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Direito Comercial II_2a_Aval_ Apostila

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Direito 
 
Empresarial II 
 
 
 
Segunda Avaliação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2011 
1º Semestre 
 
 
 
 
 
Professor Maurício da Cunha Peixoto 
 
 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
2 
5. Outros valores mobiliários 
 
5.1. Partes beneficiárias 
 
São valores mobiliários estranhos ao capital social, negociáveis, e que conferem ao seu titular o direito de 
participar dos lucros sociais. Assim, quando a sociedade emite partes beneficiárias e as aliena no mercado, 
quem as está adquirindo passa a ter direito a participar dos lucros da companhia, embora não seja sócio 
dela. 
Quem investe em partes beneficiárias está interessado nessa participação nos lucros sociais. Pode parecer, 
a primeira vista, que a companhia “está dando esmola com o chapéu dos outros”, já que os lucros sociais 
pertencem, em princípio, aos acionistas 
Partes beneficiárias = quem as adquire passa a ter direito de participar dos lucros, sem ser acionista. O titular 
de partes beneficiárias não tem status de sócio. Os lucros pertencem aos acionistas, então a lei impõe limite 
(no máximo até 10% do lucro líquido, art. 46, §2º) 
 Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, 
denominados "partes beneficiárias". 
 § 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual contra a companhia, consistente na 
participação nos lucros anuais (artigo 190). 
 § 2º A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para formação de reserva para resgate, se houver, não 
ultrapassará 0,1 (um décimo) dos lucros. 
 § 3º É vedado conferir às partes beneficiárias qualquer direito privativo de acionista, salvo o de fiscalizar, nos termos desta Lei, os 
atos dos administradores. 
 § 4º É proibida a criação de mais de uma classe ou série de partes beneficiárias. 
 
O direito de crédito é eventual, pois é necessário que a companhia tenha lucros. É vedado direitos inerentes 
a condição de acionistas, com exceção ao direito de fiscalizar (art. 46, §3º). 
Somente as companhias fechadas podem emitir partes benefeciárias (art. 47, parágrafo único). 
 
5.1.1. Tipos de partes beneficiárias 
 
1. Onerosas: são aquelas alienadas onerosamente, são vendidas por determinado preço à terceiros no 
mercado (art. 47); 
2. Remuneratórias: utilizadas para remunerar serviços prestados a companhia por terceiros, ou pelos 
administradores da própria companhia (Art. 47); 
3. Gratuitas: função social da companhia, conferindo a entidades beneficentes dos empregados da 
companhia. 
 
 Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela companhia, nas condições determinadas pelo estatuto ou pela 
assembléia-geral, ou atribuídas a fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados à companhia. 
 Parágrafo único. É vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
5.1.2. Prazo de Duração das partes beneficiárias 
A participação é indefinida? Não, a parte beneficiária sempre terá prazo determinado e o estatuto deverá fixar 
o seu prazo. As remuneratórias não podem ter prazo superior a 10 anos. As onerosas e gratuitas podem ter 
prazo superior a 10 anos, mas precisam ter prazo determinado no estatuto. 
 
 Art. 48. O estatuto fixará o prazo de duração das partes beneficiárias e, sempre que estipular resgate, deverá criar reserva 
especial para esse fim. 
 § 1º O prazo de duração das partes beneficiárias atribuídas gratuitamente, salvo as destinadas a sociedades ou fundações 
beneficentes dos empregados da companhia, não poderá ultrapassar 10 (dez) anos. 
 § 2º O estatuto poderá prever a conversão das partes beneficiárias em ações, mediante capitalização de reserva criada para esse 
fim. 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
3 
 § 3º No caso de liquidação da companhia, solvido o passivo exigível, os titulares das partes beneficiárias terão direito de 
preferência sobre o que restar do ativo até a importância da reserva para resgate ou conversão. 
 
Artigo 48, caput e §1º: contém um erro, já que as partes beneficiárias gratuitas só podem ser destinadas a 
sociedades ou fundações beneficentes dos empregados da companhia (e não "salvo”). Então, a doutrina tem 
entendido que esse "gratuitamente" do §1º refere-se às partes beneficiárias remuneratórias, que na verdade 
não são gratuitas já que elas vêm oneram serviços prestados à companhia. O primeiro gratuitamente está se 
referido as remuneratórias, mas estas não são gratuitas (art. 48, §1º), pois seria absurdo entender que a 
companhia poderia emitir títulos gratuitos indefinidamente. 
 
5.1.3. Competência para emissão das partes beneficiárias 
O órgão competente para deliberara é a AGE, mas a AGE pode autorizar a emissão sem que tenha previsão 
no estatuto? Não precisa de previsão no estatuto de acordo com o art. 47, mas de acordo com o art. 48, 
caput, é necessário estar fixado no estatuto (art. 49, V e art. 51). Concluindo, a previsão estatutária é 
obrigatória de acordo com a interpretação sistemática (art. 47, caput + art. 49, V + art. 51). A AGE delibera a 
emitir as partes beneficiárias, mas nas condições previstas no estatuto. 
 
 Art. 49. Os certificados das partes beneficiárias conterão: 
 I - a denominação "parte beneficiária"; 
 II - a denominação da companhia, sua sede e prazo de duração; 
 III - o valor do capital social, a data do ato que o fixou e o número de ações em que se divide; 
 IV - o número de partes beneficiárias criadas pela companhia e o respectivo número de ordem; 
 V - os direitos que lhes serão atribuídos pelo estatuto, o prazo de duração e as condições de resgate, se houver; 
 VI - a data da constituição da companhia e do arquivamento e publicação dos seus atos constitutivos; 
 VII - o nome do beneficiário; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 VIII - a data da emissão do certificado e as assinaturas de dois diretores. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 
 Art. 51. A reforma do estatuto que modificar ou reduzir as vantagens conferidas às partes beneficiárias só terá eficácia quando 
aprovada pela metade, no mínimo, dos seus titulares, reunidos em assembléia-geral especial. 
 
 
5.2. Debentures 
 
Título emitido com o objetivo de captar recursos, ou seja, seria um empréstimo. A companhia transformaria o 
empréstimo, como um investimento interessante para o investidor. Muitas vezes não é interessante aumentar 
o capital, pois a companhia está precisando temporariamente de capital. E o capital já está politicamente 
acomodado, a maioria e a minoria já estão bem estabelecidas, e o aumento de capital poderia gerar 
instabilidade. Se solicitar empréstimo, os juros são altos. 
 
Considerando os juros de cheque especial, por exemplo, seria em torno de 7 ou 8% ao mês. Na outra ponta 
está o investidor, com dinheiro para ser aplicado. Se ele aplicar, por exemplo, na poupança, terá uma 
correção de 0,8% ao mês. 
 
Então, a companhia vai pedir empréstimo a esse investidor. Ela emite debêntures e torna esse empréstimo 
atrativo ao investidor. Pode estabelecer, por exemplo, um juro de 3% ao mês, num prazo de resgate de 3 
anos. Esse é assim um empréstimo em condições especiais. Há, inclusive, a possibilidade da companhia não 
ter que desembolsar dinheiro para pagar os debenturistas: pela pode emitir debêntures conversível em ações 
(é opção do investidor, no final do prazo estipulado, receber ou converter suas debêntures em ações). 
 
Se a companhia quebrar = risco do mercado  maior a possibilidade de ganho, maior é o risco. A companhia 
pode oferecer garantia, mas aí provavelmente,diminuirá a taxa de remuneração. 
 
Cada emissão de debênture é como se fosse um contrato de mútuo. Uma mutuaria e vários mutuantes. 
 
O direito de crédito é certo (art. 52), no vencimento tem que pagar, se a companhia não paga, o credor pode 
executar a companhia  título extrajudicial (CPC, art. 585, I). 
 
 Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
4 
 I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) 
 
A companhia pode escapar de ter que pagar em dinheiro, porque pode emitir debêntures conversíveis em 
ações. 
 
O debenturista não é sócio da companhia, título estranho ao capital. 
 
 Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições 
constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
5.2.1. Procedimento para a emissão de debêntures 
A emissão de debêntures necessita de deliberação da AGE extraordinária, que define todas as condições 
pertinentes a emissão (art. 59, I a VIII). 
 
Primeiro passo 
A companhia vai se reunir em AGE para deliberar sobre a emissão, quando serão estabelecidas todas as 
condições pertinentes à emissão (valor total, valor individual, prazo, forma de remuneração, conversão, etc.). 
 
Por exemplo, valor de um milhão de reais, dividido em 10 séries de 100 mil reais (as séries estão para as 
debêntures, assim como as classes estão para as ações). O valor nominal da primeira série será de 1000 mil 
reais cada uma, simples (não conversíveis em ações), com prazo de vencimento para 3 anos, com juros de 
2% ao mês, com garantia de pagamento, ou seja, a AGE oferece todas as condições pertinentes. Lavra-se 
uma escritura para a emissão, que pode ser por instrumento público ou particular. 
O registro deve ser feito na Junta Comercial (antes era necessário registrar no Cartório de Registro de 
Imóveis). 
 
 Art. 59. A deliberação sobre emissão de debêntures é da competência privativa da assembléia-geral, que deverá fixar, observado 
o que a respeito dispuser o estatuto: 
 I - o valor da emissão ou os critérios de determinação do seu limite, e a sua divisão em séries, se for o caso; 
 II - o número e o valor nominal das debêntures; 
 III - as garantias reais ou a garantia flutuante, se houver; 
 IV - as condições da correção monetária, se houver; 
 V - a conversibilidade ou não em ações e as condições a serem observadas na conversão; 
 VI - a época e as condições de vencimento, amortização ou resgate; 
 VII - a época e as condições do pagamento dos juros, da participação nos lucros e do prêmio de reembolso, se houver; 
 VIII - o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das debêntures. 
 § 1o Na companhia aberta, o conselho de administração poderá deliberar sobre a emissão de debêntures simples, não 
conversíveis em ações e sem garantia real, e a assembléia-geral pode delegar ao conselho de administração a deliberação sobre as 
condições de que tratam os incisos VI a VIII deste artigo e sobre a oportunidade da emissão. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 
2001) 
 § 2º A assembléia-geral pode deliberar que a emissão terá valor e número de séries indeterminados, dentro de limites por ela 
fixados com observância do disposto no artigo 60. 
 § 3º A companhia não pode efetuar nova emissão antes de colocadas todas as debêntures das séries de emissão anterior ou 
canceladas as séries não colocadas, nem negociar nova série da mesma emissão antes de colocada a anterior ou cancelado o saldo 
não colocado. 
 
Se a companhia divide a emissão em séries, ela somente pode começar o lançamento da série 2, depois que 
terminar o lançamento da série 1, ou então, terminar o lançamento do que não foi vendido. Pode haver nova 
emissão, somente quando terminar a lançamento anterior, ou cancelada a emissão (art. 59, §3º). 
 
A subscrição pode ser pública ou privada (art. 59, VIII). A AGE pode delegar para o Conselho de 
Administração a definição das condições de emissão (art. 59, §1º). 
Subscrição pública: quando a companhia é aberta, oferecendo seus títulos indistintamente para todo o 
mercado. 
Subscrição privada: nesse caso, a companhia já tem um grupo pré-determinado de pessoas. 
 
Segundo passo 
Depois de estabelecidas as condições de emissão, essas condições serão reduzidas a termo numa escritura 
de emissão de debêntures - escritura pública ou particular, sendo arquivada na junta comercial (art. 61). 
 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
5 
 Art. 61. A companhia fará constar da escritura de emissão os direitos conferidos pelas debêntures, suas garantias e demais 
cláusulas ou condições. 
 § 1º A escritura de emissão, por instrumento público ou particular, de debêntures distribuídas ou admitidas à negociação no 
mercado, terá obrigatoriamente a intervenção de agente fiduciário dos debenturistas (artigos 66 a 70). 
 § 2º Cada nova série da mesma emissão será objeto de aditamento à respectiva escritura. 
 § 3º A Comissão de Valores Mobiliários poderá aprovar padrões de cláusulas e condições que devam ser adotados nas escrituras 
de emissão de debêntures destinadas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, e recusar a admissão ao mercado da emissão 
que não satisfaça a esses padrões. 
 
O órgão competente para a deliberação de emissão de debêntures é a assembléia geral, podendo o 
conselho de administração deliberar sobre a emissão de debêntures simples, não conversíveis em ação e 
sem garantia real (art. 59, §1º). 
 
Não é necessária a previsão estatutária, a competência é privativa da assembléia geral. Caso haja previsão 
no estatuto, a assembléia tem que respeitar. Na omissão do estatuto, a assembléia é livre para fixar as 
condições de emissão das debêntures. 
 
O mais comum é que as debêntures sejam lançadas por subscrição pública e sempre que houver subscrição 
pública, a companhia tem que indicar agente fiduciário (registrado na CVM), que representa a comunhão de 
interesses dos debenturistas junto a companhia (art. 61, §1º e art. 66). Ele vai fiscalizar, durante todo o prazo, 
se a companhia está cumprindo tudo a que se obrigou na emissão 
 
 
Tipos de Registros da Emissão de Debêntures 
1. Ata da AGE ou da reunião do Conselho de Administração (art. 62); 
2. Junta Comercial (Art. 62, II): registro da escritura da emissão da debênture; 
3. Se houver garantia real, será registrada no registro próprio: por exemplo, hipoteca registrada no 
Cartório de Registro de Imóveis (Art. 62, III); 
4. Se a companhia estiver emitindo por subscrição pública, tem que registrar junto a CVM (art. 4º, §2º). 
 
 Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será feita sem que tenham sido satisfeitos os seguintes requisitos: (Redação dada pela 
Lei nº 10.303, de 2001) 
 I - arquivamento, no registro do comércio, e publicação da ata da assembléia-geral, ou do conselho de administração, que 
deliberou sobre a emissão; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 II - inscrição da escritura de emissão no registro do comércio; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 III - constituição das garantias reais, se for o caso. 
 § 1º Os administradores da companhia respondem pelas perdas e danos causados à companhia ou a terceiros por infração deste 
artigo. 
 § 2º O agente fiduciário e qualquer debenturista poderão promover os registros requeridos neste artigo e sanar as lacunas e 
irregularidades porventura existentes nos registros promovidos pelos administradores da companhia; neste caso, ooficial do registro 
notificará a administração da companhia para que lhe forneça as indicações e documentos necessários. 
 § 3º Os aditamentos à escritura de emissão serão averbados nos mesmos registros. 
 § 4o Os registros do comércio manterão livro especial para inscrição das emissões de debêntures, no qual serão anotadas as 
condições essenciais de cada emissão.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
 Art. 4º, § 2o Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem prévio registro na Comissão de 
Valores Mobiliários. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
25/03/07 
5.2.2. Tipos de debêntures 
 
Existem quatro tipos de debêntures (art. 58): 
1. Garantia flutuante: flutua com o patrimônio da companhia. Se a companhia quebrar, o administrador 
nomeado vai tentar pagar o passivo com o ativo. Muitas vezes não dá para pagar a todos. Existem 
ordem de pagamento: 1º  créditos trabalhistas até o limite de 150 salários mínimos; 2º Créditos 
com garantias reais; 3º Créditos tributários das três fazendas; 4º Créditos com privilégios 
especiais; 5º Créditos com privilégio geral, entre eles debêntures com garantia flutuante, 6º 
Créditos quirografários: debêntures sem preferência, 7º Créditos subordinados e 8º Sócios da 
Companhia. 
 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
6 
2. Garantia real: aquelas em que a companhia oferece, como o próprio nome diz, garantia real de 
pagamento do empréstimo (por exemplo, hipoteca, penhor, etc.); 
 
3. Sem Preferência: são as debêntures que vão ser pagas, no caso de falência de uma companhia, 
junto com os credores quirografários 
 
4. Subordinada: serão pagas depois dos credores quirografários, mas antes dos acionistas 
 
 Art. 58. A debênture poderá, conforme dispuser a escritura de emissão, ter garantia real ou garantia flutuante, não gozar de 
preferência ou ser subordinada aos demais credores da companhia. 
 § 1º A garantia flutuante assegura à debênture privilégio geral sobre o ativo da companhia, mas não impede a negociação dos 
bens que compõem esse ativo. 
 § 2º As garantias poderão ser constituídas cumulativamente. 
 § 3º As debêntures com garantia flutuante de nova emissão são preferidas pelas de emissão ou emissões anteriores, e a 
prioridade se estabelece pela data da inscrição da escritura de emissão; mas dentro da mesma emissão, as séries concorrem em 
igualdade. 
 § 4º A debênture que não gozar de garantia poderá conter cláusula de subordinação aos credores quirografários, preferindo 
apenas aos acionistas no ativo remanescente, se houver, em caso de liquidação da companhia. 
 § 5º A obrigação de não alienar ou onerar bem imóvel ou outro bem sujeito a registro de propriedade, assumida pela companhia 
na escritura de emissão, é oponível a terceiros, desde que averbada no competente registro. 
 § 6º As debêntures emitidas por companhia integrante de grupo de sociedades (artigo 265) poderão ter garantia flutuante do 
ativo de 2 (duas) ou mais sociedades do grupo. 
 
5.2.3. Limites na emissão de debêntures 
A lei determina limite para a emissão de debêntures, que é o valor do capital social (regra geral). Regra geral: 
o limite é o valor do capital social (art. 60, caput). Entretanto, essa regra geral sofre tanta exceção que acaba 
por se tornar a própria exceção: 
 
1ª se debênture com garantia real (art. 60, §1º, a): pode ultrapassar 80% do valor da garantia real 
(capital de 1 milhão + garantia  imóvel de 10 milhões de reais: emissão pode ser de 8 milhões de reais); 
 
2ª se debênture com garantia flutuante (art. 60, §1º, b): a emissão pode ultrapassar o capital de forma a 
alcançar até 70% do ativo da companhia, diminuído o montante das dívidas; 
 
3ª se debênture sem preferência: prevalece o limite do capital; 
 
4ª se debênture subordinada: não existem limites. Por quê? Porque são as que não têm garantia 
nenhuma (art. 60, §4º). 
 
 Art. 60. Excetuados os casos previstos em lei especial, o valor total das emissões de debêntures não poderá ultrapassar o capital 
social da companhia. 
 § 1º Esse limite pode ser excedido até alcançar: 
 a) 80% (oitenta por cento) do valor dos bens gravados, próprios ou de terceiros, no caso de debêntures com garantia real; 
 b) 70% (setenta por cento) do valor contábil do ativo da companhia, diminuído do montante das suas dívidas garantidas por 
direitos reais, no caso de debêntures com garantia flutuante. 
 § 2º O limite estabelecido na alínea a do § 1º poderá ser determinado em relação à situação do patrimônio da companhia depois 
de investido o produto da emissão; neste caso os recursos ficarão sob controle do agente fiduciário dos debenturistas e serão 
entregues à companhia, observados os limites do § 1º, à medida em que for sendo aumentado o valor das garantias. 
 § 3º A Comissão de Valores Mobiliários poderá fixar outros limites para emissões de debêntures negociadas em bolsa ou no 
balcão, ou a serem distribuídas no mercado. 
 § 4º Os limites previstos neste artigo não se aplicam à emissão de debêntures subordinadas. 
 
5.2.4. Debêntures conversíveis em ações 
Quando a companhia emite debêntures conversíveis em ações, dá a opção para o investidor receber o 
pagamento em ações, o que pode aumentar o capital da companhia. Existe preferência do antigo acionista, 
mas não no momento da conversão, mas sim no momento do lançamento das ações (art. 171 e art. 172 
citado no art. 57). 
 
A debênture é um título estranho ao capital, o debenturista não é acionista, é apenas acionista em potencial; 
 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
7 
Existem alterações que precisam de autorização dos debenturistas (art. 57): 
1. Alteração do objeto; 
2. Alteração dos direitos e vantagens conferidas às ações preferenciais, nas quais as debêntures são 
conversíveis. 
 
 Art. 57. A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes da escritura de emissão, que especificará: 
 I - as bases da conversão, seja em número de ações em que poderá ser convertida cada debênture, seja como relação entre o 
valor nominal da debênture e o preço de emissão das ações; 
 II - a espécie e a classe das ações em que poderá ser convertida; 
 III - o prazo ou época para o exercício do direito à conversão; 
 IV - as demais condições a que a conversão acaso fique sujeita. 
 § 1º Os acionistas terão direito de preferência para subscrever a emissão de debêntures com cláusula de conversibilidade em 
ações, observado o disposto nos artigos 171 e 172. 
 § 2º Enquanto puder ser exercido o direito à conversão, dependerá de prévia aprovação dos debenturistas, em assembléia 
especial, ou de seu agente fiduciário, a alteração do estatuto para: 
 a) mudar o objeto da companhia; 
 b) criar ações preferenciais ou modificar as vantagens das existentes, em prejuízo das ações em que são conversíveis as 
debêntures. 
 
Agente Fiduciário dos debenturistas: aquele que irá representar os debenturistas perante a companhia 
(art.66 a 70). 
 
 
5.3. Bônus de subscrição 
 
Bônus de subscrição são títulos que somente podem ser emitidos por companhia de capital autorizado e 
conferem no aumento futuro de capital, o direito preferencial de subscrever ações. O investidor paga 
determinado preço pelo Bônus, em função dele pode, por exemplo, subscrever duas ações, e o preço foi 
fixado lá atrás (anteriormente). Se o preço estiver mais alto, não compensa comprar, mas se ocorrer o 
inverso será vantajoso (art. 75). 
 
 Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto (artigo 168), títulos 
negociáveis denominados "Bônus de Subscrição".Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, direito de 
subscrever ações do capital social, que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de 
emissão das ações. 
Competência 
 
Competência para emissão de Bônus de Subscrição é da AGE, se o Estatuto não a atribuir ao Conselho de 
Administração (art.76). Se a companhia não tiver Conselho de Administração, não vai ser de capital 
autorizado, e não pode ter bônus de subscrição. 
 
 Art. 76. A deliberação sobre emissão de bônus de subscrição compete à assembléia-geral, se o estatuto não a atribuir ao 
conselho de administração. 
 
Existem duas espécies de bônus (art. 77): 
1. Onerosos: privativos de companhias prósperas. 
2. Gratuitos: podem ser emitidos por companhias não tão prósperas, normalmente como “brinde” 
quando o investidor compra ações na subscrição. 
 
 Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados pela companhia ou por ela atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritos 
de emissões de suas ações ou debêntures. 
 Parágrafo único. Os acionistas da companhia gozarão, nos termos dos artigos 171 e 172, de preferência para subscrever a 
emissão de bônus. 
 
Lembrar que o acionista possui preferência na emissão de bônus (art. 77, § único). 
 
A CVM não analisa o mérito do investimento, portanto, o registro não implica na veracidade das informações 
prestadas, o que é de responsabilidade do investidor. A CVM garante que as informações serão todas 
prestadas 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
8 
 
6. Constituição da Sociedade Anônima 
 
Fase pré-constitutiva: figura de destaque são os fundadores. Vão contratar advogado para redigir o 
estatuto, vai avaliar a viabilidade financeira, vão contratar companhias financeiras para lançar o investimento, 
e arrecadar os fundos para a constituição da mesma, etc. 
 
Fase constitutiva: os acionistas vão convocar a Assembléia de Constituição e elaborar o estatuto. Eleitos os 
primeiros administradores, passa-se a bola para os administradores. A companhia já está constituída, mas 
não tem personalidade jurídica. Para ter personalidade precisa ser registrada pelos primeiros administradores 
passando-se para a fase pós-constitutiva 
 
Fase pós-constitutiva: companhia ganha personalidade jurídica com o arquivamento dos atos de 
constituição na Junta Comercial. 
 
 
6.1. Formas de Constituição 
 
 
Por subscrição pública: já está se constituindo como companhia aberta  observa-se as três fases de 
forma bem distinta  constituição sucessiva; 
 
Por subscrição privada: constituindo-se como companhia fechada. Processo é mais simples. Todas as 
fases se desenvolvem simultaneamente  constituição simultânea. 
 
 
6.2. Requisitos Preliminares (art. 80 e 81) 
Se não cumpridos, torna-se nulo a constituição 
 
1. Todo capital da companhia tem que ser subscrito por pelo menos dois acionistas: a companhia 
tem que “vender” todo o capital. Exceção: subsidiária integral (será estudada adiante); 
 
2. Integralização for a prazo, pelo menos 10% do capital tem que ser integralizado à vista: 
 
3. Parcela do preço de companhia que estiver sendo integralizado á vista, deverá depositar o 
capital em nome da Companhia: não pode ser movimentada essa conta até que a companhia seja 
constituída, para garantia do subscritor. Se a companhia não se constituir após seis meses a partir 
do processo de subscrição, o dinheiro vai ser devolvido ao subscritor (art. 81). 
 
 Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: 
 I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; 
 II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; 
 III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, 
da parte do capital realizado em dinheiro. 
 Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior 
do capital social. 
Depósito da Entrada 
 
A CVM permite que o depósito inicial seja feito em qualquer instituição bancária (art. 80, III). 
 
 
 Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do 
recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver 
adquirido personalidade jurídica. 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
9 
 Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias 
depositadas diretamente aos subscritores. 
 
 
6.3. Constituição por Subscrição Pública (art. 82) 
 
Os fundadores da Bodex terão que: 
1. Encomendar estudo da viabilidade financeira do empreendimento; 
2. Contratar um advogado para redigir um projeto de estatuto da companhia; 
3. Elaborar terceiro documento, chamado de prospecto: que descreve todas as condições 
pertinentes a própria subscrição e que vai ser disponibilizado para o investidor. O prospecto dá várias 
informações, que principalmente os fundadores transmitem para o investidor as razões pelas quais 
se entende que aquele é um bom investimento (art. 84). 
4. Contratar instituição financeira que vai negociar na CVM. 
5. Registrar na CVM: pode condicionar a alguma diligência, ou pode de plano negar o registro se 
entender: a) que o empreendimento é temerário, b) se os fundadores não são pessoas idôneas. Na 
subscrição pública a CVM avalia o mérito do empreendimento. 
 
 Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores 
Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. 
 § 1º O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com: 
 a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; 
 b) o projeto do estatuto social; 
 c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. 
 § 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e denegá-lo 
por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores. 
 
O prospecto tem que dar várias informações: 
 
 Art. 84. O prospecto deverá mencionar, com precisão e clareza, as bases da companhia e os motivos que justifiquem a 
expectativa de bom êxito do empreendimento, e em especial: 
 I - o valor do capital social a ser subscrito, o modo de sua realização e a existência ou não de autorização para aumento futuro; 
 II - a parte do capital a ser formada com bens, a discriminação desses bens e o valor a eles atribuídos pelos fundadores (não 
são os fundadores, são os subscritores, mas o prospecto tem que descrever todos os bens, e ele é elaborado 
antes do registro a CVM, ou seja, precisa ser pelos fundadores); 
 III - o número, as espécies e classes de ações em que se dividirá o capital; o valor nominal das ações, e o preço da emissão das 
ações;  descrição do capital social 
 IV - a importância da entrada a ser realizada no ato da subscrição;  pelo menos 10% tem que ser integralizado a 
vista. 
 V - as obrigações assumidas pelos fundadores, os contratos assinados no interesse da futura companhia e as quantias já 
despendidas e por despender;  todas informações relevantes que devemser divulgadas para os investidores 
 VI - as vantagens particulares, a que terão direito os fundadores ou terceiros, e o dispositivo do projeto do estatuto que as 
regula; os fundadores vão ser remunerados, possuem alguma vantagem? 
 VII - a autorização governamental para constituir-se a companhia, se necessária; no caso de ser companhia que 
dependa de autorização para se constituir, por exemplo, instituição financeira, precisa de autorização do 
Banco Central. 
 VIII - as datas de início e término da subscrição e as instituições autorizadas a receber as entradas; qual vai ser o período de 
subscrição financeira? 
 IX - a solução prevista para o caso de excesso de subscrição; e se ocorrer excesso de subscrição? Bodex com 1 
milhão de reais, com 1 milhão de ações. Ações são oferecidas para todo o Brasil, e pode ocorrer de ter mais 
subscrição do que ações disponíveis. Normalmente, reduz-se a subscrição ao capital social, se houve 
subscrição para 2 milhões de ações, vai ficar com apenas uma. Se ocorrer falta de subscrição, por exemplo, 
no período houve apenas subscrição de 600 mil ações. Pode reduzir o capital e constituir a companhia? Não, 
se constituir a constituição é nula, pois todo o capital precisa ser subscrito. Pode prorrogar o prazo nesse 
caso? Pode, mas a companhia tem que se constituir em 6 meses, do contrário o dinheiro vai ser devolvido ao 
subscritor. 
 X - o prazo dentro do qual deverá realizar-se a assembléia de constituição da companhia, ou a preliminar para avaliação dos 
bens, se for o caso; 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
10 
 XI - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos fundadores, ou, se pessoa jurídica, a firma ou denominação, 
nacionalidade e sede, bem como o número e espécie de ações que cada um houver subscrito, toda informação a respeito dos 
fundadores e devem reservar para si o controle da companhia. 
 XII - a instituição financeira intermediária do lançamento, em cujo poder ficarão depositados os originais do prospecto e do 
projeto de estatuto, com os documentos a que fizerem menção, para exame de qualquer interessado. Tem que ser contratada 
distribuidora de valores especializada que vai ficar com a posse de toda a documentação para informar os 
investidores. 
 
6. Período de subscrição: lança no mercado. Se todo o capital foi subscrito pode continuar o 
processo; 
7. Assembléia geral de avaliação dos bens 
8. Os fundadores deverão convocar a assembléia geral de constituição, todos os subscritores. 
Primeiro os fundadores vão provar que colocaram o dinheiro da entrada em conta própria. Segundo: 
discute e vota o projeto do estatuto. Se mais da maioria do capital social não for rejeitado, ele será 
aprovado. Todo tipo de ação vota, independente de sua espécie. Não rejeitado o projeto de estatuto 
passa-se a segunda fase (companhia está constituída e serão eleitos os primeiros administradores – 
art. 86 e art. 87). 
 
 Art. 86. Encerrada a subscrição e havendo sido subscrito todo o capital social, os fundadores convocarão a assembléia-geral que 
deverá: 
 I - promover a avaliação dos bens, se for o caso (artigo 8º); 
 II - deliberar sobre a constituição da companhia. 
 Parágrafo único. Os anúncios de convocação mencionarão hora, dia e local da reunião e serão inseridos nos jornais em que 
houver sido feita a publicidade da oferta de subscrição. 
 
 Art. 87. A assembléia de constituição instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de subscritores que representem, 
no mínimo, metade do capital social, e, em segunda convocação, com qualquer número. 
 § 1º Na assembléia, presidida por um dos fundadores e secretariada por subscritor, será lido o recibo de depósito de que trata o 
número III do artigo 80, bem como discutido e votado o projeto de estatuto. 
 § 2º Cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, dá direito a um voto; a maioria não tem poder para alterar o 
projeto de estatuto. A unanimidade pode alterar. 
 § 3º Verificando-se que foram observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que representem mais 
da metade do capital social, o presidente declarará constituída a companhia, procedendo-se, a seguir, à eleição dos administradores 
e fiscais. 
 § 4º A ata da reunião, lavrada em duplicata, depois de lida e aprovada pela assembléia, será assinada por todos os subscritores 
presentes, ou por quantos bastem à validade das deliberações; um exemplar ficará em poder da companhia e o outro será destinado 
ao registro do comércio. 
 
A companhia sendo constituída, torna-se necessário que se eleja os administradores. Quem vai votar na 
eleição dos administradores? É controverso, mas Maurício acha que só os controladores. 
 
Inicia então, a fase constitutiva, termina a pré-constitutiva, com responsabilidade agora, dos administradores. 
 
 Art. 93. Os fundadores entregarão aos primeiros administradores eleitos todos os documentos, livros ou papéis relativos à 
constituição da companhia ou a esta pertencentes. 
 
Durante o vacatio (até a aquisição de personalidade jurídica), se os administradores praticarem atos 
empresariais, quem responde é o administrador, isto ocorre para pressionar o administrador a registrar a 
companhia. 
 
 Art. 99. Os primeiros administradores são solidariamente responsáveis perante a companhia pelos prejuízos causados pela 
demora no cumprimento das formalidades complementares à sua constituição. 
 Parágrafo único. A companhia não responde pelos atos ou operações praticados pelos primeiros administradores antes de 
cumpridas as formalidades de constituição, mas a assembléia-geral poderá deliberar em contrário. 
 
A partir de quando ocorre demora? A lei não fala. Tem que interpretar o dispositivo sistematicamente, a 
primeira fonte é a própria lei em que está inserido o dispositivo, mas não encontramos nenhum outro 
dispositivo nesta lei. Na lei 8934/94, art. 36 que trata do registro de empresas mercantis fala que existe prazo 
para arquivar em 30 dias, retroagindo a data à assinatura dos atos. Do contrário, não retroage, mas inicia-se 
a contar a constituição a partir do dia em que registrou. O art. 1.151 do CC também trata da questão. 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
11 
Art. 36. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apresentados a arquivamento na Junta, dentro de 30 
(trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só 
terá eficácia a partir do despacho que o conceder. 
Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei, 
e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessado. 
§ 1o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos 
respectivos. 
§ 2o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data de sua concessão. 
§ 3o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso de omissão ou demora. 
 
A junta pode não arquivar se verificar falha. Os primeiro administradores precisam convocar AGE para 
corrigir falhas na Companhia. É como se fosse uma continuação da Assembléia de Constituição, e, portanto, 
seguem-se a mesmas formalidades. Excepcionalmente, para deliberar sobre as alterações necessárias da 
Junta Comercial, o critério é majoritário (art. 92). 
 
 Art. 92. Os fundadores e as instituições financeiras que participarem da constituição por subscrição pública responderão, no 
âmbito das respectivas atribuições, pelos prejuízos resultantes da inobservânciade preceitos legais. 
 Parágrafo único. Os fundadores responderão, solidariamente, pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo em atos ou operações 
anteriores à constituição. 
 
 
03/04/08 
Durante o vacatio a lei determina que a companhia trabalhe com um acréscimo em sua denominação (art. 
91). 
 
 Art. 91. Nos atos e publicações referentes a companhia em constituição, sua denominação deverá ser aditada da cláusula "em 
organização". 
 
Os administradores precisam retificar o estatuto conforme exigência da Junta Comercial, que é como se 
fosse uma prorrogação da AGE de constituição, e deve ter a mesma regra. O quorum de instalação vai ser o 
mesmo. Todo os investidores votam e a lei no que diz respeito a essa AGE reduz o quorum para efeito de 
alteração do estatuto. Só a unanimidade poderia alterar o estatuto, mas como a Junta Comercial é que está 
pedindo a alteração o quorum é a maioria(art. 97). 
 
 Art. 97. Cumpre ao registro do comércio examinar se as prescrições legais foram observadas na constituição da companhia, bem 
como se no estatuto existem cláusulas contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes. 
 § 1º Se o arquivamento for negado, por inobservância de prescrição ou exigência legal ou por irregularidade verificada na 
constituição da companhia, os primeiros administradores deverão convocar imediatamente a assembléia-geral para sanar a falta ou 
irregularidade, ou autorizar as providências que se fizerem necessárias. A instalação e funcionamento da assembléia obedecerão ao 
disposto no artigo 87, devendo a deliberação ser tomada por acionistas que representem, no mínimo, metade do capital social. Se a 
falta for do estatuto, poderá ser sanada na mesma assembléia, a qual deliberará, ainda, sobre se a companhia deve promover a 
responsabilidade civil dos fundadores (artigo 92). 
 § 2º Com a 2ª via da ata da assembléia e a prova de ter sido sanada a falta ou irregularidade, o registro do comércio procederá 
ao arquivamento dos atos constitutivos da companhia. 
 § 3º A criação de sucursais, filiais ou agências, observado o disposto no estatuto, será arquivada no registro do comércio. 
 
Para quais alterações que há a redução do quorum? Apenas para as alterações necessárias para o 
cumprimento das exigências da Junta Comercial. Os administradores não podem se aproveitar da 
oportunidade e alterar outras partes daquelas apontadas pela Junta. 
 
O processo de constituição está travado na Junta, e os responsáveis são os fundadores. Eventualmente 
nessa AGE pode-se declarar a responsabilidade civil dos fundadores (art. 97, §1º). 
 
Arquivados na Junta é preciso publicar os documentos relativos à constituição da companhia (art. 98) 
 Art. 98. Arquivados os documentos relativos à constituição da companhia, os seus administradores providenciarão, nos 30 
(trinta) dias subseqüentes, a publicação deles, bem como a de certidão do arquivamento, em órgão oficial do local de sua sede. 
 § 1° Um exemplar do órgão oficial deverá ser arquivado no registro do comércio. 
 § 2º A certidão dos atos constitutivos da companhia, passada pelo registro do comércio em que foram arquivados, será o 
documento hábil para a transferência, por transcrição no registro público competente, dos bens com que o subscritor tiver 
contribuído para a formação do capital social (artigo 8º, § 2º). 
 
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 § 3º A ata da assembléia-geral que aprovar a incorporação deverá identificar o bem com precisão, mas poderá descrevê-lo 
sumariamente, desde que seja suplementada por declaração, assinada pelo subscritor, contendo todos os elementos necessários para 
a transcrição no registro público. 
 
6.4. Constituição por Subscrição Privada 
 
Ele é muito mais simplificado, pois é um grupo fechado, sendo o processo mais simples. De qualquer forma 
há duas possibilidades (art. 88): 
 
1. Escritura Pública: lavra-se a escritura com o estatuto assinado por todos os subscritores, com laudo 
de avaliação para formação do capital, e depois levada a registro na Junta; 
2. AGE: processo semelhante na subscrição pública, entretanto, aqui todos os subscritores são 
reputados fundadores, inclusive para a questão da responsabilidade civil do art. 92. 
 
 Art. 88. A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em 
assembléia-geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores. 
 § 1º Se a forma escolhida for a de assembléia-geral, observar-se-á o disposto nos artigos 86 e 87, devendo ser entregues à 
assembléia o projeto do estatuto, assinado em duplicata por todos os subscritores do capital, e as listas ou boletins de subscrição de 
todas as ações. 
 § 2º Preferida a escritura pública, será ela assinada por todos os subscritores, e conterá: 
 a) a qualificação dos subscritores, nos termos do artigo 85; 
 b) o estatuto da companhia; 
 c) a relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das entradas pagas; 
 d) a transcrição do recibo do depósito referido no número III do artigo 80; 
 e) a transcrição do laudo de avaliação dos peritos, caso tenha havido subscrição do capital social em bens (artigo 8°); 
 f) a nomeação dos primeiros administradores e, quando for o caso, dos fiscais. 
 
Pela AGE é mais fácil do que por escritura pública. 
 
AGE: ata de constituição, todo mundo assina, deposita-se no banco a parcela integralizada a vista, no 
mínimo 10%. Como comparece todos os acionistas, dispensa-se as formalidades. 
Escritura Pública: precisa do Cartório, tem que pagar o valor correspondente, é mais oneroso. 
 
 
6.4. Livros de Registros 
 
Livros Obrigatórios das S.A.: 
1. De registro da propriedade e os fatos referentes aos Valores Mobiliários (art. 100, I, II, III): livro 
de registros de ações nominativas, de transferência, etc  todos tem acesso, mesmo que não sejam 
acionistas. A companhia funciona como se fosse um registro público (Art. 100, §1º)  ninguém pode 
alegar desconhecimento dos fatos. 
 
2. De registro de fatos da vida da S.A., especialmente pertinentes a gestão: livro de atas das AGE, 
de presença na AGE, de atas de reuniões da diretoria, do Conselho e de pareceres do Conselho 
Fiscal (Art. 100, IV, V, VI, VII). Os acionistas também não podem livremente ter acesso a estes livros. 
A companhia presta conta divulgando suas informações financeiras anualmente (nos últimos 4 
meses do encerramento do ano financeiro). Os acionistas podem ter acesso mediante ordem judicial, 
desde que representem pelo menos 5% do capital social (art. 105). 
 
 Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas 
formalidades legais: 
 I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para inscrição, anotação ou averbação: (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 a) do nome do acionista e do número das suas ações; 
 b) das entradas ou prestações de capital realizado; 
 c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou classe; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de sua aquisição pela companhia; 
 e) das mutações operadas pela alienação ou transferência de ações; 
 
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 f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou obste sua 
negociação. 
 II - o livro de "Transferência de Ações Nominativas", para lançamento dos termos de transferência, que deverão ser assinados 
pelo cedente e pelo cessionário ou seus legítimos representantes; 
 III -o livro de "Registro de Partes Beneficiárias Nominativas" e o de "Transferência de Partes Beneficiárias Nominativas", se 
tiverem sido emitidas, observando-se, em ambos, no que couber, o disposto nos números I e II deste artigo; 
 IV - o livro de Atas das Assembléias Gerais; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 V - o livro de Presença dos Acionistas; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 VI - os livros de Atas das Reuniões do Conselho de Administração, se houver, e de Atas das Reuniões de Diretoria; (Redação dada 
pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 § 1º A qualquer pessoa, desde que se destinem a defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal ou dos 
acionistas ou do mercado de valores mobiliários, serão dadas certidões dos assentamentos constantes dos livros mencionados nos 
incisos I a III, e por elas a companhia poderá cobrar o custo do serviço, cabendo, do indeferimento do pedido por parte da companhia, 
recurso à Comissão de Valores Mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 
 § 2º Nas companhias abertas, os livros referidos nos incisos I a III do caput deste artigo poderão ser substituídos, observadas as 
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, por registros mecanizados ou eletrônicos. (Redação dada pela Lei nº 9.457, 
de 1997) 
 
 Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada judicialmente sempre que, a requerimento de 
acionistas que representem, pelo menos, 5% (cinco por cento) do capital social, sejam apontados atos violadores da lei ou do 
estatuto, ou haja fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da companhia. 
 
Desdobramento do direito de fiscalização, que é direito essencial, portanto o estatuto não pode aumentar a 
proporção de 5% do art. 105. 
 
Somos acionistas, detemos mais de 5% do capital da companhia e vamos pedir a exibição em juízo desses 
livros. Nós precisamos demonstrar pro juiz as irregularidades praticadas pelos administradores para que o 
juiz defira o pedido de exibição dos livros? Não, quando eu entro com essa ação eu estou buscando a prova, 
a lei exige que você explicite uma suspeita fundada. Provar a irregularidade não. Se você já tivesse a prova 
entraria direto com ação de responsabilidade contra os acionistas 
 
 
7. O Acionista 
 
A rigor o acionista tem muito mais direito do que obrigação. Obrigação na verdade são apenas duas: 
1. Ser leal a companhia; 
2. Integralizar o capital que ele tiver subscrito: obrigação irretratável, e a lei a trata com rigor, e 
disponibiliza mecanismos a compelir o investidor ao pagamento (art. 106). 
 
 Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação 
correspondente às ações subscritas ou adquiridas. 
 § 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto ao montante da prestação e ao prazo ou data do pagamento, caberá aos 
órgãos da administração efetuar chamada, mediante avisos publicados na imprensa, por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo, 
não inferior a 30 (trinta) dias, para o pagamento. 
 § 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condições previstas no estatuto ou boletim, ou na chamada, ficará de pleno 
direito constituído em mora, sujeitando-se ao pagamento dos juros, da correção monetária e da multa que o estatuto determinar, 
esta não superior a 10% (dez por cento) do valor da prestação. 
 
A doutrina há muito classifica os acionistas segundo os motivos que os levaram a comprar as ações: 
 
7.1. Classificação dos Acionistas 
 
1. Príncipe (empresário): está interessado em disputar o poder na S.A  investe em ações ordinárias. 
2. Comerciante (rendeiro): não está interessado pela disputa de poder, em dar palpite na 
administração da companhia  investe em ações preferenciais. 
 
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3. Jogador (especulador): quer ganhar com a compra e venda  investe naquela que for melhor 
negócio, seja ordinária, ou preferencial. 
 
Todos os acionistas são importantes na vida da companhia, inclusive o especulador, pois é ele que dá 
liquidez para as ações da companhia. 
 
 
7.2. Integralização 
 
1. A vista: os atos de subscrever e integralizar se confundem. 
2. A prazo: pode ser de duas maneiras, ou se preestabelece as parcelas a serem pagas, por exemplo, 
10 parcelas de 10%, ou deixa-se para se arrecadar o valor do capital na medida da necessidade do 
capital da companhia. Ela tem que publicar um aviso de chamada, com antecedência de 30 dias (art. 
106, §1º). 
 
 Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação 
correspondente às ações subscritas ou adquiridas. 
 § 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto ao montante da prestação e ao prazo ou data do pagamento, caberá aos 
órgãos da administração efetuar chamada, mediante avisos publicados na imprensa, por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo, 
não inferior a 30 (trinta) dias, para o pagamento. 
 § 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condições previstas no estatuto ou boletim, ou na chamada, ficará de pleno 
direito constituído em mora, sujeitando-se ao pagamento dos juros, da correção monetária e da multa que o estatuto determinar, 
esta não superior a 10% (dez por cento) do valor da prestação. 
 
É possível negociar ações ainda não totalmente integralizadas? Sim, é possível, quem adquirir vai assumir 
obrigação irretratável de integralizá-las. Existe algum limite para essa comercialização? Sim; nas companhias 
abertas é de 30% (art. 29) e nas fechadas a lei não prevê expressamente, portanto o limite é do art. 80, II 
(para a companhia se constituir pelo menos 10% do preço de emissão de cada ação tem que ser à vista). Do 
contrário, a constituição é nula de pleno direito. A integralização pode ser a prazo, desde que os 10% já 
tenham sido integralizados. 
 
Obs.: quem vendeu fica por dois anos responsável pelo adimplemento daquelas ações não integralizadas. 
 
No que diz respeito à integralização a prazo, existem 2 opções para a companhia. Ela já pode predeterminar 
todas as condições de pagamento das parcelas de integralização. Ou ela pode simplesmente definir qual a 
parcela do preço de emissão vai ser integralizado à vista e deixar estabelecido que o restante vai ser 
integralizado na medida de necessidade da companhia. Se a companhia deixar para integralizar em função 
da necessidade ela não pode surpreender os acionistas, portanto a lei estabelece o prazo mínimo para essas 
chamadas de integralização. Pelo menos 30 dias da data em que a companhia convocar os acionistas para 
integralização (art. 106,§ 1º). 
 
7.2.1. Acionista remisso 
Supondo que um acionista não pagou uma das prestações. Quais serão as penalidades? Como será 
tampado o buraco no capital? O acionista remisso, o que não pagou, de imediato é constituído em mora de 
pleno direito e poderá se sujeitar ao pagamento de juros e multa de até 10% do preço na prestação (art. 106, 
§2º). Mora ex re  não há necessidade de nenhum ato, notificação, já está imediatamente em mora, e terá 
que pagar correção monetária, juros e multa. 
A companhia pode também suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120) 
 
 Art. 120. A assembléia-geral poderá suspender o exercício dos direitos do acionista que deixar de cumprir obrigação imposta pela 
lei ou pelo estatuto, cessando a suspensão logo que cumprida a obrigação. 
 
AGE da Bodex  integralização está sendo a prazo e já venceram cinco prestações. Amanhã será a AGE, e 
seguranças impedem o acionista remisso de entrar, alegando queperder os seus direitos  o único órgão 
que pode suspender o direito dos acionistas é a AGE, portanto, a perda dos direitos não é automática. Mas, 
supondo que nesta AGE fique deliberado que está suspenso os direitos dos acionistas remissos de participar 
das AGE e de votar. Acionista em mora com as ações preferenciais, mas em dia com as ações ordinárias, e 
em nova AGE os seguranças tentar barrar o acionista. 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
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Suspensão dos direitos dos acionistas por mora: 
1. Depende de previa deliberação da AGE; 
2. AGE deverá especificar quais os direitos que estão sendo suspendidos; 
3. Atinge as ações e não o acionista; 
4. Não pode haver qualquer discriminação (ex.: mulher sim e homem não). 
 
Os direitos essenciais podem ser suspensos? Minoria doutrinária pensa que não, mas a maioria o art. 120 
excepciona a regra do art. 109, porque o acionista deixou de cumprir a lei (interpretação sistêmica). 
 
 Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: 
 I - participar dos lucros sociais; 
 II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; 
 III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; 
 IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e 
bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; 
 V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. 
 § 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares. 
 § 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo 
estatuto ou pela assembléia-geral. 
 § 3o O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas 
controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar.(Incluído 
pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
10/04/08 
Possibilidade de Dação em Pagamento 
Supondo que tenha se previsto que a integralização se faria a prazo. Companhia com subscrição pública e 
integralização em 10 parcelas mensais. Na 5ª prestação, Justicéia diz que não tem dinheiro para pagar a 5ª 
parcela, mas diz que tem bodes. Há possibilidade de fazer dação em pagamento? Não pode, pois os bens 
que vão compor precisam estar descritos no prospecto. 
 
Possibilidade de Compensação em dinheiro 
Poderia haver a compensação? Vai ocorrer a compensação quando o credor e o devedor são os mesmos. A 
Justicéia vai pagar a 5ª prestação e a companhia está devendo a Justicéia. Desde que as dívidas e os 
créditos sejam da mesma natureza, que sejam líquidos (avaliados aritmeticamente), não há problema. A 
dívida do acionista é uma dívida líquida, certa e exigível (já vencida), assim como o crédito  portanto não 
há problemas. 
 
Possibilidade de Compensação com dividendos 
Acionista tem que pagar a 5ª prestação, então quer que compense com a distribuição de lucros (dividendos). 
O crédito é líquido (não, pois não sabe qual será o valor deliberado em assembléia geral), não é exigível (não 
está vencido) e não é certo (a companhia não sabe se vai ter lucros). Há possibilidade, no entanto, desde 
que os créditos em relação aos dividendos sejam líquidos, certos e exigíveis. Para a companhia distribuir 
lucros, precisa ter AGE, que vai declarar os dividendos. Neste momento o crédito torna-se líquido e certo, e a 
AGE vai decidir quando vai pagar, se for omissa quanto a data, tem que ser pago dentro de 60 dias. 
 
 Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-
geral para: 
 I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; 
 II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; 
 III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; 
 IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167). 
 
 Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do dividendo, 
estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação. 
 § 1º Os dividendos poderão ser pagos por cheque nominativo remetido por via postal para o endereço comunicado pelo acionista 
à companhia, ou mediante crédito em conta-corrente bancária aberta em nome do acionista. 
 § 2º Os dividendos das ações em custódia bancária ou em depósito nos termos dos artigos 41 e 43 serão pagos pela companhia à 
instituição financeira depositária, que será responsável pela sua entrega aos titulares das ações depositadas. 
 § 3º O dividendo deverá ser pago, salvo deliberação em contrário da assembléia-geral, no prazo de 60 (sessenta) dias da data em 
que for declarado e, em qualquer caso, dentro do exercício social. 
 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
16 
Mecanismos para garantir a integralização 
A Justicéia torna-se acionista remissa. Não paga a parcela de integralização. O que vai acontecer? É 
constituída em mora de pleno direito. E o buraco do capital? O legislador disponibilizou mecanismos para o 
administrador garantir a integridade da companhia. São quatro (primeiro tenta os dois menos drásticos e 
depois parte para os mais drásticos): 
 
 Métodos Menos Drásticos (1 e/ou 2): 
1. Pode a companhia executar o acionista (mas pode ser que não ache bens e o capital não seja 
integralizado); 
 
2. Podem ser vendidas suas ações em leilão (art. 107, II, §2º)  tem que publicar com antecedência de 
3 dias (3 publicações). Toda publicação tem que ocorrer em órgão oficial e jornal de grande 
circulação; 
 
Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha: 
 I - promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente responsáveis (artigo 108), processo de execução para 
cobrar as importâncias devidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título extrajudicial nos termos do 
Código de Processo Civil; ou 
 II - mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista. 
 § 1º Será havida como não escrita, relativamente à companhia, qualquer estipulação do estatuto ou do boletim de subscrição 
que exclua ou limite o exercício da opção prevista neste artigo, mas o subscritor de boa-fé terá ação, contra os responsáveis pela 
estipulação, para haver perdas e danos sofridos, sem prejuízo da responsabilidade penal que no caso couber. 
 § 2º A venda será feita em leilão especial na bolsa de valores do lugar da sede social, ou, se não houver, na mais próxima, depois 
de publicado aviso, por 3 (três) vezes, com antecedência mínima de 3 (três) dias. Do produto da venda serão deduzidos as despesas 
com a operação e, se previstos no estatuto, os juros, correção monetária e multa, ficando o saldo à disposição do ex-acionista, na 
sede da sociedade. 
 § 3º É facultado à companhia, mesmo após iniciada a cobrança judicial, mandar vender a ação em bolsa de valores; a companhia 
poderá também promover a cobrança judicial se as ações oferecidas em bolsa não encontrarem tomador, ou se o preço apurado não 
bastar para pagar os débitos do acionista. 
 § 4º Se a companhia não conseguir, por qualquer dos meios previstos neste artigo, a integralização das ações, poderá declará-las 
caducas e fazer suas as entradas realizadas, integralizando-as com lucros ou reservas, exceto a legal; se não tiver lucros e reservas 
suficientes, terá o prazo de 1 (um) ano para colocar as ações caídas em comisso, findo o qual, não tendosido encontrado comprador, 
a assembléia-geral deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente. 
 
 Por que tem que ser leilão? Porque pode no leilão ser estabelecido preço mínimo, que será 
exatamente o “buraco” do capital. Supondo preço de emissão da ação de 100 mil reais, e que Justicéia 
tivesse que pagar por mês 10 mil reais. Pagou quatro (4 mil reais) e a 5ª não pagou. O buraco é de 10 mil 
reais, o preço do leilão será de 10 mil reais, quem comprar terá que arcar com o custo das prestações que 
faltam. Se conseguiu 1 milhão de reais, a companhia desconta o que precisa e devolve o resto para 
Justicéia. Se a ação for vendida por 10 mil reais, Justicéia perdeu os 40 mil reais pagos. 
 
 Se ninguém comprar, a companhia pode executar, se executar e também não conseguir parte para 
as medidas mais drásticas. A execução e o leilão podem ser feitos, inclusive concomitantemente (art. 107, 
§3º). Qualquer acordo de vontades que limite a condição da companhia de vender em bolsa ou executar, é 
tida como nula de pleno direito (art. 107, §1º). 
 Se nada deu certo, parte a companhia para as medidas mais drásticas. 
 
 Medidas mais drásticas (3 e 4): 
3. A companhia coloca a Justicéia para fora, perde a condição de acionista, sem direito a 
absolutamente nada. Os 40 mil que ela já pagou passam para a companhia, e assume as próprias 
ações (exceção a regra, pois a companhia negociou as próprias ações  ações serão mantidas em 
tesouraria). O restante das prestações é recomposto pelos lucros e reservas da companhia (não 
pode usar a reserva legal) – art. 107, §4º. 
 
4. Se a companhia não tem lucros e reservas para recompor a integralização do capital. A companhia 
terá prazo de 1 ano para recolocar as ações no mercado. Se neste prazo não for possível recompor 
o capital, ela terá que diminuir o capital social (causa obrigatória de redução). Art. 107, §4º. 
 
Impropriedades técnicas  1ª: as companhias não declaram as ações caducas na verdade, ela declara 
caduco o direito do acionista remisso. 2ª: A AGE não deliberará, vai homologar a diminuição do capital, pois a 
redução é obrigatória. 
 
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17 
 
A lei diz que quando o acionista vende ações ainda não integralizadas, ele fica solidariamente responsável 
com o novo acionista, pelo prazo de dois anos (art. 108). 
 
 Art. 108. Ainda quando negociadas as ações, os alienantes continuarão responsáveis, solidariamente com os adquirentes, pelo 
pagamento das prestações que faltarem para integralizar as ações transferidas. 
 Parágrafo único. Tal responsabilidade cessará, em relação a cada alienante, no fim de 2 (dois) anos a contar da data da 
transferência das ações. 
 
No caso do leilão especial, não haverá solidariedade da Justicéia com o novo acionista (aquele que comprar 
em leilão)  o art. 108 fala “ainda quando negociadas”, e como no caso do leilão elas não são 
voluntariamente negociadas. 
 
7.3. Dos direitos dos acionistas 
 
7.3.1. Direitos Essenciais (art. 109) 
1. Participar dos lucros: o acionista somente vai exercer se a companhia tiver lucro; 
2. Participar do acervo: somente vai exercer se a companhia tiver acervo (separar também o direito do 
exercício do direito); 
3. Fiscalizar: não é irrestrito, tem que fiscalizar na forma da lei. 
4. Preferência para subscrições, partes beneficiárias e debêntures: direito de preferência. Exceção: 
companhia aberta de capital autorizado com subscrição pública  determinado pela lei; 
5. Retirar-se da sociedade: retirada mediante reembolso (somente nas hipóteses previstas na lei). 
6. Isonomia (classes de ações): direitos iguais aos titulares (art. 109, §1º); 
7. Art. 109, §2º  definição do que é direito essencial (aquele que nem o estatuto nem a AGE podem 
retirar ou dificultar); 
8. Direito de juízo arbitral (art. 109, §3º): recorrer a arbitragem para solucionar os conflitos entre ele 
(acionista) e a companhia. 
 
 Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: 
 I - participar dos lucros sociais; 
 II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; 
 III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; 
 IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e 
bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; 
 V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. 
 § 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares. 
 § 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo 
estatuto ou pela assembléia-geral. 
 § 3o O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas 
controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar.(Incluído 
pela Lei nº 10.303, de 2001) 
 
 
7.3.2. Direito de Voto 
Direito de voto: o voto é direito ou obrigação? É direito, mas se ele votar tem que resguardar o direito da 
companhia (interesse social, art. 115, caput). Não é direito essencial, pois não está listado no art. 109 e não 
são todas as ações que dão direito de voto. 
 
 Art. 115. O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim 
de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que 
resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros acionistas.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) 
§ 1º o acionista não poderá votar nas deliberações da assembléia-geral relativas ao laudo de avaliação de bens com que 
concorrer para a formação do capital social e à aprovação de suas contas como administrador, nem em quaisquer outras que 
puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em que tiver interesse conflitante com o da companhia. 
 § 3º o acionista responde pelos danos causados pelo exercício abusivo do direito de voto, ainda que seu voto não haja 
prevalecido. 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
18 
 § 4º A deliberação tomada em decorrência do voto de acionista que tem interesse conflitante com o da companhia é anulável; o 
acionista responderá pelos danos causados e será obrigado a transferir para a companhia as vantagens que tiver auferido. 
 
Regra que protege os não controladores  voto exercido com base no interesse social (art. 115). 
 
O voto pode ter conteúdo de declaração de vontade (eleger alguém) e de verdade (aprovar as 
demonstrações financeiras). A minoria acionária pode cometer abuso no direito de voto? Sim, por exemplo, 
na AGE ordinária estejam votando as demonstrações financeiras, e elas estão corretas, íntegras, mas 
alguém de má fé vota contra e registra o voto na ata AGE ordinária. A ata da AGE ordinária é publicada e o 
público ficará sabendo do voto contrário, o que pode gerar repercussão negativa e causar prejuízo. 
 
Uma coisa é o voto abusivo, mas pode haver situações de conflito de interesses, mesmos lícitos. Neste caso 
o acionista deve se abster do direito de voto: estatuto dizendo que a AGE tem que deliberar sobre a venda de 
bodes, e acionista será um dos vendedores. Não há ilicitude na venda, mas o acionista deve se abster de 
votar. 
 
Se o acionista deveria se abster, mas não se absteve. A AGE é nula? Não, anula-se a deliberação, somente 
se o voto do acionista tiver sido essencial para a aprovação da deliberação. Art. 115, §1º, §3º e §4º). 
 
17/04/08 
É possível que ação ordinária dê direito a mais de um voto? Não, o chamado voto plural não é aceitona 
legislação brasileira (art. 110). 
 
 Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembléia-geral. 
 § 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista. 
 § 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações. 
 
É possível que deliberação de AGE, o presidente do Conselho de Administração, tendo havido empate na 
deliberação, desempate? Não, porque ele sendo acionista, estaria exercendo dois votos. 
 
Voto Contingente 
As ações preferenciais podem votar ou não, quem vai restringir o direito de voto das ações é o estatuto. Em 
regra geral não votam, o estatuto retira o direito de votos das preferenciais. Se a preferência de ordem 
patrimonial não se concretiza, o acionista é prejudicado. O legislador idealizou então o voto contingente  se 
por 3 exercícios consecutivos a companhia deixar de distribuir dividendos, as ações preferenciais ganham 
direito de voto. Se elas ganharem direito de voto, pode haver perda de controle do acionista controlador, pois 
as preferenciais podem representar até 50% da companhia. O controlador então, toma precauções para que 
isso não aconteça (art. 111, §1º). 
 
 Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos reconhecidos às ações 
ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109. 
 § 1º As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no 
estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito que 
conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso. 
 § 2º Na mesma hipótese e sob a mesma condição do § 1º, as ações preferenciais com direito de voto restrito terão suspensas as 
limitações ao exercício desse direito. 
 § 3º O estatuto poderá estipular que o disposto nos §§ 1º e 2º vigorará a partir do término da implantação do empreendimento 
inicial da companhia. 
 
No caso de dividendos cumulativos, as ações vão permanecer com direito de voto até que sejam pagos os 
dividendos em atraso. 
 
Em 2004, a companhia não pagou os dividendos, em 2005 idem, mas em 2006 pagou. Em 2007 ela voltou a 
não pagar. Não adquire direito de voto. 
 
Não pagou em 2004, 2005 e 2006  adquire direito de voto. 
 
Dividendo prioritário mínimo de 10% cumulativo. Não pagou em 2004, 2005 e em 2006 pagou apenas os 
dividendos de 2006. Nessa situação é possível sustentar duas teses: 1) sem direito de voto, porque não ficou 
3 exercícios sem pagar  falta de consecutividade e 2) a companhia não pode ficar 3 exercícios sem pagar, 
então em relação ao exercício de 2004, ela ficou 3 exercícios sem pagar. 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
19 
 
A companhia pode conferir direito de voto com restrições, para as preferenciais (arts. 18 e 19). 
 
 Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de eleger, em votação em separado, 
um ou mais membros dos órgãos de administração. 
 Parágrafo único. O estatuto pode subordinar as alterações estatutárias que especificar à aprovação, em assembléia especial, dos 
titulares de uma ou mais classes de ações preferenciais. 
 
 Art. 19. O estatuto da companhia com ações preferenciais declarará as vantagens ou preferências atribuídas a cada classe 
dessas ações e as restrições a que ficarão sujeitas, e poderá prever o resgate ou a amortização, a conversão de ações de uma classe 
em ações de outra e em ações ordinárias, e destas em preferenciais, fixando as respectivas condições. 
 
Direito de voto no caso de ações dadas em garantia 
As ações podem ser dadas em garantia? Sim. Se as ações forem empenhadas, ou alienadas 
fiduciariamente, quem adquirirá o direito de voto quando a dívida não for paga? Na Itália o direito é do credor. 
Na Espanha o voto é do devedor, permitindo que seja transferido para o credor. No Brasil a solução é 
próxima da espanhola, quem vota é o devedor acionista e pode ser restrito esse direito (art. 113). 
 
 Art. 113. O penhor da ação não impede o acionista de exercer o direito de voto; será lícito, todavia, estabelecer, no contrato, que 
o acionista não poderá, sem consentimento do credor pignoratício, votar em certas deliberações. 
 Parágrafo único. O credor garantido por alienação fiduciária da ação não poderá exercer o direito de voto; o devedor somente 
poderá exercê-lo nos termos do contrato. 
 
No caso de penhor, o voto é do devedor acionista. Só que a lei permite em algumas matérias, desde que 
sejam especificadas, para que o devedor acionista vote, ele consiga uma autorização do credor. 
O voto pode ser direcionado pelo credor? Por exemplo, pode-se dar o consentimento somente para votar em 
determinado direção. Não, porque esta regra traz limitação a direitos (direito de voto do acionista). Toda 
regra limitadora tem que ser interpretada restritivamente. 
A doutrina ainda cria outras restrições a essa questão do consentimento do credor pignoratício, que o “dedo” 
do credor somente pode estar presente em situações que de certa forma possam afetar o estado patrimonial 
da companhia, porque se o patrimônio da companhia diminuir, diminui também a garantia do credor. Por 
exemplo, eleições de administradores, de acordo com a doutrina, o credor pignoratício não poderia ter o 
direito de restringir o voto. 
 
No caso da alienação fiduciária, quem vota? (art. 113, § único). Se o contrato é omisso, o devedor vota ou 
não? Existem duas correntes: 1) considera regra restritiva de direitos, então será interpretada restritivamente, 
o credor fiduciário poderia palpitar, não o fez, então está liberado para votar livremente e 2) regra restritiva de 
direitos, a ação foi dada em alienação fiduciária, quem transmite a propriedade da ação para o credor, e 
enquanto pendente de pagamento, o acionista é o credor, e excepcionalmente está se conferindo o direito de 
voto ao devedor. Como o credor não pode votar, o devedor também não vota. 
 
Maurício acha que a alienação transfere a propriedade fiduciariamente, a propriedade somente vai se 
consolidar nas mãos do credor, se a dívida não for paga. Portanto, concorda com a primeira. 
 
Ações dadas em usufruto, quem vota? O usufrutuário ou o proprietário? Por exemplo, decisão sobre 
distribuição de lucros. A lei diz que o voto das ações dada em usufruto, tem que ter acordo entre os dois, se 
não tiver acordo, nenhum dos dois vota (art. 114). 
 
 Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usufruto, se não for regulado no ato de constituição do gravame, somente 
poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o proprietário e o usufrutuário. 
 
Abuso de Poder 
O acionista controlador é definido pela nova lei, a qual também dispõe o controle do abuso, gerando 
responsabilidade civil. O controlado não pode exercer o direito de controle em benefício próprio, apenas em 
benefício da companhia (art. 116, § único). 
 
 Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de 
voto, ou sob controle comum, que: 
 a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-
geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e 
 
José Roberto de Faria – Direito Comercial II – Aula Digitada Não Revisada 
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 b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. 
 Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto

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