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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO CAMPUS AÇAILÂNDIA DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR E TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA LEANDRO DE OLIVEIRA ALMEIDA RECICLAGEM DE PAPEL E PAPELÃO DOS SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE AÇAILÂNDIA – MA Açailândia-MA Julho 2018. LEANDRO DE OLIVEIRA ALMEIDA RECICLAGEM DE PAPEL E PAPELÃO DOS SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE AÇAILÂNDIA – MA Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Licenciatura plena em Química do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA Campus Açailândia como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura Plena em Química Orientador: Profº Ms. Walace Martins Moreira Co-orientadora: Prof° Ma. Roberta Lima Vieira AÇAILÂNDIA-MA Julho 2018 FICHA CATALOGRÁFICA Monografia apresentada como requisito necessário para a obtenção de título de Licenciado Pleno em Química. ______________________________________ Leandro de Oliveira Almeida Aprovado em: de de . BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________ Prof. Ms. Walace Martins Moreira - IFMA (Orientador) ___________________________________________________________ Prof.ª. Ma. Roberta Lima Vieira-IFMA (Coorientadora) __________________________________________________________ Prof. Dr. Fábio Mesquita de Sousa-IFMA (Membro Interno) ________________________________________________________________ Prof. Ms. Roberto Peres da Silva - IFMA (Membro Interno) A todas aquelas pessoas que transformam suas ideias e sonhos em projetos reais, ajudam a construir uma sociedade melhor. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me dado força e saúde para superar as dificuldades. A esta universidade, seu corpo docente, direção, administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior. Ao meu orientador Ms. Walace Martins Moreira, pelo suporte pelo pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos nesta árdua jornada. Aos meus pais, irmão, esposa, filha e amigos, pelo amor, incentivo e apoio. E a todos que direta e indiretamente, fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. RESUMO A coleta seletiva de resíduos sólidos vem enriquecendo cada vez mais em nosso dia-dia, quando se parte para uma visão sustentável. O país vem incentivando a coleta e reciclagem de maneira que se retorne ao mercado de forma beneficiada, evitando o máximo do consumo dos recursos naturais como a madeira. A cidade de Açailândia-MA vem também acompanhando esse processo de reciclagem através dos pequenos comerciantes em localidades de diversos pontos da cidade, processo que ocorre através de catadores individuais e fornecedores de redes de supermercados de Açailândia e municípios circunvizinhos. No qual esse processo de reciclagem de resíduo de papel e papelão é passível de ser aplicado, relativamente, em regiões ou locais, que apresentam uma situação de progresso, aonde será possível junto aos empreendedores no ramo de supermercados, ratificar a importância na parte econômica, social e ambiental junto a recicladora de papel e papelão local. Foi realizado levantamento junto à comunidade e empresas acerca das vertentes que corroboram a prática da coleta seletiva, segregação e fontes de destinação final dos resíduos em questão. Para isso, o propósito desse trabalho é informar sobre processo de tratamento do papel e papelão, sendo os resíduos encaminhados para cooperativas que realizam esse trabalho em parceria com as redes de supermercados como doadores locais, que diretamente contribuem para geração de empregos e arrecadação de fundos para município, contribuindo para amenização dos impactos, seguindo assim, as premissas do desenvolvimento ambiental. Palavras-chave: Reciclagem. Papel e papelão. Sustentável. Açailândia. ABSTRACT The selective collection of solid waste is becoming more and more enriched in our day- to-day life, when we start with a sustainable vision. The country has been encouraging the collection and recycling in a way that returns to the market in a way benefited, avoiding the maximum consumption of natural resources such as wood. The city of Açailândia-MA has also been following this process of recycling through the small merchants in localities of several points of the city, process that occurs through individual pickers and suppliers of supermarket chains of Açailândia and surrounding municipalities. In this process of recycling waste paper and cardboard can be applied relatively to regions or places that are progressing, where it will be possible for entrepreneurs in the supermarket sector to ratify the importance in the economic, social and environmental issues with the local paper and cardboard recycler. A survey was conducted with the community and companies about the aspects that corroborate the practice of selective collection, segregation and sources of final destination of the waste in question. To this end, the purpose of this paper is to inform about the process of paper and paperboard treatment, and the waste is sent to cooperatives that work in partnership with the supermarket chains as local donors, which directly contribute to job creation and fundraising for municipalities, contributing to mitigation of impacts, thus following the premises of environmental development. Keywords: Recycling. Paper and cardboard. Sustainable. Açailândia. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Classificação dos resíduos - classes I, II e III..........................................18 Figura 2 – Etapas do programa 5R’s..........................................................................22 Figura 3 – Esquema simplificado para reciclagem....................................................23 Figura 4 – Coletores para segregação de resíduos na fonte.......................................24 Figura 5 - Central de triagem de resíduo...................................................................25 Figura 6 – Coleta através de veículos especiais.........................................................25 Figura 7 – Caminhão coletor não compactador.........................................................26 Figura 8 – Simbologia para identificação de materiais recicláveis...........................26 Figura 9 – Caixa para correio e e-commerce............................................................28 Figura 10 – Caixas para organizar materiais.............................................................28 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Destinação de lixo no Brasil- Ano 2010...................................................19 Tabela 2 – Nova lei de resíduo – Mudança no poder público....................................20 Tabela 3 – Nova lei de resíduo – Mudança nas empresas..........................................20 Tabela 4 - Nova lei de resíduo – Mudança para os catadores....................................20 Tabela 5 - Nova lei de resíduo – Mudança na população...........................................20Tabela 6 – Materiais recicláveis e não recicláveis......................................................24 Tabela 7 – Atividades da fabricação do papel............................................................27 Tabela 8 – Destinação final dos resíduos Classe B (Papel/Papelão) por Estado.......31 Tabela 9 – Total de resíduos Classe B (Papel/Papelão) coletados pela Recicladora.32 Tabela 10 – Dados do papel e papelão.......................................................................38 Tabela 11 –Resumo dos ganhos com a reciclagem do papel e papelão.....................39 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Supermercados doadores de materiais..................................................30 Gráfico 2 – Volume de material doado para as recicladoras....................................32 Gráfico 3 – O que a comunidade faz com lixo produzidos em suas residências......33 Gráfico 4 – Existe um aterro sanitário no município................................................35 SUMÁRIO 1.0 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 2.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 15 2.1 Aspectos ambientais gerais .................................................................................... 15 2.2 Resíduos sólidos urbanos: definição, classificação e gerenciamento ................. 17 2.2.1 Classificação dos resíduos ................................................................................... 18 2.2.2 Gerenciamento dos resíduos ............................................................................... 19 2.3 Princípio dos 5R’s .................................................................................................. 21 2.4 Coleta seletiva ......................................................................................................... 22 2.5 Processo de fabricação do papel ........................................................................... 27 2.6 Aplicações comerciais do papel ............................................................................ 28 3.0 METODOLOGIA .................................................................................................. 29 4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 30 4.1 Análise dos Questionários ...................................................................................... 30 4.2 Dados obtidos durante a pesquisa bibliográfica .................................................. 37 5.0 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 42 ANEXOS ....................................................................................................................... 45 12 1 INTRODUÇÃO A cada ano que passa percebemos que qualquer assunto que envolva a preservação do meio ambiente é tratado com muita responsabilidade e compromisso de todos os envolvidos na questão. Várias formas e métodos de conservação do meio ambiente, estão sendo alvo de inúmeros debates, objetivando encontrar soluções sustentáveis que preservem a qualidade de vida dos seres humanos, como também a preservação da natureza de um modo em geral. Um dos holofotes desses debates, são o acondicionamento adequado de resíduos que são gerados na cadeia produtiva de uma nação, pois muitos podem ser reutilizados e retornar novamente para o consumo normal. Desta forma evita-se a extração da matéria prima in natura, que na maioria das vezes agridem consideravelmente o meio ambiente. Segundo Capra (2002, pag. 21), o esgotamento dos recursos naturais não ocorre isoladamente até por que o homem é parte integrante da natureza. A deteorização do nosso meio ambiente natural vem acompanhada de um aumento de problemas de saúde dos indivíduos (...) o aumento de crimes violentos e de suicídios de pessoas jovens é tão elevado, que foi classificado como epidemia. Ao mesmo tempo, a taxa de mortalidade de jovens devido acidentes, sobretudo de transito é vinte vezes superior a resultante da poliomielite quando esta se encontrava em sua pior fase. O papel e papelão são tipos de resíduos passíveis de reutilização. Obviamente o processo de reciclagem para ter um bom resultado é necessário que todas as etapas se desenvolvam com o critério de qualidade conforme a normas predominantes, ou seja, a etapa de coleta e segregação não é menos importante que a etapa de corte do produto para o consumidor. Segundo dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) (2016), o índice de reciclagem no Brasil nos últimos dez anos mantém-se nos 30%, o que considerando os aspectos socioeconômicos e culturais do país, é um índice satisfatório. Além de o Brasil possuir uma extensão territorial e condições climáticas que favorecem a produção de fibras virgens. Significa que, as árvores estão prontas para o primeiro corte após seis anos, o que é considerado um tempo curto, comparando-se a outros países, onde são necessários vinte anos. A maioria dos danos causados ao meio natural se dá pelo consumismo desenfreado necessitando assim, de uma reavaliação do comportamento da sociedade como um todo, com o objetivo de perceber os impactos que através das escolhas do homem que diretamente caracterizam para destruição do planeta, portanto, se faz 13 necessário a adoção de novos comportamentos de todos os setores da sociedade para garantir que os resíduos sejam produzidos em menor quantidade já na fonte geradora. Isso implica mudanças nas formas gerenciais, com novas prioridades, que passam no modelo unidirecional e mecanicista para um sistema holístico e ecológico, que garanta, ao longo prazo, a estabilização da demanda dos recursos naturais e do volume final de resíduos a serem dispostos, minimizando o processo de degradação ambiental. (ZANIM; MANCINI, 2004, pag. 36). Diante disso, pode-se inferir que um processo de reciclagem de resíduo de papel e papelão é passível de ser aplicado, relativamente, em regiões ou locais, que apresentem uma situação socioeconômica e cultural mais avançada. Segundo o Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo (BRACELPA, 2012) e Associação nacional dos fabricantes de papel e celulose, no Brasil, existem vinte e duas categorias de aparas, nome genérico de resíduos de papel, industriais ou domésticos. Em Açailândia, município localizado no oeste do estado do Maranhão, distante 580 km da capital São Luis, de população estimada em 11.339 habitantes, com 4º maior PIB do estado, possui redes de comercio varejistas, siderúrgicas, corredor logístico de minério e também com supermercados de médio e grande porte, são potenciais geradores de resíduos de papel e papelão. Na cidade em questão, grande parte dos resíduos de papel e papelão gerados pelos supermercados são coletados pelas recicladoras e catadores, sendo transportados para outros estados do país, para assim, passarem por tratamentos mais complexos até voltar ao mercado. Porém existem poucas cooperativas atuantes e registradas legalmente que possuem toda uma estrutura para acondicionamento e processamento desse material de maneira ambientalmente correta. Com poucos incentivos do município e entidades privadas essa modalidade não consegue se capacitar e investir de forma que atenda às necessidadeslocais e nas fronteiras. Dessa forma, o estudo tem como objetivo relatar o status dos níveis de tratamento desses resíduos de papel de papelão na cidade de Açailândia-Ma, bem como informar os produtos (papel e papelão) que são gerados pelas redes de varejos de alimentos que através da reciclagem. A presente pesquisa justifica-se tendo em vista que não existe um monitoramento do processamento desses resíduos, bem como sua forma de descarte pelo comércio ou indústria. Portanto, o presente trabalho está organizado em cinco capítulos. O primeiro capítulo trata-se da introdução, onde ratifica da importância da manutenção do nosso meio 14 ambiente de forma controlada e sustentável, partindo para reciclagem do papel e papelão juntamente com apoio das cooperativas e supermercados nesse ciclo de forma sistêmica do processo no qual está inserida dentro do município de Açailândia-MA. No segundo capítulo, discorre-se sobre a questão ambiental, caracterizando-se conceitos de resíduos sólidos, assim, como sua definição, classificação e gerenciamento, coleta seletiva, processo de fabricação e triagem, bem como a aplicabilidade desses no comércio. Ainda foram explorados os conceitos do princípio dos 5R’s (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar). No terceiro capítulo abordaremos a metodologia da pesquisa, apresentado cada etapa da pesquisa, bem como o público alvo e a forma de coleta de dados. Já, no capitulo quatro relataremos os resultados e discussões discutir de forma clara e objetiva os dados coletados, como também fazendo explanação no ponto de vista regional e estadual sobre a questão da geração de resíduos de papel e papelão, que é o foco principal desse trabalho. Por fim, no capítulo cinco, traremos a conclusão, onde explana-se as respostas para os objetivos do trabalho, bem como algumas sugestões que podem ser utilizadas afim de contribuir para a coleta de papel/papelão na cidade de Açailândia. 15 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Aspectos Ambientais Gerais Em virtude da abrangência do tema pretende-se, evidenciar a questão ambiental, social e econômica dos resíduos, assunto que na atualidade, mobiliza a sociedade mundial, partindo-se de consulta bibliográfica alguns autores desse universo complexo. Porém, a partir dos anos de 1960 e 1970, acontece a percepção de que os recursos naturais são esgotáveis, afirma Bernardes (2003), que o crescimento sem limites se revela instável, novos valores e paradigmas se emergem rompendo com a contradição sociedade/natureza. A “revolução ambiental” foi um dos movimentos sociais mais importantes dos últimos tempos, transformando o comportamento da sociedade e da organização política e econômica. Suas raízes remontam no século XIX. Entretanto, no que concerne a questão ambiental, as mudanças ocorrem de fato, após a segunda guerra mundial, é nesse momento que a sociedade percebe a finitude dos recursos naturais e o perigo quanto ao seu uso incorreto. Ambientalismo pode ser definido como: Forma de comportamento que, tanto em seus discursos como em suas práticas, visam corrigir formas destrutivas de relacionamento entre o homem e seu ambiente natural, contrariando a lógica estrutural e institucional atualmente predominante. A ecologia como conjunta de crenças sociais, teorias e projetos que contempla o gênero humano com parte de um ecossistema mais amplo e visa manter o equilíbrio desse sistema em uma perspectiva dinâmica e evolucionaria. (CASTELLS, 1999, pag. 143). Para Castells (1999), a principal forma de ambientalismo, é a mobilização da comunidade local organizando-se em associação, bem como outros grupos sociais visando impedir a devastação do meio natural. Um exemplo é Greenpeace, que nasceu a partir de 1970, na atualidade, representa uma das maiores organizações mundial responsável pela mobilização nas questões ambientais. Assim, novos valores vão surgindo e incorporando a diversas noções ambientais. Observa-se que esses movimentos que se formaram ao longo do tempo conseguem mobilizar a sociedade para a questão ambientalista. Apesar dessa mobilização, ainda hoje persistem graves problemas ambientais arraigados nos hábitos de produção e consumo, característico da sociedade capitalista. No Brasil, os movimentos ecológicos surgiram a partir das décadas de 1970 a 1980, conectado ao processo de crescimento econômico. 16 A Lei Federal 12.305 de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, vem estabelecer os princípios, objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, as responsabilidades dos geradores e do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis. Viola (1987), descreve os movimentos ecológicos no Brasil, dividindo-os em três fases. A primeira que denomina de ambientalista (1974-1981), os movimentos denunciam a degradação ambiental nas cidades e na criação de comunidades alternativas rurais. A segunda se movimenta por uma transição (1982-1985), com a expansão dos movimentos ecológicos, tantos em termos quantitativos quanto qualitativos. A terceira, a partir de 1986 os movimentos têm participação ativa no meio parlamentar. Entretanto, alerta para o fato da falta de consciência ecológica das elites, do poder público, e das classes populares. Defende que nessa fase haja uma penetração mais ampla e contundente, onde a população tenha de fato, autonomia para implementar mudanças, opinando na economia, na política e no uso de espaço e processo de tomada de decisão, através de modelos alternativos de gestão ambiental. Portanto, é com a constituição de 1988, que a questão ambiental tem a abordagem específica com a inserção de um capitulo específico sobre meio ambiente, declarando a Mata Atlântica, a Floresta Amazônica e o Pantanal como patrimônio nacional. Institui a base para aplicação de multas, obrigação na restauração dos ambientes degradados e a Lei de Compensação da União (royalties) aos estados e municípios para exploração dos recursos naturais (hídrico mineral e petrolífero). Nesse contexto, vale destacar, que nas últimas décadas, que a questão ambiental se traduz numa preocupação mundial, fato esse reconhecido pela maioria dos países. Fatores com destruição da camada de ozônio, alterações climáticas, desertificação, poluição hídrica e atmosférica, perda de biodiversidade, aumento do volume de resíduos, são alguns problemas que carecem de ações efetivas. Dentre muitos outros problemas sócios ambientais existentes nas cidades, também devem ser mencionados os serviços públicos insuficientes, qualquer alteração no meio ambiente reflete-se num conjunto de consequências e alterações que influenciam na qualidade do meio urbano e na qualidade de vida das pessoas (NUCCI, 2005, pag. 397). Com base na utilização de mecanismos que procurem corrigir distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre meio ambiente, procurando o ordenamento e controle do uso do solo, de forma a se evitar, por exemplo, a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes, a poluição e a degradação ambiental, além disso se exige uma preocupação, com a proteção, 17 preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído (NUCCI, 2005, pag 397). Desse modo, a degradação ambiental, a expansão desordenada das cidades e o crescimento populacional, estão entre os desafios da humanidade perante o processo de urbanização. A sofisticação dos hábitos, o consumo exagerado dos recursos, onde tudo é fabricado para durar omenor tempo possível, o planeta vai se transformando num imenso deposito de resíduos. Portanto, é conveniente o uso e ocupação do solo sustentável, para flexibilização de parâmetros com medidas eficientes na utilização racional de energia, água tratada na separação e redução do volume de lixo coletável. Nesse contexto, o desenvolvimento de qualquer atividade humana na área urbana está atrelado à geração de resíduos e efluentes sólidos, líquidos e gasosos, assim como, no consumo de energia. 2.2 Resíduos Sólidos Urbanos: Definição, Classificação E Gerenciamento. Segundo a norma brasileira NBR 10004/2004 da associação brasileira de normas técnicas (ABNT), resíduo sólido é definido como: Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e varrição, ficam incluídas nesta definição, os lodos provenientes do sistema de água, aquelas gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas as particularidades tomem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível (BRASIL,2004). Logarezzi (2006) define resíduo ou lixo como sobras de qualquer atividade, porém, o que as caracteriza como tal, varia dependendo dos valores sociais, econômicos e ambientais que lhe são atribuídas aliadas ao ato de descarte. Dessa forma, resíduos sem preservar seus valores potenciais, quando se transformam em “lixo” obtém aspectos de inutilidade, sujidade, imundice, estorvo, risco e etc. Entretanto, os resíduos existem, Desde que os seres humanos passaram a se congregar em tribos, vila e comunidades, o acumulo de resíduos se tornou uma consequência da vida. Os descartes de resíduos nas ruas, terrenos baldios, etc. durante Idade Média provocou o aumento de ratos e, consequentemente o aparecimento da peste bubônica, e dizimou a metade dos europeus. (BAASCH, 1995, pag. 55). 18 Pode-se salientar a questão dos resíduos urbanos como um dos mais graves problemas ambientais contemporâneos. É preciso combater a ideologia disseminada, a qual preconiza o excesso de consumo, porém é indispensável restringi-lo em benefício dos recursos naturais limitados. 2.2.1 Classificação dos resíduos Os resíduos possuem variada classificação, de acordo com a Brasil (2004). Esses resíduos podem ser classificados, quanto à periculosidade quanto ao critério de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade (excluído os resíduos domiciliares e os gerados em estações de tratamento de esgotos sanitários), a Figura 1 mostra classificação dos resíduos em suas respectivas classes: Figura 1 – classificação dos resíduos- classes I, II e III. Fonte: O Autor Outras classificações, como de Mancini (1999) e Logarezzi (2006), os quais caracterizam os resíduos sólidos, em relação biodegradabilidade de maneira semelhante, a distinção está na forma de nomear. Os primeiros autores ordenaram como facilmente degradável no caso da matéria orgânica presente nos resíduos urbanos; moderadamente degradáveis pedaços de pano, retalhos, aparas e serragens de couro, borracha e madeira; não degradáveis, vidros, metais, plásticos, pedras, terra, dentre outros. Classe I: perigosos: quando suas propriedades físico- química ou infecto-contagiosas podem apresentar risco a saúde pública e ao meio ambiente. Ex: (materiais sépticos e contaminados, dentre outros). Classe II não inertes: aqueles que não se enquadram nas classes I e III. Ex. (papel, papelão material vegetal, dentre outros). Classe III Inertes: se apresentam após testes de solubilização, concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, exceto aos padrões de cor, turbidez ,sabor e aspectos tais como: rochas, tijolos, vidros, certas borrachas e plásticos de difícil degradabilidade. 19 Em Mancini (1999) e Logarezzi (2006), como resíduo reutilizável, aquele que pode ser reaproveitado de forma inteira, sem a destruição do objeto em que consiste geralmente adaptado a uma nova função; reciclável, que pode servir com matéria prima para confecção de novos produtos, através do processo de reciclagem (resíduo reciclável seco) e compostagem (resíduo reciclável úmido); resíduo inservível é aquele que num determinado contexto (local e época) não pode ser reutilizado e nem reciclável. Na indústria gráfica, os resíduos de papel, sob o prisma de biodegradabilidade, enquadram-se tanto como reutilizável como reciclável, é um resíduo seco e pode se transformar em novo produto. 2.2.2 Gerenciamento de resíduos O Brasil dá passos importantes para ocupar a posição de destaque no cenário global da reciclagem. O potencial do setor é proporcional ao desenvolvimento econômico, aos avanços nas práticas de sustentabilidade das empresas, as ações de governo bem construídas e uma maior conscientização por parte do consumidor. (CEMPRE REVIEW, 2013). Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que no ano de 2000 a produção diária de lixo gerado no Brasil foi de aproximadamente 157 mil toneladas incluindo o lixo domiciliar e comercial. Entretanto, 20% da população brasileira ainda não contam com serviços regulares de coleta. Os resíduos sólidos urbanos (RSU) tem sua destinação demonstrada na Tabela 1. Tabela 1 – Destinação do lixo no Brasil – Ano 2016 Recolhido por caminhões e levado para aterros, lixões e reciclagem. 85,7% Queimado na propriedade. 10,1% Outra destinação. 4,2% Fonte: CENSO 2016. Dados publicados pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) e de associações empresariais mostram que 27% dos resíduos recicláveis. Nas tabelas seguintes, são mostradas um resumo comparativo nas mudanças advindas com a nova lei de resíduos sólidos. 20 Tabela 2 - Nova lei de resíduos – mudança no poder público. Antes Depois P O D E R P Ú B L IC O Pouca prioridade para a questão do lixo urbano. Municípios devem traçar um plano para gerenciar resíduos, buscando a inclusão dos catadores. A maioria dos municípios destinava os dejetos para lixões a céu aberto. Lixões passam a ser proibidos e devem ser erradicados até 2014, com a criação de aterros que sigam as normas ambientais. Sem aproveitamento dos resíduos orgânicos. Municípios devem instalar a compostagem para atender a toda a população. Coleta seletiva ineficiente e pouco expressiva. Prefeitura deve organizar a coleta seletiva de recicláveis para atender a toda a população, fiscalizar e controlar o custo do processo. Falta de organização. Municípios devem incentivar a participação dos catadores em cooperativas a fim de melhorar a suas condições de trabalho. Tabela 3 - Nova lei de resíduos – mudança nas empresas. Antes Depois E M P R E S A S Inexistência de regulação sobre os investimentos privados na administração de resíduos. Legislação prevê investimentos das empresas no tratamento dos resíduos Poucos incentivos financeiros. Novos estímulos financeiros para a reciclagem. Desperdício de materiais e falta de processos de reciclagem e reutilização. A reciclagem estimulará a economia de matérias- primase colaborará para a geração de renda no setor. Sem regulação específica. Empresas apostam postos de entrega voluntária PEV e cooperativas, além de garantir materiais a preços de mercado. Tabela 4 - Nova lei de resíduos – mudança para os catadores. Tabela 4 - Nova lei de resíduos – mudança para os catadores. Tabela 4 - Nova lei de resíduos – mudança para os catadores. Tabela 4 - Nova lei de resíduos – mudança para os catadores. Antes Depois C A T A D O R E S Manejo do lixo realizado por atravessadores, com riscos à saúde. Catadores deverão se filiar as cooperativas de forma a melhorar o ambiente, reduzir riscos à saúde e aumentar a renda. Predominância da informalidade no setor. Cooperativas deverão estabelecer parcerias com empresas e prefeituras para realizar a coleta e reciclagem. Problemas tanto na qualidade quanto na quantidade de resíduos. Aumento do volume e melhora da qualidade que serão reaproveitados ou reciclados. Catadores sem qualificação. Os trabalhadores passarão a ter treinamento para melhorar a produtividade. Tabela 5 - Nova lei de resíduos – mudança na população Antes Depois P O P U L A Ç Ã O Separação inexpressiva de lixo reciclável idências. População separará resíduo reciclável nresidência. Falta de informações. Realização de campanhas educativas. Atendimento da coleta seletiva ineficiente. Coleta seletiva. Fonte: CEMPRE (2013). 21 Com a aprovação da nova Lei de resíduos 12.305/2010, ficaram obrigados todos os municípios a gerenciar seus resíduos através de aterros sanitários. Existem fatores limitantes que estão para implantação de tal estrutura, tais como: grandes áreas próximas aos centros urbanos, disponibilidade de material de cobertura diária e condições climáticas favoráveis durante todo o ano. Nas tabelas seguintes, são mostradas um resumo comparativo nas mudanças advindas com a nova lei de resíduos sólidos. De acordo com a norma brasileira NBR 10157/1987, os aterros sanitários devem ser construídos dentro das normas de engenharia, de saúde e ambiental, com terrenos impermeabilizados para evitar a infiltração do chorume no solo e no lençol freático, evitando a poluição das águas superficiais e subterrâneas, pelo efeito do chorume, gases nocivos e odor desagradável. Os monitoramentos dos gases e líquidos são contínuos. A camada de resíduos é coberta com terra e outros materiais inertes, evitando um mau cheiro, moscas, presença de animais e pessoas. No processo de reciclagem, o material descartado é submetido a um processo de reutilização. Nos últimos anos é uma solução adotada por vários municípios como forma de minimizar os impactos na via útil dos aterros como geração de renda, no enfrentamento da escassez de empregabilidade do município e da mão de obra desqualificada e como forma de inclusão social. 2.3 Princípio dos 5R’S Atualmente, a sociedade vem demostrando preocupação com a ação antrópica e com a escassez dos recursos naturais, o qual é necessário criar mecanismos visando a sustentabilidade do planeta. A situação exige a doação de comportamentos diferenciados, tanto na esfera pública quanto na privada, relativamente a produção/consumo e no gerenciamento dos resíduos sólidos. Os 5R's fazem parte de um processo educativo que tem por objetivo uma mudança de hábitos no cotidiano dos cidadãos Ministério de Meio Ambiente (2017). Toda boa prática é válida quando se pretende atingir um objetivo. Quando se está tratando de algo relativamente novo para a população e se espera que contribua efetivamente com o processo, é necessário criar e fomentar os métodos e ferramentas práticas. O programa denominado 5R’S visa exatamente transformar uma atitude diária em algo contínuo. É a melhoria contínua de um processo. Este programa é formado por cinco ações distintas e que se complementam. 22 2-Reutilizar 3-Reciclar e Preciclar 4-Reeducar 5-Replanejar Conforme a figura 2 representa, de acordo (MMA, 2017), definições para cada uma das etapas que forma o 5R’s ou PDCA ambiental, são tais: Reduzir: é a melhor forma de evitarmos danos ambientais. Reduzindo o consumo estaremos consumindo menos água, energia e matéria-prima, reduzindo a produção de lixo. Reutilizar- significa que devemos observar o valor social dos resíduos, fazendo com que ele retorne para processo e não seja descartado, seja tratado como resíduo. Reciclar- está intimamente ligada à coleta seletiva. Muitos resíduos são recicláveis, portanto, podem retornar ao processo produtivo após sua reciclagem. Reeducar- significa estarem conectadas as questões ambientais atuais. A população com falta de conhecimento sobre demandas ambientais é a maior ameaça à sustentabilidade do meio ambiente no planeta. Replanejar- é uma questão de rever nossos gastos e hábitos, o nosso estilo de vida. Figura 2 – Etapas do programa 5R’S. 1-Reduzir Fonte: Brasil (2017). 2.4 Coleta Seletiva Para o CEMPRE (2013), a coleta seletiva é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis tais como papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora. Estes materiais após um pré-beneficiamento, são vendidos às indústrias recicladoras ou aos sucateiros. A coleta seletiva funciona também, como um processo de educação ambiental na medida em que se sensibiliza a comunidade sobre os 23 problemas do desperdício dos recursos naturais e da poluição causada pelo lixo. Os elos do diagrama é uma simplificação conforme ilustrado na Figura 3. Figura 3- Esquema simplificado para reciclagem. Fonte: O Autor Os elos do diagrama quatro é uma simplificação (Figura 3). Na ausência de uma estrutura eficiente de coleta seletiva, as outras etapas ficam comprometidas. O primeiro elo refere-se de coleta seletiva, sem ela as outras etapas ficam comprometidas. O terceiro elo refere-se ao produto reciclado colocado no mercado. Se há um aumento progressivo de consumo dos produtos reciclados, haverá a possibilidade de maiores investimentos de tecnologias e aumento da capacidade instalada nas indústrias recicladoras. Estes fatores irão refletir no primeiro elo da corrente, promovendo um aumento da procura por materiais recicláveis com consequentemente aumento do valor agregado do material coletado. Desta forma, o valor contínuo está garantido, o que é necessário para recicláveis/reciclados. (ROBERTO S., 2016). Um dos poucos estudos sobre aspectos econômicos da reciclagem foi realizado pelo CEMPRE (2013), a constatação de que o país perde anualmente R$ 8 bilhões ao enterrar o lixo que poderia ser reciclado. O papel por ser matéria orgânico e biodegradável leva cerca de 3 a 6 meses para se decompor, podendo chegar até 100 anos com aterro de pouca umidade. Segundo Grippi (2001), podemos notar que papel é dividido em cinco tipos: papéis para embalagens, para impressão, para cartões/cartolinas, para fins sanitários, para escrever e os especiais. Na tabela 6, pode-se observar grande parte dos tipos de papel e papelão que podem ou não ser reciclados. Coleta seletiva Reciclagem Mercado 24 Tabela6 – Materiais recicláveis e Não Recicláveis - Instituto GEA. PODE RECICLAR NÃO PODE RECICLAR caixas de papelão papéis sanitários jornal papéis plastificados revistas papéis parafinados impressos em geral papéis metalizados fotocópias papel carbono rascunhos fotografias cartões fitas adesivas envelopes etiqueta adesivas papel de fax papel vegetal Fonte: INSTITUTO GEA - ÉTICA E MEIO AMBIENTE Várias são as metodologias de coleta disponíveis. O material reciclável poderá ser segregado das seguintes formas abaixo: 1- Segregação total na fonte; 2- Separações em centrais de triagem; 3- Coletas multiseletiva. A segregação total na fonte geradora dos diferentes tipos de materiais recicláveis presentes no lixo promove inúmeros ganhos que se traduzem em redução de custos nas etapas posteriores, representado na figura 4. Estes custos estão associados à triagem, lavagem, transporte, dentre outros. A segregação do lixo é feita pelo próprio morador que acondiciona os recicláveis separadamente. Deve-se prever, portanto, local disponível para armazenamento. Figura 4 - Coletores para segregação de resíduo na fonte. Fonte: O Autor 25 Para separação em centrais de triagem, conforme na Figura 5, é necessário um local para essa atividade, haja vista que haverá necessidade de separação dos secos (papel, plástico, vidro, etc.), úmidos (fração de orgânicos) e outros (considerados rejeitos). Figura 5 – Central de triagem de resíduo. Fonte: O Autor Na segregação total na fonte, é feita a coleta seletiva dos diferentes tipos de materiais recicláveis simultaneamente, mas com separação rigorosa entre todos os tipos já na fonte geradora. O método se aplica tanto ao sistema voluntario quanto ao sistema porta a porta. Para sua implantação, deve-se levar em conta uma série de aspectos técnicos e econômicos. As barreiras técnicas a serem transpostas são: - Necessidade de veículos especiais como mostrado na figura 6; espaço físico para armazenamento dos materiais; maior frequência de coleta; capacidade de escoamento de todos os materiais; necessidade de uma campanha educativa mais detalhada. Figura 6 - Coleta através de veículos especiais. Fonte: Google Imagens (2017) 26 Para o funcionamento da metodologia de coleta seletiva deverão ser implantados modelos de coleta seletiva. Há três modelos práticos que podem ser implantados; Coleta seletiva porta a porta: É semelhante ao procedimento clássico de coleta normal de lixo (não recomendado), porém com algumas variações que caracterizam a coleta seletiva, como veículo coletor de caçamba aberta, explicitado na figura 7. Figura 7- Caminhão coletor não compactador. Fonte: Brasil (2017). Coleta seletiva voluntária: Em alguns casos utilizam-se contêineres ou mesmo pequenos depósitos colocados em pontos fixos pré-determinados na malha urbana denominados PEV’s (pontos de entrega voluntária) ou LEV’s (locais de entrega voluntária), onde o cidadão espontaneamente deposita os recicláveis. Cada material deve ser colocado num recipiente específico (com nome e cor), representado através da figura 8. É importante ressaltar que a colocação nem sempre é respeitada pelos fabricantes e fornecedores dos recipientes, no entanto combinação usual entre cores e materiais é a seguinte: Figura 8 – Simbologia para identificação de materiais recicláveis. Fonte: Brasil (2001). 27 2.5 Processo de Fabricação do Papel e Papelão De acordo com a Bracelpa (2013), celulose é o principal elemento utilizado no fabrico do papel e papelão. O processo de extração da celulose, nada mais que é a separação da lignina da madeira que é usada como combustível para gerar energia e vapor. Os produtos usados neste processo que contempla cinco etapas, conforme tabela 7 explicita, onde são recuperados e utilizados, tratando-se de um circuito fechado com alta intensidade. Nos últimos vinte anos a indústria papeleira com base na utilização da celulose com matéria prima para o papel, teve notáveis avanços, no entanto, as cinco etapas básicas de fabricação do papel se mantém: Tabela 7 – Atividades da fabricação do papel. ETAPAS DESIGNAÇÃO DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES 1 Estoque de cavacos Colheita da floresta plantada-transporte à indústria-transformação em pedaços menores (cavacos)-separação mecânica dos cavacos com peneiras para seleção dos tamanhos ideais para digestor. 2 Fabricação da polpa Polpeamento visa separar a lignina das fibras celuloses-selecionar qual processo deve ser aplicado mecânico semiquimicos ou químicos (Kraft)-o processo químico consiste no cozimento dos cavacos em solução de hidróxido de sódio e sulfeto de sódio para dissolução da lignina e liberação das fibras. 3 Branqueamento (Transformação da celulose marrom em celulose branqueada seguindo as sub etapas: a) lavagem da celulose com água para eliminar o residual de licor negro; b)o pré-branqueamento com uso de oxigênio puro; c)o branqueamento através de compostos de cloro; d)secagem da celulose através da máquina especifica formada por cilindros aquecidos a vapor ou colchoes de ar aquecidos. 4 Formação da folha A finalização do papel ocorre usualmente em unidades totalmente autônomas. As etapas são: 1)maquinas de papel para recomposição da celulose através de sua diluição em água e aplicação de aditivos para se atingir as características desejadas do papel; 2) o rebobinamento para estocagem e aplicação das maquinas especificas; 3) maquinas para confecção de produtos finais em função das características desejadas (gramatura, tamanho, brilho, etc.). 5 Acabamento Fonte: ABTPC. Para Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel – ABTCP, as fibras de celulose requerem de algumas propriedades especiais, tais como alto conteúdo de celulose, baixo custo e fácil obtenção, o que justifica a priorização das fibras vegetais. O material mais utilizado é a polpa de madeira de arvores, principalmente pinheiros (possui 28 baixo preço e maior resistência, devido às longas fibras) e os eucaliptos (por causa do rápido crescimento das árvores). De forma geral parta se transformar a medida em polpa, que é matéria prima do papel, é necessário separar a lignina, a celulose e a hemicelulósica que constituem a madeira. Para tanto, é necessário utilizar os processos mecânicos e químicos. 2.6 Aplicações Comerciais do Papel e Papelão Caixa de arquivo morto de papelão: são feitas com papelão 100% reciclado. Podem colocar nas caixas arquivos: documentos, pastas, documentos importantes, dentre outros. Caixas para correio e e-commerce: as caixas para correio das caixas de papelão vieram para inovar o mercado (figura 9). Seu ótimo custo benefício faz das caixas ECO boa opção para envio de encomendas por PAC ou SEDEX. Figura 9- Caixa para correio e e-commerce. Fonte: Google Imagens (2017) De acordo com Associação Brasileira de Papelão Ondulado- ABPO (2010), caixas para organizar materiais: as caixas de papelão para mudanças são caixas usadas (seminovas) e caixas de papelão recicladas que podem ser utilizadas em diversos tipos de mudanças, sejam elas residenciais ou comerciais, conforme indicado na figura 10. Figura 10 – Caixas para organizar materiais Fonte: Google Imagens (2017). 29 3 METODOLOGIA O presente trabalho está organizado em três etapas. A primeira etapa consiste em fazer uma análise bibliográfica sobre a questão da reciclagem no município de Açailândia-MA. Nessa etapa buscou-se referênciasacerca da questão ambiental, social e viabilidade econômica dentro dos nichos, caracterizando-se conceitos de resíduos sólidos, assim, como sua definição, classificação e gerenciamento, dentre outros. Segundo Lima e Mioto (2007), na pesquisa bibliográfica a leitura é a técnica principal, através dela é que se identificam as informações e os dados contidos no material selecionado, assim como verificar as relações existentes entre eles de modo a analisar sua consistência. A segunda etapa consistiu na elaboração de um questionário de pesquisas que foi aplicado junto à comunidade conforme inserido anexo do estudo. O questionário consiste de 7 perguntas de múltipla escolha abordando as temáticas acerca da reciclagem do papel e papelão e suas abrangências, quantidade de resposta para as perguntas foram otimizadas ao longo dessa pesquisa, dessa forma algumas perguntas obtiveram maior número de escolhas dentro do questionário. De acordo com Gil (2008) “Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos” Na terceira etapa realizou-se a visita em uma empresa que desenvolve a recepção e preparação do resíduo que será destinado à recicladora. Posteriormente, foi visitado cinco supermercados aonde somente um possui grande porte e os demais pequeno porte. A seguir aplicou-se o questionário para 15 pessoas da comunidade, a amostragem justifica-se pelo número de pessoa presente na data da aplicação. 30 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta seção encontram-se externados as análises dos dados coletados no questionário realizadas pelo pesquisador, ao longo do desenvolvimento da parte prática da pesquisa de campo. Os dados do questionário estão organizados de forma quanti- qualitativa, a fim de obter uma maior discussão sobre as respostas obtidas. 4.1 Analise dos questionários A partir dos dados recolhidos pelas pesquisas e questionário, foi possível montar 4 gráficos devidamente argumentados com 7 perguntas ao todo, que tratam sobre as especificidades da coleta seletiva, tratamento resíduos e reciclagem do papel e papelão oriundo dos supermercados dentro do município de Açailândia. Durante a abordagem junto à empresa recicladora e seus colaboradores diretos e indiretos, foi indagado se os mesmos tinham noção da procedência dos materiais no qual eles trabalhavam para seus sustentos, as respostas para essa questão estão expressas no Gráfico 1. Gráfico 1: Quantidade de supermercados que doam materiais para as recicladoras com frequência. Fonte: O Autor Conforme o gráfico 1 demonstra, a rede do grupo A tem uma grande e considerável contribuição neste sentido de ceder todos seus rejeitos (papel e papelão) sem custo para as recicladoras, ficando sob responsabilidade da receptora somente de retirar o resíduo nos pontos de coleta dentro dos empreendimentos, os demais supermercados presentes na pesquisa (B, C, D, E), obtiveram uma contribuição com pequena parcela. Os resíduos sólidos são, uma triste e atual, realidade de muitas cidades do país, principalmente por sua forma de descarte que nem sempre é adequada e acaba gerando 95,0% 1,5% 1,5% 1,50% 0,5% A B C D E 31 diversos problemas, tanto para a saúde humana, quanto para o meio ambiente e economia. Dentre os principais problemas gerados, tem-se: contaminação do lençol freático e do solo, superlotação nos aterros sanitários, propagação de doenças, emissão de gases nocivos para a atmosfera etc. (RIZZO et al, 2012). Em Açailândia/MA, essa realidade não está distante de ser alcançada, pois a preocupação com o Meio Ambiente é bem limitada, a geração de resíduos e o seu descarte incorreto são fatos constatados na cidade, conforme cresce a sua população, sem controle dos resíduos gerados, sem a presença de um local adequado e que comporte todo o material coletado, sem uma política pública que de fato fiscalizem a coleta e tratamento dos resíduos, tudo isso acaba contribuindo para que o problema se agrave. A destinação final dos resíduos gerados no município é distribuída para alguns Estados próximos (Tabela 8) de acordo com a sua tipologia, o que corrobora o entrave da falta de políticas públicas eficazes para fiscalização da coleta, transporte e destinação final dos resíduos, que precisam ser encaminhados para fora do Estado a fim de que sejam devidamente destinados. Tabela 8: Destinação final dos resíduos Classe B (Papel/Papelão) por Estado Destinação Final/Estado Tipo Resíduo MG Papelão BA Papelão SP Papelão MA Papel Fonte: O Autor Na recicladora a coleta mensal de papel/papelão chega a 50 toneladas/mês, totalizando 700 toneladas/ano (Tabela 9). O serviço de segregação dos resíduos é realizado por 04 catadores com CTPS assinada (totalizando 08 famílias beneficiadas), além dos diaristas que são contratados como temporários para a realização do serviço. O valor de cada quilograma de papel/papelão sai a R$ 0,10 (dez centavos). A empresa recicladora dispõe de dois equipamentos que realizam a prensa do material, cujo volume diário chega a 2000 kg/dia, além disso, possuem uma balança de 30 toneladas para pesagem do material recebido e, semanalmente, chegam a realizar o carregamento de cerca de duas carretas com resíduos classe B do tipo papel e papelão. 32 Tabela 9: Total de resíduos Classe B (Papel/Papelão) coletados pela cooperativa Peso Período Tipo Resíduo 50 toneladas mês Papel/Papelão 700 toneladas ano Fonte: O Autor A produção de papel é geradora de resíduos. Os constantes aumentos na demanda de produção implicam na geração diária de grandes quantidades de resíduos, em função dos diferentes processos tecnológicos e da qualidade das aparas de papel, constituindo uma preocupação ambiental (MORO; GONÇALVES,1995). Sendo assim, foi possível constatar que ainda existe muito pouco incentivo e apoio dos órgãos públicos, e da iniciativa privada, em manter as atividades dos catadores de papel e papelão. Na segunda pergunta do questionário foi indagado aos entrevistados, sobre a volume de resíduos doados pelos supermercados para a recicladora, os dados estão exposto no gráfico 2. Gráfico 2: Volume de material doado para as recicladoras. Fonte: O Autor Observamos de acordo com os dados do gráfico 2 que resíduos reciclaveis de papel e papelão ficam com os maiores volumes. Pôde-se que a justificativa para os dados dar-se-á, devido maioria dos produtos que chegam nas redes de supermercados virem embalados com estas estruturas para melhor acondicionamento, durabilidade e organização, logo em segundo vem papel, que também são gerados tanto nas partes 23,00% 67,00% 10,00% papel papelão outros 33 administrativas, quanto no empacotamento dos produtos adquiridos e completando a lista são os plásticos, metais, vidros. Porém foi possivel perceber que, os supermercados participantes da pesquisa dooam uma parcela diminuta de outras fontes reciclagens, o que nos leva a questionar o que é feito com os demais iténs que poderia está sendo reciclado e contribuindo assim para a melhoria da questão ambiental na cidade de Açailândia, já que a mesma não possui um aterro sanitário, tendo apenas o lixão como fonte de descarte. Com isso foi possível compreender que os resíduos de papel e papelão gerados e coletados, se mantem com segundo maior volume de material, se tornando de grande relavancia para mercado local e externo que os usam como fonte de renda e amenização da disposiçãodos mesmos ao meio ambiente sem tratamento específico e ambiental. De acordo com Bellia (1996), a reciclagem do papel e papelão leva a uma redução de energia para produção de papel e celulose da ordem de 23 a 74%, redução na poluição do ar de 74%, redução na poluição da água por volta de 35% e redução de 58% no uso da água. Na terceira pergunta do questionário, foi indagado acerca da participação da comunidade na destinação final dos seus lixos gerados. Os dados obtidos estão expressos no gráfico 3 Gráfico 3: O que a comunidade faz com lixo produzidos em suas residências. Fonte: O Autor De acordo com os dados obtidos averiguou-se que população ainda precisa de muita informação acerca das formas e locais para descartar os resíduos originados. “Percebe-se que através da reciclagem, o lixo passa a ser visto de outra maneira, não mais como um final, mas como início de um ciclo em que podemos preservar o meio ambiente, a participação consciente e a transformação de hábitos (MARODIN e MORAIS, 2006) ”. 70,00% 5,00% 5,00% 20,00% Joga no lixo Seleciona e procura as lixeiras coleta seletiva Joga em qualquer lugar Guardo e procuro uma lixeira 34 Nesse contexto pode-se entender que o homem precisa preservar seu ambiente, evitando poluições e mantendo um bom relacionamento com a natureza, para que assim, o mesmo consiga usar a educação ambiental como uma prática socioambiental equilibrada, seguindo as diretrizes do processo de um cidadão sustentável. Em consonância com a pergunta número 3, foi perguntado juntos aos participantes se eles têm conhecimento sobre o qual o significado sobre coleta seletiva. Para a maioria dos entrevistados (70%), disseram que conhecem ou já ouviram sobre a coleta seletiva e que gostariam de aumentar conhecimento e aplicabilidade dessa prática nos seus cotidianos de forma consciente e eficaz. Já uma pequena parte (30%) informou que desconhecem o tema e nunca realizaram tal atividade em suas residências por falta de noção. De acordo com Araújo (2004), a educação ambiental, ao invés de ter um carater simplismente informativo, deverá desenvolver hábitos, atitudes e comportamentos que possibilite a formação no individuo de uma postura eminentimente ativa na defesa de um ambiente saudável e do uso racional dos recursos naturais não renováveis. A população deve interagir com uma maior frequência nessa questão da coleta seletiva, uma vez que os maiores beneficiados por esse sistema é o meio ambiente e a saúde da comunidade, reduzindo assim, os níveis de poluição, diminuição dos recursos naturais não renováveis, seguido por economia de energia bem como as matérias-primas. Em relação a pergunta numero 5, foi indagado aos entrevistados se os mesmos segregam os residuos gerados em sua residência para a cooperativa.De acordo com os dados obtidos foi observado que 80% dos participante da pesquisa afirmaram que realizam a segregação dos materiais acumulados em sua residencia como embalagens (papel e papelão) para a recicladora. Já 20% dos participante deixam de executar esse serviço, que seria um grande passo para consientização no ponto de vista do meio ambiente, além de uma papel de cidadânia, contribuindo assim para uma melhoramento da comunidade como um todo. Transcedendo uma ligação com a questão anterior, foi perguntado juntos aos entrevistados se os mesmos tem o conhecimento sobre a existência de uma aterro sanitário no municipio de Açailândia. Os dados estão expostos no gráfico 4. 35 Gráfico 4: Existe um aterro sanitário no município? Fonte: O Autor De acordo com o levantamento feito sobre o conhecimento da comunidade no que tange a existência de aterro sanitário no meio municipal, observa-se que a maiora dos entrevistados sabem da não existencia de uma aterro sanitário em seu municipio,. Já uma pequena parcela, afima que existe um aterro sanitário em Açailândia. A lei 12.305/2010, que implementou a nova política nacional de resíduos sólidos (PNRS), constitui-se em um instrumento essencial na busca de soluções para um dos problemas ambientais mais graves do Brasil, o mal destino dado aos resíduos, impõe a necessidade previamente de substituir os lixões a céu aberto por aterros sanitários como medida de proteção ambiental. Ficou aprovado pelo Senado em 2010 que até 2014 todos os municípios com mais de 50.000 habitantes deveriam instalar aterro sanitário em suas localidades, porém uma ementa foi apresentada junto ao plenário que estabelecia prazos escalonados de acordo com município, fazendo com que as datas limites variassem entre 2018 a 2021. Capitais e municípios de região metropolitana terão ate 31/07/2018 para acabar com os lixões, já as que possuem entre 50 a 100.000 habitantes terão ate 31/07/2018 e os com menos de 50.000 habitantes ficará com prazo até 31/07/2021 (BRASIL,2010). Essa realidade como a falta de infomação e ausência de estruturas para acondicionar os rejeitos, é tratado de acordo com os dados de 2008 divulgados pela IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saneamento básico – PNSB, aonde, 99,96% dos municípíos brasileiros tem manejo de resíduos sólidos, mas 50,75% deles dispoe dos seus resíduos em vazadouros, 22,54% em aterros controlados, 27,68% em aterro controlados (BRASIL, 2008). 10,00% 90,00% Sim Não 36 A idéia é que aconteça a redução dos resíduos, isso baseado em boas práticas de consumo sustentável e uma grade de mecanismos que contribuam para o aumento da reciclagem e reutilização dos mesmos, para que assim, tenha uma destinação ambientalmente correta, diminuindo consideravelmente a quantidade de lixões a céu aberto. Por fim, foi indagado aos mesmos, se as entidades públicas e privadas possuem uma preocupação com as questões de cunho ambiental. De acordo com os dados obtidos, observamos que 80% dos entrevistados acham que não existe essa preocupação por parte do governos e de orgão privados. Os demais afirmaram positivamente sobre a indagação feita. A exigência da política nacional de resíduos sólidos trouxe velocidade e mudança nos processos logísticos e de produção nas empresas, buscando novas tecnologias de reaproveitamento de produtos e especialização em atividades ligadas a logística reversa (LEITE, 2011). Levando em consideração a essa realidade para alguns empreendimentos, foi possível diagnosticar os seguintes pontos: Quanto ao gerenciamento dos resíduos de papel e papelão: 25% destinam corretamente seus resíduos; 25% gerenciam a logística reversa de pós-venda; 35% realizam alguma atividade para gerenciamento de resíduos de pós-consumo, apresentando alguns fatores motivacionais, como: aumento nas vendas, prestígio perante a sociedade, redução de despesas e atendimento a legislação ambiental legal; 15% retorna seus resíduos para material promocional. Atualmente no lixão municipal de Açailândia-MA é não é recomendada pela justiça da cidade a permanência de catadores para a realização de seleção de resíduos devido as condições precárias no qual são dispostos os resíduos ali destinados. A tarefa das prefeituras ganha uma base mais sólida com principios e diretrizes dentro de um conjunto de responsabilidades que tem o potencial de mudar o panorama do lixo no Brasil (NETO, 2011), entretanto reconhece-se que muito ainda precisa ser feito de um adequado gerenciamento integrado de resíduos, o qual depende, dentre outros fatores, da vontade política dos municípios, do aporte de recursos humanos e financeiros, 37 da construção de instalações e aplicação de técnicas inovadoras e, sobretudo, daparticipação cidadã, solidária e do controle social (SILVA et al., 2010). Desde as épocas da antiguidade, o homem sempre veio realizando danos contra natureza, infringe o direito dos cidadãos, afinal, sendo que o mesmo faz parte do meio ambiente. A incorporação desta visão socio-ambiental, destacando o papel dos cidadãos, aparece manifestado no capitulo VI do artigo 225 da consttituição federal de 1988: Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilbrado, bem do uso comum do povo e essencial a sádia qualidade de vida, impondo-se ao poder publico de dever de defendê-lo e a coletividade de preservá-lo, para as presentes e futuras gerações(BRASIL,1988). Sendo assim, a idéia é que aconteça a redução dos resíduos de forma consciente, isso baseado em boas práticas de consumo sustentável e uma grade de mecanismos que contribuam para o aumento da reciclagem e reutilização dos mesmos, para que esses materiais tenham uma destinação ambientalmente correta, diminuindo consideravelmente a quantidade de lixões a céu aberto e uso eficiente dos aterros sanitários. 4.2 Dados obtidos durante a pesquisa bibliográfica No Brasil o índice de reciclagem do papel e papelão foi de 67,9% (CEMPRE 2013). Sendo assim, consideramos esta grandeza a nível nacional para trabalharmos com reciclagem de papel e papelão gerados nos supermercados de Açailândia, já que os orgãos locais não disponibilizam números e/ou estimativas. Logo, consideraremos o percentual de papel e papelão dos resíduos recicláveis em Açailândia gerados pelos supermercados. Temos, portanto, que Açailândia consome anualmente 6.850 toneladas de papel e papelão das quais (5295,05 ton) serão recicladas (77,3%). O consumo de energia elétrica para produção de papel e papelão é muito elevado. Com a reciclagem de 5295,05 toneladas de papel e papelão por ano em Açailândia, teremos uma economia de 6850 ton/ano x 351 KWh x R$ 0,41611 por KWh = R$ 742.431,80 por ano. Onde é bastante significativo o valor da energia elétrica economizada pela reciclagem do papel e papelão gerados através dos supermercados de Açailândia, contudo, a parte não reciclada de 1554 toneladas (ou 22,7% do total produzido), a cifra economizada seria bem superior. Podendo chegar a ela com aplicação da fórmula acima: 1554 t/ano x 351 KWh x R$ 0,41611 por KWh = R$ 218.023,02, sendo assim este é o 38 valor da energia elétrica que estamos deixando de economizar a cada ano, com a não reciclagem do total de papel e papelão gerados em Açailândia. Em termos de matéria-prima a economia é de R$ 276,54 por tonelada pela não utilização de matéria-prima virgem, ou seja, esta é a economia proporcionada para cada tonelada de papel e papelão que retornam ao ciclo de mercado. Com a reciclagem de 5295,05 toneladas por ano e economizando R$ 276,54 a tonelada, teremos então, uma economia anual de R$ 2.809.563,10. E com o que se foi deixado de reciclar, a economia conseguida: 1554 ton/ano x R$ 276,54 = R$ 824.919,67, por ano somente em termos de matéria prima. Outro insumo de enorme importância no processo de reciclagem de papel e papelão é a água. A cada tonelada de aparas recicladas, são economizados 29,202 litros de água ou 29,202m³. Para efeito de cálculo da economia da água, basta multiplicar 5295,05 ton/ano x 29,202 m³ x 3,3135/m³ = R$ 512.353,41 por ano. A economia de água perdida pela não reciclagem pode ser obtida pela aplicação da fórmula acima que fica em: 1554 ton/ano x 29,202 m³ x 3,3135/m³ = R$ 150, 366,32, tais dados e resultados são encontrados nas tabelas 10 e 11. Tabela 10- Dados do Papel e Papelão Índices de reciclagem de papel e papelão no Brasil 77,3% Quantidade consumida em Açailândia (50.000 * 13,7%) 6850 toneladas por ano Consumo de energia elétrica na produção de papel e papelão a partir da matéria-prima virgem 4,98 MWh por tonelada Consumo de energia elétrica a partir do papel reciclado 1,47 MWh por tonelada Economia de energia elétrica por tonelada produzida a partir de papel reciclado 3,51 MWh por tonelada Em cada tonelada economizam-se matérias- primas que deixam de ser utilizadas R$ 276, 54 por tonelada Economia de água para cada tonelada de papel reciclado 29,202m³ Valor do metro cúbico de água 3,3135 Redução da poluição da água 35% Redução da poluição do ar 74% Fonte: Conceição (2003) 39 Tabela 11- Resumo com os Ganhos com reciclagem do papel e papelão no município de Açailândia: Economia de energia elétrica obtida com reciclagem do papel/papelão R$ 742.431,80 Economia de energia elétrica perdida com reciclagem do papel/papelão R$ 218.023,02 Economia de matéria-prima obtida pela reciclagem de papel/papelão R$ 2.809.563,10 Economia de matéria-prima perdida pela não reciclagem de papel/papelão R$ 824.919,67 Valor da redução do consumo de água pela reciclagem de papel/papelão R$ 512.353,41 Valor do consumo de água perdido pela não reciclagem de papel/papelão R$ 150, 366,32. Total geral obtido pela reciclagem de papel/papelão R$ 4.064.348,31 Total geral perdido pela não reciclagem de papel/papelão. R$ 1.193.309,01 Fonte: O autor A coleta seletiva no Brasil é organizada basicamente pelo setor privado, visando- se a reciclagem industrial. Na base do sistema, estão os catadores de materiais recicláveis que realizam essa atividade, na maioria dos casos, informal, sem o devido apoio dos órgãos públicos responsáveis pela gestão dos resíduos sólidos e pelos principais beneficiários da cadeia da reciclagem que são os sucateiros e as indústrias (CONCEIÇÃO, 2003). A reciclagem de papel e papelão em suma é tão importante em Açailândia, quanto a sua utilização e fabricação. Mesmo com novas políticas que favorecem e incentivam o reflorestamento e campanhas de conscientização da população no geral. O uso do computador com ferramenta mais utilizada hoje nos meios de comunicação ajudou a diminuir o uso do papel e de seus derivados como papelão, isso até contribuiu em partes com o consumo, mas esse feito não ocorreu conforme o esperado e nas últimas décadas do século XX o uso do papel e de seus derivados foi de uso recorde. A taxa de reciclagem do papelão em Açailândia-MA, representa forte contribuição da indústria do nordeste de papel ondulado ao meio ambiente, pois a maior parte da matéria-prima utilizada tem origem em processos de reciclagem de embalagens 40 e acessórios de papelão descartados e recolhidos por empresas especializados no seu aproveitamento. O papelão ondulado é de fácil coleta em grandes volumes comerciais. A maior parte do papelão destinado à reciclagem é gerada por atividades comerciais e industriais. Existem várias categorias de aparas nome genérico dado aos resíduos de papelão, industriais. Cada um tem seu valor, e separá-los eficientemente é o segredo do sucesso do negócio. Além de versáteis as embalagens de papelão contribuem para minimizar o impacto ambiental, pois para se usarmos 1m³ de madeira numa caixa, podemos fazer cinco caixas de papelão com as mesmas características físicas de resistência ao empilhamento. O investimento em coleta seletiva proporciona uma série de vantagens relacionadas aos chamados custos ambientais. São inúmeras as vantagens da coleta seletiva: - Redução de custos com a disposição final do lixo (aterros sanitários ou incineradores; - Aumento da vida útil em aterros sanitários; - Diminuição de gastos com remediação de áreas degradadas pelo mau acondicionamento do lixo (por exemplo: lixões clandestinos); - Educação e conscientização ambientalda população; - Diminuição de gastos gerais com limpeza pública, considerando-se que o comportamento de comunidades educadas e conscientizadas ambientalmente traduz-se em necessidade menor de intervenção do estado; - Melhoria das condições ambientais e de saúde pública do município; - Geração de empregos diretos e indiretos com a instalação de novas indústrias recicladoras na região e ampliação de indústrias recicladoras já estabelecidas; - Resgate social de indivíduos através da criação associações e cooperativas de catadores. 41 5 CONCLUSÃO O papel e o papelão são um dos produtos mais utilizados nas embalagens pelas indústrias, logo, destaca-se a relevância do estudo de cadeia comum e reversa, desde aquisição da matéria-prima até o consumo, e como cada segmento influi para trazer benefícios e reduzir custos principalmente ambientais e sociais para a cidade de Açailândia-MA, aonde foi identificado a participação das redes de supermercados na doação desses rejeitos junto a recicladora de forma contínua exercendo papel importante nesse processo. O tratamento desses resíduos acontece na cidade em questão, mas de maneira lenta e com tecnologias ultrapassadas, tal fato se explica devido, falta de incentivos do poder público diretamente com sociedade no que tange estímulos junto as empresas nesse setor, ampliação da educação ambiental e coleta seletiva em todos âmbitos. Com o estudo foi possível compreender que o município poderia arrecadar aproximadamente R$ 4.064.348,31 e tem como perda garantida em sua receita cerca de R$ 1.193.309,01, pelo fato dos incentivos públicos e privados no questão da coleta seletiva, reciclagem e reaproveitamento serem praticamente baixos nos dias atuais, aonde a sociedade já entende que tais práticas serão essenciais para manutenção das gerações futuras, no cunho social garante ganhos com geração de empregos diretos e oportunidade de incentivar a mobilização comunitária para o exercício da cidadania em busca de solução para os seus próprios problemas. Dessa forma, o presente trabalho relatou o status dos níveis de tratamento desses resíduos de papel de papelão na cidade de Açailândia-MA, bem como informar em específico os produtos que são gerados pelas redes de varejos de alimentos que através da reciclagem que visem à questão sustentável nos negócios, pois, do ponto de vista ambiental, a produção de papel e papelão reciclado traz redução dos custos ecológicos, como quantidade de árvores, redução considerável de gastos com a água, menos emissão de gases, redução dos lixões. Para a indústria, além da redução do custo da matéria-prima, acrescenta-se a imagem de sustentabilidade percebida pelo mercado, apesar da resistência cultural e consumismo. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M. C. P. A Educação Ambiental e a formação da consciência dos sujeitos. In: ZAKRZEVSKI, S. B & BARCELOS, V. (org.). Educação ambiental e compromisso social: pensamentos e ações. Erechim: Edifapes, 2004, p. 183-192. Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. NBR – 11174. Armazenamento de resíduos classe II- não inertes e III inertes. Classificação. Rio de Janeiro 1990. 7 pag.