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CADERNO DE DIREITO DAS SUCESSÕES

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DIREITO CIVIL VII – SUCESSÕES
Paula Ferraço Fittipaldi
- Relembrar regras de parentesco:
- Relembrar regime de bens;
	
INTRODUÇÃO
	Existem dois grandes grupos de sucessão:
Sucessão legítima (art. 1829 do CC e seguintes): é aquela que vai se desenvolver de acordo com as determinações legais. Aqui não há qualquer elemento de vontade do de cujus. Não há qualquer tipo de gerência em relação ao que vai acontecer com o patrimônio daquele que vai morrer.
Sucessão testamentária: aqui há a manifestação de vontade do hereditando. Aqui se contempla a vontade do falecido em relação a destinação do seu patrimônio após a sua morte. 
O artigo 1.829 do CC prevê quem são os herdeiros legítimos da sucessão. A ordem é preferencial e excludente. Primeiro se verifica os parentes em linha reta em relação aos descendentes, depois, se não houver, analisa-se os ascendentes. Se não houver ninguém em linha reta, analisa-se o cônjuge sobrevivente e, em sua falta, os colaterais até 4º grau. É teor do referido dispositivo: 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
	As pessoas dos três primeiros incisos nunca podem ser afastadas da sucessão, visto que existem: os herdeiros legítimos, os herdeiros testamentários e os herdeiros legatários. Os herdeiros legítimos se dividem em: necessários e facultativos. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente são chamados de herdeiros legítimos necessários, enquanto que os colaterais até 4º grau são os herdeiros legítimos facultativos. 
	Os herdeiros indignos e os deserdados podem não receber uma parte da herança, além do fato de que a renúncia também pode ser feita e, assim, somente essas 3 hipóteses são capazes de afastar um herdeiro legítimo necessário da sucessão. 
	Todo patrimônio de uma pessoa é dividido em: parte legítima (50%) e parte disponível (50%). Obrigatoriamente os herdeiros legítimos necessários têm direito a parte legítima do patrimônio do de cujus. 
	Se eu só tenho um sobrinho vivo e não quero deixar nada para ele, é necessário que se faça um testamento destinando todo o meu patrimônio para outra pessoa ou entidade após a minha morte. 
	O herdeiro testamentário é aquele constituído como tal por um instrumento de testamento. Pode ser qualquer pessoa física ou jurídica. O fato é que por ter constituído esse herdeiro dentro do testamento, ele será considerado um herdeiro testamentário. A diferença é o tipo de procedimento que vai ser seguido e os tipos de condições de sucessão dos bens.
	Quando eu determino um bem (individualizado) à uma determinada pessoa, esta será chamada de herdeiro legatário, visto que se deixa um legado, um bem determinado. O herdeiro legatário também aparece dentro do testamento, mas a sua diferença jurídica encontra-se no fato de que há um bem individualizado, enquanto que o herdeiro testamentário é contemplado com uma parte do patrimônio e não um bem individualizado. O herdeiro legatário só vai ser atingido após redução do patrimônio disponível dos herdeiros testamentários. 
	
	Abertura da sucessão x abertura do inventário: a sucessão se abre logo após a morte da pessoa, automaticamente. O inventário é um procedimento e é aberto conforme as regras legais. 
ABERTURA DA SUCESSÃO
Princípio da saisine: transmissão imediata do patrimônio para os herdeiros legítimos necessários. Isso traz diversas consequências jurídicas: ex. os herdeiros já se apresentam como partes legitimas para propor qualquer ação possessória. 
Herdeiros são condôminos de uma massa universal de bens, indivisível, bem imóvel. Todos os herdeiros, no momento da abertura da sucessão, são proprietários dos bens integralmente. Os bens não são individualizados. Todos são donos de tudo. É possível que um bem singular seja alienado antes da abertura do inventário, mas desde que tenha a autorização de todos os demais herdeiros ou diante do suprimento do juiz (mas somente em casos excepcionais, em que a alienação do bem é indispensável para manutenção da vida do herdeiro requerente). Nenhum herdeiro é proprietário de bens singulares, todos são proprietários de todos os bens, os quais se reúnem numa só massa universal.
Na massa patrimonial, encontra-se o patrimônio tanto passivo quanto ativo. 
Recebimento da herança à benefício do inventário: isso significa que os herdeiros não respondem com o patrimônio pessoal pelas dívidas ou compromissos deixados pelo falecido. O que responde pelas dívidas do falecido é o patrimônio que ele deixou. 
Pressupostos básicos para ser herdeiro: a) estar vivo; b) possuir capacidade sucessória. 
Comoriência (art. 8º do CC): quando não é possível dizer quem morreu primeiro quando 2 ou mais pessoas que tem relação sucessória. Quando não há como precisar quem morreu primeiro, abre-se duas sucessões distintas, não há transmissão de patrimônio pra nenhum dos falecidos. 
CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
A condição de herdeiro é personalíssima. 
Ceder os direitos hereditários consiste em transmitir a alguém os seus direitos de receber uma herança.
A cessão pode ser gratuita ou onerosa. 
A cessão de herança é um negócio jurídico que apresenta uma margem de perigo. Quando alguém adquire um direito hereditário, não se adquire uma determinada casa ou um determinado valor, mas sim a expectativa de receber uma parte do patrimônio a que o cedente poderia receber. Se o passivo da pessoa que falecer for maior que o ativo, o cessionário (o que adquiriu os direitos hereditários) não tem nenhum tipo de questionamento a fazer ao cedente de boa-fé, não podendo ser pleiteada indenização pelos valores pagos pelo direito a receber a herança. 
Quando se realiza uma cessão gratuita, não haverá consequências distintas seja no recebimento do patrimônio, ou seja, pelo não recebimento em caso de o passivo ser maior que o ativo. 
Se por ventura, um herdeiro realizar uma cessão de um bem específico, ele estará realizado uma espécie de contrato e compra e venda, que num primeiro momento não é considerado algo legítimo, pois o cedente não é proprietário do bem singular, mas somente condômino na massa patrimonial. Conforme determinado pelo parágrafo 2º do art. 1.793 do CC, é ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. Se ao final da partilha, o bem “vendido” não ficar para o cedente, ambos têm que arcar com os riscos dessa cessão de bem individualizado.
A cessão é feita daquilo que no momento é conhecido pelos demais herdeiros e pelo herdeirocedente. Assim, o patrimônio que for acrescido num momento posterior (como no caso de um dos herdeiros ser considerado indigno), pertencerá ao herdeiro originário e não ao cessionário. 
A cessão onerosa, na regra de condomínio, se um dos herdeiros quer ceder seus direitos, o fato de os outros dois herdeiros terem preferência sobre a herança obriga o cedente a ceder o seu direito a eles, desde que eles paguem o mesmo valor que o cessionário não herdeiro pagaria. Na cessão gratuita, em regra, não há direito de preferência dos demais herdeiros.
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
ACEITAÇÃO
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada.
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
A aceitação é o ato pelo qual o sucessor manifesta sua vontade de receber a herança ou o legado. É irretratável (art. 1.812 do CC). Pode ser: expressa, tácita ou presumida:
Aceitação expressa: feita por qualquer documento escrito;
Aceitação tácita: o sucessor assume comportamentos típicos de herdeiro (art. 1.805 do CC);
Aceitação presumida: terceiro interessado força o herdeiro a se manifestar se vai aceitar ou não (art. 1.807 do CC), ex.: um credor do herdeiro. Possibilidade de o terceiro interessado aceitar a herança no lugar do herdeiro para satisfazer seu crédito (art. 1.813 do CC); o silêncio do herdeiro implica em aceitação da herança. 
Caso o herdeiro faleça antes de aceitar a herança, seu herdeiro poderá fazê-lo (art. 1.809 do CC). 
A relativização dos efeitos da renúncia quando existem credores que comprovem seus créditos, a relativização da renúncia recai somente sobre esses créditos, a parte remanescente da herança retorna para os demais herdeiros, não tendo a pessoa que renunciou nenhum direito sobre a parte a que teria direito que sobrou.
Existem duas situações nos arts. 1808 e 1809: falecendo o herdeiro A antes da manifestação de vontade sobre o aceite ou renúncia da herança de B, a lei dá a possibilidade de os herdeiros C dele se manifestarem sobre a herança de B, mas primeiro é necessário que eles aceitem a herança de A.
	O ato de aceitação é um ato integral, não se pode aceitar em parte, sob condição ou a termo.
	Dentro do testamento, o herdeiro contemplado com legado e herança não é obrigado a aceitar ou renunciar as duas, ele pode aceitar somente uma fonte da herança e renunciar a outra. O mesmo ocorre quando a pessoa é herdeira necessária e testamentária, visto serem a destinação sucessória distintas.
RENÚNCIA
	Ato solene pelo qual o herdeiro abdica à herança. Exige forma escrita, por instrumento público perante o Tabelião ou juiz (1806 do CC). Só pode ocorrer após a morte do hereditando. 
	Para renunciar, o herdeiro precisa possuir capacidade jurídica plena. Obs.: necessidade de outorga uxória? Alguns civilistas entendem que sim, visto que o CC já previu essa formalidade desde as regras do direito de família, visto que a herança é um bem imóvel. No entanto, outros civilistas acreditam que a herança existe em decorrência de um vínculo existente entre o hereditando e o herdeiro e, portanto, não seria necessária a outorga uxória. A maioria entende que não é necessária a necessidade de outorga uxória. 
	São formas de renúncia:
Abdicativa: o declarante simplesmente diz que não aceita a herança ou o legado, que será devolvido ao monte hereditário, visando a partilha entre os herdeiros legítimos. Aqui não haverá incidência de imposto “inter vivos”, pois se trata de ato unilateral. 
Translativa ou in favorem: o herdeiro recebe a herança e a transfere a outra pessoa. Se for translativa, haverá incidência de imposto “inter vivos”. É altamente criticada, pois há quem diz que: quando eu renuncio (abdicativa), abre-se mão da herança, mas quando eu direciono a parte da minha herança para outra pessoa, eu renuncio e dou pra outra pessoa. Assim, é algo muito parecido com a cessão, mas essa pressupõe a aceitação e depois a transmissão da herança. 
São efeitos da renúncia: 
Efeito retroativo: a renúncia retroage ao dia da morte do hereditando;
Os filhos do renunciante não herdam em seu lugar na sucessão (art. 1811 do CC)
O renunciante pode representar o hereditando na sucessão de terceiros que for aberta após a sua morte (art. 1856)
Obs:
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente. 
Art. 1.947. O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado, para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado, presumindo-se que a substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o testador só a uma se refira. – Se eu tenho um herdeiro legatário ou um herdeiro que renuncia a parte dele na herança, pode ser que o testador (quem fez o testamento) possa ter previsto um substituto para ele.
SUCESSÃO LEGÍTIMA
HERDEIROS LEGÍTIMOS + 
REGRAS DE PARTILHA (PARTE 1)
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
	O conjunto de regras sobre a sucessão legítima é repleto de incoerências e lacunas e, assim, surge pra jurisprudência e pra doutrina a responsabilidade de achar um caminho pra resolução dos conflitos dela decorreres. Por exemplo, entre repartição de patrimônio entre cônjuge sobrevivente e filhos do de cujus há diversas correntes. 
	O CC/16 não reconhecia a figura do cônjuge como alguém que concorria com os pais e filhos para herdar. O CC/02 traz o cônjuge para assumir a condição de herdeiro concorrente, o que significa que ele vai herdar junto com os descendentes e ascendentes, em determinadas condições.
	Os incisos I, II e III trata dos herdeiros legítimos necessários. Enquanto que o inciso IV trata dos herdeiros legítimos facultativos, que pode ser afastado pelo hereditando. 
	
INCISO I 
	Se quem está morrendo é o ascendente, todos os filhos receberam a mesma proporção da herança.
Em regra geral, o cônjuge vai herdar concorrentemente, salvo assituações ilustradas no inciso I:
Cônjuge casado com o falecido em regime da comunhão universal: nesse regime há uma massa de bens que pertence a ambos. Terminando esse casamento por divórcio ou por morte, há direito de meação da massa de bens. A parte da meação é de natureza distinta da herança e será tratada de forma diferente no inventário, não podendo ser partilhada entre os herdeiros e o cônjuge sobrevivente. Como consequência do direito de meação, o cônjuge já retirará 50% do patrimônio. Se ele fosse voltar para concorrer ao 50% restante, seria uma espécie de bis in idem, devendo os descendentes serem protegidos para que recebam a parte da meação que caberia somente ao falecido, não sendo o cônjuge sobrevivendo chamado para concorrer por tal parte. 
Obs: se o falecido tiver recebido em vida uma herança com cláusula de incomunicabilidade, não estando dentro da massa patrimonial do casal, há divergências sobre a possibilidade de o cônjuge sobrevivente concorrer com os descendentes sobre tal patrimônio. 
Cônjuge casado com o falecido em regime de separação obrigatória de bens: há duas massas de patrimônio distintas por determinação legal. Deve-se prestar atenção que aqui não se trata da separação convencional de bens, mas somente daqueles casos em que a lei determina obrigatoriamente tal regime (maior de 70 anos, menor de 16, divorciado ou viúvo antes da divisão dos bens, etc). No entanto, o STF tem a súmula 377 dispõe que “no regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”. O objetivo da súmula, na década de 1960, era plausível era não permitir que acontecesse uma injusta patrimonial no caso da mulher que ficava em casa e o homem adquiria todos os bens em seu próprio nome, saindo a mulher com uma mão na frente e outra traz na extinção do casamento, seja pelo divórcio ou morte. A súmula não modifica a regra do inciso I do art. 1.829, pois o cônjuge não terá direito a assumir a condição de herdeiro, indo a herança de quem faleceu toda para os descendentes, no entanto, se o juiz entender que a súmula tem que ser aplicada, o cônjuge terá direito de meação aos bens onerosamente adquiridos na constância do casamento. Na nossa matéria, vamos aplicar a regra e, portanto, qualquer análise de um inventário ou herança em que os cônjuges fossem casados em regime de separação legal (obrigatória) de bens, o cônjuge não terá direito a meação dos bens adquiridos onerosamente na constância do casamento, ou seja, não aplicaremos a súmula 377 do STF.
Se o cônjuge era casado no regime de comunhão parcial: é permitido a formação de aquestos bem como uma massa de patrimônio particular de cada cônjuge. Se todo o patrimônio do falecido estiver concentrado na massa patrimonial de aquestos, o cônjuge sobrevivente só tem direito à meação. No entanto, se houver bens particulares deixados pelo de cujus, o cônjuge sobrevivente assume a condição de herdeiro concorrente sobre esses bens. É muito parecido com a ideia da comunhão universal de bens. 
Regra “reserva da quarta parte”:
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
	
Em caso de concorrência entre o cônjuge sobrevivente e os descendentes, e os herdeiros do falecido também são descendentes do cônjuge sobrevivente, aplica-se a regra da reserva da quarta parte. Até 3 descendentes, não se aplica tal regra, recebendo cada um dos herdeiros o quinhão correspondente por cabeça. No entanto, se houver 4 ou mais descendentes, será protegida a quarta parte ao cônjuge e os ¾ restantes, serão distribuídos entre os descendentes. 
	E se tiver descendentes híbridos, descendentes somente do falecido? Há correntes:
MAJORITÁRIA: não se aplica a reserva, fazendo a divisão por cabeça. Se tiver 2 filhos unilaterais, 3 bilaterais e o cônjuge, cada um, inclusive o cônjuge, receberá 1/6 do patrimônio.
Mesmo em caso de filiação hibrida, deve ser aplicada a regra da reserva da quarta parte.
Teoria das sub-heranças: fere a igualdade jurídica entre os filhos, além da grande complexidade para se definir a porção do patrimônio que caberá a cada um. 
INCISO II:
	Trata-se da situação em que os ascendentes são chamados a herdar (quando não há descendente nenhum, seja porque eles de fato não existem, ou renunciaram, são indignos, ou deserdados, e não houver possibilidade de representação) e o cônjuge sobrevivente é concorrente. Aqui não importa o regime de bens, o cônjuge SEMPRE sobrevivente será herdeiro concorrente. E não há diferença entre a parcela que os pais e o cônjuge vão receber.
	A divisão é feita da seguinte maneira:
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.
§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.
O que são as linhas na classe dos ascendentes? 
Na regra de ascendência, não existe a possibilidade de representação, assim, se houver algum parente de grau mais próximo vivo, os ascendentes do pré-morto não têm direito à herança. 
Se houver os dois pais do falecido, o cônjuge recebe a terça parte.
Se só tiver um pai vivo, o cônjuge recebe a metade.
Se nenhum dos pais estiver vivo e só tiver os avós do falecido, o cônjuge recebe a metade e os avós dividem a outra metade entre eles.
INCISO III:
	Se não há ascendentes ou descendentes, o cônjuge sobrevivente herda integralmente a herança. Assim, se o falecido tinha amantes e irmãos, não importa, se houver cônjuge sobrevivente, ele receberá integralmente a herança. Assim, se o de cujus tinha a intenção de os colaterais receberem a herança, mesmo com o cônjuge esteja vivo, deverá fazer um testamento sobre a outra metade do patrimônio. 
	Hoje há discussão sobre a questão do companheiro, pois a regra hoje é de que ele só receberá a herança integral se não houver herdeiros necessários e nenhum parente colateral até o 4º grau, conforme previsão do art. 1.790 do CC:
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. 
	Hoje o STF ainda não finalizou o julgamento da ADI sobre esse artigo, mas já se encontram 7 votos pela inconstitucionalidade desse artigo, faltando somente 4 ministros julgarem.
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
	Quem recebe herança por direito próprio, encontra-se tanto na classe preferencial, como no grau preferencial. 
Quando não é possível que alguém herde em direito próprio, surge o direito de representação. Este direito trata-se de um mecanismo pelo qual se concretiza a vocação indireta na sucessão legítima.
	Quem herda por representação, sempre herda por estirpe.
	Quando há renúncia do descendente de grau mais próximo, os descendentes de graus mais remotos perdem o direito de representação. No caso acima, se F2 tivesse renunciado à herança, o único modo de os netos 1,2 e 3 receberem a herança seria se todos os demais filhos (F1 e F3) também renunciassem à herança. Mas assim, eles não receberiam a herança por representação, mas sim por direito próprio. 
	IMPORTANTE: O direito de representaçãoocorre apenas na linha de descendência do falecido. Não há representação de linha de ascendência. Há somente uma única exceção na linha colateral, conforme previsão do artigo 1840 do CC: 
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.
	Somente o sobrinho do falecido pode representar o irmão do falecido pré-morto. Os sorinhos netos não podem. 
REGRAS DE PARTILHA (PARTE 2)
COMO INICIAR UM INVENTÁRIO: 
Identificar quem são os herdeiros chamados a herdar
Identificar a existência ou não do cônjuge sobrevivente
Regime de bens que vigorava (se o cônjuge será herdeiro ou meeiro) 
Verificar as regras para realizar a partilha 
EXERCÍCIO:
Paulo, casado com Ana há 11 anos sob o regime de comunhão parcial de bens, falece no dia de hoje deixando como herdeiros 4 filhos bilaterais e 2 filhos unilaterais. O patrimônio de Paulo é composto por uma casa recebida por herança no valor de R$150.000,00, um terreno adquirido no ano de 2003 no valor de 200.000,00, um carro adquirido este ano no valor de R$70.000,00, e um apartamento adquirido pelo casal no valor de R$180.000,00. Responda:
Patrimônio do casal: carro (70.000,00) e casal (180.000,00) = 250.000,00
Patrimônio exclusivo do falecido: casa de herança (150.000,00), terreno adquirido no ano 2003 (200.000,00) = 350.000,00
Ana (cônjuge sobrevivente – separação parcial) = meeira de 125,000,00
Patrimônio do falecido que Ana não pode herdar = 125.000,00 (divide por 6 entre os filhos)
Patrimônio exclusivo do falecido (Ana pode herdar) = 350.000,00 (divide por 7) 
Ana receberá 50 mil de herança
E cada filho receberá R$70.833,33.
 QUANDO O IRMÃO FALECE E EXISTEM IRMÃOS BILATERAIS E UNILATERAIS:
Já vimos que, diante de uma filiação híbrida, e o ascendente morre, todos os filhos receberão a mesma quota hereditária, em razão da isonomia entre eles. Mas uma outra situação que a lei traz, é a previsão de quando quem falece é irmão, sendo os pais pré-mortos, e há irmãos bilaterais e unilaterais. A partilha será feita da seguinte forma:
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
	
OBS: Por óbvio, se o falecido só tiver irmãos unilaterais, é claro que eles receberão em partes iguais o patrimônio, como se bilaterais fossem, conforme artigo 1.842 do CC.
 
ORDEM DA SUCESSÃO PARENTES COLATERAIS
	O herdeiro legítimo necessário poderá deixar de participar da herança à qual foi chamado pelas seguintes possibilidades:
Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.
§ 1º Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça.
§ 2º Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
§ 3º Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual.
Na ordem dos colaterais, se houver irmãos, somente eles herdarão. 
Se houver pelo menos um irmão vivo, os sobrinhos herdam por representação.
Se não houverem irmãos, os sobrinhos herdam por cabeça e têm preferência em relação aos tios.
Se houverem sobrinhos de irmãos unilaterais e bilaterais, os sobrinhos dos irmãos unilaterais receberão metade do que os sobrinhos dos irmãos unilaterais receberão. Se só tiverem irmãos unilaterais ou bilaterais, cada um herdará por cabeça em partes iguais. 
Se tiverem somente herdeiros colaterais de 4º grau, independentemente da classe, todos herdarão por cabeça em partes iguais. 
EXERCÍCIO: Marta falece e deixa como parentes vivos dois irmãos bilaterais, três irmãos unilaterais e Pedro, irmão de seu pai. Marta deixou herança avaliada em R$1.400.000,00. Proceda a partilha deixada por Marta, indicando quem herda e quanto herda. 
	Serão chamados a herdar: os irmãos bilaterais A e B e unilaterais C, D e E.
A: 2x = R$400.000 B: 2x = R$400.000
C: x = R$200.000 D: x = R$200.000 E:x = R$200.000
	No caso de indignidade e deserdação, os seus efeitos são pessoais. Assim, permite-se que os descendentes do herdeiro indigno ou deserdado, herdem por direito de representação. Vale lembrar também que os descendentes do herdeiro que renuncia não podem herdar por direito de representação. 
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
	O ato de renúncia é um ato praticado pelo próprio herdeiro e é ele quem decide não participar da sucessão. 
Considera-se excluído da sucessão o herdeiro que se conduziu mal em relação ao falecido, sendo destituído de seu direito de suceder.
Se o herdeiro não renuncia, só há duas possibilidades de um herdeiro ser afastado da herança, que é por indignidade ou deserdação. As hipóteses em que isso ocorrerão está expressamente disposto na lei.
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
Uma coisa o indivíduo é ser incapaz e possuir um obstáculo que o impeça de realizar determinado ato, outra coisa é um indivíduo que foi considerado indigno ou deserdado, que é um ato sancionatório em virtude de uma ação cometida por ele, ou seja, é uma incapacidade somente sucessória. 
	Indignidade
	Deserdação
	Independe da vontade do falecido.
	Depende da vontade do falecido.
	Os motivos podem ser anteriores ou posteriores à morte.
	Os motivos serão, obrigatoriamente, anteriores à morte.
	Art. 1.814
	Art. 1.814 e 1.962
	Efeitos pessoais ao herdeiro
	Efeitos pessoais ao herdeiro
	Necessita de sentença judicial
	Necessita de sentença judicial 
	A ação de indignidade é movida pelos herdeiros interessados. A deserdação é feita no próprio testamento pelo autor da herança.
	Em ambos, os efeitos são pessoais ao herdeiro e, assim, os descendentes dele podem herdar por representação. 
	Se o indigno tiver um filho menor, o juiz passará a administração dos bens a outra pessoa, mas nunca ao indigno.
	Ambas precisam de sentença judicial.
	REABILITAÇÃO DO INDIGNO: trata-se de um ato em que o próprio autor da herança vai perdoar o herdeiro que praticou o ato repudiado pela lei. Deve ser expressa, constando em testamento ou escritura pública. O perdão vai reabilitar o herdeiro e ele volta a participação da herança. É irretratável. 
	Obs: em relação ao deserdado, não é pacífico na doutrina a possibilidade de se perdoar, visto que a deserdação é irrevogável. 
	TAXATIVIDADE DAS CAUSAS DE INDIGINIDADE E DESERDAÇÃO: mesmo que um herdeiro pratique um ato que não está transcrito no art. 1.814, se o ato praticado tiver a mesma finalidade daqueles elencados na lei, poderá ser utilizado para excluir o herdeiro da herança – TESE DA TIPICIDADE FINALÍSTICA.
	LEGITIMIDADE DO MP PARA PROPOR AÇÃO DE INDIGNIDADE: o MP será legítimo quando houver interesse público, ou seja, quando se tratar de menor ou incapaz. 
Enunciado nº 116. O Ministério Público, por força do art. 1.815 do novo Código Civil, desde que presente o interesse público, tem legitimidade para promover ação visando à declaração da indignidade de herdeiro ou legatário.
EXERCÍCIO: Paulo, casado com Ana há 11 anos sob o regime de comunhãoparcial de bens, falece no dia de hoje deixando como herdeiros 4 filhos bilaterais e 2 filhos unilaterais. O patrimônio de Paulo é composto por uma casa recebida por herança no valor de R$150.000,00, um terreno adquirido no ano de 2003 no valor de R$200.000,00, um carro adquirido este ano no valor de R$70.000,00, e um apartamento adquirido pelo casal no valor de R$180.000,00. Responda: considerando a renúncia dos dois filhos unilaterais de Paulo, e a indignidade de seu filho bilateral, que é pai de João e Maria, indique quem herda e quanto herda.
Herdeiros: Ana (patrimônio pessoal); 4 filhos bilaterais (1 é indigno); e 2 filhos unilaterais (2 renunciaram) = Ana (patrimônio pessoal); 3 filhos bilaterais (sendo 1 representado por João e Maria).
 
Meação de Ana: R$125.000,00
Patrimônio pessoal de Paulo: 
Que Ana pode herdar: R$350.000,00
Que Ana não pode herdar: R$125.000,00
Ana herdará (com a reserva da quarta parte): R$87.500,00
Os três filhos bilaterais herdarão: R$65.625,00 + R$31.250,00 = R$ 96.875,00
João: R$ 32.812,5+ R$15.650,00 = R$ 48.462,50
Maria: R$ 32.812,5+ R$15.650,00 = R$ 48.462,50
EXERCÍCIO 2: Caio falece no dia de hoje e deixa como parentes vivos seu pai, Antônio, sua avó materna e seu avô paterno. Permanece viva também a esposa de Caio, Jurema, com quem era casado há 10 anos sob o regime de separação obrigatória de bens. Caio deixou patrimônio avaliado em R$800.000,00.
Apresente os elementos teóricos e legais que devem estar presente para a realização deste partilha.
R: Trata-se de partilha em que existem como possíveis herdeiros a esposa do falecido, o pai e os avós maternos. Em primeiro lugar, insta salientar que em relação à concorrência da herança entre cônjuge sobrevivente e ascendentes não há que se falar em distinção com relação ao regime de bens. Assim, a esposa, apesar de ser o regime de separação de bens obrigatório, ela será herdeira. 
	Em relação aos ascendentes, conforme disposição expressa do art. 1.836, parágrafo 1º, o herdeiro do grau mais próximo exclui os ascendentes dos graus mais remotos, sem distinção de linha. 
Portanto, sendo o pai de Caio vivo no momento da abertura da sucessão, este herdará todo o patrimônio deixado pelo filho, não havendo que se chamar os avós+++ para a sucessão.
Por fim, conforme determinação expressa do Código Civil, uma vez só haver um ascendente em primeiro grau, o cônjuge terá direito a metade da herança, bem como o pai do falecido.
Indique quem herda e quanto herda. 
R: Herdará a esposa e o pai de Caio, sendo a herança de cada um no valor de R$400.000,00. 
EXERCÍCIO 3: Mauro tem um filho único Joaquim. Mauro faleceu em um acidente aéreo e deixou patrimônio avaliado em R$200.000,00. Considerando que a irmã da mãe de Mauro e seu único sobrinho permanecem vivos, e que Joaquim renunciou à herança de seu pai, responda:
Apresente os elementos teóricos e legais que devem estar presentes para a realização da partilha do patrimônio deixado por Mauro.
R: Com base no artigo 1.829 do CC, o filho de Mauro, Joaquim, tem preferência em relação aos demais herdeiros. No entanto, diante da sua renúncia, devem ser chamados os demais herdeiros para receber a herança.
	No caso em análise, portanto, a tia de Mauro e o seu sobrinho encontravam-se vivos no momento da abertura da sucessão. O Código Civil, em seu artigo 1.843, determina que os sobrinhos têm preferência em relação aos tios. Assim, somente o sobrinho de Mauro herdará o patrimônio de Mauro.
Indique quem herda e quanto herda. 
R: Herdará somente o sobrinho de Mauro o valor de R$200.000,00. 
EXERCÍCIO 4: Jorge faleceu no dia 01/03/2017, aos 60 anos de idade. Permanecem vivos seus 5 filhos (A, B, C, D, E); seus netos N1 (filho de A), N2 e N3 (filhos de B); seu pai, sua avó materna e sua esposa Ana, com a qual foi casado por 27 anos, sob regime de comunhão parcial de bens. Logo na abertura do inventário, A renunciou sua parte na herança. Em seguida, respeitando o direito de preferência dos outros herdeiros, B realizou uma cessão de seus direitos hereditários para seu amigo Marcos.
	Jorge deixou os seguintes bens:
1 casa no valor de R$400.000,00 recebida por herança de sua avó, no ano de 2005.
1 apartamento adquirido no ano de 2009, no valor de R$550.000,00.
1 carro no valor de R$80.000,00, recebido em um sorteio da loteria esportiva, no ano de 2013.
1 lote no valor de R$200.000,00 que lhe fora dado por sua tia por ocasião de seu aniversário de 50 anos.
Considerando os bens acima relacionados, e os possíveis herdeiros que permanecem vivos:
Discorra de forma breve sobre os elementos teóricos presentes na questão, que se apresentam como determinantes para a partilha da herança de Jorge.
R: A priori, visto existirem descendentes, não há que se falar em herança para o pai ou para a avó de Jorge.
Trata-se de uma partilha em que o cônjuge sobrevivente concorrerá pela herança com os descendentes. 
Tendo em vista que o herdeiro A renunciou à herança, não há que se falar em direito à herdar por representação ao neto N1. 
Uma vez que o herdeiro B cedeu os seus direitos à herança ao terceiro Marcos, não há que se falar em representação dos netos N2 e N3.
Tem-se assim como herdeiros: os 3 filhos C, D e E; o cessionário Marcos; e o cônjuge sobrevivente Ana. 
Visto que o cessionário Marcos herdará os direitos de B, havendo 4 herdeiros descendentes, há a reserva da quarta parte para Ana.
Por ser o regime de Ana e o falecido o de comunhão parcial de bens, Ana só poderá herdar aquilo que fizer parte do patrimônio pessoal de Jorge.
Qual o valor do quinhão de cada herdeiro? (considere apenas valores) 
Ana receberá: R$150.000,00 (tendo o direito à R$315.000 por meação)
C, D e E receberão R$191.250,00.
Marcos (cessionário) receberá por força do contrato de cessão o valor de R$191.250,00. 
EXERCÍCIO 5: No ano de 2007, Marcos perdeu seu pai, Cláudio, que acabou falecendo em razão de grave doença. Marcos tinha mais 5 irmãos, sendo dois bilaterais (X1 e X2) e três unilaterais (X3, X4 e X5), filhos exclusivos de seu pai. A mãe de Marcos já havia falecido 2 anos antes de seu pai em razão de uma depressão muito profunda. Durante o inventário, Marcos, X1 e X4, renunciaram a herança do pai, impedindo, inclusive, que seus filhos pudessem os representar. O inventário de Cláudio terminou em 2010. 
	Há dois meses, o avô paterno de Marcos, o sr. Jair, veio a óbito e seu inventário foi aberto. Sabendo que o sr. Jair era viúvo, que possuía 5 filhos – sendo um pré-morto (cláudio) e outro deserdado (Vinícius) -, e que deixou patrimônio ativo avaliado em R$1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil reais):
Discorra de forma breve sobre os elementos teóricos presentes na questão, que se apresentam como determinantes para a partilha da herança de Jair.
Trata-se de uma partilha em que há descendentes de 1º grau vivos, 1 pré-morto (que deixou filhos vivos) e um deserdado. 
Dessa forma, Vinícius, por ser deserdado, não herdará nenhuma quota hereditária.
Os herdeiros de Marcos poderão herdar por representação. 
E os filhos vivos de Jair herdarão por cabeça sua respectiva quota hereditária.
Na sucessão de Cláudio, houveram 3 filhos que renunciaram a sua herança. No entanto, conforme disposição do artigo 1.856 do CC, “o renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra”. Assim, Marcos, X1 e X4 poderão herdar a quota hereditária correspondente a Cláudio por direito de representação, dividindo-a entre os 5 filhos.
Qual o valor do quinhão de cada herdeiro? (considere apenas valores) 
Filhos vivos de Jair, à exceção de Vinícius receberão R$450.000,00 cada.
Os filhos de Marcos receberão R$75.000,00 cada. 
EXERCÍCIO 6: Rubens falece hoje aos 50 anos de idade, deixando como parentes vivos seu pai, Carlos, seu filho único, Bruno, 3 irmãos bilaterais (A, B e C), um irmão unilateral e um sobrinho, filho de seu irmão unilateral. Aberto o inventário de Rubens, Bruno renunciou a herança e o pai de Rubens realizou uma renúncia translativa em favorde “A”. Entretanto, fora descoberto um testamento deixado por Rubens, onde ele constituía seu irmão B como herdeiro de 75% de todo seu patrimônio. O patrimônio deixado por Rubens somava R$100.000,00. 
Discorra de forma breve sobre os elementos teóricos presentes na questão, que se apresentam como determinantes para a partilha da herança de Rubens.
Se bruno renúncia, ele deixa de ser considerado como um parente sucessível. Assim, se eu não tenho descendente, passo para os ascendentes. No caso, temos um ascendente, mas ele faz uma renúncia translativa para o cessionário “A”. Havendo herdeiro legítimo necessário, a parte que caberia a ele que ele renunciou em favor de “A” era de 50%. 
Nesse sentido, o testamento, por exceder a legítima, só poderá ser cumprido na porção de 50%. 
Qual o valor do quinhão de cada herdeiro? (Considere apenas valores) 
Herança será recebida por A no valor de R$50.000,00.
Herança será recebida por B no valor de R$50.000,00.
EXERCÍCIO 7: Marcio falece no dia de hoje, aos 55 anos de idade. Deixa como parentes vivos três irmãos, Ana, Caio e Davi, e quatro sobrinhos, sendo dois filhos de Ana, um filho de Caio e um filho de Davi. Márcio deixou como patrimônio 3 casas no valor de R$200.000,00 cada uma, 2 apartamentos no valor de R$300.000,00 cada um. Deixou também testamento onde constituiu seu irmão Davi como legatário de duas casas e um apartamento. Por ocasião da abertura do inventário, os três irmãos renunciaram seu direito de participar da sucessão legítima. Posteriormente, o filho de Caio que se chama Paulo, foi considerado indigno. Paulo tem um filho que se chama Rafael.
Discorra de forma breve sobre os elementos teóricos presentes na questão, que se apresentam como determinantes para a partilha da herança de Rubens.
Em relação à sucessão legítima, trata-se de uma partilha que tem, a priori, três irmãos como possíveis herdeiros. No entanto, os três renunciaram a herança. Quando a renúncia é feita por todos os herdeiros colaterais de 1º grau, os sobrinhos podem herdar por direito próprio, visto que não há outros parentes a herdar. 
	Em relação ao sobrinho deserdado, o sobrinho-neto Rafael não pode herdar por direito de representação, visto que este instituto é uma exceção na linha colateral, que só é estendida ao sobrinho.
	Em relação à sucessão testamentária, Davi receberá o legado pelas 2 casas e o apartamento.
Quem herda e quanto herda? 
Herança testamentária de Davi: R$700.000,00
Herança dos sobrinhos S1, S2, S3: R$166.666,66
HERANÇA JACENTE E VACANTE
	Havendo herdeiros legítimos necessários, não há possibilidade de afasta-los da herança, salvo quando declarados indignos ou deserdados, ou quando, por vontade própria, renúncia a sua participação na sucessão da herança. 
	Inexistindo herdeiros legítimos necessários, os herdeiros legítimos facultativos, que são os colaterais, podem ser afastados quando feito um testamento. O fato de eles serem facultativos não significa que eles serão menos beneficiados se eles forem a única classe de herdeiros na sucessão legítima. 
	Quando uma pessoa falece, se nenhuma dessas pessoas existe para receber a herança ou nenhum deles apresenta capacidade sucessória, para o Estado um patrimônio não pode ficar sem um gestor (sem um administrador), visto que isso significa obstáculo à circulação de riqueza no país. Por óbvio, não é importante para o Estado que exista um patrimônio sem um administrador.
Assim, criou-se a figura da herança jacente e vacante, que é quando não existe nenhum sucessor para recebe-la, seja porque ninguém existe, todos foram considerados indignos ou deserdados e não há representantes, ou todos renunciaram. Se existe um parente colateral de 5º grau, continua não existindo ninguém para herdar a herança, visto que não é abarcado pela lei como possível herdeiro. 
Antigamente, a Fazenda Pública (CC/16) encontrava-se no rol de herdeiros parentes da sucessão legítima. O Estado não é herdeiro, pois ele só receberá o patrimônio se não houver nenhum herdeiro. O momento em que o patrimônio é entregue ao Estado é porque a herança já foi considerada jacente. 
CLASSIFICAÇÃO:
Herança jacente: é quando não existem herdeiros conhecidos ou os herdeiros tenham renunciado à herança.
Herança vacante: é aquela que não possui sucessores. Logo, realizadas todas as verificações, publicações em editais, buscas, etc, e não tendo sido encontrado nenhum herdeiro, os bens serão arrecadados e entregues ao ente público determinado em lei (existem especificações: se o bem se situa em uma esfera municipal, será entregue ao respectivo município; se o bem se situa em uma esfera estadual, será entregue ao respectivo estado; se o bem se situa em uma esfera federal, será entregue à União).
PROCEDIMENTO DE JACENCIA: 
	O objetivo é conservar os bens até que se encontrem os herdeiros que irão receber os bens. A administração dos bens se dará por um curador que será nomeado pelo juiz. Esse curador vai ter a função de um curador normal, ele administrará bens, prestar contas, realizar medidas de conservação dos bens, etc., assim, o curador será devidamente pago, que será pago pelo próprio patrimônio deixado pelo falecido. 
	Para realizar o pagamento do curador, o juiz vai determinar qual será o procedimento para direcionar o pagamento (ex: pode alienar bens, etc.). 
FASE DE ARRECADAÇÃO DE BENS
Na fase de arrecadação, o objetivo é que o juiz tenha o conhecimento de todos os bens que compõem a herança. No inventário, a colação dos bens é o momento em que todo o patrimônio é apresentado ao juiz. Quando falamos de herança jacente, não há esse momento de colação de bens. Aqui falamos do momento da arrecadação. 
	Na fase de arrecadação, se buscará quais são os bens deixados pelo falecido. É possível até que se faça uma visita “in locu”, pelo próprio magistrado, na casa do falecido em busca até de pertences pessoais.
FASE DE PUBLICAÇÃO DE EDITAIS (art. 1.820, CC e art. 741, CPC)
Lançado o primeiro edital, na rede mundial de computadores, deverá permanecer disponível por 3 meses, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, deverá ser publicado 3 vezes o edital com intervalo de 1 mês. 
A habilitação dos herdeiros terá o prazo de até 6 meses contados da data da primeira publicação. 
Art. 741 do NOVO CPC. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será publicado na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) mês, para que os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 (seis) meses contado da primeira publicação.
§ 1o Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital.
§ 2o Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridade consular.
	§ 3o Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge ou companheiro, a arrecadação converter-se-á em inventário.
	§ 4o Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propor a ação de cobrança.
ENTREGA DOS BENS: 
- AO HERDEIRO: julgada procedente a habilitação do herdeiro, os bens serão entregues à ele (pelo princípio da saisine). 
- AO ESTADO: não havendo nenhum herdeiro, a lei prevê duas hipóteses de vacância: 
		a) quando todos os herdeiros chamados a suceder renunciam à herança (art. 1.823) – situação que acaba se dispensando os editais, e sendo de imediato declarada a vacância.
		b) quando após a arrecadação e decorrido 1 ano da primeira publicação de edital nenhum herdeiro tenha se habilitado (ou porque não apareceu, ou porque sua habilitação foi julgada improcedente). 
Obs.: Nos 6 meses após a publicação do edital, eles podem se habilitar no próprio processo, nos outros 6 meses, os herdeiros podem se habilitarEM AÇÃO própria para se habilitar na sucessão da herança. Decretada a vacância, os herdeiros colaterais (irmãos, sobrinhos, tios e primos) são excluídos da sucessão. 
Art. 1.822 do CC/02. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.
	A titularidade dos bens só é transferida ao Estado 5 anos depois da abertura da sucessão (ou seja, da data do falecimento do de cujus). O caput só está considerando a classe dos herdeiros legítimos necessários, que poderão, mesmo após a declaração de vacância, até o prazo de 5 anos após a abertura da sucessão para requererem a sua habilitação na sucessão da herança, requerendo o recolhimento da herança (que ocorrerá em ação própria).
	Se a declaração de vacância aconteceu, conforme o parágrafo único, os colaterais estão automaticamente fora da sucessão. 
EXERCÍCIO 1: Paulo falece e deixa como único herdeiro legítimo seu filho único, Caio. Aberto o inventário de Paulo, descobriu-se um testamento particular por ele feito, onde destinava sua casa de veraneia, situada em Búzios, para Caio. Considerando que Caio renunciou sua participação na sucessão legítima, explique como ocorrerá a distribuição da herança de Paulo.
	Tendo em vista que Caio renunciou à herança legítima, mas não à testamentária, ele receberá a casa situada em Búzios e, no tocante ao resto do patrimônio, como não há nenhum outro herdeiro legítimo necessário e facultativo, não precisará ser aberto o procedimento da jacência, sendo automaticamente declarada a vacância, sem necessidade de se publicar editais, visto que já se sabe que o único herdeiro que existia renunciou a sucessão legítima. 
	EXERCÍCIO 2: Por ocasião de seu falecimento, Gustavo deixou como parentes vivos: dois filhos, A e B; dois netos, filhos de B; um neto, filho de A; três netos, filhos de seu filho pré-morto. Deixou um patrimônio ativo de R$1.500.000,00, e dívidas que somavam R$300.000,00. 
Considerando que “ renunciou a herança de Gustavo, e B fora deserdado em testamento, indique como se dará a partilha do acervo hereditário de Gustavo.
	Tendo em vista somente A renunciou, ainda que B e o filho pré-morto não recebam sua quota hereditária, o seu filho não poderá herdar, visto que, para tanto, seria necessário que todos os demais herdeiros do 1º grau dos descendentes renunciassem. 
	Em relação a B, os seus filhos poderão herdar por representação, bem como em relação ao pré-morto. Como se trata se sucessão por direito de representação, a partilha não é feita por cabeça, mas sim com base no que os descendentes de 1º grau receberiam. 
	Assim, retirada a parte das dívidas deixadas pelo falecido, o montante deixado a título de herança deve ser divido por 2, em relação a B e ao filho pré-morto, e, após, os respectivos filhos dividirão em partes iguais o que seria recebido por seu pai. 
	Nesse sentido, N1 e N2 receberão cada um R$300.000,00, e N4, N5 e N6 receberão cada um R$200.000,00. 
	EXERCÍCIO 3: Carlos faleceu no dia 10/05/2016. Deixou testamento, que realizou no ano de 2008, testando os seguintes bens: para sua irmã Letícia, deixou 5 salas comerciais localizadas no Edifício Solar, em Vitória, no valor de R$70.000,00 cada; para seu amigo João, deixou uma tela pintada pelo grande artista plástico europeu no valor de R$30.000,00, que se encontrava pendurada na parede do seu quarto.
	Carlos casou-se com Nina em maio de 2010, adotando o regime de comunhão parcial de bens. Em dezembro de 2010, Carlos precisou vender duas salas comerciais que se localizavam no Edifício Solar. Deixou como parentes vivos seus dois filhos F1 e F2, sua mãe Diana, sua irmã Letícia e seus avós paternos. Os filhos de Carlos (F1 e F2) renunciaram a herança. O patrimônio deixado por Carlos no momento de sua morte compreendia R$80.000,00 de bens comuns, e R$320.000,00 de bens particulares compostos por três saladas comerciais localizadas no Edifício Solar e uma tela pintada por um grande artista plástico europeu.
	Explique os elementos teóricos e legais presentes nesta herança, e indique o quinhão hereditário de cada herdeiro. Determine o quinhão de cada herdeiro, considerando apenas valores. 
 
	No presente caso, o testamento deve ser desconsiderado, visto que o casamento, nessa hipótese, rompe o testamento, visto que o cônjuge, herdeiro necessário, era desconhecido ao momento de sua realização. 
EXERCÍCIO: Ricardo falece em 2012, deixando apenas 3 irmãos (Caio, Rubens e Mateus). Antes de falecer, Ricardo deixou um testamento determinando 40% de seus bens para Rubes, o irmão prelito. Seus três irmãos renunciaram ao direito de participarem de sua sucessão legítima. Ricardo era viúvo e não deixou filhos. Além de seus três irmãos, permanecem vivos o irmãos mais novo do pai de Ricardo (Gustavo), e sua tia Maria, irmã mais nova da mãe de Ricardo. 
Considerando o patrimônio total deixado por Ricardo no valor de R$800.000,00, discorra sobre os elementos teóricos presentes na questão que se apresentam como determinantes para a partilha da herança, e, ao final, indique o quinhão de cada herdeiro. 
	Rubens: 320.000
	Maria: 240.000
	Gustavo: 240.000
INVENTÁRIO
É um procedimento de ordenação de uma herança que será distribuída, assim, deve-se saber quais são os bens deixados, quem são os herdeiros, etc. 
Após a morte, abre-se a sucessão pelo princípio da saisine. Aberta a sucessão, depois será aberto o inventário. O inventário é um procedimento que pode ser judicial ou extrajudicial, com o objetivo de listar o patrimônio do de cujus para que, posteriormente, possa haver a partilha dos bens.
Bum primeiro momento, há o espólio (ente despersonalizado), momento em que não há a individualização dos bens para cada herdeiro. Assim, o inventário vem como forma de listar esses bens e os herdeiros, para, depois, ser possível realizar a partilha e da adjudicação dos bens. 
O inventariante é o administrador dos bens do espólio.
Art. 1.991. Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a administração da herança será exercida pelo inventariante.
O espolio é o conjunto de bens formado com a morte de alguém e que constitui um ente despersonalizado, mas tem capacidade processual, representando pelo inventariante. 
A adjudicação dos bens é o momento em que se estabelece a propriedade dos bens para os herdeiros. Quando só tem um herdeiro, não precisa de partilha, e é feito diretamente a adjudicação dos bens para o único herdeiro.
Há 3 espécies de inventário judicial: 
Inventário judicial pelo rito tradicional
Inventario judicial pelo rito do arrolamento sumário
Inventário judicial pelo rito do arrolamento comum
Há ainda o inventário negativo, que é admitido quando tiver a necessidade de comprovar que não há bens a inventariar. Não tem previsão legal. Pode ser feito judicialmente ou por escritura pública. Exemplos: 
- No caso de causa suspensiva para o casamento quando pessoa morre e o(a) viúvo(a) quer casar de novo, pode-se utilizar o inventário negativo para mostrar que não há bens a inventaria e, assim, casar sem ser no regime obrigatório de bens; 
	- Quando os herdeiros querem comprovar que os bens deixados pelo falecido não serão suficientes para adimplir com as dívidas deixadas.
	Há ainda os bens que não precisam ser inventariados, que são: 1) aqueles de pequena monta; 2) no caso de um bem que está sendo utilizado por um herdeiro ou terceiro e foi usucapido (é necessário a sentença reconhecendo o usucapião, mas pode ser utilizado como matéria de defesa); e 3) no caso do bem de família. Nós temos o bem de família voluntário e o obrigatório. O obrigatório é o previsto em lei e entra no inventário. O voluntárioé quando a pessoa tem mais de um bem e ele escolhe um deles para ser bem de família (por meio de escritura pública): nesse caso, o filho ou o cônjuge deverá estar morando e, estando lá, será averbado no registro do bem que, pelo falecimento, o bem passa a ser de propriedade do cônjuge sobrevivente. 
	Local do inventário: em regra, é o local do último domicílio do falecido (art. 1.786 do CC). Se não houver último domicilio certo, será o foro da situação dos bens imóveis. Havendo bens imóveis em vários locais, pode ser qualquer um deles. Não havendo bens imóveis, será o local o foro de qualquer bem do espólio. Isso encontra-se no art. 48 do CPC, nos seguintes termos:
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
	Competência: em regra, é da autoridade brasileira. Nos seguintes termos:
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Quando deve ser feita a abertura: o código civil prevê o prazo de 30 dias e o CPC fala de 60 dias. Aplica-se o prazo de 60 dias, pois já era previsto no CPC/73, o qual havia sido alterado por uma lei posterior ao código civil, devendo ser utilizado o método de solução de antinomia temporal. Conforme a súmula 542 do STF, se ultrapassado o prazo de 60 dias, o Estado pode cobrar uma multa. 
Súmula 542. Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário.
No entanto, é possível que o magistrado prorrogue o prazo de ofício ou a requerimento da parte:
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte.
Legitimidade para abertura do inventário: em regra, é quem estiver na posse ou na administração do espólio. No entanto, não abrindo o inventário, abre-se a oportunidade aos legitimados do art. 616 do CC. 
Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na administração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611.
Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor da herança.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
I - o cônjuge ou companheiro supérstite;
II - o herdeiro;
III - o legatário;
IV - o testamenteiro;
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite.
Administrador do espólio (inventariante): enquanto não for determinado o inventariante pelo juiz, haverá um administrador provisório. Poderá ser inventariante: 
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados;
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio;
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função.
Obs: o juiz pode não seguir a ordem do art. 617, no entanto, conforme entendimento do STJ, para não seguí-la, deve haver motivação para tanto. 
PARTILHA
É a divisão individualizada dos bens da herança com o fim de pôr fim ao condomínio (que se deu origem automaticamente pelo princípio da saisine).
São espécies de partilha:
Amigável: resultado do acordo entre os interessados (2015, CC). Por ser feito escritura pública, termo nos autos do inventário ou por instrumento particular (homologado pelo juiz). 
Judicial: é feito um plano de partilha, em que se desconta todos os débitos deixados pelo falecido e a meação do cônjuge. 
PARTILHA JUDICIAL:
Primeiro é feito um esboço ou plano de partilha:
Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão judicial, observando nos pagamentos a seguinte ordem:
I - dívidas atendidas;
II - meação do cônjuge;
III - meação disponível;
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho.
Depois, faz o auto de partilha: 
Art. 652. Feito o esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse no prazo comum de 15 (quinze) dias, e, resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos.
Art. 653. A partilha constará:
I - de auto de orçamento, que mencionará: a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou companheiro supérstite, dos herdeiros, dos legatários e dos credores admitidos; b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações; c) o valor de cada quinhão;
II - de folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão do pagamento e a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as características que os individualizam e os ônus que os gravam.
Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e pelo escrivão.
Por fim, faz-se o formal de partilha: 
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654, receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças:
I - termo de inventariante e título de herdeiros;
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
III - pagamento do quinhão hereditário;
IV - quitação dos impostos;
V - sentença.
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de pagamento do quinhão hereditário quando esse não exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado.
PARTILHA EM VIDA:
	Pode ser partilha doação ou partilha testamento, desde que não prejudique a legítima. Além disso, é sempre necessário que permaneça uma parte do patrimônio com o doador ou testa
A partilha doação pode ser feita de duas formas: 1) se o ascendente não fizer nenhuma especificação, a doação é considerada uma antecipação da legítima, não podendo ofender a legítima dos demais herdeiros; 2) expressamente, o falecido pode dizer que se trata de uma doação de uma parte disponível da herança, não podendo ofender a legítima dos demais herdeiros. 
EFEITOS DA PARTILHA: 
	A natureza da partilha é declaratória.Lá na abertura da sucessão, já se adquire o condomínio dos bens deixados pelo herdeiro. Assim, a partilha somente vai declarar a propriedade dos bens de forma individualizada. O herdeiro tem direito aos frutos do bem que recebeu desde a data da abertura da sucessão. Diante do formal de partilha, os herdeiros podem já passar a propriedade do bem que recebeu para o seu nome. 
SOBREPARTILHA:
	Todos os herdeiros são condôminos da massa patrimonial deixada pelo falecido. Essa é uma das hipóteses que o Código Civil prevê como condomínio forçado. O condomínio é desfeito exatamente no momento em que é feita a partilha. 
	A sobrepartilha é o momento em que há bens que não foram partilhados no processo de inventário. 
Art. 669 do NCPC. São sujeitos à sobrepartilha os bens:
I - sonegados;
II - da herança descobertos após a partilha;
III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;
IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da maioria dos herdeiros.
Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha.
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança.
	Em regra, na sobrepartilha os bens serão repartidos por igual entre todos os herdeiros, salvo no caso dos bens sonegados. Os bens são sonegados quando um herdeiro não apresenta um bem que recebeu por doação quando o falecido estava vivo. Nesse caso, a pena é que o herdeiro perde direito sobre o bem que ele sonegou, salvo se o herdeiro comprovar que não teve a intenção de ocultar o bem.
	Impõe-se a pena de sonegados ao herdeiro que: a) sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando estejam em seu poder ou em poder de outrem, com seu conhecimento; b) que os omitir na colação ou deixar de restitui-los. O herdeiro perde o direito a tais bens como pena. 
	São requisitos da pena: a) objetivo: finalidade de ocultar os bens; b) subjetivo: é a malícia.
INVALIDADE DA PARTILHA:
Partilha amigável: a ação anulatória deve ser proposta no prazo de 1 ano.
Art. 2.027 do CC/02. A partilha é anulável pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios jurídicos.
Parágrafo único. Extingue-se em um ano o direito de anular a partilha.
Art. 657 do NCPC. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz, observado o disposto no § 4o do art. 966.
Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 (um) ano, contado esse prazo:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessou;
II - no caso de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade.
Partilha judicial: a ação rescisória deve ser proposta no prazo de 2 anos.
Art. 658. É rescindível a partilha julgada por sentença:
I - nos casos mencionados no art. 657; (ERRO ESSENCIAL, DOLO, COAÇÃO OU INCAPACIDADE)
II - se feita com preterição de formalidades legais;
III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.
NULIDADE DA PARTILHA
	Há situações em que um herdeiro não é reconhecido. Assim, a ação é ajuizada pelos terceiros que não participaram direta ou indiretamente do processo em que houve a partilha. 
CORREÇÃO DE ERRO DE FATO OU DE INEXATIDÕES MATERIAIS:
	Trata-se um erro específico de detalhes da partilha. Nesse caso, a partilha pode ser emendada a qualquer tempo, concordando todas as partes quando tenha ocorrido erro de fato nas descrições de bens.
PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
	O patrimônio transmissível aos herdeiros do finado é apenas o saldo entre o seu ativo e o seu passivo. 
	Constituem encargos da herança:
Despesas funerárias;
Vintena do testamenteiro;
Dívidas do falecido;
Cumprimento dos legados. 
Se a partilha ainda não ocorreu, os possíveis credores farão um pedido de habilitação do crédito em apenso aos autos do inventário. Se ele for realmente considerado credor, ele virá, depois do inventário e antes da partilha, buscar o seu crédito. 
Após a partilha, a dívida é cobrada do herdeiro na proporção do que lhe cabe da herança. Abre-se essa possibilidade para não possibilitar fraudes pelos herdeiros, que poderiam fazer uma partilha correndo para frustrar o recebimento do crédito pelos credores.
Todos os herdeiros são responsáveis por suportar a evicção quando um herdeiro perder o bem. 
COLAÇÃO
	Colação é o ato pelo qual os herdeiros descendentes que concorrem a sucessão do ascendente comum declaram no inventário as doações que dele receberam em vida, sob pena de sonegados, para que sejam conferidas e igualdadas as respectivas legítimas. 
	Cabe ao descendente e ao cônjuge sobrevivente.
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação.
Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte indisponível, sem aumentar a disponível.
Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados.
Parágrafo único. Se, computados os valores das doações feitas em adiantamento de legítima, não houver no acervo bens suficientes para igualar as legítimas dos descendentes e do cônjuge, os bens assim doados serão conferidos em espécie, ou, quando deles já não disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da liberalidade.
	Eu posso ter uma doação que seja de parte disponível e posso ter uma doação que saia da parte legítima. Se a pessoa que fez a doação, fez constar na doação que aquele patrimônio saiu da porção disponível do seu patrimônio, quando se abre o inventário e o juiz verifica a legítima, na hora que o herdeiro traz o bem na colação, o juiz deverá verificar se aquela doação desrespeita ou não a legítima. Não desrespeitando a legítima, tudo corre normal. Se desrespeitar a legítima, o juiz considera que a parte que ultrapassar seja um adiantamento de herança da parte legítima, devendo-se reequilibrar os quinhões hereditários de cada herdeiro. 
	Não entram na colação: a) as doações que saírem da parte disponível da herança que depende de expressa e formal manifestação do doador; b) gastos com o descendente em relação ao vestuário, estudos, enfermidades, enxoval, casamento, doações remuneratórias, etc (art. 2010 e 2011, CC).
Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação.
Parágrafo único. Presume-se imputada na parte disponível a liberalidade feita a descendente que, ao tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário.
Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no próprio título de liberalidade.
É muito criticado porque o bem deve sempre ser colacionado, ainda que tenha saído da parte disponível, porque pode ter alterações patrimoniais da data da doação até a data do falecimento, podendo desconfigurar o desrespeito à legítima ou até mesmo acarretar na hipótese de desrespeito à legítima.
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
1 ASPECTOS HISTÓRICOS
	Quando estudamos direito de família, o prof. Explicou as modificações do conceito de família e que, incialmente, as famílias eram vistas como pequenos núcleos religiosos (em que se cultuava os antepassados). Nós temos traços muito fortes, assim como tivermos no CC/16, romanos e, portanto, havia uma grande importância do pai, refletindo a sociedade paternalista e machista. O paiera indispensável para a manutenção da família, acumulando sobre o papel de juiz, de administrador, de chefe religioso e etc sobre aquela família, recaindo sobre ele até mesmo o poder de decisão sobre a morte ou vida de um membro da família.
	Quando o pai morria, num primeiro momento era de total desestabilidade daquele núcleo família. Essa situação era contornada a partir de um documento escrito deixado pelo pater, em que continha: quem iria continuar os negócios da família, quem iria ficar com cada bem, etc. Assim, essa figura do testamento era possível que a família conseguisse ordenar a vida a partir da morte da figura da pater. O pater que morria sem deixar testamento, era considerada uma família fadada a desgraça no âmbito econômico, visto que podiam perder bens e etc. 
	Ao longo dos anos e da história, a família perde essa característica de núcleo religioso, principalmente após as revoluções francesa e industrial e, hoje, o testamento é visto somente como um documento em que o indivíduo tem liberdade para dispor do seu patrimônio.
	Na sucessão legítima, não existe autonomia da vontade, pois não é o indivíduo falecido que determinou quem são os herdeiros e a forma de partilha dos bens deixados (aqui, todas as regras são determinadas pela lei – arts. 1829 e ss). Tanto que para um herdeiro ser afastado da herança isso só pode ocorrer mediante a renúncia, a indignidade ou a deserdação, visto que o direito à herança é um direito fundamental. Não basta a vontade do falecido. Ainda que eu considere um herdeiro deserdado no meu testamento, é necessária a sentença judicial confirmando tal deserdação.
	Embora o testamento seja um documento em que o seu conteúdo seja livre, veremos que a forma é prescrita em lei, pois se não seguida a forma, o testamento será considerado nulo.
2 CARACTERÍSTICAS
Ato personalíssimo:
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.
Por óbvio significa que somente o autor da herança que pode fazer constar no documento a sua vontade. No entanto, isso não impede a presença de um escrivão redigindo as cláusulas testamentárias. Os civilistas deixam claro que uma coisa é designar à alguém para fazer o testamento no meu lugar, outra coisa é chegar no cartório onde registrarei meu testamento (público) e deixar que o escrivão redija aquilo que eu quero que conste no testamento. Ninguém pode fazer o testamento pelo hereditando, sob pena de ferir a pessoalidade.
Negócio jurídico unilateral: não é necessária a manifestação de vontade do herdeiro testamentário. Mas é claro que para que haja a transmissão do meu patrimônio para o herdeiro testamentário é necessário que, após a morte, este o aceite. Se eu ainda estou viva, o patrimônio continua me pertencendo, sendo possível até mesmo eu dispor do patrimônio que se encontra no testamento. A disposição do patrimônio previsto no testamento tem os efeitos de uma revogação daquela cláusula testamentária. Não existe direito adquirido e nem expectativa de direito do herdeiro ao patrimônio previsto no testamento, visto que os efeitos do testamento só se produzem após a morte do hereditando, sendo necessário que o herdeiro testamentário esteja vivo no momento da abertura da sucessão. 
Obs: 
- Proibição de testamento conjuntivo: art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. 
Não é possível combinar em vida a destinação de bens em um testamento com o testamento de outra pessoa. Ex: não posso colocar num testamento que eu deixo um apartamento para fulano e combinar que só vou colocar isso se ele deixar um apartamento pro meu filho no testamento dele também. O testamento conjutivo é uma espécie de contrato de herança de pessoa viva, o que não é permitido no nosso ordenamento.
	- Casal que deseja dispor de bem comum a uma pessoa específica:
Um mesmo casal não pode doar um mesmo bem a uma mesma pessoa. Ex: sendo um bem parte do patrimônio comum do casal, não pode ambos, em cada testamento, deixar 50% do bem para uma única pessoa. 
Ato solene ou formal: a partir do momento em que eu escolho fazer um testamento, deve ser feito conforme os ditames legais (nº de testemunhas, etc).
* Exceção – art. 1896 do CC: testamento militar. Mesmo na exceção existem formalidades a serem seguidas.
Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893, estando empenhadas em combate, ou feridas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas.
Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento.
Ato gratuito
* Encargo
Ato revogável (arts. 1969 e 1858): eu posso fazer quantos testamentos eu quiser, que podem se revogar ou não. Se não conter clausula de revogação do testamento anterior, o juiz analisará as cláusulas testamentárias: em caso de cláusulas contendo a destinação do mesmo bem a pessoas diferentes, prevalecerá a do testamento mais novo. No entanto, não havendo incompatibilidade entre as cláusulas, todas elas serão cumpridas. 	
* Cláusula de irrevogabilidade – exceção: arts. 1609, III:
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
* Existência de 2 testamentos ou mais: possibilidades e impossibilidades de cumprimento;
Ato causa mortis:
* art. 1859 
3 CAPACIDADE DE TESTAR
	A Lei que regula a capacidade para testar é aquela vigente no momento do ato do testamento, e não o da lei vigente na abertura da sucessão ou da sua execução. A regra é de que a lei que vige a capacidade pra testar é aquela que vige no momento em que o testamento foi construído.
	Os maiores de dezesseis anos são capazes para testar.
	Conforme disposição do artigo 160, não podem testar:
Os incapazes;
Os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. 
A Lei quis abarcar também as pessoas que, mesmo não consideradas incapazes, não tinham condições de discernir a situação no momento em que fez o testamento. É necessário o pleno discernimento para testar.
Se os requisitos de formalidade não forem obedecidos, o juiz nem vai analisar as cláusulas. A ausência da forma já torna o testamento nulo.
	De acordo com o artigo 1861 do CC, “a incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade”.
	Obs: o indivíduo fez o testamento antes do estatuto do deficiente entrar em vigor e, nesse momento, a incapacidade do deficiente mental era presumida. Essa pessoa que presumidamente era incapaz, agora é presumidamente capaz, e falece na vigência do estatuto. O testamento será cumprida ou não? Se quando ele fez o testamento, a lei não o considerava capaz para testar, ele teria que ter feito um novo testamento após a vigência do Estatuto de Deficiente.
4 DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
	O grande problema do testamento é de que não é fácil fazer testamento. A depender da forma como uma cláusula é realizada, o juiz pode não considera-la. 
Regras interpretativas: 
- Utilizadas quando o testamento apresenta cláusulas obscuras.
- Se mesmo lançando mão das regras interpretativas, a cláusula continuar obscura, o juiz não vai aplica-la. 
- Algumas regras a serem utilizadas: 
1) a vontade do testador deve ser interpretada de modo mais amplo: (ex. deixo a parte disponível do meu patrimônio para os meus sobrinhos sem identificá-los. Quando fez o testamento, a pessoa só tinha dois sobrinhos. Mas quando morreu, tinha dez sobrinhos. Existe aqui uma margem de obscuridade: quem seriam os sobrinhos herdeiros. Será que ele só queria beneficiar os sobrinhos conhecidos no momento do testamento ou todos os sobrinhos que ele tem? Pela regra da interpretação mais ampla, será entregue a herança para todos os sobrinhos). 
2) deve-se utilizar o significado comum das palavras: o juiz deve buscar o conhecimento geral para se compreender qual o significado que aquela palavra tem no cotidiano comum das pessoas. 
3) em caso

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