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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Denise Matias Mestre em Psicologia do Trabalho (2019) pela PUCMinas. Possui Pós-Graduação em Docência em Ensino Superior, pós-graduanda em Educação Inclusiva e Educação Especial (2019) pela UNINTER pós-graduanda em Psicanálise e os desafios na Contemporaneidade pelo Pitágoras. Possui graduação em Pedagogia (1998) e Psicologia (2013) pela UNILESTE. Atua como coordenadora, tutora e professora conteudista do curso de Educação Especial na Faculdade Única Ipatinga. PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E A SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS 1ª edição Ipatinga – MG ANO 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação à Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Carla Jordânia G. de Souza Rubens Henrique L. de Oliveira Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Luiza Filgueiras © 2020, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes aos quais você deve ter maior atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO DEFICIÊNCIA VISUAL ............................................................................... 12 1.1 CONVERSANDO SOBRE A DEFICIÊNCIA VISUAL ................................................ 12 1.2 CONCEITOS SOBRE DEFICIÊNCIA ..................................................................... 14 1.3 A DEFICIÊNCIA E SEU HISTÓRICO ..................................................................... 16 1.4 A HISTÓRIA DO DEFICIENTE VISUAL ................................................................. 18 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 21 A DEFICIÊNCIA E SUA HISTÓRIA NO BRASIL .......................................... 28 2.1 O DEFICIENTE VISUAL NO CONTEXTO BRASILEIRO ......................................... 28 2.2 DEFICIÊNCIA VISUAL E INSTITUIÇÕES ............................................................... 29 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 35 DEFICIÊNCIA VISUAL: O QUE É? ............................................................. 40 3.1 A DEFICIÊNCIA VISUAL E SUAS CARACTERÍSTICAS ......................................... 40 3.2 CEGUEIRA E VISÃO SUBNORMAL ..................................................................... 41 3.3 PRINCIPAIS CAUSAS DA DEFICIÊNCIA VISUAL ................................................ 48 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 50 DEFICIÊNCIA VISUAL E EDUCAÇÃO ....................................................... 56 4.1 A EDUCAÇÃO PARA O DEFICIENTE VISUAL NO BRASIL ................................. 56 4.2 O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E A DEFICIÊNCIA VISUAL ........................ 59 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 64 O SISTEMA BRAILE ................................................................................... 68 5.1 A HISTÓRIA DO BRAILE ...................................................................................... 68 5.2 O SISTEMA BRAILE E A EDUCAÇÃO ................................................................. 71 5.3 BRAILE E A ALFABETIZAÇÃO ............................................................................. 73 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 79 DEFICIÊNCIA VISUAL E TECNOLOGIA ASSISTIVA ................................... 83 6.1 DEFICIÊNCIA VISUAL E AS FORMAS DE SIGNIFICAR O MUNDO .................... 83 6.2 TECNOLOGIA ASSISTIVA ................................................................................... 86 6.3 TECNOLOGIA PARA CEGOS ............................................................................. 88 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................... 91 DEFICIÊNCIA FÍSICA ................................................................................ 96 7.1 CONCEITOS GERAIS .......................................................................................... 96 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 104 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 UNIDADE 07 6 CULTURA E DEFICIÊNCIA ....................................................................... 110 8.1 O DEFICIENTE E SUA IMAGEM ........................................................................ 110 8.2 SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) ............................................................... 113 8.3 COMO FUNCIONA O NOSSO CÉREBRO ........................................................ 116 8.4 CONVERSANDO SOBRE A DEFICIÊNCIA FÍSICA ............................................ 119 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 121 TIPOS DE COMPROMETIMENTO ............................................................ 126 9.1 PARALISIA CEREBRAL ...................................................................................... 126 9.2 HIDROCEFALIA ................................................................................................. 129 9.3 LESÃO MEDULAR (LM) ..................................................................................... 131 9.4 DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE E DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER .......................................................................................................................... 132 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 135 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ................................. 140 10.1 BREVE HISTÓRICO DA DEFICIÊNCIA ............................................................... 140da deficiência visual (OTTAIANO et al., 2019): Tracoma: doença infecciosa, causada por bactéria e muito contagiosa; Oncocercose: infecção parasitária; Xeroftalmina: causada pela falta de vitamina A na alimentação; Catarata: caracterizada pela opacidade do cristalino. Já sabemos que as causas da deficiência visual podem ser congênitas ou adquiridas, por isso, é importante a realização exames médicos e acompanhamentos ao primeiro sinal de anormalidade. As causas mais comuns da deficiência visual congênita são (OTTAIANO et al., 2019): Malformações oculares; Glaucoma congênito; Catarata congênita; Retinopatia da prematuridade. No que diz respeito às causas das deficiências adquiridas são (OTTAIANO et al., 2019): Catarata; Erros refrativos não corrigidos; Glaucoma Degeneração macular relacionada à idade; Opacidades corneanas; Retinopatia diabética; Tracoma; Doenças oculares em crianças; 49 Oncocercose. Observe agora o gráfico das causas de cegueira e deficiência visual no mundo: Gráfico 1:Cegueira e deficiência visual no mundo Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) Pelo gráfico, percebemos que as maiores causadoras de cegueira ou deficiência visual é a catarata e erros de refração não corrigidos, seguidas de causas ainda desconhecidas. De acordo com dados da OMS 80% das deficiências visuais poderiam ser evitadas. Com o intuito de minimizar um quadro tão alarmante, em 1999 junto com a Agência Internacional para a Prevenção a Cegueira (IAPB), lançou um programa de prevenção que objetiva diminuir os casos de cegueira evitável até 2020, possibilitando atenção de saúde ocular às populações carentes (OTTAIANO et al., 2019). O Programa foi chamado de Visão 2020. Participam dele instituições de atenção oftalmológica, ONGs e entidades internacionais. 39 18 74 4 3 3 0,07 39 Catarata Erros de refração não corrigidos DMRI Opacidades corneanas Retinopatia diabética Tracoma Doenças oculares em crianças Oncocerese Outras https://bit.ly/3hqujxn 50 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Leia as afirmativas a seguir: I - Consoante a Lei n. 7.853/89, o Ministério Público, as autarquias e as empresas públicas são alguns dos legitimados a proporem ação civil pública para garantir a adoção e a efetiva execução de normas que garantam a funcionalidade das edificações e vias públicas, que evitem ou removam os óbices às pessoas com deficiência, permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a meios de transporte. II Prevê a Lei n. 7.853/89 que o Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas, coletivas ou individuais, em que se discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas. III – Extrai-se do texto da Lei n. 7.853/89 que somente nos casos de segurança nacional poderá ser negada, ao interessado, certidão ou informação necessária à instrução de ação civil pública que diga respeito aos interesses coletivos ou difusos das pessoas com de deficiência. IV A Lei n. 10.098/2000 define acessibilidade como a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. V De acordo, ainda, com a Lei n. 10.098/2000, os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques, praças, jardins e espaços livres públicos deverão ser acessíveis e dispor, pelo menos, de um sanitário e um lavatório que atendam às especificações das normas técnicas da ABNT. Além disso, os parques de diversões, públicos e privados, devem adaptar, no mínimo, 5% (cinco por cento) de cada brinquedo e equipamento e identificá-lo para possibilitar sua utilização por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, tanto quanto tecnicamente possível. a) Apenas a assertiva II está correta. b) Apenas as assertivas II e III estão corretas. c) Apenas as assertivas II e IV estão corretas. 51 d) Apenas as assertivas I, II, IV e V estão corretas. e) Todas as assertivas estão corretas. 2. Assinale a opção correta acerca das definições dadas pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em Nova Iorque, em 2007. a) Adaptação razoável corresponde a modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidade com as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais. b) Desenho universal diz respeito à concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados, na maior medida possível, por pessoas portadoras de deficiência, havendo a necessidade de adaptação e projeto específico. c) Desenho universal exclui ajuda técnica para grupo específico de pessoas com deficiência, quando necessárias adaptações de deficiências múltiplas, sendo, portanto, importantes os protocolos de uso combinado como medida auxiliar. d) A discriminação por motivo de deficiência restringe-se às formas de discriminação baseadas na recusa de adaptação razoável e na não adoção do desenho universal. e) A palavra língua é utilizada para expressar unicamente as formas de linguagem falada pela pessoa humana. 3. Leia o texto para responder à questão. Escola inclusiva É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concordam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos com deficiência. Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou lei em 2015 e criou raízes no tecido social. A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualificados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que dizer então de alunos com gama tão variada de dificuldades. Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por 52 cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais. Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, discorda de que crianças com deficiência devam aprender só na companhia de colegas na mesma condição. Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2 milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o número de professores com alguma formação em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de aula. As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma estrutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do período regular nas técnicas pedagógicas. Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compete ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabelecimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se confunde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo. (Editorial. Folha de S. Paulo, 16.10.2019. Adaptado) De acordo com o editorial, a inclusão de estudantes com deficiência a) tornou-selei e estabeleceu-se no contexto social brasileiro, mesmo em vista das dificuldades apresentadas. b) estagnou nas dificuldades impostas pelas limitações sensoriais e intelectuais apresentadas por esses alunos. c) fez aumentar a crença de que a segregação dessas crianças torna a aprendizagem delas mais eficiente. d) encontrou pouca receptividade na rede pública de ensino particularmente em vista da falta de profissionais capacitados. e) propiciou o surgimento de uma ampla estrutura de atendimento, contudo vista ainda hoje com desconfiança pelas famílias. 53 4. De acordo com a legislação vigente, as escolas devem desenvolver práticas inclusivas. Considere as seguintes afirmativas com relação à perspectiva da educação inclusiva no espaço escolar. I- A escola deve evitar o contato entre estudantes que não apresentam deficiências e os que apresentam. II- A escola deve promover o contato entre estudantes que não apresentam deficiência e os que apresentam, atuando de forma a evitar situações que envolvam Intimidação vexatória. III- O professor deve acompanhar, sem o auxílio de outros profissionais, a aprendizagem dos estudantes com deficiência, e altas habilidades/superdotação e transtornos globais do desenvolvimento. IV- A escola deve elaborar uma proposta pedagógica que atenda aos grupos e às necessidades individuais. Estão corretas, apenas, as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. 5. O Decreto Legislativo nº 186/2008, que aprovou o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, aborda a mobilidade pessoal das pessoas com deficiência. Sobre o assunto, analise as afirmativas abaixo: I. Facilitar a mobilidade pessoal das pessoas com deficiência, na forma e quando elas quiserem, e a custo acessível. II. Propiciar às pessoas com deficiência e ao pessoal especializado uma capacitação em técnicas de mobilidade. III. Incentivar o isolamento das pessoas com deficiência, para que não se machuquem diante das barreiras existentes na sociedade. IV. Assinale a alternativa correta sobre as medidas efetivas para assegurar às pessoas com deficiência sua mobilidade pessoal com a máxima independência 54 possível. a) As afirmativas I, II e III estão corretas. b) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. d) Apenas a afirmativa I está correta. e) Nenhuma das alternativas. 6. O Art. 142 da Lei Orgânica de Fundão diz que Município assegurará, nos termos da lei, condições indispensáveis ao desenvolvimento, segurança e estabilidade da família, bem como a assistência aos __________, à __________, aos __________ e a proteção à infância, à juventude e às pessoas portadoras de deficiência. As lacunas no texto se referem, respectivamente, a: a) Crianças, adolescentes e jovens. b) Pessoas com deficiência, menores infratores e idosos. c) Adolescentes, jovens e idosos. d) Idosos, maternidade e excepcionais. e) Estudantes, Viúvos (as) e idosos. 7. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. I. A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. II. Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. III. Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento físico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessário. 55 Assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas o item II está correto. b) Apenas os itens II e III estão corretos. c) Apenas os itens I e III estão corretos. d) Apenas o item I está correto. e) Apenas os itens I e II estão corretos. 8. Entre os princípios gerais do Decreto Legislativo nº 186/2008, que aprovou o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, assinale a alternativa que não contemple um desses princípios. a) Acessibilidade. b) Discriminação. c) Igualdade de oportunidades. d) Plena e efetiva participação e inclusão na sociedade. e) Nenhuma das alternativas. 56 DEFICIÊNCIA VISUAL E EDUCAÇÃO 4.1 A educação para o deficiente visual no Brasil Neste capítulo conversaremos sobre a Educação Especial como a modalidade de ensino que trata do atendimento e educação de pessoas com deficiência nas escolas regulares ou salas de recursos. Como já antecipado anteriormente, o Brasil sempre sofreu influências da Europa, principalmente dos resultados obtidos por lá em vários contextos. Uma dessas influências refere-se a algumas ações, diga-se de passagem, muito isoladas no atendimento das pessoas com deficiências físicas, sensoriais e mentais. Até aqui já conversamos sobre a deficiência e sua trajetória: extermínio, segregação, integração e inclusão. Além de passar por todo esse processo, elas ainda foram discriminadas e exploradas no âmbito do trabalho. Sabemos também que paralelamente a estas ações a Igreja se posicionou de formas diferentes em determinados períodos, bem como membros da sociedade, o que possibilitou o surgimento de ações de proteção e auxílio à pessoa com deficiência, principalmente no campo educacional, a partir de estudos que indicaram que o foco não deveria ser a deficiência, mas, as capacidades e habilidades dessas pessoas que poderia ser potencializadas por meio de atendimento individualizado e estímulos e recursos adequados. Esses movimentos ocorreram a partir do século XIX, período da integração, e objetivavam dar visibilidade aos deficientes visuais nas escolas por meio do acesso à educação, ao mundo do trabalho e em algumas poucas situações à inserção e participação social (MAZZOTTA, 1999). Já no final do século XIX e início do século XX, o termo integração é substituído pelo termo inclusão, principalmente nos espaços escolares, públicos e privados. Contudo, a nova terminologia ainda não definia claramente seu significado e objetivo, e a partir dos anos 70, tornou-se objeto de estudo científico. 57 BUSQUE POR MAIS ACIMA Se o mundo sem a integração permite a sua transformação e não a transformação das pessoas como na HQ acima, a inclusão é considerada uma “via” de mão-dupla, de um lado a atuação junto às pessoas com necessidades educacionais especiais e de outro, as políticas públicas sociais. Se o processo de integrar requer a mudança do sujeito para uma normatização, a inclusão prevê mudanças assertivas no processo de desenvolvimento do sujeito e do seu processo de reajuste social. Isso requer pensar que existe no processo de inclusão a necessidade de promover na sociedade adequações e legitimações, para que a pessoa com deficiência possa ter direitos de igualdade e equidade no ingresso e permanência na escola e no convívio social, resguardada pelos legítimos direitos de defesa do ser humano. https://bit.ly/2WPU9RH 58 Figura 11: Inclusão na escola Fonte:Souza (2009) O trecho da Revista em Quadrinhos, visa a diferença e exemplifica claramente a diferença entre integração e inclusão. Apesar das deficiências elas convivem na escola, são reconhecidas por suas diferenças, sem, no entanto, serem segregadas ou integradas, fazem parte do ambiente escolar modificado e adaptado. Têm o direito a aprendizagem, aprendem com as diferenças uns dos outros e aprendem a se respeitarem dentro de suas limitações. Nessa HQ, o foco não é a deficiência, mas, as possibilidades, habilidades e potencialidades de cada crianças, o ambiente é modificado e não as pessoas com deficiência são normatizadas. Resumindo, a integração assume socialmente o aluno com deficiência, sem, entretanto, buscar possibilidades e adaptações necessárias para que ele seja incluído. Por outro lado, a inclusão não assume apenas a pessoa com deficiência, mas responsabiliza a sociedade, a família e o Estado a criarem condições de inclusão por meio de legislações, documentos internacionais, formações continuadas para professores de apoio, contratação de intérpretes/professores de Libras, acessibilidade estrutural, remoção de barreiras atitudinais e desenvolvimento de recursos e tecnologia assistiva. Na escola inclusiva o processo educativo deve ser entendido como um processo social, onde todas as crianças com de necessidades educacionais especiais e distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo 59 possível, ou seja, uma modalidade de ensino para todos. BUSQUE POR MAIS ACIMA Inicialmente, os serviços prestados em prol da educação especial apresentavam um caráter assistencial, posteriormente, evolui para uma etapa em que se priorizava uma visão clínica. Após a conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais (1994), o objetivo maior era unificar o ensino especial ao ensino regular. A proposta era uma escola para todos, que garantisse as mesmas oportunidades a todos os alunos, independentemente de suas características individuais, a partir de uma reflexão e reformulação profundas nas bases da escola, em seu papel e sua relação com a deficiência. 4.2 O processo de alfabetização e a deficiência visual Ainda, nesta unidade, conversaremos sobre o desenvolvimento da alfabetização da criança com deficiência visual. Sabemos que a escrita ocorre de forma singular, cada criança apresenta um ritmo de aprendizagem que precisa ser reconhecido e acima de tudo respeitado. A partir de intervenções pedagógicas assertivas, a grande maioria das crianças assimilarão o processo de escrita, mas, vale ressaltar que excesso de cobranças, tanto da família quanto da escola pode prejudicar tal processo. Tudo a seu tempo! Assim, durante o processo de aquisição da escrita e alfabetização, cabe ao professor criar um ambiente rico em oportunidades para que a criança com deficiência visual seja estimulada considerando seu conhecimento prévio. Essa estimulação não é responsabilidade apenas da escola, como da família também, e o mais precocemente possível. 60 A aprendizagem significativa para a criança com deficiência visual dependerá dos recursos, tecnologia assistiva e planejamento de atividades adequados às necessidades de cada criança com deficiência visual, respeitando seus limites. Figura 12: Lego em Braile Fonte: D’ Ângelo (2016) Figura 13: Estimulação Tátil Fonte: Leite (2014) Figura 14: Tecnologia Assistiva - Software Dos Vox 61 Fonte: Câmara Paulista (2020) BUSQUE POR MAIS ACIMA Alguns estudos realizados nos últimos 10 anos, ressaltam que o desenvolvimento no início da vida da criança com deficiência visual, definirá em muitos aspectos seu futuro. Teorias histórico-social construtivista evidenciam que o respeito ao repertório da criança é algo de muito importante. Não importa a forma de pensar e agir da criança, e se isso não corresponde ao padrão esperado, o que importa é que a aprendizagem ocorre por meio da interação com o outro e com o meio social em que está inserida. Neste contexto ela com o passar do tempo vai se apropriando dos conhecimentos (GALVÃO, 2002). A criança com deficiência visual aprende por meio de outros sentidos que não seja a visão, por isso a necessidade de ser estimulada precocemente pela família e que a escola utilize metodologias variadas. Para Mosquera (2010, p. 81) A família tem um papel importante nessa primeira fase e a estimulação da criança cega também passa por atividades que tenham alguma semelhança com a forma da escrita braile. Se esse cuidado for atendido, a criança sofrerá um atraso menor que o previsto quando ingressar nas séries iniciais do ensino fundamental. Se pensarmos nas diferenças entre as crianças videntes e as com deficiência visual perceberemos que as primeiras constroem seus conceitos acerca da leitura muito cedo, por meio de livros de história, placas, TV, vídeos, ou seja, por inúmeras e 62 variadas situações. Por outro lado, a criança com deficiência visual, terá esse contato bem mais tarde, consequência de o Sistema Braile ser muito restrito ainda o deficiente visual dificultando, ou, às vezes impossibilitando o acesso a essa forma de comunicação antes da entrada na escola. Como a criança com deficiência visual enxerga o mundo e constrói seu conhecimento por meio dos sentidos motores (tato, olfato, audição), o processo de alfabetização deve estar voltado para atividades que valorizem a forma como ela enxerga o mundo, explorando seus sentidos. Jogos de construção, de montar e desmontar, argila, massinha, pinturas, desenhos, atividades em relevo, permitem a criança conhecer as texturas, perceber a forma dos objetos e utilizar diferentes linguagens representativas (BRUNO; MOTA, 2001). Os recursos táteis oportunizam as crianças em um ambiente alfabetizador a compreender o mundo que a cerca. A partir disso, é importante que o professor promova e elabore e crie situações de leitura e escrita que as crianças com deficiência visual possam participar. Isso é inclusão! Diante do exposto é perceptível como é importante o papel do professor em sala de aula, além de atender os alunos videntes, ele necessita também criar possibilidades de experiências físicas e táteis para que o aluno com deficiência visual tenha a oportunidade de se alfabetizar. Para isso é necessário empatia por parte do professor e compreensão dos processos de aprendizagem de cada aluno, principalmente o aluno deficiente. O processo de alfabetização exige por parte do professor adaptações, propostas pedagógicas diferenciadas do cotidiano comum, e além de tudo significativas para a aprendizagem (MOSQUERA, 2010). Infelizmente não encontrarmos uma fórmula pronta para ser aplicada em sala de aula! Diante do exposto, fica evidente o que já temos discutidos durante o curso e 63 as disciplinas, o foco do professor deve ser o aluno, a deficiência entraria como um fator secundário. O foco na deficiência impede o aprendizado porque incapacita o aluno de desenvolver suas habilidades e competências. Já o foco no aluno permite que ele seja um sujeito de “muitas possibilidades”! https://bit.ly/37TFonn https://bit.ly/3hpSQCI https://bit.ly/3aPgqYe 64 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O século XIX marcou a vida das pessoas com deficiência visual em todo o mundo. Nascia, na França, Louis Braille. Acometido pela cegueira por conta de um acidente doméstico, ele revolucionou a educação, com a criação do sistema braile. Atualmente, de acordo com Montilla (2006) uma série de equipamentos específicos favorecem a acessibilidade comunicacional a estudantes com deficiência visual.No ambiente escolar, pessoas com baixa visão utilizam-se de equipamentos também utilizados por estudantes cegos. Assinale a única opção de equipamento utilizado apenas pelas pessoas com baixa visão. a) Máquina braile para leitura e escrita. b) Impressora 3D. c) Lupa. d) Gravadores para registrar aulas. e) Livros falados. 2. O sistema Braile é o meio de leitura e escrita mais eficiente e útil para o uso das pessoas cegas. O criador desse sistema foi: Assinale a alternativa CORRETA. a) um recurso de tecnologia assistiva que auxilia as pessoas com deficiência visual no desempenho de suas tarefas. b) o profissional que lê e traduz os códigos de braile para as pessoas cegas. c) segundo os dicionários, aquele que lê ou que tem o hábito de ler. Por isso, a palavra “ledor” é sinônima de “leitor”. d) um importante elemento no ambiente educacional inclusivo, o qual assegura a acessibilidade comunicacional a pessoas cegas ou com baixa visão, por meio da leitura dos conteúdos escolares, literários etc. e) uma ferramenta eletrônica que desempenha a atividade de leitura, gravação e impressão de pesquisas para as pessoas com deficiência visual. 65 3. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006, da qual o Brasil é signatário, estabelece que os Estados Parte devem assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta de a) inclusão de crianças no Ensino Funda- mental privado. b) inclusão plena. c) inclusão de crianças na Educação Infantil. d) inclusão de jovens no Ensino Profissionalizante. e) inclusão de jovens no Ensino Médio. 4. A Educação Inclusiva aposta na escola como comunidade educativa, defendendo um ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos os alunos. É uma escola que reconhece as diferenças, desenvolve-se com essa diversidade, dando sentido e significado ao ensino. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e marque V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) De acordo com a filosofia da escola inclusiva, todas as crianças devem ser educadas numa escola isenta de barreiras pedagógicas, de organização administrativa e de gestão de recursos. ( ) Perante um idealismo desejável que associa a inclusão, aos direitos humanos e à equidade social é dispensável que os docentes demonstrem atitudes inclusivas nas suas práticas. ( ) O princípio da inclusão apela para uma escola que tenha em atenção a criança-todo, não só a criança aluno. ( ) Deve preconizar o ajustamento de toda a comunidade educativa, adotando estratégias capazes de facilitar a aprendizagem a grupos de alunos, em que a inevitável diversidade é considerada como um fator de enriquecimento e um motor de desenvolvimento de toda a comunidade escolar. A sequência CORRETA é a) V – F – V – V. b) F – V – F – V. c) V – F – V – F. 66 d) F – V – F – F. e) V – V – V – V. 5. A Educação Especial é definida, a partir da LDBEN nº 9.394/1996, como uma modalidade de educação escolar que permeia a) a educação infantil. b) o aparelhamento de escolas especiais. c) as séries iniciais do ensino fundamental. d) todas as etapas e níveis de ensino. e) o ensino fundamental. 6. Atualmente, há três correntes educacionais com propostas para a educação de pessoas surdas. Analise as assertivas e, ao final, assinale a alternativa correta. I – Bilinguismo: a língua de sinais é considerada língua materna para o surdo, ao passo que a língua portuguesa é a segunda língua. II – Oralismo: a finalidade terapêutica é tratar e reduzir os déficits, levando em conta que a criança precisa de treinamento auditivo, e desenvolver a leitura orofacial. III – Comunicação Total: os sinais são utilizados na estrutura gramatical do português e, enquanto filosofia, o bilinguismo pode ser incorporado. a) Apenas os itens II e III estão corretos. b) Apenas os itens I e III estão corretos. c) Apenas os itens I e II estão corretos. d) Todos os itens estão corretos. e) Todos os itens estão incorretos. 7. Complete corretamente a lacuna da oração abaixo: A - ________________ é um recurso utilizado, principalmente pelos surdos, para “soletrar" nomes próprios ou palavras da língua portuguesa para as quais não há equivalente na língua de sinais: 67 a) Alfabeto manual. b) Desenho ilustrativo. c) Inspiração teórica. d) Desenho realista. e) Sistema Braille. 8. Sobre os recursos para a aprendizagem de alunos com surdo cegueira e deficiências múltiplas, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira. 1) Objetos de referência. 2) objetos de referência das atividades. 3) caixas de antecipação. 4) Calendários. ( ) São objetos que têm significados especiais, os quais têm a função de substituir a palavra e, assim, podem representar pessoas, objetos, lugares, atividades ou conceitos associados a eles. ( ) Instrumentos úteis no desenvolvimento da comunicação, no ensino de conceitos temporais abstratos e na ampliação do vocabulário, ( ) Devem ser utilizadas com crianças que ainda não têm nenhum sistema formal de comunicação. ( ) Permitem conhecer os primeiros objetos de referência que anteciparão as atividades e o conhecimento das primeiras palavras. Representam e antecipam as atividades do dia. a) 1, 4, 3, 2. b) 1, 2, 3, 4. c) 3, 4, 2, 1. d) 1, 2, 4, 3. e) 4, 3, 2, 1. 68 O SISTEMA BRAILE 5.1 A história do Braile Nesta unidade conversaremos sobre o Sistema Braile, muito usado pelas pessoas cegas e de baixa visão, como forma e comunicação. O Sistema Braile foi elaborado a partir de um código militar de comunicação noturna. Ele foi inventado pelo francês Louis Braille, que adaptou e simplificou o código de Barbier em 1825. Figura 15: Louis Braille Fonte: Fundação CECIERJ (2005) Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809, na França, próximo de Paris. Aos três anos de idade, brincando na oficina de arreios do pai, ele feriu o olho esquerdo com uma ferramenta muito pontiaguda. Em seguida a ferida infeccionou tão severamente que contaminou o olho direito, o que provocou uma cegueira total em Braille. Para que ele tivesse uma vida próxima do normal, o pai e o padre da paróquia o matricularam em uma escola das redondezas. A cegueira não comprometeu a cognição de Braille, pois ele aprendia com muita facilidade tudo que ouvia, chegando a ser líder de turma (CONSTANT, 2018). Aos dez anos de idade Louis Braille 69 foi contemplado com uma bolsa de estudos no Institut Royal des Jeunes Aveugles de Paris (Instituto Real de Jovens Cegos de Paris). Valentin Haüy, foi o fundador do Institut Royal des Jeunes Aveugles de Paris, e um dos primeiros da história a inventar um programa para ensinar os cegos a lei. Em suas primeiras experiências ele gravava em um papel grosso letras em alto relevo bem grandes. Esse experimento serviu de base para o aprimoramento de outros programas e desenvolvimentos a posteriori (CONSTANT, 2018). Porém, seu método apresentava um grande problema para a aquisição da leitura e escrita. As crianças aprendiam a ler, contudo, não podiam escrever porque as letras para ser impressas precisavam ser costuradas no papel. Figura 16:Valentin Haüy Fonte: Woods (2013) Entretanto, Louis Braille aprendeu a ler tudo o que havia em alto relevo na biblioteca de Haüy, porém, percebia que o método era muito lento e pouco prático. Sobre o método escreveu em seu diário: "Se os meus olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias e doutrinas, terei de encontrar uma outra forma”. QuandoBraille tinha 12 anos de idade, Charles Barbier, visitou o instituto e apresentou um sistema de comunicação conhecido por Serre, ou escrita noturna, e que posteriormente foi chamado de sonografia (CONSTANT, 2018). Ainda segundo o autor tratava-se de um método de comunicação tátil, que dispunha de seis pontos em relevo em um retângulo. Era muito utilizado nos campos de batalha, quando era necessário fazer a leitura sem utilizar a luz. Os pontos podiam 70 ser compreendidos no escuro pelos soldados Braille ficou muito empolgado com esse método e se dedicou a estudá-lo e aprimorá-lo Figura 17: Alfabeto Charles Barbier Fonte: Merayudantia (2014) A partir de então o objetivo de Braille era simplificar o código. Como o sistema de Barbier era baseado em 12 pontos, Braille o simplificou para 6 pontos, além de incluir a notação numérica e visual (CONSTANT, 2018). Logo depois, Braille começou a ensinar no instituto e em 1829 publicou seu método exclusivo de leitura e escrita para comunicação que hoje leva o seu nome. O método permanece o mesmo desde então, salvo pequenas melhorias. Mas, nem tudo foi tão simples e fácil como parece ser. Muitos não aceitaram a inovação, os videntes não compreendiam como o método de Braille era eficaz, e um dos docentes do instituto chegou ao ponto de proibir as crianças de utilizá-lo (CONSTANT, 2018). 71 Braille, por sua vez, encorajou em segredo as crianças a utilizá-lo e a aprendê- lo, e assim muitos videntes passaram a perceber que Braille tinha razão e que seu método funcionava. Oficialmente o código de leitura e escrita só foi adotado em 1854, dois anos após a morte de Braille, acometido por tuberculose. 5.2 O Sistema Braile e a educação O braile consiste em um aparelho/ código de escrita e leitura tateável para cegos. Para que se torne possível esta leitura, as letras do alfabeto são preconizadas por pontos em alto relevo, tornando-se muito popular e eficaz desde a época do seu inventor Louis Braille. Figura 18: Sistema Braile Um dos principais problemas é o acesso a esse código, pois muitos cegos dificilmente encontram outras pessoas que conheçam o sistema e façam uso regular dele, sem contar que, socialmente, o braile é pouco utilizado. 72 A Fundação Dorina Nowill foi a grande responsável pela difusão de livros em braile no Brasil. Em alguns lugares, ou locais púbicos podemos encontrar o braile, porém, isso é raro. A partir da criação do Sistema Braile, as escolas e famílias perceberam que a criança cega poderia ser alfabetizada, e isso provocou uma reviravolta nos conceitos, já que sendo estimulada precocemente no período que antecede a alfabetização a criança poderia ser alfabetizada. A alfabetização inicia-se com a ludicidade concreta, ou seja, a criança vai aprendendo por meio da manipulação dos objetos, interação social com outras crianças, pelas brincadeiras e por fim pela percepção do próprio corpo. Reforçando aqui a ideia de que para a alfabetização ocorrer, é necessário que a estimulação seja precoce, daí a importância da parceria entre família/escola. A alfabetização, portanto, é responsabilidade de todos. Para Mosquera (2010, p. 71) alguns aspectos devem prioritariamente ser desenvolvidos para a iniciação ao braile: Para iniciar o braile, é necessário que o aluno esteja apto a movimentar os dedos com certa precisão e coordenação. Além do sistema tátil, que encontra consonância com o que se está sentindo, há também outro sistema em ação: o sistema háptico, uma interpretação que fazemos com nossos músculos e outros sistemas para reconhecer o que estamos tocando. É uma sensibilidade mais profunda. Por esse motivo, a criança cega deve ser estimulada a exercitar a coordenação motora fina. Assim, podemos perceber o quanto é importante o processo lúdico na fase da alfabetização, favorecendo-a. Já sabemos que a criança com deficiência visual percebe o mundo à sua volta por meio dos seus sentidos, portanto cabe ao professor, elaborar atividades que envolvam pintura com os dedos, atividades que envolvam a manipulação de areia, brita, terra, instrumentos musicais e outras que possibilitem aprimorar a sensibilidade das mãos (MOSQUERA, 2010). Não é necessário que, a princípio, se utilizem recursos de última geração. Recursos de baixo custo podem ser usados nas atividades sensório-motoras: Tente se lembrar de quais produtos você compra, ou lugares que frequenta em que você encontra o português traduzido para o braile. Isso explica sua mínima disseminação e reconhecimento enquanto forma de comunicação. 73 Solicitar a criança que toque em objetos suspensos com os pés e as mãos; Fazer colagens utilizando variados materiais; Pintura a dedo; Uso de massa de modelar ou argila; Amassar papel e fazer bolinhas; Uso de barbante, lã, palitos para cobrir traçados; Brincadeiras com bola; Jogos de encaixe; Blocos lógicos; Agrupar objetos por formas etc. Algumas outras atividades podem ser desenvolvidas com esses tipos de materiais: Com palitos de fósforos ou de sorvetes, podemos pedir que organizem quadrados, retângulos, linhas paralelas, cruzamentos etc. Isso vai ajudar o aluno a compreender o que é uma quadra, um cruzamento de ruas, a entender o que queremos dizer sobre ruas paralelas etc. Com barbantes, podemos formar círculos de diversos tamanhos, montagens que representem a realidade da criança ou aluno. Sugerimos que o aluno fique dentro e fora dos círculos, pois é aí que se dá o início da representação mental sobre conceitos abstratos (MOSQUERA, 2010, p. 74). Como já dito anteriormente, os métodos e as práticas escolares são de suma importância, mas perdem completamente o valor se o professor não conhecer seu aluno, senão compreender suas necessidades e ritmo de aprendizagem. Além disso é de suma importância o planejamento visando o manuseio dos materiais do braile para o processo eficaz da alfabetização. 5.3 Braile e a alfabetização Vamos agora entender como funciona o Sistema Braile, comparando-o com sistema alfabético comum. Para constatarmos que a criança está alfabetizada, precisamos nos assegurar de que ela conhece e consegue aplicar no cotidiano o uso do alfabeto, ou seja, usar as letras para formar combinações de palavras, interpretando-as e dando a elas o devido significado, todo esse processo passa por meio da visão. No caso da criança com deficiência visual, podemos verificar se a 74 alfabetização ocorreu ou quando ela consegue dominar e aplicar o alfabeto, porém, é nesse momento que identificamos a diferença. O alfabeto ao qual nos referimos no caso é o Sistema Braile, e a leitura e a escrita diferem das crianças videntes. No Sistema Braile o aprendizado se dá por meio da combinação de seis pontos, que vão formar as letras, as sílabas e as palavras, o final do processo é o mesmo, as crianças vão interpretar e significar as combinações formados, porém usando o tato. Os pontos são feitos em relevo, cada um em um espaço chamado de cela braile. Ao todo são seis cela, formando duas colunas e três linhas. Cela Braile 1 4 2 5 3 6 A leitura do código Braille é feita da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo. Ler em Braille é mais simples do que escrever. Para se compreender o Sistema Braile é importante a utilização de exercícios e o domínio da técnica, para a identificação dos pontos e suas respectivas letras, números, pontuações etc. Isso sem contar que o desenvolvimento da coordenação motora fina e do sentido tátil são importantíssimos, já que a leitura exige dele um mínimo de maturidade psicomotora, pois, a criança necessitará de muita sensibilidadenas mãos para a leitura dos relevos. Como a escrita requer um pouco mais de técnica para isso, são utilizados dois instrumentos: reglete (placa de metal com orifícios em uma de suas faces) e punção (um instrumento semelhante a uma agulha). Figura 19: Reglete de punção 75 Fonte: Esperança (2000) Para utilizar a reglete, o cego prende a folha na prancheta e por meio da punção, pressiona dentro das áreas das celas para criar os pontos em relevo. Na reglete, cada espaço representa uma cela para a perfuração. É se suma importância ressaltar que o papel utilizado para essa escrita deve possuir uma espessura mais grossa que o papel que estamos acostumados a utilizar, porque ao realizar a pressão através da punção no papel mais grosso os furos se tornarão um relevo, e no papel comum se tornarão saliências e não relevos, inviabilizando a leitura tátil. De acordo com Esperança (2000)a reglete é uma das formas mais antigas de escrita do braile. Outras formas para se usar o sistema de comunicação braile são as máquinas de escrever, as Perkins-Brailler criadas por Frank Hall em 1882. Ela possui 6 teclas e uma tecla usada como espaçador (MOSQUERA, 2010, p. 82). Sua vantagem é uma escrita mais rápida, sem a necessidade de realizar a punção. Contudo, seu elevado custo impossibilita que seja usada na escola para a alfabetização das crianças. O processo de alfabetização em braile inicia-se com a reglete. Figura 20: Máquina Perkins-Brailler para escrita em braile https://bit.ly/2WQ3xVt 76 Fonte: Esperança (2000) A tecnologia trouxe ainda mais rapidez e precisão. Hoje é possível escrever um texto de excelente qualidade, com as impressoras especiais. Outro ponto que merece destaque é a impressão de gráficos, o que não era possível utilizando as máquinas de escrever. Já os livros, são produzidos em gráficas especializadas e informatizadas. Figura 21: Impressora Braile Fonte: Esperança (2000) Quando pensamos em braile e matemática, a proposta de aprendizagem para os números e cálculos matemáticos uso do Soroban ou ábaco. São instrumentos antigos, mas que ficaram conhecidos por meio do trabalho de um professor japonês que publicou, em 1662, o livro Embrião do Soroban, usando um ábaco adquirido na 77 China (MOSQUERA, 2010, p. 95). O soroban é um material simples de confeccionar em formato de retângulo, com uma moldura de madeira ou qualquer material resistente, dividido por uma régua de numeração, que separa a parte superior da inferior. A régua é dividida em seis partes iguais, com pontos salientes de três em três hastes, que representam as unidades, dezenas e centenas de cada classe. A parte inferior do soroban é composta por quatro pontos salientes em cada haste, podendo, assim, ser realizadas quatro contas. Na parte superior, temos apenas um ponto saliente, responsável por uma conta. O Soroban chegou ao Brasil em 1908, trazido pelos japoneses para uso próprio. O cálculo utilizando o Soroban chama-se shuzan, a arte de calcular com o soroban, foi divulgado no Brasil em 1958 pelo professor Fukutaro Kato, como “Soroban pelo método moderno”. Além disso, ele organiza campeonatos anuais de sorobam (QUEIROZ, 2011). Figura 22: Soroban Fonte: Queiroz (2011) Ao observarmos a evolução dos equipamentos para a escrita braile, percebemos que quanto mais avançado o equipamento, maior se torna a distância de uso entre ele e o cego, pois, quanto mais rápido e avançado o equipamento, mais caro e inviável a aquisição pelo cego e pelas escolas. Lembrando que para https://bit.ly/38F7bad 78 utilizar tais equipamentos é necessário que o professor de AEE, seja treinado e preparado para operá-lo, bem como para ensinar ao aluno como utilizá-lo. Por fim, entendemos que, para o professor, é importante reconhecer os recursos necessários para orientar a criança deficiente visual no processo de alfabetização. 79 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei 13.146/2015, reza em seu artigo 27, que a educação constitui direito da pessoa com deficiência, devendo ser assegurado: a) Um sistema educacional inclusivo, em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades. b) Um sistema educacional inclusivo, que deve ser ofertado na Educação Infantil e no Ensino Fundamental de forma obrigatória. c) Um sistema educacional inclusivo, com salas de aulas específicas para cada deficiência, favorecendo assim o desenvolvimento de diferentes habilidades. d) Um sistema educacional inclusivo, que construa um método de ensino único e unificado onde todos possam aprender independente da deficiência apresentada. e) Um sistema educacional inclusivo, transversal e seletivo. 2. Entre as alternativas apresentadas, assinale a que representa uma diretriz para a oferta de Educação Especial. a) Garantir um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades. b) Atender preferencialmente em instituições especializadas públicas ou privadas. c) Garantir o Ensino Médio gratuito e compulsório, assegurando adaptações razoáveis. d) Garantir um sistema educacional exclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades. e) Fornecer apoio técnico e financeiro às instituições privadas com fins lucrativos especializadas em educação especial. 3. Considere: I. Oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. II. Pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas 80 pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva. III. Planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva. IV. Articulação intersetorial na implementação de políticas públicas. Nos termos da Lei nº 13.146/2015, às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se, obrigatoriamente, o descrito em a) I, II, III e IV. b) III e IV, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas. e) II e IV, apenas. 4. Conforme preceitua a Lei nº 13.146/2015, deve-se assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. Trata-se de dever do Estado, a) apenas. b) da família, da comunidade escolar e da sociedade. c) da família e da sociedade, apenas. d) da família e da comunidade escolar, apenas. e) da sociedade e da comunidade escolar, apenas. 5. Conforme preceitua a Lei nº 13.146/2015, especificamente no que se refere ao direito à educação da pessoa com deficiência, incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar, dentre outros, a oferta de educação a) monolíngue, em Libras, em escolas e classes monolíngues e em escolas inclusivas. b) bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. c) bilíngue, na modalidade escrita da língua portuguesa como primeira língua e em 81 Libras como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. d) bilíngue, em Libras comoprimeira língua e na modalidade oral da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. e) bilíngue, na modalidade oral da língua portuguesa como primeira língua e em Libras como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas. 6. Janine é uma jovem estudante universitária. Ela caiu e quebrou o fêmur, sendo obrigada a usar gesso na perna inteira. Ela gostaria de continuar frequentando as aulas, mas a sala em que estuda fica no segundo andar de um prédio que não possui rampa ou elevador. Nesse caso, em conformidade com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a universidade deve a) esclarecer à aluna que uma perna quebrada não caracteriza deficiência ou mobilidade reduzida. b) fornecer muletas ou equipamento similar, de modo que a aluna possa se locomover. c) designar um funcionário para ajudar a aluna a subir e descer as escadas. d) enviar o conteúdo das aulas e exercícios para o domicílio da aluna, para que ela possa acompanhar o curso. e) providenciar uma sala de aula no térreo até que a condição de acessibilidade da aluna seja resolvida. 7. A sociedade vem passando por muitas mudanças, em grande medida provocadas e potencializadas pelo avanço das tecnologias da informação. Na escola, tais tecnologias também se fazem presentes. Sobre o uso das tecnologias da informação na escola, assinale a alternativa CORRETA. a) Armazenamento em nuvem é uma tecnologia que permite o armazenamento de dados, tais quais planos de curso, planos de aula, sequências pedagógicas, textos de diversos gêneros, fotos, gravuras, dentre outros, num computador em sala de aula. Essa tecnologia garante que os dados estejam sempre 82 disponíveis ao professor e aos alunos. b) Webquest, correio eletrônico, hipertexto e o uso de tablet garantem a efetiva aprendizagem em sala de aula. c) Reálias e Phillips 66 são exemplos de tecnologias da informação que podem ser utilizadas na escola. d) São denominados como “nativos digitais” a população nascida após os anos 2010. e) Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva é uma das competências da BNCC. 8. A formação continuada de professores é o processo permanente de aperfeiçoamento dos saberes necessários à atividade docente, realizado ao longo da vida profissional, com o objetivo de assegurar uma ação docente efetiva que promova aprendizagens significativas. Para isso, uma característica crucial de um processo de formação continuada efetivo é contemplar as três dimensões da formação docente, quais sejam: a) A cultural, a pedagógica e a política. b) A científica, a física e a administrativa. c) A social, a administrativa e a política. d) A científica, a pedagógica e a pessoal. e) A estrutural, a pedagógica e a filosófica. 83 DEFICIÊNCIA VISUAL E TECNOLOGIA ASSISTIVA 6.1 DefICIÊNCIA VISUAL E AS FORMAS DE SIGNIFICAR O MUNDO Nesta unidade conversaremos sobre a deficiência visual e a tecnologia assistiva. Já sabemos, por meio de nossos estudos, que a criança com deficiência visual necessita ser estimulada o quanto antes. Os estímulos precisam ser sensoriais, motores e auditivos, pois ela depende desses sentidos para aprender, para interagir socialmente e se apropriar do conhecimento que a cerca. A criança cega, para aprender de fato, precisa vivenciar, experimentar, atuar sobre o objeto de sua aprendizagem. Tudo o que a rodeia deve chegar-lhe às mãos. Assim, juízos podem ser aflorados, conceitos podem ser construídos (ALMEIDA, 2014, p. 44). O avanço da tecnologia associado aos conhecimentos produzidos pela ciência possibilitou às pessoas com deficiência visual qualidade de vida, inserção no mercado de trabalho e, principalmente, na escola. Diversos recursos foram criados para que a pessoa com deficiência visual possa participar de atividades sociais além de ser um cidadão produtivo. Se pensarmos que o aporte visual é o grande responsável por uma parte da aprendizagem e da construção de conceitos acerca do mundo e suas significações pelas crianças videntes, perceberemos claramente que as crianças cegas podem, da mesma forma, apropriar-se da aprendizagem e das construções do mundo de uma forma muito parecida, porém, em um contexto diferente, a partir da valorização das suas experiências adquiridas e das relações sociais estabelecidas, na família e na escola. Para tanto, valorizar suas experiências táteis, auditivas e sinestésicas é tão importante quanto proporcionar intervenções que favoreçam a formação de conceitos por meio dos processos de significação, promovendo assim o desenvolvimento das funções psicológicas superiores (NUERNBERG, 2008, p. 314). No contexto da inclusão de pessoas com deficiência visual principalmente no 84 processo de alfabetização e construção de conhecimentos, os recursos diferenciados e a tecnologia assistiva se apresentam como uma opção de acessibilidade à informação e ao conhecimento, independentemente da cultura e das limitações de cada sujeito. No entanto, para além da Tecnologia Assistiva, é importantíssimo que uma das propostas metodológicas seja a reabilitação, não no sentido médico-terapêutico, mas, voltada para a estimulação dos sentidos remanescentes. Outro ponto a se destacar é a preocupação com o funcionamento psicológico superior: ações que potencializem a utilização da memória, da atenção concentrada, imaginação, pensamento conceitual entre outras. Essas ações pedagógicas necessitam também ser priorizadas no processo de alfabetização e ao longo da vida desses sujeitos, tanto no ensino regular quanto no ensino especial. Oferecer apenas recursos e tecnologia assistiva nunca será suficiente se o pensamento e as funções mentais superiores também não forem estimulados (RANGEL; GOMES, 2019). Figura 23: Estimulação auditiva e sensorial Fonte: Clínica de cuidados da audição e da fala (2020) Portanto, não basta trabalhar com tecnologia assistiva, recursos tecnológicos e outros, sem, no entanto, abrirmos possibilidades para o desenvolvimento dos processos cognitivos. Isso representa dizer que é importante promover a mediação da ação dos sistemas funcionais, possibilitar ao sujeito o desenvolvimento de habilidades que possibilitem não apenas a escolarização e a alfabetização, mas, também a sua autonomia. 85 Por diversas vezes nos deparamos com situações em que o aluno cego necessita se ajustar ao padrão de ensino do professor, muito ao contrário disso, é preciso que o caminho se inverta, ao docente cabe a tarefa de tornar o ambiente da sala de aula inclusivo e flexível nas formas de aprendizagem, de modo que atenda todos os alunos. A qualidade do trabalho não está ligada à homogeneidade dos processos educacionais, mas ao caso a caso, à singularidade e subjetividade de cada indivíduo que faz parte daquele ambiente. Assim, cabe ao docente ressaltar o que o aluno cego e os demais apresentam de pontos positivos, e não ressaltar as limitações. Essa ação representa considerar a capacidade de cada um, mobilizar a comunidade acadêmica quanto à flexibilização do currículo e as adaptações necessárias a cada aluno, ou seja, contemplar um currículo e uma proposta pedagógica que responda às necessidades individuais (RANGEL; GOMES, 2019). Já conversamos na unidade anterior o quanto é importante que o professor conheça cada aluno, a fim de que possa selecionar a tecnologia assistiva e os recursosmais adequados em cada situação. Vale ressaltar que cada aluno apresentará um tipo de deficiência visual e uma forma muito peculiar de lidar com essa limitação. Como já discutido, a falta de formação e de experiência docente, consiste em uma grande barreira no processo educativo. Ainda precisamos avançar muito não apenas no conceito de inclusão, como também na remoção de barreiras atitudinais. Envolver o aluno cego no mundo que o cerca, representa incluí-lo no conhecimento de mundo e nas relações sociais. Essas atitudes na escola promovem algo de muito decisivo no desenvolvimento global da criança cega: viver as experiências. Essas experiências representam tudo aquilo que nos cerca, que nos acontece, que nos permeia, que nos atravessa, que nos toca enquanto sujeitos (BONDÍA, 2002). Ou seja, aquilo que o sujeito interiorizou numa relação ativa com o mundo, compreendendo a si mesmo e dando sentido ao que o acontece. Está relacionada à forma como o homem foi tocado e se coloca diante do mundo. É diferente de estar informado, de saber o que se passa. A informação trata do saber, de uma relação em que se recebe um conteúdo ou um conjunto de ideias, enquanto a experiência versa sobre a interação e o sentido que cada um produz nessa relação de troca (RANGEL; GOMES, 2019, p. 42). 86 O que as autoras propõem é a importância de mediação do professor para que o aluno cego se aproprie de significados culturais, que podem surgir através do contato de situações e objetos que claramente são percebidos por eles. Baseando-se nas intervenções educativas citadas por Larrosa, as crianças cegas por meio de via alternativas desenvolvem uma forma singular de atuar na realidade por meio de formas de percepção funcional que equivalem a dos videntes. Não devemos perder de vista que os objetivos de aprendizagem para as crianças cegas devem ser os mesmos, porém, o que muda são as formas como a criança cega se apropriará dos conhecimentos. No próximo item, conversaremos sobre a tecnologia assistiva e a promoção da autonomia da pessoa com deficiência auditiva ou cega. 6.2 Tecnologia Assistiva Se pensarmos que existem diversos recursos e tecnologia assistiva, bem como uma grande necessidade de estimulação precoce, concluímos que desde cedo o aluno deficiente visual precisa ser exposto às mais variadas condições de estimulação sensorial, motora, cognitiva e auditiva. Isso quer dizer que ele precisa ter contato com o braile, recursos tecnológicos, fontes ampliadas, ou seja, tudo que puder auxiliá-lo na alfabetização e na vida, pois, a deficiência visual não compromete o desenvolvimento cognitivo, muito ao contrário, ele é potencializado se as condições e os recursos forem favoráveis à aprendizagem. Muitos professores acreditam que a sala de recursos se constitui de um espaço para que a pessoa com deficiência visual utilize alguns recursos tecnológicos para serem treinadas de forma tal que ela consiga executar suas tarefas com mais facilidade no cotidiano. A utilização desses recursos poderá, sim, auxiliá-la em seu cotidiano, porém, é preciso pensar a deficiência visual e os recursos tecnológicos para além de um mero treinamento. Se uma das funções dos recursos tecnológicos é auxiliar, então estamos nos referindo à tecnologia assistiva. 87 A tecnologia assistiva refere-se a Uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BERSCH, 2017, p. 2). A expressão tecnologia assistiva ganhou destaque na Convenção sobre os Direitos humanos das pessoas com deficiência da ONU em 1996. [...] a obra de Romeu Sassaki, tradutor oficial da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, introduziu a expressão “Tecnologia Assistiva” (TA) no Brasil, pela primeira vez, em 1996. A partir desse momento, o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT, 2007), apesar de manter este nome, decidiu padronizar a terminologia adotada por Sassaki por considerá-la uma tendência nacional já firmada no meio acadêmico, em organizações de pessoas com deficiência, em setores governamentais, em institutos de pesquisa e no mercado de produtos (LUGLI et al., 2016, p. 45). Assim, a tecnologia assistiva se firmou como um modo de expressar o que são produtos e serviços que promovem a qualidade de vida e a inclusão das pessoas com deficiência. A ideia é que a tecnologia assistiva possa auxiliar as pessoas com deficiência, por meio dos recursos a minimizar as limitações e as barreiras atitudinais e físicas, possibilitando a elas ter qualidade de vida e independência em qualquer ambiente, seja, na escola ou em outros âmbitos sociais. A tecnologia assistiva se divide em 11 categorias (BERSCH, 2017): auxílios para a vida diária; CAA (CSA) comunicação aumentativa (suplementar) e alternativa; sistemas de controle de ambiente; projetos arquitetônicos para acessibilidade; órteses e próteses; auxílios para surdos ou com déficit auditivo; adaptações em veículos https://bit.ly/3mW7AKD 88 adequação postural; auxílios de mobilidade; auxílios para cegos ou com visão subnormal; recursos de acessibilidade ao computador. Vamos avançando no raciocínio. Grande parte dos recursos ou ajudas técnicas ofertados pela tecnologia assistiva, necessitam de um computador, além disso, conhecer suas funcionalidades, por outro lado, muitas vezes ela não é acessível a uma grande parte da população com deficiência, principalmente a população cega, por falta de conhecimento sobre os equipamentos e condições financeiras para adquiri-los. Portanto, devemos pensar que a tecnologia assistiva em si, não resolve os problemas da acessibilidade e inclusão, mas, para quem as conhece e utiliza, ela é uma facilitadora do processo de inclusão. 6.3 Tecnologia para cegos Na área da deficiência visual a tecnologia é pensada com o objetivo de que os cegos ou deficientes visuais sejam capazes de utilizar a tecnologia e ao mesmo tempo serem favorecidos na construção da autonomia pessoal e integração social e escolar. Adaptações para cegos: Sintetizador de voz ou leitor de tela: são softwares de interação entre cego e computador. O cego consegue ouvir todo o conteúdo que está sendo apresentado na tela do computador; Linha Braile: é um equipamento que precisa estar conectado ao computador. Ele possui uma linha régua de células braile, que se movimentam para cima e para baixo, nesse movimento ela transcreve em braile o texto que está na tela do computador, linha a linha. 89 Figura 24: Linha Braille Fonte: Biblioteca FEA/USP (2019) Braile falado: é um parelho que possui um teclado braile e saída por meio de voz sintetizada. Além disso, ele oferece também editor de textos, agenda entre outras funções, e pode ser conectado ao computador. Figura 25:Braille falado Fonte: Biblioteca FEA/ USP (2019) Adaptações para deficientes visuais: Programas de ampliação de telas: softwares que ampliam o conteúdo da tela do computador; https://bit.ly/3hqMClG 90 Figura 26: Softwares de ampliação Fonte: Biblioteca FEA/USP (2019) Lupa: ampliador de textos. Como já dissemos, os recursos são muitos, porém, os preços ainda são pouco acessíveis e as informações e conhecimento de como utilizá-los ainda é de domínio de uma minoria.91 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Segundo Amorim & Alves (2008), quando a criança cega é bem estimulada e recebe o apoio necessário nos primeiros anos de vida, ela chega aos 3 ou 4 anos de idade com um desenvolvimento bem próximo da criança que vê. São aquisições fortemente relacionadas entre si e, ao surgirem, indicam que a criança está preparada para brincar com outras crianças, sair do espaço pessoal e restrito de sua casa, explorar outros lugares e ter novas vivências. Nessa fase, existem critérios que devem ser observados quanto ao desenvolvimento da criança cega. Assinale a alternativa que apresenta todos os itens corretos. a) Coordenação motora global; coordenação motora fina; linguagem; relação com o mundo. b) Relação com o mundo; coordenação motora fina; leitura do sistema Braille; linguagem. c) Leitura do sistema Braille; coordenação motora global; linguagem; coordenação motora fina. d) Utilização do soroban; relação com o mundo; leitura do sistema Braille; coordenação motora fina. e) Coordenação motora global; linguagem; leitura do sistema Braille; relação com o mundo. 2. Conforme relata Amorim & Alves (2008), o professor deverá atender as necessidades educacionais específicas da criança cega, trabalhando os requisitos prévios para a alfabetização em Braille. Para que esse objetivo seja alcançado, é importante saber quais são esses pré-requisitos e como as atividades comuns da escola podem ser usadas e adaptadas para que a criança cega consiga desenvolvê-los. Entre eles, o professor deverá ensinar I. as noções básicas de espaço e tempo: acima/abaixo, à frente/atrás, em cima/embaixo, antes/depois, rápido/ devagar etc. II. a percepção das relações espaciais: saber utilizar e interpretar os conceitos espaciais básicos em si mesma, em outras pessoas, em objetos em relação a si mesma, em objetos em relação a outros objetos. 92 III. as noções básicas de formas e tamanhos: ter conhecimento de formas geométricas (do tridimensional ao bidimensional, até chegar às representações gráficas), e diversos conceitos relacionados a tamanhos e medidas (grande/médio/pequeno; alto/baixo; comprido/ curto). Está correto o contido em a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. Para a aprendizagem da escrita Braille é preciso refinar as destrezas de manipulação, o uso da força da mão (dosar intensidade) e a flexibilidade de punhos e dedos. Dentre as atividades que o professor poderá oferecer ao aluno com deficiência visual, pode-se citar: I. jogos de enfiagem com contas de diversos tamanhos e formas; atividades com pintura a dedo, massinha, areia, argila. II. brincadeiras infantis com o uso das mãos (passa-anel); fazer e desfazer nós em diversos materiais (cordas, barbantes, lãs). III. brincadeiras de roda; lenço atrás; dança das cadeiras; danças folclóricas. Está correto o que consta em a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III. 4. Conforme Brasil, MEC (2003), os professores que trabalham com crianças com deficiência visual necessitam conhecer as habilidades básicas de mobilidade, como também os conceitos e as técnicas que antecedem a aprendizagem do uso da bengala longa. 93 A primeira técnica a ser ensinada e que se constitui num dos meios mais eficientes para familiarizar a criança com os espaços físicos da escola, principalmente a sala de aula, é a técnica a) de proteção superior. b) para localização de portas fechadas e trincos. c) do guia vidente. d) de proteção inferior. e) para detecção e exploração de objetos. 5. Segundo Brasil, MEC (2003), nos casos dos alunos com deficiência visual que tenham algum tipo de percepção visual, esta deve ser utilizada ao máximo na orientação e mobilidade, devendo o professor estar atento para I. as pistas visuais do ambiente como focos luminosos que podem fornecer ao deficiente visual indicações de corredores, portas e janelas abertas, cantina e outros locais da escola. II. os objetos coloridos existentes na escola, uma vez que poderão servir como ponto de referência para a orientação do aluno. III. conhecer a capacidade visual existente, como ela se apresenta e como o aluno faz uso dela. Está correto o contido em a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. 6. Conforme relata Brasil, MEC (2003), as técnicas de autoajuda na orientação e mobilidade deverão ser incluídas o mais precocemente possível, pois constituir-se- ão nas bases da segurança e confiança na locomoção, tornando-se hábitos indispensáveis que evitarão que o aluno com deficiência visual caminhe agitando os braços de forma incontrolada. 94 Entre elas, a técnica que tem como objetivo proporcionar ao aluno com deficiência visual proteção da parte frontal e inferior do tronco, detectando obstáculos na altura da cintura e órgãos genitais, é a técnica a) de localizar cadeira e sentar-se. b) de proteção superior. c) de proteção inferior. d) de localização de objetos caídos. e) diagonal da bengala. 7. Segundo Amorim & Alves (2008), a iniciação das atividades da vida prática deve ocorrer no lar, mas as vivências na rotina escolar oferecerão um campo para complementar o ensino e a prática dessas habilidades. O professor deve, além da orientação verbal, ter a sensibilidade de utilizar todos os momentos na escola para implementar esse aprendizado, aproveitando I. as brincadeiras simbólicas (brincar de casinha; feirinha); as festinhas de aniversário, estimulando a criança cega a experimentar a diversidade de texturas, segurar alimentos com a mão, usar guardanapo. II. a mesa coletiva de trabalho, ajudando a criança a dispor seus pertences, a dividir o espaço com os colegas, estimulando para que tenha senso de organização e hábito de guardar as próprias coisas. III. a hora do lanche para estimular os bons modos à mesa, como mastigar com a boca fechada e sem fazer barulho, não encher muito a boca e desenvolver hábitos de cordialidade no convívio social. Está correto o contido em a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. 95 8. Existem inúmeras brincadeiras e jogos que podem ser utilizados na fase da educação infantil. No caso de crianças cegas e com baixa visão, deve-se oferecer uma seleção de brincadeiras que envolvam conceitos matemáticos de quantificação e ordenação de objetos e que constituem a base do pré-soroban. Dentre as brincadeiras corporais propostas no pré-soroban, tem-se: a) lenço atrás; brincadeiras de roda; dança das cadeiras. b) dança das cadeiras; jogo do nunca dez; ovo choco. c) caixa oculta; caixa vazada; brincadeiras de roda. d) olho vivo; bloco oculto; caixa oculta. e) lenço atrás; jogo do nunca dez; olho vivo. 96 DEFICIÊNCIA FÍSICA 7.1 Conceitos gerais Sabemos que a luta pela inclusão remonta desde a Antiguidade e Idade Mé- dia, períodos em que as pessoas não tinham direito a vida e nem mesmo à dignidade. Foram exterminadas, segregadas e integradas. Passaram por períodos assistencialistas, foram consideradas pela Igreja como castigos para as famílias, foram abandonadas e desamparadas. A luta pela inclusão é antiga e ainda se estenderá por muito anos, pois, é atravessada pelas barreiras atitudinais, preconceito e discriminação. Por outro lado, precisamos reconhecer que o espaço da inclusão vem ganhando força e conquistando espaços ao longo dos anos. Os movimentos sociais, as Ongs, os conselhos, os Núcleos de Inclusão institucionalizados nas escolas,as políticas públicas vêm cada vez mais reforçando e implementando as práticas inclusivas como direito assegurado por lei. Todos esses movimentos asseveram que reconhecer a diversidade, é caminhar para a inclusão, ou seja, legitimar as potencialidades do sujeito e não enfatizar as suas diferenças. Seria uma mudança de paradigmas. A limitação física e intelectual não pode estar à frente do aprendizado como um dificultador do processo de aprendizagem, se considerarmos a heterogeneidade da sala de aula bem como as diferenças e ritmos de aprendizagens. Muito ao contrário, às pessoas com deficiência devem ser dadas oportunidades para que elas possam aprender a partir do princípio da igualdade e equidade em relação ao aluno sem deficiência. Assim, nessa unidade trabalharemos com o tema deficiência física e seus atravessamentos no processo de aprendizagem, bem como formas e práticas pedagógicos que possam incluir com dignidade essas crianças no ambiente escolar, considerando a remoção das barreiras atitudinais e de infraestrutura que muitas escolas e comunidade escolar ainda apresentam. 97 Ao pensarmos em deficiência física, alguns pontos devem ser sumariamente considerados para o processo de inclusão, seja na sala de aula regular, ou na sala de recursos. Figura 27: Fatores que impedem/dificultam a inserção social e escolar Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) Vale ressaltar que não são apenas esses fatores que interferem, dificultam e até mesmo impedem que a pessoa com deficiência seja inserida socialmente e seja escolarizada. Se você parar para pensar, conseguirá enumerar diversos outros fato- res. Observe na figura que cada fator se liga ao outro, não ocorrem de forma isolada, o que nos leva a crer que o prejuízo é ainda maior. Iniciemos a discussão pelo fator parceria. Como é do conhecimento de todos, não é possível pensar a inclusão e a Educação Especial se escola, família e profissionais de apoio não estiverem todos trabalhando na mesma direção, procurando condições cômodas de aprendizagem além do acesso e estabilidade da pessoa com deficiência na escola. Já a acessibilidade, está relacionada ao espaço por onde essa pessoa circula, 98 as condições de utilização de forma segura e autônoma, os equipamentos disponíveis, mobiliários, estruturas das edificações, comunicação, transportes, tecnologia aplicada, serviços privados ou públicos etc. A formação continuada está diretamente relacionada ao docente em sala regular, ao professor da sala de recursos e professor de apoio. Conhecer inicialmente o aluno, sua história de vida, singularidades e subjetividades, é o primeiro passo. Buscar informações com a família e profissionais de apoio, além de estar em constante formação garante tanto do docente quanto ao aluno, segurança para as práticas pedagógicas a serem desenvolvidas. O professor precisa se atualizar, se capacitar, buscar informações e estudos recentes da área em que atua. Com relação à metodologia, ela está atrelada à formação do professor e à sua capacidade de não homogeneizar as práticas metodológicas, amparando-se na singularidade de cada um, no caso a caso, na necessidade de constante atualização e nos feedbacks fornecidos pelas famílias e profissionais de apoio. Não decidimos o que o aluno consegue/deve aprender, mas, podemos decidir quais possibilidades daremos a ele. E finalmente, a informação está diretamente ligada à formação, à parceria, à metodologia a acessibilidade. Estar informado do que podemos fazer, como fazer e para quem fazer, é uma ação imprescindível na inclusão. Não existe inclusão sem informação. Figura 28: A falsa inclusão no mundo real Fonte: Ferraz (2020) 99 Avancemos um pouco mais! O que quer dizer deficiência? De acordo com o Art. 2º da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, LBI (2015): Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua par- ticipação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Destrinchemos o Art. 2º. Para que a pessoa seja considerada deficiente, é necessário que haja impedimentos de ordem física, intelectual, mental ou sensorial e que esses impedimentos associados às barreiras atitudinais, estruturais, ou outras barreiras quaisquer que as impeçam de participar ou de serem inseridas na sociedade nas mesmas condições que as demais pessoas que não apresentam nenhum tipo de impedimento físico, sensorial, intelectual ou mental. Por outro lado, a deficiência apresentada necessita ser avaliada quando for necessário por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar: § 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; IV - a restrição de participação (BRASIL, Lei Nº 13.146, de 6 de Julho de 2015, 2015, p. Art. 3º) Observem que a lei resguarda tudo que que já discutimos até agora, contudo a realidade escolar e social nos apresenta um cenário muito diferente do que é proposto pela legislação. Outro ponto a se destacar, que além da referência em relação à avaliação biopsicossocial, a LBI enfatiza que é necessário considerar “os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo”, o que nos garante o entendimento que as pessoas com deficiências físicas estão resguardadas mediante a legislação, no que tange a avaliação e os direitos à participação social e escolar de forma autônoma. Se ainda considerarmos a aplicação da LBI, observaremos que ela foi pensada em todos os âmbitos da vida da pessoa com deficiência, seja ela qual for a deficiência, nessa unidade especificamente, destacaremos a deficiência física. Mediante a aplicação da LBI e a situação em que se encontra a sociedade e as escolas, percebemos o quanto ainda falta às pessoas acerca da informação e 100 o quanto ainda é necessário adaptar o “mundo” e as escolas a fim de atender com plenitude essas pessoas que se encontram à margem da sociedade, dadas as con- dições de suas limitações. Observem atentamente quais quesitos o Art. 3º da LBI (2015) considera para a aplicação da Lei: I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva; III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social; IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação,10.2 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM CASOS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA ........................................................................................ 143 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 149 INGRESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA EM UNIVERSIDADES BRASILEIRAS ............................................................... 155 11.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR ....................... 155 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 163 DESENHO UNIVERSAL E ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA .............................................................................. 170 12.1 DESENHO UNIVERSAL E ACESSIBILIDADE ....................................................... 170 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 174 TECNOLOGIA EM CONTEXTO ............................................................... 179 13.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 179 13.2 CONCEITUANDO A TECNOLOGIA ................................................................. 183 13.3 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: TICS ....................... 185 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 187 UNIDADE 08 UNIDADE 09 UNIDADE 10 UNIDADE 11 UNIDADE 12 UNIDADE 13 7 TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO E INCLUSÃO ............................................. 194 14.1 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO .......................................................................... 194 14.2 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS E INCLUSÃO ....................................................... 197 14.3 CONCEITOS E OBJETIVOS DA TECNOLOGIA ASSISTIVA............................... 198 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 202 DESENHO UNIVERSAL DA APRENDIZAGEM .......................................... 207 15.1 DESENHO UNIVERSAL DA APRENDIZAGEM E A TECNOLOGIA ASSISTIVA ... 207 15.2 PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO DESENHO UNIVERSAL DA APRENDIZAGEM .......................................................................................................................... 211 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 215 VESPAÇO ESCOLAR E O USO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS .......... 221 16.1 PROFESSOR, TECNOLOGIA ASSISTIVA E ESTRATÉGIAS ................................. 221 16.2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS ....................................................................................................... 226 16.3 COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA ..................................................................... 228 16.4 COMPREENDENDO O PCS .............................................................................. 230 16.5 BOARDMAKER E O SPEAKING DYNAMICALLY .............................................. 231 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 235 INCLUSÃO E ENSINO SUPERIOR ............................................................ 240 17.1 INCLUSÃO ASSISTIVA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR ......................................... 240 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 247 EDUCAÇÃO ESPECIAL E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS ........................... 252 18.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E TECNOLOGIA ASSISTIVA ........................................ 252 18.2 AEE E SEUS OBJETIVOS .................................................................................... 257 Deficiência Intelectual ........................................................................ 258 Deficiência Visual ................................................................................. 258 Surdez ..................................................................................................... 258 Altas Habilidades/Superdotação: .................................................... 259 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................. 260 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 265 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 268 UNIDADE 14 UNIDADE 15 UNIDADE 16 UNIDADE 17 UNIDADE 18 8 CONFIRA NO LIVRO Nesta unidade abordaremos o conceito de deficiência ao longo da história, suas características, classificações e causas. Nesta unidade conversaremos sobre a história da deficiência visual no Brasil. Nesta unidade abordaremos as causas da deficiência visual, provocada por fatores congênitos ou hereditários. Nesta unidade conversaremos sobre a Educação Especial como o ramo da Educação que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas com deficiência. Nesta unidade conversaremos sobre o sistema Braile, muito usado pelas pessoas cegas e com baixa visão. UNIDADE 01 C UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 9 Nesta unidade conversaremos sobre a deficiência visual e a tecnologia assistiva. Nessa unidade trabalharemos com o tema deficiência física e seus atravessamentos no processo de aprendizagem, bem como formas e práticas pedagógicas que possam incluir com dignidade essas cri- anças no ambiente escolar, considerando a necessidade de remoção das barreiras atitudinais e de infraestrutura. Nesta unidade conversaremos sobre o conceito de deficiência, os processos culturais e os estigmas como causadores da exclusão social. Nesta unidade conversaremos sobre a paralisia cerebral, e os comprometimentos provocados por ela, no que diz respeito aos aspectos físicos e intelectual. Nessa unidade conversaremos sobre a atendimento educacional especializado em casos de deficiência física, passando rapidamente pela história da deficiência no Brasil e o histórico da educação especial. Nesta unidade trataremos da inserção da pessoa com deficiência física Ensino Superior, dos desafios enfrentados por alunos e instituições de ensino com relação a infraestrutura e mobiliários, além das dificuldades pedagógicas. UNIDADE 01 UNIDADE 07 UNIDADE 08 UNIDADE 09 UNIDADE 10 UNIDADE 11 10 Nesta unidade conversaremos sobre o desenho universal, Tecnologia Assistiva e a acessibilidade para a pessoa com deficiência física. Nessa unidade discutiremos alguns aspectos teóricos e conceituais acerca das tecnologias, a fim de pensarmos a tecnologia assistiva como recursos que viabilizam a autonomia e promovem a acessibilidade à pessoa com deficiência. Nessa unidade conversaremos sobre o quanto é necessário se desvincular dos padrões tradicionais para nos aliarmos à tecnologia como ferramenta, recurso do processo de aprendizagem. Nesta unidade conversaremos sobre o desenho Universal da Aprendizagem sua concepção objetivo e aplicação em sala de aula. Nessa unidade conversaremos sobre o espaço escolar e o uso das tecnologias assistivas, e as estratégias didática que podem ser utilizadas para aumentar o desempenho do aluno com deficiência. Nessa unidade conversaremos sobre a educação inclusiva no ensino superior, as adpatações necessárias para as universidades e os desafios encontrados pelo aluno com deficiência. UNIDADE 12 UNIDADE 13 UNIDADE 14 UNIDADE 15 UNIDADE 16 UNIDADE 17 11 Conversaremos nessa unidade sobreà compreensão, à circulação com segurança[...] VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais[...]; IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso [...] ; XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas; 101 XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com defici- ência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal. O que se percebe pelo Art. 3º que suas definições apontam para uma mudança social, no que se refere a acessibilidade, desenho universal, TA, remoção de barreiras urbanísticas, atitudinais, arquitetônicas de transporte, e também em relação à escola, quando define como exigência a presença do profissional de apoio e do acompanhante quando necessário. Se avançarmos um pouco mais nas entrelinhas da LBI, perceberemos que as mudanças propostas tanto no nível social quanto no escolar, além de promover a acessibilidade para as pessoas com deficiência física, promove também melhores condições para a população e o alunado que não apresenta deficiência. Mesmo não sendo cumprida na íntegra, a LBI reconhece as diferenças e as necessidades específicas de cada sujeito, e ainda, propõe uma alternativa para minimizar os impactos da deficiência e promover qualidade de vida. Um ponto que merece destaque no Art. 3º, refere-se as barreiras, que se dividem em atitudinais, urbanísticas, arquitetônicas e de transportes. Você já pensou sobre algumas dessas barreiras e nos impactos que elas podem causar no cotidiano de uma pessoa com deficiência, um idoso, uma pessoa obesa ou uma gestante? Observe como a acessibilidade é importante para todas as pessoas. Esse carrinho que deveria ser encontrado em todos os supermercados, é um recurso que auxilia cadeirantes, idosos, gestantes, pessoas obesas e pessoas com locomoção reduzida. Você já parou para pensar ou observou em quais supermercados encontramos esse tipo de recurso que auxilia não apenas na locomoção, como também promove a autonomia das pessoas? https://bit.ly/3thxJaY 102 Figura 29: Acessibilidade em supermercados Fonte: Leis à Sociedade (2013). Disponível em: https://bit.ly/3anAUoX. Acesso em: 13 nov. 2020 Quando pensamos que a acessibilidade reflete na vida de todos, estamos re- alizando conjecturas que vão afora da deficiência, abordando a qualidade de vida, segurança, respeito à diversidade, equidade e igualdade. A remoção de barreiras possibilita a todas as pessoas o direito de ir e vir estudar, participar de movimentos sociais, direito ao lazer, transporte, locomoção evitando que elas sofram ações preconceituosas, discriminatórias e constrangimentos. Figura 30: Assento para obesos Fonte: Shimosakai (2011, online) https://bit.ly/3anAUoX 103 Quando pensamos em ações preconceituosas, discriminatórias e constrangimentos, tendemos logo de início nos retirarmos desse campo e nos colocarmos como pessoas que não praticam essas ações. Mas, será que na vida real isso funciona mesmo dessa forma? https://bit.ly/3tiHF3Z https://bit.ly/3jak0Oz https://bit.ly/3cqLgXX 104 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (CETREDE, 2016 ) Dados do IBGE revelam que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) considerou quatro tipos de deficiências: auditiva, visual, física e intelectual. Os dados revelam ainda que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. Quais são os fundamentos legais dos que defendem a inclusão escolar das pessoas com defi- ciências? O direito à educação, o direito de frequentar a escola comum (junto com os ditos “normais”), o direito a aprender nos “limites” das próprias possibilidades e capacidades são decorrentes do direito primordial à convivência, até porque é na convivência com seres humanos – “normais” ou diferentes – que o ser humano mais aprende. a) LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. b) Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. c) Estatuto da Criança e do Adolescente. d) Nova Escola para aprender a ler, escrever e contar. e) Política Nacional de Educação Especial. 2. (CETRED, 2019) Leia as afirmativas a seguir e classifique-as em VERDADEIRA ou FALSA. ( ) A escola comum pode negar matrícula a determinados alunos com deficiência, se não se sentir em condições de atendê-los. ( ) A Educação Especial é uma modalidade de ensino que garante o AEE. ( ) O professor do AEE define os conteúdos escolares e as práticas pedagógicas que os professores comuns adotarão em suas turmas para os alunos com deficiência. ( ) Os professores de escola comum só poderão aceitar, em suas salas de aulas, alunos com deficiência intelectual, física, visual, pessoas com surdez, entre outros, caso tenham uma formação anterior em que aprendam os conhecimentos relativos à educação especial. ( ) A Sala de Recursos Multifuncionais é um espaço organizado preferencialmente em escolas comuns das redes de ensino. Na https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/cetrede 105 impossibilidade de existência de uma sala de recursos em cada escola comum, a escola que possuir pode atender às escolas mais próximas. a) F – V – F – F – V. b) V – V – F – V – V. c) F – F – V – V – V. d) F – V – F – F – V. e) V – V – F – F – V. 3. (IBADE, 2020) Observe as falas de três profissionais da educação acerca da im- plantação de um projeto “inclusão”, com a atuação de monitores educacionais para pleno atendimento a alunos especiais. _ “Grandes são os desafios do projeto de inclusão de monitores educacionais; a escola não foi capacitada para receber os alunos com deficiências, não temos uma estrutura adequada que proporcione ao aluno um ambiente de aprendizado e lazer. Outra dificuldade são as adaptações do currículo que são necessárias para se trabalhar. ” (Professora A de uma escola da rede municipal). _ “O projeto é desafiador pois, incluir é novo para a escola, e tudo que é novo no início gera medo; entre as dificuldades vejo que o que mais precisa de atenção é a formação adequada pra toda a comunidade escolar e a estrutura física das escolas” (professora B de outra escola municipal). _ “Muitas são as dificuldades que encontramos, entretanto, houve um grande avanço na educação inclusiva na nossa cidade. A nossa escola, ao construir um projeto em que nossos alunos com deficiências trabalham lado a lado com monitores educacionais, um grande passo foi dado no processo de aprendizagem pois, não somente os alunos aprendem e se desenvolvem mais, como também toda a escola, desde os auxiliares de limpeza, os professores, gestores, os alunos ditos “normais”, como toda a sociedade”. (Orientadora pedagógica de escola da rede privada) Acerca das falas das três profissionais, pode-se afirmar que a) a necessidade de as escolasse adequarem às necessidades dos alunos, com 106 adaptações na estrutura física de modo que as tornem escolas acessíveis é claramente dita pelas profissionais; todavia sabe-se que nem toda deficiência necessita de adequações na estrutura física do prédio, sendo então necessária uma reflexão mais profunda para que a adaptação física seja o complemento de uma escola inclusiva e não se torne ponto excludente. b) as profissionais deixam claro que estão de acordo com a implantação do projeto e não sinalizam dificuldade alguma para o ingresso de alunos especiais ou de mo- nitores educacionais que desenvolverão as atividades complementares com os alunos. c) a indicação de que as escolas ainda não estão preparadas para atender e realizar a inclusão é real, visto que não existe projeto que resista às barreiras da acessibilidade, mesmo contratando todos os monitores educacionais disponíveis. d) as profissionais deixam claro que não estão de acordo com a implantação do projeto e rejeitam a ideia, pois a escola não está adaptada para oferecer educação inclusiva plenamente. e) as dificuldades de implantar um processo inclusivo e eficaz que atenda a todos, construído sobre alicerces sólidos que vise o acolhimento e a permanência de todos, garantido uma educação de qualidade, com certeza encontra todas as condições necessárias, visto que as profissionais não nomeiam nenhum tipo de dificuldade. 4. (VUNESP, 2019) Em uma escola da Rede Municipal de Educação de Campinas, foi matriculado um aluno com deficiência física, cadeirante. De início, educadores e equipe gestora ficaram apreensivos por não se considerarem aptos a atender o aluno na sala comum. No entanto, a Unidade Educacional, de acordo com Portaria SME no 69/2018 (Regimento Escolar Comum da Rede Municipal de Ensino de Campinas) e com o apoio das instâncias competentes da SME, deve organizar, de acordo com as necessidades do aluno, dentre outras ações: a) um auxiliar de classe; apoio para higiene e alimentação; atendimento educacional especializado; atendimento em escola especial; articulação com a rede de apoio local; transporte adaptado para as atividades extras. b) recursos de comunicação alternativa; transporte adaptado; alimentação pastosa; 107 apoio em orientação e mobilidade; articulação com a rede de proteção do território de moradia do aluno; metodologias ativas e ensino híbrido e oferta do AEE. c) a adaptação curricular; modificação da estrutura da edificação; rampas e corri- mãos; língua de sinais; apoio para locomoção e higiene; articulação com os centros de saúde locais e instituições de educação especial para AEE. d) apoio às atividades escolares, de alimentação e locomoção; adaptação curricular; comunicação alternativa com uso de calendários; atendimento em contraturno escolar em instituição especializada; tecnologia assistiva. e) apoio às atividades escolares, de alimentação, higiene e locomoção; oferta do AEE; flexibilização e adaptação do currículo, respeitadas as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica; articulação das políticas públicas intersetoriais. 5. (IBADE, 2019) O objetivo da Educação Inclusiva é: I. garantir que todos os alunos com ou sem deficiência participem ativamente de todas as atividades na escola e na comunidade. II. realizar mudanças na estrutura física, somente se tiver algum educando com necessidade especial. III. manter os educandos no mesmo espaço da escola, assim evita de oferecer muitas informações espaciais. IV. que as condições de uso dos espaços e dos equipamentos possam ser alcançados por todos na realização de atividades por todas as pessoas. a) I. b) I e IV. c) IV. d) II e III. e) III e IV. 6. (Vunesp, 2016)6- Andrade e Freitas (2016) relatam algumas experiências didáticas nas quais professoras de Educação Física promovem a inclusão de alunos com deficiência nas aulas. As ações dessas professoras são assim descritas: “[...] elas convocam os alunos a realizarem as atividades, orientam, explicam, 108 demonstram e, assim, pelas relações intersubjetivas, os conteúdos trabalhados vão se tornando significativos para os alunos com deficiência e esses realizam as tarefas, tendo, como os demais, possibilidades de aprendizagem na escola regular.” A conclusão a que se chega é que: a) as professoras agem dessa maneira porque o seu olhar para as deficiências é pelo viés biológico. b) as professoras agem dessa maneira porque o seu olhar para as deficiências não contempla a perspectiva da construção social do currículo. c) os currículos devem ser tomados como construção social, e é necessário conside- rar as condições concretas das escolas e as singularidades de seus alunos. d) o ensino obtém sucesso quando as atividades são propostas sem a ilusão de imaginar o que o aluno com deficiência poderia ser capaz de fazer e aprender. e) os procedimentos didáticos seriam bem diferentes caso os docentes analisados fossem do sexo masculino e, por isso, menos sensíveis aos problemas dos alunos com deficiência. 7. (IBADE, 2020) Antes, nós tínhamos a escola regular e a escola especial, separadamente. A educação inclusiva aparece para acabar com essa separação. Ela é a educação especial dentro da escola regular com o objetivo de permitir a convivência e a integração social dos alunos com deficiência, favorecendo a diversidade. A educação inclusiva não é a mesma coisa que a educação especial. A educação especial é uma modalidade de ensino que tem a função de promover o desenvolvimento das habilidades das pessoas com deficiência, e que abrange todos os níveis do sistema de ensino, desde a educação infantil até a formação superior. Ela é responsável pelo atendimento especializado ao aluno e seu público-alvo são os alunos com algum tipo de deficiência (auditiva, visual, intelectual, física ou múltipla), com distúrbios de aprendizagem ou com altas habilidades (superdotados). A educação inclusiva é uma modalidade de ensino na qual o processo educativo deve ser considerado como um processo social, em que: 109 a) o ensino a distância não pode ser utilizado como complementação da aprendizagem. b) as comunidades indígenas e quilombolas não se encontram contempladas. c) todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização. d) é fundamental o fortalecimento dos vínculos com as famílias e demais redes de apoio. e) o ensino religioso faz parte integrante da formação básica em prol da cidadania. 8. (FGV, 2016) Uma escola da rede municipal de Paulínia deve receber, no próximo ano letivo, crianças com diferentes tipos de deficiência física. A diretora, desde que soube de tal situação, começou a se reunir regularmente com os membros da equipe de gestão, os educadores, funcionários, alunos e pais com a finalidade de adequar e rever o projeto político-pedagógico da escola. A esse respeito, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa. ( ) O projeto político-pedagógico, referência para definir a prática escolar, deve ser construído no âmbito da escola observando as necessidades educacionais especiais dos alunos. ( ) O projeto político-pedagógico deve observar o princípio da flexibilização, para que o acesso ao currículo seja adequado às condições dos discentes, respeitando seu caminhar próprio. ( ) O projeto político-pedagógico deve prever adaptações físicas no prédio escolar e nas áreas livres, na sala de aula e no mobiliário para receber esses alunos de forma satisfatória. As afirmativas são, respectivamente, a) V, V e F. b) V, V e V. c) F, V e V. d) V, F e V. e) F, V e F. 110 CULTURA E DEFICIÊNCIA 8.1 O DEFICIENTEE SUA IMAGEM Nesta unidade conversaremos sobre o conceito de deficiência, os processos culturais e os estigmas como causadores da exclusão social. Sabemos que culturalmente e desde a antiguidade as pessoas que exibiam qualquer tipo de deficiência eram nomeadas de “aleijados, retardados, idiotas, mancos” entre outras denominações pejorativas. Atualmente, ainda carregamos culturalmente um significado estigmatizante para a palavra “deficiente”, em que a inclusão ou a exclusão são definidas ou determinadas pela normalidade na aparência ou pela invisibilidade social dos sujeitos dados as suas características físicas, desviantes do padrão estabelecido socialmente. Figura 31: A cara da deficiência Fonte: Carbonari (2017, online) 111 O que vemos na imagem reflete a ideia da exclusão por meio da aparência física da personagem. Ao se sentar no banco preferencial sem apresentar visual- mente alguma deficiência é definida como uma pessoa “folgada” que ocupa um lugar que não lhe pertence. Para explicar que ela não estava ocupando o lugar preferencial inadequadamente foi necessário mostrar a outra passageira que era deficiente e usava uma prótese, o que lhe garantia o assento. A resposta da passageira que estava em pé é que “você não tem cara de deficiente”, ou seja, isso nos sugere pensar que práticas de exclusão estão vinculadas diretamente à imagem corporal e intelectual construída pela sociedade. Somos influenciados pela dimensão cultural. Imaginem se as pessoas com deficiência física fossem tratadas socialmente não pela dimensão cultural, mas, pela sua totalidade enquanto sujeito biológico, psicológico e ser social. Será que teríamos a dimensão da exclusão? Conseguiríamos enxergar para além da aparência física e intelectual? Vocês já pararam para pensar que todas as mudanças referentes à inclusão social vieram de momentos tensos, provenientes de movimentos sociais, regras, decretos e leis? Isso não quer dizer naturalmente que exista um determinismo social e que não exista espaço diferença. Contudo, o que se desvia do padrão “normalidade”, em qualquer lugar do mundo ou cultura, infelizmente não é inserido socialmente, por não apresentar os mesmos padrões sociais. Assim, as tensões são criadas. Se voltarmos na história da deficiência ao logo das décadas, verificaremos que apesar da exclusão e do preconceito já existirem desde muito tempo, a sociedade não é algo imutável, ao contrário, é dinâmica e viva, porque está sempre se ajustando aos problemas históricos, sociais, às desigualdades e até mesmo à relações de poder exercidas por uma minoria. Quando olhamos para a história da deficiência, percebemos quantos símbolos negativos são atribuídos aos deficientes e quantos movimentos sociais estão lutando 112 contra eles até atingirmos a meta. Isso não significa que devemos parar porque o fizemos muito empregos. Opostamente a essa ideia, é preciso refletir que ainda há muito a se fazer, a se construir e a incluir, incluir principalmente uma outra forma de pensar e de enxer- gar socialmente e culturalmente a deficiência. Isso quer dizer enxergar e pensar no sujeito, depois em sua limitação e concomitante, o que fazer para melhorar a qualidade de vida e a inserção social e escolar desses sujeitos. Se a questão da deficiência e da existência do ser humano inicialmente passa pelo corpo em suas diferenças anatômicas, podemos concluir que o nosso corpo é a nossa representação de ser humano, e por isso adquire importância na nossa vida e na nossa cultura (MERLEAU-PONTY, 1971). A partir da reflexão da autora podemos pensar como a pessoa com deficiência foi e ainda é “desumanizada” em nossa sociedade e cultura, passando pelo extermínio, segregação, integração e atualmente inclusão. Ela precisa ser incluída porque seu corpo não a representa como ser humano. Já pararam para pensar nisso? O modo de vida ou o simples fato de existir é mediado pelo corpo que é uma apropriação da nossa cultura. Com o corpo nos podemos viver e nos relacionar por meio dele. A percepção social está vinculada à percepção do nosso corpo, e isso explica como são vistas as pessoas com deficiência física. Se o que vemos, é o corpo, e esse corpo se apresenta anatomicamente de forma diferente dos demais, ele deixa de fazer parte de um grupo para fazer parte de outro grupo que apresente membros com as mesmas semelhanças. Se enquanto docentes ou membros de uma comunidade escolar nos apropriarmos dessa ideia de que não somos apenas corpo biológico “adequado ou não aos padrões sociais”, mas, somos seres humanos, seremos capazes de compreender as limitações e as diferenças, bem como, valorizar as experiências acumuladas de cada um, refletir sobre as contribuições que cada pessoa pode dar além de elevar a qualidade da vida psíquica das pessoas com deficiência física em relação à sua autoimagem social. Pensando nisso podemos identificar três modelos ou tipos de história de vida entre as pessoas com deficiência física (GOFFMAN, 1982): O primeiro modelo refere-se a sujeitos que nascem com alguma deficiência 113 física congênita, mas que tiveram a oportunidade de se inserir socialmente com a deficiência. Nesse caso, família e escola são parceiras e conseguem minimizar os impactos negativos promovidos pela diferença. Essas crianças apresentam mais chances de se desenvolverem psicologicamente e pedago- gicamente, adaptando-se às situações do cotidiano; O segundo, refere-se à socialização em meio a uma situação de completa proteção, em que a família e instituições atuam de formas prejudiciais ao desenvolvimento, concretizando e materializando a deficiência física, promovendo baixo potencial adaptativo, elevando a limitação à única condição da criança; O terceiro modelo refere-se aquelas pessoas que já foram socializadas, mas que adquiriram uma deficiência. Culturalmente podemos inferir que essas pessoas passaram de um “padrão de normalidade” “para uma padrão de anormalidade”, o que torna a situação um tanto mais complexa, pois, além do esforço emocional para superar o trauma vivido, ainda é necessário que ele aprenda a se enxergar de outra forma e em uma outra condição física. Esse processo requer ainda mais a ajuda da família, instituições de reabilitação e a aceitação e reconhecimento do sujeito em relação a uma condição de restrição nunca vivenciada. Em muito casos, desenvolve-se uma recusa em relação à própria vida. 8.2 SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) Vamos conversar agora acerca de alguns tipos de comprometimentos que levam à deficiência física. Antes um pouco, precisamos rever algumas informações para compreender como esses comprometimentos podem influenciar em nossas funções motoras e estrutura física. https://bit.ly/3efODQD https://bit.ly/3efODQD 114 Iniciemos nossos estudos pelo Sistema Nervoso Central (SNC), não aprofundaremos no assunto, porque esse não é o objetivo, mas, conhecê-lo não perde a importância para a compreensão e uma visão geral do nosso corpo, suas funções e limitações. Começaremos pelo nosso sistema nervoso que é reponsável por captar, receber as informações e processá-las, ou seja gerar respostas aos estímulos do ambiente. Ele é o grande responsável pela nossa capacidade de sentir e reagir a tudo que acontece ao nosso redor e dentro do nosso corpo. O sistema nervoso é dividido em: a) Sistema nervoso Central (SNC): formado pela medula espinhal e encéfalo. b) Sistema nervoso periférico: formado pelos nervos, gânglios e terminações nervosos. Figura 32: Sistema Nervoso Central Fonte: Santos (2019, online) A medula espinhal está situada em nossas vértebras. Ela é a primeira a 115receber os elementos transmitidos por múltiplas partes do nosso corpo. As informações transitam pela medula e após este processo , são difundidas para as regiões específicas. A medula ao mesmo tempo é responsável pelos reflexos rápidos em situações que estamos em perigo ou situações de emergência, como por exemplo quando aproximamos nossas mãos do fogo e as retiramos rapidamente, ou quando tomamos um choque. Pense como a medula cumpre uma função importante em nossa preservação. Continuando a identificar as atividades do nosso corpo, o encéfalo localiza- se no interior da caixa craniana, sendo composto pelo cérebro, cerebelo, diencéfalo e tronco encefálico. Cada uma dessas estruturas desempenha uma função muito importante. De acordo com a autora, o tronco encefálico é formado por três estruturas como mostra a imagem. Essas esruturas são responsáveis pela audição, reflexos visuais , batimentos cardíacos, respiração, deglutição e a ligação com o cérebro. O cerebelo é responsável pelo equilíbrio do nosso corpo e a coordenação dos movimentos. O diencéfalo é composto pelo tálamo, hipotálamo e epitálamo. Essas estruturas são responsáveis por garantir que os impulsos cheguem ao cérebro, pela regulação de água, controle da fome, temperatura do corpo, produção de hormônios etc. E por fim, o cérebro representa a parte mais desenvovida do encéfalo, e se divide em dois hemisférios: o esquerdo e o direito. A responsabilidade do cérebro é garantir as atividades motoras, razão, emoção, memória e inteligência. Veja a seguir: 116 Figura 33: Divisão do Encéfalo Fonte: Sobotta (2000) 8.3 COMO FUNCIONA O NOSSO CÉREBRO Nosso cérebro é dividido em 4 lobos: Figura 34: Funções do cérebro Fonte: Sobotta (2000) 117 Observem atentamente, quais funções o nosso cérebro é responsável: por todos os nossos movimentos, nossa memória, emoções, a fala, audição, raciocínio lógico-matemático, leitura e compreensão, visão entre outras. Diante dessa informação fica mais fácil saber onde está a lesão quando recebemos em sala de aula um aluno surdo, cego, com disgrafia, dislexia, discauculia, com limitações motoras, dificuldades na linguagem, funções cognitivas, executivas, visuais-perceptivas, visuais-espaciais não preservadas entre outros problemas. Podemos perceber como ele é importante e que qualquer tipo de lesão, seja extensa ou não, o comprometimento é muito grande para o sujeito, tanto fiscamente como emocionalmente conforme já conversamos. Para finalizarmos a parte anatômica e suas funções, conversaremos sobre a divisão do cérebro em hemisférios. Nosso cérebro é formado por duas partes denominadas hemisférios cerebrais, hemisfério esquerdo e hemisfério direito. Figura 35: Hemisférios cerebrais Fonte: Sobotta (2000) 118 Ao contrário do que muitas pessoas pensam , os hemisférios não se controlam, na verdade, um controla o outro. O hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo, e o hemisfério direito controla o lado esquerdo. Cada hemisfério tem uma função diferente, o direito nos capacita a reconhecer objetos e o rosto das pessoas. Já o hemisfério esquerdo tem como função controlar capacidade para ler, escrever e identificar as regras gramaticais. O lado esquerdo do cérebro sabe como se localizar e procurar por situações seguras durante um período de tempo, enquanto o lado direito é abstraído do tempo de aventura. Para o hemisfério direito, não há expressão de "perda de tempo". Os esquerdistas tendem a imitar, representar e fingir. O certo é criatividade e autentici- dade. É isso aí. Por ser racional e crítico, o cérebro esquerdo não corre o risco de criar, inventar e sonhar. Ele prefere a segurança conhecida, lógica e empresarial da sociedade em que vive. O lado direito libera a imaginação, viaja nas asas dos sonhos, cria, inventa, recria e joga livremente. O lado esquerdo é linear, objetivo e usa o conhecimento de forma direcionada, sequencial, analítica e convergente; a lei é não linear, subjetiva e usa o conhecimento de maneira livre, diversa, integral e descentralizada (CARNEIRO, 2002) Outro ponto a se destacar que cada um de nós tem um hemisférido dominante, isso quer dizer que, se você é canhoto é porque o seu hemisfério dominante é o hemisfério direito. Percebam como nosso cérebro é altamento complexo e controla tudo que fazemos, como fazemos, o que pensamos, como reagimos a determinadas situações, e como as lesões podem comprometer inúmeras funções do corpo, desde o intelectual, emocional até os aspectos físicos. https://bit.ly/3rdMoCu 119 8.4 CONVERSANDO SOBRE A DEFICIÊNCIA FÍSICA Após termos dialogado sobre o cérebro e suas inúmeras funções, vamos conversar sobre as deficiências físicas, nomenclaturas e tipos de lesões. As deficiências físicas podem ser classificadas como congênitas ou adquiri- das. As congênitas são definidas como a perda ou a anormalidade de uma função fisiológica, anatômica ou de uma estrutura ao nascer. Isso decorre de causas diversas: desnutrição materna, uso de medicamentos ou de drogas, rubéola, contaminação pelo Zika vírus, exposição à radiação, toxoplasmose, prematuridade do bebê, sífilis, álcool, e outras causas desconhecidas (MACEDO, 2008). No caso da deficiência física congênita, ela pode apresentar alterações completas de uma ou mais partes do corpo, comprometendo as funções físicas sob as seguintes formas: paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, má formação dos membros e paralisia cerebral. A seguir, definiremos as formas citadas de deficiência física (MACEDO, 2008): a) Paraplegia: paralisia que compromete as penas parcialmente ou totalmente. b) Paraparesia: os membros inferiores perdem parcialmente suas funções; c) Monoplegia: nesse caso pode ocorrer a perda total das funções de um dos membros superiores ou inferiores; d) Monoparesia: nesse caso pode ocorrer a perda parcial das funções de um membro, superior ou inferior; e) Tetraplegia: perda total ou parcial das funções dos braços e pernas; f) Tetraparesia: Braços e pernas tem suas funções motoras parcialmente comprometidas g) Triplegia: perda total de três membros; h) Triparesia: perda parcial três membros; i) Hemiplegia: comprometimento total das funções motoras de um dos lados do corpo: esquerdo ou direito; j) Hemiparesia: comprometimento parcial das funções motoras de um dos lados do corpo: esquerdo ou direito. k) Paralisia cerebral: Nesse caso a lesão no SNC provoca sérias limitações psicomotoras. Essas pessoas podem apresentar em função da lesão espasmos 120 musculares e movimentos involuntários. O comprometimento pode leve até severo, isso dependerá da área lesionada. Não confunda paralisia cerebral com deficiência intelectual; l) Má formação congênita: pode ser observada após o nascimento. Seja a deficiência física congênita ou adquirida as implicações além dos comprometimentos físicos ainda existem os psicológicos, em relação a si mesmo e aos outros. Isso representa dizer a dificuldade do sujeito de si aceitar e ser aceito pela família e pela sociedade. Aspectos sociais, psicológicos e biológicos se entrelaçam e formam a experiência de vida de cada pessoa com deficiência física. https://bit.ly/2YFgXV3 https://bit.ly/3cyrv0u 121 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Podemos organizar o sistema nervoso humano dividindo-o em duas partes: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). Com base no seu conhecimento sobre o tema, marque a alternativa que indica corretamenteas partes do SNC a) nervos e encéfalo. b) encéfalo e gânglios. c) gânglios e nervos. d) medula espinhal e nervos. e) medula espinhal e encéfalo. 2. A reação da pessoa, ao pisar descalça sobre um espinho, é levantar o pé imediatamente, ainda antes de perceber que o pé está ferido. Analise as afirmações: I. Neurônios sensoriais são ativados ao pisar-se no espinho. II. Neurônios motores promovem o movimento coordenado para a retirada do pé. III. O sistema nervoso autônomo coordena o comportamento descrito. Está correto o que se afirma em a) I, II e III. b) I e II, apenas. c) I, apenas. d) II, apenas. e) III, apenas. 3. Carmen Basil, in Coll (org.), afirma que a paralisia cerebral, apesar de não ser a única, é uma das formas de deficiência motora mais frequentes entre a população em idade escolar, podendo, ainda, na escola, encontrar também alunos com outros transtornos, como por exemplo, a deficiência motora de 122 origem espinhal. De acordo com essa autora, as deficiências motoras de origem espinhal são: a) poliomielite, espinha bífida, lesões medulares degenerativas e traumatismo medular. b) paralisia cerebral, traumatismo cranioencefálico e tumores. c) malformações congênitas, distróficas, microbianas e reumatismos infantis. d) miopatias (distrofia muscular progressiva de Duchenne e distrofia escapular de Landouzy-Djerine). e) lesões osteoarticulares por desvio do ráquis (cifose, escoliose, lordose). 4. Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, é CORRETO afirmar que a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva caracteriza o conceito de a) acessibilidade. b) Barreiras. c) Adaptações razoáveis. d) desenho universal. e) tecnologia assistiva ou ajuda técnica. 5. “A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com mobili- dade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social” (BRASIL, 2015, p.13). 123 a) atitudinal. b) urbanística. c) tecnológica. d) arquitetônica. e) de transporte. 6. Leia as afirmativas a seguir: I. De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, o conceito de acessibilidade refere-se à possibilidade e à condição de alcance para a utilização, com segurança e autonomia, de espaços, de mobiliários, de equipamentos urbanos, de edificações, de transportes, de informação e de comunicação, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com Mobilidade reduzida. II. O conceito de comunicação, de acordo com o disposto no Estatuto da Pessoa com Deficiência, refere-se à forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações. Marque a alternativa correta. a) As duas afirmativas são verdadeiras. b) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa. c) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa. d) As duas afirmativas são falsas. e) Somente a alternativa I é verdadeira. 124 7. O Estatuto da pessoa com deficiência, lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, tem como objetivo assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. De acordo com o Estatuto da pessoa com deficiência, considera-se pessoa com mobilidade reduzida aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de mo- vimentação, ___________________, gerando redução ___________________ da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo _____________________. A alternativa que preenche, correta e sequencialmente, as lacunas do trecho acima é a) permanente / efetiva / idosos e obesos. b) temporária / parcial / gestantes e pessoas com criança de colo. c) permanente ou temporária / efetiva / idosos, gestantes e obesos. d) permanente / efetiva / idosos, gestantes, lactantes, pessoas com criança de colo e obesos. e) permanente ou temporária / efetiva / idosos, gestantes, lactantes, pessoas com criança de colo e obesos. 8. Gilda, diretora de escola, decidiu utilizar uma determinada verba para reformar o prédio e adquirir novos equipamentos e materiais. Pensando na diversidade da comunidade escolar, optou por projeto que privilegiasse o desenho universal, que seria a a) concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas. b) confecção de produtos para ambientes inclusivos, materiais e serviços para todos os públicos. c) elaboração de materiais adaptados para os alunos com deficiência e adequação dos espaços com acessibilidade. d) tecnologia assistiva e a comunicação alternativa em todos os ambientes para 125 acessibilidade de todos. e) estratégias e recursos para o acesso de todos os alunos e profissionais aos ambien- tes da escola. 126 TIPOS DE COMPROMETIMENTO 9.1 PARALISIA CEREBRAL Todos vocês já devem ter ouvido falar em paralisia cerebral. Ela não é uma doença, mas um conjunto de sintomas que resultam em má formação cerebral ou danos em algumas partes do cérebro que controlam a área motora. Em alguns casos de paralisia cerebral, além da má formação, as crianças podem apresentar anoma- lias em outras partes do cérebro, resultando em um comprometimento físico e intelectual. Os agravos resultantes da paralisia cerebral podem ocorrer durante a gestação, durante o nascimento, após o nascimento ou na primeira infância (MCBRIDE; VICTORIO, 2018) . A paralisia cerebral não é progressiva, porém é permanente, uma vez que ocorre a má formação, os danos causados não evoluem para outros, contudo os sintomas podem se modificar com o crescimento e amadurecimento da criança. É importante ressaltar que danos intelectuais podem ocorrer, mas, não em todos os casos, tudo dependerá como já estudamos da área do cérebro que foi comprometida. Muitas pessoas associam a paralisia cerebral ao comprometimento intelectual, o que não é correto. Tudo dependerá, como já foi dito, do dano causado. Os principais sintomas são as dificuldades para se movimentar e a rigidez muscular. A criança pode apresentar desde uma monoparesia (perda parcial das funções motoras de apenas um membro, superior ou inferior) até uma tetraplegia (comprometimento total ou parcial das funções dos braços e pernas). Sendo assim, podemos afirmar que existem diferentes níveis de comprometimento funcional em casos de paralisia cerebral, desde a necessidade de utilização de cadeira de rodas motorizada até uma cadeira de rodas comum, sem nenhum tipo de adaptação. 127 Causas da paralisia cerebral Já sabemos que as causas da paralisia cerebral estão relacionadas as más formações e anomalias no cérebro. Os problemas mais comuns nesses casos incluem a falta de oxigênio durante o parto, principalmente em bebês prematuros; infecções como a rubéola, toxoplasmose, infecção pelo Zika vírus ou pelo citomegalovírus du- rante a gestação e anomalias genéticas (MCBRIDE;VICTORIO, 2018). Outras causas podem ocorrer nos primeiros dois anos de vida como a meningite, lesões por acidentes e desidratação grave podem resultar em uma paralisia cerebral. Podemos perceber que a paralisia cerebral pode ocorrer antes, durante e após o parto. Sintomas mais comuns Quando uma criança é acometida por paralisia cerebral pode-se observar que são desajeitadas no andar e em alguns casos podem apresentar violentas contrações de braços e pernas, sendo necessário o uso de próteses, cadeiras de rodas e muletas, para auxiliarem no equilíbrio e na locomoção. Dependendo da área ou das áreas afetadas no cérebro, é comum encontrarmos transtornos convulsivos e até mesmo deficiência intelectual em casos mais severos (MCBRIDE; VICTORIO, 2018). Com relação aos tipos de paralisia cerebral podemos encontrar (MCBRIDE; VICTORIO, 2018). a) Espástica: Neste caso os músculos são rígidos e fracos, na maioria dos casos o andar da criança é cruzado, uma perna na frente da outra, e em outros, elas podem andar se apoiando nos dedos dos pés. Observa-se também estrabismo e outros problemas visuais. Nos casos em que a criança apresenta tetraplegia (comprometimento total ou parcial das funções dos braços e pernas) os afetamentos são ainda mais graves, pois, elas apresentam comprometimento intelectual, em muitos casos, graves, convulsões e dificuldades para engolir, podendo se engasgar com as secreções da própria boca. b) Atetoide: Neste caso a atetose representa os movimentos contorcidos involuntários, braços, pernas e corpo se movimentam espontaneamente, às vezes lentamente, em outras, podem ser contorcidos e abruptos. Fortes 128 emoções agravam esses movimentos e provocam insônia. Em alguns casos as crianças perdem a audição, não conseguem olhar para cima e têm dificulda- des na articulação das palavras. c) Atáxica: Neste caso existe uma dificuldade na coordenação dos movimentos do corpo, principalmente para caminhar. A coordenação é muito falha e a musculatura fraca. As crianças apresentam tremor, o que dificulta o manuseio de objetos, dificuldades para se mover de forma rápida e para utilizar a coordenação motora fina. Andam cambaleando e com as pernas abertas. d) Mista: Neste tipo de paralisia existe uma combinação muito comum do tipo espástico e o atetoide. Crianças acometidas por esse tipo de paralisia cerebral podem apresentar além dos outros sintomas, deficiência intelectual. O que podemos perceber é que em todos os tipos ou formas de paralisia cerebral, a fala é de difícil compreensão e a criança tem muita dificuldade em coordenar os músculos envolvidos na fala. A paralisia cerebral apresenta comprometimentos severos, não tem cura e seus sintomas se mantêm por toda a vida da criança. O que pode ser feito é tentar melhorar a vida da criança por meio da mobilidade e autonomia, tornando-a o mais independente possível. Isso só poderá ser realizado por uma equipe multiprofissional, após o diagnóstico de tipo de paralisia cerebral, pois, como os comprometimentos são muitos e não apenas na área motora, a importância de outras áreas do conhecimento como a ortopedia, o psicologia, a terapia ocupacional, fisioterapia, psicopedagogia, fonoaudiologia entre outras, podem auxiliar não só no diagnóstico, como também no tratamento de cada área afetada. A escola por sua vez e a família precisam estar conectadas a essa equipe multiprofissional para realizarem juntas o trabalho pedagógico, já que nesses casos uma se torna a extensão da outra e a parceria entre elas culminará no bem-estar físico e emocional da criança. 129 9.2 HIDROCEFALIA A hidrocefalia pode ser congênita ou adquirida, podendo afetar pessoas em qualquer idade. Na forma congênita pode ser identificada ainda no útero, antes do nascimento, ou após o nascimento se manifestar nos primeiros meses de vida. Contudo, ainda não é possível detectar a causa exata do distúrbio, o que se sabe é que suas origens podem ser genéticas e hereditárias e que não há cura. Doenças infecciosas como toxoplasmose, sífilis, meningite rubéoloa e o uso de drogas no período da gestação são fatores de causas de hidrocefalia em bebês prematuros. A hidrocefalia adquirida pode ocorrer em casos de traumatismo craniano e hemorragias cerebrais (MACIEL, 2019). Segundo o autor, a hidrocefalia ocorre em virtude da obstrução da passagem do liquído cefalorraquidiano, ou por problemas na sua absorção. Esse acúmulo de líquido dentro do cérebro provoca um aumento na pressão intracraniana. Figura 36: Pressão intracraniana na hidrocefalia Fonte: Anatomia Resumida Disponível em: https://bit.ly/3qh8TpU. Acesso em: 13 nov. 2020 https://bit.ly/3qh8TpU https://bit.ly/3jdMt6b 130 SINTOMAS: Os sintomas podem variar de acordo com a idade (MACIEL, 2019). Em recém-nascidos e bebês: Crescimento da cabeça como mostra a imagem e alteração no formato do crânio em função do acúmulo de líquidos; Moleira dilatada e abaulada; Olhos voltados para baixo; Irritabilidade; Sonolência; Atraso no desenvolvimento psicomotor. Em adolescentes ou adultos; Convulsões; Comprometimento da funções executivas; Náuseas e vômitos; Frequentes dores de cabeça; Perda do equilíbrio e coordenaçaão motora já adquiridos; Sonolência; Queda no desempenho escolar. Pubedade precoce nas meninas; Perda da visão; Em Idosos: Demência e perda progressiva da memória; Dificuldade e lentidão para caminhar; Dificuldade para reter a urina; TRATAMENTO O tratamento da hidrocefalia ocorre no sentido corretivo,ou seja, o que está provocando o acúmulo do líquido cefalorraquidiano, seja por doença infecciosa ou 131 um tumor. Nos casos em que o comprometimento é menor, a medicação é suficiente para manter a pressão intracraniana, porém existem efeitos colaterais. Infelizmente, a grande maioria dos casos de hidrocefalia o tratamento é cirúrgico, consistindo no alívio da pressão intracraniana, drenando o excesso de líquido acumulado. Práticas de sucesso em intervenção em casos de hidrocefalia está na possibilidade de intervir durante a gestação, drenando o excesso de líquido ou introduzindo um cateter para desviar o excesso para que ele seja absorvido pelo líquido amniótico. Após o nascimento o cateter é substituído por outra técnica, o sistema de derivação (MACIEL, 2019). No que diz respeito às práticas escolares e atendimento educacional especializado, o primeiro passo é a parceria entre família, escola e equipe multiprofissional. Além disso é preciso avaliar quais são os comprometimentos apresentados para que se possa pensar quais seriam as práticas pedagógicas e o tipo de AEE. 9.3 LESÃO MEDULAR (LM) A lesão medular (LM) refere-se a um comprometimento na medula espinhal, decorrente de algum trauma, doença ou fator congênito, que pode provocar uma paralisia temporária ou permanente nos músculos dos membros ou alterações e per- das da sensibilidade, do controle esfincteriano, disfunção sexual, alteração da sudorese, dor, fraqueza entre outros. https://bit.ly/2MHeTJB 132 Figura 37: Tipos de lesão medular Fonte: Ribeiro (2020, online) Como pode ser visto na imagem, a lesão medular é muito grave, e nos casos de tetraplegia onde há uma paralisia do corpo inteiro, com exceção da cabeça, o sujeito torna-se completamente dependente de um cuidador, para higiene, alimentação e cuidados básicos. Este caso ainda é mais grave porque além da paralisia do corpo, ainda existe o comprometimento respiratório. No caso da paraplegia, o comprometimento maior está nos membros inferiores, o que não incapacitatotalmente o sujeito. Vale ressaltar que as lesões medulares não interferem na aprendizagem da criança, pois, não há comprometimento intelectual. 9.4 DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE E DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER As distrofias mais conhecidas na literatura é a distrofia muscular de Duchenne e a distrofia muscular de Becker. Ambas são distrofias musculares progressivas e hereditárias em que há uma mutação no gene. Em cada 1000 pessoas, 5 delas são afetadas por essas distrofias. 133 Distrofia muscular de Duchenne No caso da distrofia de Dechenne, a manifestação ocorre por volta dos 2 a 3 anos de idade, afetando os músculos dos membros inferiores, principalmente em meninos. As crianças andam nas pontas dos pés e apresentam hiperlordose lombar (curvatura acentuada da coluna). Brincadeiras de saltar correr, ou mesmo levantar- se do chão e subir escadas são consideradas atividades de grandes dificuldades para as crianças, além de perigosas (RUBIN, 2019). Crianças com essa distrofia, caem com facilidade dadas as condições de progressão da fraqueza muscular, consequentemente essas quedas podem provo- car fraturas dos membros superiores e inferiores (RUBIN, 2019). Na escola, durante as aulas de educação física as crianças não conseguem realizar as atividades propostas porque além da fraqueza muscular sentem-se cansadas rapidamente em função do comprometimento cardíaco. A partir dos 12 anos aproximadamente é necessário o uso de cadeiras de rodas, e o prognóstico é de vida curta, com morte por volta dos 20 anos por complicações respiratórias. Não há cura para a distrofia de Duchenne (RUBIN, 2019). Figura 38: Distrofia Muscular de Duchenne Fonte: Academia Brasileira de Neurologia (2019) 134 Distrofia muscular de Becker Essa distrofia apresenta sintomas mais leves e aparecimento tardio. A cami- nhada é preservada até aproximadamente os 15 anos, e alguns casos até a vida adulta. Pessoas com esse tipo de distrofia sobrevivem até os 30 ou 40 anos aproximadamente (RUBIN, 2019). https://bit.ly/3r96EoC 135 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Considere as características dos tipos de paralisia cerebral descritos a seguir: I. Na paralisia cerebral do tipo atetoide, observam-se movimentos intencionais. II. Na paralisia cerebral do tipo atáxica, há déficit na aplicação programada da força muscular. III. Na paralisia cerebral do tipo atetoide aparecem atos motores com amplitude articular inadequada. IV. Na paralisia cerebral do tipo atáxica, não se observa distúrbio de percepção. V. Na paralisia cerebral do tipo distônica, adotam-se posições anormais involuntárias. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) a) I, apenas. b) I e II apenas. c) I e III apenas. d) I e IV apenas. e) II, III e V, apenas. 2. A respeito da paralisia cerebral, analise as afirmativas a seguir: I. Os distúrbios envolvidos na paralisia cerebral são causados por uma lesão cerebral que se dá somente na fase intrauterina. II. Segundo a localização da lesão cerebral, podem ser classificados três tipos de paralisia cerebral: piramidal (espástica), extrapiramidal (coreo-atetóide) e do tipo misto. III. Dependendo da localização dos problemas de movimento, a paralisia cerebral pode ser classificada como: monoplegia, diplegia, hemiplegia, tetraplegia ou hemiplegia dupla. Assinale 136 a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa III estiver correta. d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 3. Em relação à Paralisia Cerebral, analise as sentenças abaixo e coloque V nas al- ternativas verdadeiras e F nas alternativas falsas: ( ) A paralisia cerebral não é condição suficiente para aumento da incidência de cárie, no entanto, quando elas existem, podem ser mais severas, se comparadas às pessoas sem paralisia. ( ) A hipoplasia de esmalte, muito comum nas pessoas com paralisia cerebral, é um importante fator de risco para a cárie dentária. ( ) A sialorreia e o bruxismo são frequentes em pacientes com paralisia cerebral. Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA. a) F-V-V. b) V-F- F. c) F- F- F. d) V-V-F. e) V-V-V. 4. Doenças neurológicos que ocorrem na infância podem acarretar atraso no desempenho funcional, como a espinha bífida e paralisia cerebral. A intervenção terapêutica ocupacional precoce é primordial para um melhor prognóstico da doença. Sobre a paralisia cerebral, é CORRETO afirmar que a) paralisia cerebral espástica é a forma mais comum e atinge regiões mais interiores do cérebro provocando espasmos. b) paralisa cerebral atáxica é mais rara e acomete a região do cerebelo provocando 137 incoordenação motora, além de tremores. c) paralisia cerebral extrapiramidal atinge a região do córtex motor, que é responsá- vel pelos movimentos, provocando enrijecimento. d) paralisia cerebral discinética atinge o cerebelo e é caracterizada pela presenta de movimentos involuntários. e) nenhuma das alternativas. 5. A qualidade de vida após a lesão medular está fortemente associada à qualidade e quantidade da abordagem fisioterapêutica que deve ser instituída desde a fase aguda, inclusive na terapia intensiva. Assinale a alternativa correta a respeito da reabilitação após a lesão medular. a) As causas mais comuns de lesão medular são os tumores extramedulares, fraturas patológicas (metástases vertebrais, tuberculose, osteomielite e osteoporose), estenose de canal medular, deformidades graves da coluna, hérnia discal, isquemia (em especial associada a aneurismas de aorta), infecciosas (por exemplo, mielite transversa, paraparesia espástica tropical) e autoimunes (por exemplo, esclerose múltipla). b) O nível motor é o último nível em que a força é pelo menos grau 2 e o nível acima tem força muscular normal (grau 3). c) Na propedêutica, conceituamos paresia como a ausência de movimento voluntário e plegia como ausência de sensibilidade. d) As lesões da cauda equina evoluem frequentemente com forte espasticidade nos membros inferiores. e) Em casos traumáticos, durante a fase de choque medular, pode haver ausência de reflexos e movimentos voluntários, mesmo quando a lesão é incompleta. 6. A lesão medular é qualquer afecção da medula, que pode levar a danos neurológicos, reversíveis ou não, como perda ou diminuição da função motora, alterações da sensibilidade e complicações da função das vísceras. As principais causas de lesão medular são: Analise as afirmativas e relacione as colunas: 138 1-Traumáticas 2 - Não traumáticas ( ) Mergulho em águas rasas. ( ) Processos degenerativos e/ou compressivos. ( ) Quedas. ( ) Processos infecciosos. Assinale a alternativa correta. a) 1, 2, 1, 2. b) 2, 1, 2, 1. c) 1, 1, 2, 2. d) Todas são traumáticas. e) Nenhuma das alternativas 7. No que diz respeito à fisiopatologia da Distrofia Muscular de Duchenne, assinale o tratamento fisioterapêutico mais indicado aos pacientes na fase de aparecimento dos sinais desta doença. a) Alongamento muscular passivo, prescrição de órteses de uso diurno e noturno, sem exercícios para não causar fadiga. b) Alongamento muscular ativo, sem prescrição de órteses, os exercícios ficam livres de acordo com a criança. c) Alongamento muscular é proibido, as órteses são contraindicadas e não há indi- cação de exercícios para as crianças. d) Alongamento muscular ativo ou ativo assistido ou passivo, prescrição de órteses deuso noturno, não realização de exercícios para evitar fadiga. e) Alongamento muscular ativo ou ativo assistido ou passivo, prescrição de órteses de uso noturno, exercícios ativos sem causar fadiga. 139 8. Nas crianças com distrofia muscular progressiva (DMP), a fraqueza muscular aumenta progressivamente e o corpo encontra mecanismos de adaptação compensatórios para manter a função. Nesses casos o objetivo do tratamento de fisioterapia é a) corrigir a postura e compensar com órteses. b) alongar a musculatura e prevenir deformidades. c) corrigir a postura e alongar grupos musculares retraídos. d) alongar a musculatura e prescrever cadeira de rodas para poupar energia. e) Nenhuma das alternativas. 140 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO 10.1 BREVE HISTÓRICO DA DEFICIÊNCIA Nessa unidade conversaremos sobre a atendimento educacional especiali- zado em casos de deficiência física, passando rapidamente pela história da deficiência no Brasil e o histórico da educação especial. Em livros anteriores a esse, discutimos que a história da pessoa com deficiência no Brasil passou por períodos de extermínio, segregação e integração social. Por outro lado, a Educação Especial surge nesse contexto como uma modalidade paralela que contribuía para a segregação, baseava-se em um modelo médico terapêutico sem dar muita ênfase às práticas escolares pedagógicas. Porém a Educação Especial é marcada segundo (MAZZOTA, 2011) no século XIX, momento em que parte da sociedade brasileira é inspirada pelos modelos de atendimento e serviços desenvolvidos nos Estados Unidos e Europa, para cegos, surdos, deficientes físicos e mentais. Ainda segundo o autor, mesmo estando em tempos de maior desenvolvimento que o Brasil o modelo de atendimento desses países preconizava o paradigma da institucionalização, ou seja, as pessoas com deficiência eram retiradas de suas casas, contextos sociais e segregadas em instituições especializadas ou escolas especiais. Essas ações as mantinham isoladas da sociedade e consequentemente do convívio e socialização com outras pessoas que não apresentavam deficiência sob a justificativa que estariam mais seguras, protegidas e ainda poderiam ser educadas. De acordo com Bueno (2011, p. 47), a partir de 1950 ocorreu grande virada para a educação Especial, momento de sua ampliação: a Educação Especial passou a abranger distúrbios, desajustes e inadaptações de diversas ordens, culminando na década de 70 na instalação de um verdadeiro subsistema educacional, com a proliferação de instituições públicas e privadas de atendimento ao excepcional e na criação de órgãos normativos federais e estaduais. 141 A partir de 1961 o atendimento educacional especializado é reconhecido na Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional, Lei nº 4.024 (BRASIL, 1961). Para o autor isso corroborou para que as instituições privadas de natureza filantrópica se ex- pandissem, já que as escolas públicas não conseguiram abarcar todo o atendimento educacional especializado. A década de 70 foi apontada por diversos autores da área como a época em que a Educação Especial foi institucionalizada (GLAT, 2007). De acordo com a autora o sistema púbico voltou sua atenção para a Educação especial e todos esses esforços culminaram na Criação de Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), criação de escolas com classes especiais na rede pública, inserção da Educação Especial nas políticas públicas e projetos de formação docente continuada. Na década de 80 ocorreram diversas reivindicações pelas minorias, que tentavam garantir um lugar na sociedade. Esse movimento culminou no paradigma da integração, que nada mais era retirar os alunos da institucionalização e prepara- los para a inserção nas classes do ensino regular comum, ou seja, passamos para o processo de integração (GLAT, 2007). Os anos 90 já buscava uma escola mais inclusiva, e isso provocou um movimento internacional para se discutir questões relativas a uma sociedade e escola mais inclusiva. Destacou-se nesse período a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizada em 1994 na Espanha, marco histórico do processo de inclusão, pois, gerou um dos documentos mais importantes, a Declaração de Salamanca, que teve como objetivo a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular (GLAT, 2007). Na proposta atual, esses alunos, independentemente do tipo ou grau de comprometimento, devem ser absorvidos diretamente nas classes comuns do ensino regular, cabendo à escola a responsabilidade de se transformar, pincipalmente no que diz respeito à flexibilização curricular, para dar a resposta educativa adequada às suas necessidades (GLAT, 2007, p. 24). A partir de então a inclusão escolar passou a fazer parte da legislação brasileira, exigindo adequações aos sistemas de ensino e ações inclusivas na modalidade da Educação Especial. A lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 estabelece em seu Cap. V, Art. 58 e 59 (1996): 142 A Educação Especial é uma modalidade de educação escolar ofere- cida preferencialmente na rede regular de ensino para os educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação Todos os sistemas de ensino devem assegurar aos educandos currículos métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para atender as suas necessidades. Por outro lado, a Resolução CNE/CEB nº 2/01 que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica define em seu Art 2º (2001) [...] os sistemas de ensino “devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando às condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. Em 2008 foi publicado o documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (Pneepei), é considerado um marco no sistema inclusivo e na Educação Especial por retratar concepções diferenciadas em relação a Educação Especial na escola comum (GLAT, 2007). Por fim, podemos compreender que a Educação Especial foi idealizada como uma modalidade de ensino transversal, que de forma alguma substitui a escolarização. Ao contrário, sua função é complementar ou suplementar a formação dos alunos com deficiência transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Essa complementação/suplementação se dá por meio do atendimento Educacional Especializado, desenvolvido na sala de recursos. Até aqui, estudamos um trecho da LBI que trata do direito à Educação, conversamos sobre a cultura e a deficiência, comprometimentos que causam deficiência física e a resumidamente revemos a história da deficiência, bem como a o crescimento da Educação Especial e o avança das mais variadas legislações e movimentos internacionais em favor da inclusão. https://bit.ly/39At6RI 143 10.2 O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM CASOS DE DEFICIÊN- CIA FÍSICA Normalmente as deficiências físicas são visíveis e apreendidas muitas das vezes pela cultura e pela sociedade como algo que é “feio”, “imperfeito” e que causa uma certa tensão para ser incluído socialmente. Já sabemos por meio da literatura e de experiências vividas e sala de aula que a diversidade e a diferença ainda não são totalmente aceitas, e que a aceitação que temos hoje deriva em grande parte da legislação (AMARAL, 1988). Sabemos também que a deficiência física promove conflitos nas relações pessoais e sociais. Esse fenômeno colabora para que as pessoas com deficiência física apresente dificuldades para o estabelecimentode vínculos afetivos sociais, questões relativa à sua autoestima em relação ao outro, incapacidade de aceitação do próprio corpo e de si mesma, dificuldades para estabelecer vínculos amorosos por acreditarem possuir um corpo desviante do padrão de normalidade (OMOTE, 1990). O que encontramos na sociedade são valores, preconceitos construídos intencionalmente e historicamente. Esses valores, expressões pejorativas mecanismos de validação para o certo e o errado, o adequado e inadequado, o deficiente e o normal podem ser identificados desde muito tempo atrás, por meio de um processo de naturalização dos valores e pensamentos (AMARAL, 1988). Observem que na obra de Machado de Assis, , em um trecho do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” um clássico literário lançado em 1881, como o personagem Brás Cubas ao se apaixonar pela bela personagem Eugênia chamada por ele como “Flor da moita”, perde completamente o interesse por ela porque ela era “coxa”: O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma postura tão senhoril: e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita? [...] e eu sem acudir a coisa nenhuma, elevado ao pé da minha Vênus Manca (ASSIS, 2014, p. 210). O que percebemos no trecho do livro é que o preconceito como já dito anteriormente era banalizado e naturalizado na sociedade, a ponto de a beleza da personagem ser comparada à sua deficiência física, ou seja, a personagem perde seus atributos em função da sua deficiência física. E atualmente isso ainda existe, 144 contudo, esse tipo de preconceito não é mais aceito por muitos na sociedade. A exemplo disso temos o gerente de loja que foi vítima de racismo e que o vídeo virali- zou nas redes sociais. Podemos explicar o preconceito do livro e do vídeo, que pessoas que apresentam algum tipo de deficiência física, seja leve, moderada ou severa, ou é negra são identificadas por muitos como aquelas que possuem menor competência física, acadêmica, intelectual e social. As características físicas são em muitos casos determinantes para o posicionamento da sociedade (OMOTE, 1990). Figura 39 : Deficiência como incapacidade Fonte: Ferraz (2020) Por meio de nossos estudos descobrimos que as deficiências físicas podem ser congênitas ou adquiridas e que os graus de comprometimento variam de leve a severo, o que nos leva a crer que o atendimento a cada criança deve ser https://bit.ly/2MntjPj 145 individualizado não no sentido da socialização, mas, das ações pedagógicas. Isso requer estudo acerca da deficiência e das necessidades específicas de cada cri- ança. Para que a criança acometida por uma deficiência física possa ingressar, permanecer na escola, socializar com os demais alunos e participar do processo de aprendizagem, faz-se necessário que a instituição escolar crie condições de acesso e permanência, adequadas à locomoção, segurança, conforto e comunicação. Nesse caso é importante pensarmos que o atendimento Educacional Especializado – AEE seja ministrado nas escolas de ensino regular, pois, nesse espaço é possível selecionar as técnicas e recursos mais adequados para o desenvolvimento das atividades para cada tipo de comprometimento, seja físico, intelectual ou físico e intelectual ao mesmo tempo. O AEE tem como finalidade maior complementar ou suplementar o atendimento do ensino regular, promovendo atividades que melhorem a comunicação e a mobilidade do aluno com deficiência física. Mas, como isso pode ser feito? Incialmente uma conversa com o aluno, e com a família além da discussão acerca do laudo apresentado, já abre portas para pensar como seriam essas atividades. Outro ponto a se destacar refere-se ao uso da Tecnologia aplicada a Educação e da Tecnologia Assistiva, tanto uma como a outra visam e proporcionam a inclusão escolar. Segundo Bersch e Machado (2007 “a aplicação da TA na educação vai além de simplesmente auxiliar o aluno a ‘fazer’ tarefas pretendidas. [...] deve ser entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência‰. Assim, o Atendimento Educacional Especializado pode fazer uso das seguintes modalidades da Tecnologia Assistiva, visando à realização de tarefas acadêmicas e a adequação do espaço escolar (BERSCH; MACHADO, 2007, p. 27). Ainda de acordo com as autoras a TA promove: a) Uso da Comunicação Aumentativa e Alternativa, para atender as necessidades dos educandos com dificuldades de fala e de escrita. 146 Figura 40: Cartões de Comunicação alternativa Disponível em: https://bit.ly/3qivmCS. Acesso em: 13 nov. 2020 b) Adequação dos materiais didático pedagógicos às necessidades dos educan- dos, Figura 41: Material didático adaptado Fonte: Rodrigues (2009, online) c) Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Deficiência Física: lápis, quadro magnético com letras com ímã fixado, tesouras adaptadas, entre outros. https://bit.ly/3qivmCS 147 Figura 42: Lápis adaptado com bola de espuma Fonte: Calácia (2017, online) d) Adequação de recursos da informática: teclado, mouse, ponteira de cabeça, programas especiais, acionadores, entre outros. Figura 43: Teclado adaptado Fonte: Inclusiva Digtal (2020) e) Uso de mobiliário adequado: Os professores profissionais devem solicitar ao Ministério da Educação a adequação do mobiliário escolar: mesas, cadeiras, mesas, etc., bem como recursos para assistência: cadeiras de rodas, andadores, etc., de acordo com as necessidades de especialistas na área . 148 Figura 44: Mobiliário adaptado Fonte: Martins (2014) Além de tudo que já foi apresentado, não podemos no esquecer da impor- tância da formação continuada para os professores trabalharem com Atendimento Educacional especializado, principalmente em casos de deficiência física, em que são necessários diversos tipos de adaptação que vão desde a mobiliários a materiais didáticos. O AEE além de ter a função de complementar/suplementar o ensino regular, ele promove ao aluno independência na realização das atividades, comunicação, ampliação no que diz respeito à comunicação alternativa, mobilidade e consequentemente o aprendizado. Vale lembrar que esses professores não podem estar nessa tarefa sozinhos, eles necessitam do apoio da equipe multiprofissional, arquitetos, engenheiros, para o desenvolvimento de ações pedagógicas adequadas, bem como o desenvolvimento de serviços e recursos que promovam a autonomia da criança. https://bit.ly/3pF53Xn 149 FIXANDO O CONTEÚDO 1. De acordo com a legislação em vigor, uma pessoa que tenha mais de 18 anos e que tenha deficiência mental a) deve se submeter à esterilização forçada. b) pode ser considerada plenamente capaz na esfera civil e, inclusive, contrair validamente casamento. c) deve ser interditada mediante processo judicial e, assim, será considerada absolutamente incapaz para todos os atos da vida civil. d) não pode exercer a guarda, a tutela ou adotar uma criança, salvo se assistida ou representada por seu curador. e) será considerada absolutamente ou relativamente incapaz, conforme o grau de comprometimento do discernimento da pessoa ocasionado pela enfermidade mental. 2. De acordo com os conceitos previstos no Estatuto da Pessoa com Deficiência − Lei no 13.146/15, é correto afirmar: a) Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental ou sensorial,excluídos os impedimentos de ordem intelectual. b) Acompanhante é aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal. c) Tecnologia assistiva ou ajuda técnica são aquelas que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias. d) Residências inclusivas são moradias com estruturas adequadas capazes de proporcionar serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência. e) Barreiras arquitetônicas são aquelas existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo. 150 3. O direito ao atendimento prioritário da pessoa com deficiência, da forma como prevê o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei no 13.146/2015), NÃO se aplica plenamente a) aos acompanhantes e atendentes pessoais no que diz respeito aos atendimentos em instituições e serviços de atendimento ao público. b) à proteção e socorro em quaisquer circunstâncias. c) ao recebimento de restituição do imposto de renda. d) à tramitação processual e de procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada. e) aos serviços de emergência públicos e privados, pois ficam condicionados aos protocolos de atendimento médico. 4. Existe um grande número de pessoas com deficiências físicas, auditivas, visual, mental e deficiência múltipla. Por também possuírem suas dificuldades, os obesos e os idosos, por exemplo, se encontram em situação de deficiência frente a alguns espaços das cidades brasileiras, que não são preparadas para recebê-los ade- quadamente. Conforme caracterização das áreas de deficiência, podemos definir como deficiência física a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física. Deficiência auditiva é a perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando em graus e níveis. Deficiência múltipla é a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física), com comprometimentos que acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa. Pesquisas realizadas no Brasil apontaram que 8,3% das deficiências são mentais, 4,1% são deficiências físicas, 48,1% são deficiências visuais e 16,7% são deficiências auditivas. As pesquisas também demonstram que os homens predominam no caso de deficiência mental, física e auditiva. Já a predominância das mulheres é na área motora, apresentando dificuldades ou incapacidades de caminhar e subir escadas. Em outros países a situação não é muito diferente, apenas os percentuais por áreas de deficiências apresentam números divergentes, mas as deficiências estão presentes universalmente em todos os países do mundo. Em função disso é necessária uma padronização internacional de símbolos; a ABNT apresenta como norma técnica 151 alguns desses símbolos internacionais. Conforme a NBR 9050, a figura a seguir trata- se do Símbolo Internacional de Acesso (SAI). Em conformidade com a NBR 9050, assinale a alternativa correta sobre o Símbolo Internacional de Acesso (SAI). a) Em função das múltiplas áreas de deficiências, o Símbolo Internacional de Acesso (SAI) é universal e representa todas as deficiências. É utilizado nas edificações para sinalizar acessos e também indicar locais, zonas e espaços especiais destinados aos portadores de deficiências, com uma ou mais deficiências. b) O Símbolo Internacional de Acesso (SAI), conforme padrões universais e brasileiros, indica a possibilidade de conter três cores: preto, azul e branco. As cores de fundo podem ser branco, preto e azul, sempre fazendo contraste com as cores do próprio símbolo. Outras cores são permitidas, mas que façam contraste e possibilitem a perfeita visualização. Pode estar voltado para o lado direito ou esquerdo, pois é opcional. Modificações, estilização ou edições são permitidas, desde que o representem com clareza. c) O Símbolo Internacional de Acesso (SAI) foi desenvolvido para ser democrático, artístico e livre. Foi idealizado como ponto de partida e inspiração para que designers desenvolvessem outros símbolos mais personalizados, e que pudessem ser incorporados nas normas técnicas de cada país especificamente. Desta forma, 152 o símbolo originalmente foi uma indicação internacional, e cada país ao redor do mundo desenvolveu e incorporou o seu próprio símbolo, preservando apenas a inspiração ou a menção do símbolo original. d) A indicação de acessibilidade nas edificações, no mobiliário, nos espaços e nos equipamentos urbanos deve ser feita por meio do Símbolo Internacional de Acesso (SAI). Sua representação consiste em um pictograma branco sobre fundo azul (re- ferência Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C). Pode, opcionalmente, ser representado em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco), e deve estar sempre voltado para o lado direito. Nenhuma modificação, estilização ou adição deve ser feita. É destinado a sinalizar os locais acessíveis. e) Nenhuma das alternativas. 5. Conforme Veiga, o Projeto Político-pedagógico (PPP) é entendido, como a própria organização do trabalho pedagógico da escola. Como um dos elementos básicos na construção do PPP, temos uma estrutura organizacional da escola, que se refere, fundamentalmente, às interações políticas, às questões de ensino- aprendizagem e às de currículo. Essa estrutura é denominada a) pedagógica. b) administrativa. c) curricular. d) relações de trabalho. e) avaliativa. 6. A concepção e a implantação de projetos de uso público ou coletivo, bem como de políticas públicas, devem atender aos princípios do desenho universal, a fim de garantir o direito à acessibilidade. De acordo com a Lei n.º 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência), pode-se considerar desenho universal a concepção de a) produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico. b) produtos, ambientes e programas a serem usados somente por pessoas com 153 deficiência ou com mobilidade reduzida, incluindo-se adaptações e projetos específicos. c) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e serviços que promovam a funcio- nalidade, relacionada exclusivamente à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, sem adaptações ou projetos específicos. d) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e serviços que promovam a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação de todas as pessoas, sem adaptações ou projetos específicos. e) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e serviços que promovam a inclusão de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, incluindo adaptações e projetos específicos. 7. De acordo com a ABNT NBR 9050:2015 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos - e considerando a representação da imagem abaixo, é correto afirmar que: a) A figura acima apresenta possibilidades que dispensam apenas instalação de sinalização tátil. b) A figura acima demostra como deve ser feita a instalação de mobiliários fora da rota acessível. c) O numeral 1(um) na figura acima está sendo usado para indicar como deve ser 154 uma borda ou saliência detectável com bengala longa, instalada na projeção de um mobiliário suspenso, desde que não seja necessária a aproximação de pessoas em cadeiras de rodas. d) figura acima apresenta possibilidades que não dispensam a sinalização visual de alerta, desde dea educação especial e a tecnologia assistiva em um contexto geral, recapitulando alguns pontos já discutidos e estudados. UNIDADE 18 12 DEFICIÊNCIA VISUAL 1.1 Conversando sobre a deficiência visual Nesta unidade abordaremos o conceito de deficiência ao longo da história, suas características, classificações e causas. De acordo como Censo de 2010, cerca de 18% da população brasileira apresenta deficiência visual com variações entre grande dificuldade a algum tipo de dificuldade visual. No total são aproximadamente 12,5 milhões de brasileiros com deficiência, o que corresponde a 6,7% da população total (IBGE, 2020). Pelo gráfico abaixo, percebemos que a deficiência visual equivale a 3,4% do número total de pessoas com deficiência. Esse dado é alarmante quando pensamos na inclusão dos deficientes visuais e dos cegos nas escolas. Figura 1: Deficiência visual e grau de dificuldade 13 Esses dados nos levam a refletir que 3,4% da população necessita de reabilitação, acessibilidade no trabalho, na escola, nos espaços urbanos, no transporte, lazer, enfim, acesso a melhores condições de vida, a ser incluído com dignidade. Como já estudado anteriormente em outras unidades, sabemos que no decorrer da história o olhar sobre a deficiência passou por um processo de exclusão, confinamento e morte. Além disso, a pessoa com deficiência não tinha direito ao convívio social por ser considerada inapta a socializar com outras pessoas que não fossem os familiares. Conversaremos agora sobre o que é a deficiência visual. A deficiência visual pode ser chamada de cegueira ou de baixa visão. É causada pelos mais variados fatores, desde congênitos, adquiridos e/ou causados por algum distúrbio. Quando a deficiência ocorre no nervo óptico, ele apresenta uma alteração anormal de uma estrutura sensorial, física ou patológica, que pode incorrer em cegueira total e limitações severas constituídas pela baixa visão. Vale ressaltar que a deficiência visual não implica necessariamente a presença de alguma doença ou comorbidade e que associado a isso o sujeito seja impossibilitado de se desenvolver. Se investigarmos um pouco a nossa história encontraremos diversas personalidades cegas ou com baixa visão que se destacaram pelo seu potencial e inteligência (BRUNO; MOTA, 2001). Figura 2: Tenor Andrea Bocelli Fonte: Garcia (2009) 14 Como já conversamos exaustivamente em outras unidades, iniciaremos nossos estudos sobre a deficiência visual tendo como foco a valorização da pessoa como ser humano, capaz de realizar suas atividades, estudar, trabalhar, cantar como o caso de Bocelli, retirando o foco da doença em si, e valorizando o sujeito e suas potencialidades. Iniciemos os estudos conceituando a deficiência. 1.2 Conceitos sobre deficiência Se a deficiência é caracterizada como uma alteração ou ausência do funcionamento das estruturas físicas, sensoriais e intelectuais entendemos que se trata de alterações do campo biológico. Se avançarmos na reflexão, perceberemos que todas as pessoas de um modo geral apresentam algum tipo de deficiência, porém, vale lembrar que o termo deficiência deve ser empregado em situações em que existe um grau elevado de alteração ou funcionamento inadequado de algum órgão ou estrutura (MOTTA, 2004). Quando buscamos a deficiência na antiguidade, nos deparamos com expressões: aleijado, defeituoso, incapacitado, inválido, excepcional, retardado, deformado, cocho, manco, imperfeito, que indicavam não o sujeito com suas https://bit.ly/3rfVC1N https://bit.ly/3hbePwP 15 capacidades, ao contrário o destaque estava em sua deficiência e na incapacidade de produzir ou atender aos padrões sociais (SARLET; BUBLITZ, 2014). Sabemos que a pessoa com deficiência sempre foi humilhada ao longo dos anos, e, ainda hoje podemos observar situações que não são muito diferentes, algumas expressões depreciativas ainda são usadas para se referir às pessoas com deficiência. Não bastava/basta enfrentar as dificuldades que a deficiência provoca, ainda é preciso enfrentar as dificuldades sociais, a falta da inclusão, a exclusão e as barreiras atitudinais. Com o passar dos anos essas expressões foram praticamente abolidas, tendo em vista que qualquer forma de discriminação é passível de punição judicial. Talvez seja esse o motivo pelo qual as expressões não são mais tão comuns no nosso dia a dia. Para substituir as expressões de cunho discriminatório surgiu o termo pessoa portadora de deficiência, o que já sabemos que hoje está incorreto segundo a LBI, Lei Brasileira de Inclusão 113.146/2015, já estudada em unidades anteriores (SARLET; BUBLITZ, 2014). O portador é aquele que porta algo ou alguma coisa, e isso não ocorre com a doença, porque as pessoas não portam doenças e ele se aplica para o termo necessidades especiais. Na LBI, conforme tratam seus artigos e incisos, é retirado o foco dado anteriormente à doença, possibilitando ao sujeito “aparecer” como dono de si e capaz de viver em sociedade. Os conceitos antes considerados como corretos, mas, que, no entanto, transmitiam ideias equivocadas foram substituídos para que se pudesse nomear a doença/deficiência e não o sujeito. Esse novo conceito partiu da ideia de que a deficiência é a consequência da interação das pessoas com deficiência e as limitações com as quais ela se depara e que dificultam ou impedem a sua participação/inserção social. “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, as quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas” (BRASIL, 2015). 16 1.3 A deficiência e seu histórico Sabemos que a deficiência percorreu um longo caminho até chegar aos dias atuais, ela foi concebida e percebida de diversas formas, e sua evolução passou por algumas fases: Período do extermínio; Segregação e institucionalização; Integração; E, por fim, a inclusão. Recordando essas fases, no período do extermínio não era dado às pessoas com deficiência o direito à vida, logo, uma vez nascidas deficientes eram exterminadas, pelo pai ou pelo Estado. A ausência das condições sensoriais e físicas as levavam à morte (FERNANDES; SCHLESENER; MOSQUERA, 2011). Em Esparta, os bebês que nasciam doentes eram abandonados nas montanhas e morriam por serem negligenciados (CORREIA, 1997). Em Roma justificava-se a morte de crianças nascidas com más formações a partir da ideia de que elas poderiam corromper a sociedade, assim separavam-se os bons, sadios, dos ruins e doentes. Para a Igreja as pessoas nasciam com deformidades porque estavam sendo castigadas por algo que seus pais ou familiares cometeram. As crises epiléticas e demais doenças e deformidades para as quais não se encontrava nenhuma explicação científica eram consideradas como uma intervenção diabólica ou ações de feitiçaria (MISÈS, 1997). Na Idade Média ocorre uma modificação no cenário, a Igreja passa a entender que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, portanto, o extermínio começa a ser questionado, entramos, a partir de então, no período da institucionalização (FERNANDES; SCHLESENER; MOSQUERA, 2011). A Igreja se transformou, portanto, em uma instituição de filantropia e assistencialismo, pois, essas ações correspondiam a atos de caridade que salvavam as almas de quem as praticava. A partir de então foram surgindo algumas instituições para dar assistência aos deficientes, consequentemente, segregando e confinando a fim de que se apresentasse uma realidade pautada em um padrão deque não seja necessária a aproximação de pessoas em cadeiras de rodas. e) Na figura acima (2a) indica como deve ser uma proteção lateral instalada desde o piso. 8. Sobre os objetivos da Política Nacional de Mobilidade Urbana, disposta na Lei 12587, considere as afirmativas a seguir: I. Reduzir as desigualdades e promover a supressão social. II. Promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais. III. Proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade. IV. Consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da construção contínua do aprimoramento da mobilidade urbana. Estão corretos os itens a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II, III e IV. e) I, III e IV. 155 INGRESSO E PERMANÊNCIA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA EM UNIVERSIDADES BRASILEIRAS 11.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR Sabemos que a inserção do aluno com deficiência física tanto no âmbito so- cial quanto escolar não tem sido uma tarefa fácil, para as políticas públicas e para as instituições de ensino. Essa inserção depende de muitas mudanças estruturais e atitudinais o que requer investimentos financeiros e culturais. Muito se fala em inserção da pessoa com deficiência física na Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, mas, nos deparamos com uma lacuna enorme no que se refere a inserção no Ensino Superior. A inclusão no Ensino Superior requer estratégias ainda mais elaboradas para a inserção escolar do aluno com deficiência, seja no âmbito federal, estadual ou privado. Sabemos que o direito à educação é universal, desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, todavia, as discussões se acaloraram apenas na década de 1990, momento em que várias declarações internacionais foram organizadas pela Organização das Nações Unidas – ONU, paras fins na Educação, Ciência e Cultura. Nesse período dissemina-se a ideia da Educação para todos, durante a Declaração de Salamanca, 1994. As discussões preconizavam a ideia de que independente de condições físicas e intelectuais, linguísticas, emocionais e sensoriais, a educação era um direito de 156 todos os cidadãos .um discurso tão ancorado na inclusão disseminou-se em outros países e a ONU a partir de então passou a adotar práticas inclusivas, princípios norte- adores da inclusão em instituições educacionais, objetivando e portanto, promovendo o acesso, participação, aprendizagem e a permanência dos alunos com qualquer tipo ou grau de deficiência em todos os níveis de ensino (UNESCO, 1994). Ainda no plano internacional, a Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI, de 1998, vai indicar, em seu art. 3.º, a necessária atenção que os países signatários devem dar para assegurar a igualdade de acesso à Educação Superior das pessoas com deficiência (UNESCO, 1998, p. 21). De acordo com Nozu, Silva e Anache (2018) notou-se no Brasil algumas formas de inserção e inclusão do aluno com deficiência nos anos de 1990, porém: [...] o que era constatado, dentre outras evidências, é que nem mesmo os dados censitários educacionais faziam alguma referência à matrícula do PAEE (Público-Alvo da Educação Especial) nas IES brasileiras, denotando a sua invisibilidade institucional e política (CABRAL, 2017, p. 381). O que se percebe, é que as universidades púbicas e tardiamente as privadas, tiveram seus olhares voltados para a inclusão e acessibilidade, serviços especializados, disponibilização de recursos a partir do ano 2000, mesmo existindo leis e decretos que as incluísse nos programas de inclusão. Somente a partir dessa data é que os dados acerca das pessoas com deficiência nas Instituições de Ensino Superior – IES, começaram a ser divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) (NOZU; SILVA; ANACHE, 2018, p. 1421). Nessa conjuntura, destaca-se a criação pelo MEC, em 2005, do Programa Incluir: Acessibilidade na Educação Superior, com a finalidade de promover o desenvolvimento de políticas institucionais e ações para garantia de acesso pleno das pessoas com deficiência no Ensino Superior. O Incluir foi implementado até 2011, por meio de chamadas públicas, nas quais as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) submetiam propostas de instituição e consolidação dos Núcleos de Acessibilidade, “visando eliminar barreiras Público-Alvo da Educação Especial (PAEE) Como o movimento acerca da inclusão tomou grandes proporções tanto no exterior quanto no Brasil, em 2012 o Ministério da Educação e Cultura (MEC) passou a incentivar, estimular e a apoiar por meio de recursos financeiros, previstos nos 157 orçamentos das IES federais ações políticas de acessibilidade (NOZU; SILVA; ANACHE, 2018). Todavia estudos de alguns autores Bruno (2011); Castro e Almeida (2014); Ana- che, Rovetto e Oliveira (2014) demonstraram que as IES apresentavam dificuldades para instituir as políticas de inclusão dentro de suas instalações o que fez com que a Política de Educação Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação inclusiva queira que as IES modifiquem sua estrutura física para atender os alunos, principalmente os deficientes físicos e os cegos (utilizando o piso tátil e indicações em Braile). Por outro lado, no que diz respeito a acessibilidade pedagógica, seria necessário adaptar o currículo, as práticas pedagógicas, e pensar na transversalidade dos conteúdos de forma a abranger a inclusão e a remoção de barreiras atitudinais de toda a comunidade escolar. Recentemente a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) nº 13.146/2015 , prevê e orienta às IES em relação a acessibilidade. Art. 3.º, I –Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público, privado ou coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; II –Desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva; III –Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando a sua autonomia independência, qualidade de vida e a inclusão social (BRASIL , 2015). Toda essa orientação da LBI refletiu significativamente no número de matrículas de alunos com deficiência no Ensino Superior: se no ano 2000 o registro de matrículas estava em torno de 2.155 estudantes com deficiência, após a LBI esse número cresceu para 35. 891 alunos com algum tipo de deficiência matriculados em todo Brasil. 158 Figura 45: Evolução de matrículas no ensino superior Fonte: Ministério da Educação (2018) 159 Figura 46: Matrículas na Graduação de alunos com deficiência Fonte: Ministério da Educação (2018) Pelos gráficos e por tudo que estudamos até agora, percebemos que o nú- mero de alunos matriculados aumentou consideravelmente, principalmente no que diz respeito à deficiência física, mas, contudo, as adaptações necessárias nas escolas ainda não atendem ao referido público. Muitas conquistas foramrealizadas, todavia, estamos muito distantes de uma realidade inclusiva. Os atendimentos realizados pelas IES ainda são incipientes e que a melhoria da qualidade na acessibilidade, tecnologia assistiva, adaptações arquitetônicas, alterações curriculares entre outras práticas inclusivas fariam muita diferença na vida das pessoas com deficiência física, possibilitando a elas o direito de ir e vir, autonomia para resolver os próprios problemas e a inserção estudantil. Veja a seguir alguns exemplos de adaptações deveriam ser realizadas em todas as IES do país, sejam 160 federais ou privadas. Figura 47: Cadeirante em mesa e cadeira adaptadas Fonte: Agência Senado (2016) Figura 48: Material adaptado em Braile Fonte: Jimenez (2012) 161 Figura 49: Mesas adaptadas para cadeirantes Fonte: Blog RH (2017) Figura 50: Tecnologia assistiva na biblioteca Fonte: Mesquita (2019) 162 Figura 51: Prateleiras adaptadas para cadeirantes Fonte: Sallit (2019) Figura 52: Vagas no estacionamento na escola para cadeirantes Fonte: Lima (2019) https://glo.bo/3cFaKB3 163 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O direito ao transporte e a mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobili- dade reduzida será assegurado em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de identificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao acesso (1ª parte). Em todas as áreas de estacionamento aberto ao público, de uso público ou privado de uso coletivo ou em vias públicas, devem ser reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de pedestre, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoa com deficiência com comprometimento de mobilidade, não havendo necessidade de identificação (2ª parte). A sentença está a) totalmente correta. b) correta somente em sua 1ª parte. c) correta somente em sua 2ª parte. d) totalmente incorreta. e) a 2ª parte justifica a 1ª. 2. “Desde o período de reabertura democrática, no final dos anos 1980, pesquisas em Ciências Sociais e Ciências Humanas dedicam-se a discutir como diferentes aspectos de nossa desigualdade social se presentificam no chão da escola e no desenho da política pública educacional. Em consonância com discussões presentes em tratados internacionais, vem se utilizando a expressão educação inclusiva para referir à política educacional que, ao reconhecer processos históricos que alijaram inúmeros setores do direito à educação de qualidade, produz um conjunto de medidas que colocam em ação distintas estratégias que rompam com o quadro de exclusão escolar de diferentes setores da sociedade” (Rodrigues, 2019). Sobre a educação inclusiva, analise as assertivas como Verdadeiras ou Falsas e assinale a alternativa correta. 164 I. A Lei nº 13.146/2015 é a lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). II. Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. III. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. IV. É dever exclusivo do Estado, com auxílio da sociedade, assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. a) Todas são verdadeiras. b) I e IV são verdadeiras. c) I, II, III são falsas. d) I e II são falsas. e) IV é falsa. 3. De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), assinale a alternativa correta. a) A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa para casar-se e constituir união estável, exercer direitos sexuais e reprodutivos, exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar, conservar sua fertilidade, sendo possível a esterilização compulsória quando requerida por seu curador e autorizada judicialmente. b) Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. c) A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicológica, realizada por 165 equipe multiprofissional e interdisciplinar. d) A curatela afetará os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial, ne- gocial e conjugal. e) Os curadores são obrigados a prestar, semestralmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano. 4. A educação especial é modalidade educativa que perpassa todos os segmentos da escolarização, constituindo-se como desafio relevante para a escola. A educação inclusiva abrange as seguintes deficiências: 1º) deficiência visual e auditiva. 2º) deficiência intelectual. 3º) deficiência física. 4º) transtorno global. 5º) altas habilidades. Cada uma delas caracteriza necessidades educacionais especiais (NEE) que garantem ao aluno a requisição de benefícios específicos. De acordo com a ordem em que foram apresentadas as cinco deficiências constantes na educação inclusiva, constituem, respectivamente, apoios especializados: a) ensino de libras e braile, adaptações do material e do ambiente físico, estratégias diferenciadas para uniformização do comportamento, ampliação dos recursos educacionais e/ou aceleração de conteúdos, mediação holística para o desenvolvimento de estratégias de pensamento. b) ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, mediação para o desenvolvimento de estratégias de aceleração do pensamento, eliminação de escadas, disposição de equipe especializada e multidisciplinar, oferta de aplicativos educativos específicos. c) ensino de libras e braile, adaptações do material e do ambiente físico, estratégias diferenciadas para normalização do comportamento, ampliação dos recursos educacionais e/ou aceleração de conteúdos, mediação para o desenvolvimento de processos de memorização. d) ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, 166 mediação para o desenvolvimento de estratégias de pensamento, adaptações do material e do ambiente físico, estratégias diferenciadas para adaptação e regulação do comportamento, ampliação dos recursos educacionais e/ou ace- leração de conteúdos. e) ensino de libras e braile, adaptações do material, mediação para o desenvolvimento de estratégias de aceleração do pensamento e mediação para o desenvolvimento de processos de memorização. 5. Dados do IBGE revelam que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) considerou quatro tipos de deficiências: auditiva, visual, física e intelectual. Os dados revelam ainda que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. Quais são os fundamentos legais dos que defendem a inclusão escolar das pessoas com deficiências? O direito à educação, o direito de frequentar a escola comum (junto com os ditos “normais”), o direito a aprendernos “limites” das próprias possibilidades e capacidades são decorrentes do direito primordial à convivência, até porque é na convivência com seres humanos – “normais” ou diferentes – que o ser humano mais aprende. a) LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. b) Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. c) Estatuto da Criança e do Adolescente. d) Nova Escola para aprender a ler, escrever e contar. e) Política Nacional de Educação Especial. 6. Analise o seguinte trecho retirado do livro Para ensinar educação física – Possibilidades de intervenção na escola, de Darido e Moreira Júnior: “Ao longo da história, os indivíduos com necessidades especiais foram vistos como doentes e incapazes, e sempre estiveram em situações de desvantagem, ocupando, no imaginário coletivo, a posição de alvo da caridade popular e da assistência social, e não a de sujeitos de direitos sociais, entre os quais se inclui o direito à educação, educação física e aos esportes”. Levando em consideração a presença de Pessoas com Deficiência (PCD) em sala de aula, analise as seguintes assertivas sobre o que é necessário, assinalando V, se verdadeiras ou F, se falsas. 167 ( ) Na presença de alunos com deficiência física, estar atento para o fato de que o tempo de execução de movimentos pode ser mais demorado. ( ) Na presença de alunos com deficiência visual, encorajar o aluno a seguir as de- monstrações dos colegas. ( ) Na presença de alunos com deficiência auditiva, guiar o aluno, se ele precisar. A ordem correta para preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) F – F – V. b) V – V – F. c) V – F – F. d) F – V – V. e) F – V – F. 7. Observe as falas de três profissionais da educação acerca da implantação de um projeto “inclusão”, com a atuação de monitores educacionais para pleno atendimento a alunos especiais. _ “Grandes são os desafios do projeto de inclusão de monitores educacionais; a escola não foi capacitada para receber os alunos com deficiências, não temos uma estrutura adequada que proporcione ao aluno um ambiente de aprendizado e lazer. Outra dificuldade são as adaptações do currículo que são necessárias para se trabalhar.” (professora A de uma escola da rede municipal). _ “O projeto é desafiador pois, incluir é novo para a escola, e tudo que é novo no início gera medo; entre as dificuldades vejo que o que mais precisa de atenção é a formação adequada pra toda a comunidade escolar e a estrutura física das escolas” (professora B de outra escola municipal). _ “Muitas são as dificuldades que encontramos, entretanto, houve um grande avanço na educação inclusiva na nossa cidade. A nossa escola, ao construir um projeto em que nossos alunos com deficiências trabalham lado a lado com monitores educacionais , um grande passo foi dado no processo de aprendizagem pois, não somente os alunos aprendem e se desenvolvem mais, como também 168 toda a escola, desde os auxiliares de limpeza, os professores, gestores, os alunos ditos “normais”, como toda a sociedade”. (orientadora pedagógica de escola da rede privada) Acerca das falas das três profissionais, pode-se afirmar que: a) a necessidade de as escolas se adequarem às necessidades dos alunos, com adaptações na estrutura física de modo que as tornem escolas acessíveis é clara- mente dita pelas profissionais; todavia sabe-se que nem toda deficiência necessita de adequações na estrutura física do prédio, sendo então necessária uma reflexão mais profunda para que a adaptação física seja o complemento de uma escola inclusiva e não se torne ponto excludente. b) as profissionais deixam claro que estão de acordo com a implantação do projeto e não sinalizam dificuldade alguma para o ingresso de alunos especiais ou de monitores educacionais que desenvolverão as atividades complementares com os alunos. c) a indicação de que as escolas ainda não estão preparadas para atender e realizar a inclusão é real, visto que não existe projeto que resista às barreiras da acessibilidade, mesmo contratando todos os monitores educacionais disponíveis. d) as profissionais deixam claro que não estão de acordo com a implantação do projeto, que rejeitam a ideia pois a escola não está adaptada para oferecer educação inclusiva plenamente. e) as dificuldades de implantar um processo inclusivo e eficaz que atenda a todos, construído sobre alicerces sólidos que vise o acolhimento e a permanência de todos, garantido uma educação de qualidade, com certeza encontra todas as condições necessárias, visto que as profissionais não nomeiam nenhum tipo de dificuldade. 8. O objetivo da Educação Inclusiva é: I. garantir que todos os alunos com ou sem deficiência participem ativamente de todas as atividades na escola e na comunidade. II. realizar mudanças na estrutura física, somente se tiver algum educando com necessidade especial. 169 III. manter os educandos no mesmo espaço da escola, assim evita de oferecer muitas informações espaciais. IV. que as condições de uso dos espaços e dos equipamentos possam ser alcança- dos por todos na realização de atividades por todas as pessoas. Está(ão) correta(as): a) I. b) I e IV. c) IV. d) II e III. e) III e IV. 170 DESENHO UNIVERSAL E ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA 12.1 DESENHO UNIVERSAL E ACESSIBILIDADE Quando falamos sobre deficiência, nos lembramos de alguns conceitos como desenho universal, acessibilidade e Tecnologia Assistiva, e sabemos que infelizmente muitas pessoas ainda confundem esses termos que fazem a diferença na vida das pessoas com deficiência, nesse caso a deficiência física. As pessoas com deficiência têm seus direitos assegurados e garantidos na De- claração dos Direitos Humanos desde 1948, bem como outros tratados internacionais que visam garantir os direitos e a dignidade de alguns grupos específicos, tais como, as pessoas com deficiência. A educação deve primeiramente passar pelo respeito à diferença, contudo para além dela, incluir não representa “integrar “ a pessoa com deficiência em lugares definidos como acessíveis pela escola e pela sociedade. O correto seria que todos os lugares e instituições fossem acessíveis para todos. Isso requer não só a inclusão, mas, a articulação de uma proposta de inclusão continuada, dentro e fora do ambiente escolar. De acordo com a Lei 13.146/2015 o desenho universal define-se como Art 3º: I - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva; Art. 55. A concepção e a implantação de projetos que tratem do meio físico, de transporte, de informação e comunicação, inclusive de sistemas e tecnologias da informação e comunicação, e de outros serviços, equipamentos e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referência as normas de acessibilidade (BRASIL, Lei Nº 13.146, de 6 de Julho de 2015, 2015). 171 Podemos concluir que o desenho universal é pensado para as pessoas com deficiência, contudo, atende também a todas as pessoas sem deficiência, por isso é universal, promovendo a autonomia, segurança e conforto, por meio de soluções, produtos, serviços, programas, adaptação nos meios de transporte, tecnologia assistiva, em qualquer espaço, seja público ou privado, isso vale também para as escolas. Pensando no desenho universal e suas características, ele está voltado para a pessoa, e respeitaas diferenças e as dificuldades que apresentadas por elas ao utilizar algum produto, ambiente ou um serviço. Assim, o ambiente precisa ser “desenhado” de forma que atenda a todas as pessoas, com pouca ou muita dificuldade. https://bit.ly/36D2v4m 172 Vale ressaltar que quando pensamos em desenho universal estamos tratando de questões relativas à acessibilidade, porém, a partir do princípio da universalidade, o desenho universal não contemplará apenas às pessoas com deficiência física. Ob- serve as imagens abaixo e compreenda o princípio da universalidade, que contempla toda uma sociedade, não somente grupos específicos. Figura 53: Desenho Universal Fonte: Galvão (2019) Figura 54: Pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência Fonte: Battistella e Krähenbühl (2010) Ficou claro agora como o desenho universal favorece todas as pessoas, 173 independente da deficiência, ou se a mobilidade é ou não reduzida? A ideia central é que todos sejam contemplados na elaboração de estratégias para a acessibili- dade. Um exemplo que deixa mais clara a compreensão desse conceito é a concepção de rampa. Uma rampa pode ser utilizada tanto por pessoas que apresentam uma deficiência física e dificuldade de locomoção quanto por pessoas que não apresentam nenhuma deficiência, como um idoso, uma pessoa obesa ou uma mãe empurrando um carrinho de bebê. Dessa ideia, baseada na acessibilidade para todos, independentemente das suas condições ou impedimentos, surgiu a ideia de integração de tal conceito aos processos de ensino e aprendizagem, baseando-se num ensino pensado para atender as necessidades variadas dos alunos, pois além das barreiras físicas, também existem hoje as barreiras pedagógicas (ZERBATO; MENDES, 2018, p. 149) Assim, tanto espaços públicos com espaços privados e os espaços escolares precisam ser adaptados e adequados, de acordo com a deficiência ou necessidade de cada aluno. https://bit.ly/3jeCk9h 174 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A concepção e a implantação de projetos de uso público ou coletivo, bem como de políticas públicas, devem atender aos princípios do desenho universal, a fim de garantir o direito à acessibilidade. De acordo com a Lei n.º 13.146/2015 (Lei Brasi- leira de Inclusão da Pessoa com Deficiência), pode-se considerar desenho universal a concepção de a) produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico. b) produtos, ambientes e programas a serem usados somente por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, incluindo-se adaptações e projetos específicos. c) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e serviços que promovam a funcionalidade, relacionada exclusivamente à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, sem adaptações ou projetos específicos. d) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e serviços que promovam a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação de todas as pessoas, sem adaptações ou projetos específicos. e) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e serviços que promovam a inclusão de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, incluindo adaptações e projetos específicos. 2. “No paradigma da inclusão, talvez um dos maiores problemas enfrentados no contexto brasileiro seja a escassez de recursos e serviços que assegurem condições de acessibilidade às pessoas com necessidades educacionais especiais” (MEC, 2007). Nesse contexto, não pode ser considerada uma ação de inclusão: a) Desenvolver atividades que levem a família e a comunidade a acolher a criança com sua diferença, sem protecionismos. 175 b) Procrastinar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou nível de ensino, público ou privado, em razão de suas necessidades educacionais especiais. c) Remover barreiras arquitetônicas das unidades educacionais. d) Garantir a atuação de uma equipe multiprofissional, composta por educadores especializados, médicos, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas e outros, com o objetivo de auxiliar no processo de reabilitação das crianças com deficiência fí- sica. e) Realizar reservas de vagas a pessoas com deficiência, em conformidade com a legislação vigente. 3. A Educação Inclusiva aposta na escola como comunidade educativa, defendendo um ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos os alunos. É uma escola que reconhece as diferenças, desenvolve-se com essa diversidade, dando sentido e significado ao ensino. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e marque V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) De acordo com a filosofia da escola inclusiva, todas as crianças devem ser educadas numa escola isenta de barreiras pedagógicas, de organização administrativa e de gestão de recursos. ( ) Perante um idealismo desejável que associa a inclusão, aos direitos humanos e à equidade social é dispensável que os docentes demonstrem atitudes inclusivas nas suas práticas. ( ) O princípio da inclusão apela para uma escola que tenha em atenção a criança-todo, não só a criança-aluno. ( ) Deve preconizar o ajustamento de toda a comunidade educativa, adotando estratégias capazes de facilitar a aprendizagem a grupos de alunos, em que a inevitável diversidade é considerada como um fator de enriquecimento e um motor de desenvolvimento de toda a comunidade escolar. A sequência CORRETA é: a) V – F – V – V. b) F – V – F – V. 176 c) V – F – V – F. d) F – V – F – F. e) F – F – F – F. 4. Leia as afirmativas a seguir: I. Prover atendimento educacional não especializado para alunos com necessidades educacionais especiais é um dos objetivos da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. II. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos. Marque a alternativa CORRETA. a) As duas afirmativas são verdadeiras. b) afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa. c) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa. d) As duas afirmativas são falsas. e) Apenas a alternativa I é verdadeira. 5. Observe: ( ) O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes, considerando suas necessidades específicas. ( ) A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades. ( ) As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, sendo substitutivas à escolarização. ( ) A educação especial realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. 177 Em consonância com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, indique se as alternativas acima são verdadeiras “V" ou falsas “F". a) V, V, F, F. b) F, F, V, F. c) F, V, F, V. d) V, V, F, V. e) V, F, F, V. 6. Com base nas atuais políticas de Educação Especial e na Lei Brasileira de Inclusão ou o Estatuto da Pessoa com Deficiência, promulgado em 2015, ‘pessoa com de- ficiência’ é aquela a) que tem impedimento de longo, médio ou curto prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com a família, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade decondições com as demais pessoas. b) que tem impedimento de longo prazo de natureza física, genética ou psíquica que obstrui sua participação plena e efetiva na sociedade. c) tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. d) que possui direitos específicos de proteção e tutela do Estado, devido aos seus impedimentos de natureza orgânica. e) tem impedimento de longo prazo de natureza física e genética o qual, em interação com a família e a escola, pode obstruir seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. 7. No que se refere ao atual processo de inclusão, pode-se afirmar que, atualmente, ele preconiza o reconhecimento 178 a) da igualdade de direitos e acessos. b) do direito à diferença e à restrição. c) da deficiência intelectual enquanto deficiência física. d) da incapacidade intelectual. e) do deficiente intelectual enquanto incapaz. 8. O atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais deve: I. Ser realizado em classes comuns do ensino regular. II. Ocorrer em qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica. III. Excluir a avaliação diagnóstica do educando. IV. Impossibilitar o atendimento em grupo. Estão corretas apenas: a) I, II III. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) I e II. e) I. 179 TECNOLOGIA EM CONTEXTO 13.1 INTRODUÇÃO Nesse capítulo discutiremos alguns aspectos teóricos e conceituais acerca das tecnologias a fim de pensarmos a tecnologia assistiva como recurso que viabiliza a autonomia e promove acessibilidade da pessoa com deficiência. É importante não sermos indiferentes ao assunto, dada a necessidade de refletirmos sobre o papel da tecnologia na sala de aula e nas esferas sociais, como influenciadora de nossas vivências, experiências, inclusão e como fator fundamental de interação. Ao avançarmos a reflexão para o contexto inclusivo, a tecnologia toma novos contornos por permitir outras possibilidades e acesso irrestrito a todo tipo de informação e aprendizagem. Por sua vez, a escola no contexto inclusivo se traduz em um espaço de troca de diferentes aprendizagens e vivências, espaço esse que deveria desvincular-se do ensino tradicional por considerar/acompanhar as mudanças e os avanços sociais que as tecnologias propiciam muito rapidamente à comunidade acadêmica. Se pensarmos sobre o nosso cotidiano, veremos que a tecnologia está inserida basicamente em todas as tarefas que executamos, e nos tornamos cada vez mais dependentes pelas facilidades que ela nos proporciona. Inicialmente precisamos pensar que a tecnologia não se constitui de um recurso isolado, antes de mais nada, ela reflete algumas mudanças comportamentais, sociais, econômicas e culturais, pelas quais todos nós passamos, alunos, professores, instituições, família, etc. Um dos locais mais privilegiados por essas mudanças é a escola, que, ao ser 180 assistida pelas tecnologias, principalmente a assistiva, abre possibilidades para que o estudante com deficiência se torne um sujeito completo, ativo e participante, responsável pela própria aprendizagem, tendo na tecnologia uma aliança para o seu processo de desenvolvimento, seja ele cognitivo ou motor. Isso chama-se acessibilidade. Se discutimos em diversas áreas do conhecimento a necessidade de fortalecimento da diversidade e de um contexto cada vez mais inclusivo, percebemos o quanto a tecnologia é fundamental para o enriquecimento de estratégias de aprendizagem, bem como um recurso potencializador da interação social, ou seja, o ensino tradicional e sua prática não “cabem” mais dentro da escola. Não se trata apenas de modernização ou da aquisição dos mais variados recursos tecnológicos, trata-se da busca do desenvolvimento humano. Figura 55: Interação social por meio da tecnologia Fonte: Inforchannel (2020) Ao pensamos na modernização, no avanço tecnológico e em equipamentos muito desenvolvidos, devemos refletir acerca do que antecede todo o processo de modernidade. Somos seres humanos e pensantes, o que nos difere dos animais. Assim, na tecnologia o movimento de busca por melhores condições ocorre desde os primórdios da civilização. Mas, como assim desde os primórdios da civilização? 181 Se somos seres pensantes, fomos, somos e ainda seremos capazes de criar recursos ou artefatos que venham solucionar nossos problemas do cotidiano, suprir as nossas necessidades físicas, biológicas como também nossa sobrevivência. Voltemos no tempo! Você se lembra de uma tecnologia muito antiga e que surgiu da necessidade do homem de se desenvolver e que marcou a história? A roda é um dos nossos maiores exemplos de criação e tecnologia. Essa ideia pode ser ilustrada por Monteiro Lobato, em História das invenções. O trecho do livro de Monteiro Lobato nos mostra o quanto a invenção da roda como tecnologia foi importante, e que a partir dela outras tecnologias foram se desenvolvendo com o objetivo de resolver problemas do cotidiano: transformar a natureza, modificar a história do homem, além de construir um processo de A natureza deu ao homem a Mão, que é uma perfeita maravilha. O cérebro deu à Mão a eficiência mecânica, que é mil vezes mais maravilhosa ainda. [...] A roda começou permitindo a multiplicação da força do pé. Sem aquele rolete que o fogo queimou não teríamos os Fordes e os aviões. - Que tem o avião com a roda? - Tem tudo. É movido por meio de uma hélice, que não passa de uma roda com pás de um certo jeito. Entre as várias filhas da roda está a hélice. Mas a roda não se generalizou nos tempos antigos como está generalizada hoje. Houve povos que a ignoravam. As populações primitivas da América, por exemplo, desconheceram-na completamente. Quando os primeiros colonizadores introduziram aqui os veículos de roda, o espanto dos índios foi grande. A roda, ou antes o veículo de rodas, exige uma superfície lisa em que possa rodar; isto é, exige boa estrada. Ora, isso de estrada boa é coisa que só existe em certos países, de maneira que ainda hoje em muitos pontos do mundo há menos veículos de roda do que veículos de quatro pés: o burro que leva carga ao lombo. [...] - E como veio o pé de ferro que corre: o trem? - Ah, isso foi interessante. Depois de descoberta a máquina a vapor, vários ingleses tiveram a ideia de fazer essa máquina puxar carros pesados nas estradas comuns. Montavam num ponto da estrada uma máquina a vapor fixa, para, por meio de enrolamento de uma corda, puxar carros. Era complicadíssimo e de pouco resultado nas distâncias grandes. A boa ideia então ocorreu a Stephenson: e se em vez de a máquina puxar os carros ela se puxasse a si mesma? Estuda que estuda, Stephenson resolveu o problema. Inventou a locomotiva, a máquina que se puxava a si própria. [...] Isso não era tudo. Para que tal máquina pudesse caminhar com rapidez, tornavam-se necessários caminhos ótimos, bem calçados, bem nivelados, sem lama no tempo de chuva. E não havia tal coisa. Como resolver o problema? Stephenson imaginou os trilhos, isto é, duas estradinhas paralelas feitas de ferro, de largura que bastasse para as rodas da sua locomotiva - e hoje o mundo inteiro está cortado de norte a sul e de leste a oeste por maravilhosas estradas de ferro, filhas da estradinha do grande inventor inglês (LOBATO, 2014, p. 55) . 182 produção. Por meio da história percebemos como a tecnologia foi modificando a sociedade: o avião, a roda, a estrada, o trem, a máquina a vapor, a locomotiva, ruas calçadas, trilhos...A tecnologia faz parte da vida homem, e com o passar dos anos passou também a fazer parte da história da escola, das famílias e das pessoas com deficiência. As transformações por que passa essa sociedade produzem mudanças nos seus sistemas de produção, nas relações sociais e, por conseguinte, podem provocar conflitos e o surgimento de novos modelos culturais. Essas mudanças culturais muitas vezes representam as próprias adaptações dos indivíduos ao seu meio (MEDEIROS; VENTURA, 2007 , p. 273). A tecnologia segundo Laraia, (2001) desencadeia a adaptação e a ramificação de outras mudanças. Ela tornou e torna cada dia mais a vida da pessoa com deficiência viável e em condições de equidade, não apenas de igualdade. Figura 56: Diferença entre igualdade e equidade Fonte: Cunha (2020) Embora nossa sociedade tenha passado por mudanças significativas ao longo dos anos, como podemos perceber no trecho do texto de Monteiro Lobato, mudamos constantemente nossa forma de agir de viver em sociedade. Por outro lado, a tecnologia nas últimas décadas aliada aos movimentos 183 sociais e à legislação vem eliminando as barreiras físicas, possibilitando e facilitando a comunicação e o acesso à informação, ou seja, ela permite o tempo todo que nos adaptemos às transformações culturais (MEDEIROS; VENTURA, 2007 ). Moran (2000) avança a discussão propondo o conceito “sociedade interconectada”, porque segundo ele estamos passando por um novo processo de aprendizagem, estamos reaprendendo a nos comunicar, buscando uma relação entre ser humano e tecnologia, entre individual e coletivo. Podemos concluir que a tecnologia se relaciona com ao comportamento sociocultural, em que são concebidas ações e invenções para o desenvolvimento coletivo e bem-estar social. 13.2 CONCEITUANDO A TECNOLOGIA Vamos agora conversar sobre o conceito de tecnologia. Essa palavra vem do grego technê, que significa um ofício, arte ou habilidade, e logos, estudo. Portanto, tecnologia representa o estudo acerca de uma habilidade. Como já dito anteriormente, a sociedade vem passando por mudanças significativas ao longo dos anos, e esse conceito pode ganhar outras definições. Se refletirmos sob a ótica do utilitarismo, a tecnologia pode ser pensada em uma perspectiva instrumental, contudo, atualmente ela se define para muito além da técnica e da visão utilitarista, pois, sabemos que além dos processos de desenvolvimento de instrumentos, ela abrange o campo dos estudos vinculados ao aspecto sociocultural. Bastos (1998, p. 92) define a tecnologia como: [...] a capacidade de perceber, compreender, criar, adaptar, organizar e produzir insumos, produtos e serviços. Em outros termos, a tecnologia transcende a dimensão puramente técnica, ao desenvolvimento experimental ou à pesquisa em laboratório; ela envolve dimensões de engenharia de produção, qualidade, gerência, marketing, assistência técnica, vendas, dentre outras, que a tornam um vetor fundamental de expressão da cultura das sociedades. Percebemos então que além do caráter técnico e descritivo, a tecnologia tem como função utilizar e aplicar os conhecimentos científicos produzidos, tornando-se uma ciência aplicada para a resolução de problemas. Poderíamos pensar em dividir a tecnologia da seguinte maneira: 184 Figura 57: Tecnologia e suas visões Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) Se a tecnologia se serve também dos estudos científicos, podemos considerar o fato de que ela está em constante transformação para que possa atender às demandas sociais, incluindo as demandas escolares. Figura 58: Cérebro eletrônico Fonte: Ribeiro e Nunes (2016) Podemos pensar que o que nos serve de tecnologia hoje pode não mais servir amanhã. Observe as imagens abaixo e tente buscar na memória outros tipos de tecnologia que sofreram transformações ao longo dos anos em função das 185 demandas sociais e bem-estar coletivo. Figura 59: Modernidade: computador de anos atrás e o atual Fonte: Adaptado de Fiszman; Shoptime (2015; 2020) Sabemos que hoje é impossível viver em um contexto sem a interação tecnológica, que seja do computador, do celular, internet, etc. A tecnologia da informação e da comunicação nos rodeiam por onde quer que possamos ir, estão presentes em nosso cotidiano. E na escola essa presença não pode ser diferente. É inaceitável que professores e demais profissionais ligados à educação não concebam a tecnologia como parte integrante do seu dia-a-dia, bem como das estratégias de aprendizagem e espaços de atendimento educacional especializado. 13.3 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: TICS Você sabe o que é ou já ouviu falar das Tecnologias da Informação e Comunicação, TICs? Para Felipe (2012, p. 20) elas podem ser consideradas: Conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum; São utilizadas das mais diversas formas, na indústria (no processo de automação), no comércio (no gerenciamento, nas diversas formas de publicidade), no setor de investimentos (informação simultânea, comunicação imediata) e na educação (no processo de ensino aprendizagem). 186 A respeito disso, podemos compreender que as TICs estão ligadas à acessibilidade e ao acesso à informação para todas as pessoas, ou seja, elas abrem um leque de possibilidades. Contudo, as TICs não podem estar associadas à ideia de ensino tradicional, pois, esse tipo de ensino não permite pensar em possibilidades e estratégias diferenciadas que permitam o acesso à tecnologia, a informação, a democratização do ensino, a acessibilidade e principalmente a inclusão. Você saberia elencar alguns exemplos de TICs a serem usadas no meio educacional? Podemos iniciar a reflexão, pensando nas câmeras de vídeo. Elas são recursos acessíveis e podem ser utilizadas em sala de aula para melhorar o processo de ensino aprendizagem. Mas, você deve estar se perguntando como? Por meio de gravações de vídeos para os alunos ou realizado pelos alunos para produção ou explicação de conteúdo, divulgação e exploração de imagens, estudos posteriores às aulas, atividades em equipe entre outras. Para Moran (2007, p. 38) Televisão e vídeo são sensoriais, visuais, linguagem falada, linguagem musical, escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí sua força. Atingem-nos por todos os sentidos e de todas as maneiras. Televisão e vídeo nos seduzem, informam, entretém, projetam em outras realidades (no imaginário), em outros tempos e espaços. Além das tecnologias citadas pelo autor, podemos ainda elencar os tablets e celulares. Sabemos que algumas das queixas dos professores referem-se ao uso indiscriminado dessas TICs pelos alunos. Mas, porque não as transformar em aliadas para uma educação significativa? O celular é um recurso poderoso pedagógico que pode contribuir para o desenvolvimento das habilidades comunicativas dos alunos (RODRIGUES; RODRIGUES, 2012). Por outro lado, temos a internet e o computador, que juntos criam novos desafios, criam outras formas de aprendizagem que não são tradicionais, muito ao contrário, podem ser colaborativas e interativas. Para MORAN (1998, p. 128) https://url.gratis/cng1J 187 A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio,competência e simpatia com que atua. Além do que já foi exposto, sabemos que esses recursos podem ser bem utilizados podem contribuir para o processo de inclusão além de modificar a forma como nos relacionamos com o mundo. FIXANDO O CONTEÚDO 1. (Q797162 )A sociedade vem passando por muitas mudanças, em grande medida provocadas e potencializadas pelo avanço das tecnologias da informação. Na escola, tais tecnologias também se fazem presentes. Sobre o uso das tecnologias da informação na escola, assinale a alternativa CORRETA. a) Armazenamento em nuvem é uma tecnologia que permite o armazenamento de Conheça o livro Tecnologia assistiva em educação especial e educação inclusiva eobserve como a tecnologia se tornou um recurso indispensável a ser utilizado na sala de aula e sala de recursos. https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/797162 https://tinyurl.com/y5u66ec7 188 dados, tais quais planos de curso, planos de aula, sequências pedagógicas, textos de diversos gêneros, fotos, gravuras, dentre outros, num computador em sala de aula. Essa tecnologia garante que os dados estejam sempre disponíveis ao professor e aos alunos. b) Webquest, correio eletrônico, hipertexto e o uso de tablet garantem a efetiva aprendizagem em sala de aula. c) Reálias e Phillips 66 são exemplos de tecnologias da informação que podem ser utilizadas na escola. d) São denominados como “nativos digitais” a população nascida após os anos 2010. e) Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva é uma das competências da BNCC. 2. (Q797094 ) 2- Enquanto 12,6 milhões de pessoas procuram emprego no país, 160 mil postos de trabalho na área de tecnologia da informação não possuem profissionais para ocupá-los em 2019 [...]. O estudo mostra que 75% das empresas têm dificuldade para recrutar profissionais de TI. [...] ”temos tecnologias novas todos os dias. São poucos os candidatos que conseguem acompanhar esse movimento. [...] Mas a faculdade forma 30 pessoas por ano, e a gente tem uma única empresa com cem vagas por mês”, diz (a consultora sênior da empresa Michael Page). O TEMPO. Sobram vagas para desenvolvedores de software. 3 nov. 2019, p. 10. De acordo com o texto, há dificuldades por parte de empresas em contratar profissionais de Tecnologia da Informação (TI) porque a) as empresas exigem formação de nível superior em TI, e as faculdades, apegadas ao tradicionalismo pedagógico, não conseguem ampliar vagas para formação desses profissionais. b) o surgimento de tecnologias novas todos os dias é o fator que leva à rejeição das pessoas de ingressarem na área de TI, pois isso tende a demandar delas estudo constante. c) os profissionais de TI, por serem muito especializados, permanecem por longos https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/797094 189 períodos em seus postos de trabalho, causando estagnação na área. d) um número sensível de vagas ofertadas na área de TI não encontra, entre pessoas que buscam emprego, profissionais habilitados para ocupá-las. e) as empresas não exigem formação de nível superior em TI, e as faculdades, apegadas ao tradicionalismo pedagógico, não conseguem ampliar vagas para formação desses profissionais. 3. (Q799094 ) O programa do MEC para educação a distância, que visa proporcionar formação continuada para o uso pedagógico das diferentes tecnologias da informação e da comunicação é denominado: a) Mídias na Educação. b) Educação Pedagógica a distância. c) Internet na sala de aula. d) Universidade aberta do Brasil. e) O Computador em sala de aula. 4. (Q783444 ) A respeito do acesso à informação e à comunicação da pessoa com deficiência, é correto afirmar que, segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a) telecentros comunitários que receberem recursos públicos federais para seu custeio ou sua instalação devem possuir equipamentos e instalações acessíveis, não se estendendo tal obrigação legal às lan houses. b) os fornecedores devem disponibilizar, mediante solicitação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou qualquer outro tipo de material de divulgação em formato acessível. c) considera-se barreira atitudinal formato não acessível de arquivos digitais, ou seja, que não podem ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de telas ou outras tecnologias assistivas. d) por expressa disposição legal, cabe à iniciativa privada incentivar a oferta de aparelhos de telefonia fixa e móvel com acessibilidade que permita a indicação e ampliação sonoras de todas as operações e funções disponíveis. e) é obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou no exterior ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência. https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/799094 https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/783444 190 5. (Q799853) Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, a educação especial se organizou tradicionalmente como: a) Atendimento inconveniente particularizado substitutivo ao ensino aceitável, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. b) Atendimento grosseiro individualizado substitutivo ao ensino regular, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. c) Atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. d) Atendimento educativo inábil substitutivo ao ensino regular, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. e) Atendimento de ensino principiante substitutivo ao ensino superior, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. 6. (Q7978170) A Educação Inclusiva aposta na escola como comunidade educativa, defendendo um ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos os alunos. É uma escola que reconhece as diferenças, desenvolve-se com essa diversidade, dando sentido e significado ao ensino. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e marque V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) De acordo com a filosofia da escola inclusiva, todas as crianças devem ser educadas numa escola isenta de barreiras pedagógicas, de organização administrativa e de gestão de recursos. ( )Perante um idealismo desejável que associa a inclusão, aos direitos humanos e à equidade social é dispensável que os docentes demonstrem atitudes inclusivas https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/799853 https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/797817 191 nas suas práticas. ( ) O princípio da inclusão apela para uma escola que tenha em atenção a criança-todo, não só a criança aluno. ( )Deve preconizar o ajustamento de toda a comunidade educativa, adotando estratégias capazes de facilitar a aprendizagem a gruposde alunos, em que a inevitável diversidade é considerada como um fator de enriquecimento e um motor de desenvolvimento de toda a comunidade escolar. A sequência CORRETA é: a) V – F – V – V. b) F – V – F – V. c) V – F – V – F. d) F – V – F – F. e) V -V – V –V. 7. (Q797158) O Plano Nacional de Educação (PNE) foi aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Sua vigência é de 10 anos e apresenta 20 metas, perspectivando a melhoria da educação no Brasil. I. Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 70% (setenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional é uma das metas do PNE. II. Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394/96, assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam é a meta 15 do PNE. III. Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e políticos de desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto é meta https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/797158 192 do PNE. IV. Garantir fontes de financiamento permanentes e sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da educação básica, observando-se as políticas de colaboração entre os entes federados, em especial as decorrentes do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e do§ 1o do art. 75 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que tratam da capacidade de atendimento e do esforço fiscal de cada ente federado, com vistas a atender suas demandas educacionais à luz do padrão de qualidade nacional é uma das estratégias da meta 20 do PNE. É CORRETO o que se afirma em: a) II e III. b) I, II e IV. c) II, III e IV. d) II e IV. e) I, II e III. 8. (Q792341) Considere o seguinte período do texto: Embora tenha triplicado o número de professores com alguma formação em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. O sentido expresso pela oração destacada, na relação que estabelece com o restante do enunciado, também pode ser corretamente identificado no trecho destacado em: a) ... quando o país aderiu à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (...), era comum ouvir previsões negativas... b) Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou lei em 2015 e criou raízes no tecido social. c) Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por cadeirantes... d) Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para minorar preconceitos... e) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente já vamos https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/792341 193 aprendendo. 194 TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO E INCLUSÃO 14.1 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO Nesta unidade conversaremos sobre o quanto é necessário se desvincular dos padrões tradicionais já enraizados há décadas nas escolas para nos aliarmos à tecnologia como uma ferramenta, um recurso que faz parte do processo de aprendizagem. Iniciaremos nossa conversa com uma indagação: Sabemos que o ensino tem suas bases conceituais estruturadas no tradicionalismo, em uma educação bancária em que o professor é o protagonista do processo de ensino aprendizagem. Embora a educação infelizmente não acompanhe na mesma velocidade as transformações sociais, sabemos que as transformações educacionais hoje se referenciam como uma exigência. A padronização das salas de aula em muitas instituições já foi abolida. Existem espaços que já foram pensados para processos e atividades colaborativas. Inúmeras são as propostas de salas de aula invertidas. Temos uma nova proposta de escola e de aprendizagem ancoradas em um novo sujeito, singular, subjetivo e diverso. As novas teorias de sujeito nasceram em meio à crise da racionalidade, fim do século XIX e anunciaram novas bases para a compreensão desse sujeito agente no mundo, e que se tornou um grande desafio para educadores e atos educativos (SPRICIGO; OLIVEIRA; MARTINS, 2016). Não se trata mais de apenas ultrapassar as barreiras tradicionais de ensino, como também é chegado o momento de compreender quem é o sujeito que está na sala de aula, quais são as suas dificuldades, seus interesses e valores culturais além 195 de ampliar os espaços de aprendizagem. Para Moran (2000, p. 58) a ampliação dos espaços de aprendizagem pode se dar pelos espaços virtuais Hoje entendemos por aula um espaço e um tempo determinados. Esse tempo e esse espaço serão cada vez mais flexíveis. O professor continua “dando aula” quando está disponível para receber e responder a mensagens dos alunos, quando cria uma lista de discussão e alimenta continuamente os alunos com textos, páginas da internet, fora do horário específico da sua aula. Há possibilidades cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes, quando tanto professores quanto alunos estão motivados e entendem a aula como pesquisa de intercâmbio, com os alunos sendo supervisionados, animados e incentivados pelo professor. O autor aponta também que não é suficiente termos o espaço da sala de aula e os equipamentos necessários, é preciso organização e gerenciamento das práticas, bem como, a reorganização dos ambientes. Avançando na reflexão, é importante pensar que se temos um contexto educacional diferenciado, é preciso refletir acerca do papel do professor em sala de aula. Trata-se de um profissional diferenciado, que não ocupa mais o lugar de detentor do saber, isso não quer dizer que ele perdeu importância, ao contrário, seu conhecimento atualmente deve ser utilizado para a mediação da aprendizagem, buscando conhecer e ampliar as experiências dos alunos, assim com a contribuição de cada um no processo. Percebemos que as mudanças aparecem também no perfil do aluno. Nesse contexto podemos pensar em uma aprendizagem ativa, numa relação entre aluno, professor e conhecimento. Estamos falando da superação da recepção passiva do aluno e da transferência apática por parte do professor. Não se trata mais de um aluno ouvinte e um docente falante, mas de uma prática em que o discente ouve, fala, pergunta, contesta e discute. 196 Figura 60: O aluno perguntador Fonte: Souza (2014) Saímos da passividade para um processo de análise que exige do aluno motivação e envolvimento para o desenvolvimento de tarefas mentais que envolvem análise, síntese e crítica. Educador e educando aprendem juntos, numa relação dinâmica na qual a prática orientada pela teoria, reorienta essa teoria num processo de constante aperfeiçoamento (GADOTTI, 2001). Se estamos falando de uma ação educativa envolvente, podemos pensar que as tecnologias são recursos didáticos utilizados pelos professores e que propiciam ao aluno não ser apenas um expectador da aula, mas um agente de sua própria aprendizagem: quanto mais recursos digitais, maior o envolvimento e aprendizagem duradoura, porquenão serão aprendidos conceitos, mas habilidades, atitudes e competências que fazem sentido no mundo real do aluno, e não mais no mundo do professor e da intrincada sala de aula (SPRICIGO; OLIVEIRA; MARTINS, 2016). Percebemos o quanto é importante rever os papéis na escola. As práticas pedagógicas precisam urgentemente serem reavaliadas; ao professor, cabe, estar em constante formação e buscar conhecimentos acerca das tecnologias, deixar o papel de transmissor e assumir uma postura de mediador. A escola precisa mudar, se tornar interessante! 197 Essas reflexões nos permitem compreender que a mudança de posturas de professor e aluno associadas ao uso da tecnologia, possibilita uma aprendizagem significativa. Por outro lado, não podemos deixar de pensar, que ela necessita ser proposta também no âmbito da inclusão, uma vez que a escola deve promover práticas inclusivas que privilegiem a acessibilidade e não práticas excludentes. 14.2 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS E INCLUSÃO A educação especial é considerada uma modalidade de ensino que durante um longo período de tempo foi vista sob uma perspectiva patológica e corretiva em que os alunos necessitavam se adaptar e se adequar aos padrões estabelecidos socialmente. Atualmente esse cenário foi completamente modificado, novas concepções foram estabelecidas em torno da educação especial, da inclusão e da pessoa com deficiência visando incluir e reconhecer e a cultura e privilegiar práticas inclusivas. Sabemos que a visão do sujeito/aluno se modificou ao longo dos anos, e que a pessoa com deficiência passou a ocupar um lugar na sociedade, da mesma forma que a sociedade passou a disponibilizar recursos que possibilitaram a igualdade de oportunidades. É possível então que a escola esteja distanciada da acessibilidade e da igualdade? Claro que não! A escola precisa se constituir de um espaço em que a https://www.youtube.com/watch?v=7a7JaNacWco 198 aprendizagem e o desenvolvimento do aluno superem os paradigmas de padronização e da concepção anterior de sujeito. Nesse sentido as tecnologias assistivas ganham espaço e um papel de suma importância no contexto educacional, pois, oferecem outra visão sobre a limitação. Isso representa dizer que não importa se a deficiência é física ou biológica, o que importa é que os artefatos podem possibilitar o desenvolvimento, a aprendizagem e consequentemente a inclusão, independentemente da limitação. Os artefatos tecnológicos são ferramentas que possibilitam e promovem a inclusão, além de valorizar as potencialidades e habilidades das pessoas com deficiência. A tecnologia permitiu tornar possível o que antes era impossível para essas pessoas. Para Santos e Pequeno (2011, p. 79) “Na sociedade da informação, a acessibilidade ao conhecimento digital permite ao incluído digital maximizar o tempo e suas potencialidades”, além de garantir qualidade de vida e um lugar na sociedade. 14.3 CONCEITOS E OBJETIVOS DA TECNOLOGIA ASSISTIVA A tecnologia assistiva (TA) além de garantir e promover a qualidade de vida, facilita a acessibilidade, promove aprendizagem, a interação social e o acesso da pessoa com deficiência à informação e comunicação. A tecnologia assistiva refere- se a [...] toda e qualquer ferramenta, recurso ou estratégia e processo desenvolvido e utilizado com a finalidade de proporcionar maior independência e autonomia à pessoa com deficiência (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA , 2007, p. 29). O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) define tecnologia assistiva como [...] tecnologias que reduzam ou eliminem as deficiências física, mental, visual e/ou auditiva ou as limitações decorrentes dessas a fim de colaborar para a inclusão social das pessoas portadoras de deficiência e dos idosos (BRASIL , 2005, p. 1). O Decreto n. 5.296 de 2 de dezembro de 2004 “[...] produtos, instrumentos e equipamentos ou tecnologias da pessoa portadora de deficiência ou com 199 mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida” (BRASIL, 2004). A tecnologia assitiva é “uma área multidisciplinar de conhecimento na qual se desenvolvem estudos, produtos e pesquisas, visando promover a qualidade de vida e a inclusão social (SANTAROSA, 2010, p. 290). Figura 61: Exemplos de produtos e serviços de tecnologia assistiva Fonte: Adaptado de Lopes; Ortoponto (2017; 2019) Por meio das imagens e dos vídeos, podemos perceber que a TA compreende desde uma bengala a um moderno e complexo sistema de prótese mecânica que proporciona às pessoas com deficiência qualidade de vida e inclusão social. https://bit.ly/2J3gmID 200 Pensando nos vídeos que você assistiu podemos dizer que a: Figura 62: Necessidade e acesso Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) Nesse contexto podemos pensar que a tecnologia assistiva em um contexto educacional é igual ou diferente da tecnologia? Para responder a essa pergunta, entenda a diferença de acordo com Bersch, (2013, p. 12) A tecnologia educacional também é facilmente confundida com a Tecnologia Assistiva. Um aluno com deficiência física nos membros inferiores e que faz uso de cadeira de rodas, utilizará o computador com o mesmo objetivo que seus colegas: pesquisar na web, construir textos, tabular informações, organizar suas apresentações etc. O computador é para este aluno, como para seus colegas, uma ferramenta tecnológica aplicada no contexto educacional e, neste caso, não se trata de Tecnologia Assistiva. Qualquer aluno, tendo ou não deficiência ao utilizar um software educacional está se beneficiando da tecnologia para o aprendizado. Na escola o professor propõe novas ferramentas tecnológicas com objetivo de diversificar e qualificar o acesso ativo dos alunos às informações e também proporcionar a eles múltiplas formas de organizarem, expressarem e apresentarem os conhecimentos construídos. Quando então a tecnologia pode ser considerada Assistiva no contexto educacional? Quando ela é utilizada por um aluno com deficiência e tem por objetivo romper barreiras sensoriais, motoras ou cognitivas que limitam/impedem seu acesso às informações ou limitam/impedem o registro e expressão sobre os conhecimentos adquiridos por ele; https://bit.ly/3fsgk92 201 quando favorecem seu acesso e participação ativa e autônoma em projetos pedagógicos; quando possibilitam a manipulação de objetos de estudos; quando percebemos que sem este recurso tecnológico a participação ativa do aluno no desafio de aprendizagem seria restrito ou inexistente. São exemplos de TA no contexto educacional os mouses diferenciados, teclados virtuais com varreduras e acionadores, softwares de comunicação alternativa, leitores de texto, textos ampliados, textos em Braille, textos com símbolos, mobiliário acessível, recursos de mobilidade pessoal etc. De acordo com Bersch, (2013) a tecnologia assistiva tem objetivos diferenciados da tecnologia fora do contexto educacional e seu objetivo é promover o desenvolvimento humano e oportunizar a aprendizagem por vias diferenciadas. https://bit.ly/3nQz05y https://bit.ly/3l4X82A 202 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (Q799853 ) Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, a educação especial se organizou tradicionalmente como: a) Atendimento inconveniente particularizado substitutivo ao ensino aceitável, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. b) Atendimento grosseiro individualizadosubstitutivo ao ensino regular, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. c) Atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. d) Atendimento educativo inábil substitutivo ao ensino regular, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. e) Atendimento de ensino principiante substitutivo ao ensino superior, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. 2. (Q797817) A Educação Inclusiva aposta na escola como comunidade educativa, defendendo um ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos os alunos. É uma escola que reconhece as diferenças, desenvolve-se com essa diversidade, dando sentido e significado ao ensino. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e marque V (verdadeiro) ou F (falso). ( )De acordo com a filosofia da escola inclusiva, todas as crianças devem ser educadas numa escola isenta de barreiras pedagógicas, de organização administrativa e de gestão de recursos. https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/799853 https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/797817 203 ( )Perante um idealismo desejável que associa a inclusão, aos direitos humanos e à equidade social é dispensável que os docentes demonstrem atitudes inclusivas nas suas práticas. ( )O princípio da inclusão apela para uma escola que tenha em atenção a criança-todo, não só a criança aluno. ( )Deve preconizar o ajustamento de toda a comunidade educativa, adotando estratégias capazes de facilitar a aprendizagem a grupos de alunos, em que a inevitável diversidade é considerada como um fator de enriquecimento e um motor de desenvolvimento de toda a comunidade escolar. A sequência CORRETA é: a) V – F – V – V. b) F – V – F – V. c) V – F – V – F. d) F – V – F – F. e) F -F – V – V. 3. (Q799133) Antes, nós tínhamos a escola regular e a escola especial, separadamente. A educação inclusiva aparece para acabar com essa separação. Ela é a educação especial dentro da escola regular com o objetivo de permitir a convivência e a integração social dos alunos com deficiência favorecendo a diversidade. A educação inclusiva não é a mesma coisa que a educação especial. A educação especial é uma modalidade de ensino que tem a função de promover o desenvolvimento das habilidades das pessoas com deficiência, e que abrange todos os níveis do sistema de ensino, desde a educação infantil até a formação superior. Ela é responsável pelo atendimento especializado ao aluno e seu público-alvo são os alunos com algum tipo de deficiência (auditiva, visual, intelectual, física ou múltipla), com distúrbios de aprendizagem ou com altas habilidades (superdotados). A educação inclusiva é uma modalidade de ensino na qual o processo educativo deve ser considerado como um processo social, em que: a) o ensino a distância não pode ser utilizado como complementação da https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/799133 204 aprendizagem. b) as comunidades indígenas e quilombolas não se encontram contempladas. c) todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização. d) é fundamental o fortalecimento dos vínculos com as famílias e demais redes de apoio. e) o ensino religioso faz parte integrante da formação básica em prol da cidadania. 4. (Q712865 ) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei, 9.394/96, dispõe de orientações para os sistemas de ensino para o atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Quanto a formação de professores, o inciso III do art. 59 assegura: a) oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de 0 (zero) a 6 (seis) anos, durante a educação infantil. b) O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. c) Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. d) Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. e) Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de 8 (oito) horas semanais de aulas. 5. (Q781082) Sobre o Decreto 5.626/05, Capítulo IV: do uso e da difusão da Libras e da Língua Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à educação, analise as afirmativas a seguir. I. As instituições federais de ensino devem ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos. II. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/712865 https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/781082 205 ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas. III. As instituições federais de ensino devem apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre professores, alunos, funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos. Assinale a) se somente as alternativas I e II estiverem corretas. b) se somente as alternativas II e III estiverem corretas. c) se somente as alternativas I e III estiverem corretas. d) se somente a alternativa III estiver correta. e) se todas as alternativas estiverem corretas. 6. (Q781018) A respeito da perspectiva bilíngue utilizada para melhorar a acessibilidade e promover educação inclusiva de qualidade, assinale a alternativa incorreta. a) A presença do tradutor/intérprete em todas as aulas promove acesso aos conteúdos e facilita o contato com o professor ouvinte. b) Um dos recursos indispensáveis para a educação bilíngue são as tecnologias assistivas, tais como jogos didáticos e/ou softwares em língua de sinais. c) O currículo do ensino infantil para crianças surdas deve incluir o ensino oral/auditivo para garantir a eficácia do ensino-aprendizagem em língua de sinais. d) O ensino de língua portuguesa é priorizado a partir do momento que o surdo não consegue aprender a língua de sinais. e) Outro método a ser pensado no bilinguismo é o SignWriting, escrita de sinais., que pode auxiliar o surdo também no aprendizado de palavras e/ou frases de forma visual e espacial. 7. (Q648334) Para a garantia do direito à educação básica e, especificamente, à educação profissional, preconizado no inciso IV, alínea a, do artigo 3º da Lei nº 12.764/2012, os sistemas de ensino devem efetuar a matrícula dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista nas classes comuns de ensino regular, assegurando o acesso à escolarização, bem como ofertar os serviços da Educação Especial, dentre os quais: o Atendimento Educacional Especializado e o(a): https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/781018 https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/64833417 normalidade. A seguir, observe como o autor retratava a cegueira: pessoas sujeitadas à condição da cegueira como algo incapacitante. Figura 3: La parabole des aveugles Fonte: Schilling (2016) Apesar do passar dos anos essas pessoas passaram a ser reconhecidas por meio do assistencialismo e da institucionalização, a sociedade pela primeira vez na história passou a “enxergar” as pessoas com deficiência. Por outro lado, a chegada da Revolução Francesa retira da Igreja o absolutismo do seu poder e as ciências naturais e a medicina ganharam impulso. A medicina por meio de observação e pesquisas passa a investigar o ser humano, ressaltando que a deficiência não está relacionada com causas espirituais, mas com os aspectos orgânicos. Outro fator que merece destaque na história é a industrialização: a ordem era produzir em larga escala, por outro lado, a produção não estava associada à deficiência, o importante seria que todos produzissem, deficientes ou não. A burguesia então, começa a perceber que pessoas com deficiência eram capazes de produzir. A exemplo disso, os trabalhadores com deficiência sensorial eram rapidamente integrados ao processo produtivo. Nesse cenário, os cegos e surdos têm preferência no mercado de trabalho em função da adaptação e da força produtiva. Uma vez no mercado de trabalho os surdos e cegos precisavam desenvolver as atividades laborais a fim de garantir o https://bit.ly/2Kqnrnh 18 próprio sustento. Ressalta-se que o mercado produtivo não absorveu os homens incapazes, loucos, idiotas e deficientes mentais como eram chamados naquela época (BUENO, 1993). Na verdade, essas pessoas representavam uma ameaça social por não serem capazes de produzir dadas as condições incapacitantes decorrentes da deficiência. Para a burguesia dominante esses homens retiravam da sociedade a riqueza, o trabalho e o capital por não trabalharem. Pensar na força produtiva que poderia fazer o país crescer, a sociedade precisou pensar um pouco mais nas pessoas com deficiência. A partir do século XIV foram criados centros filantrópicos e assistenciais para treinar as pessoas com deficiência para trabalharem em indústrias. Entende-se, portanto, que a deficiência começa a ser tratada não do ponto de vista individual, mas, coletivo e talvez até inclusivo de certa forma. A partir da Convenção de Guatemala que tratou de igualar os direitos das pessoas com deficiências e as liberdades fundamentais, o direito da pessoa com deficiência foi reconhecido no Brasil. Isso quer dizer que desde a Convenção de Guatemala que ficou proibido qualquer tipo de discriminação, exclusão, impedimento ou diferenciação das atividades no meio social. 1.4 A história do deficiente visual Conforme já foi dito anteriormente a deficiência visual é tão antiga quanto as demais deficiências na história. Contudo, se buscarmos na literatura não encontraremos registros que nos permitam conhecer como os cegos viviam no passado, o que encontraremos podem ser especulações. Os deficientes no período da Antiguidade eram considerados incapazes e dependentes, sendo maltratados e excluídos do convívio social, ou, em alguns casos, não muito raros eram eliminados (MOSQUERA, 2010). Na Grécia apregoava-se um padrão de beleza, força e perfeição, pois, esse povo dedicava-se desde ao nascer à guerra. O padrão de beleza e a necessidade de um exército forte consistia na justificativa para a eliminação das crianças que nasciam cegas. Ou seja, sua condenação ou ascensão social estavam condicionadas à sua visão. 19 Assim, podemos supor que qualidades como a domesticação de animais, o preparo de comidas especiais, a arte rupestre, a colheita, a construção de sua própria moradia, a proteção aos mais novos e aos mais velhos, a poesia, a música, os poderes sobrenaturais, a cura, entre outras, devem ter sido a máxima para os deficientes poderem se manter vivos e admirados. Se uma dessa qualidades fosse demonstrada [...] seria uma das formas usadas por esses deficientes para convencer a família que deveria ser eliminado (MOSQUERA, 2010, p. 17). A sobrevivência das pessoas cegas no passado era rara, pois elas não atendiam às necessidades sociais nem aos padrões de beleza e força, além de não apresentarem nenhuma condição física para a própria sobrevivência. Os que conseguiam sobreviver viviam da ajuda de algumas pessoas em troca de pequenos trabalhos enquanto pudessem ser úteis. Quando chegamos na história dos deficientes visuais em Roma, percebemos que o cenário é basicamente o mesmo. Cabia ao pai eliminar um filho que nascesse deficiente visual, com o respaldo das Leis das Doze Tábuas. Sendo assim, poucos sobreviviam. Essa prática era muito comum, e aqueles que por algum motivo conseguiam sobreviver tornavam-se escravos e prostitutas (FRANCO; DIAS, 2005). Por outro lado, raras eram as pessoas com deficiência visual que conseguiam sobressair, no entanto, as que conseguiam tal feito, algumas tornavam-se poetas, teólogos, filósofos, músicos e eram admiradas pela sociedade (FRANCO; DIAS, 2005). O Egito ficou conhecido na história como o país dos cegos. Concebia-se a ideia de que devido às condições climáticas e a poeira poderia ser encontrado algum tipo de tratamento para essas pessoas, ou seja, os conhecimentos sobre a medicina já existiam naquela época (FRANCO; DIAS, 2005). Já as sociedades orientais percebiam a deficiência visual de forma diferente: Na China, a cegueira era comum entre os moradores do deserto. A música era uma alternativa para se ganhar a vida e para isto, os cegos precisavam exercitar o ouvido e a memória. Os japoneses, desde os tempos mais remotos, desenvolveram uma atitude mais positiva com relação às necessidades das pessoas cegas, enfatizando a independência e a autoajuda. Além da música, poesia e religião, o trabalho com massagem foi encorajado. Muitos cegos se transformaram em contadores de história e historiadores, gravando na memória os anais do império, os feitos dos grandes homens e das famílias tradicionais, sendo encarregados de contar isto para outras pessoas, perpetuando, assim, a tradição (MOTTA, 2008, p.25 ). Na Idade Média com o advento do Cristianismo e a concepção de que as pessoas com deficiência era filhos de Deus e mereciam ser cuidadas, acolhidas e 20 protegidas, disseminou-se socialmente sentimentos de caridade e compaixão. É nesse contexto que surgem os asilos tutelados pela Igreja, com o objetivo de proteger e acolher os deficientes visuais. Contudo, esse acolhimento e proteção estavam diretamente vinculados à exclusão social, pois, essas pessoas ficavam escondidas nas instituições (FRANCO; DIAS, 2005). Já nos séculos XV e XVI, período do Renascimento Cultural e abandono dos dogmas religiosos, a filosofia e anatomia ganham espaço e a ciência começa a perceber a deficiência visual como uma patologia. A partir desse período iniciam-se as preocupações voltadas para a educação dessas pessoas. Toda essa nossa conversava teve como objetivo resgatar alguns pontos históricos da história da deficiência para nos recordarmos o quanto desrespeitosamente e desumanamente elas foram tratadas, tanto pela família quanto pela sociedade. Na próxima unidade conversaremos sobre a história da deficiência visual/cegueira no Brasil, e os impactos dessa deficiência na vida social dessas pessoas. https://bit.ly/3ausFZR 21 FIXANDO O CONTEÚDO Busque na biblioteca virtual o livro “Deficiência visual na educação inclusiva” e descubra como as escolas têm procurado trabalhar de forma inclusiva. O livro propõe alternativas e estratégias de ensino aprendizagem. https://bit.ly/3paTMxg206 a) profissional especialista. b) material de apoio. c) profissional de tecnologia. d) sala de reforço. e) profissional de apoio. 8. Segundo o documento intitulado Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, o Instituto dos Surdos Mudos foi uma das primeiras instituições criadas no Brasil para atender pessoas com deficiências. Hoje, esse Instituto é chamado de: a) Escola Brasileira de Surdos – EBS. b) Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE. c) Organização pela Educação Especializada – OEE. d) Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES. e) Sociedade Pestalozzi. 207 DESENHO UNIVERSAL DA APRENDIZAGEM 15.1 DESENHO UNIVERSAL DA APRENDIZAGEM E A TECNOLOGIA ASSISTIVA Nesta unidade conversaremos sobre o desenho Universal da Aprendizagem sua concepção objetivo e aplicação em sala de aula. Nos últimos anos, foram observadas mudanças que modificaram as práticas escolares, saímos de ações excludentes, segregativas e integração, para práticas de inclusão baseadas na diversidade. Nesse sentido, a tecnologia educacional tem andado de mãos dadas com mudanças de percepção e ação diante das necessidades especiais e educacionais (NEE). A consciência social e os dispositivos legais tem promovido de forma crescente a inclusão das pessoas com deficiência, por isso a necessidade de pesquisas e soluções tecnológicas que possam auxiliar o processo de inclusão, permitindo a essas pessoas o acesso à sociedade e a escola de forma digna. Muito se pesquisou e ainda são realizados diversos estudos sobre Tecnologia Assistida (TA), sua função e objetivos educacionais e não educacionais. A TA tem desempenhado um papel muito importante, pois, por meio dela são criados aplicativos, recursos, dispositivos, etc que possibilitam acesso/adaptação aos alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem, comunicação, locomoção, interação entre outros. 208 Figura 63: Exemplo TA Fonte: Sieves (2020) Muito já foi feito e desenvolvido para que o mundo se torne acessível para as pessoas com deficiência. Além disso a lei 13.146/2015 (BRASIL, 2015) instituiu desenho universal como a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva. De acordo com Galvão (2009)o desenho universal transforma as práticas excludentes em inlusivas, em que o sujeito passa a ter direito sobre suas ações e constrói sua autonomia e cidadania, por meio da equidade em oportunidades. O DUA surge como uma metodologia que visa atender às diferentes necessidades dos estudantes com a ajuda da tecnologia, possibilitando resultados positivos na aprendizagem. 209 Para Galvão Filho (2009)o DUA propõe metodologias, estratégias alternativas e eficazes que respondem às necessidades dos estudantes. Neste cenário é possível a construção de uma cultura de aprendizagem com base na diversidade das pessoas envolvidas, motivando os alunos a aprender e demonstrar o conhecimento apreendido. O DUA apresenta os progressos realizados pela tecnologia e mídia digital, interligando várias formas de representação, expressão e motivação e afetamentos positivos nos alunos, pois oferece diversidade na aprendizagem flexibilidade e ajustes necessários. Este é um dos aspectos mais relevantes do DUA em relação ao papel da TA (GALVÃO FILHO, 2009, p. 46). Ainda segundo o autor devemos pensar o DUA pelas seguintes perspectivas: Diversidade, como sendo algo que é do social. Ensinar na diversidade requer que os professores promovam um clima de aprendizado em sala de aula e planejem atividades que permitam que todas as crianças se sintam seguras, respeitadas e valorizadas pelo que elas têm a contribuir. É nesse contexto educacional, que TA e DUA se tornam ferramentas que desempenham um papel importante no desenvolvimento integral de diversos alunos. Tecnologia educacional e diversidade, destaca-se o papel positivo desempenhado pelas ferramentas tecnológicas para atender às necessidades dos alunos. Existem várias razões que justificam o uso de da TA: possibilitar ao aluno a superação de déficits e difculdades de aprendizagem e a comunicação do sujeito com seu ambiente. Tecnologia assistiva, realiza adaptações para pessoas com deficiências https://bit.ly/2UV8s6r 210 sensoriais, cognitivas e físicas através de software, dispositivos, recursos etc. Desenho Universal para Aprendizagem, como o planejamento de materiais e atividades para tornar o currículo igualmente acessível. É um conceito que reúne várias perspectivas que têm impacto sobre a realidade educacional. O autor ainda complementa que a TA terá sempre um papel fundamental na educação do aluno com deficiência. Explicando! Crianças com restrição na locomoção muitas vezes necessitam de cadeiras de rodas adequadamente projetadas, interruptores adaptados, rampas, banheiros adaptados, barras, etc. O DUA não eliminará a necessidade de um dispositivo de assistência pessoal, sua função está voltada para a aprendizagem. Mas, um complementa o outro! Observe nas charges como a professora poderia ter utilizado a tecnologia como estratégia e aprendizagem, nas tarefas de casa e processos de avaliação. Figura 64: Tecnologia e aprendizagem https://bit.ly/370oi5w 211 15.2 PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO DESENHO UNIVERSAL DA APRENDIZAGEM Tradicionalmente, nas diferentes salas de aula das escolas, encontramos livros, materiais difíceis de modificar e ser adaptados às necessidades dos alunos em geral, especialmente aqueles com diversidade funcional. Por meio da tecnologia, os materiais de aprendizagem podem ser instantaneamente transformados em formatos mais apropriados para cada aluno individualmente. A tecnologia aplicada à educação e a tecnologia assistiva, somadas aos princípios do DUA, permitem uma personalização mais fácil e eficiente do currículo dos alunos, reduzindo barreiras. Assim, é preciso pensar nas adaptações de forma particular, singular e única, ou seja, no sujeito que aprende, e em que ritmo e condições ele aprende. Associado a isso, qual será a atividade ou estratégia, como isso pode ser pensado no currículo escolar, considerando que ele também precisará de adaptações. Avançando! Se o aluno for cego, na disciplina de matemática é preciso considerar que o material concreto a ser adaptado, poderá também ser usado pelos colegas videntes, essa adaptação beneficiará a todos da classe. Isso é inclusão para todos. Segundo Zerbato e Mendes (2018) o DUA fundamenta-se em pesquisas científicas acerca da aprendizagem e assinalam que: I. Aspectos emocionais e biológicos interferem na aprendizagem, ou seja, sono, alimentação e emoções são fatores que precisam ser considerados e respeitados no proceso de aprendizagem, afinal,não se aprende com fome, com sono ou estando triste e deprimido; II. As experiências de aprendizagem precisam ser significativas, elas precisam representar algo para o sujeito, para que se transformem em aprendizagem e não em processo de memorização; III. As emoções podem motivar e desmotivar a aprender, criar, elaborar analisar e conhecer; IV. Ambiente e aprendizagem estão relacionados. Aqui destaca-se a relação entre os contextos de aprendizagem e a transferência da mesma para outros espaços; V. Singularidade é tudo. Cada um tem um tempo, estímulo e ritmo de 212 aprendizagem; VI. Ameaças não contribuem paraa aprendizagem , a contribuição vem do desafio, desestabilização e estabilização do conhecimento. A seguir detalharemos na figura 10, os princípios do DUA, com base em redes afetivas, redes de conhecimento e redes de estratégia. Figura 65: Princípios orientadores do desenho universal para a aprendizagem Fonte: Zerbato e Mendes (2018, p. 151) Vamos compreender o quadro por meio de um exemplo! Pense em duas crianças na sala de aula ouvindo uma história ao mesmo tempo. Um deles pode estar encantado com as palavras, com as imagens criadas na mente, atento a atividade, ansioso por mais. O segundo pode estar cansado, a história para ele não tem sentido, está completamente desinteressado, pensando em outra coisa para ocupar o tempo. A forma como eles ouvem a história é diferente, escutam e refletem utilizando suas redes afetivas. Então, qual seria o papel do professor diante de uma situação dessa? 213 Ele deve tentar auxiliar o aluno a se conectar com a história de fora que ela se torne para ele significativa e acessível (ROSE & MEYER, 2016). Os avanços tecnológicos e as ciências da aprendizagem têm promovido o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) consequentemente a adaptação do currículo escolar possibilitando o acesso a aprendizagem. Entende-se que para apresentar, ilustrar e reforçar um novo conteúdo podem ser utlizados diversos recursos de tecnologia assistiva (vídeos, podcasts, apresentações em PowerPoint, ebooks, etc) lembrando que cada aluno aprenderá de uma forma e que o DUA poderá auxiliar o professor a personalizar o material a ser utilizado bem como o recurso. A tecnologia digital oferece formas para o enfrentar os desafios ao personalizar a aprendizagem. Para Zerbato e Mendes (2018)o engajamento do aluno na atividade é possível a partir de estratégias que: I. Ofereçam ajuste no desafio; II. Oportunizem a interação nos mais variados contextos de aprendizagem; III. Proporcionem incentivos e recompensas no processo de aprendizagem. A tecnologia assitiva é uma grande aliada do DUA como forma de melhoria e aprimoramento das oportunidades educacionais, a partir de um currículo adaptado e não homogeinizador para todos os alunos, mas, sobretudo, os que apresentam 214 necessidades educativas especiais possam vencer os desafios se conectando de forma personalizada com o conteúdo. https://bit.ly/3kVsQiA https://bit.ly/2J91dFL 215 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Antes, nós tínhamos a escola regular e a escola especial, separadamente. A educação inclusiva aparece para acabar com essa separação. Ela é a educação especial dentro da escola regular com o objetivo de permitir a convivência e a integração social dos alunos com deficiência favorecendo a diversidade. A educação inclusiva não é a mesma coisa que a educação especial. A educação especial é uma modalidade de ensino que tem a função de promover o desenvolvimento das habilidades das pessoas com deficiência, e que abrange todos os níveis do sistema de ensino, desde a educação infantil até a formação superior. Ela é responsável pelo atendimento especializado ao aluno e seu público-alvo são os alunos com algum tipo de deficiência (auditiva, visual, intelectual, física ou múltipla), com distúrbios de aprendizagem ou com altas habilidades (superdotados). A educação inclusiva é uma modalidade de ensino na qual o processo educativo deve ser considerado como um processo social, em que: a) o ensino a distância não pode ser utilizado como complementação da aprendizagem. b) as comunidades indígenas e quilombolas não se encontram contempladas. c) todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização. d) é fundamental o fortalecimento dos vínculos com as famílias e demais redes de apoio. e) o ensino religioso faz parte integrante da formação básica em prol da cidadania. 2. De acordo com a Lei de diretrizes e bases da educação nacional – Lei nº 9394/1996, os sistemas de ensino devem assegurar para os educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, e altas habilidades ou superdotação, as seguintes condições de aprendizagem: I. Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades. II. Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas 216 deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados. III. Professores sem especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular sem qualificação especifica para docência desses educandos nas classes comuns. IV. Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora. Qual (is) alternativa (s) que apresenta (m) a (s) afirmativa (s) CORRETA (S)? a) I, apenas. b) I, II e VI. c) I, III e VI. d) I e III. e) I e II. 3. (Q779393) Analise as assertivas abaixo: I. De acordo com a Constituição Federal do Brasil de 1988, as atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder Público. II. O plano nacional de educação (PNE), previsto na Lei de Diretrizes e Bases, tem duração quinquenal com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas executadas por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento educacional especializado, melhoria da qualidade do ensino, formação para o trabalho, promoção humanística, científica e tecnológica do País e o estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/779393 217 III. Uma das metas do PNE é elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência do plano, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional. IV. Outra meta do PNE é oferecer, no mínimo, 10% (dez por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, preferencialmente na formaIntegrada à educação profissional no turno noturno. V. De acordo com a Lei nº 12.711/2012, as instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Metade dessas vagas serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo do IBGE. Assinale a alternativa que apresentaa opção CORRETA: a) Todas as assertivas são verdadeiras. b) Apenas as assertivas I e V são verdadeiras. c) As assertivas I, IV e V são verdadeiras. d) As assertivas II, IV e V são falsas. e) Todas as assertivas são falsas. 4. (Q781681) A Matemática inclusiva, de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva considera que a educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando. https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/781681 218 Nesse sentido, o Atendimento Educativo Especializado (AEE), previsto na referida política, tem como uma de suas características a) a escolarização da pessoa com necessidades educacionais especiais na educação básica, com prioridade. b) o atendimento preferencial em escolas especiais. c) o atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. d) as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas apenas em institutos de atendimentos especiais. e) o Atendimento Educativo Especializado seja ofertado somente em escolas específicas para crianças com deficiências 5. (Q798751 ) Analise os itens a seguir. I. Atendimento educacional especializado, realizado no mesmo turno da classe comum, em substituição à escolarização que se processa na sala de aula. II. Transversalidade da educação especial desde a Educação Infantil até a Educação Superior. III. Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação. IV. Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino quando amparada em diagnósticos emitidos após avaliações médicas e aplicação de testes psicométricos. São garantias previstas pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva a) I e III, apenas. b) II e III, apenas. c) II e IV, apenas d) I, II e IV, apenas. e) I, IV, apenas. https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/798751 219 6. De acordo com a Lei n° 13.146/2015 no que tange ao direito à educação, analise as afirmativas a seguir buscando identificar quais delas representam incumbências que o poder público deve assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar. I. Aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena. II. Oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, no projeto pedagógico do atendimento educacional especializado. III. Acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar. IV. Adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com deficiência. Assinale a) se somente as alternativas I e II estiverem corretas. b) se somente as alternativas I, II e III estiverem corretas. c) se somente as alternativas I e IV estiverem corretas. d) se somente as alternativas I, III e IV estiverem corretas. e) se somente as alternativas III e IV estiverem corretas. 7. Sobre os recursos para a aprendizagem de alunos com surdocegueira e deficiências múltiplas, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira (1) Objetos de referência. (2) objetos de referência das atividades. (3) caixas de antecipação. (4) Calendários. 220 ( ) São objetos que têm significados especiais, os quais têm a função de substituir a palavra e, assim, podem representar pessoas, objetos, lugares, atividades ou conceitos associados a eles. ( ) Instrumentos úteis no desenvolvimento da comunicação, no ensino de conceitos temporais abstratos e na ampliação do vocabulário, ( ) Devem ser utilizadas com crianças que ainda não têm nenhum sistema formal de comunicação. ( ) Permitem conhecer os primeiros objetos de referência que anteciparão as atividades e o conhecimento das primeiras palavras. Representam e antecipam as atividades do dia a) 1, 4, 3, 2. b) 1, 2, 3, 4. c) 3, 4, 2, 1. d) 1, 2, 4, 3. e) 4, 3, 2, 1. 8. Sobre o atendimento educacional especializado de estudantes com deficiência intelectual, assinale a alternativa correta: a) O atendimento educacional especializado voltado para estudantes com deficiência intelectual caracteriza-se pela realização de ações específicas sobre seu comportamento. b) O professor especialista deve propor atividades que contribuam para a aprendizagem de conceitos em um ritmo mais lento do que aquele trabalhado em sala de aula regular. c) Para desenvolver o atendimento educacional especializado, basta que o professor conheça as especifidades cognitivas de seu estudante. d) Para potencializar o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno com deficiência intelectual, o professor deverá usar recursos tecnológicos e didáticos adequados ao grau de deficiência intelectual dos estudantes, segundo laudo médico. e) A gestão dos processos de aprendizagem consiste na organização de situações de aprendizagem nos diferentes espaços acadêmicos, como salas de recurso multifuncional e sala de aula regular. 221 ESPAÇO ESCOLAR E O USO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 16.1 PROFESSOR, TECNOLOGIA ASSISTIVA E ESTRATÉGIAS Nessa unidade conversaremos sobre o espaço escolar e o uso das tecnologias assistivas e as estratégias didáticas que podem ser utilizadas para aumentar o desempenho do aluno com deficiência. Segundo Galvão (2012) no espaço escolar a tecnologia assistiva promove a participação do aluno e a execução das atividades respeitando as diferenças e a diversidade, desde que esteja alinhada com os objetivos educacionais e os resulatados de aprendizagem. Como já discutimos na unidade anterior, cada aluno é único e tem um tempo para aprender, ou seja, as formas de aprendizagem são variadas e se apresentam para o professor como um grande desafio: estar atento as mais variadas formas de aprendizagem, aos objetivos educacionais e aos resultados de aprendizagem. Logo, não é possível iniciar um ano letivo sem pensar a longo do prazo em um Plano de Desenvolvimento Individudal (PDI), pois, o alinhamento de resultados de aprendizagem e objetivos educacionais para o aluno com deficiência passam por ele. Nesse sentido, é preciso repensar o espaço escolar, as práticas escolares, sobretudo a utilização das tecnologias assistivas. Para Santarosa (2010, p. 349) Tempo e espaço são categorias que devem ser estruturadas para possibilitar uma ruptura com a concepção de que todos os alunos devem, ao mesmo tempo e no mesmo espaço, realizar todas as ações projetadas para atingir os objetivos elencados na construção de estratégia pedagógica. Assim podemos ir além das estratégias pedagógicas que estão no âmbito macro do contexto escolar e pensarmos nas estratégias didáticas, que compõe o âmbito micro, ou seja, a sala de aula em si. As estratégias pedagógicas são as ações e processos realizados com o objetivo de que o aluno alcance uma aprendizagem significativa, isso nos faz lembrar 222 do Desenho Universal para a Aprendizagem(DUA). Lembrando que não podemos pensar a aprendizagem associada a tecnologia no seu aspecto mais tradicional, mas, na tecnologia aplicada à educação. Isso porque a tecnologia “pura” não apresenta recursos didáticos pensados para a educação, principalmente no que concerne à aprendizadem de pessoas com deficiência. À medida que a tecnologia aplicada à educação adentrou as salas de aula, as estratégias pedagógicas foram sendo modificadas, construídas e reconstruídas, a fim de atender à demanda de cada aluno. Nesse sentido, cabe então considerar alguns pontos importantes: Conhecer e valorizar as potencialidades de cada aluno; Respeitar os tempos de aprendizagem; O Projeto Político Pedagógico precisa contemplar a tecnologia asssitiva; O aluno é o protagonista e o docente o mediador do processo de aprendizagem; As metodologias ativas conferem à aprendizagem a sua personalização. Pensar a inclusão em uma perspectiva em que a tecnologia seja uma aliada, requer uma mudança não apenas do olhar acerca do ensino e sua estrutura, mas mudança também nos conceitos, no reconhecimento da diferença, na necessidade de um envolvimento real, considerando os aspectos culturais e sociais em que o aluno está inserido e em como a tecnologia assistiva o auxiliará. Sendo assim o professor deve oferecer desafios e alternativas de trabalho aos seus alunos, com o objetivo de ajudá-los a construir e posicionar-se de forma crítica, ativa e criativa sobre o conteúdo. O trabalho pode ser melhorado se a tecnologia assistiva estiver presente, os vídeos acima demonstram claramente essa ideia. https://bit.ly/33dJAM0 https://bit.ly/39dEhQg 223 Contudo, Galvão (2012) levanta alguns outros pontos merecem destaque quando pensamos em aprendizagem, para não incorrermos no erro de acreditar que a tecnologia assistiva seria a solução de todos os desafios da escola: É essencial que o professor compreenda como o corpo e a mente da criança funcionam, como ela progride socialmente e emocionalmente, a fim de entender como ela aprende; A família representa a maior parte do ambiente da criança, é onde ela recebe ou não o acolhimento, apoio psicológico e é inserida pelos pais socialmente. Diante do exposto, é de suma importância que o professor conheça a família e que ela de alguma forma faça parte da comunidade escolar, porque ela é parte do processo de aprendizagem; O ambiente escolar também afeta o desenvolvimento da criança, seja ela com deficiência ou não. É interessante refletirmos sobre que tipo de ambiente a escola constrói para receber o aluno. Quais são os estímulos? Quais são os reforçadores positivos e negativos? O que a escola espera que esse aluno aprenda? Qual é a relação da escola com a família? A escola, ao fornecer experiências de grupo, expande a consciência social e contribui para o desenvolvimento de atitudes e valores sociais, bem como para a compreensão acerca da diferença e da diversidade; A criança é muito curiosa, é necessário que a escola/professor aproveitem essa curiosidade para personalizar a aprendizagem. Podemos ilustrar o que foi discutido e elucidado por Galvão (2012) por meio da tirinha abaixo, observe como as crianças são curiosas e fazem relação do que é ensinado com o que elas sabem e como compreendem o mundo, ou seja não existe personalização do ensino, apenas uma prática homogeinizadora da aprendizagem, com base em um currículo inflexível. 224 Figura 66: Aprendizagem não significativa Fonte: Oliveira (2010) Em se tratando das atividades lúdicas, elas exigem a participação ativa dos estudantes em um movimento permanente de ação e reflexão. As aulas devem ser ativas, onde os alunos entendam o mundo tecnológico através de sua própria experiência, com uma intervenção de ensino que facilita e orienta o processo de aprendizagem que está ocorrendo e com o uso de material didático apropriado às circunstâncias. Figura 67: Aprendizagem e tecnologia assistiva Fonte: RHEMA (2019) 225 Os trabalhos individuais ou coletivos, devidamente pensados, organizados e orientados pelo professor, associados a tecnologia assitiva necessária favorecem a troca de ideias, a discussão, a reelaboração de juízos, a análise de situações, a busca de soluções para problemas, a aprendizagem como um todo, desde processo mentais mais elaborados até os menos elaborados. Se um dos desafios está no interesse em torno do qual a aprendizagem é organizada, é aconselhável propor o que está mais próximo da realidade do aluno, ou, que seja, aquilo que é mais significativo para ele. Em relação aos métodos de ensino, eles não podem ser pensados antes do currículo. Como já conversamos anteriormente, o currículo antes de mais nada, necessita ser flexível pensado para um aluno com deficiêcia e que contemple a diversidade. Quando realizamos questionamentos acerca das formas de aprendizagem, a respeito das nossas práticas e não nos prendemos às limitações do aluno, podemos produzir novos saberes, novas práticas e possibilitar ao aluno que ele aprenda, sempre dentro de suas possibilidades. Por isso é tão importante pensar no currículo. Como visto na imagem anterior e no vídeo, os recursos e equipamentos de tecnologia assistiva podem auxiliar muito o aluno com deficiência, mas, é importante que os profissionais do Atendimento Educacional Especializado (AEE) conheçam e saibam utilizar esses recursos bem como os materiais que são disponibilizados nas salas de recursos, pensando na aprendizagem. Quando falamos em Atendimento Educacional especilizado (AEE), você já deve ter percebido até aqui a necessidade de parceria entre a escola, o aluno, a família e até mesmo na necessidade de formação continuada do professor, para atuar com um público tão diverso. https://bit.ly/3o5T3Nx https://bit.ly/2UW1U7A 226 A responsabilidade sobre o aluno com deficiência deve ser de todos, não apenas do professor da sala de recursos, afinal a escola é de todos e para todos. Assim pensamos essa responsabiidade para além da sala de aula, ou da sala de recursos, a organização dos espaços e a efetivação coerente dos serviços oferecidos pela instituição de ensino. 16.2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Sabemos que a Declaração Mundial de Educação para Todos (Unesco,1990) e a Declaração de Salamanca Educação (Unesco,1990) estão entre os principais documentos que norteiam a educação inclusiva. Neles podemos encontrar respaldo legal e destaque para o uso das tecnologias, como recuros indispensáveis a serem utilizados em sala de aula. Todos os instrumentos disponíveis e os canais de informação, comunicação e ação social podem contribuir na transmissão de conhecimentos essenciais, bem como na informação e educação dos indivíduos quanto a questões sociais. Além dos instrumentos 5 tradicionais, as bibliotecas, a televisão, o rádio e outros meios de comunicação de massa podem ser mobilizados em todo o seu potencial. a fim de satisfazer as necessidades de educação básica para todos. Estes componentes devem constituir um sistema integrado - complementar, interativo e de padrões comparáveis - e deve contribuir para criar e desenvolver possibilidades de aprendizagem por toda a vida (UNESCO, 1994). Tecnologia apropriada e viável deveria ser usada quando necessário para aprimorar a taxa de sucesso no currículo da escola e para ajudar na comunicação, mobilidade e aprendizagem (UNESCO, 1994). A tecnologia assistiva ganhou um espaço que foi imposto dentro da escola e nas salas de aulas, e podemos encontrá-la referenciada em outros documentos: LDB n. 9.394, de 1996: A educação especialdeverá assegurar “aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades” (BRASIL, 1996, p. 9). 227 Plano Nacional de Educação - Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014: Define como estratégia “desenvolver tecnologias pedagógicas que combinem, de maneira articulada, a organização do tempo e das atividades didáticas entre a escola e o ambiente comunitário, considerando as especificidades da educação especial” (BRASIL, 2014, p. 52). Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011: Trata devidamente do atendimento educacional especializado , com ênfse na garantia de serviços “serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” (BRASIL, 2011, p. 1). Base Nacional Comum Curricular: Reconhece “o compromisso com os alunos com deficiência, reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e de diferenciação curricular.” (BRASIL , 2018, p. 16). Lei n.13.146 de 06 de julho de 2015: Estabelece que “é garantido à pessoa com deficiência acesso a produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida.” (BRASIL, 2015, p. 5). Percebemos que ao longo da história a legislação apesar se sua bases ideológicas, primou pela garantia dos direitos da pessoa com deficiência, o grande desafio para as instituições escolares é fazer valer a legislação dentro de seus espaços, desde a formação continuada de professores, acessibilidade de materiais didátticos e estrutural e demais necessidades educacionais dos alunos. 228 16.3 COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA Você sabe o que é comunicação alternativa? Esse termo foi traduzido do inglês Augmentative and Alternative Communication – AAC. Já no Brasil o temo é utilizado resumidamente “Comunicação Alternativa (CA)” ou “Comunicação Ampliada Alternativa (CAA)” e ainda “Comunicação Suplementar e Alternativa (CAA)” (SARTORETTO; BERSCH, 2020). Ela corresponde a uma área da tecnologia assistiva que tem como objetivo ampliar as habilidades de comunicação das pessoas com deficiência. A comunicação alternativa (CA) está voltda para as pessoas sem fala ou escrita funcional, ou aquelas que apresentam defasagem ente a comunicação e a habilidade de falar e/ou escrever. A CA pode ou não associar-se às ferramentas da tecnologia assistiva, pois ela valoriza o sujeito a partir de outros formatos de comunicação que não seja a fala: gestos, sons, expressões faciais e corporais que podem também ser usados para expressar seus desejos, necessidades opiniões, posicionamentos por pequenas expressões: não, sim, ok, tchau, quero, sinto dor, quero, etc, apontando para algo, bem como outras situações que fazem parte do dia-a-dia (SARTORETTO; BERSCH, 2020). Sua função é ampliar as formas de comunicação, compreensão e expressão, que podem ser organizadas por meio de pranchas e cartões de comunicação, https://bit.ly/2HvpKEa 229 pranchas alfabéticas, vocalizadores e até mesmo o computador, através de softwares adequados e específicos tornando-se uma ferramenta de voz e comunicação. Outro ponto a ser destacado é que os recursos de comunicação, assim como a aprendizagem precisam ser construídos e personalizados, considerando as especificidades dos usuários a fim de atendê-lo da melhor forma possível. Segue imagens da personalização dos recursos de comunicação. Figura 68: Cartões de comunicação com símbolos gráficos representativos Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) Os cartões de comunicação são símbolos gráficos que representam mensagens. Os cartões são organizados por categorias de símbolos diferenciadas por cor nas molduras: Rosa, representa expressões sociais e cumprimentos; Amarelo, representa os sujeitos, as pessoas; Verde, representa os verbos; Laranja, representa os substantivos; Azuis, são os adjetivos; Branco, representa os símbolos variados que não se enquadram em nenhuma categoria. Figura 69: Prancha de comunicação com símbolos, fotos ou figuras 230 Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) Na prancha de comunicação com símbolos, em cada página encontramos símbolos diferentes. Figura 70: Pasta de comunicação Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) Esta prancha de comunicação contém letras do alfabeto e números. Podemos concluir que as pranchas podem ser personalizadas de acordo com deficiência, e a necessidade de aprendizagem de cada aluno. Existem diferentes sistemas simbólicos, sendo os mais importantes: PCS, Blissymbols, Rebus, PIC e Picsyms (SARTORETTO; BERSCH, 2020). 16.4 COMPREENDENDO O PCS O PCS é um dos sistemas simbólicos usados em todo o mundo PCS – Picture Communication Symbols. Ele foi criado em 1980 pela fonoaudióloga Roxanna Mayer Johnson. O sistema dela possui mais de 11.500 símbolos. Já no Brasil o PCS possui desenhos de fácil reconhecimento, simples e adequados para qualquer criança e idade, muito utilizados para atividades na escola. 231 O sistema de símbolos PCS está disponível no Brasil por meio dos softwares Boardmaker e Boardmaker com Speaking Dynamically Pro (SARTORETTO; BERSCH, 2020). Figura 71: Prancha com símbolos PCS Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) Essa prancha de comunicação contém 18 símbolos. Ao ser utilizada, a criança pode escolher os alimentos e as bebidas. Observe que os símbolos são organizados por cores, como na prancha da figura 17. 16.5 BOARDMAKER E O SPEAKING DYNAMICALLY O Boardmaker significa “produtor de pranchas” no contexto da comunicação alternativa. É um programa de computador desenvolvido para criar pranchas de comunicação alternativa “utilizando os Símbolos PCS e várias ferramentas que permitem a construção de recursos de comunicação personalizados”. É de fácil utilização e muito intuitivo possibilitando criar pranchas simples e complexas rapidamente. É um programa muito utilizado para a confecção de materiais educacionais, personalizando a aprendizagem de cada aluno. Além disso, ele pode se associar ao 232 programa Speaking Dynamically Pro (SDP) que significa “falar dinamicamente”. A função desse programa é dar vida as pranchas criadas no Boardmaker. Este programa merece outro ponto de destaque que se refere a acessibilidade, a seleção das teclas e mensagens que podem acontecer por acionadores. Você sabe o que são acionadores? São recursos que possibilitam/promovem a acessibilidade quando o aluno utiliza o computador ou em atividades não relacionadas com a informática. Sua função é produzir um clique no computador, que interpretará como um comando dado pela criança. Ele é importante na comunicação alternativa. Você pode encontrar acionadores de vários modelos, cores e formatos, de tração. Funciona como puxar um cadarço, ao puxar ele possibilita um clique. Observe alguns exemplos de atividades que foram personalizadas pelo Boardmaker. Figura 72: Acionadores Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) Observe alguns exemplos de atividades que foram personalizadas pelo Boardmaker. Figura 73: Prancha com símbolos PCS de animais Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) Figura 74: Prancha com símbolos PCS de vegetais 233 Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) Figura 75: Prancha com símbolos PCS três reinos da natureza Fonte:Sartoreto e Bersch (2020) Figura 76: Atividade matemática construída com o Boardmaker Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) 234 Figura 77: Poesia digitada utilizando o recurso “Simbolar” do Boardmaker Fonte: Sartoreto e Bersch (2020) 235 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, a educação especial se organizou tradicionalmente como: a) Atendimento inconveniente particularizado substitutivo ao ensino aceitável, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. b) Atendimento grosseiro individualizado substitutivo ao ensino regular, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. c) Atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. d) Atendimento educativo inábil substitutivo ao ensino regular, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. e) Atendimento de ensino principiante substitutivo ao ensino superior, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. 2. O Decreto nº 5.840 de 2006 estabeleceu o Programa Nacional de Integração da Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) para todo o país. Como decorrência desse Decreto, determinou-se que o PROEJA tem por função a) formar adolescentes e adultos jovens nos cursos de supletivo de Ensino Médio não envolvendo o Ensino Fundamental e nem preparação para o mercado de trabalho. b) atender somente adolescentes ou adultos jovens repetentes no ensino médio regular encaminhando-os para o ensino noturno e profissionalizando-os para o mercado. c) universalizar a formação profissional para o trabalho envolvendo adultos jovens 236 com trajetórias escolares descontínuas e não outras faixas etárias de alunos. d) incluir jovens de classes populares no Ensino Médio empoderando-os para alcançar o Ensino Superior e oferecendo para isso um estudo propedêutico. e) fortalecer o currículo de jovens e adultos no Ensino Médio oferecendo em caráter integrado os cursos técnicos voltados para a formação profissional. 3. Com base nos PCNs, uma professora exibiu para seus estudantes o filme “Pode me chamar de Nadí” (2009), de Deo Cardoso. O cine-debate problematizou as experiências de crianças e adolescentes que sofrem cotidianamente as consequências dos estigmas sociais. A partir das orientações da proposta curricular nacional e dos objetivos do planejamento, é correto afirmar que: a) a direção e equipe pedagógica da escola têm como tarefa mudar o currículo oficial e enfrentar os conflitos relacionados com as formas de degenerescência da identidade dos estudantes matriculados na instituição. b) o currículo em ação é o espaço no qual professores e alunos atuam, o que faz com que todos sejam responsáveis pela sua dinamização observando demandas que envolvem diferenças de classe, gênero e raciais. c) uma educação de qualidade requer eficiência para a manutenção da grade curricular já estabelecida, dispensando mudanças na hierarquia curricular, na cultura da escola e nos processos educativos definidos pela gestão. d) a mediação didática realizada pelos professores reflete habilidade necessária com os temas legitimados ao longo da história e que sempre foram referência tendo prioridade quando se trata das culturas dos estudantes. e) o conhecimento histórico cristalizado tem características próprias e essas o distinguem de outras formas de conhecimento curricular, ainda que sejam articulados a elementos midiáticos. 4. Sobre os aspectos relacionados ao uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) na prática pedagógica e a qualidade para o processo ensino-aprendizagem, podemos afirmar que a) o docente necessita ter consciência que é a tecnologia o meio e a ferramenta do fazer pedagógico, porque as TICs são o mais importante centro da ação. b) as atividades educacionais com apoio tecnológico diminuem o tempo de 237 planejamento do trabalho do professor e requerem menor capacidade de criação, já que muitos programas trazem tudo pronto para ser usado em sala. c) a formação docente em nada precisa ser alterada, pois as tecnologias são instrumentos coadjuvantes à prática docente (tanto tecnicamente, quanto pedagogicamente) e perceba quando integrá-las a sua prática pedagógica. d) o emprego das tecnologias da informação e comunicação não impõe mudanças nos métodos de trabalho dos professores, gera apenas modificações no funcionamento das instituições e no sistema educativo. e) um melhor desempenho educacional não acontecesse com o uso de melhores instrumentos de ensino, é necessário um professor “bem formado” que os utilize. 5. Existem diferentes abordagens teóricas para a compreensão dos processos de seleção e legitimação de propostas curriculares, conforme o quadro abaixo indica: a) I - teorias instrucionais; II - teorias sociais; III - teorias diferencialistas. b) I - teorias tradicionais; II - teorias críticas; III - teorias pós-críticas. c) I - teorias pedagógicas; II - teorias sociológicas; III - teorias culturalistas. d) I - teorias críticas; II - teorias pós-críticas; III - teorias sócio-críticas. e) I - abordagem didática; II - abordagem global; III - abordagem integral. 6. Para José Carlos Libâneo (2012), “professores e alunos são sujeitos envolvidos numa relação social que se materializa na sala de aula, mas também na dinâmica das relações internas que ocorrem na escola, em suas práticas organizativas e institucionais”. Ao considerarmos tais aportes, o projeto político- pedagógico se conforma com a participação de a) coordenação pedagógica, corpo docente, diretores e funcionários de apoio. b) pais de alunos, representantes de turma, professores e equipe técnico- pedagógica. 238 c) coordenadoria de ensino, diretores, professores e coordenadores pedagógicos. d) equipe pedagógica, direção, corpo docente e discente, conselho escolar e funcionários. e) representantes do Conselho Municipal de Educação, Chefes das regionais e direção local. 7. A tirinha acima da Mafalda, criada por Quino, nos remete à noção de como as crianças pensam o tempo. Piaget escreveu sobre a noção de tempo nas crianças tentando entender como ela ocorre e afirmando que tal noção é a) inata e independente, já que cada ser humano nasce com uma capacidade neuronal e intelectiva determinada. b) hereditária e natural, porque a herança genética é algo inerente à carga biológica da natureza do indivíduo. c) histórica e adquirida, porque desenvolve-se gradualmente à medida que o indivíduo entra na escola. d) aprendida e construída, pois vai se ampliando pelas vivências sociais e pessoais do indivíduo. e) inata e humana, pois não concebemos nenhum indivíduo sem ela quer na escola ou fora dela. 8. A Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/ 96) tem como princípios e fins da Educação nacional um dos aspectos apresentados abaixo. Assinale-o. a) Apresenta um processo formativo abrangente envolvendo família, convivência humana, trabalho, instituições de ensino e pesquisa, além da influência dos movimentos sociais,organizações da sociedade civil e manifestações culturais. b) Compreende a Educação e seu processo de formação como livre, democrática 239 e para todos em todo o território nacional apresentando uma unicidade de vozes de atores sociais e contextos históricos locais e nacionais. c) Oferece educação infantil com o objetivo de acompanhamento educacional e registro de desenvolvimento cognitivo das crianças para determinar a promoção das mesmas para o acesso ao ensino fundamental. d) Regula o processo formativo permanente das crianças e adolescentes através exclusivamente da família, vinculando-o não só ao mundo familiar como também às práticas sociais comunitárias de empoderamento identitário. e) Garante o ensino gratuito e obrigatório para crianças e adolescentes em ensino regular, não estabelecendo diretrizes para aqueles indivíduos que apresentam defasagem entre ano escolar e faixa etária. 240 INCLUSÃO E ENSINO SUPERIOR 17.1 INCLUSÃO ASSISTIVA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR O Ministério da Educação afirma que o conceito de educação inclusiva gira em torno de cinco características, inter-relacionados e articuladas conceitualmente sob uma abordagem baseada nos direitos ", que tem como núcleo o respeito e a promoção da diversidade e do multiculturalismo com equidade, qualidade e participação em sistemas educativos": a diversidade que se refere ao reconhecimento da identidade e especificidade de cada aluno; equidade sob o entendimento de que o sistema educacional deve ser capaz de se adaptar à diversidade, gerando acessibilidade e dando aos estudantes as mesmas possibilidades em sua heterogeneidade. A participação, destacando a importância da educação na construção de uma "cidadania democrática"; interculturalismo desenvolveu como a "capacidade transformadora das instituições de ensino superior em seus próprios sistemas de ensino, a fim de garantir a todas as pessoas o direito à educação de qualidade" e, finalmente, a qualidade do ensino superior, que procura responder as necessidades das comunidades relacionando-as ao desenvolvimento integral das pessoas (SILVA, 2012, p. 67). Apesar das conquistas legislativas, ainda há uma necessidade de fortalecer as políticas educacionais que favoreçam a reivindicação do direito à educação das pessoas com deficiência no ensino. Os resultados das pesquisas mostram dificuldades de acesso à educação para pessoas com deficiência, no ensino superior não é muito diferente. Na tentativa de levar a inclusão e a acessibilidade para o ensino superior muito se tem feito, principalmente no que diz respeito às barreiras de aprendizagem e em relação ao desenho universal. Por conseguinte é importante rever os currículos, a práticas universitárias, as formas de aprendizagem, os processos avaliativos etc. Como vimos anteriormente a educação é direito de todos e a lei 13.146/2015 estabelece 241 Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”. Art. 27 XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas; XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento; Art. 30 I – Art. 30 Atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Instituições de Ensino Superior (IES) e nos serviços; (BRASIL, 2015). Estes artigos entre outros nos levam a crer que a pessoa com deficiência tem legalmente reconhecido o direito à igualdade e à não discriminação por razões de origem, sexo, idioma, religião, opinião, ou mesmo condições físicas ou de saúde. A igualdade de oportunidades é uma premissa básica para alcançar a participação de pessoas com deficiência no âmbito social e educacional. 242 A LBI, Lei Brasileira de Inclusão é clara em seus artigos e incisos: todos os alunos devem ser aceitos e reconhecidos em sua singularidade, buscando sua inclusão no processo educativo, em ambientes adaptados e acessívies, para que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades de participação. Além disso, o trabalho precisa ser interdisciplinar e transdiciplinar quando se trata de educação inclusiva e especial. No ensino superior a acessibilidade deve possibilitar a pessoa com deficiência segurança e autonomia nos espaços. Mobiliários devem atender a singularidade da deficiência de cada um. A Tenologia assistiva deve estar presente e disponível para a utilização do aluno. Não existe nenhum programa de incentivo às universidade para que elas de adaptem, muito ao contrário disso, ela procuram se adaptar de forma estrutural, a fim de superar as barreiras urbanísticas, contudo, estamos ainda muito distantes de remover as barreiras atitudinais, que se constituem como a grande fonte das dificuldades no que diz respeito ao direito à educação e a inclusão social da pessoa com deficiência. O currículo das Instituições de Ensino Superior são padronizados e pensados em uma realidade muito distante da realidade do aluno com deficiência. Ao currículo podemos associar as barreiras atitudinais, a ausência de fomação continuada dos professores e a falta de empatia. Alguns Projetos Políticos Pedagógicos (PPCs) contemplam a remoção de barreiras e ações isoladas de respeito à diversidade e combate a discriminação, no entanto, na prática isso não se torna eficaz e eficiente. A formação docente bem como a existências de núcleos de apoio a pessoa com deficiência e ao professor são primordiais para a efetivação da lei 13.146/2015. Porém isso não ocorre em todas as escolas. Isso ainda não é uma realidade no Brasil. Os investimentos em pessoal capacitado, tecnologia assitiva, Desenho Universal de Aprendizagem, acompanhantes escolares são tidos como um custo elevado para a instituição, uma vez que o número de alunos com deficência em muitas IES, é muito inferior ao número de alunos sem deficiência. Essa discrepância se evidencia como uma desculpa para que as universidades não se atentem para essa parcela de estudantes e ainda de forma subversiva argumente em não manter esse tipo de investimento. A educação inclusiva, em seu objetivo primário, estabelece o respeito pela diversidade, características e expectativas de aprendizagem, necessidades e 243 aptidões dos estudantes e das comunidades educacionais, que oferecem educação de qualidade para todos, eliminando todas as formas de discriminação. Essas concepções, levam-nos a discernir as novas teorias de modelos de aprendizagem, compreensão e ensino para planejar, projetar e implementar as melhores estratégias para as salas de aula. Garantir o acesso à informação fornecer bolsas de estudo, empréstimos educacionais estabelecer ações que promovam a permanência dos alunos respeitando a diversidade de forma que eles possam se formar tendo garantidos todos os direitos previstos em lei, são ações fundamentais na concepção de uma universidade inclusiva. Embora a eliminação ou redução das barreiras atitudinais e urbanísticas não garantam o sucesso acadêmico, é necessário garantir a acessibilidade e permitir que todos os discentes, semdiscriminação, participem de atividades acadêmicas, isso a partir da garantia de que tanto a infraestrutura, as práticas de aprendizagem, e a tecnologia assistiva sejam construídos, pensados e elaborados com vistas ao atendimento educacional inclusivo, acessível aos alunos com deficiência e também aos alunos sem deficiência. A comunidade acadêmcia deve realizar, um diagnóstico detalhado da infraestrutura física identificando as dificuldades encontradas para o acesso em todas as dependências da escola. A partir daí deverá se adaptar incluindo em sua estrutura física acessibilidade, ergonomia, sistemas de alarme visuais, elevadores para cadeirantes, lugares reservados para cadeirantes nas salas de aula, teatros, auditórios, estacionamento, incluir no acervo bibliográfico livros em Braille, placas sinalizadoras nas portas das salas, laborátórios, elevadores, corrimões em Braille, banheiros adaptados, piso tátil em toda a instituição, disponibilizar cadeira rodas, softwares com leitores de voz entre outras ações, adaptações e recursos de tecnologia assistiva, como pode ser visto a seguir. 244 Figura 78: Acessibilidade em banheiros Fonte: Covello (2013) Figura 79: Mobiliário para cadeirantes Fonte: ImagemNews (2010) 245 Figura 80: Elevador em auditórios para cadeirantes Fonte: Covello (2013) Como já dito anteriormente ter uma instituição universitária acessível em termos estruturais e tecnológicos requer inúmeros investimentos e conhecimento técnico. As adaptações não param por aí. De acordo com a Portaria n.º 1.679 de 2 de dezembro de 1999, ainda é necessário que as intituições ofereçam A utilização de textos ampliados, profissionais preparados, adaptações de espaço físico e flexibilidade pedagógica que garantam acesso, permanência e sucesso do aluno com deficiência, recursos ópticos especiais para as pessoas com visão subnormal/ reduzida; utilização de recursos e equipamentos específicos para cegos: provas orais e/ou em Braille, soroban, máquina de datilografia comum ou Perkins/Braille, DOS VOX adaptado ao computador; colocação de intérprete no caso de Língua de Sinais no processo de avaliação dos candidatos surdos; utilização de provas orais ou uso de computadores e outros equipamentos pelo portador de deficiência física com comprometimento dos membros superiores; ampliação do tempo determinado para a execução das provas de acordo com o grau de comprometimento do candidato (BRASIL, 1999). 246 Figura 81: Computador com leitor de voz impressora Braille Fonte: Angeli (2017) Além disso a organização curricular e a formação docente devem estar voltadas para a diversidade, identificando os conhecimentos prévios dos alunos com necessidades educativas especiais. Por outro lado, as instituições não podem ignorar o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – Libras, como um meio de comunicação entre os alunos surdos e os ouvintes. Estamos falando então da necessidade de contratação do intérprete de Libras como exigência regulamentada pela lei n. 13.146/2015 “oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas.” No ensino superior, como na educação infantil e educação básica ou ensino médio a educação inclusiva permite a todo estudante o direito de receber uma educação de qualidade em condições de igualdade e de equidade. O grande desafio consite em projetar ambientes e disponibilizar recursos tecnológicos que possam atender às necessidades educacionais dos alunos, acolhendo às características particulares de cada um. 247 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006, da qual o Brasil é signatário, estabelece que os Estados Parte devem assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em https://bit.ly/2Wpx8Vw https://bit.ly/3rcP8R2 248 ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta de: a) inclusão de crianças no Ensino Funda- mental privado. b) inclusão plena. c) inclusão de crianças na Educação Infantil. d) inclusão de jovens no Ensino Profissionalizante. e) inclusão de jovens no Ensino Médio. 2. Na Declaração de Salamanca, os delegados afirmam que as escolas que possuem os meios mais eficazes para combater atitudes discriminatórias e construir comunidades acolhedoras que alcance a educação para todos são as: a) Escolas especiais quando a especificidade for alunos cegos. b) Escolas especiais com uma pedagogia centrada na inclusão. c) Escolas regulares com espaços específicos para a Ed. Especial. d) Escolas regulares que possuem orientação inclusiva. e) Escolas especiais quando a especificidade for altas-habilidades. 3. Em seu artigo 4º, a RESOLUÇÃO ESTADUAL 112/2006/CEE/SC afirma que: “A Educação Especial, no âmbito do sistema de ensino, deve ser compreendida como uma modalidade transversalizada nos níveis de ensino, etapas e modalidades da Educação Básica organizada para (...) A alternativa correta que completa o enunciado acima é: a) apoiar, complementar e minimizar a aprendizagem dos educandos de que trata essa Resolução. b) apoiar e padronizar as aprendizagens dos educandos de que trata essa Resolução. c) apoiar, suplementar e limitar a aprendizagem dos educandos de que trata essa Resolução. d) apoiar, complementar e socializar na mídia a aprendizagem dos educandos de que trata essa Resolução. e) apoiar, complementar e suplementar a aprendizagem dos educandos de que trata essa Resolução. 4. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 249 tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de seu público alvo, orientando os sistemas de ensino para garantir determinados princípios. Assim, marque com V os princípios verdadeiros e com F os falsos. ( ) Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; atendimento educacional especializado. ( ) Participação da família e da comunidade; acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação. ( ) Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino. ( ) Profissionais da educação para a inclusão escolar e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. a) V - V - V - V - V b) V - F - F - V - V c) F - V - V - F - F d) F - V - F - V - F e) V - V - V - F - F 5. Marque com V as verdadeiras e com F as falsas, considerando exemplos de adaptações de acesso ao currículo: ( ) Mobiliário adaptado, sistemas alternativos de comunicação. ( ) Softwares educativos específicos, equipamentos para mobilidade. ( ) Materiais didáticos pedagógicos adaptados (em BRAILLE, em LIBRAS). ( ) Recursos adaptados para uso de equipamento de informática; recursos ópticos e não- ópticos. Prótese auditiva. ( ) Posicionamento adequado do aluno em sala de aula, adaptação e adequação do espaço físico da escola. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) V - V - V - F - V b) V - F - F - V - V c) F - V - V - F - F 250 d) F - V - F - V - F e) V - V - V - V - V 6. A concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico, incluindo os recursos de tecnologiaassistiva, conforme disciplinado na Lei no 13.146/2015, considera-se a) tecnologia assistiva. b) ajuda técnica. c) acessibilidade. d) desenho universal. e) adaptação razoável. 7. A Lei nº 13.146/15, em seu Capítulo IV, dispõe acerca DO DIREITO À EDUCAÇÃO. Dentre os itens elencados abaixo quais estão em consonância com esta lei: I. oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; II. formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio; III. oferta de ensino de Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo autonomia e emancipação; IV. oferta da Libras no ensino regular e em salas de apoio implementada em todos os órgãos públicos e privados da educação. O português na modalidade escrita torna-se facultativo para os surdos usuários da Libras. Assinale as afirmações corretas: a) Apenas I e II. b) Apenas I, II e III. c) Apenas I e III. 251 d) Apenas II, III e IV e) Nenhuma das alternativas 8. Como se sabe, as salas multimeios são espaços nas escolas que oferecem serviços, estratégias e recursos com base na Tecnologia Assistiva, a fim de possibilitar a participação dos alunos nas atividades escolares. Sobre o tema, assinale a alternativa correta: a) O professor especializado realiza a identificação de habilidades e dificuldades funcionais do aluno para elaborar um plano de atendimento. b) Na sala multimeios é desenvolvido um trabalho chamado de pedagogia terapêutica para os alunos que apresentam consideráveis deficiências. c) Na sala multimeios é realizada a alfabetização e o letramento dos alunos que apresentam algumas dificuldades de aprendizagem. d) Os alunos com deficiência frequentam essa sala no mesmo período de funcionamento da sala de aula comum. e) Essa sala é utilizada para o professor especializado e o professor da classe regular fazerem a avaliação dos alunos. 252 EDUCAÇÃO ESPECIAL E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 18.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E TECNOLOGIA ASSISTIVA Estamos chegando ao final da disciplina, e conversaremos nessa unidade sobre a educação especial e a tecnologia assistiva em um contexto geral, recapitulando alguns pontos já discutidos e estudados. Você já conhece o conceito de de educação especial e quais são os serviços ofertados por essa modalidade de ensino. Nesse contexto, sabemos que esse serviços referem-se a rede de apoio regular, as práticas pedagógicas desenvolvidas pelo professor da sala regular, a sala de recursos como suplementar a sala comum, assim como a utilização da tecnologia assistiva. Quando nos referimos a sala de recursos, devemos pensar que ela não pode estar dissociada do que acontece na sala de aula regular, o trabalho precisa ser em rede, em parceria, para que possamos dizer que a escola é de fato inclusiva. Ensino regular e educação especial apesar de serem modalidades de ensino diferentes, não podem estar dissociados. A educação especial presta o serviço de Atendimento Educacional Especializado (AEE) que é desenvolvido proritariamente na Sala de Recursos Multifuncionais. Você conhece uma sala de reucursos multifuncionais? Veja a seguir alguns exemplos. Figura 82: Sala de recursos multifucionais Fonte: Oliveira (2019) 253 Figura 83: Equiamentos eletrônicos para Sala de recursos multifucionais Fonte: Oliveira (2019) Figura 84: Equipamentos para Sala de recursos multifucionais Fonte: Oliveira (2019) A sala de recursos multifuncionais se difere da sala de aula comum, pois, além de brinquedos e jogos educativos, considera-se como um lugar privilegiado dentro da escola para o uso da tecnologia assistiva. Como pode ser visto nas imagens, a sala de recursos multifuncionais dispõe de materiais didáticos, equipamentos, mobiliários, para sua organização e oferta do AEE. As salas são divididas em tipo I e II, conforme as tabelas abaixo. 254 Figura 85: Sala tipo I Fonte: Brasil (2011) Figura 86: Equipamentos e Materiais Fonte: Brasil (2010, p. 12) 255 Para se trabalhar em uma sala de recursos multifuncionais o profissional precisa ter formação inicial que o habilite para exercício da docência e formação específica na educação especial conhecer os recursos e artefatos, uma vez que esse espaço não é destinado apenas à aprendizagem como também para a construção da autonomia do sujeito. Assim é importante entender qual é o papel do AEE na sala de recurso multifuncional no contexto da tecnologia assistiva. São atribuições do professor de AEE: Elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do aluno; Definição do cronograma e das atividades do atendimento do aluno; Organização de estratégias pedagógicas e identificação e produção de recursos acessíveis; Ensino e desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais como: Libras, Braille, orientação e mobilidade, Língua Portuguesa para alunos surdos; informática acessível; Comunicação Alternativa e Aumentativa - CAA, atividades de desenvolvimento das habilidades mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular; Acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia assistiva na sala de aula comum e ambientes escolares; Articulação com os professores das classes comuns, nas diferentes etapas e modalidades de ensino; Orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre os recursos utilizados pelo aluno; Interface com as áreas da saúde, assistência, trabalho e outras (BRASIL , 2010, p. 8). Ao pensarmos em sala de recursos multifuncionais, profissional do AEE, educação inclusiva e pessoa com deficiência, logo imaginamos os desafios enfrentados. Se existem desafios, é fácil pensar que existem possibilidades e dificuldades. Se tomarmos como premissa as possibilidades e não as limitações é possível que se promova uma educação de qualidade e acima de tudo inclusiva. Para tanto, o trabalho precisa ser realizado em parceria, isso quer dizer que a aprendizagem, autonomia e inserção social do aluno com deficiência não é responsabilidade de um ou de outro, mas de todos: professores de classes regulares, professores de salas de recursos multifuncionais, políticas públicas, comunidade escolar e família. 256 A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivos, a oferta do atendimento educacional especializado, a formação dos professores, a participação da família e da comunidade e a articulação intersetorial das políticas públicas, para a garantia do acesso dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, no ensino regular (BRASIL , 2010, p. 6). Essa responsabilidade abrange desde a organização do espaço escolar até a efetivação do serviço e consequentemente a inclusão. A organização de uma sala de aula é atravessada por decisões da escola que afetam os processos de ensino e de aprendizagem. Os horários e rotinas escolares não dependem apenas de uma única sala de aula; o uso dos espaços da escola para atividades a serem realizadas fora da classe precisa ser combinado e sistematizado para o bom aproveitamento de todos; as horas de estudo dos professores devem coincidir para que a formação continuada seja uma aprendizagem colaborativa; a organização do Atendimento EducacionalEspecializado – AEE não pode ser um mero apêndice na vida escolar ou da competência do professor que nele atua (BRASIL , 2010, p. 10). Portanto, o sucesso do trabalho dependerá da parceria e da organização. Por outro lado, a tecnologia assistiva terá valor e funcionalidade se estiverem disponíveis nas salas de recursos multifuncionais para que todos os alunos, principalmente aqueles com deficiência possam utilizá-la. Nesse contexto não podemos perder de vista que ter o espaço organizado, a tecnologia assistiva disponível, mas não termos os objetivos de aprendizagem estruturados e elaborados, não teremos a efetivação do serviço, bem como a aprendizagem e a inclusão. Ou seja, tudo precisa ser pensado com um objetivo fim, porém, flexível. Sabemos que o AEE é garantido por meio do Decreto n. 7.611/2011, no seu art. 2º O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas (BRASIL, 2011). Isso quer dizer que o AEE é também responsável pela eliminação de barreiras que possam impedir a escolarização e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. 257 18.2 AEE E SEUS OBJETIVOS O AEE ocorre no horário contraturno ao ensino regular, e faz parte do processo de escolarização dos alunos. Deve ocorrer prioritariamente nas salas de recursos multifuncionais. O AEE refere-se a [...] conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes formas: I – complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou II – suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 2011). Além disso, não pode ser realizado desvinculada do ensino regular, e precisa estar articulado com a família, professores, gestores, pedagogos e comunidade escolar a fim de que se efetive a inclusão. Segundo o Decreto n. 7.611/2011, no seu art. 3º, são objetivos do AEE, I– Prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes; II – Garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; IV – Assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino (BRASIL, 2011). Com relação a tecnologia assistiva, ela deve estar de acordo com os objetivos das áreas do conhecimento, bem como a utilização de cada recurso e a singularidade de cada aluno. Além disso os atendimentos do AEE precisam ser organizados por meio de um cronograma. Para tanto, o trabalho realizado em cada área segue algumas orientações 258 determinadas pelo Ministério da Educação, como a seguir. Deficiência intelectual Em relação aos aspectos motores, é importante que o professor observe se o aluno é capaz de manipular objetos de diferentes texturas, formas e tamanho, se ele é capaz de pegar no lápis para pintar, desenhar, bem como para fazer o traçado das letras. [...] O fato de apresentar dificuldade motora não impede o aluno de participar de atividades de escrita ou de pintura, pois são muitas as possibilidades que o aluno pode ter para expressar sua representação do mundo. O computador se constitui em um recurso importante para expressão do aluno, além de outros recursos que o professor pode lançar mão para permitir a manifestação do conhecimento da criança. Estes recursos podem ser utilizados por ocasião da avaliação do aluno. [...] Para potencializar o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno com deficiência intelectual, o professor poderá usar recursos de baixa e alta tecnologia, selecionar e produzir materiais (GOMES; POULIN; FIGUEIREDO, 2010, p. 9-10). Deficiência visual O professor pode usar luminária portátil, localizada próxima ao aluno, quando a iluminação não for suficiente. Para aqueles que apresentam fotofobia, uma cortina pode evitar a incidência ou o excesso de luz. Quanto ao uso do computador, este “possui aplicativos e recursos que permitem atender às necessidades de cada pessoa no que se refere à ampliação, ao contraste, à edição de texto e à leitura via áudio (GOMES; POULIN; FIGUEIREDO, 2010, p. 13-15). Também são sugeridos livros em formato acessível, recursos de áudiodescrição, TV e teatro. Surdez Identificação, organização e produção de recursos didáticos acessíveis a serem utilizados para ilustrar as aulas na sala de aula comum e no AEE, além de estratégias de dramatização, pantomima e outras que contribuem com construção de diferentes conceitos. Os recursos visuais são essenciais, uma vez que a língua de instrução do AEE é Libras. As salas de recursos multifuncionais devem ter muitos materiais visuais dispostos em murais, livros, painéis, fotos sobre os conteúdos e outros. A produção desses recursos, pelos professores e alunos, é primordial para a compreensão dos conteúdos curriculares em Libras, enriquecendo a aula e tornando-a mais atraente e representativa (GOMES; POULIN; FIGUEIREDO, 2010, p. 20). 259 Altas habilidades/superdotação: Expandir o acesso do aluno a recursos de tecnologia, materiais pedagógicos e bibliográficos de sua área de interesse”. Além disso, os professores, “em atuação conjunta deverão investir em condições acessíveis para favorecimento de habilidades, propiciando um espaço plural para sugestões, exercício da criticidade, participação com autonomia e criatividade (GOMES; POULIN; FIGUEIREDO, 2010, p. 22). Ao longo da unidade podemos perceber o quanto as salas de recursos multifuncionais são importantes, tanto quando a formação do professor, a parceria entre escola e família, essa sincronização possibilita a maximização do desenvolvimento de cada estudante. https://bit.ly/3h85m9E https://bit.ly/3rhPWV6 260 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Considerando a Resolução do Conselho Superior 55/2017, em seu art. 21, o aluno com altas habilidades/superdotação, no campo acadêmico, poderá ter oportunidades de vivência de atividades de aceleração de estudos, desde que: ( ) Apresente obrigatoriamente laudo médico (ou declaração) para dar início à realização dos encaminhamentos que se fizerem necessários ao melhor desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem do estudante. ( ) Os índices de desempenho acadêmico alcançados pelo aluno nas avaliações escolares regulares destaquem-se pelo grau de excelência alcançado. ( ) O parecer pedagógico, emitido pelo Napne em conjunto com o professor de AEE, o setor pedagógico responsável e a coordenadoria do curso, ateste o esgotamento e a ineficácia das oportunidades de enriquecimento curricular já vivenciadas pelo aluno, devidamente comprovadas por relatório docente coletivo. Analise as alternativas apresentadas acima, assinalando V (PARA VERDADEIRO) e F (PARA FALSO). Marque a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo: a) V– V– V b) F– F– V c) V– F– V d) F– V– V e) F– V– V 2. A Matemática inclusiva, de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva considera que a educação inclusiva22 1. Antes, nós tínhamos a escola regular e a escola especial, separadamente. A educação inclusiva aparece para acabar com essa separação. Ela é a educação especial dentro da escola regular com o objetivo de permitir a convivência e a integração social dos alunos com deficiência, favorecendo a diversidade. A educação inclusiva não é a mesma coisa que a educação especial. A educação especial é uma modalidade de ensino que tem a função de promover o desenvolvimento das habilidades das pessoas com deficiência, e que abrange todos os níveis do sistema de ensino, desde a educação infantil até a formação superior. Ela é responsável pelo atendimento especializado ao aluno e seu público-alvo são os alunos com algum tipo de deficiência (auditiva, visual, intelectual, física ou múltipla), com distúrbios de aprendizagem ou com altas habilidades (superdotados). A educação inclusiva é uma modalidade de ensino na qual o processo educativo deve ser considerado como um processo social, em que a) o ensino a distância não pode ser utilizado como complementação da aprendizagem. b) as comunidades indígenas e quilombolas não se encontram contempladas. c) todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização. d) é fundamental o fortalecimento dos vínculos com as famílias e demais redes de apoio. e) o ensino religioso faz parte integrante da formação básica em prol da cidadania. 2. De acordo com a Lei de diretrizes e bases da educação nacional – Lei nº 9394/1996, os sistemas de ensino devem assegurar para os educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, e altas habilidades ou superdotação, as seguintes condições de aprendizagem: I. Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades. II. Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa 23 escolar para os superdotados. III. Professores sem especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular sem qualificação específica para docência desses educandos nas classes comuns. IV. Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora. Qual (is) alternativa (s) que apresenta (m) a (s) afirmativa (s) CORRETA (S)? a) I, apenas. b) I, II e VI. c) I, III e VI. d) I e III. e) Nenhuma das alternativas. 3. Analisando as relações entre gestão escolar e a educação inclusiva, relacione as colunas abaixo: 1) Declaração Universal dos Direitos Humanos 2) Declaração Mundial sobre Educação para Todos 3) Declaração de Salamanca 4) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( ) Estabelece que a educação especial deve ser oferecida no ensino regular para os alunos com necessidades educacionais especiais, sendo necessária a reorganização social para atendimento das pessoas com igualdade, quanto às mais complexas e diversas diferenças, físicas ou cognitivas. ( ) A proposta de universalização do ensino com qualidade e redução da desigualdade, tornam-se fatores seminais à educação: o combate da discriminação, o comprometimento com os excluídos, a satisfação das necessidades básicas de aprendizagem das pessoas com deficiência e a garantia 24 do acesso ao sistema educativo regular. ( ) A educação é um direito de todos; deve ser gratuita; o ensino fundamental (elementar) obrigatório; o ensino técnico e profissional generalizado e o ensino superior aberto a todos em plena igualdade. ( ) Reafirma o compromisso com a educação para todos e reconhece a necessidade de alterações nos sistemas de ensino e nas escolas para que a educação inclusiva se efetive. A sequência correta obtida, no sentido de cima para baixo, é a) 4, 1, 3, 2. b) 3, 1, 4, 2. c) 2, 3, 4, 1. d) 4, 1, 2, 3. e) 4, 2, 1, 3. 4. Com base no texto A educação especial no contexto do Plano Nacional de Educação (MORAES, 2017), analise as seguintes afirmativas, assinalando com V as verdadeiras e com F as falsas. ( ) O termo educação inclusiva define o processo educacional que visa a desenvolver, em cada cidadão, consciência solidária e atitudes concretas que o tornem um agente social compromissado com a qualidade de vida de quem está ao seu lado. ( ) O Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 busca, predominantemente em sua Meta 4, ampliar o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, de referência nas escolas especiais. ( ) O Brasil realiza levantamentos estatísticos acerca da educação especial desde 1974. Embora haja abundância de dados oficiais que oferecem informações completas sobre pessoas com deficiência, ainda há dificuldade no diagnóstico educacional do público-alvo dessa modalidade de ensino. ( ) O monitoramento da inclusão no contexto escolar em termos de aumento ou não de matrículas é válido, no entanto, tão importantes quanto o número de matrículas são os investimentos na formação de educadores e no aprimoramento das práticas pedagógicas para o público-alvo da educação especial. 25 a) V, F, F, V. b) F, V, F, V. c) V, F, V, F. d) F, V, V, F. e) F, F, F, F. 5. Com base no que prevê a Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência sobre o direito à educação, considere as assertivas abaixo: I - As instituições de ensino superior deverão oferecer adaptações de provas e os apoios necessários, previamente solicitados pelo aluno portador de deficiência, inclusive tempo adicional para realização das provas, conforme as características da deficiência. II - Os serviços de educação especial serão ofertados nas instituições de ensino público ou privado do sistema de educação geral, de forma transitória ou permanente, mediante programas de apoio para o aluno que está integrado no sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas, exclusivamente quando a educação das escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno ou quando necessário ao bem-estar do educando. III - Entende-se por educação especial a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educando com necessidades educacionais especiais, entre eles o aluno com deficiência. IV - A educação do aluno com deficiência deverá iniciar-se na educação básica, a partir de quatro anos. V - Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta viabilizarão o oferecimento facultativo dos serviços de educação especial ao educando com deficiência em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja internado por prazo igual ou superior a um ano. Anote a alternativa correta. a) Apenas I, III, IV estão corretas. b) Apenas I, II e III estão corretas. c) Apenas I, II, III e IV estão corretas. 26 d) Apenas II, III e V estão corretas. e) Todas estão corretas. 6. Analise os itens abaixo e atribuía EE (Educação Especial) e EEI (Educação Especial Inclusiva): ( ) Sistema separado, paralelo ao regular. ( ) Faz parte da proposta pedagógica da escola. Perpassa todos os níveis, etapas e modalidades de ensino. Por isso, é tida como transversal. ( ) Restritiva e condicional. Somente os alunos considerados aptos para o ensino regularé uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando. Nesse sentido, o Atendimento Educativo Especializado (AEE), previsto na referida política, tem como uma de suas características a) a escolarização da pessoa com necessidades educacionais especiais na educação básica, com prioridade. 261 b) o atendimento preferencial em escolas especiais. c) o atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. d) as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas apenas em institutos de atendimentos especiais. e) o Atendimento Educativo Especializado seja ofertado somente em escolas específicas para crianças com deficiências 3. A elaboração e a execução do plano de AEE são de competência dos professores que atuam na sala de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em articulação com os demais professores do ensino regular, com a participação das famílias e em interface com os demais serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre outros necessários ao atendimento. Sobre o trecho acima: a) Está completamente correto. b) Está completamente incorreto. c) Torna-se correto se suprimida a palavra “elaboração”. d) Torna-se correto se suprimida a palavra “execução”. e) Nenhuma das alternativas 4. Cada escola convive com problemas diferenciados e o projeto pedagógico deve refletir a realidade de cada uma, bem como a visão de seus principais segmentos. Entretanto, existem componentes que, normalmente, devem constar da elaboração de um projeto. Sobre o tema, leia as afirmativas. I. Discutir e rever os objetivos da avaliação e os procedimentos empregados, considerando que a avaliação deve ser assistemática e gerar as informações necessárias para o aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem. II. Uma das preocupações centrais do projeto pedagógico é a abordagem dos problemas de ensino e aprendizagem. III. Os recursos didáticos podem ser divididos entre aqueles utilizados em sala de aula (quadro de giz, livro didático, materiais impressos etc.) e aqueles essenciais ao funcionamento adequado das instalações pedagógicas como 262 biblioteca, sala de leitura e sala de recursos audiovisuais. IV. O cronograma de atividades sintetiza o projeto pedagógico, devendo, sempre que possível, ser acompanhado de um cronograma dos desembolsos. Está correto apenas o que se afirma em: a) I, III e IV. b) I, II e III. c) II, III e IV. d) II e IV. e) I e II. 5. Sobre formas de atuação docente a serem desenvolvidas que favoreçam o processo ensino e aprendizagem, pode-se afirmar que o professor: a) produtor de ensino dialógico, uma vez que os seres humanos aprendem de forma solitária. b) deve incentivar os alunos para que deem apenas respostas certas. c) deve organizar o ensino de maneira mais dinâmica e aproveitar as oportunidades que surgem durante o processo. d) promover o aprendizado em sala de aula, lugar ideal para aprender e desenvolver a criança. e) oportunizar a aprendizagem passiva abrindo mão de participação ativa. 6. De acordo com LDBEN, consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: a) professores habilitados em nível médio para a Educação Infantil e Ensinos Fundamental I e II; professores habilitados em nível superior para o Ensino Médio. b) professores de formação técnica com habilitações específicas para atuarem em todos os segmentos de ensino. c) professores habilitados em nível superior para todos os segmentos de ensino. d) profissionais graduados, mesmo sem complementação peagógica, para atuar na Educação Infantil e nos Ensinos Fundamental e Médio. e) professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na Educação Infantil e nos Ensinos Fundamental e Médio. 263 7. O estudo do documento Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, esclareceu aos professores quais os estudantes que necessitam dos serviços de Atendimento Educacional Especializado – AEE., os quais devem considerar: a) a deficiência, mesmo sem laudo médico b) transtornos globais de desenvolvimento; deficiência; altas habilidades/superdotação c) transtornos globais de desenvolvimento, pois as deficiências tem atendimento na sala regular d) o registro no Censo Escolar, exclusivamente e) a matrícula efetivada no período da chamada escolar 8. A escola, ao desenvolver o Atendimento Educacional Especializado, deve oferecer todas as oportunidades possíveis para que, nos espaços educacionais em que ele acontece, o aluno com as deficiências mental e intelectual seja incentivado a se expressar, pesquisar, inventar hipóteses e reinventar o conhecimento livremente. Assim, ele pode trazer para os atendimentos os conteúdos advindos da sua própria experiência, segundo seus desejos, necessidades e capacidades. A partir desses conteúdos ocorrerá a atividade: a) linguística. b) neuropsicológica. c) cognitiva. d) pedagógica. e) psicossocial 264 265 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO UNIDADE 01 UNIDADE 02 QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 D UNIDADE 03 UNIDADE 04 QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 A QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 D QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 A QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 A UNIDADE 05 UNIDADE 06 QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 A QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 E QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 A 266 UNIDADE 07 UNIDADE 08 QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 D QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 B QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 B QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 QUESTÃO 8 E UNIDADE 09 UNIDADE 10 QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 B QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 AP QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 B UNIDADE 11 UNIDADE 12 QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 E 267 UNIDADE 13 UNIDADE 14 QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 C QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 D UNIDADE 15 UNIDADE 16 QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 D QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 A UNIDADE 17 UNIDADE 18 QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 D QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 C QUESTÃOpodem frequentá-lo. ( ) Incondicional e irrestrita. Garante o direito de todos à educação, ou seja, à plena participação e aprendizagem. ( ) O referencial é o que se convenciona julgar como “normal” ou estatisticamente mais frequente. ( ) Parte do pressuposto de que a diferença é uma característica humana. ( ) Baseia-se no modelo médico de deficiência. Foca nos aspectos clínicos, ou seja, no diagnóstico. ( ) Baseia-se no modelo social de deficiência. Foca na articulação entre as características da pessoa e as barreiras a sua participação presentes no ambiente. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) EE, EEI, EE, EEI, EE, EEI, EE, EEI. b) EEI, EEI, EE, EEI, EE, EEI, EE, EE. c) EE, EE, EEI, EEI, EE, EEI, EE, EEI. d) EEI, EEI, EEI, EEI, EEI, EEI, EE, EE. e) EEI, EE, EE, EE, EE, EEI, EE, EE. 7. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (Art. 58, LDB). Neste sentido é fundamental: a) oferecer um currículo padronizado para inclusão dos educandos. 27 b) para cada educando a escola deve contratar um(a) tutor. c) haver, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. d) o serviço educacional deverá ser realizado na residência do educando. e) a oferta de educação especial deve ser a partir dos 8 anos. 8. Considere as seguintes adaptações: I. Transcrição completa das informações visuais dos mapas convencionais para uma forma perceptível pelo tato. II. Uso de maquetes elaboradas a partir de dados de curvas de nível para o trabalho com as representações do relevo e suas dinâmicas. III. Exercícios sobre escala cartográfica utilizando brinquedos como carrinhos, bonecas e bichos de vários tamanhos. IV. Utilização de texturas para representar a variação de cores dos mapas convencionais, geralmente associadas a informações qualitativas, quantitativas ou ordenadas. Estão adequadas ao público com deficiência visual para o trabalho da cartografia e suas aplicações na Educação Básica as adaptações: a) I, II e IV, apenas. b) I e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) II e III, apenas. e) Nenhuma das alternativas. 28 A DEFICIÊNCIA E SUA HISTÓRIA NO BRASIL 2.1 O DEFICIENTE VISUAL NO CONTEXTO BRASILEIRO Neste capítulo conversaremos sobre a história da deficiência visual no Brasil. Se na Grécia, em Esparta, na Idade Média, práticas de abando, segregação e extermínio de crianças nascidas com deficiência visual ou algum tipo de má formação eram praticadas como atos justificáveis, no Brasil, o cenário nunca foi muito diferente (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003). Entre as populações indígenas eliminar ou abandonar crianças cegas ou deficientes visuais era uma prática muito comum. Para os indígenas, ter uma criança deficiente era considerado um castigo dos deuses ou de forças superiores, dependendo da tribo. Em algumas tribos do Alto Xingu, no Mato Grosso a prática da eliminação ainda existe, pois, ao se tornar adulto o sujeito não será capaz de trabalhar caçando e pescando, consequentemente, não produzirá o sustento para si e para tribo, além de não ser capaz de se defender (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003, p. 66). No período do Brasil Colonial, a prática de subsistência era a monocultura, e seguindo o exemplo da Europa, os cegos ou deficientes visuais eram “utilizados” em atividades de pouco valor social, pensando em uma lógica de acumulação capitalista. Isso implica dizer que os cegos ou eram escravos de uma sociedade capitalista produtora de bens e serviços, ou eram tidos como sujeitos sem direitos. Como escravos eram submetidos aos castigos físicos, tal violência resultava em outros tipos de deficiência: físicas ou sensoriais. Outro ponto relevante, é que muitos desses cegos escravizados eram negros e que como todos sabem, chegavam ao Brasil em navios superlotados e em condições precárias de higiene, o que também contribuía para se adquirir doenças que muitas vezes quando não os levava a morte, deixavam a cegueira como sequela. “[...] seja qual for a causa, a cegueira era muito comum entre os escravos (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003, p. 69). É lamentável encontrar com tanta frequência um ou mais deles, levando 29 barris cheios na cabeça, girando os globos oculares inúteis e tateando o caminho com seus bordões” (LOBO, 2008). Podemos perceber que o destino das pessoas cegas ou deficientes visuais no Brasil não era diferente do contexto na Europa, ou seja, o tratamento era basicamente o mesmo, confinamento, exclusão e exposição a condições desumanas. Como o Brasil acompanhava os fatos e evolução da Europa, à medida que o cenário se modificava no exterior, as coisas também se modificavam por aqui. A respeito disso podemos citar as medidas protetivas que foram estabelecidas no Brasil. Por questões políticas, e com o intuito de acompanhar a tendência mundial, D. Pedro II fundou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, por influência do seu médico particular e do ministro do império. O Instituto dos Meninos Cegos foi criado com base nos padrões do Instituto Real para Cegos, em Paris. A criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, implicou no favorecimento do clima nacional brasileiro, muitas pessoas com deficiência, homens, mulheres, profissionais ou leigos começaram a se destacar como líderes sociais e iniciaram a promoção da sensibilização da sociedade para o atendimento às pessoas com deficiência (MAZZOTTA, 1999). Essa mudança de cenário reflete diretamente na forma de pensar das pessoas, bem como compreender os avanços da ciência na área da deficiência além da representatividade dos interesses dessas pessoas na inserção social e melhoria nas condições de vida. 2.2 DEFICIÊNCIA VISUAL E INSTITUIÇÕES Como já dito anteriormente, à medida que o cenário se modificava na Europa, o Brasil de forma muito lenta acompanhava as modificações. Na Europa e América do Norte surgiram mudanças e ações isoladas com o intuito de atender as pessoas com as mais variadas deficiências (MAZZOTTA, 1999). “A inclusão da ‘educação de deficientes’, da ‘educação dos excepcionais’ ou da ‘educação especial’ na política educacional brasileira ocorreu somente no final dos anos cinquenta e início da década de sessenta do século XX” (MAZZOTTA, 1999, p. 27). O Imperial Instituto de Meninos Cegos, pode ser considerado na história do Brasil como um marco inicial na educação especial e inclusiva dos deficientes 30 visuais, pois, socialmente já entende-se de que o deficiente visual já não é mais uma responsabilidade apenas da família, mas, também da sociedade. Em 1926 foi criado o Instituto São Rafael, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, o que possibilitou a ampliação da educação na área da cegueira, além de demonstrar que existe uma grande necessidade de investimentos e ações planejadas para o atendimento de deficientes visuais. O instituto São Rafael ampliou suas instalações tendo um sede na região Nordeste. Descentralizou-se, com isso, o ensino especializado, e novos alunos puderam ter acesso às novas técnicas. Como consequência desse movimento educacional, os cegos conseguiram, em 1932, a emancipação política através do direito de voto. Esta foi uma conquista para, efetivamente, a educação especial iniciar seu processo de transformação (MOSQUERA, 2010, p. 17). Figura 4: Instituto São Rafael - BH Fonte: Jornal da Alterosa (2018) Desde então as escolas para cegos e deficientes visuaisse espalharam por todo o país: São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraná e outros lugares. Foram contempladas escolas públicas e particulares, ampliou-se significativamente as oportunidades educacionais para essas pessoas. O instituto Padre Chico, fundado em 1928 em São Paulo merece destaque também na educação de cegos. Ele foi criado a partir de movimentos sociais, liderados não por pessoas videntes, mas, por deficientes visuais e pessoas influentes da cidade de São Paulo. Suas atividades consistiam em ofertar a leitura do ensino do Sistema Braile, atividades manuais, oficinas de produção de vassouras (MOSQUERA, 31 2010). Possuía uma política assistencialista em detrimento a educação porque recebia apoio do governo do Estado e da Igreja, Irmandade Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Hoje oferta educação básica, cursos variados e assistência ao deficiente visual. Quando a Lei de Diretrizes e Bases em 1960 foi aprovada regulamentando as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB n. 4024/61, a educação para deficientes em um contexto geral foi incluída na educação regular. Em seguida, outras leis e programas foram criados objetivando a melhoria da educação e buscando alternativas e políticas de atendimento ao deficiente visual na escola regular e integração e inserção no mercado de trabalho. No período republicano, 1980, o imperial Instituto de Meninos Cegos passa a se chamar Instituto Nacional dos Cegos e em 1981, outra substituição ocorre em seu nome: Instituto Benjamim Constant para Cegos (IBC) e permanece até os dias atuais (MAZZOTTA, 1999). Em 1854, ano que foi fundado no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto de Meninos Cegos, atualmente denominado Instituto Benjamin Constant — marco inicial no atendimento escolar a deficientes visuais no Brasil. Tal empreitada foi iniciada por José Alvares de Azevedo, jovem cego descendente de família abastada, que devido as suas habilidades de leitura e escrita em Braille, arrancou do Imperador Dom Pedro II a célebre frase: “A cegueira não é mais uma desgraça (PUGA, 2010, p. 60). Figura 5: Instituto Benjamin Constant - IBC Fonte: Miranda (2019) O IBC foi a primeira escola para cegos da América Latina, tornando-se o 32 principal centro de referência. Por um período de mais de 72 anos o IBC, foi a única escola para cegos no Brasil. Situa-se no Rio deJaneiro, além de ter voluntários atuantes espalhados em outros estados do Brasil. Observe algns dados do IBC em 2019: Quadro 1: Cursos de oficinas no IBC em 2019 CURSOS/ OFICINAS Nº DE CONCLUINTES Práticas Educativas para uma Vida Independente (PEVI) 22 Introdução à Orientação e Mobilidade no contexto escolar 22 Programas de Informática na Área da Deficiência Visual: Nível Básico 17 Introdução às Técnicas de Leitura e de Escrita no Sistema Braille 20 Alfabetização através do Sistema Braille 8 Introdução ao Soroban – Metodologia: Maior Valor Relativo 24 Introdução aos Aspectos Educacionais na Surdo cegueira 15 Oficina de Introdução à Configuração e Suporte à Impressão Braille 6 Oficina de Audiodescrição 22 Oficina: Arte de Contar Histórias para Crianças com Deficiência Visual 18 Oficina de Dosvox e NVDA 9 Adaptação de Textos e Livros Didáticos para o Sistema Braille 7 Iniciação às Técnicas de Leitura e de Escrita no Sistema Braille 18 Oficina de Geografia 13 Oficina de Matemática 9 Oficina de Ciências Naturais 5 Modalidades esportivas para pessoas com deficiência visual 13 Curso de Transcrição de Textos em Braille 17 Oficina Elaboração de Gráficos Táteis 10 Oficina de Gravação Digital de Textos em Áudio 8 Introdução à Orientação e Mobilidade em contextos não escolares 16 Programas de Informática na Área da Deficiência Visual 44 Acessibilidade para Web e Documentos Digitais 10 Introdução à Baixa Visão 17 Diálogos entre Arte-Educação e Deficiência Visual 24 Oficina de Orientação e Mobilidade 16 Tecnologias Educacionais e Tecnologia Assistiva com Ênfase na Deficiência Visual 52 Oficina de Adaptação/Consultoria de Textos para o Sistema Braille 5 Introdução à Audiodescrição e Consultoria 23 Fonoaudiologia Escolar na Área da Deficiência Visual 8 Curso de Aperfeiçoamento: A Surdo cegueira Congênita e suas consequências no desenvolvimento e na comunicação 18 Introdução ao Soroban – Metodologia: Menor Valor Relativo 17 Educação Precoce 22 Oficina de Dosvox e NVDA – Turma 2 13 Oficina Elaboração de Gráficos Táteis - turma 1 (EaD) 12 Produção de Material Didático na Área da Deficiência Visual 22 Recursos Didáticos para o Ensino de Geografia na Área da Deficiência Visual 6 33 Modelo Ecológico Funcional na Educação de Alunos com Deficiência Múltipla 15 Total de participantes/concluintes 623 Fonte: Constant (2010) Contudo, somente com a promulgação da Constituição de 1988, é que mudanças significativas ocorreram em relação à educação e medidas protetivas aos deficientes. Em seguida, movimento internacionais mobilizaram o mundo em relação à deficiência: Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), Declaração de Salamanca (1994), Convenção da Guatemala (2001), Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), e atualmente a Lei Brasileira de Inclusão – LBI (2015). Documentos internacionais e nacionais que primam pela garantia do direito da pessoa com deficiência à inclusão. Outra instituição que ganhou destaque na história da deficiência visual é a Fundação para o Livro Cego no Brasil, localizada em São Paulo desde 1946, pelos esforços de Dorina Nowill, professora de deficientes visuais e cega desde os 17 anos. Ela possibilitou que o deficiente visual fosse integrado socialmente como pessoa capaz de produzir. Contando com a colaboração de Adelaide Reis de Magalhães e com apoio de autoridades públicas do Estado de São Paulo e da comunidade em geral, a Fundação para o Livros do Cego no Brasil iniciou suas atividades com o objetivo de produzir e distribuir livros impressos em sistema braile. Posteriormente teve suas atividades ampliadas no campo da educação, reabilitação e bem-estar social das pessoas cegas e portadoras de visão subnormal (MAZZOTTA, 1999, p. 34). Em 1990 a Fundação sofreu uma alteração no seu nome para Fundação Dorina Nowill para cegos. https://bit.ly/3rbR2Bw 34 Leia o livro da biblioteca virtual Direito, Vulnerabilidade e pessoa com deficiência https://bit.ly/2Wx4vFY 35 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Entre as medidas apropriadas para assegurar que as pessoas com deficiência possam exercer seu direito à liberdade de expressão e opinião, analise as afirmativas abaixo e dê valores de Verdadeiro (V) ou falso (F). ( ) Fornecer, prontamente e sem custo adicional, às pessoas com deficiência, todas as informações destinadas ao público em geral, em formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência. ( ) Aceitar e facilitar, em trâmites oficiais, o uso de línguas de sinais, braile, comunicação aumentativa e alternativa, e de todos os demais meios, modos e formatos acessíveis de comunicação, à escolha das pessoas com deficiência. ( ) Urgir as entidades públicas que oferecem serviços ao público em geral, inclusive por meio da Internet, a fornecer informações e serviços em formatos acessíveis, que possam ser usados por pessoas com deficiência, sendo que tal medida não poderá ser feita com as entidades privadas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. a) V, V, V. b) V, V, F. c) V, F, V. d) F, F, V. e) F, F, F. 2. Acerca da deficiência visual, assinale a opção correta. a) A visão depende exclusivamente do bom funcionamentodo olho. b) A aprendizagem da pessoa com deficiência visual depende do uso de softwares e aplicativos de computador. c) A baixa visão apresenta uma definição clara e objetiva, ao contrário da cegueira que inclui uma variedade de comprometimentos visuais. d) Do ponto de vista educacional, considera-se deficiente visual especificamente aquele que utiliza os sentidos remanescentes no processo de aprendizagem. e) A deficiência visual inclui dois grupos de condições distintas: cegueira e baixa visão. 36 3. No Brasil, as políticas para a inclusão de pessoas com deficiência são recentes. Por muitos anos, as pessoas com necessidades especiais sofreram segregação, preconceito e foram muitas vezes consideradas incapazes de aprender. No entanto, hoje podemos perceber as muitas mudanças realizadas na sociedade brasileira e na percepção que se tem da pessoa com deficiência. Mas ainda há muito que avançar para que tenhamos de fato uma nação inclusiva. Em relação à Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, analise as afirmativas abaixo: I. O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. II. Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os estudantes com Transtornos Globais do Desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. III. No processo de avaliação, o professor deve criar estratégias considerando que alguns estudantes podem demandar ampliação do tempo para a realização dos trabalhos e o uso da língua de sinais, de textos em Braille, de informática ou de tecnologia assistiva como uma prática cotidiana. IV. Para a inclusão dos alunos surdos nas escolas comuns, a educação bilíngue - Língua Portuguesa/LIBRAS - desenvolve o ensino escolar na Língua Portuguesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua na modalidade escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o ensino da Libras para os demais alunos da escola. V. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 37 habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir acesso ao ensino regular, com participação e aprendizagem, porém não prevê a continuidade nos níveis mais elevados do ensino. Estão CORRETAS apenas as afirmativas: a) I, II e III. b) I, III e IV. c) I, II, III e IV. d) II e V. e) II, III, IV e V. 4. No Braile Fácil, a impressão dos dois lados do papel é chamada de a) múltipla. b) transversa. c) interposto. d) dinâmica. e) multiface. 5. O século XIX marcou a vida das pessoas com deficiência visual em todo o mundo. Nascia, na França, Louis Braille. Acometido pela cegueira por conta de um acidente doméstico, ele revolucionou a educação, com a criação do sistema braile. Atualmente, de acordo com Montilla (2006) uma série de equipamentos específicos favorecem a acessibilidade comunicacional a estudantes com deficiência visual. No ambiente escolar, pessoas com baixa visão utilizam-se de equipamentos também utilizados por estudantes cegos. Assinale a única opção de equipamento utilizado apenas pelas pessoas com baixa visão. a) Máquina braile para leitura e escrita. b) Impressora 3D. c) Lupa. d) Gravadores para registrar aulas. e) Livros falados. 38 6. A avaliação Educacional em larga escala é utilizada no Brasil objetivando a melhoria da qualidade da educação, bem como do fluxo escolar. Sobre as avaliações em larga escala no Brasil, é CORRETO afirmar: I. O SAEB, em 2019, utilizou dois tipos de instrumentos: testes cognitivos contemplando as áreas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas para todos os estudantes dos anos a serem avaliados; e questionários, impressos e eletrônicos a serem respondidos pelos Alunos, Professores, Diretores, Secretários Estaduais e Municipais de Educação. II. As provas do SAEB, em 2019, foram censitárias para todos os estudantes do 9º ano de escolas públicas e privadas. III. Ao aluno com deficiência é garantido o direito a provas em formato específico, à extensão de tempo para responder e à disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva adequados, desde que previamente solicitados e escolhidos. IV. O Enem tem como principal finalidade a avaliação da instituição escolar e, depois, a avaliação individual do desempenho do participante ao final do ensino médio. V. As médias de desempenho dos estudantes, apuradas no Saeb, juntamente com as taxas de aprovação, retenção e evasão, apuradas no Censo Escolar, compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Está CORRETO o que se afirma apenas em: a) II, III e IV. b) I, II e IV. c) I, II, III e V. d) III, IV, e V. e) III e V. 7. O Decreto nº 5.296/2004 traz definições relacionadas à acessibilidade. Acerca das definições previstas no decreto, assinale a alternativa correta. a) Barreiras nas comunicações e informações são as existentes nos serviços de transportes. 39 b) Edificações de uso público são aquelas administradas por entidades da administração pública, direta e indireta, ou por empresas prestadoras de serviços públicos e destinadas ao público em geral. c) Edificações de uso coletivo são as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público. d) Barreiras nas edificações são aquelas destinadas à habitação, que podem ser classificadas como unifamiliar ou multifamiliar. e) Nenhuma das alternativas. 8. O estabelecimento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas para suas demandas e necessidades. O princípio do Sistema Único de Saúde (SUS), norteador da atenção básica, e que se encontra descrito acima se denomina a) equidade. b) integralidade. c) resolutividade. d) universalidade. e) igualdade. 40 DEFICIÊNCIA VISUAL: O QUE É? 3.1 A deficiência visual e suas características Nesta unidade conversaremos sobre as cusas da deficiência visual: provocada por fatores congênitos ou hereditários que se caracterizam pela ausência de resposta visual de uma pessoa, resposta essa que pode ser considerada uma ausência severa, moderada ou leve. Em outras palavras, o que é a deficiência visual? É uma incapacidade, ou uma anomalia de uma estrutura patológica, sensorial ou física (BUENO, 1993). Se uma pessoa apresentar uma anomalia total no sistema óptico ela poderá apresentar um quadro de cegueira total, ou limitações muito severas, ocorrendo a baixa visão. Nesse cenário, podemos perceber que a deficiência visual se constitui pela ausência ou pelaperda das funções visuais, acuidade visual ou campo visual.Vamos Explicando pouco melhor. O processamento correto do sistema visual é chamado de visão funcional, e quando ela falha ou há uma uma perda funcional parcial ou total, chamamos de perda visual. Os níveis de funções visuais se dividem em: Visão normal; Deficiência visual moderada; Deficiência visual grave; Cegueira. Podemos ainda, pensar em um outro grupo: aquele de pessoas que apresentam deficiência visual moderada associada ao de pessoas que apresentam deficiência visual grave, esse grupo é chamado de pessoas com baixa visão ou visão subnormal. Esse grupo de pessoas junto com o grupo de pessoas denominadas cegas formam a expressão deficiência visual (PORTAL PEBMED, 2001). Pensando nisso, como a deficiência visua é avaliada? A função visual é composta de dois elementos importantes: a acuidade visual e o campo visual. A acuidade visual se refere à capacidade que a pessoa tem de distinguir dois 41 pontos a uma determinada distância. Já o campo visual, refere-se à amplitude do espaço que é captado pela visão (OTTAIANO et al., 2019). 3.2 Cegueira e Visão subnormal No mundo que vivemos o sentido a visão é valorizado e não se concebe a ideia de perdê-la. Por meio dela enxergamos o mundo construímos nossas redes de relações, trabalhamos e nos inserimos socialmente. Uma vez perdida, nos encontramos em um quadro de cegueira ou deficiência visual. A deficiência visual se apresenta como ausência completa da visão. No caso da cegueira ou da baixa visão ocorre um problema na captação de informações ou imagens que são levadas ao córtex visual, local onde são processadas por meio da percepção sensorial que, por sua vez, tem como objetivo codificar os resultados que chegam de forma desorganizada, desconexa e ineficiente, nos impossibilitando de perceber realmente o que está acontecendo ao nosso redor. No caso da cegueira total, temos a perda completa da visão, a pessoa não distingue nem mesmo os vultos durante o dia. A cegueira se constitui por uma perda total da função óptica que afeta irreversivelmente a capacidade de enxergar cores, perceber profundidades e detectar distâncias. A cegueira nada mais é do que uma condição caracterizada pela perda da habilidade de enxergar, mesmo com a melhor correção (qualquer recurso óptico como óculos ou lente de contato). No caso da baixa visão, lupas, óculos são recursos de tecnologia assistiva que podem amenizar o problema e melhorar a qualidade da resolução da perda visual, lembrando que esses recursos não eliminam a deficiência, mas favorecem a qualidade de vida da pessoa. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a deficiência visual é classificada em seis graus, relacionados com a acuidade visual (AV) do sujeito. Figura 6: Classificação do grau de deficiência visual 42 Fonte: Franco e Dias (2005) Quando a pessoas apresentam visão subnormal ou baixa visão, elas ainda conservam alguns resíduos visuais, contudo, não conseguem distinguir claramente ou com nitidez qualquer objeto que esteja a aproximadamente três metros de distância durante o dia, isso quer dizer que distingue vultos, objetos há uma pequena distância e claridade. Não reconhecem a feição das pessoas. Na escola as crianças não 43 enxergam o que os professores escrevem no quadro, apresentam dificuldades para ler palavras, placas de ônibus etc. Figura 7: Criança com visão subnormal Fonte: Franco (2017) Na visão subnormal a pessoa apresenta 30% ou menos de visão do melhor olho mesmo utilizando óculos, ou ter sido submetida a procedimentos cirúrgicos ou corretivos. Isso quer dizer que existe uma perda da visão grave da visão, entretanto, algumas funcionalidades do olho estão preservadas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Cegueira (ICB) são vários os fatores causadores da cegueira e da baixão visão: alguns sujeitos já nascem nesta condição, em outros casos elas podem ser adquiridas, ou ainda, podem ser causadas por acidentes com objetos, acidentes de trânsito ou algumas doença. Na escola não cabe ao professor diagnosticar se a criança apresenta baixa visão, pois, entre a escuridão e a nitidez existem possibilidades diferenciadas. O que isso quer dizer? Tudo dependerá do comprometimento das funções visuais, de como a criança foi estimulada desde a descoberta do problema, de como ela utiliza seu resíduo visual etc., ou seja, o grau de dificuldade que ela apresenta para enxergar (FRANCO, 2017). Essas dificuldades podem estar relacionadas a: Diminuição da acuidade visual, resultando no comprometimento da nitidez das imagens observadas; 44 Sensibilidade ao contraste, dificultando o reconhecimento de rostos, contornos de letras e números, baixa percepção de degraus em escadas ou reconhecimento se o copo está cheio ou não de água; Desconforto visual diante de focos de luz; Diminuição do campo visual, restando apenas a visão central, setorial ou periférica; Presença de escotomas manchas escuras dispersas que obstruem a imagem; Alterações na percepção de cores (FRANCO, 2017). Agora, observe na prática na prática as imagens produzidas em uma visão subnormal: Figura 8: Patologias e recursos na visão subnormal Fonte: Franco (2017) 45 No entanto, sabemos que tudo isso não é uma tarefa fácil, ao contrário, apresenta-se como um grande desafio. Recursos ópticos, lupas, lentes especiais, requerem muito conhecimento especializado e técnico, indicação assertiva para cada caso e acompanhamento profissional, o custo é elevado, treinamento e observação do professor, ou seja, como já dissemos em disciplinas anteriores, um trabalho de uma equipe multidisciplinar. Porém, se algumas adapatações forem realizadas, é possível melhorar a qualidade de vida e as condições visuais da criança. auxílios ópticos, não-ópticos e/ou eletrônicos, que tornassem as adaptações de tamanho, contraste, brilho e iluminação viáveis. Observe no quadro como isso faz a diferença. Figura 9: Auxílios na visão subnormal Auxílios Ópticos Auxílios não Ópticos Auxílios eletrônicos Usados para: -Aumentar a imagem; -Deslocar a imagem na retina; -Filtrar o espectro e luz; -Condensar a imagem. São modificações em materiais e no ambiente para: -Ampliação; -Ajuste de posicionamento e postura -Melhoria das condições de escrita e leitura -Controle da iluminação Associação de sistemas ópticos e eletrônicos (vide ampliação e tecnologia) para: -Ajuste de tamanho; -Ajuste de brilho, cor, iluminação; -Leitura de conteúdo com sintetizadores de voz. 46 Fonte: Franco (2017) 47 Figura 10: Possíveis resultados das adaptações Fonte: Franco (2017) Percebemos que essa ainda não é a realidade de nossas crianças, principalmente das redes púbicas de ensino. Podemos tentar customizar algumas dessas adaptações, com recursos mais acessíveis como: uma cortina que controle a entrada de luz, um quadro negro e não o branco, pois o brilho compromete a visibilidade, ampliação das imagens, textos, fontes, espaçamentos utilizados pelo professor nas leituras entre outras adaptações! Esse cuidado permitirá ao aluno com visão subnormal melhor qualidade de vida, conforto visual e maiores expectativas de 48 aprendizagem para ler e escrever. 3.3 Principais causas da deficiência visual A formação do CID 11 (Código Internacional de Doenças) , a ser disponibilizado em janeiro de 2022 prevê como principais causas