranho na cavidade oral; 3 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Presença de sangue ou vômitos na cavidade oral; ∞ Aumento de volume ou trauma na língua ou na região cervical. Diagnóstico Alguns sinais clínicos servem de alerta à presença de obstrução das vias aéreas: ∞ Estridor laríngeo - desencadeado por fluxo estreito e turbilhonado do ar; ∞ Gorgolejo - ruído semelhante ao gargarejo, devido à presença de ar e líquido na orofaringe; ∞ Rouquidão; ∞ Crepitação à palpação das cartilagens cervicais – devida a fraturas seguidas de escape de ar para o tecido subcutâneo; ∞ Cianose – coloração arroxeada das mucosas devido à baixa oxigenação do sangue. Conduta Uma vez identificada obstrução das vias aéreas, deve ser realizada a aspiração cuidadosa da orofaringe, com aspirador rígido. Feito isso, sem a obtenção de resultados, é hora de iniciar outras medidas começando pelas mais simples e adequadas, a fim de reduzir o risco de complicações. As alternativas mostradas a seguir são estudadas e praticadas em diversos dos cursos do CETS, como: ACLS, ATLS, ATCN, PALS, PHTLS, e TEAM. 4 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ESTABILIZAÇÃO CERVICAL Nos casos de trauma, perda de consciência ou origem desconhecida da obstrução é necessário garantir a estabilidade da coluna cervical antes, durante e após realizar qualquer medida, em especial sobre as vias aéreas. Para isso, inicialmente, o socorrista deve segurar firmemente a cabeça do paciente entre suas mãos, de forma a limitar qualquer movimentação. A este procedimento deve seguir-se a colocação de imobilização cervical (colar) e/ou fixação em prancha longa, na dependência do risco estimado. 5 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br TÉCNICAS BÁSICAS MANOBRAS DE TRAÇÃO DA MANDÍBULA A elevação da mandíbula costuma ser a manobra mais acessível, utilizada tanto em pacientes conscientes quanto inconscientes. A mandíbula é tracio- nada para diante trazendo consigo a base da língua, afastando-a da parede posterior da faringe e abrindo as vias aéreas. O procedimento pode ser reali- zado de duas maneiras. Método 1 - “Jaw Thrust”: ∞ Manter a cabeça do paciente entre as mãos, colocadas lateralmente, com suas faces palmares apoiadas sobre a região zigomática corres- pondente, o que garante a estabilidade da coluna cervical.. 6 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ A partir desta posição, flexionam-se os dedos indicadores e médios, co- locados sob os ângulos da mandíbula, obtendo o efeito descrito acima. ∞ Se for necessário, os polegares podem auxiliar a manter a rima oral aberta durante a manobra. 7 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br Método 2 - “Chin Lift”: ∞ Outra forma é através da tração anterior do mento empregando o primeiro e segundo dedos ou segundo e terceiro dedos. Nesta opção, a mão livre assegura a imobilidade cervical repousando firmemente sobre a região frontal. Se o paciente precisar ser ventilado será IMPRESCINDÍVEL o concurso de um segundo agente. 8 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br TÉCNICA AVANÇADA SUPRAGLÓTICA CÂNULA OROFARÍNGEA Quando as manobras mais simples não surtem efeito está indicado o uso de cânulas plásticas ou de borracha que se interpõem entre a base da língua e a parede posterior da faringe mantendo pérvia a via aérea. O tamanho adequado da cânula é determinado pela medida da distância entre o canto da boca do paciente e o lobo da orelha homolateral. Quando é necessário manter a estabilidade cervical, são necessários dois socorristas para a inserção correta da cânula. Um dos socorristas deverá manter imóvel a região cervical do paciente e realizar a elevação da mandíbula enquanto o outro realiza os seguintes procedimentos: 9 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Iniciar a inserção com a ponta da cânula voltada para cima, sobre o palato duro; ∞ Ao se aproximar do véu palatino, rotacionar a cânula em 180° e delicadamente empurra-lá até ficar acomodada na região. O risco deste procedimento é o estímulo ao reflexo nauseoso que pode produzir vômitos e sua consequente aspiração para as vias aéreas. Esteja sempre preparado para esta possibilidade. 10 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br TÉCNICA AVANÇADA SUPRAGLÓTICA CÂNULA NASOFARÍNGEA A cânula nasofaríngea pode ser utilizada quando há algum impedimento à manipulação da via oral. Seu diâmetro deve ser levemente inferior ao da narina do paciente e seu comprimento é o mesmo da cânula orofaríngea, determinado pela medida da distância entre o canto da boca do paciente e o lobo da orelha homolateral. Quando há necessidade de manter a estabilidade cervical são necessários 2 socorristas para realizar o procedimento. 11 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Em primeiro lugar, escolha a narina maior e identifique se não há alterações anatômicas que possam dificultar ou contraindicar a inserção da cânula, como uma deformidade do septo nasal, por exemplo. ∞ Após, lubrifique a extremidade distal da cânula, e a insira na narina selecionada, mantendo sua extremidade moderadamente pressionada de encontro ao soalho da cavidade nasal, durante a inserção. ∞ Se houver resistência ao progresso da cânula desista do procedimento e, se ainda for necessário, reinicie todo o processo utilizando a narina contralateral. 12 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br TÉCNICA AVANÇADA SUPRAGLÓTICA COMBITUBE Trata-se de um dispositivo de duplo lúmen para acesso supraglótico às vias aéreas por meio de intubação esofágica. Pode tornar-se, inadvertidamente, infraglótico quando direcionar-se à traqueia. São necessários dois socorristas para o seu uso adequado. Um deles deverá manter imóvel a região cervical do paciente, enquanto o outro deverá realizar os seguintes passos: ∞ Pré oxigenar o paciente com auxílio de balão de ventilação; ∞ Levantar a mandíbula do paciente com uma das mãos; 13 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ inserir o Combitube até que a marcação esteja alinhada com os dentes incisivos do paciente. Geralmente o tubo se direcionará para o esôfago mas, eventualmente, poderá direcionar-se para a traqueia; ∞ Insuflar os balonetes com o volume de ar indicado pelo fabricante; 14 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Ventilar através da luz esofageana, geralmente indicada pelo número 1; ∞ 1 Verificar se há expansão torácica e ausênciade ruídos gástricos. Em caso afirmativo, mantenha a ventilação por esta luz; ∞ A presença de ruído gástrico e ausência de expansão torácica indica que o tubo está posicionado na traqueia do paciente. Neste caso, utilize a luz traqueal, geralmente indicada pelo número 2. 2 15 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br TÉCNICA AVANÇADA SUPRAGLÓTICA MÁSCARA LARÍNGEA O uso da máscara laríngea possui um resultado similar à intubação. No entanto, seu uso é mais simples e pode ser executado sem contato visual. São necessários dois socorristas para o uso da máscara laríngea. Um dos socorristas deverá manter a estabilização cervical do paciente e o outro deverá realizar os seguintes passos: ∞ Pré oxigenar o paciente com auxílio de balão de ventilação; ∞ Inflar a máscara para verificar a ausência de vazamentos. Desinflá-la e lubrificar a extremidade distal; ∞ Levantar a mandíbula do paciente com uma das mãos; 16 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Inserir a máscara até que seja percebida resistência; ∞ Insuflar a máscara com o volume de ar indicado pelo fabricante; 17 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Ventilar o paciente. 18 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br TÉCNICA AVANÇADA INFRAGLÓTICA INTUBAÇÃO TRAQUEAL A intubação endotraqueal é um dos processos mais complexos de acesso às vias aéreas. Deve ser empregada quando outros métodos forem inadequados ou insuficiente para as condições do paciente. O método de intubação mais utilizado é por via orotraqueal. São necessários dois socorristas para realizar a intubação orotraqueal. Um dos socorristas deverá: ∞ Hiper oxigenar o paciente com auxílio de um balão de ventilação. A medida de oximetria do paciente deverá estar acima de 92% após a oxigenação; ∞ Manter a estabilização cervical enquanto o outro socorrista executa a intubação. O outro socorrista deverá executar os seguintes passos: ∞ Testar o balonete, lubrificar o tubo e, se desejado, inserir o fio guia, cuja extremidade deve exteriorizar-se um pouco além da extremidade distal do tubo; 19 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Abrir a boca do paciente e, lentamente, inserir a lâmina do laringoscópio em direção à base da língua do paciente e tracioná-la anterolateralmente, ligeiramente para à esquerda do socorrista, até obter a visualização das cordas vocais; ∞ Introduzir o tubo na traqueia, por entre as cordas vocais. 20 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ A profundidade de inserção deve ser observada por meio das marcações laterais do tubo. Tipicamente, a profundidade recomendada será de 23 cm para um homem adulto e 21 cm para uma mulher adulta; ∞ Remover o laringoscópio, mantendo o tubo em posição; ∞ Insuflar o manguito do tubo com o volume de ar indicado pelo fabricante; ∞ Ventilar o paciente; 21 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Verificar o correto posicionamento do tubo. Existem diversos métodos para verificar o posicionamento do tubo. No entanto, recomenda-se sempre a utilização de pelo menos dois métodos de avaliação clínica e um método de medição por equipamentos de monitorização. Os principais métodos utilizados são: ∞ Auscultação torácica durante a ventilação ∞ Auscultação do epigástrio durante a ventilação; ∞ Observação da expansibilidade torácica bilateral; ∞ Observação da condensação de vapor no tubo; ∞ Capnografia; ∞ Oximetria. 22 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br TÉCNICA AVANÇADA INFRAGLÓTICA CRICOTIREOIDOTOMIA POR PUNÇÃO A punção do espaço intercricotireoideo não é difícil, mas requer um amplo conhecimento anatômico, devido ao risco potencial de complicações. Por essa razão, são utilizadas somente quando outros recursos não estão disponíveis ou quando outras técnicas forem contraindicadas ou insuficientes. A cricotireoidostomia por punção segue os seguintes passos: ∞ Localizar a cartilagem tireoide e a membrana cricotireoidea; ∞ Antissepsia local; ∞ Estabilizar a cartilagem tireoide com a mão e posicionar o indicador sobre a membrana cricotireoidea; 23 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Inserir a agulha - com cateter de polietileno de número 14 - na traqueia, através da membrana cricotireoidea, puncionando tangencialmente a pele e, após ultrapassá-la, utilizando um ângulo de 60° em relação à pele, no sentido craniocaudal; ∞ Durante este processo manter o êmbolo tracionado até que haja aspiração de ar; ∞ Inserir o cateter cerca de 2,5 cm para dentro da traqueia e remover o conjunto seringa/agulha; 24 Compartilhe este ebook! www.cets.com.br ∞ Fixar o cateter no local e conectar o tubo de oxigenação ao cateter com fluxo de 15 L/min; ∞ Alternar entre 1 segundo de insuflação e 4 segundos sem insuflação. Para uma insuflação segura, normalmente deverá ser utilizada uma dânula ou polifix - que impedem que o fluxo de insuflação seja constante.
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