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16/05/2018 1 Universidade Estadual de Campinas Instituto de Química Departamento de Química Analítica Profa. Alessandra Sussulini E-mail: sussulini@iqm.unicamp.br Sala E-208 ANÁLISES E SOLUÇÕES DE PROBLEMAS EM CROMATOGRAFIA LÍQUIDA QP 216 – Técnicas Cromatográficas e Eletroforéticas Cromatograma Composto A Composto B Composto C Tempo após injeção Picos cromatográficos Injeção da amostra na coluna tR: Tempo de retenção (tempo entre injeção da amostra e saída do composto do sistema) tM: Tempo morto (tempo que um composto não retido pela coluna leva para percorrê-la) t'R: Tempo de retenção ajustado (tempo que as moléculas do composto ficam retidas na FE) Cromatograma Cromatograma Altura do pico A Área do pico C 16/05/2018 2 Identificação individual das espécies contidas na amostra Determinação da identidade da amostra propriamente dita Fontes de Informações Qualitativas: RETENÇÃO: Uso de dados de tempo de retenção de um analito para sua identificação (t’R) DETECÇÃO: Detectores que fornecem informações estruturais sobre as substâncias eluídas (MS) Análise Qualitativa 1. Usando tempo de retenção relativo (t’R): Comparação de cromatogramas da amostra e de uma solução padrão do analito suspeito AMOSTRA PADRÃO Análise Qualitativa Identificação por t’R é pouco confiável: Dependência com parâmetros instrumentais: Variações nestas condições afetam sensivelmente os t’R Sobrecarga na coluna: Aumento excessivo na massa de material eluído deforma o pico cromatográfico e altera o seu t’R Análise Qualitativa M A S S A Saturação da coluna cromatográfica com aumento de massa eluída provoca cauda frontal no pico Amostra complexa: incerteza nos t’R medidos pode levar a identificação errônea Comparação com cromatograma da amostra dopada permite identificação mais confiável Análise Qualitativa 2. Co-cromatografia com padrões (spiking): Comparação de t’R da amostra dopada com o analito suspeito 16/05/2018 3 Detecção por Espectrometria de Massas (MS) Detecção Espectrométrica por Absorção no Infravermelho (IR) Identificação muito confiável quando combinada a técnicas de identificação baseadas em retenção Análise Qualitativa 3. Técnicas auxiliares: Métodos de detecção que fornecem informações qualitativas sobre os analitos eluídos Análise Qualitativa usando MS TEMPO C O N T A G E N S ( ío n s t o ta is ) MASSA / CARGA A B U N D Â N C IA 1 Seleção manual ou automática do espectro de massas correspondente a um eluato 2 Interpretação manual do espectro e/ou comparação automática com biblioteca de espectros padrão do equipamento ou bancos de dados livres Análise Qualitativa usando MS Busca automática em bibliotecas de espectros: comparação estatística BIBLIOTECA DE ESPECTROS ESPECTRO DESCONHECIDO Lista com possíveis candidatos LIMITAÇÕES Identificação pouco confiável de espectros muito simples Limitada pelo tamanho da base de dados Diferenças entre espectros gerados por diferentes equipamentos Análise Qualitativa usando MS 16/05/2018 4 Análise Qualitativa usando MS Análise Quantitativa O tamanho de um pico é proporcional à quantidade de material referente ao pico Tamanho do pico Altura do pico Área do pico Modo manual mais simples e fácil de medir o tamanho de um pico Altura do pico é menos sujeita à interferência de picos com baixa resolução Não considera a largura do pico: exigência de maior precisão das variáveis instrumentais e do método Problemas com picos assimétricos Análise Quantitativa Altura do pico Análise Quantitativa Menos influenciável por parâmetros cromatográficos e instrumentais Erros menores para picos assimétricos Requer estabelecimento apropriado dos limites de integração Área do pico 16/05/2018 5 A altura ou área do pico é uma resposta obtida em função do sinal do detector Relacionar com a concentração ou massa do analito Necessidade de realizar calibração Normalização das áreas dos picos Padrão externo Padrão interno Adição de padrão CURVAS ANALÍTICAS Análise Quantitativa Normalização das áreas dos picos Não é realmente um método de calibração Não há comparação com quantidades conhecidas do material Aplicada para estimar as impurezas ou a degradação de um material puro Assume-se que o fator de resposta do detector é o mesmo para todos os picos cromatográficos Análise Quantitativa Todo composto produz um pico e a resposta do detector depende somente da concentração do composto 1. Padronização externa Compara a área do pico do analito de interesse com as áreas obtidas a partir de soluções preparadas com padrões Fontes de erros: preparo das amostras e das soluções padrão ou problemas de injeção A faixa de concentração dos padrões deve estar no mesmo nível de concentração que as amostras Análise das amostras devem ser realizadas em condições exatamente iguais aos padrões A concentração do analito na amostra real é encontrada pela equação da reta: y = bx + a Análise Quantitativa 1. Padronização externa Análise Quantitativa Determinação simultânea de 4 fármacos por RP-HPLC-DAD A B C D Dewani et al., Arab. J. Chem. 7 (2014) 811-816 16/05/2018 6 2. Padronização interna Padrão interno (P.I.): Composto similar ao analito, inerte a qualquer componente da amostra, puro, ausente na amostra, bem resolvido do restante dos picos Vantagens: • Pequenas mudanças no sistema não alteram o resultado • Ideal para compensar perdas de amostra • Maior confiabilidade dos resultados A adição de P.I. compensa variações instrumentais e é adequada para análises de amostras que são extensivamente preparadas Adiciona-se concentrações iguais do P.I. a diferentes concentrações do padrão do analito: Aanalito/AP.I. x Canalito Adiciona-se a mesma concentração de P.I. à amostra real Desvantagens: • Preparo das soluções e amostras trabalhoso • A seleção do P.I. em amostras complexas pode ser difícil Análise Quantitativa Antes da adição do PI Após a adição do PI Analito de interesse Padrão interno Análise Quantitativa 2. Padronização interna 2. Padronização interna Análise Quantitativa Análise de levodopa em plasma humano por RP-HPLC-MS Amostra de paciente que ingeriu levodopa (analito) Amostra de paciente que ingeriu carbidopa (P.I.) Martins et al., Química Nova 36 (2013) 171-176. Um padrão de calibração deve ser idealmente preparado na matriz da amostra (branco) Calibração por adição de padrão: A amostra é fortificada com diferentes concentrações de padrão: extrapolando a curva para o eixo x, encontra-se a concentração original do analito na amostra Nem sempre é possível preparar um solução representativa em uma matriz que não contenha o analito de interesse Análise Quantitativa 3. Adição de Padrão 16/05/2018 7 Análise do ácido 5-hidroxi-indol-acético em fluido cérebro espinhal humano por RP-HPLC-DAD 5HIAA, metabólito da serotonina (um neurotransmissor) Análise Quantitativa 3. Adição de Padrão Quantificação de biomoléculas por SRM: Seleção da molécula Fragmentação Seleção do fragmento Experimento SRM: 1. Escolher a molécula de interesse (alta intensidade no espectro de massa) 2. Escolher o fragmento predominante da molécula de interesse (transição íon precursor íon fragmento) – transição de quantificação 3. Otimizar parâmetros de MS (ex. gás de colisão) paramaximizar sinal 4. Validar experimento: confirmar identidade da molécula por MS/MS – transição de confirmação Análise Quantitativa usando MS Quantificação de biomoléculas por SRM: Waters Corp. Análise Quantitativa usando MS Quantificação de biomoléculas por SRM: Método extremamente seletivo (escolha adequada dos fragmentos) e sensível Informações: m/z do precursor, m/z de pelo menos 2 fragmentos, tempo de retenção (LC-MS/MS) Padrão interno é necessário (efeitos de supressão iônica, variações instrumentais – LC) Padrão interno: composto marcado isotopicamente ou similar ao analito, com tempo de retenção próximo Análise Quantitativa usando MS 16/05/2018 8 Lavar um sistema com tampão usando solvente orgânico puro: precipitação Injetar amostras que podem precipitar na fase móvel: testar miscibilidade Usar HCl, H2SO4 ou CHCl3 degradado em sistema de aço inox: corrosão do sistema Deixar a bomba trabalhar seca: danificação dos selos Dicas: o que não fazer em HPLC Dicas: o que não fazer em HPLC Usar fita de Teflon para vedar conexões: sem efeito e pode causar entupimento Deixar o sistema parado com fase móvel contendo tampão ou ácidos/bases fortes: cristalização = danificação dos selos da bomba, injetor, entupimento do detector RUÍDO E DESVIO DA LINHA DE BASE Desvio ou deriva (drift): Resulta de alterações na linha de base. Tem frequências muito superiores às dos picos em análise. Normalmente associado ao aquecimento do detector na 1ª hora ou mudanças na temperatura, sujeira na cela de detecção, degradação da fase móvel Ruído (noise): é a variação mais curta da linha de base de uma linha reta causada pelas flutuações dos sinais elétricos, instabilidade da lâmpada, flutuações da temperatura. NA PRÁTICA: qualquer perturbação na saída do detector que não esteja relacionada ao soluto eluído Problemas em HPLC TIPOS GERAIS DE RUÍDOS E CAUSAS TÍPICAS Problemas em HPLC 16/05/2018 9 Problemas com formato de pico A – Interação com silanóis livres B – Complexação com íons metálicos na FE C – pH da fase móvel inadequado D – Entupimento de filtro 1. Utilizar FE a base de sílica de alta pureza 2. Empregar aditivo básico na FM (ex. TEA) – não é necessário quando se utilizada FE de alta pureza 1. Diminuir o pH da fase móvel para suprimir a ionização dos silanois 2. Aumentar a concentração do tampão 1. Retirar o filtro e deixar no ultrassom com metanol para limpeza 2. Trocar o filtro CAUDA Problemas em HPLC E – Espaços vazios na coluna F – Volume morto excessivo 1. Trocar a coluna 1. Minimizar o número de conexões 2. Empregar tubos de conexão mais curtos ou de < d.i. 3. Checar a vedação de todas as conexões Problemas em HPLC CAUDA PICOS DUPLOS A – Contaminação na coluna de guarda ou na coluna analítica B – Entupimento de filtro 1. Remover a coluna de guarda e proceder a análise – trocar a coluna de guarda 2. Para contaminantes fortemente retidos, tentar o procedimento de recuperação 3. Trocar a coluna 1. Retirar o filtro e deixar no ultrassom com metanol para limpeza 2. Trocar o filtro Problemas em HPLC PICOS DUPLOS C – Solvente da amostra incompatível com a FM D – Eluição simultânea de um segundo composto E – Coluna sobrecarregada 1. Injetar a amostra na fase móvel 1. Empregar procedimentos de clean up da amostra antes da injeção 2. Alterar a seletividade a partir de mudanças na fase móvel ou emprego de outra FE 1. Empregar FE com maior capacidade de amostra 2. Aumentar o diâmetro da coluna 3. Diminuir a quantidade de amostra Problemas em HPLC 16/05/2018 10 A – Formação de canais na coluna (caminhos preferenciais) B – Coluna sobrecarregada C – Solvente da amostra incompatível com a FM D – Baixa temperatura 1. Trocar a coluna 2. Utilizar a coluna dentro dos limites de pH recomendados 1. Injetar volumes menores ou amostras mais diluídas; 2. Empregar FE com maior capacidade de amostra 1. Injetar a amostra na fase móvel 1. Aumentar a temperatura da coluna CAUDA FRONTAL Problemas em HPLC Problemas com mudanças na retenção Diminuição dos tempos de retenção A – Perda de fase estacionária ligada B – Grupos ativos na FE C – Aumento da vazão D – Coluna sobrecarregada 1. Trocar a coluna 2. Trabalhar em pH 2-8 para colunas de fase reversa a base de sílica 1. Empregar modificadores orgânicos na fase móvel 2. Aumentar a força do tampão 1. Verificar e ajustar a vazão da bomba 1. Reduzir a quantidade de amostra injetada 2. Empregar colunas com diâmetro interno maior Problemas em HPLC A – Alteração na composição da FM B – Perda de fase estacionária ligada C – Diminuição da vazão D – Bolha na fase móvel 1. Manter os reservatórios de solvente tampados 2. Preparar fase móvel nova 1. Trocar a coluna 1. Verificar e ajustar a vazão da bomba 2. Verificar se existem vazamentos no sistema, inclusive nos selos das bombas 1. Verificar a vazão e pressão 2. Desgaseificar a fase móvel Aumento dos tempos de retenção Problemas em HPLC A – Condicionamento insuficiente B – Alteração na composição da fase móvel C – Capacidade tamponante insuficiente D – Flutuação na temperatura da coluna 1. Equilibrar a coluna por mais tempo entre as análises 1. Verificar o preparo da fase móvel e preparar uma nova se necessário 2. Verificar a precisão da válvula de gradiente 1. Empregar concentrações de tampão maiores de 20 mmol/L 1. Manter a temperatura ambiente constante 2. Manter a temperatura da coluna constante Flutuação dos tempos de retenção Problemas em HPLC 16/05/2018 11 Problemas com picos fantasma ou artefatos Picos fantasmas A – Contaminação na coluna ou no injetor B – Eluição tardia de pico da injeção anterior C – Água contaminada em FR D – Interferentes desconhecidos na amostra 1. Empregar apenas solventes de grau HPLC 2. Lavar a coluna para remover impurezas 3. Limpar o injetor entre as análises 1. Aumentar o tempo de corrida 2. Lavar a coluna com FM forte ao final de cada análise 3. Gradiente: terminar em concentração mais alta 1. Empregar água de grau HPLC 1. Fazer o clean up da amostra Problemas em HPLC A – Índice de refração do soluto menor que o da FM (para detector por índice de refração) B – Absorção do soluto menor que a da FM (detector UV) C – Solvente da amostra FM têm composições diferentes 1. Empregar fase móvel com índice de refração menor 2. Inverter a polaridade do detector para obter picos positivos 1. Alterar o comprimento de onda de leitura 2. Empregar fase móvel com menor absorção no UV 1. Mudar o solvente da amostra e dissolver e amostra na fase móvel se possível Picos negativos Problemas em HPLC Spikes A – Bolhas na fase móvel B – Coluna guardada sem as tampas 1. Desgaseificar a fase móvel 2. Instalar restritor de pressão na saída para o detector 3. Verificar a vedação das conexões 1. Guardar as colunas com as tampas 2. Lavar as colunas de FR com metanol desgaseificado Problemas em HPLC A – Ajuste errado da bomba B – Normal do sistema C – Temperatura muito baixa D – Desgaste da coluna 1. Verificar e corrigir o valor Aumento normal de pressão é: 1. Mudança para uma coluna mais longa 2. Mudança para partículas menores 3. Mudança para diâmetros menores 4. Aumento da vazão caso não sejam feitas outras mudanças 1. Ajustar a temperatura do forno da coluna 1. Aumento gradual na pressão é normal quando se ultrapassa o tempo de vidada coluna Pressão elevada Problemas em HPLC 16/05/2018 12 E – Entupimento dos filtros da coluna F – Entupimento da coluna de guarda G – Entupimento do sistema H – Precipitação de tampão 1. Lavar ou trocar o filtro 2. Centrifugar ou filtrar as amostras 3. Empregar colunas de guarda 1. Trocar a coluna de guarda com maior frequência 1. Verificar o sistema para encontrar o entupimento 1. Lavar a coluna com água 2. Rever as condições de análise Problemas em HPLC A – Vazamento no sistema B – Temperatura da coluna muito elevada C – Vazão muito lenta 1. Localizar e corrigir o vazamento 1. Abaixar a temperatura 1. Aumentar a vazão Pressão baixa Problemas em HPLC 1 – Não desprezar as causas mais simples como rede elétrica, estabilizador de voltagem, chaves gerais e tomadas de todos os módulos 2 – Verificar as conexões elétricas entre os módulos, especialmente detectores e dispositivos de registro e integração 3 – BOMBA: Verificar a chegada livre da FM até a entrada da bomba; aprender a observar e interpretar a leitura de pressão de trabalho do sistema, a qual é um bom indicador de uma série de problemas; conhecer os ruídos normais de funcionamento do seu sistema; verificar movimento dos indicadores de pistão; certificar visualmente se há vazão constante na válvula de referência ou na saída da bomba Evitando problemas em HPLC 4 – Inspecionar o sistema todo para vazamentos encostando um pedaço de papel absorvente em todas as conexões hidráulicas 5 – Conferir se as tubulações entre os módulos são do diâmetro interno correto, isto especialmente se o sistema tiver sido usado por outra pessoa ou passado um tempo sem uso 6 – DETECTOR: Verificar visualmente a vazão de FM na saída correta. Aprender a usar alguns dos comandos diagnósticos mais simples do detector como: absorbância, voltagens e horas de uso da lâmpada, energia das células (amostra e referência) Evitando problemas em HPLC 16/05/2018 13 7 – FASE MÓVEL: Existindo dúvida, re-filtrar, re-desgaseificar, ou preparar novamente a FM usando outro lote, outra marca ou outra garrafa, certificar se o pH da fase permanece no valor correto (água é sempre o componente mais suspeito) 8 – Quando há suspeita de contaminação não hesitar em trocar vidraria, ampolas, vials, agulhas e seringas, a fim de eliminar as possíveis fontes de contaminação 9 – Se tiver mais do que um sistema de HPLC a simples substituição de um módulo por outro pode às vezes revelar a fonte do problema! 10 – Para trabalhar com HPLC o operador necessita de muita paciência! Tomar um rumo errado baseado numa conclusão precipitada é a receita certa para um desastre! Evitando problemas em HPLC