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Neuroanatomia - Anatomia Funcional do Córtex Cerebral

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Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 1 
 
Neuroanatomia 
Anatomia Funcional do Córtex cerebral – CAP 26 
1. Áreas Sensitivas 
São distribuídas nos lobos parietal, temporal e occipital. Estas são divididas em áreas primárias 
(de projeção), secundárias (de associação), relacionadas respectivamente à sensação do 
estímulo recebido e à percepção de características específicas desses estímulos. 
 Áreas corticais relacionadas com a sensibilidade somática 
 
 Área Somestésica Primária: também chamada de área da sensibilidade somática geral, 
está localizada no giro pós-central, que corresponde às áreas 3,2,1 do mapa de 
Brodmann. Nessa área chegam às radiações talâmicas que se originam nos núcleos 
ventral póstero-lateral e ventral póstero-medial do tálamo e trazem impulsos nervosos 
relacionados a temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente da metade 
oposta do corpo. 
 
Estímulos na área somestésica causam manifestações mal definidas como dormência 
ou formigamento. 
Existe correspondência entre as partes do corpo e a área somestésica (somatopia). 
 
 
 
 
 
Observações sobre a somatopia observadas no homúnculo de Penfield: 
 Área da mão muito grande; 
 Na mão os dedos são desproporcionais; 
 Face e boca tem uma representação bastante grande; 
Isso demonstra que a extensão da representação cortical de uma parte do corpo depende da 
importância funcional dessa parte para a biologia da espécie e não de seu tamanho. 
Lesões da área somestésica como, por exemplo, por acidentes vasculares cerebrais podem 
comprometer as artérias cerebral média ou cerebral anterior, havendo perda da sensibilidade 
discriminativa do lado oposto à lesão. Em decorrência disso, o doente perde a estereognosia, 
ou seja, a capacidade de reconhecer os objetos colocados em sua mão. Entretanto, as 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 2 
 
modalidades mais grosseiras de sensibilidade (protopática), permanecem praticamente 
inalteradas, pois, como já foi visto, elas se tornam conscientes em nível talâmico. 
 Área Somestésica Secundária: situa-se no lobo parietal superior, logo atrás da área 
somestésica primária. Sua lesão causa agnosia tátil, ou seja, incapacidade de 
reconhecer objetos pelo tato. 
 
 Áreas Corticais relacionadas com a visão: 
 
 Área Visual Primária: Localiza-se nos lábios do sulco calcarino e corresponde à área 
17 de Brodmann. Aí chegam as fibras do tracto geniculo-calcarino originadas no corpo 
geniculado lateral. A metade superior da retina projeta-se no lábio superior do sulco 
calcarino e a metade inferior, no lábio inferior desse sulco. Mostra principalmente o 
contorno dos objetos, resultando em um esboço primitivo que é aperfeiçoado nas 
áreas visuais secundárias. A parte posterior da retina (onde se localiza a mácula) 
projeta-se na parte posterior do sulco calcarino e a parte anterior na porção anterior do 
mesmo. Existe, portanto, uma correspondência perfeita entre a retina e o córtex visual. 
A abalação bilateral dessa área causa cegueira completa, uma vez que a visão está 
completamente corticalizada (o que não ocorre em outros mamíferos). 
 Áreas Visuais Secundárias: Se estendem a quase todo o lobo temporal e uma pequena 
parte do lobo parietal. As várias áreas visuais secundárias são ligadas por duas vias 
corticais originadas na área visual primária: a dorsal, que se dirige à parte posterior do 
lobo parietal, e a ventral, que une as áreas visuais no lobo temporal. (pág. 252) 
 Via Ventral: permite determinar o que o objeto é. 
 Via Dorsal: onde está o objeto, se está parado ou em movimento. 
 
 Áreas corticais relacionadas com a audição: 
 
 Área Auditiva Primária: Está situada no giro temporal transverso anterior e corresponde 
as áreas 41 e 42. Nela chegam as fibras da radiação auditiva, que se originam no 
corpo geniculado medial. Na área auditiva existe tonotopia, ou seja, sons de 
determinada frequência projetam-se em partes específicas desta área, o que implica 
uma correspondência dessas partes com as partes da cóclea. 
 
 
 Área Auditiva Secundária: Localiza-se no lobo temporal, ajacente à área primária e sua 
função ainda é pouco conhecida. 
 
 Área Vestibular: 
Sabe-se hoje que essa área se localiza no lobo parietal, em uma área pequena próxima a área 
somestésica correspondente à face. Assim, a área vestibular está mais relacionada com a área 
de projeção da sensibilidade proprioceptiva do que com a auditiva. Os receptores do vestíbulo, 
também chamados de proprioceptores especiais informam sobre a posição e movimento da 
cabeça. A área vestibular do córtex é importante para a apreciação consciente da orientação 
no espaço. 
 Área olfatória: 
Ocupa apenas a área situada na parte anterior do úncus e do giro para-hipocampal. Casos de 
epilepsia local do úncus causam alucinações olfatórias, as chamadas crises uncinadas. 
Ao contrário das demais vias de sensibilidade, a via 
auditiva não é totalmente cruzada. Assim, cada cóclea 
representa-se no córtex dos dois hemisférios. 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 3 
 
 Área Gustativa: 
Se localiza na parte posterior da ínsula, uma área de isocórtex heterotípico granular. A simples 
visão ou mesmo o pensamento em um alimento saboroso ativa a área gustativa da ínsula. Nela 
existem neurônios sensíveis não só ao paladar, mas também ao olfato e à sensibilidade 
somestésica da boca. 
2. Áreas corticais relacionadas com a motricidade: 
A motricidade voluntária só é possível porque as áreas corticais que controlam o movimento 
recebem constantemente informações sensoriais. A decisão de executar determinado 
movimento depende da integração entre os sistemas sensoriais e motor. O objetivo do 
movimento é determinado pelo córtex pré-frontal, que passa sua decisão às áreas motoras do 
córtex, que são a área motora primária e as áreas secundárias pré-motora e motora 
suplementar. 
 Área Motora Primária: Ocupa a parte posterior do giro pré-central correspondente à 
área 4 de Brodmann. É um isocórtex heterotípico agranular caracterizado pela 
presença de células piramidais gigantes, as chamadas células de Betz. Dá origem à 
maior parte das fibras dos tractos córtico-espinhal e córtico-nuclear, principais 
responsáveis pela motricidade voluntária. A estimulação elétrica dessa área determina 
movimentos de grupos musculares do lado oposto. Observando o homúnculo de 
Penfield da área motora observamos a grande extensão da área correspondente a mão 
quando comparada a áreas do tronco. Isso mostra que: 
A extensão da representação cortical de uma parte do corpo na área 4 é proporcional não a 
seu tamanho, mas à delicadeza dos movimentos realizados pelos grupos musculares aí 
localizados. 
Sabe-se também que o mesmo músculo pode estar representado em mais de um ponto, 
indicando a existência de convergência desses pontos dobre um mesmo grupo de neurônios 
motores. As principais conexões aferentes da área motora são com o tálamo (através do qual 
recebe informações do cerebelo), com a área somestésica e com as áreas pré-motora e motora 
suplementar. 
 Áreas Motoras Secundárias: Adjacentes à área motora primária. Lesões dessas áreas 
frequentemente causam apraxias, onde há incapacidade de executar determinados 
atos voluntários, sem que exista qualquer déficit motor. Nesse caso, a lesão está nas 
áreas corticais de associação relacionadas com o planejamento dos atos voluntários e 
não na execução desses atos. 
i. Área motora suplementar: Situa-se na face medial do giro frontal superior. 
Suas principais conexões são com o corpo estriado, via tálamo e com a área 
motora primária. Relacionam com o planejamento de sequências complexas 
de movimentos e ela é ativada juntamente com a área motora primária, quando 
esses movimentos são executados. Para essa função de planejamento de 
movimentos complexos,são importantes as conexões aferentes que essa área 
recebe do corpo estriado. 
OBS: A área motora suplementar é ativada sozinha quando a pessoa é solicitada a 
repetir mentalmente a sequência dos movimentos sem, entretanto executá-los. 
ii. Área Pré-motora: Localiza-se no lobo frontal, adiante da área motora primária. 
É muito menos excitável que a área motora primária, exigindo correntes 
elétricas mais intensas para que se obtenham respostas. As respostas obtidas 
são menos localizadas e envolvem grupos musculares maiores, como os do 
tronco ou da base dos membros. Nas lesões da áres pré-motora esses 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 4 
 
músculos tem sua força diminuída (paresia). Isso se deve ao fato de que a 
área pré-motora tem projeções para a formação reticular onde se origina o 
tracto retículo-espinhal, principal responsável pelo controle motor da 
musculatura axial e proximal dos membros. Ela se projeta também para a área 
motora primária e recebe aferências do cerebelo (via tálamo) e de várias áreas 
de associação do córtex. Sua função mais importante está relacionada com o 
planejamento motor. 
OBS: Através da via córtico-retículo-espinhal, que nela se origina, a área pré-motora 
coloca o corpo, especialmente os membros, em uma postura básica preparatória para 
a realização de movimentos mais delicados. 
 
 Planejamento Motor: Quando se faz um gesto, há ativação de uma das áreas de 
associação secundária, indicando aumento de atividade metabólica dos neurônios 
nessas áreas. Após um ou dois segundos, a atividade cessa e passa a ser ativada a 
área motora primária, principal origem do tracto córtico-espinhal. Simultaneamente 
ocorre o movimento. Este planejamento envolve a escolha dos grupos de músculos a 
serem contraídos em função da trajetória, velocidade etc. Essas informações são 
passadas às áreas motoras primárias que executam o planejamento motor feito pelas 
áreas pré-motora ou motora suplementar. Para isso, existem também conexões com o 
cerebelo. Entretanto, a iniciativa de se fazer o planejamento visando realizar o 
movimento é proveniente da área pré-frontal, uma área supramodal relacionada, entre 
outras coisas, com a tomada de decisões. 
OBS: Apraxia: lesão das áreas motoras secundárias, onde a capacidade de se fazer o gesto 
não está comprometida uma vez que a área motora primária está intacta, entretanto, as áreas 
responsáveis pelo planejamento motor estão comprometidas. 
 Sistema de neurônios espelhos: Neurônio espelho é um tipo de neurônio que é ativado 
não só quando um indivíduo faz um ato motor específico, mas também quando ele vê 
um indivíduo fazendo a mesma coisa. No homem esse sistema ocupa parte da área 
pré-motora e estende-se até a parte inferior do lobo parietal. Existe uma distribuição 
somatotópica semelhante á observada na área motora primária. Os neurônios espelho 
têm ação moduladora da excitabilidade dos neurônios responsáveis pelo ato motor 
observado, facilitando sua execução. Eles são a base da aprendizagem motora por 
imitação. 
 
3. Áreas de associação Terciárias 
As áreas terciárias ocupam o topo da hierarquia funcional do córtex cerebral. Elas são 
supramodais, ou seja, não se relacionam isoladamente com nenhuma modalidade sensorial. 
Recebem e integram informações já elaboradas por todas as áreas secundárias e são 
responsáveis também pela elaboração de diversas estratégias comportamentais. 
i. Área Pré-frontal: Compreende a parte anterior não-motora do lobo frontal. No homem 
ocupa cerca de ¼ da superfície do córtex cerebral. Ela tem conexões com quase todas 
as áreas corticais, vários núcleos talâmicos (em especial o núcleo dorsomedial), 
amigdala, hipocampo, núcleos da base, cerebelo, troco encefálico além das projeções 
monoaminérgicas dos sistemas modulatórios de projeção difusa. Este vasto número de 
conexões lhe permite exercer funções coordenadoras das funções neurais, sendo a 
principal responsável por nosso comportamento inteligente. Acredita-se que esteja 
relacionada com a personalidade e com a memória para fatos recentes. Pode-se dividir 
a área pré-frontal em duas subáreas do ponto de vista funcional: 
a. Área pré-frontal dorsolateral: Liga-se ao corpo estriado integrando o circuito 
cortiço-estriado-talâmico-cortical. Este possui papel extremamente importante 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 5 
 
no planejamento e execução das estratégias comportamentais mais 
adequadas à situação física e social do indivíduo, assim como a capacidade de 
altera-las quando tais situações se modificam. Envolve também a 
consequência dessas ações, ação e solução de novos problemas e é 
responsável pela memória operacional (de curto prazo), temporária e suficiente 
para manter na mente informações relevantes para a conclusão de uma 
atividade que está em andamento. 
b. Área pré-frontal orbitofrontal: Participa de um circuito que está envolvido no 
processamento das emoções, supressão de comportamentos socialmente 
indesejáveis e manutenção da atenção. Sua lesão causa tamponamento 
psíquico. 
 
Obs: Lobotomia pré-frontal: utilizada no tratamento de doentes com quadros de 
depressão e ansiedade. Os resultados obtidos (tamponamento psíquico, doentes 
deixam de reagir a circunstâncias que normalmente determinam alegria ou tristeza) se 
devem principalmente à secção das conexões da área pre-frontal com o núcleo 
dorsomedial do tálamo. Consequência indesejável: pacientes perdem a capacidade de 
decidir sobre os comportamentos mais adequados diante de cada situação, urinando, 
defecando em público. 
Funções principais: 
 Escolha das opções e estratégias comportamentais adequadas a cada 
situação e a capacidade de altera-las; 
 Manutenção da atenção, capacidade de seguir sequências ordenadas de 
pensamentos; 
 Controle do comportamento emocional (juntamente com o sist. límbico); 
 
ii. Área Parietal Posterior: Compreende todo o lóbulo parietal inferior. Situa-se entre as 
áreas secundárias auditiva, visual e somestésica, funcionando como um centro que 
integra as informações recebidas dessas três áreas. Renue dessa forma, as 
informações já processadas de diferentes modalidades para geral uma imagem mental 
completa dos objetos sob a forma de percepções, podendo reunir, além da aparência 
do objeto, seu cheiro, tato e seu nome. Está envolvida não só na percepção somática 
como na visual e participa também no planejamento de movimentos e na atenção 
seletiva. A área parietal posterior é importante para a percepção espacial e permite 
também que se tenha uma imagem das partes componentes do próprio corpo. Lesões 
que nela ocorrem podem ter como sintomas uma desorientação espacial generalizada, 
onde o paciente não consegue mais se deslocar de casa para o trabalho. Entretanto, o 
quadro clínico mais comum é a chamada síndrome de negligência ou síndrome de 
intenção, que se manifesta nas lesões do lado direito. 
 Quadro de negligência com o próprio corpo: O paciente perde a noção do seu 
esquema corporal e deixa de perceber a metade esquerda do seu corpo. Para 
ele a metade esquerda não lhe pertence, e ele deixa de se lavar, de fazer a 
barba, por exemplo, nesse lado. 
 Quadro de negligência em relação ao espaço extrapessoal: O paciente passa a 
agir como se do lado esquerdo o mundo deixasse de existir para ele. Assim, 
ele só escreve do lado direito do papel e só come o que estiver do lado direito 
do prato. Pode ser concomitante com o quadro anterior. 
iii. Córtex Insular Anterior: A ínsula possui duas partes, anterior (isocórtex homótipo, 
característico de áreas de associação) e posterior (isocórtex heterotípico granular, 
característico de áreas de projeção primárias), muito diferentes em sua estrutura e 
funções. O córtex insular está relacionado com: 
 Empatia. Lesões da ínsula essa capacidade é perdida o que pode estar na 
base de muitas psicopatias.Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 6 
 
 Conhecimento da própria fisionomia como diferente da dos outros; 
 Sensação de nojo na presença ou simplesmente com imagem de fezes, 
vômitos ou pessoas com fisionomia de nojo. Obs: A sensação de nojo tem 
valor adaptativo, pois afasta as pessoas de situações associadas a doenças; 
 Percepção dos componentes subjetivos das emoções. 
iv. Áreas Límbicas: Compreendem ao giro do cíngulo, o giro para-hipocampal e o 
hipocampo. Estão relacionadas principalmente com a memória e o comportamento 
emocional. 
 
4. Áreas relacionadas com a linguagem: Afasias 
A linguagem é um fenômeno complexo do qual participam áreas corticais e subcorticais. 
Admite-se a existência de apenas duas áreas corticais para a linguagem, ambas de 
associação. A área de Broca (localizada anteriormente, relacionada com a expressão da 
linguagem) e a áreas de Wernicke (localizada posteriormente, relacionada com a percepção da 
linguagem). Essas duas áreas se ligam pelo fascículo longitudinal superior, através do qual 
informações relevantes para a correta expressão da linguagem passas da área de Wernicke 
para a de Broca. Lesões nessas áreas dão origem a afasias. 
Nas afasias as perturbações da linguagem não podem ser atribuídas a lesões das vias 
sensitivas ou motoras, mas apenas lesão das áreas corticais de associação responsáveis pela 
linguagem. 
 Afasia Motora ou de expressão: Lesão na área de Broca. Indivíduo é capaz de 
compreender a linguagem falada ou escrita, mas tem dificuldade de se expressar 
adequadamente, falando ou escrevendo. 
 Afasia sensitiva ou de percepção: Lesão na área de Wernicke. A compreensão da 
linguagem é muito deficiente, havendo também um déficit na expressão da linguagem, 
uma vez que o perfeito funcionamento de Broca depende de informações que recebe 
da área de Wernicke, através do fascículo arqueado. 
 Afasia de condução: Acontece por lesão do fascículo longitudinal superior (arqueado). 
A compreensão da linguagem é normal, mas existe déficit da expressão. 
As áreas corticais da linguagem se localizam apenas no lado esquerdo. 
Sabe-se hoje que as perturbações da linguagem acima descritas para as afasias de Broca e 
Wernicke só acontecem em casos de lesões que ultrapassam os limites das áreas. Quando as 
lesões se limitam exclusivamente a estas áreas o déficit de linguagem é bem menor. 
OBS: Estudos demonstraram recentemente que além das duas áreas clássicas de Broca e 
Wernicke, existem outras áreas cerebrais relacionadas com aspectos específicos da 
linguagem. A lesão do giro angular, por exemplo, pode causar um tipo de afasia denominada 
dislexia, dificuldade de ler, que pode ser acompanhada de disgrafia, dificuldade de escrever. 
5. Assimetria das Funções 
Afasias estão quase sempre relacionadas com lesões no hemisfério esquerdo e que lesões do 
lado direito só excepcionalmente causam distúrbios da linguagem. Isso ocorre porque do ponto 
de vista funcional, os hemisférios não são simétricos. 
 Hemisfério esquerdo: mais importante do ponto de vista da linguagem e do raciocínio 
matemático. 
 Hemisfério esquerdo: Dominante no desempenho de atividades artísticas, percepção 
de relações espaciais e reconhecimento da fisionomia das pessoas. 
Gabriella Puiati Pelluso – MED105 Página 7 
 
A assimetria funcional dos hemisférios cerebrais se manifesta apenas nas áreas de 
associação, uma vez que o funcionamento das áreas de projeção, tanto motoras quanto 
sensitivas é igual dos dois lados. 
 
Assimetria funcional entre dois hemisférios torna importante o papel do corpo caloso, de 
transmitir informações entre eles. 
 
Quando essa comissura é seccionada, os indivíduos não possuem nenhum distúrbio sensitivo 
ou motor evidente. Entretanto, são incapazes de descrever um objeto colocado na sua mão 
esquerda (os impulsos sensoriais chegam ao hemisfério direito, onde não existem áreas de 
linguagem), embora possam fazê-lo quando esse é colocado na mão direita. 
 
 OBS: Áreas Secundárias 
As áreas secundárias recebem aferências principalmente das áreas primárias correspondentes 
e repassam as informações recebidas às outras áreas do córtex, em especial às áreas 
supramodais (áreas de associação terciárias). 
Processos mentais envolvidos na identificação de um objeto. Ocorre em duas etapas: 
 Etapa de sensação: toma-se consciência das características sensoriais do objeto, sua 
forma, dureza, cor, tamanho. Depende das áreas primárias. 
 Etapa de interpretação: tais características sensoriais são comparadas com o conceito 
de objeto existente na memória do indivíduo. Envolve processos psíquicos muito mais 
complexos. Depende das áreas de associação secundárias. 
A existência de duas áreas diferentes envolvidas na identificação de objetos torna possível que 
elas sejam lesadas separadamente. Na lesão das áreas secundárias, ocorrem os quadros 
clínicos denominados agnosias, nos quais há perda da capacidade de reconhecer objetos, 
apesar de as vias sensitivas e das áreas de projeção cortical estarem perfeitamente normais. 
Distinguem-se agnosias visuais (indivíduo incapaz de reconhecer objetos pela visão, embora 
possa reconhece-los por outra forma de sensibilidade como o tato), auditivas e somestésicas. 
Cegueira verbal e surdez verbal: indivíduo perde a capacidade total ou parcialmente de 
reconhecer os símbolos visuais ou sonoros que constituem a linguagem escrita ou falada. 
Essas agnosias enquadram-se entre os defeitos de linguagem denominados afasias. 
Do ponto de vista funcional, as lesões nas áreas secundárias não são simétricas. Assim, 
lesões em uma mesma área resultam em sintomatologia diferente conforme o lado lesado.

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