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As arras ou sinal vêm a ser a quantia em dinheiro, ou outra coisa móvel, em regra, fungível, dada 
por um dos contraentes ao outro, a fim de concluir o contrato, e, excepcionalmente, assegurar o 
pontual cumprimento da obrigação, as arras podem estar presentes em todos os contratos nos quais 
restam pendentes obrigações, podendo ser inseridas nos negócios jurídicos bilaterais e unilaterais, 
como na hipótese do mútuo oneroso. Vale ressaltar que as arras não podem ser equivalentes à 
integralidade do pagamento, possuindo diversas finalidades na relação contratual, pois servem como 
garantia para demonstrar seriedade ao ato, valendo ainda como princípio de pagamento, e de 
indenização na hipótese de ser configurado o arrependimento de qualquer dos contratantes, quando 
estiver devidamente expressa no instrumento contratual. 
Assim, as arras caracterizam-se como pacto acessório, que insere uma condição resolutiva ao 
negócio jurídico pactuado caso venha a ocorrer a possibilidade de arrependimento. 
as arras podem estar presentes em todos os contratos nos quais restam pendentes obrigações, 
podendo ser inseridas nos negócios jurídicos bilaterais e unilaterais, como na hipótese do mútuo 
oneroso citada na obra de Sílvio de Salvo Venosa. Não é possível que terceiro estranho à relação 
contratual ofereça as arras, pois estaria descaracterizado o negócio, já que o instituto jurídico das 
arras é exclusivo das partes contratantes. Como por exemplo: 
“Assim, se A pretende efetivar um contrato de compra e venda, poderá entregar a B, que é o 
vendedor, uma quantia em dinheiro, como prova da conclusão do contrato e como garantia de seu 
adimplemento. O sinal funciona, pois, não só como um reforço nos contratos bilaterais ou 
comutativos, indicando a realização definitiva do concurso de vontades, ao firmar a presunção de 
acordo final, devendo, em caso de execução, ser restituído ou computado na prestação devida, se do 
mesmo gênero da principal (CC, art. 417), mas também como uma garantia ao pontual cumprimento 
da obrigação avençada, visto que se pode convencionar a possibilidade do desfazimento do contrato 
por qualquer das partes, hipótese em que terá função indenizatória. Assim, aquele que deu o perderá 
para outro e o que recebeu o devolverá mais o equivalente, não havendo, em qualquer caso, direito à 
indenização suplementar (CC, art. 420), assegurando-se, assim, às partes o direito de 
arrependimento.” 
Em relação a sua formação elas podem estar presentes tanto nos contratos definitivos, bem 
como nos preliminares, devendo ser pactuadas no momento da celebração do contrato ou em 
momento posterior, mas desde que seja estabelecida antes do adimplemento das prestações 
obrigacionais. Nos contratos solenes, as arras atuam com a função de prevenir possível 
arrependimento, vez que prefixa as perdas e danos, nos moldes do que fora ventilado inclusive na 
transcrição doutrinária realizada. 
Tendo em vista os artigos 419 e 420 do Código Civil acabam indiretamente separar o instituto 
jurídico das arras em duas funções, sendo elas: arras confirmatórias e arras penitenciais . As arras 
confirmatórias, estas consistem na entrega de uma coisa por um dos contratantes em favor do outro, 
com o intuito de comprovar sua intenção na realização do negócio jurídico, bem como garantir que 
esse será cumprido, de modo a impedir o arrependimento por uma das partes.Por fim, no tocante às 
previsões expressas pelo artigo 419 do Código Civil, devemos lecionar que além da indenização 
suplementar a parte lesada poderá exigir o cumprimento do contrato entabulado, sem prejuízo da 
reparação pelos prejuízos suportados, neste caso servindo as arras como a indenização mínima a ser 
aplicada. 
Diante desses fatos podemos observar o triplo objetivo das arras confirmatórias, finalidades estas 
amplamente debatidas pela jurista Maria Helena Diniz, que ao abordar o tema discorre: 
“a) confirmar o contrato, tornando-o obrigatório, fazendo-o lei entre as partes, não sendo mais 
lícito a qualquer contraente rescindir o negócio unilateralmente, pois firmaram a presunção de que o 
contrato se formou; 
b) antecipar o pagamento do preço, de sorte que o seu quantum será imputado no preço 
convencionado. A importância entregue como sinal será tida como adiantamento do preço. A esse 
respeito estatui o Código Civil, no art. 417, in fine , que as arras, quando o contrato concluído for 
executado, deverão ser computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal, ou 
restituídas, se não o forem. As arras em dinheiro constituem princípio de pagamento, mas a recíproca 
não é verdadeira, visto que nem todo o princípio de pagamento deve ser havido como arras ( RT, 
190:876 ); 
c) determinar, previamente, as perdas e danos pelo não cumprimento das obrigações a que tem 
direito contraente que não deu causa ao inadimplemento. As arras confirmatórias não são 
incompatíveis com a indenização do dano (...). Essa indenização de perdas e danos por 
inadimplemento contratual ( RT, 516:228 ; CC, art. 389) será apurada tendo por base o valor atual do 
desfalque patrimonial sofrido pela parte inocente. Com isso, percebe-se que as arras confirmatórias 
não são consideradas como estimativa da totalidade das perdas e danos.” 
Portanto, o conceito, bem como as características que envolvem as arras confirmatórias, estas 
que possuem previsão nos artigos 417, 418 e 419, todos do Código Civil Brasileiro. 
 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8254/Arras

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