Buscar

Revisão de Imunologia para Vacinologia

Prévia do material em texto

Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 1 
 
AULA 1 - Vacinologia – Revisão de Imunologia (28/09) 
Professora Ana Paula Peconick 
 
Esta aula é uma revisão de conceitos de imunologia que precisam estar sólidos para a matéria – cai 
na prova aplicada à vacinologia, não será perguntando de maneira direta da imunologia básica. 
* “Vacina ideal” ainda não existe, uma vacina atender todos os pré-requisitos biológicos já é muito 
difícil, e se atender já quebra um custo que seria ideal. 
1. DEFINIÇÕES 
- Imunidade (immunis) é a capacidade do organismo de reconhecer 
substâncias, considerá-las estranhas e promover uma resposta contra 
elas, tentando eliminá-las. 
É um sistema que já está “pronto” e se adapta a presença do corpo 
estranho. Imunidade inata é a primeira linha de defesa, e a especializada 
é a Adaptativa. 
Existe reposta imune estéril, sem a presença de um patógeno ou corpo estranho? Sim, pode haver 
resposta autoimune. Também pode ser desejável sem um corpo estranho, como por exemplo 
atividade física. Esporte: não tem resposta de um corpo estranho, mas tem uma resposta 
imunológica. Quando sofremos um trauma há uma resposta que é desejável para controla-lo, mas 
não é um corpo estranho. Assim como ocorre em fraturas não expostas – tem uma resposta 
inflamatória necessária para reestabelecer função, com imunidade atuando. 
Não precisa de um CORPO ESTRANHO, precisa de alguma coisa que seja considerada estranha 
naquele momento. 
- Formas de Ativar o SI: 
• DAMP: Padrões moleculares associados ao dano. 
• PAMP: Padrões moleculares associados ao patógeno. 
• Quando as células mudam as expressões dos receptores delas, como por exemplo pela 
ausência de MHC, pode ser suficiente para ativar uma célula Natural Killer (NK). 
- Pensando em vacinas, a principal forma de ativação vai ser mesmo utilizando um antígeno (PAMP). 
Mas se já penso em um adjuvante, imunomodulador inespecífico, já posso pensar em DAMP – é uma 
linha de pesquisa que existe na UFLA. 
- Porque seria interessante o uso de imune estimulante inespecífico? Em doenças imunodepressoras 
ou um animal em tratamento imunossupressor que está mais debilitado, é interessante o uso do 
imunoestimulante inespecífico para deixar seu SI em estado de alerta em geral, pois não sabemos o 
que vem por aí. Já existem para cães, aves e bovinos. 
• Mesmo para o animal saudável ás vezes é interessante. Ex: Ir para um ambiente que não se 
conhece a situação epidemiológica, ou situação em que não há imunopreveníveis/vacina, já 
dá uma ajuda para esses animais. 
 
 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 2 
 
- “Estranho”: 
• substâncias que não são próprias do organismo 
• micro-organismos 
• células neoplásicas 
• substâncias próprias 
o Ou substâncias próprias no “lugar errado”: ácido úrico, proteínas de choque térmico, 
ácido lático no exercício. Ativam o sistema imune.  SITUAÇÃO NÃO PERIGOSA, 
ativação via DAMPs ou células NK. 
o Questão autoimune.  PERIGO 
- Diferença entre SISTEMA X RESPOSTA IMUNE: 
O sistema imunológico (Imunidade) ou sistema imune é aquele responsável pela imunidade, ou seja, 
que determina a defesa do indivíduo contra agentes agressores.  “É o que nos constitui, todos nós 
temos”, o que não significa que todos estamos ativando o SI neste momento. Quem ativa é quem 
está de fato produzindo uma RESPOSTA. Ás vezes há como usar como sinônimos, mas outros fica 
distorcido. Ex: Alguém muito estressado, alguém que está tentando metabolizar uma toxina estão 
produzindo resposta neste momento, mas ter o sistema todos nós temos sempre. 
 A resposta imunológica é o mecanismo pelo qual o organismo reconhece e responde à substância 
que considera estranha. 
2. FUNÇÕES DA RESPOSTA IMUNE 
Para proteger o indivíduo de maneira eficaz contra uma doença, o sistema imune deve satisfazer 
quatro principais características. Ou seja, deve passar por essa sequência de eventos: 
1. Reconhecimento imunológico: do que é estranho/está no lugar errado. 
2. Funções imunes efetoras: para tentar eliminar ou neutralizar o antígeno. O SI não é imune, ás 
vezes ele só neutraliza um patógeno e ele acha que o problema está resolvido, mesmo não estando. 
Ex: Tuberculose. 
3. Regulação imune: Depois que o organismo entende que ele eliminou/neutralizou o antígeno, ele 
tem que retornar aos níveis basais. Faz parte do SI uma regulação imune, seja para retornar a 
homeostasia ou para prevenir respostas exacerbadas. 
4. Memória imunológica: “menina dos olhos da Vacinologia” – graça à construção da memória 
imunológicas as vacinas são possíveis. 
Exemplo: Se fizer um novo vírus “Peconick” em laboratório, nosso SI está pronto para reconhecer o 
vírus? Sim, mas não para montar resposta para eliminá-lo. Lembrar que a produção de receptores, 
principalmente do SI adaptativo que sofrem rearranjo genético é um evento absolutamente 
aleatório. Já temos receptores tanto de células B quanto T prontos até para o que não existe. Iríamos 
morrer? Provavelmente, se for um vírus de alta taxa de letalidade – ele vai atacar antes da resposta 
ser consolidada. 
Se nos dessem uma dose de vacina antes: O objetivo da vacinação não é produzir mecanismo que 
reconhecem o vírus, é multiplicar o que reconhece. É ensinar para o corpo como eliminar e 
neutralizar aquele vírus antes de ele causar doença, mas teoricamente nós já temos os receptores 
que precisamos no corpo. Do SI inato são receptores que vêm da linhagem germinativa – então 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 3 
 
dependem do pai e da mãe, enquanto humanos teremos basicamente os mesmos – mas o sistema 
imune adaptativo vem da história de vida de cada um, mas não esquecer que é um evento aleatório: 
Não precisa da vacina para reconhecer um novo antígeno, mesmo que surja uma doença nova. A 
vacina é para poder responder de uma forma mais rápida e efetiva. 
3. CLASSIFICAÇÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA 
 - Humoral e Celular 
• Humoral: É a resposta mediada por uma coleção de moléculas, constituída por componentes 
bioquímicos do organismo. 
o Ex: RI adaptativa – principal componente da resposta humoral são as moléculas de 
anticorpo. 
o Na RI inata – são as citocinas, proteínas de fase aguda (com destaque para as 
proteínas do complemento), mediadores químicos, tudo isso é constituinte da 
resposta humoral inata. Lembrando que as citocinas também pode participar da RI 
adaptativa. 
• Celular: Mediada por células. 
o Na RI adaptativa são os linfócitos T. A função primordial efetora do LB é produção de 
anticorpo, então não consideramos o LB como importante mediador na resposta 
celular adaptativo. 
o SI inato: Neutrófilos, eosinófilos, células dendríticas, basófilos, mastócitos, linfócitos 
T-gama-delta, células NK. 
Exemplo: Somos responsáveis por uma clínica, e vem um representante tentar nos vender uma 
vacina. Se ele disser que “A vacina é muito boa pois tem um título de anticorpo alto”. Considerando 
a maior parte das vacinas, elas são prevenção para que tipo de agente etiológico? Vírus. 
Qual resposta é mais importante contra vírus, celular ou humoral? A celular sem dúvida nenhuma, 
porque o AC só consegue pegar o vírus antes dele infectar a célula. Depois que ele entrou na célula 
o AC não consegue atingi-lo, quem vai agir será Linfócito T-citotóxico e células NK principalmente. 
A resposta mais importante contra patógenos intracelulares e células alteradas é a resposta celular. 
Considerando isso, porque então a primeira informação que se dá sobre vacina é título de 
anticorpo? A maioria dos folders de vacina está falando em título. Ou quando falamos se estamos 
protegidos contra a raiva, vamos ver a titulação. Porque isso, se é a celular que interessa? Ou 
pensando por outro ângulo, como avalia a resposta celular de uma pessoa ou animal? Como sabemos 
queum animal produziu resposta celular após aplicar uma vacina? 
A sorologia por exemplo, serve para medir a resposta humoral. Teria que coletar um órgão e fazer 
uma imuno-histoquímica (Ex: baço). Isso é absolutamente inviável na rotina, só é feito em pesquisa. 
Por isso fazemos a avaliação da resposta imune humoral – é muito mais fácil dosar anticorpo no soro, 
criança pode avaliar até com saliva, do que fazer uma avaliação da resposta celular. Mas devemos 
ter em mente que o que interessa para um patógeno intracelular é principalmente a resposta celular. 
Então por isso se fomos tomar uma decisão sobre esse representante comercial querendo que nós 
comercializemos sua vacina, teríamos que perguntar, “Mas foi feito um estudo de resposta celular 
na sua vacina? Ou só tem título alto?”. E além disso, título é um ótimo padrão, mas não é tudo – ás 
vezes ter um título alto não significa necessariamente que a resposta será boa. 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 4 
 
Vamos considerar um vírus e uma célula, e considerar que o vírus só consegue entrar na célula se 
esta parte mais abaulada (representada em vermelho) conseguir se ligar ao receptor da célula. 
 
E em seguida vamos considerar dois tipos de anticorpo: AC1 (Y roxo) e AC2 (bolinha amarela). 
 
Considerando o desenho como sendo representativo, o AC 2 tem um título de anticorpos maior do 
que o AC1. Agora, qual anticorpo é o neutralizante? O AC1, pois se cobriu só esse pedacinho 
vermelho já impediu que o vírus entre – então essa vacina vai prevenir a infecção. 
A neutralização pode ser a principal função realizada por uma imunoglobulina. Claro que o AC2 
(bolinha) ali vai contribuir com a opsonização e a citotoxicidade celular, mas o neutralizante aqui é o 
AC1. Por isso devemos ser chatos com os vendedores de vacina. 
A vacina deste AC1 não previne infecção, mas poderia evitar uma doença grave. Existem vacinas 
assim: algumas que previnem infecção, e outras que previnem a doença (existem várias no mercado, 
como por exemplo a para catapora. A pessoa pode ter uma catapora branda mesmo vacinada). 
* Vacina de Giárdia: não tem bons resultados. Hoje a professora ainda não recomenda esta vacina, 
do ponto de vista prático é melhor seguir a recomendação: “a água que você toma, é a que você dá 
para o seu cachorro” (seja filtro, torneira, mineral, etc.) Se você tiver giardíase, o cachorro também 
terá. Muito mais efetivo que a vacina, pois ela tem um resultado controverso (variável). Ás vezes é 
bom ter no consultório, porque na cabeça do proprietário ele pode considerar que você não é bem 
equipado. 
A título de curiosidade, vacina veterinária é muito fácil de entrar no mercado, mais do que na 
medicina humana. Em contrapartida, é mais bem fiscalizada e é por isso que algumas vacinas que 
começamos a usar logo saem do mercado. As vacinas humanas ficam mais tempo porque a 
fiscalização e a checagem se a vacina está funcionando ou não é menor. A desvantagem de entrar 
rápido é que as vezes entram coisas que não estão funcionando. 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 5 
 
Outra questão: tem o calendário vacinal do governo e o calendário da sociedade brasileira de 
vacinação. A vacina da catapora por exemplo é só dada uma dose de maneira gratuita, mas com só 
uma dose chega em torno de 75% de eficácia. Já se der outra dose, chega a 95%. A qualidade da 
vacina pública é boa pois o Brasil é referência na produção de imunobiológicos e temos uma política 
muito boa para entrada de vacinas no país. (Ex. Vacina francesa contra a dengue, a França tem 5 
anos para comercializar e depois será obrigada a ensinar o Brasil para depois produzirmos uma vacina 
nacional com a mesma tecnologia). A pública vem várias doses em um mesmo frasquinho, a particular 
é uma dose individual. Ambas têm boa qualidade, ás vezes o que se deve considerar é por exemplo, 
na pública existe uma na infância que é pentavalente (+ Hepatite) e particular é Hexavalente e uma 
vacina que dá menos reação – pode ser vantagem, mas em questão de eficácia é equivalente. 
“Segunda Revolta das Vacinas” – vindo de cima para baixo, pessoas instruídas estão usando 
informações não confiáveis para tentar derrubar as vacinas. 
Muitas coisas públicas precisam ser feitas em função de recursos e logística em vez de raciocínio 
biológico. Por exemplo, na Leishmaniose faz a Cromatografia (teste rápido) e depois ELISA – mas 
como pode dar falso negativo o ideal seria fazer ELISA primeiro, todo sanitarista e veterinário sabe 
isso. Mas não se faz, pois ELISA não é viável de rotina, só que isso é errado pois quer dizer que tem 
positivo escapando na triagem. Portanto o que se tenta fazer é trabalhar na cromatografia para ter 
menor incidência de falso negativo, é uma coisa só para não ficar parado. 
Em qualquer outra situação normalmente o teste da triagem serve para eliminar os negativos (não 
pode dar falso negativo) e o segundo teste serve de confirmatório, Leishmaniose é o único que é ao 
contrário por causa de manejo. 
- Inata e Adaptativa 
• Resposta Inata: primeira linha de defesa, baixa sensibilidade, baixa especificidade, não tem 
memória, baixa diversidade, tolerância a antígenos próprios, capacidade retornar a 
homeostasia. A resposta independe do tipo do antígeno: responde sempre na mesma 
velocidade e magnitude. 
• Resposta adaptativa: alta sensibilidade, alta especificidade, alta diversidade, tolerância a 
antígenos próprios, memória, retorno a homeostasia e expansão clonal. É onde as vacinas 
vão atuar, pois o objetivo da vacinação é a construção da memória para imunização. 
Eu preciso preocupar com a inata quanto penso com uma vacina? Sim, pois se não ativar a inata não 
ativa a adaptativa. Na vacina, esta ativação da RI inata se dá através do adjuvante (provoca uma 
inflamação). Se a inata tem baixa especificidade, significa que eu posso usar o mesmo adjuvante para 
todas as vacinas. A maioria das vacinas veterinárias vão ser constituídas ou por hidróxido de alumínio 
ou saponina. Humana, usa hidróxido de alumínio. O objetivo do adjuvante é só ativar a imunidade 
inata. Em algumas vacinas se tenta tirar o adjuvante para diminuir a ocorrência de fibrossarcoma, 
mas ainda é questionado. 
Fibrossarcoma em gatos: na verdade, vacina cauda aumenta a probabilidade do fibrossarcoma pois 
é extremidade. (Assim como pernas) A circulação é mais difícil, aumenta a resposta inflamatória e 
pode ficar mais crônica e aumenta probabilidade. Mas em contrapartida, se vir a ocorrer é mais fácil 
tirar a cauda ou um membro do que se for um fibrossarcoma muito agressivo no dorso. Então temos 
uma balança – o que temos de fato? Os estudos mostram que a maioria dos veterinários ainda 
vacinam no dorso. Então ainda não se pode falar se a incidência é maior ou menor, pois só vacina lá 
praticamente. O que é unânime para especialista em felinos no Brasil é vacinar cauda pensando na 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 6 
 
amputação, mas a reposta é a mesma – só aumenta a probabilidade de fibrossarcoma. A incidência 
não é muito alta, é 1% - menos provável de ter do que uma doença para qual se vacina, por isso não 
se recomenda de maneira alguma suspender a vacina. Normalmente o que se faz na Europa é montar 
um mapinha para poder dividir as vacinas. A Ana Paula como visão de imunologista prefere vacinar 
o dorso pois como a incidência é baixa, vacinando no dorso fica mais baixa ainda, mas os especialistas 
em felinos no Brasil costumam recomendar a cauda. Ainda falta respaldo científico para se ter certeza 
absoluta sobre a ocorrência, só há relatos boca-a-boca sobre a incidência cauda x dorso e dados 
brutos. 
- (Resposta) Primária e Secundária 
• Primária: É o que seu organismo entende como primeiro contato com o antígeno. Nem 
sempre a resposta primária é de fato o primeiro contato – pode ser a segunda vez queo 
antígeno entra em contato, mas é resposta primária. Ex: Herpesvírus, vem toda hora na boca 
e deixa lesões no mesmo local. Porque? Cada hora ele apresenta determinantes antigênicos 
diferentes, então o organismo entende como resposta primária – na hora que ele constrói a 
secundária, o vírus já escondeu no SNC de novo esperando nós estarmos 
imunocomprometidos. Vírus da AIDS, mesma coisa – não conseguimos a cura pois cada hora 
vem um determinante antigênico. Não tem como ter uma AIDS branda, as formas de evasão 
desse vírus são assustadoras, por isso as vacinas objetivam impedir a infecção. 
• Secundária: Ponto subsequente, um mesmo antígeno reconhecido como sendo o mesmo 
onde nós vamos ter uma resposta mais forte e mais rápida. Uma resposta que é quantitativa 
e qualitativamente superior a primária. É por causa desta resposta secundária que podemos 
utilizar as vacinas – vou produzir uma resposta mais forte e mais rápida. 
Cuidado: Por uma questão de marketing, as indústrias farmacêuticas acabam chamando qualquer 
coisa que estimula o sistema imunológico de vacina, mas as vezes há coisas que não são vacinas no 
sentido de induzir memória. Há várias “vacinas contra o câncer” que na verdade são tratamento que 
trabalham com ativação do sistema imunológico. “Vacina da imunocastração” é um GnRH 
modificado. Também a “vacina contra o Ebola” é um tratamento – você já foi infectado e vai impedir 
a entrada do vírus, não gera memória, cuidado com as terminologias. 
- (Resposta) Ativa e Passiva Não vai classificar agora, pois haverá depois uma aula só de passiva, 
e depois o restante todo do curso será focado na ativa. 
4. RESPOSTA HUMORAL E CELULAR 
- Imunidade Humoral: Mediada por moléculas, como os anticorpos (Acs – SI adaptativo) que são 
produzidos pelos linfócitos B, proteínas do complemento e outras moléculas solúveis. Os Acs 
reconhecem os Ags microbianos, neutralizam a infecciosidade dos mos e o preparam para serem 
eliminados por diversos mecanismos efetores. 
• Principal mecanismo de defesa contra mos extracelulares e suas toxinas. 
o Mas a resposta humoral também é desejável contra mos intracelulares antes deles 
entrarem na célula. 
o Então é interessante para aquilo que está fora da célula. 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 7 
 
 
Precisa de um título de anticorpos altos para estar protegido contra determinada doença? A 
resposta é que depende. Para algumas doenças sim, como por exemplo na raiva precisa do título alto. 
Para outras basta você ter células de memória pois há tempo hábil para reativar estas células, 
produzir anticorpo e ainda assim neutralizar a doença. Ex: Hepatite. 
Depende então de característica do agente etiológico agente etiológico. Se ele é muito agressivo, 
tenho que estar sempre com o título alto. Se ele não é tão agressivo, se dá tempo do SI reativar as 
células de memória, posso esperar e não precisa do título alto (basta saber se tem células de 
memória). 
Mas se não tem como coletar um linfonodo ou um baço para avaliar as células de memória, como 
vou saber que elas estão suficientes? Como exemplo prático, um doador de sangue que toma uma 
vacina contra hepatite, acabou o protocolo. Como saber se tem células de memória? Não sabemos, 
então o que é feito é titular o AC 15-21 dias depois da última dose. Uma vez que teve esse título alto, 
nunca mais precisa preocupar com aquela doença. Se não atingiu, toma mais uma dose e faz 
novamente. Já doenças como a raiva é diferente – tem sempre que titular. (Grupo de risco: reavaliar 
de 6 em 6 meses), não tenham a falsa sensação de que “vacinei estou protegida” pois não é bem 
assim que funciona. Imunizar é o objetivo de vacinar, mas não quer dizer automaticamente que deu 
certo. 
Quanto seu título de raiva permanece alto mesmo você tendo tomado a vacina a muito tempo, pode 
ser que você foi exposta ao vírus e não sabe. Veterinário é grupo de risco – fazer sorologia a cada 6 
meses se trabalha com grandes e 1 ano se trabalha com pequenos. Sobre a questão de agora a 
vacinação da raiva está intradérmica, é uma vantagem pois pode ser capaz de estimular mais a 
resposta imune inata devido a vi (é mais reativa, tem tido um resultado melhor então diminui a 
quantidade de dose necessária). 
Outro ponto interessante: Botulismo – tenho vacina contra a toxina e contra o Clostridium botulinum 
(agente bacteriano). Considerando que somos responsáveis por uma propriedade que o proprietário 
diz que tem dinheiro para comprar uma só, e não é a polivalente. Qual escolher? Depende do status 
epidemiológico deste rebanho. Se é um rebanho que já está circulando o agente, e teve um surto 
mesmo nas propriedades vizinhas, o melhor é vacinar contra a toxina. Se for uma propriedade que 
quero certificar, está tudo zerado e é bem isolada e com bons níveis de Biosseguridade, podemos 
vacinar contra a bactéria para prevenir a entrada dela e consequentemente das toxinas. O que 
costuma ser feito na prática é já comprar a polivalente (vem contra a bactéria e contra a toxina). 
- Imunidade Celular: Mediada por linfócitos T, macrófagos, neutrófilos, células NK. Promove a 
destruição dos mos localizados em fagócitos ou a destruição de células infectadas (e por tabela acaba 
destruindo tudo que está dentro dela incluindo o mo invasor) para eliminar os reservatórios da 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 8 
 
infecção. Interessante contra mos intracelulares e células alteradas, principalmente tumorais ou 
neoplásicas. 
5. RESPOSTA INATA E ADAPTATIVA 
- Imunidade Inata: Imunidade natural ou nativa. Linha de defesa inicial contra mos, consistindo em 
mecanismos de defesa celulares e bioquímicos (humorais) que já existiam antes do estabelecimento 
de uma infecção (presença do antígeno, e não se adaptam a presença dele) e que estão programados 
para responder rapidamente a infecções. 
 
- Imunidade Adaptativa: Imunidade adquirida ou específica. Resposta imunológica que é estimulada 
pela infecção a agentes infecciosos ou outros antígenos, cuja magnitude e capacidade defensiva 
aumentam com exposições posteriores a um antígeno particular. É a resposta que se adapta a um 
antígeno particular e também aos determinantes antigênicos. 
 
Comentário: Um artigo que saiu na Nature fala que pessoas que têm doença autoimune tem 
probabilidade maior de curar contra o vírus da AIDS. A pessoa que tem doença autoimune tem o SI 
mais reativo, mais células descontroladas escapam dos órgãos linfoides primários e ficam pela 
circulação. É como se o SI de uma pessoa saudável para reconhecer um MO como estranho precisava 
reconhecer todas as características dele – todos os determinantes antigênicos, se mudar alguma 
coisinha ele reconhece como uma coisa nova. O SI de uma pessoa tem uma doença autoimune, pode 
estar sem alguma das características, mas só na hora de reconhecer uma determinada estrutura ele 
já ataca, por isso ele ataca coisas próprias. Então quando o vírus da AIDS faz as suas mudanças de 
epítopos no organismo de uma pessoa com doença autoimune, o SI dela acaba atacando o vírus uma 
hora sem querer – porque como ele não é tão específico (mais auto-reativo) não precisa reconhecer 
todo o repertório. 
 
 
 
 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 9 
 
- Comparação - Receptores da superfície celular: 
Aqui estão esquematizadas quatro pessoas. De um lado os 
receptores do SI inato, e do outro do SI adaptativo. 
• SI INATO: Os receptores do Inato são da linhagem 
germinativa, nascemos e morremos com eles. O que 
significa que considerando uma mesma espécie, 
temos os mesmos receptores. 
o “Um número limitado de receptores de 
reconhecimento de padrões constitutivos” 
 
• SI ADAPATIVO: Como eles vão se adaptando a história 
de vida de cada um de nós, nem gêmeos univitelinos 
não é igual. (Estímulos diferentes, selecionam umrepertório celular diferente) 
o “Um número enorme de receptores gerados 
somaticamente por rearranjo genético”. 
 
• A figura representa os receptores inatos de 
reconhecimento de padrões e receptores adaptativos 
gerados somaticamente. Cada indivíduo expressa 
receptores de reconhecimento de padrões (SI inato) 
e receptores somaticamente gerados (SI adaptativo). 
 
 
- Comparação – Tempo e intensidade de resposta: 
A forma geométrica (bolinha ou quadrado) indica 
intensidade de resposta e o reloginho, tempo. 
• Na Imunidade inata isso não varia. 
• Na adaptativa, o reloginho vai ficando cada vez 
mais rápido e a resposta mais intensa. 
• Uma coisa que a professora não chama a 
atenção na disciplina de Imunologia, mas 
chamará aqui: quando chega a um 
determinado fator de respostas 
subsequentes, essa RI adaptativa é quase tão 
rápida quanto a inata. Daí a gente entende as 
manifestações alérgicas, por exemplo, serem 
mediadas por IgE e serem alguns minutos após 
o contato com o antígeno – já tem tantos 
efetores ali esperando, que a resposta é 
rápida. 
• Avançando com outra informação importante ainda não vista na Imunologia básica pela 
turma: existem os linfócitos B e T - Eles são divididos em linfócito efetor, naive e de memória. 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 10 
 
Então agora apresentando uma nova divisão: temos 2 tipos de linfócitos de memória – 
linfócitos de memória central e de memória efetores. Alguns livros classificam como linfócitos 
de memória (centrais) e plasmócitos de longa duração (“memória efetora”). 
o As células de memória central são aqueles que vão migrar de volta para os órgãos 
linfoides primários, principalmente medula e ficar ali guardando aquela memória pelo 
maior tempo de vida que for possível. 
o Os linfócitos de memória periféricos (ou plasmócitos de longa duração/células de 
memória efetores) são as células de memória que estão nos órgãos linfoides 
secundários, e às vezes até na circulação para responder mais rápido ao encontro 
secundário. 
o Lá no início da graduação só falava que “responde mais rápido”, mas ficava a dúvida 
“como, se migrou lá na medula?” – é porque não são todas que migram. 
o Malária – pode pegar mais de uma vez? Infelizmente segundo a WHO sim, existe uma 
brasileira que pegou mais de 30 vezes. Não há vacina contra malária, embora existem 
muitas pessoas estudando. Qual o problema da malária? Só gera célula de memória 
central – não gera célula de memória efetora então não responde mais rápido nunca. 
Tão difícil que nem infecção natural gera memória, pior ainda quando pensar em 
produzir uma vacina. 
▪ Característica de evasão do patógeno, ele reconhece, mas também não 
promove expansão clonal de forma eficaz, ou as células de memória efetora 
até são geradas, mas não tem um ciclo de divisão acelerado e não dura. 
Virulência do patógeno para o qual ainda não temos resposta para driblar. 
 
6. RESPOSTA PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA 
- O desenho ao lado é o exemplo de um protocolo vacinal de 
duas doses – já alcanço a resposta que quero o animal está 
protegido. 
- Porque algumas polivalentes dou mais doses? Pois quanto mais 
eu divido a valência de uma vacina (doenças) mais fraca fica essa 
reposta. 
• Já “aprendemos” isso em veterinária pois já chegaram a 
existir vacinas de 20 valências (com vários tipos de 
doenças e ainda sorotipos), mas isso divide muito a 
resposta. Já em humana estão procurando muito 
aumentar a valência por questão de “manejo” (“furar a 
criança menos”), não estão aprendendo com nossos 
erros. 
• Se a vacina está funcionando bem, custo é bom, eficácia é boa, melhor não mexer. Algumas 
vacinas que produzimos hoje ainda são protocolo de Pasteur (primeira pessoa que deu 
metodologia científica na produção de vacinas). Se funciona bem, nem tudo precisa 
aperfeiçoar para engenharia genética desde que o risco esteja aceitável. 
 
 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 11 
 
 
 
- Fases da Resposta Imune: 
Este gráfico (resposta x tempo após exposição do antígeno) está mostrando as fases da resposta 
imunológica, desde ativação da ri adaptativa, expansão clonal, produção de células efetoras, 
recrutamento de células efetoras inclusive do inato, destruição de células, retorno a homeostasia, 
células de memória. 
 
Toda resposta imunológica passa por isso (no sistema imune adaptativo). Todo antígeno tem um 
tempo. Exemplo: Se é uma vacina que precisa de reforço anual. Se 2 meses depois você dá uma dose, 
cai no meio da construção de uma resposta – é como se essa segunda dose não existisse! Por isso que 
a gente NÃO adianta vacina. É preferível atrasar um pouco e perder um pouco de título de anticorpo, 
o prejuízo é menor do que adiantar a vacina. 
Quando “adianta” vacina é com outro objetivo, como dar um gás em cavalos para produzir soro 
hiperimune, em pesquisas. Não é com objetivo de construir memória. Sempre verificar a bula da 
vacina e ver se conduziram estudos sobre isso para saber qual sua tolerância de atrasar a vacina ou 
mudar protocolo. 
Já vacinas polivalentes – a cada 21 dias a 30 dias pode dar uma dose, isso foi estudado e dá tempo 
de construir resposta – ver se a bula permite esta flexibilidade, normalmente sim. A próxima dose 
começa a responder a partir da última curva (como mostra o gráfico acima de resposta primária e 
secundária), então atrasar o que acontece é só que vai produzir uma resposta menor do que seria se 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 12 
 
tivesse dado o reforço no dia certo. Em humanos a orientação é não atrasar vacina nem 24 horas que 
seja. 
Só é válido adiantar protocolo se o fabricante fez estudo científico comprovando isso (ex: raiva em 
equinos em caso de surto algumas indústrias autorizam adiantar, alguém estudou e viu que não 
atrapalha a resposta e pode vacinar a cada 6 meses em vez de a cada ano). Cuidado para não adiantar 
as vacinas no geral sem respaldo científico, senão é como se a segunda dose não tivesse acontecido 
e é jogar dinheiro fora. 
A maioria das vacinas funciona muito bem dando o reforço a cada 21 dia. “Mundo real” – porque a 
gente recomenda a cada 30 dias? Questão de dinheiro, quando as pessoas receberam o salário e 
cada dose paga em um mês. O fator financeiro influencia muito na prática da clínica. Além disso, as 
pessoas adotam muito as práticas de Biosseguridade quando veem a relação com o financeiro 
(quanto custa, como vai beneficiar, quanto vai economizar a propriedade/proprietário/indústria). 
 
- Principais Características da Imunidade Inata e Imunidade Adaptativa (Resumo) 
 
 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 13 
 
- Classes de Linfócitos: Revisão 
 
Então basicamente: 
• T auxiliar: ativa macrófagos e ativa LB 
• T citotóxico: destrói células 
• B: produz anticorpo 
• Tgamadelta: é um linfócito do SI inato tanto com função do inato quanto do adaptativo. 
Dentro do adaptativo, tanto com função do auxiliar quanto do citotóxico. 
• NK: linfócitos do SI inato. 
• NKT: Céls regulatórias com função de equilíbrio. 
- Subconjuntos das células T CD4+: Importante destacar, as células T auxiliares se dividem em 
perfis de resposta. 
 Divisão em perfis de resposta 
• Perfil TH1: efetivo contra protozoários, vírus, bactéria, fungo. Onde houver uma resposta 
inflamatória, antes de ativar os LTaux provavelmente vou estar conduzindo uma resposta 
deste tipo. 
• Perfil TH2: resposta contra helmintos, ectoparasitos e é a resposta desejável na gestação 
normal. (Pois se for TH1, vai induzir a abortamento do embrião em má formação) É também 
a resposta na hipersensibilidade do tipo 1. 
• Perfil TH17: associada a mucosas e o desequilíbrio dela a doenças autoimunes (uma 
resposta pró-inflamatória muito exacerbada)• Perfil TREG: relacionada ao retorno a homeostasia. 
Vacinologia – 1ª Avaliação 
2017/2 
Página | 14 
 
 
 
Lembrar que a construção de uma resposta atrapalha na outra. Ex: quando estivermos falando de 
vacinação em gestante, primeiro – vacina viva será contraindicado, pois se é vivo, por mais que 
esteja atenuado para o feto pode ser muito. Quando quebrar essas regras? Se o risco da doença for 
maior para a mãe, mas em geral contraindicado para as gestantes. Mas mesmos as vacinas 
inativadas tenho que ter um momento ideal da vacina. Por exemplo se estou fazendo uma 
fertilização in-vitro, não é bom vacinar muito próximo daquele dia antes de estabelecer o perfil th2 
– pois na vacina eu quero o perfil th1 e a gestação precisa da th2. 
* Sugestão de leitura: 
http://www.scielo.br/pdf/rbr/v50n4/v50n4a08.pdf 
http://www.scielo.br/pdf/rbr/v50n5/v50n5a08.pdf

Continue navegando