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1 MICROECONOMIA: TEXTO DE APOIO À DISCIPLINA ECONOMIA GERAL Professor Joelson Gonçalves de Carvalho Este material é, por seu próprio caráter, um apanhado de temas fundamentais para o entendimento de questões econômicas mais densas. Sendo assim, ela não tem a pretensão de aprofundar ou polemizar questões teórico-metodológicas ou de cunho ideológico, é apenas um esforço de síntese destinado de alunos de áreas distintas à economia, mas que necessitam apreendê-la para fins específicos. Para sua elaboração foram usadas diversas fontes dispersas em meios impressos e virtuais, bem como provas anteriores sistematizadas em diversos sites específicos para estes fins. Antes das primeiras análises, vamos adiantar uma premissa básica: a ciência econômica é mais que a Lei da Escassez. Entendemos aqui que a ciência econômica é uma ciência humana, socialmente aplicada. Ciência que se vale sim de estudos matemáticos e estatísticos, contudo, eles são ferramentas analíticas, ainda além de forte alicerce na história, é uma ciência que apresenta viés analítico. 1 – OFERTA, DEMANDA E EQUILÍBRIO DE MERCADO Demanda O conceito de demanda é simples. Demanda é o ato de procurar um produto no mercado. Todos os produtos têm diversas variáveis que o consumidor leva em consideração na hora de demandá-lo, contudo, por questões de restrição orçamentária, o preço é a única variável em comum para qualquer produto demandado. Sendo assim, podemos ter: a) Demanda de arroz se dá em função do preço, qualidade, marca, tipo, entre outros; b) Demanda de cerveja se dá em função do preço, marca, temperatura, local, entre outros; c) Demanda de perfume se dá em função do preço, cheiro, e marca entre outros. Sendo assim, podemos definir a demanda como uma função do preço, coeteris paribus. E tendo como base a renda rígida do consumidor, fica claro que a curva de 2 demanda é negativamente inclinada, demonstrando uma relação inversa entre preço e quantidade demandada. A condição coeteris paribus é importante, pois ela significa que as outras variáveis que interferem na demanda são tomadas como constantes. Ou seja, não que não sejam importantes, mas são consideradas iguais para todos os produtos e, portanto são deixadas para análises específicas. Esquematicamente: D = f (P) Os bens de Giffen são uma exceção à lei de demanda, pois, para estes bens aumentos de preço geram aumentos de quantidades demandadas e reduções de preço geram redução de quantidade demandada, ou seja, a curva de demanda do bem de Giffen terá inclinação positiva. O exemplo mais citado na literatura é o caso de batatas para as famílias pobres inglesas. Quanto mais as batatas subiam de preço, menos dinheiro as famílias tinham para comprar outros alimentos, por isso compravam mais batatas. Podemos fazer uma análise inversa usando o exemplo de obras de arte que quanto mais caras, maior o interesse por elas, mas os bens de giffen, na literatura, estão associados aos bens destinados mais ao consumo de baixa renda. Oferta A oferta é o ato de pôr o produto a venda. De modo simples, a oferta não pode ser confundida com a produção e nem a venda. Obviamente é ofertado o que foi produzido com o intuito de vender, contudo, o simples fato de produzir não indica diretamente que o produto será ofertado. Na análise da oferta ainda a que se supor que os preços são dados no mercado, isto é, que a empresa trabalha com concorrência perfeita. 3 Obviamente, muitos fatores interferem para que determinada empresa oferte um produto e não outro. Entretanto, a variável perene em todos os produtos ofertados é o perco. Ou seja, a oferta se dá em função do preço, coeteris paribus as outras variáveis. O = f (P) Se o preço da soja cai, os produtores não vão querer plantar a soja, portanto a quantidade de soja também vai diminuir. A tendência é que os produtores de qualquer bem busquem produzir o que tem um maior no preço no mercado. Em sendo assim a curva de oferta é positivamente inclinada. Mercado O conceito de Mercado é, muitas vezes, apresentado de modo estereotipado pela mídia. É comum se ouvir falar “o mercado acordou nervoso”, “o mercado não reagiu bem”, entre tantas outras frases que em vez de esclarecer, apenas ajudam a confundir um conceito tão simples. Mercado é o lócus de interação entre oferta e demanda. De modo mais completo, segundo os dicionários de economia, mercado é um mecanismo que ajusta o consumo, a produção, fixa os preços e as quantidades e os recursos entre si, reparte o rendimento ou fixa o preço dos bens. No sentido mais geral é o lugar de encontro entre compradores e vendedores de bens e serviços numa acepção abstrata e impessoal. É uma forma de confronto entre milhões de compradores e vendedores que se realiza diariamente, sem necessidade de se encontrarem em um determinado local. Ex: mercado do petróleo, do ouro, do dólar. 4 Equilíbrio do consumidor O equilíbrio do consumidor é uma situação na qual o consumidor maximiza sua utilidade (satisfação) tendo como restrição um determinado nível de renda. Num gráfico (ou mapa) de indiferença, esta situação é obtida quando o consumidor alcança a Curva de Indiferença situada no ponto mais elevado, dadas as limitações de seu nível de renda. Bens substitutos e complementares: relação entre preços de diferentes bens O aumento (ou redução) de determinados bens pode interferir na curva de demanda de outros bens. Estes bens são chamados de bens complementares ou bens substitutos. A reação depende do tipo de relação existente entre os dois bens. A) Se o aumento do preço do bem i aumentar a demanda do bem x, os bens i e x serão chamados substitutos ou concorrentes. Um exemplo meramente didático, desconsiderando a preferência, temos a cerveja i e a cerveja x. Outro exemplo bastante utilizado é o caso da margarina e manteiga. 5 Graficamente, como demonstrado acima, houve um deslocamentos da curva de procura. Quando o preço do bem i ( i e x - substitutos) aumenta a um mesmo preço do bem x(PX) , a quantidade procurada deste bem aumenta. A curva (toda ela) de procura se desloca para a direita. Com raciocínio semelhante chega-se à conclusão de que, quando o preço do bem i diminui, a curva de procura do bem x se desloca para a esquerda. B) Se o aumento do preço do bem i ocasionar uma queda na demanda do bem x, os bens serão chamados complementares. É o caso da relação entre pão e manteiga. Como se pode observar, bens complementares são aqueles que, em geral, são consumidos conjuntamente. Graficamente se o preço de um sobe a demanda do outro cai (ou vice-versa), conforme demonstrado no gráfico abaixo. Deslocamentos NA CURVA e deslocamentos DA CURVA: como vimos o aumento (ou redução de preços) de determinado produto faz com que este mesmo produto seja menos (ou mais) demandado. Isto faz com que haja um deslocamento na curva de demanda. Contudo, como podemos ver no caso dos bens substitutos e 6 complementares, existem deslocamentos da curva de demanda, ou seja, toda a curva se desloca para a direita ou para a esquerda. Em síntese, a inclinação da curva de demanda é negativamente inclinada por conta de três efeitos: o efeito substituição, o efeito renda e a utilidade marginal do produto. Efeito substituição: se um bem X possui um substituto Y, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, coeteris paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto Y, reduzindo a demanda pelobem X. Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, tudo o mais constante (renda do consumidor e preços de outros bens constantes), o consumidor perde poder aquisitivo e a demanda pelo produto cai; Utilidade Marginal: quanto maior a quantidade de um produto que o consumidor pode adquirir, menor será a utilidade ou satisfação adicional (marginal) com cada unidade adicional consumida, o que o levará a reduzir a quantidade demandada do bem. Bens normais, inferiores e superiores: a relação entre a demanda dos bens e a renda do consumidor. Na grande maioria das vezes existe uma relação direta ente aumento da renda do consumidor e o consumo dos bens. Mas isso não é uma regra geral, como veremos. Quando a renda de um indivíduo aumenta (ele fica mais rico) alguns bens serão mais consumidos, mas outros não, ao contrário, diminuem a demanda em relação a eles. Aos primeiros chamamos bens normais aos segundos, bens inferiores. Um exemplo nos ajuda: quanto mais renda maior será a quantidade de carne de primeira demandada e menor será a carne de segunda. Estes casos também serão analisados quando falarmos de elasticidades. A tendência inexorável ao equilíbrio em concorrência perfeita Vimos acima o gráfico do equilíbrio de mercado. A economia neoclássica diz que existe uma tendência inexorável ao equilíbrio. Veja o gráfico abaixo. 7 Para qualquer preço superiora P0, a quantidade que os ofertantes desejam vender é maior que a que os consumidores desejam comprar. Em linguagem técnica, dizemos que existe um excesso de oferta. Quanto maior o preço, maior será o excesso de oferta. De outra parte, para qualquer preço inferior a P0 surgirá um excesso de demanda. Quanto menor o preço, maior será o excesso de demanda. Em qualquer destas situações não existe equilíbrio, mas... Analisaremos o que ocorre nestas situações. No caso de excesso na demanda, os preços tendem a subir, pois: 1) os compradores, incapazes de comprar ao preço existente, se dispõem e passam a pagar mais e 2) os vendedores que podem elevar os preços sem queda em suas vendas. No caso de excesso de oferta, os preços tendem a cair, pois: 1) os vendedores percebem seus estoques aumentarem e, assim, passam a oferecer a preços menores e 2) os compradores notam os estoques e passam a pedir descontos. 2 – ESTUDO DAS ELASTICIDADES A elasticidade é um cálculo que mede o grau de sensibilidade entre duas variáveis. Na microeconomia existem três principais elasticidades: a que mede a relação entre preço e quantidade; outra que mede a relação entre demanda e renda e, por fim, uma que mede a relação entre quantidade de um produto com a demanda de outro. Abaixo encontramos um detalhamento mais aprofundado de cada uma. 8 Elasticidade Preço da Demanda (EPD) Esta elasticidade mede a variação percentual na quantidade demandada a partir de uma variação percentual no preço do produto. EPD = ∆%Q ∆%P EPD > 1 → o produto é considerado elástico EPD < 1 → o produto é considerado inelástico EPD = 1 → o produto tem elasticidade unitária Obs.: A elasticidade-preço da demanda representa o comportamento do consumidor quando o preço do produto varia. Portanto, como já visto, sendo a curva de demanda negativamente inclinada, o valor deve ser analisado em módulo sempre. Elasticidade da demanda e as regras de Marshall: Quanto mais essencial for o bem, menor será a sua elasticidade (quanto menos essencial, maior será a elasticidade). Quanto maior for a representatividade do bem demandado no orçamento, maior será a sua elasticidade de demanda. Quanto menos substitutos existir para um bem, mais inelástica é a sua demanda (quanto mais substitutos, maior será a elasticidade da demanda). A elasticidade preço de demanda pelo bem é maior no longo prazo do que no curto prazo. Elasticidade Renda da Demanda (ER) Ela mede a variação percentual da quantidade demandada a partir de uma variação percentual na renda do consumidor. ER = ∆%Q ∆%Y ER < 0 → o bem é considerado inferior ER > 1 → o bem é considerado superior 0< ER <1 → o bem é considerado normal 9 Elasticidade Preço Cruzada da Demanda (Ex,y) Esta elasticidade mede a variação percentual da quantidade demandada de um bem x a partir de uma variação percentual no preço de um bem y. EXY = ∆%Qx ∆%Py EXY < 0 → os bens são considerados complementares entre si EXY > 0 → os bens são considerados substitutos entre si EXY = 0 → os bens são considerados independentes QUADRO SINTÉTICO DE ELASTICIDADE Elasticidade-preço da demanda Epd Elasticidade renda Er Elasticidade-preço cruzada da demanda E x,y EPD > 1 BENS ELÁSTICOS ER < 0 BENS INFERIORES E X,Y > 0 BENS SUBSTITUTOS EPD < 1 BENS INELÁSTICOS 0 ≤ ER ≥ 1 BENS NORMAIS E X,Y < 0 BENS COMPLEMENTARES EPD = 1 ELASTICIDADE UNITÁRIA ER > 1 BENS SUPERIORES (de luxo) E X,Y =0 BENS INDEPENDENTES Outra importante análise gráfica consiste nos chamados casos extremos. Estes casos são representados pelos gráficos abaixo. O primeiro é quando a demanda é totalmente inelástica, ou infinitamente inelástica. 10 No gráfico acima percebesse que as variações nos preços dos produtos não interferem ou não provocam variações nas quantidades demandadas. Exemplos reais são difíceis, mas um exemplo próximo seria o sal. Mas também podemos pensar em exemplos hipotéticos, um medicamento necessário à vida que o consumidor precise diariamente. Há também a demanda totalmente elástica, ou perfeitamente elástica, que demonstra que pequenas variações nos preços causam variações que tendem ao infinito. Perceba que as quantidades podem variar mesmo sem variação nos preços. III – ESTRUTURAS DE MERCADO Já vimos, o que é mercado, cabe agora ver como os mercados estão organizados. A essa organização chamamos de estruturas de mercado. Cada estrutura de mercado baseia-se em hipóteses e características observadas a partir da interação entre oferta e demanda. Existem quatro principais estruturas de mercado, são elas: Concorrência Perfeita; Monopólio; Concorrência Monopolista e Oligopólio. Concorrência Perfeita Essa estrutura descreve o funcionamento equilibrado ou ideal do mercado. Para sua análise é necessário o estabelecimento de diversos pressupostos que pouco se observam na prática, contudo, sua importância enquanto modelo de análise está no fator comparativo com estruturas mais reais, presentes no cotidiano econômico. Pressupostos da concorrência perfeita 1. Atomização do mercado: existência de grande número de compradores e de vendedores atuando isoladamente, que se comparado ao tamanho do 11 mercado, nenhum deles conseguem influenciar no preço. Assim, os preços dos produtos são fixados uniformemente no mercado; 2. Produtos homogêneos: isto é, são substitutos perfeitos entre si; dessa forma não pode haver preços diferentes no mercado. Os compradores são indiferentes em relação às firmas (vendedores) no momento de adquirir o produto; 3. Informações simétricas: transparência de mercado, ou seja, existe completa informação e conhecimento sobre o preço do produto. Assim, nenhum vendedor colocará seu produto no mercado por um preço inferior ao do concorrente; da mesma forma, os consumidores não estariam dispostos a pagar um preço superior ao vigente; 4. Livre mobilidade: a entrada e saída de firmas no mercado são totalmente livres, não havendo barreiras legais e econômicas. Isso permiteque firmas menos eficientes saiam do mercado e que nele ingressem firmas mais eficientes; 5. Lucratividade normal: consiste em lucros que apenas remunerem fatores de produção, isto é, inexistem lucros extraordinários. O modelo de concorrência perfeita descreve um mercado no qual nenhum agente tem capacidade para influenciar os preços (poder de mercado nulo). Assim, cada empresa age individualmente, sem ter em conta as decisões das outras. Observando o preço de mercado, decide que quantidade pretende vender a esse preço. Estas hipóteses justificam o pressuposto seguinte, que, na prática, define concorrência perfeita. Ao preço de mercado, p, a empresa vende a quantidade de produto que quiser. A um preço superior, a empresa não consegue vender qualquer quantidade. O objetivo da empresa é maximizar o seu lucro. Em concorrência perfeita, como o preço é independente da quantidade, a receita total é linear e a receita média e o rendimento marginal são constantes e iguais ao preço de mercado: LT (q) = RT (q) -CT (q) = p × q -CT (q) 12 A empresa escolhe o volume de produção que maximiza a diferença entre a receita total e o custo total. Nesse volume ótimo, o custo marginal é igual ao rendimento marginal (que, em concorrência perfeita, é igual ao preço). No curto prazo, ainda que os lucros sejam negativos, a empresa pode ter interesse em manter a produção. Se não produzir, terá um prejuízo igual aos custos fixos (afundados). Portanto, deve produzir caso as receitas sejam suficientes para compensar os custos variáveis. Se o preço for igual ao custo marginal a empresa está operando com lucro máximo. No longo prazo, em concorrência perfeita, o preço do bem é dado para a firma individual (ela não tem poder de afetar o preço que é fixado pelo mercado). Assim, a receita adicional (RMg), por unidade vendida, é o próprio preço do bem, fixado pelo mercado: p = RMg E a condição de equilíbrio (ou seja, de maximização de lucros) fica: CMg = p Produção Vendas Custo Total Preço Receita Total Lucro Total Custo Marginal Receita Marginal Custo Fixo Total (CFT) Custo Variável Total (CVT) Custo Fixo Médio (CVFMe) Custo Variável Médio (CVMe) Custo Médio (CMe) 0 10 5 0 -10 - - 10 0 - - - 1 15 5 10,00 5,00 15,00 2 18 3 20 4 21 5 23 6 26 7 30 8 35 9 41 10 48 11 56 14 Monopólio Situação em que um setor do mercado com múltiplos compradores é controlado por um único vendedor de mercadoria ou serviço, sendo assim não existe concorrência na oferta. A empresa domina sozinha o mercado, tendo, portanto, uma grande poder de barganha na formação do preço do produto. Dentre as razões para a existência de um monopólio podemos citar as barreiras estratégicas e estruturais. As barreiras estruturais decorrem das características tecnológicas, econômicas ou legais dos mercados. Temos como exemplos de barreiras estruturais: Economias de escala (monopólios naturais); Economias de aprendizagem; Economias de relacionamento/confiança; Diferenciação; Patentes; Concessões; Tarifas e quotas (restrições ao comércio internacional). As barreiras estratégicas são devidas à ação deliberada dos monopolistas, que procuram evitar a entrada de concorrentes e manter a sua posição dominante. Os exemplos de barreiras estratégicas são: Preço limite: preço fixado não com o objetivo de maximizar o lucro, mas com o objetivo de fazer com que a entrada no mercado não seja rentável; Excesso de diferenciação: a proliferação de marcas cobre o mercado de forma a não deixar espaço a potenciais concorrentes (cereais de pequeno-almoço, imprensa); Controle de inputs e outlets: a integração vertical e os contratos de exclusividade garantem vantagens competitivas à empresa instalada em termos de custos de transação; Publicidade: a fidelização e a imagem de marca podem tornar a entrada demasiado dispendiosa. A demanda da firma é sempre igual à procura do mercado, havendo uma relação inversa entre o preço fixado e a quantidade vendida: quanto mais elevado for o preço, 15 menor é a quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir o produto. Estando sujeito à procura do mercado, o monopolista deve escolher o ponto mais rentável da curva da procura. O monopolista escolhe a quantidade a produzir e vender de forma a maximizar o seu lucro, ou seja, o monopolista maximiza o seu lucro escolhendo o volume de produção, Q, para o qual o RMg iguala o CMg. O lucro do monopolista é maximizado quando o benefício obtido com a venda da última unidade produzida iguala o custo de produzir essa unidade adicional: RMg =CMg • Se RMg(Q)>CMg(Q), então a produção de uma unidade adicional tem um rendimento superior ao custo. A empresa deve aumentar o volume de produção para maximizar o seu lucro. • Se RMg(Q)<CMg(Q), então a produção da última unidade fez diminuir o lucro (rendimento inferior ao custo). Logo, a empresa deve diminuir o volume de produção. Outra forma de diferenciar estruturas monopólicas é pela possibilidade ou não de concorrência. Em monopólio podemos diferenciar duas situações, o monopólio puro ou natural e ainda o monopólio não natural. No natural, existe apenas uma empresa e existe a impossibilidade de entrada de outra empresa, seja por questões ambientais, legais, econômicas ou outra qualquer. Já no monopólio não natural, em que pese existir apenas uma empresa nada impede a entrada de outra empresa, ou seja, o monopólio pode ser apenas temporário, como, por exemplo, uma única faculdade em uma cidade ou um único cinema. É bom que se diga que a legislação da maioria dos países proíbe o monopólio, com exceção dos exercidos pelo Estado, geralmente em produtos e serviços estratégicos. No monopólio puro (que é uma falha de mercado, como veremos mais adiante) o governo tem um papel crucial para impedir que os preços subam demais. Ele age por meio de suas Agências Reguladoras – as ANA’s – Ex: ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres), ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), entre outras. 16 No monopólio não natural, a empresa ofertante precisa se atentar à concorrência potencial e com isso estabelecer o preço de barreira de modo a impedir a entrada de concorrentes. Se este preço for alto demais, o mercado se torna muito atrativo. Se for baixo demais, ela fica sem capital para investir na melhoria de processos produtivos deixando margem à entrada de concorrentes que o façam e ganhem seu mercado. No monopólio existem vantagens e desvantagens. Os argumentos favoráveis aos monopólios concentram-se principalmente nas vantagens da produção em grande escala, como a elevação de rendimento propiciado pelas inovações tecnológicas e a redução dos custos. Também se afirma que os monopólios podem racionalizar as atividades econômicas, eliminar os excessos de capacidade e evitar a concorrência desleal. Outra das vantagens que lhes são atribuídas é a garantia de um determinado grau de segurança no futuro, o que torna possível o planejamento a longo prazo e introduz maior racionalidade nas decisões sobre investimentos. Os argumentos contrários estão centrados no fato de que o monopólio, graças a seu poder sobre o mercado, prejudica o consumidor ao restringir a produção e a variedade, e ao obrigá-lo a pagar preços arbitrariamentefixados pelo monopolista. Também se assinala que a ausência de concorrência pode incidir negativamente sobre a redução dos custos e levar à subutilização dos recursos produtivos. Concorrência Monopolista É uma estrutura de mercado na qual são produzidos bens diferentes, entretanto, com substitutos próximos e passíveis de concorrência. Em outras palavras, muitas empresas, com diferenciação de produto e porte empresarial. Fazem parte deste mercado: marcas de sabonetes, refrigerantes, sabão em pó, etc. Sendo assim podemos dizer que existe geralmente uma empresa líder, grandes empresas, empresas médias e um elevado número de empresas pequenas A diferenciação dos produtos pode se dar por meio de características físicas (composição química), pela embalagem ou pelo esquema de promoção de vendas (propagandas, atendimento ao cliente, brindes, entre outros). Nessa estrutura de mercado, cada empresa tem certo poder sobre a fixação de preços, no entanto a exigência de substitutos próximos permite, aos consumidores, alternativas para fugirem do aumento de preços. Sintetizando suas características temos: a) Muitos compradores e vendedores; b) Os consumidores têm as suas preferências definidas e os vendedores tentam diferenciar seus produtos (preços 17 baixos, elevado padrão de qualidade, etc.); c) Não há barreiras para entrada de novas firmas e d) Quem define o preço é a empresa líder. Quando, dentro dessa estrutura de mercado, uma empresa lança algo exclusivamente novo, apenas ela detém, configura um monopólio (temporário) dentro de um mercado com ampla concorrência. Decorre daí o nome dessa estrutura de mercado: Concorrência Monopolista. Em outras palavras, significa que os produtos podem ser iguais, mas cada empresa vai tentar diferenciá-los para que não entrem no mercado de igualdade dos artigos. Exemplos: batata frita com sal e batata frita sem sal, com sabor queijo ou sem sabor queijo. Oligopólio Caracteriza-se por um mercado no qual a oferta de um produto ou serviço é controlada por pequeno grupo de vendedores, ou seja, pequeno número de firmas produtoras. Características fundamentais do oligopólio 1) Existência de poucas firmas. Pode ter duas, três, doze ou mais firmas, dependendo da natureza do mercado. Entretanto o número deve ser pequeno, de tal forma que as firmas levem em consideração e rejam nas decisões quanto ao preço e produção da outras. A noção fundamental subjacente ao oligopólio é a da interdependência econômica, ou seja, as decisões sobre o preço e a produção de equilíbrio são interdependentes, porque a decisão de um vendedor influi no comportamento econômico dos outros vendedores. 2) Produto homogêneo ou diferenciado. Quando o oligopólio oferece produtos homogêneos (substitutos perfeitos entre si) ele é considerado Oligopólio “Puro” (indústria do cimento, aço etc.). Caso contrário será considerado Oligopólio diferenciado (indústria automobilística e de fumo). As empresas tornam-se interdependentes e guiam suas políticas de produção de acordo com a política das demais empresas por saberem que, em setores de pouca concorrência, a alteração de preço ou qualidade de uma firma afeta diretamente os demais. As empresas produzem um produto homogêneo (ex.: aço) ou um produto 18 diferenciado (ex.: automóveis), embora com substitutos próximos. Dentre as formas mais usuais de se analisar a competição no oligopólio, temos: 1. Demanda quebrada: Explica porque os preços dos oligopólios permanecem constantes por longos períodos de tempo, mesmo quando há pequenas alterações nos custos. Os oligopolistas supõem que a curva de demanda seja quebrada e se um empresário aumentar o preço, os outros não o seguiram, pois a demanda é elástica. Por outro lado, se um empresário baixar os preços, os outros também baixarão talvez mais do que ele, gerando uma “guerra de preços” em um ramo inelástico da demanda de mercado. Ex.: empresas aéreas. 2. Liderança de Preços: É uma coalizão imperfeita, onde as empresas de um setor oligopolista decidem tacitamente estabelecer o mesmo preço, aceitando a liderança de uma empresa da indústria. A firma líder fixa o preço e é seguido pelas demais. Ex.: cimento. 3. Cartel Perfeito: É uma associação formal ou informal de produtores que transferem para uma organização central todas as decisões referentes a preços visando aumentar o seu lucro (funciona como um monopólio). Os oligopolistas reconhecem a interdependência que têm, procuram se unir e maximizar o lucro do cartel. Ex.: OPEP. 4. Teoria da Organização Industrial moderna: É maximizar o crescimento da firma, mantendo uma margem (mark-up) sobre os custos. A estratégia de crescimento da firma é a inovação. Quanto maior a diversificação do produto (inovação) maior o crescimento equilibrado da firma. Concorrência no oligopólio: Processo de destruição criativa Segundo um dos autores mais influentes da teoria econômica contemporânea, o economista Joseph Schumpeter, no oligopólio, a forma de concorrência mais intensa não se dá pela guerra de preços como já se antecipou, mas sim pela inovação. As inovações podem ser tanto de processos, quando se melhora o modo de se fazer o produto, quanto de produto, quando se melhora o produto propriamente dito. A concorrência é influenciada pelas inovações nos processos ou nos produtos, que podem ser: 1. Inovação radical: consiste em destruir o produto anterior e sua cadeia produtiva de modo rápido e irreversível, a partir do surgimento de um novo produto e consequentemente uma nova cadeia produtiva. Exemplo: das antigas máquinas de escrever ao computador pessoal; 19 2. Inovação incremental: quando um produto ou processo é constantemente modificado e se torna melhor do que era. Isso vai destruir o produto velho em um hiato de tempo mais longo. Exemplo: dos primeiros televisores a válvula à atual TV de LCD; 3. Inovação adaptativa: inovação para a empresa e não para o mercado. A empresa em questão se equipara às outras que já evoluíram. De modo simplificado seria um Control C – Control V empresarial, no qual a empresa que inova apenas copia as inovações já presentes no mercado. Em síntese, os oligopólios proporcionam lucros bastante vantajosos para as empresas, o que possibilita o investimento em novas tecnologias e com novas tecnologias, as antigas ficam mais acessíveis à parcela da população menos favorecida. O preço do produto novo, entretanto, é bastante elevado, isso é conhecido como lucro do inovador e serve para aumentar a capacidade de inovações futuras. A empresa que não consegue inovar não consegue os lucros extraordinários, não se capitalizando o suficiente e, portanto, tende a se endividar e no futuro se vender ou fechar as portas. 20 RESUMO SINTÉTICO DAS ESTRUTURAS DE MERCADO Concorrência Perfeita Monopólio Concorrência Monopolística Oligopólio Número de Concorrentes Muito grande. Mercado perfeitamente atomizado. Apenas um. Prevalece a unicidade. Grande. Prevalece a competitividade. Geralmente pequeno. Produto ou Fator Padronizado. Não há quaisquer diferenças entre os ofertados. Não têm substitutos satisfatórios ou próximos. Diferenciado. A diferenciação é fator-chave. Pode ser padronizado ou diferenciado. Controle sobre Preços ou Remunerações Não há qualquer possibilidade. Muito alto, sobretudo quando não há intervenções corretivas. Há possibilidades, mas são limitadas pela substituição. Dificultado pela interdependência das concorrentesrivais. Amplia- -se quando ocorrem conluios. Concorrência Extra-preço Não é possível nem seria eficaz. Admissível para objetivos institucionais. Decorrente da diferenciação. Resulta de fatores como marca imagem, localização e serviços complementares. Vital, sobretudo nos casos de produtos diferenciados. Condições de Ingresso Não há quaisquer tipos de obstáculos. Impossível. A entrada de concorrentes implica o desaparecimento do monopólio. São relativamente fáceis. Há consideráveis obstáculos, geralmente derivados de escalas e de tecnologias de produção. Informações Total transparência. Opacidade. Geralmente amplas. Há visibilidade, embora limitada pela rivalidade.
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