Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 1 Neuroanatomia Estrutura do Bulbo – CAP 15 Existem várias diferenças entre a estrutura da medula e do tronco encefálico, embora ambos pertençam ao sistema nervoso segmentar. Existe no tronco encefálico uma fragmentação longitudinal e transversal da substância cinzenta, formando-se assim os núcleos dos nervos cranianos. Por outro lado, existem muitos núcleos no tronco encefálico que não possuem correspondência com nenhuma área de substância cinzenta da medula. Constituem a substância cinzenta própria do tronco encefálico. Além disso, no tronco encefálico diferentemente da medula existe uma rede de fibras e corpos de neurônios, a formação reticular. Essa possui uma estrutura intermediária entre a substância branca e a cinzenta, denominada substância reticular. 1. Estrutura do Bulbo A organização interna das porções caudais do bulbo é bastante semelhante à da medula. Entretanto, ao nível da oliva já não existe aparentemente qualquer semelhança. Isso ocorre devido principalmente aos seguintes fatores: a. Aparecimento de novos núcleos próprios do bulbo – sem correspondentes na medula, como os núcleos grácil, cuneiforme e o núcleo olivar inferior. b. Decussação das pirâmides – As fibras do tracto córtico-espinhal percorrem as pirâmides bulbares e a maioria delas decussa, ou seja, muda de direção cruzando o plano mediano para continuar como tracto córtico-espinhal lateral. c. Decussação dos lemniscos – As fibras do fascículo grácil e cuneiforme da medula terminam fazendo sinapse em neurônios dos núcleos grácil e cuneiforme, que aparecem no funículo posterior. As fibras que se originam nesses núcleos são chamadas de fibras arqueadas internas. Elas passam através da coluna posterior, cruzam o plano mediano e infletem-se cranialmente para constituir de cada lado o lemnisco medial. Os impulsos que esse lemnisco leva ao tálamo relacionam-se com a propriocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória. d. Abertura do IV ventrículo – Não havendo mais nenhuma estrutura no funículo posterior, abre-se o canal central formando-se o IV ventrículo, cujo assoalho é constituído principalmente de substância cinzenta homóloga à medula, ou seja, núcleos de nervos cranianos. Substância cinzenta do bulbo Substância cinzenta homóloga: núcleos de nervos cranianos a. Núcleo do hipoglosso: núcleo motor onde se orginam fibras para os músculos da língua. Eferente somático b. Núcleo do tracto espinhal do nervo trigêmeo. Aferente somático Geral c. Núcleo salivatório Inferior: Inervação da glândula parótida. Eferente visceral geral. d. Núcleo do tracto solitário: Núcleo Sensitivo. (Trato gastro-intestinal). Aferente visceral geral e especial. Correspondem a determinadas áreas de substância cinzenta da medula e constituem a chamada substância cinzenta homóloga à da medula. Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 2 e. Núcleo ambíguo: núcleo motor para a musculatura branquiomérica. Eferente visceral especial. f. Núcleo dorsal do Vago: núcleo motor pertencente ao parassimpático. Eferente visceral geral. g. Núcleos vestibulares: Núcleos sensitivos. Aferente somático especial. A ordem acima se relaciona com o ato de tomar um sorvete. Primeiro você estica a língua (Hipoglosso), depois verifica a temperatura do sorvete (Trigêmeo), a seguir saliva (Salivatório inferior), sente o gosto do sorvete (Tracto solitário), engole o sorvete (Ambíguo), ele é digerido no estômago (Dorsal do vago) e por fim você esteve de pé todo esse tempo e manteve o equilíbrio (Vestibular). Classificamos as fibras da seguinte forma: Substância cinzenta própria do bulbo a. Núcleos grácil e cuneiforme: Dão origem as fibras arqueadas internas que cruzam o plano mediano para formar o lemnisco medial. b. Núcleo olivar inferior: É uma grande massa de substância cinzenta que corresponde à formação macroscópica oliva. O núcleo olivar inferior recebe fibras do córtex cerebral, da medula e do núcleo rubro. Liga-se através das fibras olivo-cerebelares, que cruzam o plano mediano e penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior, distribuindo-se por todo o córtex desse órgão. Essas fibras olivo-cerebelares estão envolvidas na aprendizagem motora. c. Núcleos olivares acessórios medial e dorsal: Constituem com o núcleo olivar inferior o complexo olivar inferior. Substância branca do bulbo Fibras transversais: são também denominadas fibras arqueadas e podem ser divididas em internas e externas. a. Fibras arqueadas internas: Algumas são constituídas pelas fibras olivo-cerebelares, que do complexo olivar inferior cruzam o plano mediano, penetrando no cerebelo pelo lado oposto e outras pelos axônios dos neurônios dos núcleos grácil e cuneiforme no trajeto entre esses núcleos e o lemnisco medial. Somático Visceral Músculo liso. Relacionado com o meio interno. Ex: paladar, tato Músculo Estriado Relacionado com a vida externa. Ex: visão, audição Geral Especial Sensibilidades gerais, tato epcrítico, estereognosia etc. Visão, audição, olfato. Obs: motor só de origem branquiomérica. Eferentes Aferentes Sai impulso nervoso: MOTORA Recebe impulso nervoso: SENSITIVA Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 3 b. Fibras arqueadas externas: Tem trajeto próximo à superfície do bulbo e penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior. Fibras longitudinais: Formam as vias ascendentes, descendentes e de associação do bulbo. a. Vias ascendentes: São constituídas pelos tractos e fascículos ascendentes oriundos da medula, que terminam no bulbo ou passam por ele em direção ao cerebelo ou ao tálamo. A eles acrescenta-se o lemnisco medial, originado no próprio bulbo. Fascículos grácil e cuneiforme, lemnisco medial, tracto espino-talâmico lateral, tracto espino-talâmico anterior, tracto espino-cerebelar anterior, tracto espino-cerebelar posterior, pedúnculo cerebelar inferior. b. Vias descendentes: Sistema lateral da medula: Tracto córtico-espinhal e tracto rubro-espinhal. Sistema medial da medula: tracto cortiço-espinhal anterior, tracto tecto- espinhal, tractos vestíbulo-espinhais e tractos retículo-espinhais. tracto espinhal do nervo trigêmeo tracto solitário. c. Vias de associação: São formadas por fibras que constituem o fascículo longitudinal medial, presente em toda a extensão do tronco encefálico. É a via de associação do tronco encefálico. Ele liga todos os núcleos motores dos nervos cranianos e recebe um importante contingente de fibra dos núcleos vestibulares, trazendo impulsos que informam sobre a posição da cabeça, sendo importante para a realização de reflexos que coordenam os movimentos da cabeça com os do olho. Formação reticular do bulbo A formação reticular ocupa uma grande área do bulbo, onde preenche todo o espaço não ocupado pelos núcleos de tractos mais compactos. Na formação reticular do bulbo localiza-se o centro respiratório, o centro vasomotor e o centro do vômito. A presença dos centros respiratórios e vasomotor tornam as lesões nesse órgão extremamente perigosas. 2. Correlações Anatomoclínicas Os sintomas mais característicos das lesões bulbares são a disfagia (dificuldade de deglutição) e as alterações da fonação, por lesão do núcleo ambíguo, assim como alterações do movimento da língua por lesões do nervo hipoglosso. Esses quadros podem ser acompanhados por paralisias e perdas de sensibilidade no tronco e membros por lesão das vias ascendentes ou descendentes que percorrem o bulbo. Lesões de base de bulbo: Em geral comprometem a pirâmide e o nervo hipoglosso. A lesão da pirâmide compromete o tracto córtico-espinhale como este cruza abaixo do nível da lesão, causa hemiparesia do lado oposto ao lesado. A lesão do hipoglosso causa paralisia dos músculos da metade da língua situada do lado lesado, com sinais de síndrome de neurônio motor inferior. Como a musculatura de uma das metades da língua está paralisada, quando o doente faz a protrusão da língua, a musculatura do lado normal desvia a língua para o lado lesado.
Compartilhar