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Direito Civil II (Obrigações) - Proibidão (Parte 02)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
FACULDADE NACIONAL DE DIREITO 
Disciplina: Direito das Obrigações 
Professor: Filipe Garcia Monitora: Gabriela Pedroso 
 
 
Teoria do Pagamento 
1. Noções 
Adimplemento: é o cumprimento voluntário, exato e leal da obrigação. 
Terminologias: adimplemento é sinônimo de cumprimento, pagamento, execução e 
solução. 
Requisitos: 
 I) Animus solvendi – vontade de pagar (sem o Estado obrigar) 
 II) Exatidão – pagar no tempo, lugar e forma estipulada 
 III) Lealdade – devedor tem de agir com boa fé (deveres anexos) 
 
2. Condições subjetivas do pagamento 
2.1. Quem paga 
Terminologia: “solvens” 
Dever de pagar x direito de pagar 
Quem pode pagar? – art. 304 CC 
 I) O devedor 
 II) O representante legal 
 III) Os herdeiros 
 IV) Terceiros 
OBS: quando é terceiro interessado, ocorre a sub-rogação (art. 346, III, CC). Ex.: fiador. 
Quando é terceiro não interessado, este não sofre efeitos do não pagamento. Logo, se paga 
em nome do devedor, equipara-se à doação (ex.: pai que paga em nome do filho maior de 
idade). Se paga em nome próprio, há direito de reembolso (art. 305 CC), salvo a sub-rogação 
convencional (art. 347, I, CC). 
Quando é terceiro que paga sem anuência ou com oposição do devedor, não obriga a 
reembolsar aquele que pagou (art. 306 CC) 
OBS 2: pais que pagam dívida de filho menor de idade pagam dívida própria. Art. 932 CC. 
 
2.2. A quem se pode pagar 
Terminologia: “accipiens” 
Art. 308 CC 
 I) Credo/herdeiro 
 II) Representante 
 III) Terceiro: será válido o pagamento se o credor ratificar ou houver benefício 
ao credor 
 IV) Credor putativo: é a pessoa que, estando na posse do título obrigacional, 
passa aos olhos de todos como sendo o verdadeiro titular do crédito. Resguarda a boa-fé do 
devedor. 
OBS: sub-rogação de pleno direito é aquela ocorrente com o terceiro interessado. Significa que 
ela é automática e independente da vontade das partes. 
 
3. Condições objetivas do pagamento 
3.1. Do objeto do pagamento 
Art. 313 CC: prestação diversa 
Art. 314 CC: prestação por partes 
Art. 315 CC: moeda nacional 
 
Prova do pagamento: quitação. É o meio primordial da prova do pagamento que é 
imposto ao credor, devendo este especificar o valor e a espécie da dívida, o nome de quem 
pagou, o tempo e o lugar do pagamento, bem como sua assinatura. A quitação é um direito do 
devedor e, portanto, obrigatória quando cabível. 
Quando o credor nega dar a quitação, é aconselhável ao devedor faze o pagamento 
consignado, e não retê-lo. 
 
Retenção do pagamento: art. 319 CC 
 
Requisitos da quitação: art. 320 CC 
 1º) Valor e espécie da dívida 
 2º) Nome de quem pagou 
 3º) O tempo do pagamento 
 4º) Lugar do pagamento 
 5º) Assinatura do “assipiens” (quem recebeu o pagamento) 
 
Inexperiência do devedor: art. 32, § único, CC. 
Hipóteses de presunção relativa de pagamento: 
 I) A última prestação – art. 322 CC 
 II) Pagamento da prestação principal – art. 323 CC 
 III) Entrega do título – art. 324 CC 
 
3.2. Tempo do pagamento 
Vencimento: imediatamente. Art. 331 CC 
Credor pode exigir pagamento antecipado quando: art. 333 
 I) Falência do devedor jurídico ou insolvência do devedor natural 
 II) Garantias se tornam insuficientes (ex.: hipoteca, fiador, penhor) 
OBS: título de crédito não é o pagamento, mas sim a promessa de pagamento. 
 
3.3. Lugar do pagamento 
Regra geral: no domicílio do devedor. Art. 327 CC. Chamada dívida quesível. Ex.: Sr. 
Barriga indo cobrar o aluguel do Sr. Madruga no domicílio deste. 
Exceção: quando no domicílio do credor, a dívida é chamada de portável (é um acordo 
entre as partes. 
Pagamento reiterado em outro local: art. 330. Mudança de domicílio. Supressio e 
surrectio. É uma renúncia tácita de um direito (supressio) do credor que cria um direito para o 
devedor (surrectio). 
 
 
 
Formas Especiais de Pagamento 
1. Imputação do pagamento 
Conceito: é a determinação feita pelo devedor dentre dois ou mais débitos da mesma 
natureza e vencidos devidos a um só credor. O devedor especificará qual dívida quer solver. É 
um direito do devedor. 
Não é dever do credor aceitar o pagamento feito em partes. Pode haver a imputação, mas 
o pagamento em partes pode ser aceito ou não. 
Art. 352 CC 
1.1. Requisitos: 
 I) Igualdade de sujeitos 
 II) Existência de várias dívidas 
 III) Suficiência do pagamento para resgatar quaisquer das dívidas 
 IV) Dívidas têm de ser líquidas, vencidas e de mesma natureza 
 
OBS: líquida significa certa quanto á existência; vencidas significa exigível; mesma natureza 
significa que possuem algum ponto em comum, pois são dívidas fungíveis. Aplica-se muito a 
dívidas em dinheiro. 
 
1.2. Pode ser: 
I) Imputação do devedor 
II) Imputação do credor (art. 353) 
III) Imputação legal (art. 355), na qual a ordem do pagamento é: 
 1º) Dívida que venceu primeiro 
 2º) Dívida mais onerosa (prestação + juros + penhor + hipoteca) 
 
1.3. Efeito: extinção da dívida imputada ou do vínculo jurídico. 
 
2. Pagamento com sub-rogação 
2.1. Noções 
Sub-rogar: substituir 
Sub-rogação (pagamento) x Cessão de crédito (transferência de crédito) 
 
2.2. Espécies 
2.2.1. Sub-rogação legal (art. 346 CC) – opera-se automaticamente. Pode ser por meio de: 
 I) Credor que paga dívida de devedor comum 
 Ex.: D é devedor de C1 e C2 e tem como garantia a hipoteca de um imóvel. 
Para ter preferência na execução da hipoteca, C1 paga a dívida de D com C2 (a parte que lhe 
cabia). 
 
 II) Adquirente de imóvel hipotecado 
 Ex.: B compra imóvel hipotecado de D que resta como garantia de uma dívida 
entre C (credor) e D (devedor). Assim, para não ter seu imóvel hipotecado, B paga a dívida de 
D com C e se sub-roga. D terá de pagar então para B. 
 
 III) Terceiro que paga para não ser privado do imóvel 
 Ex.: mesmo do exemplo anterior, porém B aluga imóvel de D ao invés de 
comprar. Isto porque, mesmo havendo contrato de locação, B correria o risco de ter seu 
imóvel hipotecado. 
 
 IV) Terceiro interessado 
 Ex.: fiador que quer ver a dívida extinta. 
 
2.2.2. Sub-rogação convencional (art. 347) – ocorre pela vontade das partes. Por meio de: 
 I) Terceiro não interessado (convencional entre o credor e o terceiro) 
 II) Mutuante (convencionado entre o devedor e o terceiro) 
 
 
2.3. Efeitos 
Liberatório: extingue a dívida 
Translativo: transfere-se o crédito a outrem 
 Especulação: art. 360. Não se admite especulação não sub-rogação legal, apenas na 
convencional (leitura literal). Mas, na doutrina, não se admite em nenhum dos casos. 
 
3. Consignação em pagamento 
Conceito: é o pagamento voluntário feito pelo devedor ou por terceiro por meio de um 
depósito judicial/extrajudicial, cujo efeito é a extinção do pagamento. Direito subjetivo ao 
pagamento. A consignação impede os efeitos da mora (inadimplemento/atraso) 
Partes: 
 I) Consignante – devedor 
 II) Consignado – credor 
 
3.1. Hipóteses de ocorrência: (art. 335 CC) 
I) Inciso I: se o credor não puder (por conta de viagem, doença etc.). Ou recusa 
sem justa causa (sem amparo/justificativa legal) em entregar a quitação. 
II) Inciso II: dívida quesível (regra do Sr. Barriga). Ocorre a inércia do credor. 
III) Inciso III: credor incapaz. Ou credor desconhecido (o depósito é feito em 
nome do seu espólio). Ou credor ausente (o depósito é feito em nome dos herdeiros). Ou 
credor em local difícil ou de perigoso acesso (definição subjetiva de local perigoso que será 
analisada pelo juiz). 
IV) Inciso IV: pessoas distintas seapresentam para receber o pagamento. Art. 
345 CC. Ex.: dois municípios vizinhos se apresentam simultaneamente para receber o 
pagamento do IPTU de um imóvel. 
V) Inciso V: litígio sobre objeto da pagamento. O objeto do pagamento está 
sendo disputado em juízo. Ex.: penhora de crédito. 
 
3.2. Requisitos de validade 
I) Legitimidade: art. 890 CPC – devedor requer a consignação 
- Exceção: art. 345 CC – credor requer a consignação 
 II) Pagamento integral: art. 899, § 1º, CPC 
 III) Forma, lugar e tempo: mesma após a data do pagamento, pode o devedor 
consignar, somando a tal os juros, correções etc. 
 IV) Levantamento do depósito pelo devedor: art. 338 e 340 CC. Deve haver a 
anuência do credor, perdendo este todas as garantias da consignação. 
 
3.3. Consignação de prestação periódica 
Art. 892 CPC. Até 5 dias para consignar após a data do vencimento. Nestes 5 dias, 
não se cobra juros. 
 
3.4. Procedimento de consignação 
3.4.1. Consignação extrajudicial 
Objeto: prestação pecuniária. Art. 890, §1º, CPC. 
Lugar: banco oficial. Só se pode fazê-lo em um não oficial quando um oficial 
inexiste na cidade. 
Notificação: o credor tem de ser notificado do depósito e tem de manifestar a 
sua recusa ou aceitação. Se não se manifestar de forma alguma, entende-se como aceitação 
tácita. O prazo para tal é de 10 dias. 
Recusa do credor: o devedor tem 30 dias para entrar com uma ação de 
consignação judicial. Art. 890, § 3º, CPC. 
3.4.2. Consignação judicial: 
Como consignar? Pode ser prestação pecuniária (dinheiro) ou não pecuniária. 
Neste caso, o credor trona-se réu, pois foi ele quem não quis aceitar o pagamento. A ação será 
contra ele. 
Fases: 
 I) Inicial: petição inicial. Solicita-se o pagamento em consignação 
judicial. 5 dias para depósito do deferimento. 
 II) Citação do réu para levantar depósito ou se defender: matérias de 
defesa que o credor pode alegar estão elencadas no art. 896 CPC. Pode alegar que não houve 
recusa de recebimento de prestação ou que a recusa existiu, mas foi justa, ou que o depósito 
não ocorreu no local/prazo do pagamento. Pode alegar também que o depósito não é integral 
(devedor deve então complementar o depósito em até 10 dias). 
 
4. Dação em pagamento 
Conceito: é um acordo liberatório feito entre credor e devedor em que o credor aceita 
coisa diversa no momento do pagamento. 
Requisitos: 
 I) Animus solvendi (vontade de pagar) – cria a dação de pagamento. O animus donandi 
(vondade de doar) cria outro contrato, o de doação. 
 II) Diversidade de objeto oferecido – obrigação alternativa. É delimitada antes do 
momento do pagamento. Não precisa ser necessariamente um bem de mesmo valor. Pode ser 
maior ou menor, mas o credor tem de anuir. 
 III) Concordância do credor – pode ser expressa ou tácita 
 
Evicção: é a perda da propriedade em razão de decisão de autoridade que reconhece um 
direito anterior. Tem como efeito o art. 359 CC. Restaura-se a obrigação primitiva. Há a 
proteção de terceiros. 
 
5. Remissão 
Conceito: é a liberação do devedor pro credor que voluntariamente abre mão de seus 
direitos crediários com o escopo de extinguir a obrigação mediante consentimento do 
devedor. O que não pode remitir? Aquilo que é de interesse público, como o crédito do 
incapaz e dívidas alimentares. 
Natureza jurídica: art. 385 CC. Negócio jurídico bilateral (um aceita e o outro perdoa). 
5.1. Modalidades: 
I) Total (perdoa a dívida integralmente) ou parcial (perdoa a dívida parcialmente) 
II) Expressa ou tácita. Art. 386 CC 
OBS: devolução de cheque é remissão tácita. 
5.2. Efeitos: 
 I) Remissão total – extinção da prestação e garantias 
 II) Remissão parcial – extinção da prestação (mantém-se as garantias) 
 
6. Novação 
Conceito: obrigação que ocorre quando as partes interessadas criam uma nova obrigação 
destinada a extinguir a obrigação precedente, substituindo-a é pretérita ao pagamento 
(diferença da dação). Não há imediata satisfação do crédito. 
6.1. Requisitos: 
 I) Obrigação preexistente 
 Obrigações nulas e extintas: art. 367 (não pode ser) 
 Obrigações anuláveis (pode ser ou não) 
 
II) Obrigação nova 
 Obrigação inválida: caso ocorra, reestabelece-se a obrigação preexistente 
 
III) Elemento novo 
 Sujeito ativo 
 Sujeito passivo 
 Objeto 
 
IV) Animus novandi 
 Vontade de novar: art. 361 CC. Não é vontade de novar quando há termo de 
confissão de dívida, aumento do prazo para pagamento, adição de novas garantias ou 
renegociação de dívidas. 
 
6.2. Espécies: 
 I) Novação objetiva – art. 360, I, CC. Alteração da natureza (ex.: obrigação de dar vira 
obrigação de fazer) ou alteração da causa (ex.: altera-se o tipo contratual). 
 II) Novação subjetiva 
 Passiva – art. 360, II, CC. Pode ser por delegação (devedor antigo sede seu 
lugar para o novo e há consentimento do antigo devedor) ou por expromissão (art. 362 CC. 
Novo devedor combina a seção com credor sem nada avisar ao antigo devedor. Não há 
consentimento deste). 
 Ativa – art. 360, III, CC. Requisito é a anuência das partes. 
6.3. Efeitos: 
 I) Extintivo – extingue a obrigação antiga e tudo ao seu redor (garantias e acessórios), 
salvo estipulação em contrário. 
 II) Gerador – gera nova obrigação 
III) Põe fim às garantias e acessórios. Art. 364 e 366 CC. 
 
 Sub-rogação Assunção de dívida Novação 
O que ocorre: Devedor transfere o 
débito para outrem. 
Altera-se a posição do 
credor, com satisfação 
do crédito 
Extinção da obrigação 
preexistente 
Efeitos: Garantias são extintas Garantias são 
transferidas 
Cria-se nova obrigação 
 
OBS 2: na assunção de dívida, o intuito das partes é a mera transferência do débito sem a 
criação de uma nova obrigação. Na sub-rogação, ocorre efetivo pagamento com a satisfação 
do crédito originário. 
 
7. Compensação 
Conceito: é uma forma de extinção da obrigação em que seus titulares são 
reciprocamente credores e devedores entre si. Então, compensa-se até o limite possível. 
Limite de crédito recíproco: art. 368 CC 
 
Ex.: A deve 10 mil para B e B deve 30 mil para A. Compensa-se, portanto, somente até o 
limite de 10 mil. Desta forma, restará apenas a dívida de 20 mil de B para com A. 
 
7.1. Espécies: 
A) Compensação legal – somente bens fungíveis entre si. Art. 369 CC. 
Efeitos dados por lei: dá-se a compensação automaticamente, independente de 
vontade das partes. 
Requisitos: reciprocidade de obrigações, dívidas líquidas, fungíveis entre si, 
exigíveis e de relações distintas. 
Sobre a reciprocidade: terceiro não interessado NÃO pode buscar compensação, 
pois, em sua relação com o credor, não há reciprocidade (art. 376). O fiador é um terceiro 
interessado e este também NÃO pode buscar compensação com o credor, pois não há 
reciprocidade em sua relação com o mesmo. Ele só pode alegar a compensação de um crédito 
do devedor (compensação alheia). 
Sobre a exigibilidade: obrigação natural NÃO pode ser exigida ou compensada. 
Pode existir, em relação ao prazo em que a dívida se torna exigível, um prazo de favor, que é 
dado em benevolência ao devedor. 
Sobre a fungibilidade: é a homogeneidade das prestações a serem 
compensadas. Tem de ser do mesmo gênero e espécie, mas não necessariamente do mesmo 
valor econômico. 
B) Compensação convencional 
 É feita pela vontade das partes para cumprir obrigação. 
 
7.2. Impossibilidade de compensação 
Art. 373 
Quando a dívida é proveniente de esbulho, furto ou roubo. Esbulho é ocupar 
propriedade alheia sem permissão do proprietário. 
Quando a dívida tem origem em comodato, depósitoou alimento. Comodato w 
depósito são obrigações de restituir. Já uma prestação de alimentos é relacionada a 
subsistência, a mínimo existencial, portanto, por exemplo, um pai que paga a mais para a filha 
a pensão alimentícia, não pode alegar compensação com outra dívida que ela tenha com ele. 
Quando a dívida é de um bem impenhorável. o salário é um exemplo. O 
empregador não pode descontar do empregado alegando compensação. Somente o banco ou 
o Estado é que podem fazê-lo. 
 
8. Confusão 
Conceito: as qualidades de credor e devedor são reunidas numa única pessoa. Assim, 
extingue-se, por consequência, a relação jurídica obrigacional (o que também ocorre na 
compensação). 
 
Ex.: A deve 10 mil para B, uma pessoa jurídica. A compra a pessoa jurídica B. Assim, A 
acaba sendo devedor de si mesmo, o que extingue a obrigação. 
 
8.1. Espécies: art. 382 CC 
 A) Confusão total – confunde-se toda a dívida 
 B) Confusão parcial – confunde-se apenas parte da dívida 
 C) Confusão inter vivos – ex.: título de crédito que vai passando de pessoa para pessoa 
e retorna a quem o emitiu. 
 D) Confusão causa mortis – a pessoa que morre deixa herança para seu devedor. A 
herança tem de ser equivalente ou de valor maior que a dívida. 
 
8.2. Reestabelecimento da obrigação 
 Art. 384 CC 
 Retorno à obrigação original. 
 
OBS: compensação é diferente de confusão. Na primeira, duas pessoas se colocam como 
credoras e devedoras recíprocas. Na segunda, uma única pessoa é credora e devedora de si 
própria. 
 
 
 
Transmissão das Obrigações 
 
1. Cessão de crédito 
Conceito: é um negócio jurídico bilateral, gratuito/oneroso, pelo qual o credor transfere 
a terceiro sua oposição na relação obrigacional (independente do consentimento do devedor) 
com todos os acessórios e garantias sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional. 
O crédito é um bem incorpóreo. 
 
1.1. Partes 
 Cedente: aquele que efetua a transferência do crédito 
 Cessionário: aquele que quer receber o crédito 
 Cedido: não manifesta vontade na cessão de crédito, só precisa ser notificado da 
mesma. Não é considerado parte. Art. 290 CC. Para que a cessão de crédito tenha efeito, tem 
de haver a notificação do cedido. 
 
1.2. Modalidades 
 Onerosa (espécie de venda do crédito) ou gratuita; 
 Total ou parcial 
 Convencional ou legal 
 - Convencional: expressão da livre vontade 
 - Legal: art. 287 CC. Opera-se de pleno direito, pois a lei a determina. 
 Pro soluto ou pro solvendo 
 - Pro soluto: cedente garante a existência do crédito. Toda cessão é, 
inicialmente, pro soluto. Não é preciso estar expresso no contrato. Art. 295 CC. 
 - Pro solvendo: o cedente garante a solvência do devedor, além da existência 
do crédito. É uma exceção e precisa estar expresso no contrato. Art. 297. Responsabilidade 
subsidiária. 
 
1.3. Requisitos Gerais 
 Baseados no Negócio Jurídico, art. 104 CC. 
 Capacidade das partes 
 - Crédito do incapaz: art. 1691 CC. Pode ser cedido pelo representante legal se 
tiver autorização judicial para tal. 
 - Procurador: é necessário procuração específica. Isto é doutrinário. 
 Objeto lícito, possível e determinado ou determinável 
 - Obrigação intuitu personae: obrigação personalíssima. Ex.: obrigação de 
cantar num show. Vedação por lei, art. 426 e 298 CC 
 - Pactum de nom cedendo: art. 286 CC. Deve ser escrita para valer contra 
terceiros. Logo, não pode ser tácita para valer contra terceiros. 
 Forma: para valer contra terceiros tem de ter efeito erga omnes (art. 288 CC). Paa tal, 
tem de ter registro no CRTD (Cartório de Registro de Títulos e Documentos). 
 
1.4. Requisitos específicos 
 Notificação do cedido. Art. 290 CC 
 - Qualquer um pode notificar 
 - A notificação tem de ser feita por escrito. Pode ser por meio extrajudicial 
(correio/cartório) ou judicial (inicia-se uma ação). 
 - Mesmo tendo registro, o devedor TEM DE SER notificado, pois ele não é 
terceiro. 
 
1.5. Efeitos 
 Entre cedente e cessionário: 
 - Transmissão de crédito e acessórios: garantias, multa e correções monetárias. 
 - Transmissão de elementos acidentais: condições, termo e encargo. 
 Em relação ao devedor: 
 - Antes da notificação: art. 292 CC 
 - Após a notificação: cedido já sabe que tem de pagar ao cessionário. 
 - Defesas do devedor contra o cedente: art. 294 CC. Têm de ser feitas no 
momento da notificação , exceto defesas que envolvem o crédito, as quais podem ser feitas a 
qualquer momento. 
OBS: o fiador tem de ser notificado, mas não é preciso que haja anuência. 
OBS 2: defesas de cunho pessoal (erro, dolo, coação) só podem ser arguidas contra o cedente 
no momento da notificação. Defesas de cunho objetivo (prescrição, remissão, pagamento) 
podem ser feitas a qualquer momento. 
 
2. Assunção de dívida 
Conceito: é um negócio jurídico que se verifica quando um terceiro assume a posição do 
devedor originário na mesma relação com anuência do credor. 
O assuntor não paga, só assume a posição de quem irá pagar. 
 
2.1. Partes 
 Credor 
 Devedor originário 
 Assuntor 
 
2.3. Modalidades 
 Liberatória: devedor originário sai da relação, pois a dívida é extinta. 
 Cumulativa: devedor originário chama terceiro para assumir a dívida consigo, gerando 
obrigação solidária ou fracionária (tem de ser expresso). Isto é uma criação doutrinária. 
 Expromissória: devedor originário é expulso da relação, pois o assuntor e o credor 
combinam a assunção sem necessário consentimento do devedor originário. 
Delegatória: devedor originário delega para assuntor. Sempre com consentimento do 
credor. 
 
OBS: a assunção expromissória só pode ser liberatória. A assunção delegatória pode ser 
liberatória ou cumulativa. 
 
2.4. Requisitos 
 Consentimento expresso do credor 
 - O silêncio do credor torna a assunção ineficaz. Art. 299, § único, CC. Exceção 
para isto é o art. 303 CC, onde se entende ter o credor aceito a assunção ao silenciar. 
 Validade do negócio jurídico 
 - Agente capaz 
 - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável 
 - Forma prescrita ou não defesa (proibida) em lei. 
 Solvência do assuntor 
 - Assuntor insolvente: não desobriga o devedor originário. Restabelece-se a 
relação originária. 
 
2.5. Efeitos 
 Liberação do devedor primitivo 
 - Exceções: assunção cumulativa e assuntor insolvente. 
 Transferência de débito a terceiro 
 Extinção das garantias: art. 300 CC 
 Se houver anulação da assunção (por erro, coação, incapacidade etc.), restabelece-se a 
obrigação anterior. Art. 301 CC. 
 - Há a proteção do terceiro de boa-fé. Este tem de anuir expressamente se 
quiser restabelecer a obrigação anterior. 
 
 
3. Cessão de contratos 
Conceito: é a transferência da inteira posição ativa e passiva, do conjunto de direitos e 
obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato cuja execução não foi 
totalmente concluída. 
Ex.: consórcio (casa), financiamento (carro) e substabelecimento (advogado/honorários) 
 
3.1. Partes 
 Cedente: quem vai ceder seu lugar na relação 
 Cessionário: quem vai ocupar a relação no lugar do cedente 
Cedido: parte inalterada da relação (esta apenas tem de consentir) 
 
3.2. Requisitos 
 Tem de haver cessão global (ambos ônus e bônus) do contrato. 
 A cessão só ocorre até o instante do pagamento. Não pode ser depois deste. 
 Tem de haver o consentimento do cedido. Sem ele, a cessão é inválida. 
 
3.3. Efeitos 
 Mesmos da cessão de crédito e assunção de dívida, pois a cessão de contrato mescla 
ambos (é uma relação recíproca). Na cessão de crédito, há cessão dobônus. Na assunção de 
dívida, há cessão do ônus. Aqui, há cessão de ambos. 
 
 
Inadimplemento das Obrigações 
1. Noções históricas 
 Código Civil de 1916: visão dicotômica 
 - Inadimplemento absoluto 
 - Inadimplemento relativo 
 Código civil de 2002 (atual): visão tricotômica 
 - Inadimplemento absoluto 
 - Inadimplemento relativo 
 - Violação positiva do contrato 
 
2. Inadimplemento absoluto 
 Conceito: é o inadimplemento que impossibilita ou inviabiliza o recebimento da 
prestação devida, seja de maneira total ou parcial, convertendo a obrigação em indenização 
(perdas e danos) ou em restituição ao status quo ante. 
 - Impossibilidade total é perda total 
 - Impossibilidade parcial é perda parcial 
 
2.1. Inadimplemento absoluto culposo 
 Art. 389 CC 
 Infração intencional cometida pelo agente (dolo/culpa) 
 - Imprudência: excesso de seus poderes 
 - Negligência: falta/omissão 
 - Imperícia: agir de forma atécnica 
 Exemplos: 
 I) Obrigação de dar carro ou obrigação de não contar segredo: inadimplemento 
gera culpa + impossibilidade (de continuar a obrigação) 
 II) Obrigação de pagar o aluguel: culpa + inviabilidade 
 
 Efeito: pagamento de perdas e danos. 
 Adimplemento substancial: cumprimento significativo do contrato (cerca de 80%). 
Significa sacrifício excessivo do devedor. Enunciado 361 CJF (princípio da conservação dos 
negócios jurídicos, princípio da função social dos contratos e princípio da boa-fé objetiva). 
 - Ex.: casa consignada. O devedor pagou 80%. Depois disso, atrasou uma 
prestação. Não pode ser alegado como inadimplente. 
 
3. Inadimplemento absoluto involuntário 
 Conceito: é um descumprimento prestacional, sem que haja atuação culposa do 
devedor, mas decorre de evento externo que prejudica a execução da obrigação. 
 Art. 393. 
 Eventos inevitáveis: 
 - Força maior: evento previsível, mas inevitável (sempre há uma relação com a 
natureza). 
 - Caso fortuito: evento imprevisível, fora de controle humano total. 
 Efeito: retorno ao status quo ante 
 
Fortuito interno Fortuito externo 
Evento inevitável ou não, cujo risco de sua 
ocorrência é atrelado a atividade 
estabelecida no contrato. Qualquer falha no 
elemento do contrato é igual a fortuito 
interno. 
É o evento que não guarda qualquer relação 
com a atividade desempenhada. 
Efeito: perdas e danos, pois é 
inadimplemento culposo 
Efeito: retorno ao status quo ante 
 
4. Inadimplemento relativo 
 Conceito: cumprimento inexato do contrato. 
 A inexatidão ocorre quanto ao tempo, lugar ou forma. 
OBS: aqui, a mora ocorre mesmo com o cumprimento do contrato, pois este não cumpriu com 
a forma, tempo ou lugar estipulado. 
 
4.1. Modalidades 
4.1.1. Mora do devedor (mora solvendi) 
 Ocorre quando o devedor culposamente descumpre o tempo e o lugar ou a forma 
originariamente previstos na obrigação. 
 Requisitos: 
 I) Dívida líquida e exigível 
 II) Culpa do devedor 
 Espécies: 
 I) Mora “ex re” – acontece mediante o descumprimento do termo 
 II) Mora “ex personae” – trabalha com contratos com prazo indeterminado. O 
credor tem de notificar a outra parte para estipular um prazo. 
 Efeitos jurídicos para o credor (art. 475 CC): 
 I) Tutela específica – exato cumprimento da obrigação + perdas e danos. Art. 
395 CC 
 II) Extinção da obrigação + perdas e danos. Art. 395, § único, CC 
 Efeitos jurídicos para o devedor (art. 399 CC); 
 I) “Perpetuo obligationis” 
 II) Assunção dos riscos - o devedor em mora assume todos os riscos da coisa 
 III) Exceções – quando o devedor prova ausência de culpa na mora ou quando 
prova que o dano ocorreria de qualquer forma. 
 Ex.: A deve cavalo para B, sendo que ficou de entrega-lo no prazo de 
10 dias. Este prazo já expirou e A é inadimplente. Ocorre que no 11º dia toda a cidade onde 
ficam as fazendas (domicílios) de A e B são tomadas por uma enchente que mata todos os 
animais. A, portanto, não deverá sofrer os efeitos do inadimplemento, pois o dano (morte do 
cavalo) teria ocorrido mesmo se ele tivesse cumprido a obrigação dentro do prazo estipulado. 
 
OBS: perdas e danos podem ser uma consequência da mora. Art. 395 CC é utilizado para 
perdas e danos que surgem por conta da mora (art. 402 CC). 
 
4.1.2. Mora do credor (mora accipiendi) 
 É a injusta recusa do credor de aceitar o adimplemento da obrigação no tempo, lugar 
ou forma estipulados. 
 Requisitos: 
 I) Dívida líquida e exigível 
 II) Oferta real pelo devedor – devedor deve ter comparecido para pagar 
 III) Recusa injusta pelo credor – sem justa causa 
 Efeitos: 
 I) Liberação do devedor pelos riscos. É o dono (credor) que responde pelos 
prejuízos – não o isenta de cuidados, como evitar o perecimento extraordinário (o ordinário 
está acima da capacidade dele). 
 II) O credor deverá pagar todas as despesas assumidas pelo devedor – aquelas 
relacionadas aos cuidados 
 IV) Liberação do devedor dos efeitos do inadimplemento (multa, juros, 
correção, etc). 
 
4.1.3. Purgação da mora 
 É um ato por meio do qual a parte morosa neutraliza os efeitos do seu 
inadimplemento, cumprindo ou aceitando a prestação no tempo, lugar e forma estipulados. 
 Espontaneidade por parte daquele que está em mora 
 I) Purgação do devedor – prestação + perdas e danos 
 II) Purgação do credor – prestação + pagamento das despesas do devedor 
 
5. Violação positiva do contrato 
 Art. 422 CC. 
Princípio da boa-fé objetiva nos contratos 
Conceito: é a violação dos deveres anexos que dizem respeito ao cumprimento da 
prestação conforme a boa-fé. 
Ex.: cirurgia (prestação) sem informações vitais do médico para com o paciente (o que 
é um dever anexo à obrigação). Efeito: médico se torna inadimplente. 
 
6. Efeitos do inadimplemento 
6.1. Juros 
 São frutos civis ou rendimentos devidos pela utilização de capital alheio. Acompanham 
a prestação principal. 
 Espécies: 
 I) Compensatórios/remuneratórios 
 II) Moratórios – decorrem do inadimplemento da obrigação 
 III) Convencionais – aqueles estipulados pelas partes do contrato, 
estabelecendo a alíquota a incidir na prestação. Estas podem ser compensatórias ou 
moratórias. 
 IV) Legais – previstas em lei. Art. 406 e 591 CC (exemplos) 
 
6.1.1. Juros legais moratórios 
 Interpretação do art. 406 CC: serão aplicados os juros do artigo quando não houver 
juros convencionais ou quando os juros convencionais não estipularem a alíquota 
(porcentagem) ou quando a lei ordenar. 
 Taxa SELIC ou taxa CTN? A taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia, lei 
9.250/95) possui um valor que depende da demanda pelos títulos públicos da dívida fiscal. Isto 
significa dizer que ela é uma taxa oscilante (crítica negativa) e põe em risco a segurança 
jurídica por parte do devedor. Ela também abrange não só os juros moratórios, como também 
os remuneratórios e a correção monetária. Este cálculo deveria ser separado, fracionado. O 
STF, contudo, aplica a taxa SELIC, pois é uma taxa usada pela Fazenda Nacional. O CTN, por sua 
vez, está previsto no art. 161, § 1º, o qual fixa a taxa de 1% ao mês (ver Enunciado 20 do CJF). 
A taxa SELIC pode até ser menor do que 1%, mas ela é oscilante. 
 
6.1.2. Juros convencionais 
 Art. 591 CC. Taxa SELIC ou CTN? Retorno à discussão acima. 
6.1.3. Juros bancários 
 São juros convencionais. 
 STF: aos bancos NÃO se aplica nem o CC, nem o Decreto Legislativo nº 22.626. o 
motivo é o artigo 192 CF, que prevê a aplicação de leis complementares para os juros 
bancários. 
Súmula 596 do STF: “AS DISPOSIÇÕES DO DECRETO 
22626/1933 NÃO SE APLICAM ÀS TAXAS DE JUROSE AOS 
OUTROS ENCARGOS COBRADOS NAS OPERAÇÕES REALIZADAS 
POR INSTITUIÇÕES PÚBLICAS OU PRIVADAS, QUE INTEGRAM O 
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.” 
 CDC e bancos: súmula 297 d STJ - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às 
instituições financeiras. 
OBS: os juros para bancos não possuem limites. 
 
6.1.4. Anatocismo 
 São juros compostos. 
 Art. 591 CC, parte final: juros remuneratórios 
 DL 22.626 (Lei de Usura): art. 4º - juros moratórios. 
 
6.2. Cláusula penal 
 É um pacto acessório pelo qual as partes de determinado negócio jurídico fixam 
previamente a indenização devida em caso de inadimplemento culposo da obrigação. 
 Funções: pré-liquidar os danos e estimular o pagamento 
 Espécies: 
 I) Cláusula penal compensatória – função de pena em caso de inadimplemento 
absoluto. As opções do credor são exigir a cláusula ou a prestação (art. 410 CC). 
 II) Cláusula penal moratória – função de pena para a mora. As opções do 
credor são exigir a prestação + multa moratória (art. 411 CC) 
 Características: 
 I) Inadimplemento culposo – art. 408 CC 
 II) Não cumulável com perdas e danos 
 - Exceção: indenização suplementar (art. 416, § único). Requisitos são a 
previsão expressa da mesma; prova que o dono ultrapassou o valor pré-estipulado pelas 
cláusula penal. 
 - Limite para a cláusula penal: compensatória é art. 412 CC, onde o valor da 
prestação principal é parâmetro; moratória é o DL 22.626, onde não se pode ultrapassar 10% 
da prestação principal. 
 - Redução pelo juiz (art. 513 CC): compensatória e moratória, só com a 
obrigação parcialmente cumprida (multa incide na parte inadimplida) ou com excesso. 
OBS: se, pelo atraso, o credor tiver prejuízo, pode arguir perdas e danos. 
OBS 2: a cláusula moratória tem de ser menor que a compensatória quando ambas constam 
no contrato, pois, na 1ª, o devedor cumpre a prestação e paga a multa. Já na 2ª, ele apenas 
paga a multa. 
Mora Indenização (perdas e danos) 
Estabelecida antes do dano ou 
inadimplemento 
Estabelecida depois do dano ou 
inadimplemento. Seu valor se baseia nele. 
 
 
6.3. Arras ou sinal 
 É a importância em dinheiro ou a coisa dada por contratante a outro com o objetivo de 
confirmar a execução da obrigação ou de assegurar o direito de arrependimento entre as 
partes. 
 
6.3.1. Arras confirmatórias 
 Nome popular: entrada 
 Adimplemento gera: art. 417 CC. Credor devolve as arras ou o credor abate as arras 
(desconta). 
 Inadimplemento: art. 418 CC 
 I) Pelo credor – este devolve as arras em dobro + prestações 
 II) Pelo devedor – este perde só as arras, as quais ficam como indenização para 
o credor. Porém, isto não afasta indenização suplementar (art. 419 CC) caso o prejuízo 
ultrapasse o valor das arras. Não precisa ser expressa, pois arras não possui a natureza jurídica 
de pena. 
 
6.3.2. Arras penitenciais 
 Pacta sunt servanda: os pactos devem ser cumpridos. As arras penitenciais têm de 
estar expressas no pacto para poderem ser exigidas. 
Servem para garantir o direito de arrependimento (art. 420 CC). Este é uma espécie de 
inadimplemento honesto. 
Efeitos do inadimplemento: 
 I) Pelo credor – devolve as arras em dobro 
 II) Pelo devedor – perde só as arras 
OBS: aqui não se pode pedir indenização suplementar. Estas arras kjá tem a natureza jurídica 
de pena , portanto, não cabe pedir indenização além delas. O que se pode pedir além das arras 
penitenciais (de forma conjunta) são as arras compensatórias, ambas expressas no contrato. 
Arras penitenciais Cláusulas penais 
Pagas antecipadamente e garantem o 
arrependimento. Não admitem indenização 
suplementar. 
Paga só no caso de inadimplemento. Admite 
indenização suplementar caso preveja o 
contrato.

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