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Motricidade e intervencao pedagogica


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Irene Maria Natália Jaime
Ana Paula Anselmo Romão
Francisca José De Melo
Pedro Geraldo Luís
Motricidade Infantil e a Intervenção Pedagógica
Licenciatura em Educação de Infância, 2˚ Ano
Universidade Pedagógica
Beira
2016
Irene Maria Natália Jaime
Ana Paula Anselmo Romão
Francisca José De Melo
Pedro Geraldo Luís
Motricidade Infantil e a Intervenção Pedagógica
Trabalho apresentado ao departamento de Ciências de Educação e Psicologia curso de Educação de Infância para avaliação da cadeira de Educação de Movimento.
 Docente:
 dr. Célia Ruth
Universidade Pedagógica
Beira
2016
1. Introdução
O presente trabalho constitui uma tentativa em reflectir sobre o tema motricidade infantil e intervenção pedagógica na perspectiva de educação infantil. Assim, dado a necessidade que se verifica para conhecer a criança do ponto de vista de seu desenvolvimento motor, para compreender a motricidade foi preciso buscar analisar alguns os aspectos que estão relacionados à visão de mundo, de criança, das teorias de desenvolvimento e aprendizagem que temos de alguns pensadores, em especial Piaget e Wallon.
Nessa linha de pensamento, interessa-nos pelo trabalho, conceituar a motricidade infantil bem como explicitar o que é motricidade na perspectiva do Piaget e Wallon, processos de influenciam no bom desenvolvimento da motricidade, acções concreta que podem ajudar a conciliar as características da motricidade e aprendizagem e finalmente indicar as forma de intervenção pedagógica face a motricidade infantil numa visão da educação infantil. Assim, numa primeira fase o trabalho é composto pela introdução onde versa-se sobre apresentação geral de todo o trabalho, numa outra fase, corresponde ao corpo do (parte de desenvolvimento do trabalho) que é base do conteúdo temático do trabalho, e mais adiante encontramos a conclusão e as referências bibliográficas que contribuíram para a eficácia do trabalho.
1.1 Objectivos 
1.1.1 Objectivo Geral 
Compreender motricidade infantil e intervenção pedagógica.
1.1.2 Objectivos específicos 
Conceituar a motricidade infantil;
Descrever o objectivo principal da motricidade infantil;
Identificar processos que influencia no bom desenvolvimento motor;
Reflectir sobre intervenção pedagógica face a motricidade infantil.
1.2 Metodologia 
Para construção deste trabalho, foi utilizado a pesquisa bibliográfica que consiste na consulta de obras, artigos já produzidas. Também consistiu na consulta via endereço na internet, para busca se informações referentes ao tema do trabalho.
 
2. Motricidade Infantil e intervenção pedagógica
2. 1 Conceitos de motricidade infantil
Segundo FILHO (2010:31-2), o termo motricidade denota a um processo, cuja constituição envolve a construção do movimento intencional a partir do reflexo, da reacção mediada por representações a partir da reacção imediata, das acções planeadas a partir das simples respostas a estímulos externos, da criação de novas formas de interacção a partir da reprodução de padrões aprendidos, da acção contextualizada na história. 
Em certo sentido, pode-se dizer que toda a motricidade infantil é lúdica, marcada por uma expressividade que supera de longe a instrumentalidade (KISHMOTO, 1998:114). Basta observar cenas filmadas de refeição em creche para se constatar a diferença entre estilo motor adulto e o da criança de dois anos: uma boa parte dos seus gestos é pura expressão emocional, de alegria, animação ou tristeza, excitação contagiante. Assim, quando as educadoras são mais essencialmente instrumentais: ajudam a comer, cortam a carne, empurram a comida para o meio do prato, aproximam no da criança e limpa-nas (KISHMOTO, idem).
2.1.2 A motricidade infantil na perspectiva de Piaget
De acordo com KISHMOTO (1998), afirma que foi Piaget quem nos despertou para a importância da motricidade. Na verdade, ele estava preocupado em estudar a génese do pensamento humano, não em entender como a criança aprende o movimento ou qual é a importância disso. Mas para entender o desenvolvimento da inteligência ele observou a criança e percebeu que, desde que nasce, ela já tem um tipo de inteligência, que ele chamou de inteligência motora, que é prática a primeira que o ser humano desenvolve. Isso acontece porque a criança tem uma bagagem genética, que é os movimentos reflexos, e a partir do contacto com o ambiente, naquilo que Piaget chama de reacções circulares, ela vai construindo esse movimento intencional.
Então, até por volta dos 2 anos, mais ou menos, ela constrói essa inteligência sensório - motor, essa capacidade de perceber a intencionalidade e a consequência dos gestos, que são os recursos que ela tem para interagir com o meio. Para Piaget o desenvolvimento da inteligência é um processo contínuo de equilibração, através de dois mecanismos: a assimilação, que é entendida como a integração do exterior às estruturas do indivíduo, e a acomodação, que é a transformação interior em função das variáveis exteriores (Idem) 
É por meio desses dois mecanismos que a criança desenvolve sua inteligência prática ou o que chamamos de desenvolvimento sensório-motor, composta por diferentes esquemas de acção, que vão se aperfeiçoando, tornando-se mais variáveis e adaptáveis a diferentes situações. Nessa perspectiva, é fundamental criar desafios para as crianças, propor situações que geram a necessidade de novas adaptações a partir, por exemplo, do uso de diferentes materiais, jogos, brincadeiras tradicionais.
2.1.3 A motricidade infantil na perspectiva de Wallon
Na perspectiva de Wallon fala da afectividade e da socialização da criança. Diz-nos esse pensador, que o movimento tem primeiro uma função expressiva (KISHMOTO, 1998). A interacção entre o bebé e os adultos se dá por uma intensa troca afectiva comunicada por gestos e expressões faciais. Mais tardem o movimento passa a ter uma função instrumental: conhecer e explorar o mundo físico. O movimento passa a auxiliar o pensamento, inaugurando-se a dimensão cognitiva da actividade motora. A acção mental projecta-se em actos motores. O movimento também está relacionado à origem da representação, ele dá suporte à representação na medida em que torna presente um objecto ou cena imaginada por meio dos gestos que a criança utiliza para imitar.
Segundo ele, a actividade muscular possui duas funções intimamente relacionadas: a função tónica, que regula o grau de tensão dos músculos (tónus) e se relaciona ao controle e ajustamento postural, e a função cinética, responsável pelo controle do estiramento e encurtamento das fibras musculares em coordenação com os impulsos do sistema nervoso central, que produz o deslocamento do corpo ou de partes dele. Em todos os movimentos que realizamos estas funções estão presentes. Para chutar uma bola, correr ou jogar ténis precisamos controlar nossa postura e, ao mesmo tempo, as cadeias musculares que vão executar o movimento. Todo este processo de coordenação e controle do movimento envolve o indivíduo como um todo e demanda um incrível gasto energético. Até quando estamos sentados em uma determinada posição há um gasto energético.
Qualquer um de nós pode observar como é difícil permanecer na mesma posição por algumas horas e, no entanto, muitas vezes exigimos de nossos alunos este esforço e nem imaginamos quanta energia esta acção demanda e como é difícil permanecer sentado com um único foco de atenção. O cansaço resultante do esforço em manter-se imóvel por muito tempo pode transformar-se em obstáculo às aprendizagens, ao contrário do que tradicionalmente se espera. A criança está na relação de reciprocidade entre a actividade cognitiva e o controle do tónus é ainda mais relevante: ela aprende por meio da expressão corporal e ao experimentar desafios motores. Assim, a movimentação das crianças na sala de aula deve serencarada como um recurso para aprendizagem e não um obstáculo.
2.4 Principal objectivo da motricidade infantil 
Conforme BORGES (2014:7), o principal objectivo da motricidade infantil é contribuir para o desenvolvimento do corpo e da mente de uma forma coerente, através da educação e pelo movimento. Segundo SAMULSKI (cit. in. NETO, 2003:227), “Por educação do movimento entende-se a formação da personalidade através de processos de aprendizagem motora”. 
É através do movimento que a criança absorve e contacta com o mundo exterior e toma consciência do seu mundo interior, este faz parte das necessidades fundamentais da vida, porque a criança através do movimento contacta e experiência o mundo que a rodeia. Através do conhecimento/domínio do seu corpo e da sua capacidade para a produção dos seus movimentos, a criança comunica com os seus pares, realiza as suas aquisições e desenvolve a sua personalidade através de empenhos, que se reflectem nas mais rudimentares manifestações de movimento expressivo e criativo (CONDESSA, 2006). Logo nos primeiros anos de vida, a criança torna-se um ser criador, através do seu próprio movimento. 
2.5 O trabalho com a motricidade e seu desenvolvimento na infância
De acordo com BORGES (2014:7), afirma que: “o trabalho da motricidade é feito desde muito cedo pela criança. O contacto com o mundo, com o outro e os movimentos desenvolvidos desde tenra idade, já são manifestações da motricidade”. Para essa autora, é através de um conjunto de desafios que a criança ultrapassa, do contacto com diversos estímulos, com o meio e com outros indivíduos que a motricidade infantil se desenvolverá. Por desenvolvimento da motricidade entende-se que esta é “o conjunto das transformações de resposta, entendidas numa base diacrónica, e constatáveis ao nível dos movimentos, das qualidades físicas e motoras e das actividades humanas na adaptação às variações do meio físico e social” (NETO, 2003). 
Assim entendemos, nas primeiras idades o desenvolvimento motor é feito através de estímulos, reagindo ao meio com movimentos reflexos. Inicialmente a criança imita gestos e movimentos, e através da tentativa e erro e da sua liberdade para se movimentar ela adquire e desenvolve habilidades motoras mais básicas até às mais específicas. No que diz respeito ao desenvolvimento global da criança as actividades motoras realizadas pelas mesmas, só farão sentido se permitirem em simultâneo o desenvolvimento das suas capacidades físico-motoras e coordenativas e as aprendizagens realizadas através da descoberta do seu corpo, que estimulam o prazer e o gosto pelo movimento. Além disso, as actividades motoras deverão proporcionar a socialização de cada criança a uma cultura motora capaz de contribuir para o seu integral desenvolvimento e de se prolongar ao longo da vida numa lógica de saúde, qualidade de vida e bem-estar. 
Dessa forma, deverá desde cedo ser estimulado o desenvolvimento da motricidade infantil, pois esta proporciona em primeiro lugar, um melhor funcionamento e desenvolvimento dos aparelhos e do sistema do corpo humano e, consequentemente, uma melhor aprendizagem para a sua vida em sociedade. Esta aprendizagem requer a aquisição de capacidades de equilíbrio e postura, essenciais ao deslocamento e exploração do envolvimento; de perícia e manipulação de objectos, fundamentais ao trabalho e à comunicação, o convívio e a colaboração, requisitos de uma socialização da própria criança com os companheiros. 
Segundo BORGES (2014), para um melhor desenvolvimento da motricidade infantil é fundamental preservar as culturas da infância, pois através dos jogos, das brincadeiras, das danças, entre outros, que são passados de geração em geração, através da interacção com outras crianças e deixando um pouco de lado o sedentarismo e as actividades ligadas às novas tecnologias, estas movimentam-se e desenvolvem habilidades motoras, psicomotoras e sócio motoras, através da actividade lúdica. Para além da actividades referidas anteriormente virem cada vez mais a cair em desuso, os brinquedos tradicionais também têm sofrido uma certa desvalorização, porque têm aparecido nos mercados cada vez mais brinquedos estereotipados e em massa que condicionam as brincadeiras que com eles se têm e uniformizam-nas e como se o que fosse importante fosse o brinquedo e não a brincadeira em si (BORGES, 2014:9). Também são cada vez mais os chamados brinquedos electrónicos, colocados à disposição das nossas crianças. 
2.6 Tipos de motricidade
De acordo com BORGES (2014:12) diz que a motricidade pode ser dividida em duas: a motricidade global e fina. 
A motricidade global – é aquela que apoia-se sobretudo na realização de movimentos que desenvolvem o equilíbrio e a locomoção, trabalhando as habilidades motoras ligadas aos grandes grupos musculares.
A motricidade fina – é aquela que desenvolve-se com base na percepção, organização e representação espácio-temporal que possibilita um aumento progressivo da dominância lateral e do controlo dos movimentos manipulativos. 
Neste contexto, a motricidade fina só se desenvolve, depois de a criança ter dominado os movimentos ligados aos grandes músculos. Desta forma, é importante tanto na Educação Pré-escolar como no 1.º Ciclo do Ensino Básico (EB) ter em atenção ao desenvolvimento da motricidade nas nossas crianças, pois esta está ligada ao desenvolvimento de aprendizagens nas crianças, como ao bem-estar das mesmas, ao sentirem-se capazes de realizar determinadas actividades/ tarefas propostas pelo Educador/ Professor e na própria interacção com os outros. A escola é a maior experiência de formação e afecta todos os aspectos do desenvolvimento humano. Na escola, as crianças adquirem conhecimentos, habilidades e competência social, desenvolvem seus corpos e mentes se preparam para a vida adulta (PAPALAIA, OLDS & FELDMAN, 2009:339)
2.7 Processos que influencia no bom desenvolvimento da motricidade
O desenvolvimento motor ocorre, basicamente, por dois processos: 
O aumento da diversidade e da complexidade; e
 Aumento da diversidade se dá pela possibilidade de a criança vivenciar um mesmo esquema de acção em diferentes contextos. 
O aumento da complexidade envolve aprendizagem de novos movimentos a partir daqueles que a criança já domina e diversifica. Por exemplo: a criança aprende a andar diversificando esta acção em relação ao tempo, aos deslocamentos, às mudanças de direcção; a partir deste andar ela desenvolve o correr e o correr diversificado, que depois pode ser combinado a outros movimentos como “quicar” uma bola, dando origem a um movimento mais complexo ainda, que é driblar a bola num jogo de basquetebol.
Para um bom desenvolvimento motor é preciso, então, garantir a diversificação dos movimentos e o aumento da complexidade, levando em consideração o desenvolvimento e a aprendizagem da criança num determinado momento. Mas é preciso superar a visão de que o desenvolvimento motor é um processo natural e progressivo que acontece sem a necessidade de um ambiente favorável à sua ocorrência. Portanto, também, o desenvolvimento de competências motoras ocorre pela relação dinâmica entre o biológico e o social. Por isso as experiências fornecidas à criança são tão importantes.
É preciso deixar de lado a ideia de que existem formas gestuais ideais, únicas, “certas” que a criança deve aprender. Uma característica singular do movimento humano é a necessidade de construir, ao mesmo tempo, consistência e variabilidade. A consistência garante o encontro de coordenações motoras mais eficientes, construídas para que o sujeito apresente soluções eficientes frente aos desafios motores. Para aprender a andar, por exemplo, é preciso que a criança ganhe consistência em sua capacidade de controlar as relações de equilíbrio postural e as contracções musculares adequadas para realizar o movimento.
A consistência garante encontrar um caminho seguro e confiável para realizar o movimento. No entanto, estamos constantemente sendo desafiados pelas variações do ambiente. Os pisos que enfrentamospara caminhar são diferentes, podemos andar na subida e na descida, podemos andar sobre um caminho estreito, somos desafiados a caminhar em espaços lotados, com pessoas locomovendo-se em diferentes direcções e velocidades, e é a variabilidade de nosso sistema motor que garante esta adaptabilidade e o desenvolvimento de esquemas de acção flexíveis.
2.8 Intervenção pedagógica face a motricidade infantil
Segundo FILHO (2010), o educador pode intervir pedagogicamente em relação a motricidade da criança através de acções concretas como o de encorajar as crianças a explorar suas potencialidades de movimento, ao invés de fixar os “jeitos correctos”, é o grande desafio de uma educação física que conhece o desenvolvimento motor. Isso não quer dizer que o professor não deva fornecer informações às crianças sobre os caminhos para encontrar melhores soluções, demonstrar movimentos que ele conhece ou chamar a atenção da criança para a maneira como um colega resolveu aquele desafio. Assim, devemos desde cedo proporcionar às crianças momentos onde se desenvolva a motricidade, através dos jogos, das brincadeiras, estimulando o movimento, pois é através do seu corpo que esta tem uma percepção do meio exterior, que explora os espaços que frequenta, que contacta com o outro e comunica desde tenra idade.
Além disso, o educador também pode propor uma série de situações de exploração e descoberta deste movimento como por exemplo: virar cambalhota em um plano inclinado, podemos experimentar rolar com um amigo, Rolar carregando uma bola macia, neste contexto, estamos a dizer que o professor precisa também ter uma possibilidade corporal para se envolver no processo ensino-aprendizagem, precisa resgatar em sua própria vida o prazer pelo movimento. Todavia, em muito casos, o trabalho com o movimento fica restrito por esses receios que, na maioria das vezes, não são reais. 
A cambalhota, por exemplo, assusta bastante: dá medo de a criança quebrar o pescoço, mas, na verdade, ela é muito flexível e a probabilidade de ter uma lesão grave na coluna cervical é mínima, a não ser que salte em alta velocidade, de um lugar alto. O mesmo acontece com as brincadeiras de correr. É importante brincar de pega-pega porque essa brincadeira possibilita à criança desenvolver a noção espacial, aprender a correr e mudar de direcção, em diferentes trajectórias e direcções, desenvolver estratégias individuais e colectivas para brincar, estimula o desenvolvimento cardio-respiratório, que beneficia a saúde.
Porém, é preciso nos como educadores de infância avaliar as condições das crianças, sobretudo as menores, que, nessa brincadeira, sempre se trombam e caem porque têm dificuldade de andar e mudar de direcção. Nesse caso é possível pensar um grupo menor e em um piso mais seguro, mas não adiante evitar: o risco é inerente a qualquer processo de aprendizagem. Errar é uma coisa construtiva no processo de aprendizagem, mas na área de movimento errar às vezes causa um raladinho no joelho, uma batidinha na cabeça. O corpo tem um limite de resistência, de força, por isso é muito importante criar um ambiente seguro.
2.8.1 Aspectos a priorizar num trabalho com motricidade infantil
Segundo FILHO (2010), na educação infantil a ênfase do trabalho de desenvolvimento de competências motoras está centralizado na diversificação dos movimentos fundamentais de locomoção – tais como andar, correr, saltar, saltitar, deslizar, escalar; de manipulação – como arremessar, receber, chutar, rebater, rolar; e de estabilização – como equilíbrio estático (ficar num só pé), equilíbrio dinâmico (andar numa superfície estreita) e apoios invertidos (parada de cabeça, parada de mãos, estrela). Tudo isso contextualizado em actividades da cultura lúdica infantil. O objectivo é que a criança possa utilizar actividades de movimento em contextos significativos de sua experiência. Um trabalho com o movimento contribui com as questões atitudinais, com a capacidade de se relacionar com o outro, dialogar e resolver problemas, o que sempre acontece em contextos de jogos e brincadeiras
2.9 Importância do desenvolvimento da motricidade infantil
De acordo com BORGES (2014:11), o desenvolvimento da motricidade nas crianças é fundamental para as aprendizagens que esta vai realizando ao longo do seu percurso escolar. Existem movimentos que são adquiridos pelo ser humano de forma espontânea, ou seja, sem que seja preciso alguém que os ensine, ao que são designados como sendo as habilidades motoras básicas, como por exemplo o agarrar, engatinhar e o andar. Portanto, quando a criança adquire uma nova habilidade motora que o ajudará na aquisição do próximo movimento. 
No momento do contacto com o meio e com diversos objectos facilitarão à criança desenvolver novas aquisições, no que diz respeito à sua motricidade. Como exemplo disso, uma criança que queira ter o contacto com um brinquedo que o chame à atenção, tenta chegar até ele para o agarrar, realizando diversas deslocações até chegar até ele - a rastejar, a gatinhar, agarrado a um móvel. Inicialmente aprendem habilidades simples que, com o passar do tempo serão desenvolvidas, tornando-se em habilidades mais complexas, onde a criança passa a ter uma maior noção e controlo do seu corpo e do espaço (BORGES, Idem). O desenvolvimento da motricidade também será importante para outras áreas de conhecimento, onde a aquisição de certas habilidades serão fundamentais para a aquisição de outras aprendizagens. 
3. Conclusão 
Chegado ate esse ponto, de tudo o que foi abordado nesse trabalho leva-nos a concluir que a motricidade infantil é todo o processo que se desenvolve na idade infantil envolvendo a construção do movimento a partir do reflexo da reacção mediada por representações a partir da reacção imediata, das acções planejadas a partir das simples respostas a estímulos externos, da criação de novas formas de interacção a partir da reprodução de padrões aprendidos. o principal objectivo da motricidade infantil é contribuir para o desenvolvimento do corpo e da mente de uma forma coerente, através da educação e pelo movimento. 
No entanto, esse processo ocorre, de forma dialéctica, nos planos filogenético e ontogenético, expressando e compondo a totalidade das múltiplas e complexas determinações da contínua construção do homem. Para um melhor desenvolvimento da motricidade infantil é fundamental preservar as culturas da infância, pois através dos jogos, das brincadeiras, das danças, entre outros, que são passados de geração em geração, através da interacção com outras crianças e deixando um pouco de lado o sedentarismo e as actividades ligadas às novas tecnologias, estas movimentam-se e desenvolvem habilidades motoras, psicomotoras e sócio motoras, através da actividade lúdica. 
Portanto, o educador pode intervir pedagogicamente em relação a motricidade infantil promovendo acções concretas como o de encorajar as crianças a explorar suas potencialidades de movimento, ao invés de fixar os “jeitos correctos”, é o grande desafio de uma educação física que conhece o desenvolvimento motor. Isso não quer dizer que o professor não deva fornecer informações às crianças sobre os caminhos para encontrar melhores soluções, demonstrar movimentos que ele conhece ou chamar a atenção da criança para a maneira como um colega resolveu aquele desafio. 
4. Bibliografia
BORGES, Carolina de Fátima Botelho. O desenvolvimento da Motricidade da Criança e as Expressões Um Estudo em Contexto de Pré-escolar e 1ᵒ Ciclo do Ensino Básico, Ponta Delgada: Universidade dos Açores, 2014.
CONDESSA, I. Os Ambientes Facilitadores de Aprendizagem na Educação
Física Infantil. In Cinergis (Revista do Departamento de Educação Física e Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul), vol.7, nº2 (Jan/Jun), 2006.
FILHO, Carol Kolyniak.. Motricidade e Aprendizagem: Algumas Implicações Para Educação Escolar, artigo Construção Psicopedagógica, Vol. 18, n. 17, São Paulo, 2010.
KISHMOTO, Tizuko Morchida, et al. O brincar e suas Teorias, Cengage Learning,1998. 
NETO, C. Jogo e Desenvolvimento da Criança. Cruz Quebrada: Faculdade da Motricidade Humana, 2003.
PAPALAIA, D.; Olds, S. & Feldman, R. Desenvolvimento Humano. 10.ª Ed.
Porto Alegre: AMGH Editora Ltda, 2009.