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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS FILOSOFIA JURÍDICA Professor Flamarion Leite Apostila do 3º ESTÁGIO 1) Que se entende por Modernidade? Dá-se o nome de modernidade ao período que se estende desde meados do século XV até inícios do século XX. Os tempos modernos têm inicio com o Renascimento, a Reforma e a Contrarreforma, que constituem um conjunto histórico-cultural que assinala uma etapa na história da Filosofia do Direito. Com a Modernidade o eixo de gravidade da filosofia passa do ser para o homem. Agora, o homem situa-se no centro do universo dos seres, e é compreendido como um sujeito para qual o ser se converte em objeto de pensamento. 2) Que movimentos tiveram importância para o inicio da modernidade? O Renascimento é um deles e caracteriza-se pela influência das grandes correntes antigas. Juntos com o aristotelismo voltam o platonismo e o neoplatonismo, o estoicismo, o epicurismo e o ceticismo. A reforma apresenta-se como rejeição da tradição medieval e se opõem ao humanismo e ao helenismo. E a Contrarreforma que se caracteriza por dois fatos de imensa repercussão histórica. O primeiro fato é a fundação da Companhia de Jesus. O segundo fato é a celebração do Concílio de Trento, que realiza uma formulação mais precisa de determinadas doutrinas. Se o Renascimento e a Reforma manifestaram oposição à Escolástica, a Contrarreforma propicia um reflorescimento da mesma, com o retorno a São Tomás de Aquino (por isso, tem o nome de "segunda escolástica"). 3) Que pensadores tiveram significado para filosofia teórica e política na Modernidade? Na história da Filosofia teorética, é René Descartes que marca a decisiva viragem do Renascimento para a Idade Moderna. De outra parte, Niccolò Machiavelli também se projeta na entrada dos tempos modernos, como símbolo da nova época, tendo sido um dos primeiros escritores a refletir sobre os problemas da ciência política com o espírito da modernidade, seguindo o método indutivo e da observação histórica. Efetivamente, de índole naturalista, a política de Maquiavel é, metodologicamente, uma política histórica, que extrai seus princípios da experiência coletiva, antiga e moderna, e concentra o interesse no significado prático dos fatos. 4) Que filósofo tem lugar central na moderna Filosofia do Direito? Que escola surgiu depois? Comente. O holandês Hugo Grócio, que é considerado de tal modo o fundador da moderna filosofia do direito. Grócio afirma a existência de um direito natural, mas ele é laicizado, e mesmo sem aderir ao ateísmo, afirma que ele existiria mesmo se Deus não existisse ou não se ocupasse dos problemas humanos. O direito não é mais o justo adaptado às situações reais, mas uma criação livre e voluntária da razão humana. Os filósofos do direito não mais falarão, como São Tomás de Aquino, de lei natural, mas de direito natural. A partir de Grócio, surge a concepção individualista e dualista da ordem jurídica. A autonomia da vontade é à base de todo o sistema jurídico. E existe um dualismo entre o direito positivo e o direito natural, exterior à vontade do Estado, superior a ele e transcendente ao homem. 5) Quais as grandes correntes formadoras da Filosofia Moderna? O racionalismo é, juntamente com o empirismo, uma das grandes correntes formadoras da filosofia moderna. Enquanto o racionalismo explicava o conhecimento humano a partir da existência de ideias inatas que se originavam de Deus, o empirismo pretendia dar uma explicação do conhecimento a partir da experiência, eliminando a noção de ideia inata, considerada obscura e problemática. 6) Que métodos utilizam o racionalismo e o empirismo? Empirismo é um movimento que acredita nas experiências como únicas, e são essas experiências que formam ideias. O empirismo é caracterizado pelo conhecimento científico, quando a sabedoria é adquirida por percepções; pela origem das ideias por onde se percebe as coisas, independente de seus objetivos e significados. O empirismo é utilizado quando falamos no método científico tradicional, que é originário do empirismo filosófico, que defende que as teorias científicas devem ser baseadas na observação do mundo, em vez da intuição ou da fé, como lhe foi passado. O racionalismo é uma teoria filosófica que dá a prioridade à razão, como faculdade de conhecimento relativamente aos sentidos. Os princípios da razão que tornam possível o conhecimento e o juízo moral são inatos e convergem na capacidade do conhecimento humano ("lumen naturale"). 7) Que é método para Descartes? Para Descartes o homem é essencialmente um animal racional, possuindo a capacidade de julgar e de discernir o verdadeiro do falso. Entretanto, aduz, que nem todos os homens utilizam corretamente sua razão. Daí a necessidade de um método, ou seja, um caminho certo, seguro. O objetivo e a utilidade do método consistem em “conduzir bem sua razão” e em “procurar a verdade nas ciências.”. 8) Que é o bom senso? Para Descartes o homem é essencialmente um animal racional, possuindo a capacidade de julgar e de discernir o verdadeiro do falso, a esta capacidade denomina-se de bom-senso. 9) Que concepções de soberania se desenvolveram na modernidade? Teoria da soberania absoluta do rei- Começou a ser sistematizada na França, no século XVI, tendo como um dos seus mais destacados teóricos Jean Bodin, que sustentava: “a soberania do rei é originária, ilimitada, absoluta, perpétua e irresponsável em face de qualquer outro poder temporal ou espiritual”. Esta teoria é de fundamento histórico e lança suas raízes nas monarquias antigas fundadas pelo direito divino dos reis. Eram os monarcas acreditados como representantes de Deus na ordem temporal, e na sua pessoa se concentravam todos os poderes. O poder de soberania era o poder do rei e não admitia limitações. Teoria da soberania popular - Reformulando a doutrina do direito divino sobrenatural, criaram eles o que denominaram teoria do direito divino providencial: o poder público vem de Deus, sua causa eficiente, que infunde a inclusão social do homem e a consequente necessidade de governo na ordem temporal. Mas os reis não recebem o poder por ato de manifestação sobrenatural da vontade de Deus, senão por uma determinação providencial da onipotência divina. O poder civil corresponde com a vontade de Deus, mas promana da vontade popular. Teoria da soberania nacional- Esta teoria é radicalmente nacionalista: a soberania é originária da nação, no sentido estrito de população nacional (ou povo nacional), não do povo em sentido amplo. Exercem os direitos de soberania apenas os nacionais ou nacionalizados, no gozo dos direitos de cidadania, na forma da lei. Não há que confundir a "teoria da soberania popular", que amplia o exercício do poder soberano aos alienígenas residentes no país. 10) Como se desenvolveu o pensamento filosófico da Escola Clássica do Direito Natural? O pensamento desenvolve-se com independência de todo dogma religioso ou posição teológica. Ao escrever o livro sobre o direito de guerra e de paz, que trata do direito das gentes ou direito internacional, Grócio recorre ao direito natural para fundamentar seus preceitos, inaugurando, assim, as especulações jusfilosóficas modernas. 11) Quais os principais representantes da Escola do Direito Natural? Pufendorf que se preocupou em distinguir o direito positivo do natural e ambos da teologia. Leibniz afirma que o direito não deriva da vontade de Deus, mas da sua essência. O bom e o justo são necessariamente tais por si mesmos, e Deus, por sua essência, não podia querer de distinto modo. Assim, afirma a exigência de uma razão intrínseca à vontade divina. Thomasius que foi o primeiro a tentar, com caráter sistemático, a distinção entre direito e moral, sentando princípios que seriam retomados por Kant. Ele distingue entre um sentido estrito e outro amplodo direito natural. Wolff afirma que a lei natural tem seu fundamento na essência mesma do homem e das coisas, sendo também Deus seu autor, razão porque será natural e divina ao mesmo tempo. 12) Qual a Tese fundamental da Escola Racional do Direito? É a corrente que assevera o papel preponderante da razão no processo cognoscitivo, pois, os fatos não são fontes de todos os conhecimentos e não nos oferecem condições de “certeza”. Corrente Racionalista: todo conhecimento provém da razão. 13) Quais os principais representantes da Escola Racional do Direito? Rousseau é normalmente incluído na escola clássica do direito natural, mas sua teoria do contrato social como um princípio retor da razão e não como um acontecimento histórico o torna iniciador da nova escola. Kant é o verdadeiro representantes da escola racional do Direito, pois Rousseau tem laços com a escola clássica e só se distingue dela pela sua concepção do contrato social como princípio regulador. 14) Que é o criticismo? O criticismo kantiano é a confluência de duas direções fundamentais do pensamento filosófico: o racionalismo dogmático (Descartes - Spinoza - Leibniz - Wolff) e o empirismo cético (Bacon - Locke - Hume). Criticismo permite chegar à conclusão de que o conhecimento é produto de uma faculdade complexa, o resultado de uma síntese da sensibilidade e do entendimento. 15) Que são, para Kant, a sensibilidade, o entendimento e a razão? Sensibilidade é por onde captamos, percebemos os objetos (intuição/experiência). O entendimento trabalha na intuição para nos dá o conceito. A razão é teórica, ela não tem o conhecimento, trabalha fora do campo do conhecimento. Razão - É universal e inata, enquanto seus conteúdos são empíricos variando no tempo e no espaço. A razão, sendo uma estrutura vazia, funciona somente como reguladora e controladora da atividade do sujeito do conhecimento. O entendimento pensa, após a sensibilidade ter captado o objeto e trazido uma representação dele. Conhecimento = S+E = conhecimento é a forma da intuição sensível mais o entendimento E - (Entendimento) = não chega ao objeto, ele trabalha com representação do objeto S - (Sensibilidade) = Ela sim trabalha com o objeto, com a intuição, com a experiência. 16) Que são formas a priori? A matéria é a posteriori, as formas é a priori. Por formas a priori devem-se entender os quadros universais e necessários através dos quais o espírito humano percebe o mundo. 17) Quais são as formas a priori da sensibilidade, do entendimento e da razão? A forma da sensibilidade é o que permite a percepção das coisas. “Nada pode ser percebido se não possuir propriedades espaciais, por isso, o espaço não é percebido, mas é o que permite haver percepção”. Sendo assim, o espaço é uma forma a priori da sensibilidade. Da mesma forma não percebemos o tempo. Tempos experiência de passado, presente e futuro, não, porém do próprio tempo, ainda que ele (o tempo_ seja a condição necessária para a possibilidade de percepção das coisas). Desta forma, concluímos que o tempo também é uma forma a priori. Kant, portanto, afirma que a razão e o sujeito do conhecimento possuem estruturas para poder conhecer e, tais estruturas são universais e necessárias, o conhecimento é racional e verdadeiro para os humanos. 18) Que são juízos analíticos, sintéticos e sintéticos a priori? Juízo analítico a priori (universal e necessário) - esta forma de juízo não amplia o conhecimento, só explica e é baseado no princípio da identidade, ou seja, o predicado não é nada mais que a explicitação do conteúdo do sujeito. Ex. um triângulo tem três lados. Juízo Sintético a posteriori (não é universal, nem necessário) - esta forma de julgamento amplia o conhecimento, pois realiza uma síntese, fundamentada na experiência. Ex. verdade das ciências naturais: os metais se dilatam pelo calor. Juízo Sintético a priori (universal e necessário) - esta forma de julgamento amplia o conhecimento e é formulado independentemente da experiência empírica. Ex. axiomas científicos matemáticos: o menor espaço entre dois pontos é a reta. 19) Que papel desempenham, em Kant, a razão teórica e a razão prática? A razão teórica e a razão prática é que, a primeira vista, através da especulação ou investigação reflexiva, o conhecimento, e a segunda visa o agir. Para que o homem realize o seu desejo inato de ser feliz, ele terá que agir em sociedade com prudência, isto é uma necessidade. Em função disto, a pergunta "o que devo pensar para ser feliz?" não é suficiente para realizar a felicidade, é necessário se perguntar também "o que devo fazer para ser feliz?". Observar que para Kant os três objetos "Deus", "a alma imortal" e "a liberdade" são o "fim final" para ser feliz. Ora, se as leis da natureza são todas necessárias, ou seja, todo fenômeno tem uma causa necessária, de outro modo, para cada efeito há uma causa, como pode existir a liberdade, que significa a total falta de necessidade? 20) Que é imperativo hipotético? São aqueles que determinam que se queira uma determinada coisa deves fazer uma determinada ação (faz x para alcançar y), quer dizer, o imperativo hipotético é meio para a realização de um fim exterior a ele. O imperativo hipotético afirma que a ação é boa em vista de qualquer intenção possível ou real. 21) Que é imperativo categórico? É o dever de toda pessoa de agir conforme os princípios que ela quer que todos os seres humanos sigam, que ela quer que seja uma lei da natureza humana. O imperativo categórico assemelha-se a lei áurea bíblica: "Não faças com os outros aquilo que não queres que faças contigo." 22) Qual é a fórmula básica do imperativo categórico? “A essência do imperativo categórico não consiste em ordenar aquilo que se deve querer, mas sim como se deve querer aquilo que queremos. Portanto, a moralidade não consiste naquilo que se faz, mas no como se faz aquilo que se faz.” 23) Quais são as fórmulas secundárias do imperativo categórico? “Age como se a máxima da tua acção se devesse tornar pela tua vontade lei universal da natureza.” “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio.” “Todas as máxima, por legislação própria, devem concordar com a ideia de um reino possível dos fins como reino da natureza.” 24) Qual o significado dessas fórmulas e o que elas evidenciam? São apenas três formulas secundarias do imperativo categórico, explicitações da primeira, que tornam mais intuitivo e perto do sentimento o que o autor exprime na primeira. Estas formulas evidenciam duas características do imperativo: a universalidade e a necessidade. Com palavras do autor: “Se pensar um imperativo categórico, então sei imediatamente o que ele contém. Porque, não contendo o imperativo, além da lei, senão a necessidade da máxima que manda conformar-se com esta lei, e não contendo a lei nenhuma condição que a limite, nada mais resta senão a universidade de tal lei em geral a qual a máxima da acção deve ser conforme, conformidade essa que só o imperativo nos representa propriamente como necessária”. (FMC, 58-59) 25) Que se entende por jusracionalismo? Defende um direito natural advindo da razão humana. Normas princípios imutáveis no tempo e no espaço e nas quais todas as normas de direito positivo devem estar subordinadas. O jusracionalista entende o direito natural como imanente ao ser humano. 26) Como Kant conceitua o direito? Kant compreende o direito do mesmo modo que a moral, isto é, de forma a priori e não empírica. Enquanto ciência, ele é a doutrina da justiça; e a questão de saber se o que as leis jurídicas prescrevem é justo ou não, ou qual o critério universal da justiça, depende, segundo Kant, do abandono temporário dos princípios empíricos e a busca da pura razão, aqual deve servir de fundamento para toda legislação empírica possível. Assim, a sua doutrina do direito, na medida em que procura justificar os institutos jurídicos a partir de princípios racionais a priori, aproxima-se ou se origina dos postulados da razão pura prática. O conceito de Kant em relação ao Direito não é descritiva, mas sim normativa. Todo e qualquer Direito para ser justo, deve ter determinadas condições. As condições devem legitimar todo e qualquer ordenamento jurídico, não descrevendo o Direito, mas sim como ele deve ser. O Direito é um conjunto das condições por meios quais, o arbítrio de um pode coexistir com o arbítrio de outros. 27) Kant separa o direito da moral? Distinguir o direito da moral. Comente. Sim. O Direito pode ser entendido como aplicação da norma em abstrato aos casos concretos, mas, sem que necessariamente haja alguma moral nisso. A moral, os bons costumes, por assim dizer, é apontada, por exemplo, por Kant, como os fundamentos do dever íntimo da criatura, cuja envergadura moral é ornamentada pela retidão do caráter, e do cumprimento de dever honesto e indeclinável. Logo, o direito nem sempre é regado de moral; e a moral elevada, não se limita mera e simplesmente aos liames do direito imposto pelas leis mutáveis e revogáveis. A base da moral repousa no universo da grande envergadura e do caráter espiritual do ser, enriquecido pela educação, pela cultura e sabedoria, e o sentimento de cidadania, bem como as bases do direito, muitas vezes repousam adormecidos nos vícios dos poderes políticos e na imoralidade social. Direito é heterogêneo e a ação conforme o dever e com coação externa. Moral tem autonomia e a ação é por Dever ético e com liberdade interna. 28) Que papel desempenha a liberdade na jusfilosofia kantiana? Vontade é a faculdade de desejar determinada coisa apenas pela razão. Logo vontade e a razão prática são a mesma coisa. A liberdade diz respeito à capacidade de ser racional, determinar por si próprias as leis a seguir. Liberdade é a faculdade de agir de acordo com a vontade. Desta forma, manifestada pela lei moral, a liberdade está reconhecida na sua realidade. Conhece-se a priori sua possibilidade, porque ela é a condição da lei moral que se revela no respeito e na obediência. 29) Qual é o papel da coação na concepção kantiana do Direito? Para Kant Direito e a faculdade de coagir significam a mesma coisa. Kant realça de tal maneira a importância da coação para o Direito que torna sua nota característica distinguindo-o da moral. Sem dúvida, para Kant o direito é estritamente ligado à coação. O direito exerce função limitadora dos excessos da liberdade, ele limita a liberdade de um para que ela não atrapalhe a liberdade do outro, de maneira igual, assim promovendo o pleno gozo da liberdade por todos. A coação é um remédio contra a não liberdade, para garantir a liberdade. Por mais que possa parecer contrária à liberdade, a coação garante a liberdade pelo fato de ser aplicada em casos em que uns transgridam a liberdade de outros, ela coage os atos atentatórios contra a liberdade, assim garantindo a liberdade. 30) Por que, para Kant, direito e faculdade de coagir são a mesma coisa? Pois como o direito e a ética estão intrinsecamente ligados, meu direito termina onde começa o seu, logo a faculdade de coação não está ligada ao dever de obediência a lei, mas a coexistência da própria liberdade. Condição de coexistência externa dos indivíduos está necessariamente ligada ao caráter coativo do Direito. Direito como faculdade de coagir. A coação garante liberdade externa. A liberdade interna depende do próprio indivíduo sendo desnecessária a coação. 31) Como Kant relaciona a coerção com a liberdade? Vontade é a faculdade de desejar determinada coisa apenas pela razão. Logo vontade e a razão prática são a mesma coisa. A liberdade diz respeito à capacidade de ser racional, determinar por si próprias as leis a seguir. Liberdade é a faculdade de agir de acordo com a vontade. Condição de coexistência externa dos indivíduos está necessariamente ligada ao caráter coativo do Direito. Direito como faculdade de coagir. A coação garante liberdade externa. A liberdade interna depende do próprio indivíduo sendo desnecessária a coação. 32) Exponha o conceito de soberania. A exata compreensão do conceito de soberania é necessária para o entendimento do fenômeno estatal, visto que não há Estado perfeito sem soberania. Daí a simples definição de Estado como a organização da soberania. A soberania se compreende no exato conceito de Estado. Estado não soberano ou semissoberano não é Estado. A soberania é uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro poder. A soberania é una, integral e universal. Etimologicamente, o termo soberania provém de superanus, supremias, ou super omnia, configurando-se definitivamente através da formação francesa souveraineté, que expressava, no conceito de Bodin, "o poder absoluto e perpétuo de uma República". 33) Discorra sobre racionalismo e empirismo. O Empirismo, cujo principal seguidor foi Hume, nega a existência de axiomas como princípios de conhecimento, logicamente independentes da experiência. Hume sustenta que a repetição de um fato não nos permite concluir, em termos lógicos, que ele continuará a repetir-se da mesma forma, indefinidamente. Já o racionalismo, cujo principal seguidor foi Descartes afirma que a razão é considerada fonte de conhecimento independente da experiência e que a autoridade soberana da razão e rejeita a intervenção do sentimento ou da tradição na ordem teórica. Kant, abrindo um novo caminho entre esses dois, acreditava principalmente em um conhecimento prévio, a priori, que é conquistado sem a necessidade da experiência, além de que a proposição sintética não pode ser alcançada por meio de simples análise: ela exige experiência. Ou seja, ele acreditava que, em certos casos o racionalismo estava certo e em outros o empirismo. Corrente Racionalista: todo conhecimento provém da razão. Corrente Empirista: todo conhecimento provém das sensações das experiências. 34) Explicite a síntese do conhecimento em Kant. Para Kant o conhecimento é possibilitado por condições a priori (independentes da experiência) e por condições a posteriori (decorrentes da experiência). O sujeito (aquele que conhece) é dotado de sensibilidade e de entendimento, que juntos concorrem para a possibilidade do conhecimento. A Sensibilidade é, sobretudo, passiva, a sua principal característica é a receptividade, ou seja, ela deixa-se „tocar‟ pelos objetos do mundo externo. Esta abertura ao exterior fornece ao sujeito as impressões sensíveis. O Entendimento tem uma dimensão ativa, e é capaz de Pensar as representações veiculadas pela sensibilidade. Portanto, a Sensibilidade dá-nos intuições e o Entendimento conceitos. “Embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, isso não significa que proceda todo da experiência.” 35) Destaque os pontos fundamentais do pensamento de Hugo Grócio. Autor da obra em três livros De iure bell ac pacis, onde investiga e sistematiza os princípios gerais da Política, de tal modo que é considerado o fundador da moderna filosofia do direito. Define o direito como a faculdade de ter ou de fazer qualquer coisa que resulte do poder sobre si, do poder sobre outros ou do poder sobre as coisas. Desta maneira, ele revoluciona a maneira de pensar o fenômeno jurídico e de promover sua técnica, rompendo com a construção filosófica da Idade Média. 36) Estabeleça a distinção entre Moral e Direito, segundo Kant, enfocando o papel da coação. Razão prática é a ética em geral. O direito diferencia se da razão prática pelo seu objeto, pois enquanto o direito se ocupa da legislação externa que regula a conduta humana da pessoa em sociedade, a ética se ocupa da legislaçãointerna e externa se ocupa do dever. O direito está ligado à legalidade, ou seja, para o direito o importante é o cumprimento das normas, sem levar em consideração as motivações para este comprimento. Já a razão prática liga-se a moralidade, pois não é satisfatório para a ética a simples conformidade com o dever, ou seja, para a razão prática é necessário que a função tenha sido realizada por dever e não por outras motivações ou inclinações. Apesar de suas diferenças, direito e moral perseguem o mesmo fim, a liberdade. O direito busca a liberdade externa, liberdade nas relações intersubjetivas. Já a moral busca a liberdade interna, liberdade de agir independente de outras motivações que não seja o dever autônomo. Outra diferença entre direito e moral é que, o direito prescreve uma coação para garantir a liberdade, segundo uma lei universal de liberdade. 37) Comente a solução Kantiana para o problema da coação frente à liberdade. Neste sentido, o direito de cada um vai até onde começa o do outro, onde a universalidade da lei é dada a priori, fundada na liberdade que é autonomia e o problema que se apresenta aqui é o de conciliar liberdade com coação. Assim, a coação não invalida a liberdade, porquanto ela vai de encontro ao que é injusto. Ela é contrária a tudo que é contra a liberdade e a noção de direito é relacionada à noção de coação, pois o dever jurídico é a ação conforme o dever. A obrigação jurídica, então, deve basear-se na razão prática, onde a autonomia é a exigência de participação de todos na legislação. A condição de coexistência de liberdade externa do indivíduo está necessariamente atrelada ao caráter coativo do Direito. A coação garante a liberdade externa. A liberdade interna depende do próprio indivíduo, por isso não pode ser afetada por outro indivíduo, dessa maneira a coação é desnecessária. 38) Qual é a tese fundamental da Escola Racional do Direito e do Empirismo. Corrente Racionalista: todo conhecimento provém da razão. Corrente Empirista: todo conhecimento provém das sensações das experiências.
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