Buscar

DIREITO ADMINISTRATIVO

Prévia do material em texto

DIREITO ADMINISTRATIVO
	
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO: o direito é objetivamente considerado o conjunto de regras de condutas coativamente impostas pelo Estado em busca da justiça. O direito positivo se subdivide em público (interno e externo) e privado. 
DIREITO PÚBLICO: este visa regular os interesses estatais e sociais, em sua primeira subdivisão (interna – união, estados e municípios), enquanto a outra (externa) regula as relações entre os Estados Soberanos no plano internacional.
DIREITO PRIVADO: tutela predominantemente os interesses individuais, tanto nas relações do indivíduo para indivíduo ou desse com o Estado.
OBS: O direito administrativo rege as regras do direito público interno.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: é o aparelhamento estatal que concretiza a vontade política do governo. O sistema adotado no Brasil é o FORMAL, ou seja, a lei descreve as pessoas/órgãos que irão exercer as atividades, independentemente quais sejam.
→ DIRETA: é composta por órgãos não dotados de personalidade jurídica (Ministérios, Secretarias de Estado, etc.) – via de regra, não tem capacidade para estar em juízo.
→ INDIRETA: são pessoas dotadas de personalidade jurídica e capacidade para estar em juízo. Os entes são: a) Autarquias; b) Fundações; c) Empresas públicas; d) Sociedades de economia mista e e) agências reguladoras e consórcios públicos.
OBS: No Brasil, o PR é o CHEFE de Estado, governo e ADMPF.
FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO: são divididas em quatro, sendo a lei a fonte primária, e as restantes secundárias:
LEI: é a fonte primária e principal do direito administrativo, em sentido amplo.
DOUTRINA: sistema teórico dos princípios aplicáveis ao referido ramo. Influenciam na elaboração das leis e das decisões administrativas.
JURISPRUDÊNCIA: é a reiteração dos julgamentos no mesmo sentido. Não tem seguimento obrigatório – serve apenas como orientação. Exceção: quando o STF editar súmula vinculante esta será obrigatória – sendo considerada como fonte primária.
COSTUMES: são condutas reiteradas praticadas pelos agentes públicos. EM DESUSO. Porém, ainda influi por conta da deficiência da legislação.
INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE: FÉ PÚBLICA – até que se prove o contrário, presume-se que os atos administrativos são legais, para interesse da população.
DISCRICIONARIEDADE: poder de escolha e liberdade dos administrados.
SUPREMACIA JURÍDICA: o tratamento da administração pública é privilegiado, dispensando algumas formalidades.
SISTEMAS ADMINISTRATIVOS: são regimes adotados pelo Estado para a correção dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público.
JUDICIÁRIO/INGLÊS: é aquele em que todos os litígios são resolvidos judicialmente pela Justiça Comum, ou seja, pelos juízes e Tribunais do Poder Judiciário. ADOTADO NO BRASIL. 
→ EXCEÇÕES!
Justiça desportiva (art. 217/CF);
SÚMULA 2/STJ: relativo ao habeas data – precisa haver recusa de informação por parte da administração;
ART. 103-A/CF: contra omissão ou ato da AP o uso da reclamação só será admitido após o esgotamento das vias administrativas;[1: Administração Pública.]
MANDADO DE SEGURANÇA: Não será cabível quando houver a possibilidade de recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução.
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS: são de observação e aplicação obrigatória por toda Administração direta e indireta de todos os poderes e níveis federativos. Não há hierarquia entre os princípios. Subdividem-se em dois grupos:
CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS (ART. 37/CF): estão dispostos no caput do referido artigo:
LEGALIDADE: o agente público só pode fazer o que a lei autoriza – não havendo espaço para a liberdade ou vontade pessoal. Enquanto para os cidadãos é lícito fazer o que a lei não proíbe, os agentes públicos só podem fazer o que ela autoriza.
IMPESSOALIDADE: a atuação da administração pública deve ser impessoal, no sentido de não favorecer determinados indivíduos. Consequentemente, o §1º do mesmo artigo proíbe a utilização de nomes ou símbolos oficiais para promoção própria.[2: STF decidiu que há violação desse princípio em razão do uso de símbolo ou slogan político-pessoais nas publicidades oficiais.]
MORALIDADE: a conduta administrativa deve observar os preceitos éticos da instituição em que o agente público atua – sendo um pressuposto para a validade dos atos administrativos (o agente deve saber distinguir o honesto do desonesto, por exemplo). 
→ Dessa forma qualquer cidadão pode propor ação popular para anular o ato que viola tal princípio.[3: MP NÃO PODE PROPOR, mas pode prosseguir com a ação popular, caso o autor seja negligente.]
→ Ainda há a possibilidade da ação de improbidade administrativa, visando à responsabilização daqueles que violem a probidade – e ainda estabelece as sanções no §4º do art. 37: a) suspensão dos direitos políticos; b) perda da função pública; c) indisponibilidade dos bens; d) ressarcimento do Erário.[4: Ação de natureza CÍVEL (e não penal).]
PUBLICIDADE: via de regra, é a divulgação oficial do ato para conhecimento do público e para início da produção de seus efeitos (eficácia). Ocorre as exceções em casos de segurança do Estado ou sigilo (violação da intimidade ou privacidade).
→ A população pode utilizar-se dos seguintes meios para o conhecimento de tais atos: a) mandado de segurança; b) direito de petição; c) ação popular e d) habeas data.
EFICIÊNCIA: é o bom funcionamento dos serviços públicos. Impõe a adoção de critérios técnicos e profissionais pelo administrador para que assegure o melhor resultado possível.
CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS: possui vários, sendo estes os mais importantes:
RAZOABILIDADE: visa aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas com lesões a direitos fundamentais. É o bom senso administrativo. A inobservância atinge a legalidade do ato.
SEGURANÇA JURÍDICA: visa dar maior estabilidade às relações jurídicas (mesmo às que, inicialmente, apresentavam vício de legalidade).
MOTIVAÇÃO: é a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos que autorizam a prática do ato (é a justificação do ato praticado).
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO: no confronto entre o interesse particular e o público, este prevalecerá!
→ Não significa que o Poder Público pode imotivadamente desrespeitar os direitos fundamentais;
→ É o princípio base do regime jurídico-administrativo;
→ O interesse perseguido pelo administrador público é o primário (da coletividade) e não o secundário (do Estado);[5: Só é válido quando coincidir com o interesse primário.]
→ É indisponível pelos agentes públicos (eles devem acolher o interesse coletivo).
AUTOTUTELA: é o poder que dispõe para rever os próprios atos, revogando os legais, inconvenientes e inoportunos, e anulando os ilegais.
FINALIDADE: é o alvo da atividade administrativa: o interesse público (coletivo).
ESPECIALIDADE: as entidades estatais não podem abandonar, alterar ou modificar as finalidades para as quais foram instituídas.
ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
NOÇÕES GERAIS: o DL 200/1967 dividiu a administração pública em centralizada (direta) e descentralizada (indireta):
Art. 4º - A Administração Federal compreende: 
I – A administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios;
II – A administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
a) autarquias;
b) empresas públicas;
c) sociedades de economia mista;
d) fundações públicas.
Parágrafo único: as entidades compreendidas da administração indireta vinculam-se ao Ministério Público em cuja área de competência estiver esquadrada sua principal atividade.
 CENTRALIZADA: é a atuação direta pelo próprio Estado através de seus órgãos. Estes são centros de competência despersonalizada, instituídos para desempenhosde funções estatais, por meio de seus agentes. Cada órgão tem sua função específica. São órgãos da administração pública direta, criados pela CF:
União;
Distrito Federal;
Estados-membros;
Municípios.
→ Estes são dotados de autonomias (administrativa, política e financeira).[6: Autonomia administrativa: possibilita o funcionamento dos Estados e Munícipios a partir da criação de suas próprias leis e constituições estaduais. Simetria: mesmo tendo suas próprias CFs estaduais, devem obedecer a Federal.][7: Autonomia política: subdivisão dos entes: PR, governadores, senadores, prefeitos, vereadores e deputados.][8: ]
→ Os poderes Legislativo e Judiciário são considerados administração direta quando estão exercendo a atividade administrativa.
DESCENTRALIZADA: é o caso da atividade ser prestada por pessoas diversas, e não pelo próprio ente político por meio de sua administração direta (órgãos) – sendo criada por esta, e chamada de indireta. Tem personalidade jurídica própria, com a função de auxiliar a administração direta. 
→ Pode resultar da criação de novas entidades (por outorga), que receberão atribuições específicas por meio de lei (art. 37, XIX/CF). Também podem ser feitas por particulares, que executam os serviços por sua conta e risco (por colaboração/delegação) – através de atos administrativos que autorizam o serviço ou pelo contrato administrativo.
DO ESTUDO DOS ÓRGÃOS: não possuem personalidade jurídica própria, mas, na área de suas atribuições e nos limites de sua competência funcional, expressam a vontade da entidade a que pertencem.
→ CARACTERÍSITCAS: não possuem: personalidade jurídica, patrimônio próprio e nem capacidade processual.
→ TEORIA DO ÓRGÃO: pessoas jurídicas expressam sua vontade por meio de seus órgãos, que são titularizados por agentes públicos.
→ CRIAÇÃO E EXTINÇÃO: apenas por meio de lei.
CAPACIDADE PROCESSUAL: via de regra, não possui (não pode ser nem polo passivo, nem ativo). Excepcionalmente, há órgãos que podem ter capacidade para certos litígios, para defender sua competência. Somente se aplica aos órgãos independentes e autônomos. Exemplo: Assembleia Legislativa Estadual.
DIVISÃO: é a subdivisão que possibilita o funcionamento da administração pública.
Independentes: são criados pela CF e não podem ser abolidos (cláusula pétrea) por possuírem existência fundamental. EX: MP, STF, STJ, etc.
Autônomos: são aqueles que auxiliam o chefe do executivo a implementar suas políticas setoriais e do governo. EX: MPE, AGU...
Subordinados: aqueles que cumprem ordens que já foram estabelecidas. EX: setor de limpeza de prédios públicos.
Superiores: sempre farão parte de um órgão independente (ex: setor de perícia) ou de um órgão autônomo (ex: consultoria jurídica), ou até mesmo de outro superior.
ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBICA: a administração pública direta cria os órgãos da indireta. 
DIREITO PÚBLICO: ela tem privilégios, como prazo em dobro e bens impenhoráveis.
PESSOA JURÍDICA: criadas pela lei. As que integram a administração pública:
→ DIRETA: União, DF, estados-membros e municípios.
→ INDIRETA: autarquias (direito público), fundações governamentais, empresas públicas, sociedades de economia mista e serviços sociais autônomos (direito privado). 
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: a criação é feita por lei (art. 37, XIX da CF), onde somente por lei específica os órgãos poderão ser criados. Essa lei especifica tem apenas um objetivo e um único assunto. Essa lei tem caráter complementar. Tem por entidades:
AUTARQUIAS: é um serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública (não podem exercer atividades econômicas). Elas fazem serviços públicos, onde o pessoal é regido pela CLT e admitidos por concurso público, não pagam alguns impostos (art. 150, §2º CF), a licitação é obrigatória para baixos preços e os bens são impenhoráveis. Exemplos:[9: As atividades típicas são: fiscalização, regulação, serviços públicos, pode de policial... ]
INSS;
FUNDAÇÕES: é de direito privado, sem fins lucrativos, podendo a lei autorizar sua criação (se forem de direito privado) e pela própria lei (se for de direito público). Praticam atividades de caráter cultural (como saúde, educação...). Não possuem capacidade política e têm imunidades tributárias. Se forem de direito público (é por concurso) e se de direito privado (pela CLT). O foro para litigio será a Justiça Estadual (direito privado) e Federal (direito público). Exemplos:
IBGE;
FUNAI.
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: exercem apoios econômicos, celetistas e não possuem imunidade (exceto quando exercem serviços públicos) – os bens são penhoráveis (exceto os destinados a serviço público). Sua forma é a S/A, obrigatoriamente. O foro processual será sempre a justiça estadual. Exemplos:
PETROBRAS;
BACEN.
EMPRESA PÚBLICA: pagam impostos (exceto o correio). As licitações são obrigatórias para preços baixos – bens são penhoráveis (exceto os destinados a serviços públicos). Podem ser de qualquer forma. Seu foro processual depende se a empresa é federal ou estadual, sendo seus respectivos foros, justiça federal e justiça estadual. Exemplos:[10: Não tramitam na justiça federal as ações trabalhistas, de acidente de trabalho, falência e ações eleitorais (art. 109/CF).]
BNDES;
EMBRAPA.
PODERES ADMINISTRATIVOS
CONCEITO: é o conjunto de prerrogativas de Direito Público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus objetivos.
DEVERES DO ADMINISTRADOR: em razão dos poderes conferidos ao agente público, surgem alguns deveres. A inobservância deles pode resultar na interposição de ação de improbidade, com sanções impostas pelo art. 37, §4º da CF. São eles:
Dever de agir: não pode manter-se inerte em situação em que deva agir;
Dever de prestar contas: é o dever de ser transparente e expor a atividade desenvolvida, assim como seus custos;
Dever de eficiência: deve atuar de acordo com a lei e com eficiência em seu exercício;
Dever de probidade: agir com boa-fé, ética e honestidade no exercício de suas funções.
ABUSO DE PODER: ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuições, praticando finalidades não previstas em lei, ou para benefício próprio.
→ Pode ocorrer de duas formas:
Excesso de poder: quando a autoridade vai além do permitido e extrapola o uso de suas atribuições. Viola o requisito de competência do ato administrativo.
Desvio de finalidade (ou poder): pratica atos por motivos de interesse pessoal ou com fins diversos dos previstos em lei. Viola o requisito da finalidade do ato administrativo.
ESPÉCIES DE PODERES
HIERÁRQUICO: é o poder que a Administração tem para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos. Também é o de ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo relação de subordinação entre os servidores.
→ Hierarquia é a relação de subordinação existente entre vários órgãos e agentes do EXECUTIVO. Por exclusão, conclui-se que não há hierarquia no Legislativo e Judiciário, pois ela é privativa da administração (executivo).
→ Não há hierarquia entre os entes da administração indireta e direta. Há apenas uma vinculação. Não há também entre os entes federativos.
Consequência da hierarquia
→ Poder de fiscalização e revisão pelos órgãos superiores dos atos praticados pelos órgãos inferiores, para a verificação do exercício correto da atividade e para a correção de atos irregulares.
→ Poder delegação e avocação, situações que ocorrem quando o sujeito que recebeu a atribuição não praticou o ato. No caso da primeira, a autoridade transfere parte de sua competência para outro agente praticar tal ato. Na segunda, uma autoridade chama para si o ato que seria de seu subordinado. [11: Situação excepcional, bem como a lei não prevê a avocação de atribuição de órgão ou agente não subordinado. Deve haver relação de hierarquia. ]
→ Poder de punirexige uma relação de hierarquia, visto que é necessário um superior para aplicar uma punição ao inferior.
DISCIPLINAR: poder de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração, como por exemplo, a aplicação de multa/advertência.
→ Característica importante: discricionariedade, pois a Administração não está vinculada à sanção a ser aplicada. Além disso, só pode aplicar sanções já previstas em lei. 
→ Importante ressaltar que se ficar provado que o servidor cometeu um ato ilegal, ele deve ser punido e o ato passa ser vinculado com a Administração. 
→ Responde também na esfera penal caso a infração caracterize fato típico. Caso ele seja absolvido penalmente, também será administrativamente (art. 126 da lei 8.112/90) – EXCETO por motivo de ausência de provas (na esfera penal), pois nesse caso, terá que responder na esfera administrativa.
REGULAMENTAR: é o poder que os chefes do Executivo possuem para editarem decretos visando à correta execução da lei. Não pode alterá-la. Por essa razão, o art. 49, V da CF autoriza o Congresso Nacional sustar atos normativos que extrapolem o poder de regulamentação.
DISCRICIONÁRIO: prerrogativa concedida aos agentes de elegerem, entre as várias condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público. A limitação desse poder é possível, permitindo maior controle do Judiciário sobre os atos que dele derivam. Tal controle alcançará todos os aspectos da legalidade.
POLÍCIA: poder que dispõe o Estado para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos, em benefício da coletividade. Seu fundamento é o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. Poder negativo, no sentido de que muitas vezes a esfera particular é atingida, impondo deveres ou abstenções (ex: nenhum muro pode ter mais que 3 metros de altura).
Atributos
Discricionariedade: existe uma liberdade na gradação das sanções a serem aplicadas aos infratores, bem como para decidir qual o melhor momento de atuação. Excepcionalmente, pode ser vinculativo, por meio de licenças.
Autoexecutoriedade: não precisa de intervenção prévia do Judiciário. Por exemplo, a demolição de edificação irregular. Hipóteses:[12: Excluem-se as cobranças de multas, que devem ser por meio judicial.]
Quando a lei autorizar;
Quando for urgente;
Quando não houver outra via de resguardar o interesse público.
Coercibilidade: todo ato de polícia é imperativo, admitindo até a força pública para seu cumprimento, quando resistido pelo administrado.
Condições de validade
Proporcionalidade da sanção: autoriza limitações, restrições... mas nunca a supressão total do direito individual ou da propriedade particular (só pode ser feito por desapropriação).
Legalidade dos meios empregados: enquanto houver outros meios de realizar o poder de polícia, as medidas extremas (como uso de força) devem ser evitados.
→ Poder de polícia em sentido amplo e estrito: se tratando do sentindo amplo, abrange tanto os atos do Legislativo quando do Executivo. Quanto ao sentido estrito, são intervenções gerais e abstratas, como os regulamentos; ou concretas e específicas, como as licenças. Consiste no poder de condicionar/restringir a liberdade e a propriedade.
→ Não é possível delegar o poder de polícia para particulares. Entretanto, será possível que particulares exerçam atos preparatórios ou posteriores ao ato jurídico de polícia.
→ Os atos de polícia podem ser delegados para as autarquias. 
Sanção de polícia: somente a lei pode instituir sanções decorrentes do poder de polícia.
Prescrição: ocorre em 05 ANOS, contados da data da prática do ato ou, em se tratando de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessada. Entretanto, se o fato constituir crime, o prazo prescricional será o mesmo regido pela lei penal.
→ A prescrição também ocorre nos casos em que procedimentos administrativos estão paralisados por mais de três anos.
DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
CONCEITO: é uma declaração de vontade unilateral da Administração, ou de quem atue em seu nome, de nível inferior à lei, com a finalidade de satisfazer o interesse público. 
→ Diferem dos atos bilaterais (contratos), pois aqui ambas as partes devem manifestar sua vontade. No ato administrativo, o Estado manifesta sua vontade unilateralmente.
→ Todo ato administrativo é ato da Administração. Porém, nem todo ato da Administração é ato administrativo. 
→ O silêncio, via de regra, não é um ato, não sendo considerado uma forma de manifestação de vontade. Ele é um fato administrativo porque provocará efeitos no Direito Administrativo. É vedado o silêncio da Administração, pois ela tem que emitir decisões. [13: Entretanto, há doutrinadores que adotam a teoria de que, se a lei fixar, o silêncio poderá ser considerado manifestação de vontade.]
DISTINÇÃO ENTRE FATO E ATO ADMINISTRATIVO: há divergência doutrinária à respeito do tema. Porém, para fins de concurso público, tem-se decidido que fato administrativo constitui a execução material de atos administrativos. 
REQUISITOS: para a validade da conduta, qualquer ato precisará ter como requisito:
COMPETÊNCIA/SUJEITO: é o poder atribuído ao agente público para o desempenho específico de suas funções. Tal competência é determinada em lei. O ato incompetente ou que extrapola os limites, é ilegal. Importante ressaltar que não há presunção de competência no Direito Administrativo, pois ela sempre resulta da lei.
→ Características:
Irrenunciável: o agente público não pode renunciar a competência que a lei lhe atribuiu. Entretanto, é possível a delegação de parte das atribuições, desde que atendidos os requisitos legais.
Improrrogabilidade: a incompetência não se transforma em competência. 
Imprescritível: o não exercício da competência não a extingue, permanecendo a titularidade do agente ao qual a lei a atribuiu.
Inderrogável: não se transfere por acordo ou vontade das partes.
→ Delegação: ocorre quando o agente público transfere parte de suas atribuições. A regra é a possibilidade, desde que não haja impedimento legal. Pode haver ressalva de exercício da atribuição delegada. A delegação é revogável a qualquer tempo. 
Atos que não podem ser delegados (NOREEX):
Atos de caráter Normativo;
Decisão de REcurso administrativo;
Questões de competência EXclusiva.
→ Avocação: ocorre quando um superior chama para si atribuição de seu subordinado. Exige hierarquia. É medida excepcional e temporária.
FINALIDADE: é objetivo de interesse público. É indicada por lei, não podendo autoridade administrativa escolher ou substituir tal finalidade, mesmo que ainda seja para fins públicos.
FORMA: é a exteriorização da vontade ou da decisão. Exige-se, como regra, que seja adotada a forma escrita (excepcionalmente podem ser verbais), por meio de gestos (ex: sinalizações de trânsito). Caso isso seja desrespeitado, torna possível a invalidação do ato. 
MOTIVO: é a situação de fato e de direito que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. Pode ser expresso ou a critério do administrador. Não se confunde com motivação, que é a justificativa da prática do ato administrativo. Atualmente, a regra é a motivação dos atos administrativos, sejam eles vinculados ou discricionários. [14: Todo ato tem motivo, mas nem todo ato tem motivação.]
OBJETO: corresponde ao efeito prático ou jurídico pretendido com a edição do ato ou modificação trazida por ele ao ordenamento jurídico. É consequência instantânea que o ato produz, tendo um resultado variável. 
DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO
ATO VINCULADO: é o ato em que a lei estabelece todos os requisitos do mesmo, ou seja, ou agente público não possui nenhuma liberdade, uma vez que praticará a conduta de acordo com a forma definida pela lei. Exemplo: aposentadoria compulsória aos 70 anos.
ATO DISCRICIONÁRIO: é o ato que permite ao administrador fazer um juízo de consciência e oportunidade (méritoadministrativo) para a solução mais adequada diante da situação. Por exemplo: prorrogação do concurso público. Quando o Judiciário anular esse tipo de ato, não deverá indicar a solução mais adequada. Os conceitos jurídicos indeterminados (ex: ato de bravura) devem ser considerados atos discricionários.[15: É a valoração dos motivos (só é aplicado aos atos discricionários).]
ATRIBUTOS DOS ATOS
PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE/LEGITIMDADE: é a presunção de que o ato foi praticado de acordo com a lei. Entretanto, tal presunção é de cunho relativo (juris tantum), admitindo prova em contrário. Dessa forma, será o administrado que deverá provar que o ato é ilegal. Também tem presunção de veracidade – de que os fatos são verdadeiros.
IMPERATIVIDADE: é o atributo pelo qual os atos impõem-se a terceiros, independentemente de sua concordância. Não está presente em todos os atos. Por exemplo: determinação para não estacionar em alguns locais.
AUTOEXECUTORIEDADE: consiste na possibilidade que certos atos ensejam de imediata e direta execução pela própria administração, independentemente de ordem judicial. De forma excepcional, o ato é desprovido desse atributo, forçando a Administração recorrer ao Judiciário.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS
QUANTO À ELABORAÇÃO
Perfeito: aquele que completou seu ciclo de elaboração.
Imperfeito: é o que se apresenta incompleto em seu ciclo de elaboração – ainda falta algumas fases para se tornar perfeito.
Pendente: embora perfeito, não produz efeitos, por não ter ocorrido o termo/condição de que depende sua exequibilidade ou operatividade. Pressupõe sempre um ato perfeito.
Consumado/exaurido: é aquele que já produziu todos os seus efeitos esperados.
Eficaz: é o que produz ou tem condição de produzir efeitos.
ESPÉCIES DE ATOS
NORMATIVOS: são os que contêm um comando geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei, como por exemplo, os decretos, as resoluções, tendo como objetivo imediato explicitar a lei.
ORDINÁRIOS: visam disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional de seus agentes. Se endereçam aos servidores públicos, como portarias, circulares, avisos.
NEGOCIAIS: são declarações de vontade que coincidem com a pretensão particular, como a licença (tal ato, sem a autorização prévia da Administração, não poderia existir), autorização (ato discricionário) e a permissão (ato discricionário para uso de bens públicos).
ENUNCIATIVOS: atos pelo qual a administração se limita a certificar ou atestar um fato, ou emitir opinião sobre determinado assunto, sem vinculação ao enunciado, como certidões, atestados, pareceres, apostilas. 
PUNITIVOS: contém uma sanção imposta pela Administração em relação àquele que infringe as disposições legais. Visam reprimir e punir, como por exemplo, as multas, interdições, etc.
EXTINÇÃO DOS ATOS
CADUCIDADE: se dá pois nova norma jurídica sobreveio e o tornou inadmissível. 
CASSAÇÃO: se dá por descumprimento do destinatário quanto às condições impostas.
CONTRAPOSIÇÃO/DERRUBADA: surge novo ato que se contrapõe ao anteriormente praticado.
REVOGAÇÃO: ocorre quando um ato legal deixa de ser oportuno. Possui efeito ex nunc (não retroage – age para o futuro). Todos os efeitos do ato revogado devem ser mantidos. Alguns atos não podem ser revogados: os vinculados, os consumados e os que geram direito adquirido, dentre outros.
ANULAÇÃO: ocorre quando um ato ilegal é declarado extinto por estar viciado. Tal vício pode estar presente em qualquer dos requisitos de validade. Tem efeito ex tunc (retroagem). O prazo para anulação é de 05 anos.
CONVALIDAÇÃO OU SANATÓRIA: é a correção dos vícios considerados sanáveis. Apenas os vícios de competência e forma são passíveis de convalidação. É estabelecido pela lei três requisitos para que possa ser aplicada:
→ Não podem acarretar lesão ao interesse público;
→ Não podem acarretar prejuízo a terceiros;
→ Os vícios devem ser sanáveis.
DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
INTRODUÇÃO: trata-se da responsabilidade extracontratual do Estado, sendo esta objetiva (responde independentemente de culpa), consagrada no art. 37, §6º/CF, ou seja, sempre que o Estado causar danos a particulares, deverá repará-lo. A vítima deverá demonstrar a conduta, o dano e o nexo causal. [16: Tem por base a teoria do risco administrativo. ]
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
→ OBS: no caso de dolo ou culpa, o Estado tem o direito de regresso contra o responsável.
ESTADO COMO GARANTE: quando o Estado estiver na posição de garante (tiver o dever legal de assegurar a integridade das pessoas – guarda, custódia, etc.), responderá objetivamente no caso de causar danos a terceiros. Exemplo: morte de detentos por colegas de cela; alunos em escolas públicas, etc.
RESPONSABILIDADE NOS CASOS DE OMISSÃO: quando o Estado é omisso em seu dever legal de agir, deverá reparar o prejuízo causado, porém, a responsabilidade será SUBJETIVA, devendo ser demonstrada a culpa estatal.
EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE ESTATAL: o caso furtuito e a força maior excluem a responsabilidade do Estado, podendo estes decorrerem da ação humana ou da força da natureza. Mesmo havendo motivo de força maior ou caso fortuito, a responsabilidade do Estado poderá estar configurada, se ele tiver sido omisso. Nesse caso, a responsabilidade será subjetiva, devendo a culpa ser demonstrada.[17: Exemplo: raio que derrubou poste em carro particular.][18: Exemplo: inundação por chuvas que destruíram móveis de casas. Caso fique demonstrado que a limpeza dos bueiros teria sido suficiente para impedir a enchente, o Estado será responsável pelos danos, pois foi omisso; como também nos casos de danos causados por multidões ou delinquentes. ]
DANOS DE OBRAS PÚBLICAS: nesse caso, deve-se verificar a forma de execução da obra. Se for realizada pelo Estado sem a interferência de terceiros (empreiteiros), a responsabilidade será do Estado (objetiva). Caso o Estado tenha transferido, por contrato, a execução da obra para um particular, este será o responsável (subjetiva).
RESPONSABILIDADE POR ATOS JURISDICIONAIS: via de regra, só ocorre na esfera penal, sendo esta responsabilidade objetiva. Ocorre, por exemplo, quando um preso fica detido além do tempo determinado na sentença (LXXV, art. 5º, CF). Além disso, somente o Estado será responsabilizado, o magistrado, não. O CPC traz, em seu art. 133, as hipóteses de responsabilidade dos juízes (agiu com dolo ou fraude), onde, nesses casos, o Estado poderá ser ressarcido através da ação regressiva, respondendo os juízes por perdas e danos.
AÇÃO REGRESSIVA: o dano provocado pelo Estado gera para a vítima o direito a indenização que pode ser feita pela via administrativa ou judicial. Não havendo a reparação pela primeira hipótese, a vítima ingressa com a judicial. 
PRESCRIÇÃO: VÍTIMAS vs. ESTADO: quanto ao prazo prescricional do particular em face do Estado, sendo pessoa jurídica de direito público ou privado prestadora de serviço público, é de 05 ANOS – afastando a aplicação do art. 206 do CC. Já com relação entre o Estado e o agente, o prazo é imprescritível, segundo o art. 37, §5º da CF. Posição majoritária da doutrina.[19: Pois no caso do CC, o prazo refere-se à relação apenas entre particulares. ]
DA LICITAÇÃO
CONCEITO: é um procedimento administrativo que visa escolher a proposta mais vantajosa para o futuro contrato. É regulado pela lei nº 8.666/93. Na avaliação, deve ser observado o princípio da isonomia entre os licitantes. [20: Apenas para o desempate a lei admite a mitigação da isonomia, pois estabelece uma ordem de preferência no art. 3º, §2º. Caso o empate persista, o art. 45 determina que seja realizado um sorteio. ]
	
→ A CF, em seu art. 22, XXVII, atribuiu competência para a União estabelecer as regras geraisinerentes à licitação. 
→ OBRIGATORIEDADE: a CF e a lei especial exigem obrigatoriedade de licitação antes da celebração de qualquer tipo de contrato. Tal obrigatoriedade é dispensada em alguns casos.
PRINCÍPIOS: são vários os princípios inerentes estabelecidos no art. 3º da lei de licitações, destacando-se:
LEGALIDADE: refere-se ao princípio estabelecido no caput do art. 37 da CF, que dispõe que o agente público só pode fazer o que a lei autoriza, ou seja, sua função é cumprir a lei. Todo o procedimento de licitação deve ser seguido à risca de acordo com a lei.
VINCULAÇÃO AO EDITAL: a licitação é vinculada à lei e ao edital (instrumento que divulga a licitação e fixa as regras a serem seguidas) – art. 41 da lei de licitações.
PUBLICIDADE: quanto mais pessoas participarem, mais chances tem a administração de encontrar uma proposta vantajosa. Entretanto, a única fase que será sigilosa será desde o dia da entrega das propostas até a abertura das mesmas.
ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA: estabelece que após escolhido o vencedor, não poderá a administração contratar com outro proponente. Tal princípio garante preferência apenas na hora da assinatura do contato, mas não ao direito de contratação, visto que podem ocorrer situações supervenientes que obriguem a administração não contratar com o vencedor.
JULGAMENTO OBJETIVO: nesta fase, os critérios a serem utilizados para a escolha da proposta devem ser estritamente objetivos – ou seja, de acordo com a lei e com o edital – não podendo ser levado em conta aspectos pessoais dos licitantes.
FASE EXTERNA: a lei estabelece que as licitações sejam efetuadas na repartição interessada, salvo por motivo de interesse público (art. 20). O processo de licitação se desenvolve em cinco fases, que podem ser invertidas, a depender da modalidade de licitação:
EDITAL → HABILITAÇÃO → JULGAMENTO → HOMOLOGAÇÃO → ADJUDICAÇÃO
EDITAL: é o primeiro ato da fase externa da licitação – o instrumento convocatório que a inicia. O convite é a única modalidade que dispensa a publicação do edital. Entretanto, quando o valor for superior a 100x R$ 1.500.000,00, o processo será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública.
MODIFICAÇÃO E IMPUGNAÇÃO DO EDITAL: é possível a alteração após a publicação, desde que respeitado os requisitos: divulgação pela mesma forma do original e reabertura dos prazos, exceto se a alteração não afetá-los. Quanto à impugnação, qualquer cidadão pode impugná-lo, no prazo de 5 dias úteis, assim como pelos próprios licitantes, em até 2 dias úteis.[21: A referência para a contagem do prazo é a data fixada para a abertura dos envelopes.]
HABILITAÇÃO: trata-se da segunda fase da licitação, que visa o exame dos documentos exigidos pelo edital. Após essa fase, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito pela comissão.
CLASSIFICAÇÃO/JULGAMENTO: é a terceira fase externa do procedimento. Nesta etapa, as propostas dos licitantes serão avaliadas. A abertura dos envelopes será sempre ato público previamente designado, do qual se lavrará ata circunstanciada, assinada pelos licitantes e pela Comissão. Esta deve seguir os critérios para julgamento, que, exceto na modalidade concurso, devem ser respeitados: a) menor preço; b) melhor técnica; c) técnica e preço e d) maior lance ou oferta.
HOMOLOGAÇÃO E ADJUDICAÇÃO: são as últimas fases da licitação, onde, inicialmente a autoridade superior irá analisar a regularidade de todo o procedimento para posterior aprovação e atribuirá ao vencedor o objeto que foi licitado, garantindo-lhe preferência na hora da contratação.
MODALIDADES: são previstas cinco modalidades na lei de licitações: concorrência, tomada de preços, convite (utilizadas em razão do valor da contratação), concurso e leilão (destinados a situações específicas). O pregão foi criado por medida provisória (2.026/02), tendo por finalidade a aquisição de bens e serviços comuns.
CONCORRÊNCIA: se dá entre quaisquer interessados, que devem comprovar os requisitos mínimos de qualificação. Existe uma fase de habilitação preliminar, logo após a divulgação do edital. Entretanto, a lei estabelece que em alguns casos a modalidade deverá ser a de concorrência, apesar do valor, como por exemplo, para licitações internacionais. 
→ Prazo: 45 dias (melhor técnica ou técnica e preço); 30 dias (demais casos).
→ É permitido utilizar a concorrência quando couber tomada de preços ou convite (art. 23, §4º), pois é mais rigorosa e completa.
→ O pregão pode substituir qualquer das três modalidades quando o objeto de licitação for bens e serviços comuns.
TOMADA DE PREÇOS: esta é modalidade entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para o cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas (para os não cadastrados). O cadastro prévio é uma das características dessa modalidade, que tem validade por 1 ano.[22: Os interessados se cadastram antes da divulgação do edital ao órgão promotor da licitação, apresentando os documentos de habilitação exigidos pela lei.]
→ Prazo: 30 dias (melhor técnica ou técnica e preço); 15 dias (demais casos).
CONVITE: modalidade entre os interessados do ramo pertinente ao seu objeto, independentemente de cadastro, escolhidos e convidados em número mínimo de 03 pela unidade administrativa. Prazo: 5 dias úteis.
CONCURSO: modalidade entre quaisquer interessados para a escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instrução de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme o edital, publicado com antecedência mínima de 45 dias. Não se confunde com o concurso público para cargos.
LEILÃO: modalidade para quaisquer interessados para a venda de bens móveis (qualquer valor) ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao da avaliação. 
→ Bens imóveis: desde que a aquisição haja derivado de procedimento judicial ou de dação em pagamento.
PREGÃO: tem por finalidade a aquisição de bens e serviços comuns. Foi criado por medida provisória. Bens e serviços comuns: aquisição de materiais de escritório, de café, de limpeza, etc. Âmbito federal: obrigatório para a União quando esta for adquirir bens ou serviços comuns, preferencialmente na forma eletrônica. 
DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
INTRODUÇÃO: o que difere os contratos administrativos dos privados são as chamadas cláusulas exorbitantes, que conferem diversas prerrogativas à administração pública, em detrimento ao contatado. Entretanto, é admitido a aplicação subsidiária das regras dos contratos privados (código civil).
→ Compete à União legislar sobre os contratos administrativos. 
CLASSIFICAÇÃO: antes de tudo: celebrado por escrito, via de regra.[23: Exceção: contratos de compra de pequeno valor e com pagamento imediato podem ser celebrados VERBALMENTE.]
COMUTATIVO: tem prestações e contraprestações pré-estabelecidas e equivalentes.
ONEROSO: bilateral. Traz vantagens para ambas partes. Sofrem sacrifício patrimonial correspondente ao proveito almejado. Benefício recebido que corresponde a um sacrifício.
FORMAL: exige condições específicas previstas em lei para sua validade.
CARACTERÍSTICAS
FINALIDADE PÚBLICA: deve ser sempre voltado ao interesse público, sob pena de desvio de poder (se torna ilegal).
CONTRATO DE ADESÃO: todos tem natureza de adesão pois as cláusulas são fixadas pela administração pública. 
PRAZO DETERMINADO: a vigência dos contratos administrativos devem ficar adstritos à vigência dos respectivos créditos orçamentários (duração de um ano).
MUTABILIDADE: é possível a alteração durante a execução. O contratado fica obrigado a aceitá-las, desde que dentro dos percentuais fixados em lei.
PRESENÇA DE CLÁUSULA EXORBITANTE: aquela que confere uma série de poderes para a Administração em detrimento do contratado:
Exigência de garantia;
Alteração unilateral;
Rescisão unilateral;
Fiscalização;
Penalidades;
Anulação;Retomada do objeto;
Restrição ao uso do exceptio non adimpleti contractus.[24: Princípio que estabelece que só pode ser exigido a execução de um contrato pela outra parte desde que já tenha realizado a parte para a qual estava obrigado (exceção ao contrato não cumprido).]
CAUSAS JUSTIFICADORAS DA INEXECUÇÃO: podem gerar a interrupção temporária da execução do contrato ou até a total impossibilidade de conclusão. Assim, a inexecução sem culpa do contratado acarreta a revisão contratual, caso haja alteração do equilíbrio econômico-financeiro.
FATO DO PRÍNCIPE: são medidas gerais que provocam efeitos nos contratos administrativos, quebrando-se o equilíbrio, por força de ato ou medida instituída pelo Estado. Obriga o Poder Público contratante a compensar os prejuízos do contratado a fim de possibilitar o prosseguimento do contrato, se isso for impossível, o indenizará. [25: Por exemplo, o aumento de tributo ou a proibição de importação de determinada matéria-prima.]
FATO DA ADMINISTRAÇÃO: ato que relaciona-se diretamente com o contrato, compreendendo qualquer comportamento da parte contratante (Estado) que torne impossível a execução do contrato ou provoque seu desequilíbrio econômico. [26: Por exemplo, atraso no pagamento por mais de 90 dias.]
TEORIA DA IMPREVISÃO: todo acontecimento externo ao contrato, estranho à vontade das partes, imprevisível e inevitável que causa grande desequilíbrio econômico, tornando a execução do contrato excessivamente onerosa para o contratado.[27: Por exemplo, crise mundial na economia.]
CASO FORTUÍTO OU FORÇA MAIOR: decorre de evento humano ou da natureza que não permitem a execução do contrato, como furacões, terremotos, etc.
RESPONSABILIDADE PELA EXECUÇÃO: o contratado é responsável, compulsoriamente, a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, à seu custo, no total ou em parte, os vícios contratuais, como também pelos encargos trabalhistas, com exceção dos previdenciários, em há responsabilidade solidária com a administração pública.
EXTINÇÃO
TÉRMINO DO PRAZO/CONCLUSÃO DO CONTRATO: como todo contrato administrativo tem prazo certo, decorrido este, haverá a extinção daquele. Da mesma forma, é cláusula obrigatória a definição do objeto – e, concluído este, também acarreta em extinção.
 
RESCISÃO: não é forma natural de extinção. Pode ocorrer: a) amigável: acordo entre as partes por desinteresse na continuidade; b) judicial: requerida pelo contratado quando houver inadimplementos ou c) unilateral: só pode ser realizada pela administração, por ser cláusula exorbitante.
ANULAÇÃO: quando se verificar ilegalidade na formalidade ou mesmo na licitação que antecedeu a celebração, devendo a administração indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data da declaração de nulidade ou por outros prejuízos comprovados, desde que não tenha culpa.
DA INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
INTRODUÇÃO: estabelecida na CF (art. 22, I a III), a União Federal é quem legisla sobre o direito da propriedade, desapropriação e requisição. Quanto à intervenção, essa competência divide-se entre a união, o DF, os estados e os municípios. Tem por modalidades:
→ Intervenção restritiva: Estado impõe restrições/condições ao uso da propriedade, mas sem retirá-la do dono.
→ Intervenção supressiva: Estado, de forma coercitiva, toma para si a propriedade de terceiro, por conta do princípio da supremacia do interesse público.
INTERVENÇÃO RESTRITIVA
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA: é um direito real que autoriza o poder público a usar a propriedade imóvel para permitir a execução de obras e serviços de interesse coletivos. Nesse caso, não há indenização. 
→ Pode incidir sobre bens públicos ou particulares.
→ Em regra, é permanente.
→ Depende de autorização judicial (sentença ou acordo).
REQUISIÇÃO: o Estado utiliza bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de perigo público iminente (ex: requer carro de particular para captura de quadrilha em fuga).
→ Fundamento: art. 5º, XXV/XXXIII e 170, III da CF.
→ Se houver direito à indenização, será posterior.
→ Autoexecutoriedade: independe de autorização judicial.
→ Extinta depois que o perigo desaparece.
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA: ocorre quando o Poder público deixa alocados, em terreno desocupado, máquinas, equipamentos, barracões, etc. Nesse caso, pode haver indenização quando a ocupação decorre de obras e serviços vinculados à processo de desapropriação. 
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA: determinação de caráter geral imposta pelo Poder público a pessoas determinadas. Pode ser positiva (limpeza de terreno) ou negativa (impedimento de construir além de tal ponto) ou permissiva (ingresso de agentes da vigilância sanitária), para o fim de condicionar a propriedade ao atendimento da função social.
TOMBAMENTO: forma de intervenção para proteção do patrimônio cultural brasileiro, com a finalidade de preservar a memória nacional. Regulamento: Decreto-Lei 25/37.
→ Incide sobre bens móveis e imóveis.
→ É possível ser desfeito, mediante manifestação do Poder público de oficio ou em razão de requerimento do interessado.
→ Proprietário deve conservar o bem tombado.
→ Regra: sem indenização.
INTERVENÇÃO SUPRESSIVA: DESAPROPRIAÇÃO: procedimento pelo qual o Poder público retira a propriedade de particular, transferindo para si ou terceiros, por razões de utilidade pública, necessidade pública ou interesse social. 
→ É forma originária de aquisição de propriedade (pois não decorre de título anterior).
→ Há a liberação de qualquer ônus incidido (ex: hipoteca), ficando eventuais credores sub-rogados no preço.
→ Insuscetível de reinvindicação pelo proprietário.
→ Competência: a) para legislar: privativa da União (art. 22, II da CF); b) para declarar: todos os entes federativos e c) para executar: todos os entes federativos.
→ Sujeitos ativos: os Entes Públicos, que podem desapropriar de forma hierárquica decrescente.
→ Sujeito passivo: particular que terá o bem expropriado. 
FUNDAMENTOS: art. 5º, XXIV/CF: procedimento para desapropriação, mediante prévia indenização justa em dinheiro, ressalvados casos expressos em lei, por razões de:
→ Utilidade pública: ocorre nas situações em que é conveniente a transferência do bem para o Estado. Caducidade em 05 anos (ou seja, a adm. tem esse prazo para expropriar) – conta da expedição do decreto. O objeto pode ser expropriado novamente após 01 ano.
→ Necessidade pública: decorre de situações de emergência, em que é imprescindível a intervenção imediata do Estado, como a segurança nacional, defesa do Estado, socorro público em caso de calamidade, etc.
→ Interesse social: situações em que se destaca a função social da propriedade. Se divide em três espécies (genérica, fins de reforma agrária e desapropriação urbanística). Haverá caducidade em 02 anos. Não é possível nova expropriação (STF).
BENS DESAPROPRIÁVEIS: via de regra, recai sobre qualquer bem de conteúdo patrimonial, podendo ser móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo. Entretanto, existem bens que são impropriáveis, como a moeda corrente, os direitos personalíssimos, etc.
PROCEDIMENTO: é bifásico – sendo a declaratória e a executória. Na primeira, o Poder Público declara a existência de um dos pressupostos constitucionais para a desapropriação, enquanto que na segunda são adotadas as providências para consumar a transferência.
INDENIZAÇÃO: deve ser prévia, justa e em dinheiro.
DIREITO DE EXTENSÃO: o expropriado pode exigir que a desapropriação e a respectiva indenização se estendam a totalidade do bem, quando o remanescente permanecer sem aproveitamento econômico. Tal direito deve ser manifestado durante as fases administrativas ou judiciais do procedimento. Não é admitido o pedido após o término da desapropriação.
 
TREDESTINAÇÃO: ocorre quando o Poder Público confere destinação diversa da prevista inicialmente ao bem desapropriado. Pode ser lícita (pois continua sendo do interesse público) ou ilícita (a destinação não visa o interesse público –cabe retrocessão – direito de preferência do ex-proprietário em reaver o bem).
DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
CONCEITO E FUNDAMENTO: a improbidade é a corrupção administrativa (o contrário à boa-fé, honestidade, etc.). A LIA (lei de improbidade) traz um rol exemplificativo de atos corruptórios: a) enriquecimento ilícito; b) prejuízo ao erário e c) atento contra princípio administrativo. A CF, por sua vez, no art. 37, §4º, prevê as consequências para aqueles que praticarem a improbidade, sendo elas:
→ Suspensão dos direitos políticos: incapacidade temporária de exercer os direitos políticos constitucionais.[28: É vedada a cassação de direitos políticos (art. 15/CF). Por isso há apenas a suspenção. ]
→ Perda da função pública: só pode ocorrer com o trânsito em julgado, podendo haver o afastamento preventivo (mas continua a receber).
→ Ressarcimento ao Erário: ocorrendo lesão ao patrimônio público, dar-se-á o integral ressarcimento do dano. Sucessor = até o limite da herança.
→ Indisponibilidade de bens: ocorrendo lesão ou enriquecimento ilícito, cabe a autoridade adm. responsável pelo inquérito representar ao MP, para indisponibilizar os bens do indiciado. Recairá sobre os bens que possibilitarem o ressarcimento integral do dano.
NATUREZA DA AÇÃO: tem caráter civil. Entretanto, poderá ser proposta a ação penal cabível, quando o ato praticado constituir crime previsto no Código Penal.
ELEMENTO SUBJETIVO + EXIGÊNCIA DE DANO
	
	ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
	LESÃO AO ERÁRIO
	ATENTAMENTO AOS PRINCÍPIOS
	Elemento subjetivo
	Dolo
	Dolo ou culpa
	Dolo
	Exigência de dano
	Não
	Não[29: Entendimento do STJ: lesão ao erário exige efetivo prejuízo econômico. ]
	Não
AÇÃO JUDICIAL: inicialmente, vale dizer que qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação de improbidade. Admitida, se dará conhecimento ao MP e ao Tribunal/Conselho de Contas. Havendo indícios de autoria, poderá ser requerido o sequestro de bens do denunciado, para garantir o resultado útil do processo. Após, a ação principal deverá ser proposta em 30 dias da efetivação do sequestro (medida liminar). Terá o rito ordinário.
→ O MP, se não for parte, é obrigado a intervir como fiscal de lei, sob pena de nulidade (art. 17, §4º/LIA).
→ Competência se dá por prevenção. 
→ O requerido será intimado para manifestação por escrito no prazo de 15 dias.
→ Juiz decidirá em 30 dias se prosseguirá ou não com a ação, de forma fundamentada.
→ Recebida a inicial, o réu é citado para apresentar contestação.
DOS AGENTES PÚBLICOS
CONCEITO: são pessoas físicas que desempenham funções públicas, prestando serviços para o Estado. Se não houver investidura (cometimento) pelo Estado, não são considerados agentes públicos.
CLASSIFICAÇÃO
AGENTES POLÍTICOS: exercem funções criadas pela CF (ex: chefe do executivo, juízes, etc.). Não estão hierarquizados a ninguém e sujeitam-se a normas especiais.
AGENTES TEMPORÁRIOS: contratados para atender necessidades temporárias, em caso de interesse público. Após prestarem o serviço, são desligadas e estão sempre regidos pela CLT.
AGENTES POR COLABORAÇÃO: desempenham funções “de graça”, como os jurados do Tribunal do Júri ou os juízes de paz. Dividem-se em por delegação (recebem atribuição e concordam); por requisição (a lei impõe – não há necessidade de concordância) ou por gestão de negócios (por iniciativa do administrado).
 
AGENTES SERVIDORES PÚBLICOS: são os funcionários públicos em geral, concursados ou nomeados. São remunerados. Sujeitam-se ao regime geral (não há tratamento diferenciado).

Continue navegando