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Módulo 4 - Queixa-Crime - parte 2

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QUEIXA-CRIME - PARTE 2
No último tópico, começamos o nosso estudo sobre a queixa-crime. No estudo, vimos tanto os pontos gerais quanto as peculiaridades. Agora, para encerrar o tema, vamos à parte mais legal: a prática!
Moacir, autor de uma ação ordinária de indenização, procurando denegrir o caráter de Osvaldo, réu da mesma ação, afirma, na presença de várias pessoas, ter este praticado o crime de estelionato por meio de cheque sem fundos, contra Afonso. Osvaldo, diante das afirmações constantes dos autos, procura advogado para defender os seus direitos. Como advogado de Osvaldo, proponha a ação cabível.
(Extraído da obra “Prática Penal”, da RT)
Para não perdermos tempo, explicarei cada ponto a seguir, na peça:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA ...
O endereçamento é o ponto principal do problema acima. Segundo o art. 61 da Lei 9.099/95, “Lei dos Juizados”, consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
O art. 138, do CP, onde está prevista a calúnia, prevê pena máxima de 02 anos para o crime. Então, por qual motivo, o endereçamento deve ser para a Vara Criminal, e não para o Juizado?
Um simples detalhe muda tudo: a ofensa foi feita na presença de várias pessoas. Por essa razão, o art. 141, III, também deve ser aplicado, fazendo com que a pena seja superior a 02 anos.
Osvaldo, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., residente e domiciliado no endereço ..., por seu advogado (procuração com poderes especiais anexada, nos termos do art. 44 do CPP), vem, perante Vossa Excelência, ajuizar QUEIXA-CRIME em desfavor de Moacir, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., residente e domiciliado no endereço ..., com fundamento no artigo 30 do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas:
Como se trata de uma petição inicial, devemos qualificar todo mundo: tanto o querelante (autor) quanto o réu (querelado). Na prova 2009.3, perdeu ponto quem se esqueceu de incluir o nome do querelado.
Quanto à questão da procuração com poderes especiais, acho interessante fazer menção expressa. Como a queixa-crime tem essa peculiaridade, pode ser que a instituição transforme a exigência do art. 44 em quesito.
I. DOS FATOS
No dia ..., na presença de várias pessoas, o querelado afirmou, na presença de várias pessoas, que o querelante praticou o crime de estelionato por meio de cheque sem fundos, em prejuízo de Afonso.
Como já comentei em outros modelos, não perca muito tempo no tópico “dos fatos”. Basta um breve resumo. Como não é objeto de quesito, não tem qualquer importância para a peça.
II. DO DIREITO
Por essa razão, em razão do ataque sofrido, não restou alternativa ao querelante senão ajuizar esta ação contra o querelado.
O querelado, ao dizer que o querelante é estelionatário, cometeu o crime tipificado no artigo 138 do Código Penal, pois se trata de afirmação falsa.
“Leonardo, mas o problema não diz que a afirmação é falsa!”
Você pensou isso, né? Bom, o problema deixou bem claro que estamos em defesa do Osvaldo, ofendido. Por isso, não falaremos, é claro, que a afirmação é verdadeira. Caberá a Moacir, quando for fazer a sua defesa, alegar a denominada “exceção da verdade”. Trata-se de hipótese excepcional em que devemos inventar dados.
Ademais, como o crime foi praticado na presença de várias pessoas, imperiosa a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 141, III, do Código Penal.
No modelo, fiz tudo bem resumido. Na prova, no entanto, vale a pena dar uma encorpada na tese, mas sem encher linguiça. Para o examinador, o que importa é que a tese esteja presente, bem como a fundamentação.
Portanto, está demonstrada, indubitavelmente, a hipótese do crime de calúnia, previsto no art. 138, somado à causa de aumento prevista no art. 141, III, ambos do Código Penal, devendo o querelado ser condenado por sua prática.
Diante do exposto, requer seja recebida e autuada esta queixa-crime, determinando-se a citação do querelado para que ofereça a sua defesa. Requer, ainda, a sua condenação pela prática do crime previsto no art. 138 do Código Penal, cumulado ao art. 141, III, também do Código Penal.
Não se esqueça de pedir a citação e a condenação do querelado! Se houver testemunhas, também peça a oitiva delas, incluindo o rol ao final (como fizemos na resposta à acusação).
Outro ponto importante: na prova 2009.3, o CESPE incluiu nos quesitos o art. 387, IV, do CPP, novidade trazida pela Lei 11.719/09. Se cair novamente a queixa-crime, peça a fixação de valor mínimo para a reparação. Se for quesito, é um ponto a mais. Caso contrário, não se perde nada. É uma aposta bem segura!
Pede deferimento.
Comarca ..., data ....
Advogado.

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