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AT 1 AEE PARA DEFICIÊNCIA FÍSICA E MOBILIDADE REDUZIDA 2 32 S U M Á R IO 3 UNIDADE 1 - Introdução 4 UNIDADE 2 - Deficiência física 5 2.1 O sistema nervoso, a função dos hemisférios e a plasticidade neural 12 2.2 Conceito e definições 14 2.3 Classificação 15 2.4 Causas e consequências 24 UNIDADE 3 - Atendimento educacional especializado 25 3.1 Conceito e definição 27 3.2 As salas de recursos 29 3.3 A sala de recurso para deficiência física 31 3.4 Atribuições do professor no AEE 32 3.5 A importância da revisão do PPP e do currículo escolar 33 UNIDADE 4 - Avaliação de alunos com deficiência motora 37 UNIDADE 5 - Técnicas e estratégias da pnl 43 UNIDADE 6 - Orientação e mobilidade / autonomia e independência 43 6.1 Orientação 44 6.2 Recursos de adequação postural e mobilidade 49 REFERÊNCIAS 2 33 UNIDADE 1 - Introdução Maria Teresa Egler Mantoan ao prefa- ciar a obra “Manual de Acessibilidade es- pacial para escolas” (BRASIL/MEC, 2009) nos lembra que a escola como ambiente educativo inclusivo requer condições que garantam o acesso e a participação autô- noma de todos os alunos às suas depen- dências e atividades de formação e asse- gurar tais condições é um dos motes dos educadores e demais profissionais que atuam nessas escolas. De imediato e permeando a vida pro- fissional, devemos ter em mente o acolhi- mento às diferenças, sem restrições, limi- tações e discriminações. Quando pensamos em inclusão, temos que pensar em diversidade e considerar que todos os alunos possuem caracterís- ticas próprias e necessidades diversifi- cadas, sejam eles deficientes ou não. No entanto, em se tratando de alunos defi- cientes, tais características e necessida- des tornam-se acentuadas. Os alunos com deficiência física, por exemplo, precisam ser incentivados e estimulados a adquirir a consciência do próprio corpo e, tanto a escola quanto a família, apresentam papel fundamental nesse aspecto. A prática de esportes é uma alternativa para favorecer o desen- volvimento dessa consciência, bem como de outras competências. Contudo, quan- do o aluno possui deficiência física, é ne- cessária uma série de adaptações para que, tanto a prática de esportes, quanto a realização de outras atividades, sejam viabilizadas. Pois bem, as breves palavras acima mostram a que veio a apostila intitulada “Atendimento Educacional Especializado para deficiência física e mobilidade”, ou seja, trabalharemos esse tipo de defici- ência o que passa por conhecermos a de- finição, entendermos um pouco do papel do sistema nervoso central e a plasticida- de neural, as causas e consequências da deficiência física, como acontece o AEE – Atendimento Educacional Especializa- do – especificamente, a avaliação des- ses alunos, as adaptações necessárias e orientação, e mobilidade para que con- quiste autonomia e independência. Ressaltamos em primeiro lugar que em- bora a escrita acadêmica tenha como pre- missa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clás- sicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o cará- ter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se ou- tras que foram ora utilizadas, ora somen- te consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos es- tudos. 4 5 UNIDADE 2 - Deficiência física 4 Segundo Almeida e Coffani (2010), a história do corpo deficiente permite com- preender que o homem na pré-história de- pendia quase que exclusivamente do mo- vimento corporal para sua sobrevivência. As pessoas com algum tipo de deficiência, os idosos e os doentes eram incapazes de se sustentar sozinhos e dependiam da ação da tribo. Em alguns casos, eles eram abandonados em lugares longínquos e perigosos. A morte era uma certeza. Sant’anna (2006) comenta em seus es- tudos que na antiguidade grega, instalou- -se o culto aos corpos. A beleza física era sinal de força, inteligência e obra divina. Assim, os gregos viam os deficientes físi- cos como uma aberração, algo que deveria ser desprezado e que não poderia estar entre eles. Para Silva, Seabra e Araújo (2008), na Idade Média, guiados por crenças dogmá- ticas de que o homem deveria ser como a “imagem e semelhança de Deus”, os fa- miliares eram responsáveis por esconder seus filhos defeituosos para eles não so- frerem discriminação de outras pessoas ditas “normais”, pois eram vistos como seres possuidores de demônios, e a defi- ciência, como algo sobrenatural. A partir da Segunda Guerra Mundial e, em espe- cial, com o pleno desenvolvimento das ci- ências, esse quadro sofreu modificações: viu-se que a deficiência não era causada por algum mau espírito e que estava rela- cionada à saúde. Percebe-se que a forma como a socie- dade vê os deficientes físicos vem mudan- do ao longo do tempo. Na década de 1960 e início de 1970, surge, na Dinamarca, a fi- losofia da integração e normalização, que tem como foco levar o indivíduo a ter uma vida “normal” e a integração do aluno no ensino regular (ALMEIDA; COFFANI, 2010). Inúmeros estudos afirmam que a edu- cação física é parte integrante da forma- ção integral do ser humano; no contexto escolar, especificamente, a educação do corpo pelo movimento pode abranger a pessoa como um todo. A partir da inclusão das pessoas com deficiência física (não exclusivamente estas, mas as demais de- ficiências) no ensino regular, é pertinente também a sua inclusão na disciplina de educação física escolar, pois é importante que o aluno com deficiência física parti- cipe e vivencie as práticas corporais que podem trazer mais autoconfiança e inde- pendência, além de favorecer ao estabe- lecimento das inter-relações sociais. O movimento corporal permite que o ser humano se comunique, estabeleça ações com a sociedade e trocas de experiências. Por meio do corpo em movimento, poten- cializa-se a expressão da linguagem, prin- cipalmente a cultural, que envolve a dan- ça, os esportes, entre outros (ALMEIDA; COFFANI, 2010). Nesse contexto, vale citar que a edu- cação física escolar pode possibilitar a construção de valores éticos, como o res- peito mútuo e a valorização das diferen- ças, e permite ao aluno desenvolver e de- monstrar suas capacidades psicomotoras e suas dificuldades, para que possam ser trabalhadas juntamente aos demais alu- nos, estabelecendo, assim, um convívio 4 55 social baseado na cooperação (BRASIL, 2000). 2.1 O sistema nervoso, a função dos hemisférios e a plasticidade neural O papel primário do Sistema Nervoso (SN) é coordenar e controlar a maior par- te das funções de nosso corpo. Para fazer isso, o Sistema Nervoso recebe milhares de informações dos diferentes órgãos sensoriais e, a seguir, integra todas elas, para depois determinar a resposta a ser executada pelo corpo. Essa resposta será expressa pelo comportamento motor, ati- vidade mental, fala, sono, busca por ali- mento, regulação do equilíbrio interno do corpo, entre outros. De acordo com a estrutura do sistema nervoso, temos partes situadas dentro do cérebro, da coluna vertebral e outras dis- tribuídas por todo corpo. As primeiras re- cebem o nome coletivo de sistema nervo- so central (SNC), e as últimas, de sistema nervoso periférico (SNP). É no sistema nervoso central que está a grande maioria das células, seus prolon- gamentos e os contatos quefazem entre si. No sistema nervoso periférico, estão relativamente poucas células, mas há um grande número de prolongamentos cha- mados fibras nervosas, agrupadas em fi- letes alongados chamados nervos. O caminho de evolução do SNC percor- rido pelo seres humanos se deu em dire- ção à crescente intercomunicação entre neurônios, levando ao desenvolvimento de novas estruturas neuronais, que nos possibilitam uma mais rica percepção consciente do mundo em que vivemos e uma mais efetiva adaptação a diferentes ambientes. O processo evolutivo levou (até pela complexidade de suas dimen- sões e potencialidades) à separação de funções entre os nossos hemisférios cor- ticais, criando-nos, de um lado, um “cére- bro” cognitivo, racional e analítico e, de outro, um “cérebro” intuitivo, afetivo e emocional. Da existência destes dois modos opera- cionais surge-nos, se soubermos integrá- -los harmoniosamente, a potencialidade de um processo de consciência bastante ampliado e de uma vida mais plena, criati- va e amorosa. É preciso também notar que o proces- so de interação entre os neurônios não é fixo, mesmo após o nosso desenvolvi- mento e maturação iniciais. Ao contrário, dada a plasticidade entre as conexões si- nápticas e à ação variável de substâncias transmissoras e moduladoras, o cérebro deve ser entendido como um conjunto de sistemas funcionais altamente dinâmicos com amplas potencialidades de reajuste e até de recuperação. Finalmente é preciso considerar que o homem não é um organismo acabado. Seu cérebro continua em constante evolução biológica adequando-se sempre a novas circunstâncias, e em busca do equilíbrio (SCHMIDEK; CANTOS, 2008). Aos nossos propósitos, é preciso saber as funções essenciais do sistema nervoso: ajustar o organismo ao ambiente; perce- ber e identificar as condições ambientais externas, bem como as condições reinan- tes dentro do próprio corpo; elaborar res- postas que adaptem a essas condições; função sensorial, integrativa e motora. 6 7 Experiências sensoriais podem provo- car uma reação imediata no corpo ou po- dem ser armazenadas como memória no encéfalo por minutos, semanas ou anos, até que sejam utilizadas num futuro con- trole de atividades motoras ou em proces- sos intelectuais. A cada momento somos bombardeados por milhares de informações, no entanto, armazenamos e utilizamos aquelas que, de alguma forma, sejam significativas para nós e descartamos outras não rele- vantes. Aprendemos aquilo que vivenciamos e a oportunidade de relações e correlações, exercícios, observações, autoavaliação e aperfeiçoamento na execução das tare- fas fará diferença na qualidade e quanti- dade de coisas que poderemos aprender no curso de nossas vidas. Piaget afirma que a inteligência se constrói mediante a troca entre o orga- nismo e o meio, mecanismo pelo qual se dá a formação das estruturas cognitivas. O organismo com sua bagagem hereditá- ria, em contato com o meio, perturba-se, desequilibra-se e, para superar esse de- sequilíbrio e se adaptar, constrói novos esquemas (BRASIL, 2003, p. 19). Dessa maneira, as ações da criança sobre o meio: fazer coisas, brincar e re- solver problemas podem produzir formas de conhecer e pensar mais complexas, combinando e criando novos esquemas, possibilitando novas formas de fazer, compreender e interpretar o mundo que a cerca. O aprendizado tem início muito preco- ce! Durante a primeira etapa do desenvol- vimento infantil, a criança especializa e aumenta seu repertório de relações e ex- pressões através dos movimentos e das sensações que estes lhe proporcionam; das ações que executa sobre o meio; da reação do meio, novamente percebida por ela. Sensações experimentadas, significa- das afetiva e intelectualmente, armaze- nadas e utilizadas, reutilizadas e percebi- das em novas relações e, assim por diante, vão formando um banco de dados que no futuro será retomado em processamen- tos cada vez mais complexos e abstratos. Camargo (1994, p. 20) citando Piaget diz que é a criança cientista, interessada em relações de causalidade, empírica ain- da, mas sempre em busca de novos resul- tados por tentativa e erro. Desta forma, podemos dizer que à medida que a criança evolui no controle de sua postura e especializa seus movi- mentos, sendo cada vez mais capaz de deslocar-se e aumentar sua exploração do meio, está lançando as bases de seu aprendizado, seu corpo está sendo mar- cado por infinitas e novas sensações. Desde o nascimento, o cérebro infan- til está em constante evolução através de sua inter-relação com o meio. A crian- ça percebe o mundo pelos sentidos, age sobre ele, e esta interação se modifica durante a evolução, entendendo melhor, pensando de modo mais complexo, com- portando-se de maneira mais adequada, com maior precisão práxica, à medida que domina seu corpo (LEFÈVRE s.d. apud CA- MARGO, 1994). Neste sentido, a criança com deficiên- cia física não pode estar em um mundo à 6 7 parte para desenvolver habilidades moto- ras. É preciso que ela receba os benefícios tecnológicos e de reabilitação em cons- tante interação com o ambiente ao qual ela pertence. É muito mais significativo à criança desenvolver habilidades de fala se ela tem com quem se comunicar. Da mes- ma forma, é mais significativo desenvol- ver habilidade de andar se para ela está garantido o seu direito de ir e vir. O ambiente escolar é para qualquer criança o espaço por natureza de intera- ção de uns com os outros. É nesse espaço que nos vemos motivados a estabelecer comunicação, a sentir a necessidade de se locomover, entre outras habilidades que nos fazem pertencer ao gênero humano. O aprendizado de habilidades ganha muito mais sentido quando a criança está imersa em um ambiente compartilhado que per- mite o convívio e a participação. A inclusão escolar é a oportunidade para que de fato a criança com deficiência física não esteja à parte, realizando atividades meramente condicionadas e sem sentido. Mesmo sem entrarmos em detalhes sobre o SN, vale saber, de acordo com o quadro resumo abaixo, as funções dos componentes desse sistema: Pensamento Movimento voluntário Linguagem Julgamento Percepção Movimento Equilíbrio Postura Tônus muscular Respiração Ritmo dos batimentos cardíacos Pressão arterial Visão Audição Movimento dos olhos Movimento do corpo Córtex Cerebral Cerebelo Tronco encefálico Mesencéfalo 8 9 Apesar do nosso cérebro ser divido em dois hemisférios, não existe relação de dominância entre eles, pelo contrário, eles trabalham em conjunto, utilizando-se dos milhões de fibras nervosas que cons- tituem as comissuras cerebrais e se encar- regam de pô-los em constante interação. O conceito de especialização hemisférica se confunde com o de lateralidade (algu- mas funções são representadas em ape- nas um dos lados, outras nos dois) e de assimetria (um hemisfério não é igual ao outro). Segundo Lent (2002), o hemisfério es- querdo controla a fala em mais de 95% dos seres humanos, mais isso não quer di- zer que o direito não trabalhe, ao contrá- rio, é a prosódia do hemisfério direito que confere à fala nuances afetivas essenciais para a comunicação interpessoal. O he- misfério esquerdo é também responsável pela realização mental de cálculos mate- máticos, pelo comando da escrita e pela compreensão dela através da leitura. Já o hemisfério direito é melhor na percepção de sons musicais e no reconhecimento de faces, especialmente quando se trata de aspectos gerais. O hemisfério esquerdo participa também do reconhecimento de faces, mas sua especialidade é descobrir precisamente quem é o dono de cada face. Da mesma forma, o hemisfério direito é especialmentecapaz de identificar cate- gorias gerais de objetos e seres vivos, mas é o esquerdo que detecta as categorias específicas. O hemisfério direito é melhor na detecção de relações espaciais, parti- cularmente as relações métricas, quanti- ficáveis, aquelas que são úteis para o nos- so deslocamento no mundo. O hemisfério esquerdo não deixa de participar dessa função, mas é melhor no reconhecimento de relações espaciais categoriais qualita- tivas. Finalmente, o hemisfério esquerdo produz movimentos mais precisos da mão e da perna direitas do que o hemisfério di- reito é capaz de fazer com a mão e a perna esquerda (na maioria das pessoas). O conceito de dominância hemisférica surgiu para explicar a relação entre a ati- vidade dos dois hemisférios, no sentido de que determinadas funções linguísticas exercidas predominantemente pelo he- misfério esquerdo exerceriam uma domi- nância sobre as funções do hemisfério di- reito. Entretanto, estudos mais recentes mostraram que os dois hemisférios não Integração sensorial Integração motora Comportamento emocional Memória Aprendizado Emoções Vida vegetativa (digestão, circulação, ex- creção etc.). Tálamo Sistema límbico 8 9 interagem através do domínio de um so- bre o outro, mas sim através da especiali- zação de certas funções, ou seja, um dos hemisférios é encarregado por um grupo de funções, enquanto o segundo encar- rega-se de outras. O que é importante ressaltar é que ambos trabalham em con- junto. Esse novo conceito é chamado de especialização hemisférica. Resumindo, estudos revelaram que o hemisfério direito percebe e comanda funções globais, categoriais, enquanto o esquerdo se encarrega das funções mais específicas relacionadas com a linguagem. Hemisfério esquerdo Hemisfério direito 10 11 A plasticidade neural A plasticidade neural refere-se à ca- pacidade que o SNC possui em modificar algumas das suas propriedades morfoló- gicas e funcionais em resposta às altera- ções do ambiente. Na presença de lesões, o SNC utiliza-se desta capacidade na ten- tativa de recuperar funções perdidas e/ ou, principalmente, fortalecer funções si- milares relacionadas às originais (OLIVEI- RA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000). A plasticidade do SNC ocorre, classica- mente, em três estágios: desenvolvimen- to, aprendizagem e após processos lesio- nais. Desenvolvimento – na embriogênese, tem-se a diferenciação celular, em que células indiferenciadas, por expressão genética, passam a ser neurônios. Após a proliferação, migram para os locais ade- quados e fazem conexões entre si (AN- NUNCIATO; SILVA, 1995). Os neurônios dispõem de uma capa- cidade intrínseca sobre sua posição em relação a outros neurônios, e seus axô- nios alcançam seus destinos graças aos marcadores de natureza molecular e à quimiotaxia. A secreção de substâncias neurotróficas, neste caso, os fatores de crescimento ajudam o axônio na busca de seu alvo (LINDEN, 1993). A maturação do SNC inicia-se no período embrionário e só termina na vida extrauterina. Portanto, sofre influências dos fatores genéticos, do microambiente fetal e, tam- bém, do ambiente externo, sendo este último de grande relevância para seu ade- quado desenvolvimento. O processo da aprendizagem pode ocorrer a qualquer momento da vida de um indivíduo, seja criança, adulto ou idoso, propiciando o aprendizado de algo novo e modificando o comportamento de acordo com o que foi aprendido. A aprendizagem requer a aquisição de conhecimentos, a capacidade de guardar e integrar esta aquisição (MANSUR; RADONOVIC, 1998) para posteriormente ser recrutada quan- do necessário. A reabilitação física, entre outros fato- res, tem por objetivo favorecer o apren- dizado ou reaprendizado motor, que é um processo neurobiológico pelo qual os organismos modificam temporária ou de- finitivamente suas respostas motoras, melhorando seu desempenho, como re- sultado da prática (PIEMONTE; SÁ, 1998). Durante o processo de aprendizagem, há modificações nas estruturas e funcio- namento das células neurais e de suas co- nexões, ou seja, o aprendizado promove modificações plásticas, como crescimen- to de novas terminações e botões sinápti- cos, crescimento de espículas dendríticas, aumento das áreas sinápticas funcionais (KLEIM; BALLARD; GRRENOUGH; 1997 apud OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000), estreitamento da fenda sináptica, mudanças de conformação de proteínas receptoras, incremento de neurotrans- missores. A prática ou a experiência promovem, também, modificações na representação do mapa cortical (ARNSTEIN, 1997 apud OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000). Pascual-Leone et al (1995 apud OLI- VEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 2000) de- monstraram que a aquisição de uma nova habilidade motora, por exemplo, tocar 10 11 piano, reorganizava o mapa cortical, au- mentando a área relacionada aos múscu- los flexores e extensores dos dedos. Em um estudo com leitores de Braille, verifi- caram que o dedo indicador utilizado para a leitura tem maior representação cortical que o dedo contralateral. Jueptner et al (1997) e Grafton et al (1998 apud OLIVEIRA; SALINA; ANNUN- CIATO, 2000), por sua vez, encarregaram- -se de mapear as áreas do SNC que são ativadas durante o processo de aprendi- zagem motora, em que eram realizados movimentos com as mãos, e verificaram que várias regiões agem em conjunto, como o córtex motor primário, o córtex pré-motor, a área motora suplementar, a área somatossensorial, os núcleos da base, entre outras. Após processos lesionais – a lesão pro- move no SNC vários eventos que ocorrem, simultaneamente, no local da lesão e dis- tante dele. Em um primeiro momento, as células traumatizadas liberam seus ami- noácidos e seus neurotransmissores, os quais, em alta concentração, tornam os neurônios mais excitados e mais vulne- ráveis à lesão. Neurônios muito excitados podem liberar o neurotransmissor gluta- mato, o qual alterará o equilíbrio do íon cálcio e induzirá seu influxo para o interior das células nervosas, ativando várias en- zimas que são tóxicas e levam os neurô- nios à morte. Esse processo é chamado de excitotoxicidade (SILVA, 1995). Ocorre, também, a ruptura de vasos sanguíneos e/ ou isquemia cerebral, diminuindo os níveis de oxigênio e glicose, que são essenciais para a sobrevivência de todas as células (OLIVEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 2000) A falta de glicose gera insuficiência da célula nervosa em manter seu gradiente transmembrânico, permitindo a entrada de mais cálcio para dentro da célula, ocor- rendo um efeito cascata (RAFFINI, 1999). De acordo com o grau do dano cerebral, o estímulo nocivo pode levar as células nervosas à necrose, havendo ruptura da membrana celular, fazendo com que as células liberem seu material intracitoplas- mático e, então, lesem o tecido vizinho; ou pode ativar um processo genético de- nominado apoptose, em que a célula ner- vosa mantém sua membrana plasmática, portanto, não liberando seu material in- tracelular, não havendo liberação de subs- tâncias com atividade próinflamatória e, assim, não agredindo outras células (LIN- DEN, 1996; VEGA; ROMANO SILVA, 1999). A apoptose é desencadeada na presen- ça de certos estímulos nocivos, principal- mente pela toxicidade do glutamato, por estresse oxidativo e alteração na home- ostase do cálcio. A lesão promove, então, três situa- ções distintas: (a) uma em que o corpo celular do neurô- nio foi atingido e ocorre a morte do neurô- nio, sendo, neste caso, o processo irrever- sível; (b) o corpo celular está íntegro e seu axônio está lesado; ou, (c) o neurônio se encontra em um estágio de excitação di- minuído (SILVA, 1995). São vários os mecanismos de repa- ração e reorganização do SNC que co- meçam a surgirimediatamente após a lesão e podem perdurar por meses e até anos (SILVA, 2000). São eles: recuperação da eficácia sináptica; 12 13 potencialização sináptica; supersensibilidade de denervação; recrutamento de sinapses silentes; brotamentos (ANNUNCIATO, 1994; OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000). 2.2 Conceito e definições Dentre as diversas definições para a deficiência física, podemos entendê-la como uma alteração no corpo que provoca dificuldades na movimentação das pes- soas e as impede de participarem da vida de forma independente. Ou como uma desvantagem, resultante de um compro- metimento ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho motor do indivíduo. Ou ainda, refere-se ao compro- metimento do aparelho locomotor que compreende o sistema ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema nervoso; as doenças ou lesões que afetam quais- quer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir quadros de limitações físicas de grau e gravidade va- riáveis, segundo o(s) segmento(s) corpo- rais afetados e o tipo de lesão ocorrida. Assim, a deficiência física ou motora pode ser considerada um distúrbio da estrutura anatômica ou da função, que interfere na movimentação e/ou locomoção do indiví- duo. No Decreto Federal nº 5.296/04, considera-se deficiência física a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprome- timento da função física. São elas: paraplegia, paraparesia, monople- gia, monoparesia, tetraplegia, te- traparesia, triplegia, triparesia, he- miplegia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia ce- rebral, nanismo, e membros com de- formidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que produzam dificuldades para o desempenho de funções. Essa definição nos leva a entender que a função física pode ficar comprometi- da quando faltar algum membro (quando houver amputação), sua má-formação ou deformação (alterações que comprome- tam o sistema muscular e esquelético). Desde que as sociedades foram forma- das, as pessoas foram criando conceitos e teorias. Às vezes, como o passar dos anos, muitos desses conceitos e dessas teorias foram ou são utilizados para discriminar, inferiorizar e distinguir as pessoas umas das outras. Por isso, no transcorrer da história da humanidade, as pessoas que não nasciam com o corpo perfeito eram tidas como anormais. Isto quer dizer, eram os deficientes. Uma pessoa é deficiente quando “tem perda de uma de suas fun- ções, seja ela física, psicológica ou senso- rial” (SCHIRMER et al 2007, p. 21). Então, de acordo com Gil; Santos; Barbato (2010, p. 259), deficiência física, em linhas gerais, diz respeito à perda ou redução da capacidade de movimento de qual- quer parte do corpo em decorrência de lesões neurológicas, neuromus- culares, ortopédicas ou malforma- ções congênitas e adquiridas. Os autores citam alguns exemplos de patologias que costumam remeter a uma deficiência física, as quais veremos deta- lhes mais adiante: lesão cerebral (paralisia 12 13 cerebral, traumatismo crânio-encefálico); lesão medular (tetraplegias, paraplegias); miopatias (distrofias musculares); pato- logias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose múltipla, esclerose la- teral amiotrófica, Mal de Parkinson); le- sões nervosas periféricas; amputações; sequelas de politraumatismos; malfor- mações congênitas; distúrbios dolorosos, posturais ou sequelas de patologias da coluna ou articulações dos membros (cifo- ses, hérnias de disco, artropatias, reuma- tismo); sequelas de queimaduras. Durante muito tempo, as pessoas nas- cidas com qualquer tipo de comprometi- mento físico eram excluídas da sociedade, às vezes, de forma arbitrária. Exemplos claros são os casos que aconteciam na Antiguidade, principalmente, com os he- breus e egípcios. Estes viam a deficiência com uma punição de Deus (deuses). Por isso, limitavam o acesso e o contado com pessoas que tinham deficiência. Na Grécia Antiga, principalmente na cidade de Es- parta conforme Purificação; Souza; Melo (s/d), “as crianças que nasciam frágeis ou deficientes, eram lançadas ao abismo ou abandonados nas montanhas. Na Roma antiga existia lei que autorizava o pai a matar os filhos defeituosos, jogando-os nos rios”. Dessa forma, essas crianças eram privadas de viver, pois elas eram ex- cluídas da sociedade. Hoje temos consciência que todas as pessoas fazem parte da sociedade, por isso as pessoas com necessidades edu- cacionais especiais (NEE) precisam estar também em contato com as outras consi- deradas “normais”. Tunes, Tacca e Bartholo (2005) afirmam que é no convívio social e na experiência interpessoal que haverá a possibilidade do processo de elaboração e reelaboração de sentidos que organizam e integram a atividade psíquica dos participantes da relação. Diante disso, fica claro e evidente que a pessoa com deficiência física con- tribui também para o desenvolvimento da sociedade na qual está inserida. Mas, para que o atendimento educacional es- pecializado (AEE) seja satisfatório, as pessoas ligadas à área educacional, como professores, psicólogos, coordenadores pedagógicos, entre outros, precisam co- nhecer/identificar qual deficiência física o educando possui. Gil, Santos e Barbato (2010, p. 260) afirmam que é importante conhecer a pa- tologia com a qual o aluno convive, suas manifestações e curso de desenvolvi- mento, no entanto, essas alterações po- dem implicar singularidades nos modos de mobilidade, alimentação, coordenação motora, comunicação oral ou escrita, por exemplo, o que pode remeter à necessi- dade de adaptações para a realização das atividades escolares. Ressalta-se ainda que tais dificuldades podem se modificar ao longo do tempo conforme o curso de desenvolvimento da pessoa e/o da pato- logia. Dessa forma, nota-se a importância de conhecer bem cada aluno. Fazendo isso, os profissionais da educação evitam ti- rar conclusões equivocadas a respeito do processo ensino-aprendizagem do aluno. Os mesmos autores informam ainda que às vezes, o que pode parecer uma perda ou piora do quadro em um determinado momento de vida da pessoa é o esperado no curso de desenvolvimento da patolo- gia. 14 15 Pode-se dizer em linhas gerais que “concretizar a inclusão escolar de uma criança com qualquer deficiência implica uma mudança paradigmática, um desloca- mento da ótica da falta para o potencial” (GIL; SANTOS; BARBATO, 2010. p. 261). 2.3 Classificação Podemos classificar a deficiência física de várias maneiras. Quanto à natureza, podemos dividir as defici- ências físicas em: distúrbios ortopédicos – refe- rem-se a problemas originados nos mús- culos, ossos e/ou articulações; distúrbios neurológicos – que se referem a deterioração ou lesão do siste- ma nervoso. A deficiência física também pode ser dividida em congênita ou adquirida; aguda ou crônica; permanente ou temporária; e, progressiva ou não progressiva. Quanto às lesões motoras decor- rentes de lesão do sistema nervoso, estas podem ser de diferentes tipos, como alterações de: ordem muscular – hipertonias, hipotonias, atividades reflexas, movi- mentos descoordenados e involuntários; ordem nervosa, no que diz res- peito à sensibilidade e à força muscular – hemiparesias, paraparesia, monoparesia e tetraparesia (BRASIL, 1999). Quando se trata de alterações fun- cionais motoras decorrentes de lesão do Sistema Nervoso, observaremos, princi- palmente, a alteração do tônus muscular (hipertonia, hipotonia, atividades tôni- cas reflexas, movimentos involuntários e incoordenados). As terminologias “para, mono, tetra, tri e hemi”, diz respeito à de- terminação da parte do corpo envolvida,significando respectivamente, “somen- te os membros inferiores, somente um membro, os quatro membros, três mem- bros ou um lado do corpo” (BRASIL, 1999). Como a deficiência física se refere ao comprometimento do aparelho locomo- tor, irá compreender o sistema Osteoar- ticular, o Sistema Muscular e o Sistema Nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades va- riáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida (BRA- SIL, 2006, p. 28). A paralisia cerebral é uma das causas mais frequentes que encontramos como deficiência física e que chega até a escola, portanto, faz-se necessário dar uma aten- ção especial ao seu estudo. As crianças que sofrem dessa patologia são motivo de grande preconceito e discriminação na escola, principalmente porque as pessoas pensam que é uma deficiência mental, o que é um grande equívoco. Muitas dessas crianças têm dificuldades de se comunicar e expressar devido às suas limitações mo- toras e não cognitivas e demonstram um comportamento alheio à realidade, por falta de oportunidades e de mediações que lhes auxiliem na expressão de toda sua vontade. A principal característica da paralisia cerebral é o déficit motor, entretanto, quase sempre se pode encontrar um ou 14 15 outro distúrbio decorrente da lesão neu- rológica como: convulsões que podem levar ao déficit cognitivo, alterações ocu- lares e visuais, distúrbios de deglutição, comprometimento auditivo, alterações nas funções corticais superiores, distúr- bios do comportamento (BRASIL, 2007). Importante ressaltar que esses distúr- bios que acompanham a paralisia cerebral podem ser decorrentes também do meio em que a criança vive, suas condições de higiene, nutrição, tratamentos e oportu- nidades em geral. Como causas da paralisia cerebral que podem ocorrer isoladas ou associadas, Braga (1995 apud BRASIL, 2007) sintetiza assim: 1. pré-natais – infecções intrauteri- nas (rubéola, toxoplasmose, citomegalia, herpes e sífilis), anóxia fetal, exposição à radiação ou a drogas, erros de migração neuronal e outras malformações cere- brais; 2. perinatais – complicações durante o parto (traumatismo cerebral ou anóxia em trabalho de parto difícil ou demorado), prematuridade, nascimento com baixo peso, entre outros; 3. pós-natais – traumatismos crânio- -encefálicos, infecções do sistema ner- voso central (encefálicos e meningites), anóxia cerebral (devido a asfixias, afoga- mentos, convulsões ou paradas cardíacas) e acidente vascular cerebral. 2.4 Causas e consequências As causas são diversas, podendo estar ligadas a problemas genéticos, complica- ções na gestação ou gravidez, doenças infantis e acidentes. São considerados fatores de risco: violência urbana, uso de drogas, acidentes desportivos, sedenta- rismo, acidentes do trabalho, epidemias/ endemias, tabagismo, agentes tóxicos, maus hábitos alimentares e falta de sane- amento básico. Enfatizando as causas para deficiência física, temos: causas pré-natais – problemas du- rante a gestação (remédios tomados pela mãe. Tentativas de aborto malsucedidas, perdas de sangue durante a gestação, cri- ses maternas de hipertensão, problemas genéticos e outras); causas perinatais – problema res- piratório na hora do nascimento, prema- turidade, bebê que entra em sofrimento na hora do nascimento por ter passado da hora, cordão umbilical enrolado no pesco- ço e outras; causas pós-natais – parada cardía- ca, infecção hospitalar, meningite ou ou- tra doença infecto-contagiosa ou quando o sangue do bebê não combina com o da mãe (se esta for Rh negativo), traumatis- mo craniano ocasionado por uma queda muito forte e outras; no caso de jovens e adultos, a defi- ciência física pode ocorrer após uma lesão medular, aneurisma, acidente vascular ce- rebral ou outros problemas. Uma das doenças que já foi a maior cau- sa de deficiência física no Brasil é a para- lisia infantil (poliomielite) que atualmente está erradicada, graças às campanhas de vacinação e à tomada de consciência dos pais que compreenderam a importância desta vacina. Há, contudo, a ocorrência da síndrome do pós-pólio, que deve ser ob- 16 17 servada com atenção. As mutilações e as sequelas motoras (sejam de causas ligadas a moléstias ou acidentes) podem ser subdivididas de acordo com os sistemas orgânicos de origem, que foram afetados: de origem encefálica – neste gru- po incluímos a esclerose múltipla, o AVC, Paralisia Cerebral; de origem espinhal – neste gru- po estão incluídas poliomielite, traumatis- mos com ruptura ou compressão medular, má-formação, como espinha bífida, por degeneração, como a Síndrome de Werd- nig-Hoffmann, etc.; de origem muscular – especial- mente a distrofia muscular progressiva (ou miopatia) de origem ósteo-articular: são aqui incluídas a luxação coxo-femoral, artrogripose (contração permanente da articulação) múltipla, ausência congênita de membros ou partes; de formas distróficas como os- teocondriosis (coxa plana), osteoge- nesis imperfecta (doença que fragiliza o tecido ósseo, sendo popularmente cha- mada de “ossos de vidro”), condodistrofia, amputações, entre outras. Mais uma vez enfocando a paralisia ce- rebral (encefalopatia crônica da infância), é um distúrbio não progressivo da motrici- dade, que evidencia-se na movimentação e postura. Esse distúrbio é causado por uma lesão ou mal funcionamento do cére- bro, o qual ocorre antes dos 3 (três) anos de idade. Exemplifica o grupo dos distúr- bios neurológicos de origem encefálica da deficiência motora. Geralmente refere-se ao portador de “PC” (paralisia cerebral). Estatisticamente, 86% das causas são provenientes de fatores pré e perinatais e 14% são provenientes de fatores pós-na- tais. A incidência diminui conforme me- lhora o conhecimento e o desenvolvimen- to dos serviços de saúde. Cada distúrbio é classificado de acordo com alguns fatores que são citados no diagnóstico. Nesse contexto. podemos dizer que existem três tipos de classificação. 1) Classificação fisiológica (ou quanto ao tônus muscular): a) rigidez – os músculos dos membros são tensos e se contraem fortemente quando se tenta movimentá-los ou alon- gá-los, onde mesmo os reflexos exacer- bados são inibidos. É uma forma severa de espasticidade; b) espasticidade – o termo espástico é usado para descrever o tipo de paralisia cerebral onde o tônus muscular é muito alto (tenso). Os portadores de PC espásti- ca têm movimentos desajeitados e rígidos porque seus músculos são muito tensos. Eles têm dificuldade ao modificar sua po- sição ou ao tentar pegar algo com suas mãos. Este é o tipo mais comum de PC. Os autores referem que cerca de 50% a 75% dos portadores de paralisia cerebral têm o tipo espástico (Bleck, 1981; Souza, 1998). Há uma hiper-reflexia dos tendões profundos dos músculos dos membros envolvidos. Os indivíduos ficam sujeitos a contraturas e deformidades que se de- senvolvem durante o crescimento; c) atetose – caracterizada por movi- mentos involuntários e variações do tô- nus muscular resultante de lesões dos núcleos situados no interior dos hemisfé- rios cerebrais (sistema extrapiramidal). O 16 17 1 Enquanto “Plegia” é a ausência TOTAL de movimentos. “Pare- sia” é a ausência PARCIAL de movimentos. Ou seja, um aluno que apresenta uma “PLEGIA” é muito mais comprometido (em nível de movimentação) do que um aluno que apresenta uma “PARESIA”. Ter uma lesão “HEMI” significa ter uma lesão em meio lado do cor- po. Ter uma lesão “PARA” significa ter uma lesão abaixo da cintura. tônus muscular flutua gerando movimen- tos involuntários e os movimentos volun- táriosse deformam, ficando retorcidos; d) ataxia – caracterizada por diminui- ção do tônus muscular, incoordenação dos movimentos e equilíbrio deficiente, devido a lesões no cerebelo ou das vias cerebelares. Os portadores de PC atáxica parecem muito instáveis e trêmulos; e) tremor – aparece apenas na movi- mentação involuntária. Chamado também de tremor intencional; f) hipotonia – o tônus muscular é bai- xo. Também chamada de atonia, flacidez ou frouxidão. Geralmente evolui para uma atetose; g) mista – em alguns casos observa-se uma variação do tônus de acordo com o grupo muscular envolvido (em alguns ele é muito baixo e em outros muito alto). A combinação mais comum é a PC espática- -atetóide. Estima-se que 25% dos porta- dores de PC apresentem um quadro misto. 2) Classificação topográfica1 : Com as informações da nota de rodapé, podemos fazer as seguintes relações: um aluno que apresenta uma HEMI- PLEGIA tem um comprometimento motor total em meio lado do corpo; um aluno que apresenta uma HEMI- PARESIA tem um comprometimento mo- tor parcial em meio lado do corpo; um aluno que apresenta uma PA- RAPLEGIA tem um comprometimento mo- tor total abaixo da cintura, decorrente de uma lesão medular; são os “paraplégicos”; um aluno que apresenta uma PA- RAPARESIA tem um comprometimento motor parcial abaixo da cintura. monoplegia – ausência de movi- mentos em apenas um membro do corpo, como um dos braços ou uma das pernas; diplegia – ausência de movimen- tos em dois membros do corpo, como os dois braços ou as duas pernas; tetraplegia – ausência de movi- mentos nos quatro membros do corpo, braços e pernas, decorrente de uma lesão medular; amputações – quando há retirada total ou parcial de um ou mais membros do corpo. As pessoas que apresentam paraple- gia, ou seja, um comprometimento total abaixo da cintura muitas vezes, podem frequentar uma sala regular. São as pessoas conhecidas como “paraplégicos” e usuários de cadeiras de rodas quem chamamos de “cadei- rantes”. A cada ano, milhões de pessoas em todo o mundo sofrem lesões diretas na medula espinal. Frequentemente, nesses casos, a medula espinal é completamente lesio- nada, deixando a vítima sem sensibilidade ou movimento do local da lesão para bai- xo. As formas mais comuns são decorren- tes de acidentes de carro, armas de fogo, mergulhos, quedas, entre outros. Para se lesar uma medula espinal, basta 18 19 um único trauma que interrompa o meca- nismo de contato do cérebro com a parte do corpo. Se pelo menos o trauma pudes- se ser reparado, as funções sensoriais e motaras poderiam ser recuperadas. Para deixar mais claro esse concei- to, usaremos a metáfora da luz elétrica. Quando queremos acender uma luz, um simples toque num interruptor faz com que a lâmpada acenda. Por mais que pare- ça um toque de mágica, não é bem assim. Entre o interruptor e a lâmpada, temos um fio que passa por dentro da parede. No caso de ocorrer algum corte entre esse sistema, com certeza essa luz não será acesa. É o que acontece com as pessoas que apresentam uma lesão na medula, ou lesão medular. Ocorre um trauma entre a ligação do cérebro e a parte do corpo que seria movimentada pelo impulso nervoso. O problema é que as fibras nervosas não se regeneram após um trauma. Esses obstáculos podem ser vencidos de alguma forma? Estudos sugerem a possibilidade de in- duzir o crescimento de fibras neurais após um trauma na medula espinal. Por exem- plo, se a medula espinal de pintinhos ou de outros filhotes de animais for seccio- nada nas primeiras duas semanas de vida, ela se regenera e seu funcionamento nor- mal é recuperado. Provavelmente, se a soma de fatores de crescimento que permitem essa rege- neração da medula espinal fosse identifi- cada e aplicada em lesões na medula espi- nal de seres humanos adultos, talvez essa mesma regeneração pudesse ocorrer. 3) Classificação quanto ao grau de acometimento: a) leve; b) moderada; c) grave (TEIXEIRA, 2010). Algumas causas que levam à defici- ência física Hidrocefalia – caracterizada por re- tenção do líquido céfalo raquidiano (LCR) nos ventrículos ou no espaço aracnoide- ano. Pode ser congênita (devido à uma anomalia ou adquirida devido à tumores, por exemplo). Resulta numa macrocefalia. Os principais cuidados são relativos aos drenos, colocados cirurgicamente, para derivar o excesso de líquor (LCR). Mes- mo assim, o excesso de líquor pode levar à compressões no encéfalo levando à le- sões, causando deficiências motoras, sen- soriais ou cognitivas e distúrbios compor- tamentais. As principais implicações são: dificuldade de alinhamento corporal, alte- ração na sensibilidade cinestésica, altera- ções no equilíbrio e postura e dificuldades no movimento e alinhamento da cabeça. Esta também relaciona-se a um distúrbio neurológico de origem encefálica. Acidente vascular cerebral (AVC) – definido como uma interrupção na circula- ção cerebral, levando à lesão de células de áreas sensoriais e/ou motoras deixando sequelas correspondentes à área lesada. Sua classificação topográfica e neuroa- natômica é igual ao da paralisia cerebral, sendo também um distúrbio neurológico de origem encefálica. Poliomielite – é uma doença infec- ciosa causada por um vírus que ataca o 18 19 tecido nervoso (medula e/ou cérebro), geralmente as células motoras do cor- no2 anterior da medula. Acomete princi- palmente crianças e adolescentes. Causa paralisia flácida. O vírus entra pelo trato intestinal se difundindo pela corrente sanguínea, instalando-se nas células mo- toras. Pode deixar fraqueza muscular, pa- ralisia, chegando a deformidades esque- léticas (atrofias). Exemplifica um distúrbio neurológico de origem espinhal. A lesão é no sistema nervoso levando a sequelas também no sistema osteomus- cular. Há permanência da sensibilidade e ausência ou diminuição dos movimentos e da força muscular. Este sinal é considera- do como diferencial da lesão medular con- gênita ou por trauma. Lesão medular – um trauma direto com rompimento da medula, pode ocorrer por acidentes. Os mais comuns são: lesão por arma de fogo (tiro), acidente automo- bilístico, mergulho em águas rasas, lesão por erro médico e por acidentes domésti- cos. O comprometimento vai depender de muitos fatores, entre eles, o lugar da le- são e tratamentos necessários. Nessa situação a deficiência física é uma condição adquirida resultante de um trauma, lesão ou problemas de crescimen- to e desenvolvimento, também constitui- -se de um distúrbio neurológico de origem espinhal. A maior incidência está entre indiví- duos entre 15 e 28 anos de idade (40% em consequên- cia de acidentes automobilísticos, 20% por quedas, 40% por disparos, acidentes esportivos, industriais e agrícolas). As le- sões das vértebras cervicais é a mais co- mum (C5 e C6) e a das vértebras torácicas vem em segundo lugar (T12 a L1). Há perda de movimentos e sensibilida- de abaixo do nível da lesão. São divididas em lesões completas (totais) onde há per- da das funções (motoras e de sensibilida- de) abaixo do nível da lesão; e incompletas (parciais) onde há permanência de alguma função muscular residual além do local da lesão. A sensibilidade fica alterada. Microcefalia – é representada pela defasagem no crescimento do cérebro, devido ao fechamento precoce dos ossos do crânio chamado craniossinosteose. A calota óssea do crânio acaba impedindo que o cérebro cresça, trazendo consequ- ências para a saúde e o desenvolvimento da criança. Essa é a principal causa da microcefalia. Ela não é uma deficiência em si, mas nor- malmente acarreta o surgimento de uma deficiência física, intelectual, entre ou- tras. Mielomeningocele – é uma anormali- dadecongênita do sistema nervoso, que se desenvolve nos primeiros dois meses de gestação e provoca problemas na forma- ção do tubo neural. Na maioria dos casos, ela é ocasionada por falta de ácido fólico na gestação. A espinha bífida, problema no fechamento da coluna vertebral, é um dos mais graves problemas do tubo neu- ral, podendo apresentar diversos graus de comprometimento, mas grande parte dos casos de mielomeningocele acarre- ta deficiência física. A mielomeningocele acomete pele, ossos, dura-máter, medula 2 Formação de aspecto pontudo existente em diversos locais do corpo. 20 2120 espinal e raízes nervosas, que podem se encontrar externas ao canal vertebral. É a segunda causa mais comum de aco- metimento de deficiência física, sendo a primeira a paralisia cerebral. A incidência varia, em média, de um indivíduo afetado para cada mil nascimentos. A maioria dos autores considera que a mielomeningoce- le tem etiologia desconhecida (HONORA; FRIZANCO, 2008). Epilepsia – o estado de mal epiléptico é definido como duas ou mais convulsões sem um intervalo de retorno à consciên- cia. Representa verdadeira emergência por causa de possíveis consequências de convulsões incontroladas, incluindo desi- dratação, aspiração, coma, anóxia e lesão cerebral. O tratamento, além da manuten- ção das vias aéreas, prevenção de outras lesões e reposição de líquido, deve incluir reposição eletrolítica, quando convenien- te, antibióticos para a infecção e drogas anticonvulsivantes por via parenteral. Também não caracteriza uma deficiência motora, mas muitas vezes pode estar as- sociada às patologias que lesam o cérebro. Convulsões – são manifestações de disfunção cerebral transitória caracte- rizadas por descargas neuronais hiper- síncromas paroxísticas. Uma convulsão, porém, é apenas um sinal ou sintoma de uma doença, não caracterizando, portan- to, uma deficiência. Elas são os distúrbios mais comuns do sistema nervoso e podem ser indicativas de uma condição relativa- mente benigna ou de uma doença fatal. As convulsões se classificam em genera- lizadas ou focais (nas quais o mecanismo básico é a irritação da córtex cerebral e, geralmente, indicam patologia estrutu- ral). Esclerose múltipla – é uma doença neu- rológica de origem encefálica crônica e degenerativa que atinge adolescentes e adultos (20-40 anos). Há uma desinte- gração (lenta) da camada de mielina que resulta no endurecimento ou cicatrização do tecido que substitui a bainha de mie- lina. Resulta numa incapacidade motora e eventualmente leva à morte. Apresen- tam sintomas como tremores, problemas sensoriais variados; fraqueza muscular: tonturas; distúrbios emocionais leves: pa- ralisias e outras dificuldades motoras. Doença de Werdnig-Hoffmann3 – forma de amiotrofia espinhal transmitida de modo autossômico recessivo de apa- recimento muito precoce (muitas vezes in útero), caracterizada por grande hipoto- nia muscular e paralisias flácidas. Come- ça por atacar a musculatura proximal dos membros inferiores e em seguida todo o corpo. Existem perturbações da deglu- tição por afecção do bulbo raquidiano e uma afecção dos músculos respiratórios intercostais. A evolução é rapidamente fatal. Espinha bífida – é um defeito congê- nito da coluna vertebral onde um ou mais arcos vertebrais não se fecham comple- tamente durante o desenvolvimento fe- tal, constituindo-se num distúrbio neu- rológico de origem espinhal. A natureza e a magnitude da lesão e da paralisia de- pendem da severidade e da localização do defeito. A causa é desconhecida. Sabe-se que quando o tubo neural não se desen- volve completamente, acaba fechando-se nos primeiros 30 dias de gravidez. Pode ser: a) oculta – marcada por uma 3 Formação de aspecto pontudo existente em diversos locais do corpo. 20 2121 “covinha”, sinal ou tufo de pelos. Pode pas- sar desapercebida, sem o aparecimento de problemas neurológicos. b) menin- gocele ou c) mielomeningocele. Dentro dos distúrbios ortopédicos ou de origem muscular que podem levar à deficiência motora podemos destacar: Amputação - definida como ausên- cia congênita ou retirada, de um ou mais membros. Podemos ter congênita (amie- lia, dismielia ou focomielia), ou adquirida (cirurgia, traumas, etc.). Pode ser ocasio- nada por: problemas vasculares (trau- mas); má formações congênitas; causas metabólicas e outras; Distrofia muscular – caracterizada pela deterioração progressiva da muscu- latura esquelética voluntária, levando à incapacitação pela dificuldade ou ausên- cia de contração muscular. Existem diver- sos tipos: a) Duchenne – o tipo mais conhecido, mais incapacitante, severo e precoce. Os primeiros sintomas aparecem em torno dos 5 anos de idade e sua estimativa de vida não é de alcançar a vida adulta, devi- do a atrofia da musculatura respiratória; b) Becker – mais lenta que o tipo Du- chenne, deixando maior estimativa de vida; c) distal – rara, porém menos deleté- ria; d) cintura-membros – inicia na região da cintura escapular e pélvica, depois en- volve a musculatura paraespinal. O indiví- duo não apresenta problemas respirató- rios, porém pode adquirir deformidades ortopédicas; e) ocular – inicia pelos olhos e se espa- lha pela face, diminuindo a mímica facial; f) escápulo-peroneal – inicia na mus- culatura proximal dos membros superio- res (MMSS) e na musculatura distal pelos membros inferiores (MMI). Causa diversas deformidades ortopédicas. Artrite – significa inflamação de uma ar- ticulação. É uma inflamação articular que causa dor intensa na articulação e suas adjacências. Aparece em qualquer idade. A forma mais comum é a artrite reumatoi- de, definida como uma doença sistêmica, onde o principal sintoma é o envolvimento dos músculos e articulações. A forma mais grave da doença é a artrite reumatoide juvenil que aparece antes dos 7 anos de idade, acometendo mais os indivíduos do sexo feminino. Sua causa é desconhecida. Varia na severidade. Apresenta uma infla- mação leve, inchaço, rigidez articular e do tecido conjuntivo, chegando até a atrofia e deformidade articular. O envolvimen- to geralmente é simétrico. Inicia-se nas pequenas articulações (mãos e pés) com uma sensibilidade extrema chegando à dor. Geralmente ocorrem degenerações articulares sendo necessário substituição cirúrgica de algumas articulações. Artrogripose – é uma condição congê- nita onde algumas articulações estão rígi- das e deformadas. Pode ser por fraqueza ou ausência de um músculo ou mesmo parte dele. Várias articulações podem se tornar fixas ao nascimento. Não causa dor, mas limita os movimentos. A correção cirúrgica não é possível. Nanismo – é o crescimento. A condro- plasia é uma doença cromossômica autos- 22 23 sômica, causada por um gene dominante que tem como principal característica a ausência da cartilagem de crescimento dos membros. Nestes casos há uma des- proporção de tronco, membros e cabeça. Osteomielite – é uma infecção óssea, prevalente no ocidente, chamada de do- ença da infância. Pode ser causada por “stafilococcus”, “streptococcus” ou “pneu- mococcus”. Acomete mais frequentemen- te a tíbia, fêmur ou úmero de um só mem- bro. Ela pode ser aguda ou crônica. Seus sintomas e severidade variam com o local de acometimento e o tempo de acometi- mento. Osteogeneisi imperfecta – é causada por um gene mutante (herança). O osso se torna leve e quebradiço resultando em diminuição da densidade. Ao nascimen- to podem ocorrer fraturas que depois se tornam recorrentes. As deformidades ocorrem como consequência das fraturas. Ocorrem muitas contusões que diminuem com a adolescência. Geralmente estes in- divíduos têm baixa estatura. Utilização da Talidomida – talidomi- da é a denominação comum da imidado acido n-ftaliglutamico, substância utiliza- da por suas propriedades tranquilizantes e imunossupressoras. Foi empregada por mulheres grávidas, principalmente entre os anos 1957 e 1962, no mundo todo, e provocou o surgimento de malformações em crianças que chegaram a 15.000 nas- cidos sem braços e pernas, tendo seu uso proibido em 1961, por ser teratogênica para mulheres no início da gravidez. A utilização da Talidomida para tratamento de portadores de Hanseníase e AIDS, que podem ter muitos benefícios com esta medicação deve ser feita sob rigorosa vi- gilância e orientação médica (HONORA; FRIZANCO, 2008; TEIXEIRA, 2010). Vale guardar... Características do portador de DF: movimentação não coordenada ou atitudes desajeitadas de todo o corpo ou parte dele; marcha não coordenada, pisa na ponta dos pés ou manca; pés tortos ou qualquer deformida- de corporal; pernas em tesoura (uma estendida sobre a outra); segura o lápis com muita ou pouca força; dificuldade para realizar atividades que exijam coordenação motora fina; desequilíbrios e queda constantes; dor óssea, articular ou muscular. Como Identificar uma pessoa por- tadora de DF: observação quanto ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê (não firmar a cabeça, não sentar, não falar no tempo esperado); atenção para perda ou alterações dos movimentos, da força muscular ou da sensibilidade para membros superiores ou membros inferiores; identificação de erros inatos do metabolismo; identificação de doenças infecto- contagiosas e crônico-degenerativas; 22 23 controle de gestação de alto-risco. A Identificação precoce pela família seguida de exame clínico especializado favorecem a prevenção primária e secun- dária e o agravamento do quadro de inca- pacidade (TEIXEIRA, 2010). 24 2524 UNIDADE 3 - Atendimento educacional especializado O atendimento educacional especia- lizado é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, graus e etapas do percurso escolar e tem como objetivos, entre outros, identificar as necessidades e possibilidades do aluno com deficiência, elaborar planos de atendimento, visan- do ao acesso e à participação no proces- so de escolarização em escolas comuns, atender o aluno com deficiências no tur- no oposto àquele em que ele frequenta a sala comum, produzir e/ou indicar mate- riais e recursos didáticos que garantam a acessibilidade do aluno com deficiência aos conteúdos curriculares, acompanhar o uso desses recursos em sala de aula, ve- rificando sua funcionalidade, sua aplicabi- lidade e a necessidade de eventuais ajus- tes, e orientar as famílias e professores quanto aos recursos utilizados pelo aluno (SARTORETTO; SARTORETTO, 2008). O atendimento educacional especiali- zado disponibiliza programas de enrique- cimento curricular no caso de altas habi- lidades, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e recursos de tecnologia assistiva, dentre outros. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendi- mento deve estar articulado com a pro- posta pedagógica do ensino comum. A inclusão escolar tem início na edu- cação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físico, cognitivo, emocional, psicomotor e social e a convivência com as diferenças favore- cem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Nesse sentido, o atendimento educacional especializado deve estar presente em todas as etapas e modalidades da educação básica, e se destina a apoiar o desenvolvimento dos alunos com deficiências, transtornos glo- bais do desenvolvimento e altas habilida- des/superdotação. De oferta obrigatória dos sistemas de ensino, deve ser realiza- do no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou em centro especiali- zado que realize esse serviço educacional. O atendimento educacional especiali- zado é realizado mediante a atuação de profissionais com conhecimentos especí- ficos no ensino da Língua Brasileira de Si- nais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobi- lidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do desen- volvimento dos processos mentais supe- riores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da uti- lização de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros. Para atuar na educação especial, o pro- fessor deve ter como base da sua forma- ção, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e co- nhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caráter interativo e in- 24 2525 terdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilida- de das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial. O atendimento educacional especiali- zado destina-se normalmente aos alunos da escola que apresentam algum tipo de deficiência, mas pode estender-se tam- bém aos alunos de escolas próximas, nas quais esse tipo de serviço ainda não esteja organizado. Pode ser realizado individual- mente ou em pequenos grupos, em horá- rio diferente daquele em que frequentam a classe comum. O Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, além da sua disposição sobre o apoio técnico e financeiro aos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ele tem como finalidade a ampliação da oferta do Atendimento Educacional Especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desen- volvimento e altas habilidades ou super- dotação, matriculados na rede pública de ensino regular. De acordo com o disposto neste docu- mento, considera-se Atendimento Edu- cacional Especializado – AEE – o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional- mente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação do ensino re- gular. Neste sentido, são objetivos do atendimento educacional especializa- do: I – prover condições de acesso, partici- pação e aprendizagem no ensino regular aos alunos referidos no artigo 1°; II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino re- gular; III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eli- minem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e, IV – assegurar condições para a conti- nuidade de estudos e nos demais níveis de ensino. 3.1 Conceito e definição O Atendimento Educacional Especia- lizado (AEE), segundo Mantoan (2004), refere-se ao serviço de apoio para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência, complementando a edu- cação escolar e devendo estar disponível em todos os níveis de ensino. A autora diz que a Constituição admite ainda que o atendimento educacional es- pecializado deve ser, preferencialmente, oferecido na rede regular de ensino, no entanto, também pode ser oferecido fora da rede regular, já que é um complemento e não um substitutivo do ensino ministra- do na escola comum para todos os alunos. Ele deve ser oferecido em horários dis- tintos das aulas das escolas comuns, com outros objetivos, metas e procedimentos educacionais. Suas ações são definidas conforme o tipo de deficiência que se pro- põe a atender.O AEE, é de acordo com o MEC e a Secretaria de Educação Espe- cial, um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pe- dagógicos e de acessibilidade, que elimi- 26 27 nem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessi- dades específicas. Fávero (2007, p.15 - 16) afirma que: [...] o simples fato de referir a pes- soas com deficiência e seu direito à educação faz com que surja, de ime- diato, a noção de que é uma diferen- ciação mais que válida, necessária de tão acostumados que todos estão a identificar tais pessoas como titu- lares de um ensino especial. [...] este verdadeiro desafio, que coloca em xeque o costume de associar pesso- as com deficiência a um ensino dife- rente apartado, porque as soluções que podem surgir disso, além de ga- rantir as pessoas com deficiência o seu direito de igualdade, talvez seja uma contribuição para melhoria da qualidade de ensino em geral. Pode-se então compreender que de fato o AEE está garantido na legislação, contudo não há práticas de ensino espe- cíficas para inclusão, a não ser recursos que podem auxiliar os processos de ensi- no e de aprendizagem. O professor, de um modo geral, deve considerar as possibili- dades de desenvolvimento de cada aluno e explorar sua capacidade de aprender. Os alunos com deficiências e condutas típicas, devido às suas particularidades, podem necessitar de estratégias, ações e recursos diferenciados para que o seu direito à educação seja assegurado. O conjunto desses serviços também é ofe- recido pelo Atendimento Educacional Es- pecializado, que devem ser organizados institucionalmente em escolas públicas, mas podendo também atender alunos de escolas particulares, atendendo alunos da educação infantil, ensino fundamen- tal e ensino médio, para apoiar e comple- mentar os serviços educacionais comuns de forma a favorecer o desenvolvimento desses alunos (BRASIL, 2007). Assim, o AEE complementa ou suple- menta a formação do aluno com vistas à sua autonomia e independência na escola e fora dela. E sob o ponto de vista da lega- lidade, um dos pontos de discussão é ga- rantir a aplicação da igualdade de acesso à educação formal, assim entramos num dilema que é saber [...] em qual hipótese “tratar igualmente o igual e desigualmen- te o desigual”, fórmula proposta ainda na Antiguidade, por Aristóteles. A utilização da fórmula aristotélica, pura e simples- mente, já demonstrou que, em certos casos, pode até configurar uma conduta discriminatória. Esta fórmula, em razão de sua sabedoria, jamais foi alterada, mas vem sendo constantemente aprimorada. A doutrina e jurisprudência existentes oferecem como solução o imperativo de tratamento igual para todos, admitindo- -se os tratamentos diferenciados apenas como exceção e desde que eles tenham um fundamento razoável para sua adoção (FÁVERO, 2007, p.13). Portanto, o AEE é um recurso educa- cional que propõe estratégias de apoio e complementação colocados à disposição dos alunos com deficiências e condutas típicas, proporcionando diferentes alter- nativas de atendimento, de acordo com as necessidades educacionais especiais de cada aluno, podendo assim de fato garan- tir o direito à educação plena e de qualida- de (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010). O Atendimento Educacional Especia- lizado na forma de apoio representa os 26 27 atendimentos que favorecem o acesso ao currículo, podendo ser oferecidos dentro, como apoio ao professor relacionado a es- tratégias em sala de aula, ou fora da sala de aula no contraturno da escolarização, no caso para atendimento do aluno. Segundo Silva e Maciel (2005), o AEE na forma de complementação represen- ta um trabalho pedagógico complemen- tar necessário ao desenvolvimento de competências e habilidades próprias nos diferentes níveis de ensino, deve ser rea- lizado no contraturno da escolarização do aluno e se efetiva por meio dos seguintes serviços: salas de recursos; oficinas peda- gógicas de formação e capacitação profis- sional. Em linhas gerais, o objetivo do AEE, é o de oferecer o que não é próprio dos currí- culos da base nacional comum, possuindo outros objetivos, metas e procedimen- tos educacionais. Segundo Silva; Maciel (2005, p. 5), suas ações são definidas confor- me o tipo de deficiência ou condutas típicas que se propõe a atender, bem como deve contemplar as necessida- des educacionais especiais de cada aluno, as quais devem estar funda- mentadas na avaliação pedagógica. De todo modo, o Atendimento Educa- cional Especializado não deve ser con- fundido com o reforço escolar nem como atendimento clínico, ou como substituto dos serviços educacionais comuns. Ressalta-se que a escolarização dos alunos com deficiências e condutas típi- cas deve ser um compromisso da escola e compete à classe comum, que deve res- ponder às necessidades dos educandos com práticas que respeitem as diferenças (SILVA; MACIEL, 2005). No que se refere à formação do profis- sional para atuar na sala de recursos, o professor da sala de recursos deverá ter curso de graduação, pós-graduação e/ou formação continuada que o habilite para atuar em áreas da educação especial para o atendimento às necessidades educacio- nais especiais dos alunos. Essa formação é específica para cada deficiência ou con- dutas típicas (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010). Portanto, o AEE se valida, de acordo com Fávero (2007), por ser um tratamen- to diferenciado, que tem sede constitu- cional, e que não exclui as pessoas com deficiência dos demais princípios e garan- tias relativos à educação. Assim, o Aten- dimento Educacional Especializado será válido somente se de fato levar o direito à educação. 3.2 As salas de recursos Lócus privilegiado do atendimento edu- cacional especializado, a sala de recursos multifuncionais torna palpáveis e concre- tos, em nível de escola, os objetivos da po- lítica nacional de educação especial, seja pelo conjunto de meios e recursos que nela são colocados à disposição do aluno com deficiências, seja, sobretudo, pelo fato de que é na escola comum que a sala de recursos multifuncionais deve funcio- nar (SARTORETTO; SARTORETTO, 2010). As salas de recursos são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional especializado de alunos com necessidades educacionais especiais, ma- triculados na escola comum. O atendimen- to em salas de recursos constitui um ser- viço educacional de natureza pedagógica, 28 29 feito por professor especializado, num espaço dotado de materiais, equipamen- tos e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais dos alunos da escola que apresentam dificuldades acentuadas em relação à aprendizagem, vinculadas a algum tipo de deficiência ou não. A sala de recursos multifuncionais é, portanto, um espaço da escola comum provido de materiais didáticos, pedagó- gicos e de tecnologia assistiva, onde tra- balham profissionais com formação espe- cífica para o atendimento dos alunos com dificuldades educacionais especiais em razão de algum tipo de deficiência (audi- tiva, visual, motora, cognitiva, verbal), de transtornos globais de desenvolvimento ou de altas habilidades/superdotação. Chama-se sala de recursos multifuncio- nais, precisamente, porque nela se con- centram materiais didáticos, equipamen- tos e profissionais aptos a atender, de forma flexível, aos diversos tipos de ne- cessidades educacionais especiais (SAR- TORETTO; SARTORETTO, 2010). A sala de recursos é parte do Atendi- mento Educacional Especializado que pro- põe a complementação do atendimento educacional comum. As atividades nesta sala devem ocorrer em horário diferente ao turno do ensino regular, para alunos com quadros de deficiências (auditiva, visual, física,mental ou múltipla) ou de condutas típicas (síndromes e quadros psicológicos complexos, neurológicos ou psiquiátricos persistentes) matriculados em escolas comuns, em qualquer dos ní- veis de ensino, considerando-se que na sala deve haver equipamentos e recursos pedagógicos adequados às necessidades especiais. O agrupamento dos alunos de- verá ocorrer por necessidades especiais semelhantes e mesma faixa etária. De acordo com Fávero (2007, p.17), elas garantem “[...] o direito a educação, direito humano”, fundamental para o desenvolvi- mento social do aluno com necessidades educacionais especiais. Deste modo, os alunos com necessidades educacionais especiais têm assegurado na Constituição Federal de 1988, o direito à educação (es- colarização) realizada em classes comuns e ao atendimento educacional especia- lizado complementar ou suplementar à escolarização, que deve ser realizado pre- ferencialmente em salas de recursos na escola onde estejam matriculados, em ou- tra escola, ou em centros de atendimento educacional especializado. Esse direito também está assegurado na LDBEN – Lei n° 9.394/96, no parecer do CNE/CEB nº 17/01, na Resolução CNE/ CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, na Lei nº 10.436/02 e no Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. As salas de recursos multifuncionais são espaços da escola onde se realiza o atendimento edu- cacional especializado para alunos com necessidades educacionais especiais, por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas em um novo fazer pedagógico que favoreça a constru- ção de conhecimentos pelos alunos, sub- sidiando-os para que desenvolvam o cur- rículo e participem da vida escolar (ALVES, 2006, p.13). A sala de recursos é um espaço que deve conter materiais didáticos, pedagó- gicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessi- dades educacionais especiais. No que se 28 29 refere ao atendimento, é necessário que o profissional que nela atua considere as diversas áreas de conhecimento, os as- pectos relacionados ao estágio de desen- volvimento cognitivo dos alunos, o nível de escolaridade, os recursos específicos para sua aprendizagem e as atividades de complementação e suplementação curri- cular (ALVES, 2006). No que se refere ao atendimento da sala de recursos, se resume ao número de 15 a 20 alunos por turma, sendo que o atendimento pode ser coletivo (até 08 alunos por grupo), devendo ser individu- alizado quando o aluno demandar apoio intenso e diferenciado do grupo, aten- dimento organizado em módulos de 50 minutos até 2 horas/dia; atendimento de alunos de várias escolas da região (BRA- SIL, 2007). Podemos concluir então que não é o aluno que tem que se adaptar à escola, mas é ela que, consciente da sua função, coloca-se à disposição do aluno, tornan- do assim a escola um espaço inclusivo. A educação especial é concebida para pos- sibilitar que o aluno com necessidades educacionais especiais atinja os objetivos propostos para sua educação no ensino regular (BRASIL, 2004). A sala de recursos deve ser vista como um espaço organizado com materiais di- dáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o aten- dimento às necessidades educacionais especiais. Esse espaço pode ser utilizado para o atendimento das diversas necessi- dades, assim, uma mesma sala de recur- sos, pode ser organizada com diferentes equipamentos e materiais, tendo capaci- dade para atender, conforme cronograma e horários diferenciados, alunos surdos, cegos, com baixa visão, com deficiência mental, com deficiência física, com defi- ciência múltipla ou com condutas típicas, desde que o professor tenha formação compatível, além de também poder pro- mover apoio pedagógico ao professor da classe comum do aluno. Nesse serviço complementar, implica abordar questões pedagógicas que são diferentes das oferecidas no ensino re- gular e que são necessárias para melhor atender às especificidades dos alunos com necessidades educacionais espe- ciais, para que os mesmos sejam ativos tanto na sala de aula regular quanto em sociedade. Fica claro que a abordagem na sala de recursos não pode ser confundida com uma mera aula de reforço (repetição da prática educativa da sala de aula), nem com o atendimento clínico, tão pouco um espaço de socialização. Reafirma-se o caráter pedagógico des- se atendimento, cujo objetivo é suprir a necessidade do aluno, assegurando o di- reito de acesso a recursos que possam potencializar suas capacidades, promover o seu desenvolvimento e aprendizagem e, consequentemente, levar o aluno à sua própria emancipação, garantindo, assim, uma plena convivência social (MINAS GE- RAIS, 2005), possibilitando a firmação da proposta inclusivista, que é a de educar com qualidade, e promover o princípio da equidade. 3.3 A sala de recurso para deficiência física Para as pessoas com deficiência físi- ca “[...] faz-se necessário criar condições adequadas à sua locomoção, comunica- 30 31 ção, conforto e segurança [...]” (BERSCH; MACHADO, 2007, p. 27). O AEE para pessoas com deficiência física busca promover essas premissas, sendo por adaptações estruturais dos espaços físicos, e também ações como a adoção de recursos de comunicação alter- nativa/aumentativa, principalmente para alunos com paralisia cerebral e que apre- sentam dificuldades funcionais de fala e escrita. A comunicação alternativa/aumenta- tiva contempla os recursos e estratégias que complementam ou trazem alternati- vas para a fala de difícil compreensão ou inexistente (pranchas de comunicação e vocalizadores portáteis). Prevê ainda es- tratégias e recursos de baixa ou alta tec- nologia que promovem acesso ao conteú- do pedagógico (livros digitais, softwares para leitura, livros com caracteres amplia- dos) e facilitadores de escrita, no caso de deficiência física, com engrossadores de lápis, órteses para digitação, computado- res com programas específicos e perifé- ricos (mouse, teclado, acionadores espe- ciais). São exemplos de material adapta- do: 1) Tesoura adaptada com arame revestido 2) Tesoura em suporte fixo 3) Aranha mola 4) Órtese 5) Ponteira de cabeça 30 31 Assim, de acordo com Alves (2006), o atendimento para alunos com deficiência física, deve levar em conta a necessidade dos professores conhecer a diversidade e a complexidade dos diferentes tipos de deficiência física para definir estratégias de ensino que desenvolvam o potencial dos alunos (daí justificamos porque expli- camos em detalhes os tipos de deficiência e suas características). A autora ainda diz que de acordo com a limitação física apre- sentada, é necessário utilizar recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação, buscando viabilizar a par- ticipação do aluno nas situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar (ALVES, 2006, p.29). Proporcionando assim sua autonomia, por consequência, podendo oferecer me- lhor qualidade de desenvolvimento, inte- ragindo com o meio social para ter uma melhor qualidade de vida. 3.4 Atribuições do professor no AEE É necessário que o professor que atue na sala de AEE, tenha passado inicialmen- te por uma formação que o habilitou para o exercício da docência e também por ou- tra formação específica na educação es- pecial, inicial ou continuada, pois o mesmo terá diversas atribuições no AEE. São atribuições do professor no AEE: 1. elaborar, executar e avaliar o Plano de AEE do aluno, contemplando a identi- ficação das habilidades e necessidades educacionais específicas dos alunos; a definição e a organização das estraté- gias, serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade; o tipo de atendimentoconforme as necessidades educacionais específicas dos alunos; e, o cronograma do atendimento e a carga horária, indivi- dual ou em pequenos grupos; 2. implementar, acompanhar e avaliar a funcionalidade e a aplicabilidade dos re- cursos pedagógicos e de acessibilidade no AEE, na sala de aula comum e demais am- bientes da escola; 3. produzir materiais didáticos e pe- dagógicos acessíveis, considerando as necessidades educacionais específicas dos alunos e os desafios que este vivencia no ensino comum, a partir dos objetivos e atividades propostas no currículo; 4. estabelecer articulação com os pro- fessores da sala de aula comum, visando a disponibilização dos serviços e recursos e o desenvolvimento de atividades para a participação e aprendizagem dos alunos nas atividades escolares; 5. orientar os professores e as famí- lias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno de forma a ampliar suas habilidades, promo- vendo sua autonomia e participação; 6. desenvolver atividades do AEE, de acordo com as necessidades educacionais específicas dos alunos, tais como o ensino da Língua Brasileira de Sinais-Libras; ensi- no da Língua Portuguesa como segunda língua para alunos com deficiência auditi- va ou surdez; ensino da Informática aces- sível; ensino do sistema Braille; ensino do uso do soroban; 7. Ensino das técnicas para a orienta- 32 3332 ção e mobilidade; ensino da Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA; ensino do uso dos recursos de Tecnologia Assis- tiva – TA; atividades de vida autônoma e social; atividades de enriquecimento cur- ricular para as altas habilidades/super- dotação; e, atividades para o desenvol- vimento das funções mentais superiores (SANTOS, 2011). Assim, o professor que atua no AEE, desempenhará atividades complementa- res e/ou suplementares na tentativa de eliminação das possíveis barreiras exis- tentes, com o intuito único de gerar uma participação mais efetiva dos alunos, con- siderando efetivamente as suas necessi- dades específicas (LIMA; SANTOS, 2011). 3.5 A importância da revi- são do PPP e do currículo escolar Ao promover a inclusão, é preciso re- ver o projeto político pedagógico (PPP) e o currículo da escola. O PPP deve con- templar o atendimento à diversidade e o aparato que a equipe terá para atender e ensinar a todos. Já o currículo deve prever a flexibilização das atividades (com mais recursos visuais, sonoros e táteis) para contemplar as diversas necessidades dos alunos. Na implantação da Sala de Recur- sos Multifuncionais para a oferta de AEE, compete à escola: a) contemplar, no Projeto Político Pe- dagógico - PPP da escola, a oferta do atendimento educacional especializa- do, com professor para o AEE, recursos e equipamentos específicos e condições de acessibilidade; b) construir o PPP considerando a flexi- bilidade da organização do AEE, realizado individualmente ou em pequenos grupos, conforme o Plano de AEE de cada aluno; c) matricular, no AEE realizado em sala de recursos multifuncionais, os alunos público-alvo da educação especial ma- triculados em classes comuns da própria escola e os alunos de outra(s) escola(s) de ensino regular, conforme demanda da rede de ensino; d) registrar, no Censo Escolar MEC/ INEP, a matrícula de alunos público-alvo da educação especial nas classes comuns; e as matrículas no AEE realizado na sala de recursos multifuncionais da escola; e) efetivar a articulação pedagógica entre os professores que atuam na sala de recursos multifuncionais e os profes- sores das salas de aula comuns, a fim de promover as condições de participação e aprendizagem dos alunos; f) estabelecer redes de apoio e cola- boração com as demais escolas da rede, as instituições de educação superior, os centros de AEE e outros, para promover a formação dos professores, o acesso a ser- viços e recursos de acessibilidade, a inclu- são profissional dos alunos, a produção de materiais didáticos acessíveis e o desen- volvimento de estratégias pedagógicas; g) promover a participação dos alunos nas ações intersetoriais articuladas junto aos demais serviços públicos de saúde, assistência social, trabalho, direitos hu- manos, entre outros (NOTA TÉCNICA – SE- ESP/GAB/Nº 11/2010). 32 32 333333 UNIDADE 4 - Avaliação de alunos com deficiência motora Dadas as informações até o momento, podemos inferir que a avaliação dos alu- nos com dificuldade motora requer evi- dentemente uma abordagem interdisci- plinar, e sabemos também a rigor, que as escolas são instituições com poucas pos- sibilidades de interdisciplinaridade. Nelas se reúnem, normalmente, profes- sores, psicopedagogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, educadores sociais, etc., mas, para se atender bem a um aluno com dificuldade motora, são necessários ainda outros profissionais, como médicos de diferentes especialidades (neurologis- tas, reabilitadores ou ortopedistas), fi- sioterapeutas, terapeutas ocupacionais, técnicos de informática, etc. Isso não sig- nifica que, sem eles, vocês profissionais da educação, não podem trabalhar. To- davia, também não é certo não disporem desses profissionais. Com certeza, grande parte deles já atende seu aluno, portanto, a sugestão é entrar em contato com eles e solicitar colaboração, afinal de contas, formar e trabalhar em equipe é essencial na atualidade. Segundo o professor da Faculdade de Psicologia e Ciência da Educação de Barce- lona, Carles Augé (2008), a primeira coisa, antes de organizar a resposta educativa a um aluno com deficiência motora, é nos informar. Devemos reunir dados suficien- tes não apenas do diagnóstico, mas tam- bém da maneira como ele se concretiza no aluno de nossa classe. A diversidade de pessoas com deficiência motora é igual ou maior à que pode haver entre as que não têm essa dificuldade. Além disso, algumas que compartilham o mesmo diagnóstico podem ter muito pouco em comum. Não esqueçamos que não há “doenças”, e sim “doentes”. Não existem “dificuldades”, mas sim “pessoas com dificuldade”. Esse primeiro nível de informação é muito importante porque nos ajudará a entender e a considerar alguns aspectos aos quais devemos estar atentos na práti- ca educativa habitual. Além disso, interes- sa-nos conhecê-las porque assim podere- mos saber se aquele fator que nos chama a atenção decorre ou não do próprio diag- nóstico. Interessa-nos igualmente para saber qual o possível alcance e qual a variedade de necessidades educacionais postas. Em última análise, serão os pro- fissionais da educação que organizarão a resposta educativa a um aluno concreto, com nome e sobrenome, e é recomendá- vel saberem como se concretizou o diag- nóstico. Podemos encontrar a informação ge- ral sobre os diagnósticos em livros, na in- ternet, etc.; mas a informação particular, aquela que se refere ao seu aluno, tem de obter com os pais e profissionais que já trabalhavam com ele antes de vocês, seja por meio de entrevistas pessoais, seja por meio de seus informes. Assim, depois de obterem os dados pessoais do aluno, aquelas informa- ções que se coletam habitualmente, e de saberem que apresenta algum tipo de deficiência motora (diagnóstico), interessa-lhes reunir mais informa- ção sobre: 34 35 a) aspectos médicos e de saúde – cui- dados com a aparência externa é impor- tante, pois muitas vezes o aluno se des- loca com certa facilidade, quer seja com uma cadeira de rodas ou muletas, mas no fundo podem existir problemas que ele não relata ou não reclama. Portanto, é necessário conversar com seu terapeuta ou médico para entender as reações que pode ter. Por exemplo, é preciso saber que espasmos motores ocorrem no caso de crianças com paralisia cerebral, como con- tê-los e oque fazer para preveni-los; en- tender para que serve a válvula de desvio de líquido cefalorraquiano da criança com espinha bífida, que manifestações podem aparecer se for obstruída, ou então que posturas são mais aconselháveis e quais devem ser evitadas. É preciso pensar em como essas mani- festações podem interferir nas diferen- tes áreas curriculares, como, por exemplo, que grau de participação o aluno poderá ter em áreas como a educação física, como podemos apresentar as tarefas escolares, que requisitos motores implicam, etc. É necessário saber que remédios o aluno toma e que efeitos secundários podem ter (sobretudo no âmbito educacional). Devemos comunicar ao médico nossas observações no que se refere ao estado de ânimo, ao nível de alerta e de conduta que nosso aluno apresente. Às vezes, há falhas por excesso e outras por falta. Po- demos nos converter em uma ferramen- ta poderosa para que o médico regule as doses. Se comentarmos sobre o nível de alerta do aluno, o médico poderá even- tualmente decidir mudar o horário de ad- ministração ou constatar irregularidades nas orientações de dosificação. Provavelmente, teremos de falar so- bre uma possível intervenção cirúrgica do aluno de seus objetivos, de quanto tempo ficará afastado da escola, etc. Situações como essas devem nos conduzir a tomar uma série de medidas em torno de como garantir ao aluno a oportunidade de recu- perar a “matéria perdida”, a que aspectos devemos ficar atentos durante a recupe- ração, e podemos avaliar as expectativas que a família deposita nessa operação. Como se vê, essas primeiras informa- ções exigem um esforço de nossa parte para saber mais sobre o diagnóstico em geral e sobre nosso aluno em particular. Nem tudo o que contém um diagnóstico se manifesta em aluno específico, nem tudo o que manifesta em um aluno em particu- lar se deve ao diagnóstico. É importante reunir toda a informação possível, orde- ná-la, estudá-la e refletir sobre como es- sas manifestações afetam o trabalho na sala de aula e como podemos reagir diante delas. É fundamental recorrer aos profis- sionais adequados para obtermos os da- dos pertinentes, assim como à família. b) controle postural, deslocamento e manipulação – as pessoas sem deficiên- cias se sentam em diferentes assentos em função da atividade que pretendem desempenhar: no sofá, para ler; em uma cadeira mais dura, para estudar; em um banquinho, para desenhar; em uma cadei- ra macia, na hora da refeição, etc. No en- tanto, com frequência, obrigamos os ca- deirantes a realizar todas essas funções (e muitas outras) na mesma cadeira. Se para nós está clara a necessidade de mudarmos de assento para realizarmos diferentes funções, e que a postura condi- ciona a efetividade, a precisão, a velocida- 34 35 de de nossos atos, por que não aplicamos isso às pessoas com deficiência motora? A posição em que alguém está sentado é muito importante pelo que condiciona, como dissemos. Teríamos de pedir a um médico reabilitador, a um fisioterapeuta ou a um terapeuta ocupacional que nos indicasse qual a melhor postura para nos- so aluno na hora de ler, escrever, trabalhar com o computador, recortar ou desempe- nhar atividades de modelagem. Enfim, são grandes as implicações no mobiliário disponível para o aluno. É preciso que o profissional especializado avalie sua ade- quação, principalmente para evitar a pre- sença de lesões ósseo-articulares ou de contraturas musculares que necessitarão de tratamento (inclusive hospitalizações) ou causarão dor. c) comunicação – trata-se de um dos pilares mais relevantes do desenvolvi- mento, para não dizer o mais importante. Muitas pessoas com deficiência motora – apresentam dificuldades nessa área, por exemplo, as que têm paralisia cerebral, os indivíduos com doenças neuro-degenera- tivas em fases avançadas, etc.; algumas porque a fala aparece tarde, outras por- que falam com um grau de inteligibilidade que as impede de serem entendidas por grande parte do círculo de pessoas que lhe são próximas; em outros casos, por- que a fala não aparece e, em outros, por- que se perde inteligibilidade. Como profissionais da educação, temos de ser muito sensíveis às necessidades de comunicação, porque esta medeia todas as aprendizagens escolares. A comunica- ção é um direito. Diante dos problemas, precisamos da ajuda de um fonoaudiólo- go, tanto mais quanto maior seja a gravi- dade dos problemas. O leque de possibilidades escolares, também aqui, é muito amplo e, em alguns casos, é preciso “vestir” todas as ativida- des escolares (e familiares) de comunica- ção, enquanto em outros se dá prioridade aos aspectos de conteúdo em detrimento dos mais formais. Todos precisamos nos comunicar vinte e quatro horas por dia. No caso de meninos e meninas que não con- seguem se comunicar, temos de ampliar os objetivos educacionais com atividades que proporcionem oportunidades e meios reais de comunicação. A implantação de sistemas que ampliem a comunicação por parte de um fonoaudi- ólogo experiente deve ser acompanhada de um grande trabalho de funcionalidade da comunicação na vida diária (escolar, fa- miliar, nos momentos de lazer). Não pode- mos pretender que algumas ferramentas de comunicação “funcionem” no âmbito educacional se não existirem na vida co- tidiana do aluno; se não servirem para comunicar necessidades, desejos; para explicar, comentar ou recusar. Do mesmo modo, no caso dos alunos com graves ne- cessidades educacionais que costumam ser escolarizados em instituições de edu- cação especial, o principal objetivo visado com o estabelecimento de sistemas am- pliados de comunicação é possibilitar sua comunicação, não elaborar um inventário de conteúdos escolares, nem uma forma de participar apenas de situações escola- res. d) aspectos cognitivos e de aprendiza- gem – as informações necessárias sobre o que, como e quando ensinar diferenciam- -se conforme o nível de escolarização em que o aluno se encontre. Podemos obter 36 3736 dados dessa área com os profissionais que tenham atendido o aluno em anos an- teriores, por exemplo, professores, psicó- logos das diversas equipes de orientação ou diferentes profissionais das equipes de saúde. Sabemos que em qualquer ato edu- cativo há uma série de elementos a se considerar para que ele se realize: a história das aprendizagens; a motivação; os conhecimentos prévios; a importância de propor as aprendi- zagens na faixa que estimula o aprendiza- do pelo desequilíbrio das anteriores; a própria vivência do aluno como pessoa capaz de superar os desafios ou como alguém que acumula fracassos; o acerto dos professores em pro- porcionar auxílio ao aluno para que este aprenda; a metodologia, os materiais, etc. Segundo Augé (2008), essa lista pode- ria ser muito mais extensa. É preciso coletar informação sobre a pessoa como aluno para dar continuida- de àquilo que funcionou melhor e rever os aspectos onde não se obteve o resultado esperado. É preciso conhecer diferentes meto- dologias de ensino, materiais, nível de co- nhecimento adquirido, etc., assim como as adaptações utilizadas para desempe- nhar as diversas tarefas escolares, como o computador e as adaptações à escrita, ou diferentes atividades da vida diária. e) funcionalidade na vida diária – para favorecer o desenvolvimento mais autô- nomo possível de um aluno, é preciso sa- ber como ele realiza as várias atividades da vida diária. Os objetivos da educação infantil e das séries iniciais do ensino fun- damental consideram bastante o trabalho da autonomia pessoal. Mais tarde, esta é deixada de lado, na medida em que se pensa já adquirida. Todavia, em muitos casos de que trata- mos, deveria continuar complementandoo currículo do aluno. No caso de pessoas com deficiência motora, temos de conhecer outras formas de realizar as mesmas funções realizadas por pessoas que não têm deficiências. Em alguns casos, teremos de perguntar à fa- mília, aos médicos, aos fisioterapeutas ou aos terapeutas ocupacionais como ajudar o aluno a se vestir e se despir, auxiliar quem utiliza uma adaptação ortopédica a cuidar dela, ajudar no controle de es- fíncteres, promover a independência nos diferentes hábitos de autonomia, como à mesa, na higiene, etc. A informação que obtivermos será muito útil para aplicação na sala de aula e na vida escolar em geral (AUGÉ, 2008). 36 3737 UNIDADE 5 - Técnicas e estratégias da pnl Em relação aos recursos físicos dos prédios escolares, são necessárias al- gumas adaptações para atender com qualidade à deficiência Física: colocação de rampas; colocação de corrimões próximos a bebedouros, aos assentos dos banheiros e à lousa; colocação de portas mais alargadas que possibilitem a passagem de cadeiras de rodas; banheiros adaptados; substituição de maçanetas redon- das por maçanetas com sistemas de ala- vancas; remoção de carteiras, de forma a possibilitar a passagem de cadeira de ro- das ou a facilitar a locomoção de alunos com muletas; modificação no mobiliário, de for- ma a promover maior conforto a crianças que usam tipoia, órteses e próteses; colocação de tapetes antiderra- pantes nas áreas escorregadias; aquisição de mobiliário com cantos arredondados. Seria muito importante que a escola seguisse as indicações do conceito de de- senho universal. A ideia é que o máximo de pessoas, independente de sua condição física ida- de, sexo, capacidade, crença, deficiência, possa ter acesso a todos os lugares com o mesmo direito e conforto, o que não é ta- refa das mais fáceis. O conceito de desenho universal é apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), por propiciar a igualdade de oportunidades. Na sala de aula, outros cuidados para com o aluno com deficiência fí- sica, garantindo-lhe segurança e qua- lidade na educação, se fazem impor- tantes: propiciar a melhor adaptação possí- vel do aluno à cadeira para lhe proporcio- nar melhores condições de aprendizagem e de respostas às atividades apresenta- das; acomodar os alunos de acordo com a sua deficiência física – alguns podem sentar-se nas mesmas cadeiras dos de- mais alunos, outros devem ter suas pró- prias cadeiras, as quais sigam as reais necessidades anatômicas do aluno. Seria importante que a professora entrasse em contato com o médico ou o fisioterapeuta do aluno para saber se ele pode ser trans- ferido para uma cadeira normal ou deve permanecer na sua própria cadeira de ro- das; carregar o aluno com deficiência fí- sica o menos possível, para evitar futuros problemas na sua coluna e na do profes- sor também; ao carregar o aluno, sentá-lo sime- tricamente, trazendo seu tronco para pró- ximo dos quadris e levantá-lo segurando embaixo dos seus joelhos e nas suas cos- 38 39 tas. Se o aluno tiver condições de colocar seus braços em torno do pescoço do pro- fessor, poderá facilitar a sua locomoção; conversar com a família ou com os terapeutas do aluno (fisioterapeuta, te- rapeuta ocupacional, fonoaudióloga, etc.) para buscar informações sobre qual a me- lhor forma de adaptar o aluno à sala de aula; perguntar aos pais sobre a alimen- tação do aluno e sobre os remédios que ele toma, assim que ele entrar na escola, pois algumas crianças com deficiência fí- sica não podem se alimentar com comidas sólidas por causa de refluxo ou de proble- mas sérios na deglutição de alimentos; manter a posição correta da cabeça do aluno, pois isso permite que a criança tenha melhor percepção espacial, noção de profundidade e consciência corporal; providenciar descanso para os pés, caso a criança não fique na sua cadeira de rodas. Os pés do aluno devem sempre estar apoiados em uma base, conforme o modelo abaixo. manter o aluno com deficiência físi- ca o maior tempo possível com boa postu- ra; forrar a carteira com papel, pren- dendo-o com fita adesiva, de forma a facilitar a escrita para as crianças que apresentem dificuldades de coordenação motora, espasticidade; colocar canaletas de madeira ou de PVC cortado ao meio, se necessário, em toda a volta da carteira para evitar que os lápis caiam no chão; providenciar suportes para livros; aumentar o calibre do lápis, garfo, colher, enrolando-o com fita crepe, ca- darço ou ainda com espuma para facilitar a preensão caso não haja condições de comprar os materiais adaptados que exis- tem à venda em lojas especializadas. Ainda dentro da sala de aula, va- lem as seguintes dicas/orientações: deverão ocupar um lugar relativa- mente próximo do professor; dar preferência à letra de caixa alta; utilizar o colega como escriba (uso de carbono, ou mesmo copiar parte da ati- vidade para ele); aumentar o uso de material impres- so; fazer linhas mais espaçadas no ca- derno; 38 39 diminuir a quantidade de ativida- des escritas; dar maior tempo para que ela possa cumprir a tarefa; fazer uso de avaliações orais e/ou mais objetivas; alinhavar a matéria; evitar o ditado; envolver o lápis com fita crepe, para ter uma espessura maior; trabalhar com jogos de mesa; utilizar fichas, material concreto; tente traçar metas realistas e de curto prazo. Isso vai garantir que, tanto a criança como a professora, continuem motivados; tente dar um tempo extra para que a criança complete atividades motoras finas, tais como matemática, escrita, re- dação, atividades práticas de ciências e trabalhos de arte. Se há necessidade de velocidade, esteja disposta a aceitar um produto de menor qualidade; quando copiar não for o objetivo, tente preparar folhas de exercício impres- sas ou pré-escritas para permitir que a criança foque na tarefa. Por exemplo: dê- -lhe folhas com exercícios de matemáti- ca previamente preparados; páginas com perguntas já escritas, ou em exercícios de compreensão de texto, ofereça lacunas para preencher. Para estudar em casa, faça fotocópia das anotações feitas por outro aluno; introduza computador o mais cedo possível, para reduzir a quantidade de escrita à mão que é exigida em períodos mais avançados de escolaridade. Apesar de, a princípio, digitação ser difícil, essa é uma habilidade que pode ser de grande benefício e, na qual, crianças com proble- mas de movimento podem se tornar bas- tante proficientes; ensine às crianças estratégias es- pecíficas de escrita à mão, que as enco- rajem a escrever com letras de forma, ou cursiva, de maneira consistente. Use ca- netas hidrográficas finas ou seguradores de lápis, se eles parecem ajudar a criança a melhorar o padrão de preensão ou a re- duzir a pressão do lápis no papel; use papel de acordo com as dificul- dades de escrita da criança. Por exemplo: - linhas bem espaçadas para a criança que escreve com letras muito grandes; - papel com linha ressaltada para a criança que tem dificuldade para escrever dentro das linhas; - papel quadriculado para a criança cuja escrita é muito grande ou mal espaçada; - papel quadriculado, com quadrados grandes, para a criança que tem problema para alinhar os números na matemática. tente focar no objetivo da lição. Se a meta é uma história criativa, então ig- nore a escrita bagunçada, mal espaçada ou as várias apagações. Se a meta é que a criança aprenda a formar um problema de matemática corretamente, então dê tem- po para que isso seja feito, mesmo que o problema de matemática acabe não sen- do resolvido; considere a possibilidade de acrian- ça usar métodos alternativos de apresen- tação para demonstrar compreensão ou 40 41 domínio do assunto. Por exemplo, a crian- ça pode apresentar o relatório oralmen- te; pode usar desenhos para ilustrar suas ideias; digitar a redação ou o relatório no computador; gravar a história ou o exame no gravador; considere a possibilidade de permi- tir que a criança use o computador para fazer o rascunho ou a cópia final de rela- tório, da redação ou outros deveres. Se a professora quiser ver o produto antes das correções, peça à criança que entregue tanto o rascunho como a versão final; quando possível, permita que a criança dite redações, relatórios de livros ou respostas a perguntas de compreen- são para a professora, para um voluntário ou para outra criança. para crianças mais velhas, pode-se introduzir software para reconhecimento de voz assim que o padrão de voz da crian- ça estiver maduro o suficiente para ser consistente; dê tempo adicional, ou acesso a computador, em provas e exames que re- queiram muita escrita (TEIXEIRA, 2010). Focando a Educação Física são in- teressantes as seguintes dicas: divida a atividade em partes meno- res, mas assegure-se de que cada parte tenha sentido e seja possível de ser exe- cutada; tente selecionar atividades que as- segurem sucesso para a criança em pelo menos 50% do tempo. Recompense o es- forço e não a habilidade; tente incorporar atividades que requeiram resposta coordenada dos bra- ços e/ou pernas (ex.: pular corda, repicar e agarrar uma bola grande). Encoraje tam- bém a criança para que desenvolva habi- lidade de usar as mãos no padrão de mão “dominante” e mão “ajudante” (ex.: segu- rando a bola de tênis com uma mão para acertá-la com a raquete na outra mão); mantenha o ambiente o mais pre- visível possível quando for ensinar uma habilidade nova (ex.: atirar a bola na altura exata das mãos da criança, iniciar chutan- do com a bola parada). Introduza mudan- ças gradualmente e depois que cada parte tenha sido dominada; faça com que a participação seja o maior objetivo e não a competição. Por meio de preparo físico e de atividades que construam as habilidades, encoraje as crianças a competir consigo mesmo e não com os outros; permita que a criança assuma pa- péis de liderança nas atividades de educa- ção física (ex.: capitão de equipe, árbitro). A criança pode desenvolver habilidades de organização e direção que também são úteis; modifique o equipamento para re- duzir o estresse e o risco de lesões em crianças que estão aprendendo uma ha- bilidade nova. Por exemplo, bolas mais le- ves, de espuma e borracha com tamanhos graduados, ou balões, podem ser usados para desenvolver habilidade de agarrar e arremessar; quando possível, guie passo-a-pas- so para ajudar a criança a ter a noção do movimento. Isso pode ser feito, por exem- plo, pedindo à criança que ajude o profes- sor a demonstrar uma habilidade nova à turma. Além disso, falar alto quando esti- 40 41 ver ensinando uma nova habilidade, des- crevendo cada passo claramente; foque na compreensão do objetivo e das regras dos vários esportes e ativida- des físicas. Quando a criança entende cla- ramente o que ela precisa fazer, fica mais fácil planejar o movimento; faça comentários encorajadores e positivos sempre que possível. Se estiver dando instruções, descreva as mudanças nos movimentos de maneira específica (ex.: “Você precisa levantar seus braços mais alto.”) (TEIXEIRA, 2010). Órteses Órtese refere-se unicamente aos apa- relhos ou dispositivos ortopédicos de uso externo, destinados a alinhar, prevenir ou corrigir deformidades ou melhorar a função das partes móveis do corpo (REY, 1999). Muitas vezes, o aluno com deficiência física que recebemos em nossa sala de aula faz uso de alguma órtese ou de algu- ma prótese. É importante conhecermos esses equipamentos para assim poder ajudar o aluno da melhor forma possível. Alguns são dispositivos auxiliares que eliminam parcial ou completamente a car- ga de peso sobre um membro, dentre eles: bengalas – dão maior apoio e au- mentam a base de sustentação, além de melhorarem o equilíbrio. Seu uso é sem- pre contrário à lesão, ou seja, se seu pé esquerdo está machucado, o uso da ben- gala se dará do lado direito; muletas – melhoram a base de apoio e de equilíbrio, e diminuem parcial ou totalmente a sustentação do peso so- bre o membro que sofreu a lesão. Permi- tem variações de altura. Suas desvantagens são o difícil manejo em pequenas áreas ou multidões e o uso incorreto que causa lesões. Andadores – melhoram o equilí- brio, dando alívio à sustentação do peso e mais estabilidade. Geralmente, são feitos de alumínio e suas ponteiras são de borra- cha. Têm como vantagens fornecer quatro pontos de contato com o solo e elevado nível de estabilidade (segurança). As desvantagens é que são incômodos, inadequados em áreas pequenas e dificul- tosos em escadas. Cadeiras de rodas – são chama- das de órteses móveis, podem ser manu- ais ou motorizadas. Vale guardar... No que se refere às adaptações ne- cessárias para viabilizar a inclusão dos alunos com deficiência física, é fundamental que: o ensino seja cooperativo, pois o aluno com deficiência física pode precisar da ajuda de seus pares, embora algumas decisões dependam mais dele próprio e a busca por uma maior independência tam- bém seja necessária; o tempo seja estendido, quando preciso, para que o aluno consiga realizar determinadas tarefas; bem como para a conclusão dos estudos, o que é garantido pela terminalidade específica; os professores se adaptem ao alu- no e às suas peculiaridades e que, em con- 42 4342 trapartida, o aluno se adapte ao professor, otimizando o processo ensino-aprendiza- gem; sejam criadas formas diversificadas de avaliação deste aluno, caso ele possua limitações para realizar a avaliação tal como seus colegas. Portanto, para que este aluno seja in- cluído e tenha atendido seus direitos de acesso e permanência no ensino regular, torna-se necessário que a escola tenha como princípios a tolerância, a flexibilida- de e a busca por adaptações que favore- çam o melhor desempenho do aluno. Além disso, para a garantia de uma in- clusão com sucesso e qualidade, escola e família devem caminhar juntas. Devem propiciar ao aluno que se aproxime dos outros, que seja bem acolhido, aceito e recebido pelo meio. A participação em atividades culturais favorece a sua inte- ração com outras pessoas, mas não ga- rante a aceitação do mesmo. Portanto, é necessário que haja o diálogo e que se crie estruturas para receber os conflitos e in- seri-los de forma que estes sejam aceitos pelos demais. A informação e orientações sobre suas limitações e, principalmente, sobre suas potencialidades, devem ser oferecidas aos professores, pais e todos que convi- vem com ele, para que seja possível eli- minar as barreiras impostas pelo precon- ceito, possibilitando que o portador de deficiência física possa desenvolver-se plenamente e ser incluído em todas as es- feras sociais (ALMEIDA, 2010). 42 4343 UNIDADE 6 - Orientação e mobilidade / autonomia e independência Dentre outros objetivos, a educação busca formar um sujeito crítico, criativo, autônomo e independente. Para a educa- ção inclusiva, autonomia e independência são primordiais. É importante entender o sentido eti- mológico de cada palavra antes de levar- mos adiante nosso pensamento. O verbo orientar deriva do latim óriens (orientis) que, em português, deu oriente, ou seja, “o lado onde nasce o sol”, nascente, leste, levante. A palavra mobilidade também se origina do latim, do adjetivo móbilis (mó- vel), que por sua vez derivado verbo mo- vére: mover. Na maioria dos dicionários encontra- mos que orientar significa “determinar os pontos cardeais, indicar o rumo exato”, e, mobilidade é a “propriedade do que é móvel”; assim, temos que orientação é aprendida, e mobilidade é inata. Combinando os dois conceitos – orien- tação e mobilidade –, podemos dizer que a expressão orientação e mobilidade sig- nifica mover-se de forma orientada, com sentido, direção e utilizando-se de várias referências como pontos cardeais, lojas comerciais, guia para consulta de mapas, informações com pessoas, leitura de in- formações de placas com símbolos ou es- crita para chegarmos ao local desejado. Assim, a orientação e mobilidade se aplica a toda e qualquer pessoa que ne- cessita chegar a algum local e que, para isso, dispõe de todas essas referências para cumprir sua rota. Orientação e mobilidade fazem parte da nossa rotina. Quando estamos dentro de nossa casa e nos deslocamos de um ambiente para outro, estamos nos mo- vendo de forma orientada, pois conhece- mos o ambiente e sabemos as direções que devemos seguir para chegar até lá e também porque temos nossa consciên- cia corporal e de como devemos nos mo- ver para cumprir nossa meta. Se estiver- mos em nosso bairro, em nossa cidade, e conhecemos várias rotas para chegar a determinados lugares, nós as utilizamos quando necessitamos. Só vamos nos sen- tir “desorientados e imobilizados” quando temos que nos deslocar a um lugar e não conhecemos o caminho para chegar a ele. Nesse caso, teremos que usar todas as in- dicações e referências acima citadas para nos orientar e seguirmos o caminho certo. Dentro da proposta do AEE, na qual se inclui o atendimento do aluno com defici- ências no que tange à orientação e mobi- lidade, caberá ao professor especializado proporcionar a esse aluno o conhecimen- to dos espaços da escola em que ele esti- ver trabalhando. 6.1 Orientação Ao aluno com deficiências deverá ser dado o tempo necessário a fim de que possa explorar, um por um, todos os espa- ços da escola para, aos poucos, construir na sua mente o mapa mental de cada um desses espaços. Para isso, o professor especializado deverá dar a oportunidade aos alunos com deficiências de conhece- rem juntos cada cantinho da escola. Por exemplo, na sala de aula: onde está a por- ta, a janela, as fileiras de carteiras; qual o 44 45 seu lugar; onde está a mesa do professor, etc. No refeitório: como estão dispostas as cadeiras e as mesas, de que tipo são esses móveis (bancos inteiriços, cadeiras, banquinhos, mesas individuais, coletivas); onde fica o balcão para servir a comida; onde estão a lixeira e outros objetos nes- te ambiente. Para reforçar essa construção mental, podemos realizar junto com a criança ma- quetes ou mapas táteis levando em con- sideração sua forma de comunicação mais eficiente para que ela possa reforçar seu aprendizado diário e possa ter estes ma- pas/maquetes como material de consulta para se certificar do local para onde dese- ja ir, bem como para solicitar ao professor aonde deseja chegar. Relembrando... a ausência de alguma parte do corpo, seja por amputação, seja por má formação congênita, lesões ou alterações funcionais neurológicas ou ainda deformidades ósseas e musculares podem ter como sequela dificuldades no controle e na amplitude de movimentos, na sustentação da postura, no equilíbrio e na mobilidade. Os impedimentos da função motora acarretam a privação de acesso e de par- ticipação dos alunos em espaços e ativi- dades, e isto deve ser analisado para que recursos adequados de tecnologia assis- tiva possam apoiar o desenvolvimento da funcionalidade, ou seja, a possibilidade de deslocar-se, de chegar aos ambientes pretendidos e ali explorar o meio e as ati- vidades nele realizadas. Muitos alunos com deficiência física ne- cessitam de recursos de mobilidade que podem variar desde uma bengala, um cor- rimão, um andador, a uma cadeira motori- zada cujo controle e acionamento podem ser feitos com alta tecnologia e mínimo de esforço. O desenvolvimento tecnológico evolui rapidamente e muito em breve apa- recerão novas alternativas de mobilidade antes impensadas. Cada aluno pode ter sua necessidade de adequação postural e de mobilidade atendida, se soubermos identificar os problemas existentes. Nesse sentido, te- mos que avaliar corretamente o aluno e sua condição física, o ambiente em que está ou que deseja acessar, bem como as atividades que ali pretende realizar. Essa avaliação auxilia na escolha do recurso de tecnologia assistiva mais adequado para cada caso, que será sempre personaliza- do. 6.2 Recursos de adequação postural e mobilidade A adequação postural está relacionada à obtenção de um mobiliário adequado. No que se refere à escola, esse mobiliário diz respeito, principalmente, ao módulo de assento e encosto da cadeira, que devem proporcionar ao aluno estabilidade, con- forto e melhores condições para partici- par das atividades ali desenvolvidas. Tam- bém a mesa escolar deve ser adequada, ter a altura correta, proporcionar o apoio de braços e eventualmente ter a possibi- lidade de inclinação do tampo ou aceitar a colocação de planos inclinados fixos. Os alunos com deficiência física que permanecem muito tempo sentados de- vem ter a possibilidade de mudar de po- sição durante o rumo escolar. Precisamos estar atentos às possibilidades de uma as- sociação entre a alteração de movimentos 44 45 e sensibilidade (tátil, térmica e dolorosa). Os alunos com diminuição da sensibilida- de, quando permanecem por muito tempo na mesma posição, tendem a desenvolver lesões de pele (escaras), porque não per- cebem quando a pressão exercida pelo assento sobre a pele e os músculos, na re- gião das proeminências ósseas, torna-se excessiva. Já no conceito de mobilidade, projeta- mos possibilidades de deslocamento com segurança e com o mínimo de esforço, no sentido de facilitar o acesso, que deve ser realizado preferencialmente de forma au- tônoma. A inadequação postural e a falta de mo- bilidade dos alunos com deficiência física poderão se constituir em grandes barrei- ras para o aprendizado, pois, além de ter acesso aos espaços, é importante que a escola proporcione condições básicas de conforto e segurança, favorecendo a par- ticipação do aluno, nas várias atividades escolares. Para auxiliar o professor do AEE a identificar problemas de adequação postural e mobilidade e encaminhar soluções neste sentido, é preciso refle- tir sobre as seguintes questões: o aluno manifesta dificuldade na respiração e sua expressão não é tranqui- la; é difícil alimentar o aluno em sua cadeira, sua cabeça permanece voltada para trás e ele tem dificuldades de engo- lir; o aluno mostra desconforto com sua cadeira, tenciona seu corpo e isto di- ficulta sua participação, atenção e explo- ração das atividades propostas para a tur- ma; o aluno chega bem sentado, mas com o tempo sai da posição e não conse- gue retomar sozinho uma boa postura; a cadeira é muito grande e não lhe dá segurança e estabilidade; o aluno tem dificuldade de manter a cabeça e o tronco em posição reta, sua coluna cai para frente e para os lados; a cadeira é muito pequena e apa- renta desconforto; o aluno permanece sentado de for- ma aparentemente desconfortável, não muda de posição sozinho e não reclama desconforto; a cadeira é muito alta e o aluno não consegue acessar a mesa com seus cole- gas; há muita dificuldade de sustentar a cabeça, e o apoio não é adequado; há muita dificuldade de sustentar o tronco, e os cintos existentes não conse- guem mantê-lo com conforto; as rodas da cadeira são pequenas impedindo que o aluno consiga mobilida- deindependente; a mesa não possui ajustes de altura e, por isso, é inacessível; a inclinação posterior da poltrona faz o aluno perder contato visual com seu material e precisaria nova alternativa de mesa; o apoio dos braços na mesa não é adequado por conta da desproporção nas alturas da cadeira e mesa; 46 47 o aluno cansa ao utilizar seus recur- sos de mobilidade e com isso não acompa- nha os colegas; os deslocamentos na escola são restritos por conta da falta de acessibili- dade do prédio. Os problemas identificados devem ser encaminhados para a solução. Nesse sen- tido, o professor especializado buscará construir redes de apoio. Precisará rea- lizar encaminhamentos à gestão escolar para aquisição ou adequação das cadeiras de rodas e demais recursos de adequação postural, mobiliário e mobilidade. O mobili- ário escolar também deverá ser adequado às necessidades do aluno com deficiência e estar disposto na sala de modo a facili- tar a livre circulação dos alunos. Quando não existir acessibilidade, devem ser pro- postas e projetadas reformas estruturais no prédio escolar, nas áreas de recreação, nos banheiros e demais espaços da esco- la. Além do apoio da gestão nos encami- nhamentos para a aquisição de recursos e adequação de espaços, será necessário o envolvimento de profissionais que res- pondam pelos aspectos técnicos e que te- nham conhecimentos de engenharia e ar- quitetura e que estejam fundamentados nos preceitos de desenho universal, ramo da arquitetura que concebe o projeto de espaços e produtos levando em conside- ração a maior diferenciação possível de usuários e suas características. Para a prescrição personalizada de ca- deiras de rodas e demais recursos de mo- bilidade, bem como do mobiliário escolar, os profissionais da saúde como fisiote- rapeutas e terapeutas ocupacionais de- vem auxiliar na determinação dos itens que deverão compor estes recursos, bem como das medidas e formas ideais, de acordo com a condição física de cada alu- no. Nesse ponto, também os arquitetos, engenheiros e designers serão importan- tes colaboradores para que o desenho e a confecção desses recursos sigam normas de segurança, usabilidade, estética e er- gonomia. Na medida em que construirmos as condições básicas para a adequa- ção da postura, conforto e segurança, perceberemos efeitos práticos no alu- no, ou seja, estaremos contribuindo para que o aluno aproveite seu po- tencial motor para a aprendizagem, tais como: a adequação do tônus muscular; diminuição da atividade tônica e re- flexa; aumento de movimentos controla- dos e maiores possibilidades de explora- ção de objetos e participação em ativida- des variadas; melhora do campo visual, do segui- mento visual e da coordenação viso-mo- tora; melhora da atenção e da concen- tração do aluno nas atividades. Nesse sentido, devemos estar atentos a algumas questões que nos ajudam a en- tender melhor o padrão motor do aluno com deficiência, o que nos permite auxili- á-lo de forma adequada. Para obtermos uma boa postura quan- do estamos sentados, será fundamental que a nossa base de apoio, no assento, 46 47 esteja alinhada e estável. Nesse caso, es- tamos falando do apoio pélvico, de como a nossa pelve está posicionada diretamen- te no assento. A pelve é um conjunto de ossos situado na transição entre o tronco e as pernas, é comumente chamado de bacia óssea. Ela é composta pelo sacro, pelo cóxis (final da coluna) e pelos ossos do quadril, ilíaco, ílio e púbis (GIACOMINI, SARTORETTO, BERSCH, 2010). Observando as ilustrações abaixo, per- cebemos que quando nossa pelve está jogada para trás (retroversão), o tronco fará naturalmente uma flexão para frente para compensar. Quando levamos nossa pelve para frente o tronco se retifica. Quando a região pélvica está com um lado mais alto que o outro (inclinada), essa posição será compensada com uma inclinação do tronco e rotações das per- nas. Para adequarmos essa condição, re- comenda-se colocar na cadeira um bom apoio para a região pélvica e apoios late- rais para o tronco. Uma almofada entre as pernas (coxim) poderá, também, auxiliar evitando o cruzamento e as rotações dos membros inferiores (GIACOMINI, SARTO- RETTO, BERSCH, 2010). Quando a região pélvica está com um lado mais para frente que o outro (rota- ção da pelve), como compensação o tron- co fará também uma rotação, e as pernas tendem a abrir de um lado e fechar de ou- tro (abdução e adução). Uma menina está sentada em um ban- co e vista de frente; o lado direito da sua pelve está mais à frente que o seu lado esquerdo. Para se manter olhando para frente, ela necessita rodar a coluna de forma compensatória, levando o ombro direito para trás. Nos membros inferiores, observamos que sua perna direita fechou (adução) e sua perna esquerda abriu (ab- dução). 48 49 Esse mecanismo de compensações que acontecem no tronco e nas pernas, a par- tir de como posicionamos nossa pelve, é normal e faz parte de nossa biomecânica. Quando sentamos mal, iniciamos automa- ticamente a correção ou ajustamento da postura pela da correção do apoio pélvico. Esta é uma dica importante, se quiser- mos ajudar nosso aluno a sentar melhor: deveremos observar primeiro como está posicionada sua pelve. Vamos, então, co- locá-la no assento da forma mais alinha- da possível e, se necessário, estabilizá-la com cintos ou almofadas laterais e entre as pernas. Depois de posicionarmos e es- tabilizarmos (através de cintos) a pelve, vamos direcionar a atenção para os apoios de tronco, cabeça, pés e outros que forem necessários. No caso de alunos com dificuldades de sustentação tônica do tronco e que natu- ralmente tendem a cair para frente quan- do sentados, para recolocar o tronco na posição correta e garantir que ele se man- tenha ereto e com campo visual adequa- do, devemos posicionar bem a pelve no assento, evitando a retroversão, as incli- nações e as rotações. Outra estratégia que poderá auxiliar na obtenção e na manutenção de uma boa posição do tronco e da cabeça, será a inclinação posterior do módulo assen- to/encosto, ao que nós chamamos de TIL da cadeira. Esta inclinação posterior fará com que o aluno fique totalmente apoia- do no encosto e no apoio da cabeça, pela ação da força da gravidade. Algumas ca- deiras possuem esta característica, e po- deremos, então, regular o TILT, conforme a necessidade do aluno (GIACOMINI, SAR- TORETTO, BERSCH, 2010). 48 49 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BÁSICAS BERSCH, Rita; MACHADO, Rosângela. Atendimento educacional especializa- do para a deficiência física. 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Alterações centrais e periféricas após lesão do sistema nervoso central. Considerações e implicações para a prática da fisioterapia. Rev Bras Fisioter 2 (1): 19-34, 1997. 54 AT UNIDADE 1 - Introdução UNIDADE 2 - Deficiência física 2.1 O sistema nervoso, a função dos hemisférios e a plasticidade neural 2.2 Conceito e definições 2.3 Classificação 2.4 Causas e consequências UNIDADE 3 - Atendimento educacional especializado 3.1 Conceito e definição 3.2 As salas de recursos 3.3 A sala de recurso para deficiência física 3.4 Atribuições do professor no AEE 3.5 A importância da revisão do PPP e do currículo escolar UNIDADE 4 - Avaliação de alunos com deficiência motora UNIDADE 5 - Técnicas e estratégias da pnl UNIDADE 6 - Orientação e mobilidade / autonomia e independência 6.1 Orientação 6.2 Recursos de adequação postural e mobilidade REFERÊNCIAS