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Práticas restaurativas como alternativa para a resolução de conflitos escolares

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PRÁTICAS RESTAURATIVAS COMO ALTERNATIVA PARA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS ESCOLARES*[1: * Trabalho produzido no âmbito do Projeto de Extensão Direitos Humanos na Prática, da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), sob orientação do Prof. Me. Ramon Rebouças Nolasco de Oliveira. Contato: ramon.reboucas@ufersa.edu.br.]
Bruno Willis Bezerra Rocha[2: Graduando em Direito pela Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Extensionista do Projeto de Extensão Direitos Humanos na Prática. E-mail: brunowbr.97@gmail.com. ]
Vitória Kelly Castro dos Santos[3: Graduanda em Direito pela Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Extensionista do Projeto de Extensão Direitos Humanos na Prática. E-mail: vitoriavitoria2014@outlook.com. ]
Palavras-Chaves: Justiça Restaurativa; Conflitos Escolares; Educação. 
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho trata-se de uma breve análise de como a substituição das punições pelas práticas restaurativas nas escolas pode ser uma alternativa viável para a resolução de conflitos escolares. O trabalho traz uma rápida discussão sobre a violência escolar, sua origem e a forma como se propaga num ambiente que, em tese, deveria ser protetor de crianças e adolescentes, mas, que, na realidade, nem sempre dá a devida atenção para o tratamento de conflitos entre eles. A partir disso, buscar-se-á entender como essas práticas, que trabalham com vítima, ofensor, família e comunidade, podem ser mais eficazes no tratamento de pessoas que sofrem e praticam violência – psicológica ou física –, propagando uma cultura de paz entre os envolvidos, sem a necessidade de afastá-los do local onde tudo começou. A substituição das punições pelas práticas restaurativas pode ajudar a resolver esses conflitos, envolvendo os atores principais, a fim de restaurar o dano sofrido. Partindo de uma revisão bibliográfica, a pesquisa busca construir sua fundamentação teórica a partir de artigos que tratam sobre justiça restaurativa, bem como, experiências de práticas já realizadas com a implementação desse modelo de resolução de conflitos no contexto educacional. 
2. A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
Nas escolas, assim como em qualquer área da sociedade, ocorrem relações sociais internas entre estudantes, professores e demais funcionários. Pode-se observar no ambiente escolar um palco de diversos conflitos. Alguns desses conflitos têm seu início caracterizado como violência simbólica, mas se agravam diante de casos de agressões físicas. O bullying, por exemplo, até então, era uma situação naturalizada pelo viés da brincadeira, porém, tem se apresentado com mais alerta devido a circunstâncias mais graves. Esses acontecimentos vêm aumentando nos últimos anos com o surgimento de novas formas de violência. Balaguer (2014) demonstra essa preocupação nos apresentando quatro fatores: “formas de violência mais graves; idade cada vez menor dos alunos envolvidos em situações de violência; ação de agentes externos à escola; acúmulo de situações de conflito não resolvidas, gerando uma sensação de ameaça”. Assim, a escola tem se tornado uma instituição produtora de ameaça e medo, o que foge totalmente do seu objetivo de educar e formar cidadãos mais humanos e civilizados.
A falta de preocupação da escola para com os problemas que ocorrem entre os estudantes, e a cultura de punição semelhante à ordem retributiva utilizada no Direito penal, que busca punir de acordo com o delito cometido, faz com que os alunos envolvidos em situações de conflitos se sintam exclusos da instituição (JÚNIOR e LIMA, 2015). O resultado dessa negligência pode ser observado através da repetição dos atos violentos por parte das mesmas pessoas; ou então, pessoas que foram vítimas de violência ficam sem ter com quem conversar, guardando o dano sofrido para si. Desta forma, vítima e ofensor, envolvidos em situações de conflitos não resolvidos, tendem a apresentar maiores dificuldades de aprendizagem.
Tendo em vista que a resolução de conflitos escolares por meio de punição acaba por aumentar o ciclo de violência, a justiça restaurativa torna-se uma alternativa viável para lidar com esses problemas, pois busca restaurar os conflitos através do diálogo. 
Pelos recursos tradicionais, um aluno que pratica uma infração é punido, mas essa punição não provoca, em geral, uma reflexão sobre as causas que estão na origem do conflito. Através das práticas restaurativas, ao contrário, as partes são ouvidas e podem atacar as causas do conflito, restabelecendo o diálogo e prevenindo comportamentos semelhantes no futuro. (NUNES, 2011).
Dessa forma o modelo judicial apresentado pela Justiça Restaurativa se difere do modelo retributivo, pois tende a não privar o infrator de sua liberdade, mas busca a ressocialização harmoniosa dos indivíduos que entraram em conflito, por meio de diálogos, reconciliação e compreensão dos motivos das infrações (GRANJEIRO, 2012 apud JÚNIOR e LIMA, 2015, p.210). 
A Justiça Restaurativa pode ser utilizada nos mais variados meios sociais, inclusive nas escolas. Para tanto, seria de fundamental importância a modificação da centralização do poder por parte da direção, criando um ambiente mais democrático para que as práticas restaurativas possam ser mais efetivas na resolução do problema, incluindo os alunos na resolução de conflitos e educando os demais alunos em sua formação cidadã. 
As práticas restaurativas na educação são utilizadas em diversos países. Entre eles, cabe destacar a Nova Zelândia, que adotou esse sistema como uma política pública para a inclusão social desde 1989. Em 2004, neste mesmo país, foi produzida uma pesquisa sobre as práticas restaurativas numa escola. Foram 89 círculos restaurativos que trouxeram o seguinte resultado:
[...] eles informaram que eles: tiveram voz no processo (96%); ficaram satisfeitos com o modo com que o acordo foi feito (87%); foram tratados com respeito (95%); sentiram-se compreendidos pelos outros (99%); sentiram que as condições de acordo foram justas (91%). As vítimas informaram que elas conseguiram o que eles precisavam da conferência (89%); e se sentiam mais seguras (94%). Infratores se sentiam bem cuidados durante a reunião (98%); amados pelas pessoas mais próximas a eles (95%); capazes de ter um novo começo (80%); perdoados (70%); mais íntimos dos envolvidos (87%). Além disso, os infratores concordaram com a maior parte ou com todo o acordo (84%) e não reincidiram no período do processo (83%). (MORRISON, 2005).
Portanto, é possível observar que esse método restaurativo de resolução de problemas foi visto com bons olhos por parte dos envolvidos, dando a impressão de que esta pode ser uma alternativa mais viável que o modelo retributivo tão utilizado nas escolas.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A imagem autoritária das instituições educacionais e o seu modo de resolver conflitos através da aplicação de punições fazem com que os indivíduos que compõem o seu meio não se sintam pertencentes ao ambiente, causando um afastamento em um ambiente que deveria ser de inclusão. Esta prática constante, por sua vez, gera um ciclo propagador de violência, pois não busca trabalhar na raiz do problema, mas através de medidas punitivas que simplificam o problema e esquecem os danos causados por esta série de violência.
A Justiça Restaurativa caracteriza-se como uma alternativa para a escola compreender os conflitos, suas causas e os danos causados por estes para buscar a reconciliação dos laços sociais entre os indivíduos que fazem parte do âmbito escolar. Para tanto, a escola deve dar oportunidade de diálogo entre vítima, infrator, familiares e demais integrantes, para que todos juntos possam compreender os conflitos e suas causas, resolvendo-os de forma aberta, sem a disseminação de violência, mas com um procedimento democrático que proporcione o bem-estar a todos os envolvidos. 
REFERÊNCIAS 
BALAGUER, Gabriela. As práticas restaurativas e suas possibilidades na escola: primeiras aproximações. Rev. Subj., Fortaleza, v. 14, n. 2, p. 266-275, ago.  2014.   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-07692014000200009&lng=pt&nrm=iso>.Acesso em 20 fev. 2018.
JUNIOR, E. A.; LIMA, C. B. Educar para a paz: práticas restaurativas na resolução de conflitos escolares. Rev. Movimento, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 195-224, jan. 2015. Disponível em: <http://www.revistamovimento.uff.br/index.php/revistamovimento/article/view/262/232>. Acesso em: 20 fev. 2018. 
MORRISON, Brenda. Justiça restaurativa nas Escolas. Brasilia: Mj e Pnud, 2005. p. 297-322. In Justiça Restaurativa: Coletânea de Artigos. Disponível em: <http://www.susepe.rs.gov.br/upload/1323798246_Coletania JR.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2018.
NUNES, Antonio Ozório. Como Restaurar a Paz nas Escolas: um guia para educadores. 2011. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=V69nAwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f;=false>. Acesso em: 21 fev. 2018.

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