Buscar

Trabalho anos 80


Prévia do material em texto

1	
1. Introdução 
 
Temos as décadas e suas respectivas representações na arte, na música, na pintura, na 
moda e nos comportamentos que influenciam o estilo e o “pensamento de época”. A arte e a 
moda fazem releituras e reinterpretações de épocas posteriores, porém, os anos 80 fogem um 
pouco a esse pressuposto, como uma época ousada nas inovações e tendências apresentadas, a 
“década da new wave”, como também é conhecida, ainda oferece um acervo de tendências para 
a moda atual resgatar. Exagero e ostentação são palavras que definem a moda, o estilo e os 
hábitos da década de 1980. 
Apesar de conflitante, roupas multicoloridas e simultaneamente vários acessórios de 
academia e de grifes junto do pop e do rock descontraídos (passando uma noção de “viva sua 
vida” ou “faça do sonho realidade”) existiram em uma época em que a Alemanha via a 
possibilidade de unificação, em que a União Soviética estava em conflito (no final da década 
de 1980), em que as ditaduras militares terminam em países e começam em outros. 
 
 
 
Justificativa: 
 
 
Esse trabalho abrange o estudo dos comportamentos, dos grupos sociais ou tribos, das 
mídias visuais (cinema e televisão, revistas, marketing e propagandas), e principalmente dos 
estilos e da moda da década de 1980. A justificativa para esse trabalho é o estudo da moda e 
de um dos ícones fashion da época: a princesa Diana. A importância de Lady Di, como ficou 
mundialmente conhecida, é indiscutível: uma simples cidadã, embora vinda de uma família 
aristocrática, escolhida como esposa pelo herdeiro da coroa britânica – um casamento que fez 
com que muitos acreditarem na possibilidade de contos de fadas se tornarem reais, tornou-se, 
em pouco tempo, uma das figuras mais conhecidas, importantes e influentes no mundo, tanto 
nas relações internacionais e nos projetos sociais quanto no comportamento, estilo de vida e na 
adoção de visuais que fizeram dela uma pessoa famosa e influente no mundo da moda. 
 
 
 
	 2	
2. Revisão da Literatura 
 2.1 – Os Anos 80 
 
Dentre os acontecimentos históricos mundiais nos esportes, na politica e economia, no 
cinema e televisão, na musica, cultura e moda que marcaram a década de 1980 convém 
mencionar os mais importantes: as olimpíadas em Moscou, União Soviética em 1980, em Los 
Angeles, EUA, em 1984, e também em Seul, na Coréia do Sul, em 1988; a Copa do Mundo de 
futebol sediada na Espanha em 1992, com a vitória da Itália sobre o Brasil, em 1986 no México, 
em que a Argentina foi campeã. Tivemos também inícios e términos de guerras e de conflitos: 
em 1982 a Argentina invadiu as Ilhas Malvinas dando início a uma guerra contra a Grã-
Bretanha e, principalmente, no ano de 1989 a retirada da União Soviética do Afeganistão e a 
queda do Muro de Berlim na Alemanha, simbolizando o fim definitivo da Guerra Fria. 
Na economia, em 1982 no Brasil, a hidroelétrica de Itaipu iniciou suas atividades, o 
estabelecimento do Plano Cruzado em 1986 tentou oferecer uma solução para os problemas 
financeiros de nosso país, porém, em 1987, a grave crise econômica nas bolsas de valores do 
mundo todo atingiu diversos países. No cinema, alguns dos principais lançamentos foram: em 
maio de 1980 o quarto filme de Star Wars, chamado de O Império Contra-Ataca (selecionado 
para preservação no National Film Registry como sendo culturalmente, historicamente e 
esteticamente significante), e em junho de 1982, estreiou o filme E.T. – O Estra Terrestre. 
Na música, 1982 foi o ano em que Michael Jackson conquistou seu sucesso mundial 
com a musica “Thriller”, não menos importante, em primeiro de agosto de 1981 o canal MTV, 
mundialmente conhecido, estreou na televisão americana, tornando-se logo uma referência na 
música e nos visuais da época, contando com a participação e o apoio de Cyndi Lauper que 
“rivalizava” na música, na extravagância e na ousadia com Madonna, a qual causou mais 
alvoroço com seus hits como “Like a Virgin”, de 1984, “Material Girl” no ano seguinte e, por 
fim, em 1989, com o lançamento da música e do videoclipe de “Like a Prayer” a cantora 
escandalizou em sua jornada para romper com valores tradicionais, tematizando a 
sensualidade, o sexo, o consumismo, os valores familiares e também a igreja católica. Não 
podemos nos esquecer de artistas internacionais como Bon Jovi, Prince, U2 e Iron Maiden, e 
de cantores nacionais de sucesso que marcaram essa época: Cazuza, Blitz, Titãs, Roberto 
Carlos e Legião Urbana. 
Na década de 1980, o Brasil passou pelo término da ditadura militar, e apesar do 
movimento “diretas já”, em 1984, oferecer uma perspectiva de mudança e de prosperidade, 
	 3	
muitos se referem ao período como “os anos perdidos”, devido à crise econômica que muitos 
países enfrentaram e, como consequência, ao aumento do número de desempregados, à queda 
do consumo e problemas políticos. Na Inglaterra o casamento de herdeiro da coroa com uma 
“simples” cidadã britânica que se tornaria uma figura pública famosa e conhecida no mundo, 
muito fotografada e considerada um ícone da moda. 
Em 24 de fevereiro de 1981 havia um clima festivo e comemorativo na Inglaterra com 
o anúncio, no palácio de Buckingham, do casamento do príncipe Charles, herdeiro da coroa, 
com Diana Frances Spencer, na Catedral de St Paul's em Londres. Lady Di, como ficou 
conhecida, tornou-se popular mundialmente principalmente como um ícone fashion da moda. 
Como exemplo disso, temos desde o vestido de noiva de Diana, assinado por Elizabeth 
Emanuel, com mangas bufantes, sete metros e meio de véu e cerca de dez mil pérolas empregas 
na confecção, que ostentou toda a grandiosidade da realeza e tornou-se a personificação da 
moda nos anos 80, até o vestido de azul escuro de Victor Edelstein, usado pela princesa em um 
jantar na Casa Branca em 1985, eternizado em uma foto em que ela aparece dançando com 
John Travolta. 
 
 
 Figura 1: Vestido de casamento de Lady Di. Figura 2: Vestido conhecido como “Travolta”.1 
 
 
 
																																																								
1 Figura 1, Foto do vestido de casamento criado por Elizabeth Emanuel para o casamento de Lady Di, fonte: 
http://www.hellomagazine.com/imagenes/brides/2014090120744/princess-diana-wedding-dress-going-home/0-
110-274/diana1--a.jpg. 
 Figura 2, Princesa Diana dançando com John Travolta, fonte: http://i.dailymail.co.uk/i/pix/2011/06/24/article-
2007766-0CAE802D00000578-844_634x542.jpg. 
Gabriel Rossi
	 4	
2.1.1 – Conceitos Gerais sobre os Anos 80 
 
Para alguns, a década de 1980 foi uma época de extremos e exageros, para outros, uma 
época perdida. O período foi marcado pela chegada e difusão da informatização, possibilitando 
tanto a criação de programas de estamparia e modelagem de peças e tecidos, para a indústria 
da moda, quanto um grande avanço nas mídias visuais impressas e televisivas, porém foi a 
queda do muro de Berlim, em 1989, um grande marco histórico significativo, que simbolizou 
o desmoronamento de determinadas barreiras e preconceitos sociais na maneira de como se 
vestir e o surgimento de uma maior liberdade na expressão visual do indivíduo. 
Para Mendes e Haye, (2010),2 estaríamos diante de uma década de contrastes, em que 
o luxo foi o maior ideal de consumo adotado por uma sociedade desenfreada. Igualmente, os 
anos 80 também são conhecidos como a “década perdida”: uma época em que quase todos os 
países enfrentavam crises e dificuldades econômicas e, simultaneamente, todos procuravam 
novidades na moda e os artistas e famosos influenciavam o “pensamento e comportamento de 
época” com músicas, videoclipes e visuais e comportamentos que desafiavam as tradições e os 
costumes e, ao mesmo tempo, apresentavam um estilo de se vestiremque beirava, em certa 
medida, o “ridículo”. Desse modo, as roupas expressavam o contrário daquilo que o mundo 
vivenciava: havia muita ostentação e exagero em tudo, uma ênfase no consumismo, no 
individualismo, na extrema exaltação da individualidade, e na liberdade de expressão, enquanto 
países acabavam de sair de regimes comunistas e a sociedade em geral passava a adotar tais 
maneiras e hábitos, ao invés de restringir a determinados grupos. 
Segundo Steer (2009),3 no início da década de 1980, os designers de moda começaram 
a anunciar nas televisões e nos outdoors de grandes cidades; modelos da moda começaram a 
patrocinar produtos e marcas com seus nomes e estampar seus rostos, tornando-se familiares e 
associando-se às grandes marcas. Nomes como Linda Evangelista, Christy Turlington e Naomi 
Campbell incorporaram ideais físicos e o estilo de beleza em uma expressão do “espírito da 
época”. De grande influência foi o programa Dynasty, exibido em canal americano no período 
de 1980 a 1989, que apresentava grandes “desfiles” de looks, roupas e visuais glamorosos. Na 
disputa entre Milão e Paris pelo título de capital da moda, marcas e grifes se destacaram: 
Armani reinava na confecção de ternos e roupas para executivos, empresários e a pessoas 
chiques que trabalhavam em escritórios, também as grifes italianas Valentino e Versace criam 
																																																								
2 Cf. MENDES, Valerie, HAYE, Amy de (2010), Fashion since 1900. London: Thames & Hudson. 
3 STEER, Deirdre C. (2009). The 1980s and 1990s - Costume and Fashion Source Books. Nova York: Chelsea 
House Publications. 
	 5	
não apenas roupas para o cotidiano corrido de trabalho, mas também vestidos bufantes e 
coloridos para festas e comemorações. Paris ainda era considerada a capital fashion do mundo 
e parte disso se deve aos esforços de Karl Lagerfeld na revitalização da Chanel. O “visual de 
trabalho” feminino imitava o masculino: os ternos tinham cintura estreita e grandes ombreiras, 
que retornaram depois de anos e estavam presentes em casacos, blusas e jaquetas, e o visual 
conferia poder à mulher e a aparência que parecia dizer “não mexa comigo, sou tão durona e 
capaz como um homem”. Não se pode falar da moda da época sem menciona o papel do jeans, 
com designers famosos como Gucci e Calvin Klein criando seus modelos de calças e jaquetas, 
estas com um visual um tanto carregado, cheias de zíperes, bordados e enfeites, muito 
utilizadas pelas mulheres no conjunto jeans, os homens ainda preferiam a combinação de calças 
jeans e jaquetas de couro. 
 
 Figura 5: Visual Jeans feminino Figura 6: Jeans e couro 
Convém mencionar que Lady Diana saía da plebe para se tornar a princesa de Gales, o 
que fez com que muitas das mulheres de todas as idades adotassem esse sonho, apesar de estar 
fora do alcance de quase todas. Do sonho de um casamento, como em um conto de fadas, à 
realidade, a princesa Diana se tornou uma das pessoas mais fotografadas da época, tendo de 
assumir o controle sobre a maneira de se apresentar e de como se comportar diante dos olhos 
do mundo. Com a necessidade de um rápido aprendizado das regras do vestuário diplomático 
e da realeza e com a intenção de assumir e transparecer sua feminilidade, Lady Di atraiu a 
atenção para a indústria da moda e para os estilistas britânicos. Ao longo dos anos ela sacudiu 
tradições com um estilo menos formal e mais moderno, abraçando a feminilidade e mostrando 
ao mundo um guarda-roupas diversificado, com roupas de “trabalho” chiques e descontraídas, 
assinadas por sua estilista favorita Catherine Walker (algo que definiu Diana como a “princesa 
do povo” defensora de causas sociais), também com roupas para festas, cerimônias e grandes 
ocasiões públicas e particulares: vestidos glamorosos, como alguns de seus Versaces. 
	 6	
2.1.2 - Aspectos Comportamentais e Sociais dos Anos 80 
 
Para Svendsen (2010),4 desde os anos 1980, em particular, tornou-se difícil distinguir 
entre os vários grupos etários, sendo que, nessa cultura instantânea, havia a tendência de se 
expressar como a juventude; além disso, a moda passou a ser mais uma vez aceita pela arte. É 
importante frisar, como menciona Svendsen (2010: 124) que “um momento importante da 
reaproximação mútua entre moda e arte ocorreu em fevereiro de 1982, quando a capa da 
influente revista americana Artforum mostrou uma modelo usando um vestido de noite 
desenhado por Issey Miyake”, entretanto, embora fossem comuns as fotos de moda 
apresentadas em um contexto artístico, a distinção se deve ao fato de o vestido ter sido 
apresentado como “algo que em si mesmo era arte”. 
É importante ressaltar que, como assinala François Boucher (2010),5 a década de 1980 
é marcada pela presença de jovens que se lançavam no mercado de trabalho, tornando-se 
executivos dinâmicos, conhecidos como golden boys e yuppies, e que faziam uso, como 
manifestação visual, do power dressign (vestuário para uso no meio profissional, cuja intenção 
era refletir a eficácia e a competência de quem o usava). No cenário dos EUA, segundo Moraes 
e Galib (1987),6 o consumo dos yuppies americanos dos anos 80 se caracterizava pela 
ostentação: deslumbrados com o enriquecimento precoce, os jovens procuravam adquirir e 
utilizar produtos e marcas que estampassem e evidenciassem seu sucesso econômico, como 
carros importados, ternos Armani, canetas Mont Blanc, residências grandes e vislumbrantes e 
novidades tecnológicas. Assim sendo, o estilo de vida yuppie é encarado por muitos como o 
reflexo do individualismo e do capitalismo desenfreados, propagados pela cultura e sociedade 
americanas na difusão de uma tendência no mundo ocidental. Os yuppies, como tantos outros 
jovens pertencentes a diferentes grupos sociais, eram criados para conquistar o sucesso pessoal, 
que perseguiam a qualquer preço, mesmo que tivessem de sacrificar horas de lazer e 
convivência e a própria vida social. A série televisiva americana Miami-Vice, muito famosa 
na época, exibida no canal americano NBC no período de 1984 a 1989 em cinco temporadas, 
apresentou-nos o estilo yuppie em seu mais elevado conceito, incluindo sol e praia, música 
pop, cocktails, óculos Ray-Ban, roupas criadas por estilistas famosos, sexo casual, 
masculinidade, drogas e poder. 
																																																								
4 SVENDSEN, Lars (2010). Moda: uma filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2010 
5 BOUCHER, François (2010). História do vestuário no Ocidente. São Paulo: Cosac Naify. 
6 MORAES, S.; GALIB, S. “Yuppie, o jovem rico que trabalha e gasta bem o salário”, Folha de São Paulo. São 
Paulo, edição de 11 janeiro de 1987, pp. 22 e ss. 
	 7	
Um período em que uma tendência, que teve início nos anos 70, atinge seu auge: o 
cultivo do corpo, por meio de dietas e da prática de exercícios (com destaque para a mania 
“jogging”, ou seja, da ginástica aeróbica), junto do cultivo da mente, por meio da formação 
especializada profissional e acadêmica, e, finalmente, a expressão de si mesmo. Conforme bem 
observou Calanca (2008),7 temos o surgimento de um ícone que personifica esses ideais de 
corpo e mente, difundindo e os direcionando para a juventude da época: a pop-star Madonna. 
De encontro contra muito dos tabus da época, criando polêmicas ao questioná-los e contrariá-
los, adotando vários clichês comuns, Madonna apresentou seu corpo como algo extremamente 
“sexualizado” e simultaneamente construído, resultado de ginásticas aeróbicas, musculação e 
dietas, carregando a premissa segundo a qual é possível modelar-se e tornar-se o que se desejar. 
Roupas com tecidos leves, macios, sapatos multicoloridos, roupas sexys, preocupação 
com o físico, maquiagem e roupas íntimas. Devido ao cotidianode pessoas que passavam 
grande parte do dia trancados em escritórios em seus empregos, a procura pela prática de 
esportes e, principalmente, pela prática de exercícios físicos e aeróbicos se tornou obrigatória 
para a manutenção de um corpo saudável e para evitar o ganho de peso. Além disso, o uso de 
acessórios esportivos no dia a dia, como as faixas na cabeça e caneleiras, fez furor no período, 
como uma maneira de completar o look, o que fazia com que os itens perdessem o carácter e a 
aparência de esportivos e conferissem um visual mais colorido e extrovertido ao look. Tons 
pastéis, cores cítricas, sapatos claros, cabelo volumoso sem um corte definido e óculos escuros 
enormes compunham o visual preponderante nos anos 80. Não menos importante foi o uso de 
roupas de ginástica (lycra, ténis e caneleiras) no quotidiano, combinadas com roupas 
excêntricas e exageradas – com cores cítricas e estampas de animais procurando transmitir a 
sensação de alegria e bem-estar, sem dúvida um grande marco na moda da época. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
																																																								
7 CALANCA, Daniela (2008). História Social da Moda. São Paulo: Editora SENAC. 
	 8	
2.1.3 - A Moda e as Tribos influenciando os Anos 80 
 
Para Lipovetsky (1987),8 “contra todas as “modas alinhadas” [...] anos 1980 convida à 
sofisticação das aparências, a inventar e mudar livremente a imagem do sujeito, a reinsuflar 
artifício, jogo, singularidade”. Uma época de tribos com o surgimento de diversos grupos 
sociais. Os skinheads, caracterizados pela pouca tolerância, e em muitos casos pelo preconceito 
contra diferentes etnias e contra os homossexuais, para aqueles que se sentiam revoltados com 
a vida e com todos e adotaram a rebeldia como reação, em vez do lema “paz e amor” presente 
na década de 1960; os punks que já não contavam com o mesmo destaque que tiveram na 
década de 1970 e estavam perdendo espaço para o movimento new wave, mistura de gêneros 
que substituiu os tons escuros, a obscuridade e a rebeldia do punk por cores vibrantes, vários 
acessórios, como colares e pulseiras sobrepostos e roupas customizadas com diferentes tipos 
de patches, e estilos extravagantes, transparecendo jovialidade, ousadia e a impressão de serem 
uma geração mais antenada, atualizada e consciente. Por fim e não menos importante, uma 
exceção dentre os grupos que mais escaparam aos “padrões” e subverteram valores com 
“exageros”, temos os yuppies, expoentes de um estilo de vida de ostentação, que lançaram 
diversas tendências, como a prática regular de exercícios físicos e esportes, a preocupação com 
a aparência e a intenção de transparecer um alto padrão de vida de um público jovem de classe 
média/alta, com formação acadêmica e a inclusão no mercado em cargos de alta remuneração. 
Batizados de yuppies (young urban professionals), pelo colunista Bob Greene em 1983, 
estes homens, de 25 a 35 anos, trabalham em um ritmo alucinante. Dia e noite, pesquisam sobre 
política, economia e negociações internacionais para operar, das corretoras onde trabalham, 
nas bolsas dos mais diversos países; além disso, estimasse que a arrecadação anual dessa elite 
brasileira apresentasse rendimentos na casa dos duzentos mil a um milhão de dólares (ver 
Friedlander, 1996).9 Conforme Mate (2013),10 muitas das bandas musicais da época e que 
adotaram os ideais e os comportamentos das tribos, “inicialmente criadas à margem das 
tendências e do comportamento comercial, acabaram engolidas pelo sistema, transformando-
se em meros produtos de consumo, em mercadoria. Para várias bandas punks, por exemplo, o 
conceito de no future, do ponto de vista de descrença no mundo burguês e seus ideários 
																																																								
8 LIPOVETSKY, Gilles (1987). O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São 
Paulo: Companhia das Letras. 
9 FRIEDLANDER, D. (1996). “Os jovens tigres do lucro: a vida em alta-tensão dos operadores que ganham 
fortunas no mercado financeiro”, Veja. São Paulo: Editora Abril, edição de 11 setembro de 1996, pp. 48-54. 
10 MATE, Alexandre (2013). 1980 – Uma década de lutas nas ruas e na cena teatral da cidade de São Paulo. São 
Paulo: Editora Unesp.	
	 9	
arquetípicos, transformou-se em não registro, não documento, no memory.”. Para o autor, 
“nessa permanente tentativa de impor um comportamento individualista, supostamente 
ordinário, moderno e tingido de egocentrismo, surge na era Reagan-Thatcher o young urban 
professional, mais conhecido por yuppie. Assim, os ideólogos a serviço do Estado (incluindo 
aí as agências de publicidade) voltam-se à criação e difusão de novos discursos e posturas ” 
Os yuppies usavam ternos e gravatas, geralmente solteiros, sem filhos, trabalhavam na 
Bolsa de valores, com carreiras brilhantes, geralmente como advogados. Os homens vestiam 
casacos de marcas poderosas como Armani, Hugo Boss ou Ralph Laurent. As mulheres usavam 
lingerie cara por baixo de roupas que se assemelhavam aos looks masculinos, ocupavam cargos 
elevados em grandes corporações, embora seus salários ainda fossem inferiores aos dos 
homens. Itens indispensáveis do armário delas eram os casacos “power”, com as famosas 
ombreiras, sobre blusas de marca, e as saias curtas e estreitas, com fendas poderosas. O look 
feminino noturno, para festas e momentos de diversões, era glamoroso, com muito brilho, saias 
balão, mangas fofas e cores fortes. O estilista Christian Lacroix era muito cobiçado, graças a 
seu estilo que oferecia a sensação de se estar vivendo uma aventura, também Claude Montana 
e Pierre Cardin “ditavam” as regras criando peças que muitos desejavam vestir, exibir e ter em 
seus armários. 
 
 
Figura 3: O estilo Yuppie. Figura 4: A geração New Wave.11 
																																																								
11 Figura 3: The Yuppie Handbook: https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51PF%2BCxkNLL.jpg. 
No look dos yuppies acima, na capa do Manual do Yuppie, é interessante notar que os ternos listrado masculino e 
Ralph Lauren feminino em conjunto com a pasta Gucci e o relógio de pulso Rolex formam uma imagem de alto 
poder aquisitivo: produtos de grifes caras e renomadas. Temos comidas para viagem para um dia atarefado e a 
prática de esportes, sapatos de corrida e raquete para squach, também um walkmen representando a tecnologia. 
 Figura 4: A tendência new wave: http://forums.vintagefashionguild.org/attachments/newwaver-jpg.14929. 
Gabriel Rossi