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O Sistema Monetário Internacional do Padrão Ouro

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O Sistema Monetário Internacional do Padrão Ouro: a Hegemonia Britânica e o Padrão Ouro como Mito
Sobre o Padrão Ouro veremos...
Pré-história;
Os dilemas do bimetalismo;
A Lei de Gresham, a arbitragem e o bimetalismo;
A persistência do bimetalismo no século XIX;
O advento do Padrão Ouro;
Padrão Ouro/ Padrões Ouro;
Funcionamento do Padrão Ouro;
O padrão ouro como instituição característica de um momento histórico;
A importância da solidariedade;
O padrão ouro e o emprestador de última instância;
Instabilidade na periferia;
A estabilidade do Sistema;
Pré-História
Moedas cunhadas em metais preciosos era usadas como dinheiro desde tempos imemoriais;
Prata: moeda predominante durante toda a Idade Média e persistiu até a era moderna;
Cobre: padrão cobre foi estabelecido pelos suecos, que controlavam a maior mina de cobre da Europa, em 1625  tinha muito pouco valor (uma moeda de grande valor pesava 19 quilos = dinheiro para transações cotidianas eram transportados por carroças);
Ouro: seu uso se disseminou nos tempos medievais na Europa ocidental (inicialmente na Itália, para selar grandes transações, que foi berço da revolução comercial do século XIII). No século XIV o ouro já era usado em grandes transações por toda Europa;
Assim, até o século XIX a combinação de moedas de ouro, prata e cobre era a base para as compensações internacionais;
Segundo Eichengreen o padrão ouro, com base nas operações monetárias internacionais, surgiu após 1870  países estabeleceram o ouro como a base para seus meios de pagamento  estabelecimento do câmbio fixo baseado no padrão ouro;
Enquanto a maioria dos países adotava um sistema monetário bimetálico, a Grã-Bretanha, desde 1717, estaria sob o padrão-ouro de facto, segundo Eichengreen, mas somente em 1821 tal sistema seria plenamente implantado;
Os dilemas do Bimetalismo
Século XIX: os estatutos monetários de muitos países permitia a cunhagem e a circulação simultâneas de moedas de ouro e de prata;
padrão bimetálico  bimetalismo envolve a circulação de quaisquer duas moedas metálicas;
Estados alemães, Império Austro-Húngaro, Escandinávia, Rússia e Extremo Oriente praticavam padrões prata (conheciam apenas moedas de prata como moeda corrente e cunhavam a prata livremente);
Outros países com padrões bimetálicos faziam a ligação entre os blocos que praticam ou padrão ouro ou padrão prata;
Representando esse padrão bimetálico podemos citar a lei monetária francesa de 1803: no pagamento de impostos e outras obrigações, usava-se, indiferentemente, moedas de ouro e de prata;
Proporções no mercado e na cunhagem suficientemente próximos: enquanto a relação 15,5 para 1 , em vigor na França, era próxima aos preços de mercado era fácil manter a circulação simultânea de ambas as moedas;
A lei de Gresham, a arbitragem e o Bimetalismo
A arbitragem é um movimento decorrente da Lei de Gresham (1558): 
“moeda ruim expulsa moeda boa”
Valor oficial da pratas: 15,5 onças de prata - 1 onça de ouro
 Quando aumenta produção da Prata, por exemplo, 
cai seu preço no mercado  vai para, por exemplo: 17 – 1 (ou sobe o preço do ouro)
Processo de arbitragem:
Individuo importa Prata (15,5) cunha 1 moeda de Prata;
 troca por uma peça de Ouro (1),
 sai com o Ouro da Casa da Moeda e troca no mercado internacional por 17 onças de prata 
Ganha 1,5 onças de Prata
Enquanto 17:1 no mercado e 15,5:1 no oficial: país importa prata e exporta ouro  Enquanto a relação de preços entre um e outro metal no mercado estivesse significativamente acima da proporção de sua utilização na cunhagem das respectivas moedas, permanecia o incentivo à arbitragem; 
Moeda ruim (fraca) – Prata  expulsa moeda boa (valiosa) - Ouro
Arbitragem: alguns limites
Enquanto as proporções no mercado e na cunhagem suficientemente próximos (pequenos desvios) a circulação simultânea de ouro e prata não seria ameaçada, isso pois:
os governos cobravam uma comissão nominal para a cunhagem (brassage): era necessário que a diferença entre as proporções de mercado e de cunhagem fosse superior a esse custo para que a arbitragem fosse lucrativa;
a arbitragem demorava para ser concluída e o diferencial de preços que a motivava podia se dissipar antes que a transação fosse completada;
 custos de transporte e de seguro encareciam a arbitragem;
Por que o bimetalismo persistiu no século XIX?
Dificuldades na operação do padrão bimetálico  mesmo assim continuou persistindo na metade do século XIX;
Teorias que tentam explicar a persistência do bimetalismo e o atraso da adoção do padrão ouro:
1) Condições técnicas
Menor moeda de ouro: valor muito alto para as transações diárias (vários dias de trabalho): A menor moeda de ouro (prática pra usar entre pessoas) tinha um valor muito alto para transações cotidianas. Assim, sua circulação tinha que ser suplementada por moedas de prata (menos valiosas) ou moedas representativas;
Prensas manuais: cunhagem irregular  Maior facilidade para as falsificações: difícil detecção de falsificações, já que as prensas manuais giratória impossibilitavam uma cunhagem regular. Isso, desencorajou a utilização de moedas representativas e retardou a adoção do padrão ouro;
Inglaterra (1816): prensas a vapor produziam moedas com alta precisão presente nas casas de moeda;
2) Fatores políticos impediram a desmonetização da prata
Interesses dos mineradores de prata;
Grupos interessados na expansão do crédito e na inflação (suplementação de ouro com estoque adicional de prata prometia aumentar o montante global de dinheiro);
Por que o bimetalismo persistiu no século XIX?
3) Externalidades em rede
Solidariedade entre os países praticantes do bimetalismo: havia vantagens na manutenção dos mesmos arranjos monetários internacionais adotados por outros países  simplificando o comércio  padrão monetário comum = facilitador da tomada de empréstimos no exterior  padrão comum minimizava a confusão provocada pela circulação interna de moedas cunhada em países vizinhos;
Guerra Franco-Prussiana (1871) acaba rompendo: rivalidade internacional;
O Advento do Padrão Ouro
Terceiro quartel do século XIX foi marcado por tensões crescentes no sistema bimetálico:
Grã-Bretanha emergiu como a maior potência industrial e comercial do mundo e adotou o padrão ouro em grande medida por acidente;
Enquanto a maioria dos países adotava um sistema monetário bimetálico, a Inglaterra, desde 1717, estaria sob o padrão-ouro de facto, segundo Eichengreen, mas somente em 1821 tal sistema seria plenamente implantado;
O Advento do Padrão Ouro
Portugal que tinha relação comercial forte com a Grã-Bretanha, adotou o padrão ouro em 1854;
Surgiu a perspectiva de que o mundo ocidental poderia se fracionar em blocos praticando padrões e ouro e prata ou em ouro e bimetalismo;
Continente europeu e as dificuldades para operar o padrão bimetálico
as pessoas passaram a utilizar moedas com baixo grau de pureza em prata, entesourando assim as moedas valiosas  A Itália, depois de sua unificação política, adotou uma reforma monetária contendo um abastecimento que contemplava a emissão de moedas de prata de pequena denominação com 0,835 de pureza (conteúdo de metal correspondia a apenas 83,5% de seu valor legal). Sabendo disso, as pessoas utilizavam a moeda italiana sempre que possível e entesouravam sua moedas francesas, que era mais valiosas (grau 0,9 de pureza)  surgiu a ameaça da França ser inundada com dinheiro italianos e de o dinheiro francês ser expulso de circulação  em resposta a França reduziu o grau de pureza de suas moedas de pequeno valor de 0,9 para 0,835 em 1864  Enquanto isso, a Suíça adotou um grau de 0,8 de pureza e as moedas suíças ameaçaram expulsar o dinheiro francês, belga, italiano de circulação;
O Advento do Padrão Ouro
O resultado foi a formação da União Monetária Latina: obrigava Bélgica, França, Itália e Suíça (posterior adesão da Grécia) a padronizar a cunhagem de suas moedas de prata na base de 0,835;
Grã-Bretanha não aceitou participar;
A deflagração
da Guerra Franco-Prussiano obrigou a França, Rússia, Itália e o Império Austro-Húngaro a suspenderem a conversibilidade  a Grã-Bretanha tornou-se uma ilha de estabilidade monetária  já não se tinha mais clareza sobre que forma o sistema monetário do pós-guerra assumiria;
O Advento do Padrão Ouro
Tratado de Paz de Frankfurt (1871): obrigou a França a pagar uma indenização de 5 bilhões de francos à Alemanha, em decorrência da derrota dos franceses na Guerra Franco-Pussiana. A Alemanha empregou esse dinheiro para acumular ouro, fundindo as moedas recebidas para cunhar marcos (unidade monetária alemã baseada no ouro) e simultaneamente vender prata para comprar ouro nos mercados mundiais;
Alemanha mudou para o Padrão Ouro: Alemanha era a mais importante potência industrial da Europa Continental e sua mudança de padrão fez com que a atratividade pelo ouro aumentasse;
Descobrimento de novos depósitos de prata (queda do preço da prata): as novas descobertas de prata nos EUA e o fato de a Alemanha ter liquidado seus estoques de prata resultou na queda ainda maior do preço do metal no mercado fez com que os países bimetálicos tivessem duas opções  submeter-se às grandes importações de prata (inflação) ou adesão ao padrão-ouro  Externalidades em rede foram mais importantes
Resumindo...
Por que uma porção de países europeus escolheram a década de 1870 para adotar o padrão ouro? A resposta está na Revolução Industrial.
A industrialização transformou a Grã-Bretanha, único país que adotara o padrão ouro, na mais importante potência do mundo e principal fonte de financiamentos externos  encorajamento dos países que pretendiam manter relações comerciais com a Grã-Bretanha e dela importar capitais a seguir seu exemplo;
Quando a Alemanha, segunda maior potência industrial da Europa, estabeleceu esses relacionamentos em 1871  estímulo ao padrão ouro foi reforçado;
As externalidades em rede, que no passado haviam sustentado o bimentalismo, empurraram os países para o ouro: iniciou-se uma reação em cadeia provocada pela liquidação da prata pela Alemanha e pelo interesse dos países em adotar o padrão monetário compartilhado pelos seus vizinhos comerciais e financeiros;
Dinamarca, Holanda, Noruega, Suécia e os países da União Monetária Latina foram os primeiros a adotar o padrão-ouro: mantinham relações comerciais com a Alemanha e a decisão dela afetava o próprio interesse econômico de cada país nesse grupo;
Espanha, Itália, Áustria-Hungria: a partir do final do século XIX esses países atrelaram suas moedas ás das nações que haviam adotado o padrão-ouro;
Ásia aderiu ao padrão ouro nos anos finais do século XIX;
A índia atrelou a rúpia à libra e, dessa forma, ao ouro, em 1898;
América Latina também instituiu a conversibilidade: Argentina, México, Peru, Uruguai;
A prata permaneceu como padrão monetário apenas na China e em poucos países da América Central;
A prática do padrão ouro no século XIX atuava no sentido de provocar deflação: a prata foi demonetizada e havia menos dinheiro pra compra de mais mercadorias  essa relação só foi compreendida após uma década de deflação  uma das causas da depressão de 1873-1896;
Por que os países não restauraram o bimetalismo internacional no final da década de 1870 ou no início dos anos 1880, quando a pressão deflacionária do ouro já havia se tornado evidente?
 As externalidades em rede geravam problemas de coordenação para os países que pudessem desejar promover essa mudança (essa mudança só seria interessante se, ao menos, outros países tomassem, simultaneamente, essa medida);
O retorno individual de um país ao bimetalismo não contribuiria para aumentar o volume do meio circulante e o nível de preços mundiais
Quanto menor o país, maior o perigo de uma retomada na liberação da cunhagem da prata resultar na exaustão de suas reservas em ouro (países começaria a utilizar a prata que valeria pouco e entesourariam o ouro), fazendo o câmbio flutuar em relação ao resto do mundo do padrão ouro (quanto maior flutuação do câmbio, maior as perturbações nas finanças e comércio internacional); 
Conferência monetária em 1878: organizada pelos EUA (onde os interesses vinculados à mineração da prata eram grandes e onde eram influentes os produtores rurais que se opunham a deflação) que queriam coordenar uma passagem ao bimetalismo. A Alemanha não aceitou participar e a Grã-Bretanha participou da conferência com objetivo de bloquear a adoção de uma função monetária para a prata  relutância de cooperar das nações influentes  países pequenos não se dispuseram a dar os primeiros passos;
Padrão Ouro
Sistema de câmbio fixos com uma mercadoria-padrão: o ouro;
Países membros fixam uma quantidade de ouro pela qual sua moeda pode ser livremente convertida  Cada uma das moedas nacionais é lastreada por um coeficiente fixo de reservas em ouro;
A quantidade de papel-moeda em circulação em um país era estritamente proporcional ao nível de sua reservas;
Libra esterlina: papel fundamental, pois o comércio internacional era, em grande medida, cotado e financiado em libras esterlinas  principal moeda de reserva;
Confiança na força e na estabilidade da Grã-Bretanha e no prestígio e competência do Banco inglês tornaram a libra “tão boa quanto o ouro”, gerando confiança no sistema;
https://www.youtube.com/watch?v=gbsD0TYgln4
Padrão ou Padrões Ouro?
Início do século XX: havia surgido um sistema verdadeiramente internacional baseado no ouro  maior parte dos países adotam o ouro como a base de seu “estatuto monetário”;
Pagamentos internacionais em parte baseados no ouro: em boa parte se transfere “equivalentes a ouro”
Mas nem todas as estruturas (estatutos) monetárias eram semelhantes (diferenças principalmente em suas dimensões: meio circulante e reserva);
Fazem parte do Padrão Ouro, pois sempre que solicitados trocam papel por ouro a um preço fixo;
Padrão ou Padrões Ouro?
Reservas em ouro ? Possível ter em moeda de outros países? Quanto se deve ter em reservas ?
Apenas Inglaterra, Alemanha, França e EUA haviam adotado um padrão puramente baseado no ouro: o dinheiro que circulava internamente assumia unicamente a forma de moedas de ouro e as demais moedas/papel-moeda simultaneamente em circulação correspondia a um volume de ouro guardados no bancos centrais ou tesouros nacionais, podendo ser convertido; 
França adotou um padrão ouro “claudicante”: moedas de prata continuavam em curso (não podia ser cunhado livremente) e as cédulas do Banco da França eram conversíveis em moeda de ouro ou prata sob aprovação das autoridades;
Bélgica, Suíça, Holanda: a conversibilidade de ouro em moeda dependia da aprovação das autoridades;
Até meados do século XIX ainda não havia se constituído um sistema monetário com uma única moeda na Europa. Predominava o sistema bimetálico com o ouro e a prata, com exceção apenas da Inglaterra, onde o ouro foi adotado como padrão desde 1821;
Padrão ou Padrões Ouro?
Instrumentos-ouro: dispositivos para incentivar a entrada e desencorajar a saída de ouro  bancos centrais cediam empréstimos sem juros a importadores de ouro; obtenção de ouro comprando-o em agências próximas á fronteiras ou portos;
Em outros países o dinheiro em circulação assumiu forma de: papel, prata e moedas representativas (esses países adoram o padrão ouro, no sentido de que, sempre que solicitados a isso, seus governos estavam prontos a converter seu dinheiro em circulação em ouro a um preço fixo. O banco central ou nacional mantinha uma reserva de ouro a ser pago na eventualidade de suas obrigações serem apresentadas para resgate); 
Japão e Índia tem mais libras (e/ou títulos do governo Britânico) em reservas que Inglaterra tem de ouro 
Vários países mantém reservas também em:
franco (Rússia) e/ou títulos franceses 
marco (Chile) e/ou títulos alemães, 
prata (Espanha) 
Padrão ou Padrões Ouro?
O que distinguia diferentes estatutos nacionais era ao montante de reservas que um banco devia manter
Muitos trabalham com sistema proporcional: as reservas
em ouro e divisas estrangeiras não podiam cair abaixo de uma determinada proporção (35%/40%) do dinheiro em circulação (as reservas só podiam ficar abaixo da proporção caso fosse autorizado pelo ministro das Finanças ou se o banco central pagasse uma taxa);
Alguns países sistema quase totalmente fiduciário: emissão de montante de moeda não totalmente lastreada em reservas (emissão limitada de um montante de moeda não lastreada em moedas de ouro = emissão fiduciária);
Como funcionava o Padrão Ouro?
Quando queremos explicar o mecanismo do padrão ouro a exposição teórica predominante é o modelo de fluxo de moedas metálicas elaborado no século XVIII por David Hume;
Esse modelo adota premissas simplificadoras:
Circulavam apenas moedas de ouro e papel dos bancos era desprezível;
Quando um país exportava mercadorias, recebia o pagamento em ouro e levava à casa da moeda para ser cunhado;
Quando um país importava mercadorias, pagava em ouro (exportação de ouro)
País A importa mais que exporta (saída de ouro) = PAÍS DEFICITÁRIO  com menos dinheiro circulando internamente (moedas de ouro)  queda dos preços; 
País B exporta mais que importa (entrada de ouro) = PAÍS SUPERAVITÁRIO  com mais moedas em circulando (moedas em ouro) internamente  aumento dos preços;
 Fluxo de moedas produzia uma alteração nos preços relativos! 
“Com o encarecimento das importações, os residentes no país reduziriam suas compras de produtos importados. Por outro lado, os estrangeiros, para quem os produtos importados teriam ficado mais baratos, tendiam a comprar maiores quantidades de produtos importados. Haveria um crescimento nas exportações do país deficitário, e suas importações cairiam, até a eliminação do desequilíbrio comercial.” (EICHENGREEN, p. 51)
Um dos primeiros modelos de equilíbrio geral na teoria econômica!
Com o tempo, o modelo de Hume foi constituindo uma caracterização parcial do funcionamento do Padrão Ouro. Era necessário incorporar dois aspectos do presente (final do século XIX):
Os fluxos de capital internacionais: o movimento líquido de capital (empréstimos do exterior). Hume nada dissera sobre os determinantes desse fluxo: nível da r e atividades dos bancos comerciais e centrais;
Ausência de remessas internacionais de ouro na escala prevista pelo modelo: fluxos muito pequenos em relação aos déficits e superávits comerciais do país;
Ampliação do modelo de Hume: versão de Cunliffe
Versão de Cunliffe: necessidade de considerar os fluxos de capitais, as taxas de juros e os bancos centrais
Elaborada adequadamente somente ao final da I Guerra;
Imaginava-se um mundo no qual circulava papel-moeda ao invés de moedas de ouro ou papel moeda circulava paralelamente ao ouro e o banco central sempre apto a converter dinheiro em ouro;
Quando a Grã-Bretanha incorria em um déficit comercial em relação à França, por exemplo, por Importar mais que exportar, os britânicos pagavam a diferença com cédulas de libras esterlinas que terminavam nas mãos dos comerciantes franceses;
 Sem uso para o dinheiro, os comerciantes franceses apresentavam o dinheiro inglês ao Banco da Inglaterra para convertê-lo em ouro, para posteriormente, levar esse ouro ao Banco da França e convertê-lo em francos;
Oferta de moeda diminuía no país deficitário/estoque de ouro reduziu (Grã-Bretanha) e aumentava/ estoque de ouro aumentou no país superavitário (França)  preços se ajustavam  eliminação do desequilíbrio comercial;
Ampliação do modelo de Hume: versão de Cunliffe
Diferença da Versão de Hume: meio circulante inicial era papel-moeda e o ouro era passado de uma Banco Central para outro;
Problema: previa, assim como na versão de Hume, um volume substancial de transações com ouro não condizente com a realidade;
“As regras do jogo” (Expressão cunhada em 1925 por Keynes)
Introdução de outras ações por parte dos bancos centrais sem a necessidade de saída de ouro do país: mecanismo de juros no redesconto
Se o Banco Central percebe ou prevê que existirá uma Déficit Balanço de Pagamentos  Aumento de juros (do redesconto)  esse comportamento dos bancos centrais veio a ser denominado “jogar seguindo as regras”
diminui desejo dos bancos comerciais de fazerem empréstimos (fica mais caro) = menos disponibilidade de crédito no mercado (medida que retira meio circulante do mercado);
A redução do meio circulante exerce pressão para baixa nos preços e aumenta a competitividade dos produtos domésticos;
Incentivo à entrada de capitais;
Consequências normalmente recessivas, mas eliminaria o déficit externo com a mesma eficácia de uma saída de ouro do país;
Desrespeito às regras
Estudos mostraram que desrespeitos às regras eram comuns antes e depois de 1913
Além do Balanço de Pagamentos, outros fatores influenciavam as decisões dos bancos centrais sobre em qual nível deveriam fixar a taxa de redesconto  A autoridade Monetária tem poder discricionário e pode (ou é levado a usá-lo):
Não aumentar os juros
Problema com recessão (aumentava custos de financiamento 
Problema com perda de lucro e de clientes dos bancos nacionais privados(fixando taxas de redesconto acima da taxa de juros do mercado ficaria sem clientes);
Problema liquidez (era emprestador última instância e quebraria os bancos comerciais como aconteceu);
Problema com custo da divida pública (mesmo os bancos centrais não estavam imunes a pressões no sentido de proteger o governo desse ônus);
O padrão ouro como instituição característica de um momento histórico
Se não através da rigorosa fidelidade às regras do jogo, como, então, era obtido um ajuste no BP na ausência de fluxos significativos de ouro? Pergunta chave para entender o padrão ouro.
Mais que equações, esse sistema era uma instituição socialmente construída e a viabilidade dependia do contexto no qual operava;
Pedra fundamental no padrão ouro anterior à guerra: prioridade que os governos deram a manutenção da conversibilidade. As autoridades dos países que estavam no centro do sistema, como Grã-Bretanha, fariam o que fosse necessário para defender a reserva de ouro de seus bancos centrais e manter a conversibilidade da moeda.
Compromisso com a conversibilidade fez com que os governos ganhassem credibilidade pelo fato de que os trabalhadores que mais sofriam em consequência dos tempos difíceis não tinha voz, não havia partidos trabalhistas bem estruturados e nem sindicatos;
Dessa forma, havia uma reduzida pressão política em favor de outros objetivos que não a estabilização econômica (manter taxas de cambio estáveis, preços estabilizados e com base nisto permitir expansão);
Os bancos centrais podiam desobedecer as regras do jogo no curto prazo, porque não havia dúvida de que elas seriam respeitadas no longo prazo. Sabendo que, em última instância, as autoridades tomariam, quaisquer que fossem, as medidas necessárias para defender a credibilidade, os investidores transferiam seu capital para países de moedas fracas, financiando seus déficits mesmo quando os bancos centrais desobedeciam, temporariamente, as regras do jogo.
Solidariedade
Em períodos sem turbulência:
Havia uma harmonização de políticas: se um banco reduzisse sua taxa de redesconto, mas os outros não acompanhassem a medida, o primeiro sofria perdas em suas reservas e a conversibilidade de sua moeda era ameaçada;
Banco central Inglês: o banco central mais influente da época, sinalizava a necessidade de agir  sua taxa de redesconto se constituía no ponto focal para a harmonização das políticas  “maestro da orquestra internacional”;
Períodos de turbulência (mais difícil manter a harmonização de políticas  necessário solidariedade entre os países):
A contenção de uma crise financeira poderia exigir que as taxas de redesconto de diferentes bancos centrais se movesse em sentidos opostos: um país sofrendo uma crise e perdendo reservas poderia ser forçado a elevar sua taxa de redesconto para atrair ouro e capital exterior (aumento da taxa de redesconto = bancos perdem o desejo de fazer empréstimos
junto ao banco central = redução de empréstimos cedidos pelos bancos comerciais = redução de circulação monetária = diminuição dos preços = aumenta competitividade dos produtos = aumento das importações OU a remuneração de capital é maior e atrai a entrada de capitais)  para haver cooperação outros países teriam que permitir que fluísse o fluxo de ouro pra o BC em dificuldades ao invés de responder na mesma moeda  medidas extremas;
Solidariedade e aceitação de excepcionalidade mais fácil dentro do clube;
Exemplo: Crise do Baring (1890) – Argentina 
Banco Central Inglês se deparou com a insolvência de um banco importante britânico, o Baring Brothers que concedeu empréstimos não honrados pelo governo da Argentina. 
Solução: o Banco da Inglaterra recebeu recursos (ouro) de outros países (França e Rússia) para garantir seu papel de emprestador em última instancia e manter libra conversível
O padrão ouro e o emprestador de última instância
Operação doo Sistema de Padrão Ouro: compromisso dos bancos em manter conversibilidade externa;
Porém, o surgimento do sistema de reserva bancária fracionária, no qual bancos recebiam depósitos, mas conservavam apenas uma fração de seus ativos em forma de dinheiro e títulos líquidos ia contra esse compromisso  possibilidade de que uma corrida dos depositantes aos bancos poderia provocar a quebra de um banco sem liquidez;
Corrida aos bancos: abalaria a confiança e contagiaria outras instituições ameaçando a estabilidade do sistema financeiro;
Nesses casos o emprestador de última instancia deveria agir prevenindo crises! 
Em qual momento os bancos perceberam esse problema? Difícil precisar uma data, mas o ponto de inflexão foi a Crise de uma firma britânica importante (1866)
Companhia antiga fechou e espalhou pânico entre os bancos  os bancos tentaram manter a sua liquidez  queixas de que o banco da Inglaterra deixou de prestar assistência necessária  como estava preocupado com as próprias reservas se negou atender operações de redesconto e empréstimos  Banco da Inglaterra deixou de prestar assistência;
O padrão ouro e o emprestador de última instância
A crise gerou maior consciência ao Banco da Inglaterra de sua responsabilidade com emprestador de última instância;
PROBLEMA: desejo de atuar como emprestador de última instância poderia conflitar com suas responsabilidades de administrador do padrão ouro (Exemplo: se houvesse uma corrida a um banco mercantil britânico, ao mesmo tempo teria que manter a conversibilidade e dar suporte aos bancos fornecendo crédito = desrespeito às regras do padrão ouro: ao mesmo tempo que as reservas estivessem caindo, o banco central estaria aumentando a provisão de crédito ao mercado = reservas caindo para o piso obrigatório do PO colocaria em xeque o compromisso com a manutenção da conversibilidade do ouro)
Existiam regras que alargavam a margem de manobra de um banco central: as regras da cláusula de exceção
Se ocorre uma crise grave o BC pode permitir que suas reservas caíssem abaixo do mínimo estatutário;
 instituições bancárias, em conjunto, poderiam enfrentar uma corrida a um dos bancos permitindo que ele suspendesse suas operações e assumir coletivamente o controle de seus ativos e passivos, em troca de injeção de liquidez. No caso de uma corrida geral ao sistema podiam decidir, em conjunto, suspender simultaneamente a conversibilidade dos depósitos em espécie;
Instabilidade na periferia
A prática da cooperação raramente alcançava regiões tão distantes;
Ajudavam entre os países da Europa pelo medo do contágio: o fato do Banco da Inglaterra ter recebido apoio externo em 1890 e 1907 não foi coincidência  a estabilidade do sistema dependia dos britânicos e podia cobrar ajuda externa.
Problemas da periferia não colocavam em risco a estabilidade sistêmica, sentindo-se os BC menos inclinados a cooperar com a América Latina;
 Muitos países da América Latina e outras partes do mundo não instituíram bancos centrais até os anos 1920  não havia emprestador de última instância  perda de ouro e de reservas = redução de meios de pagamento, pois não havia um BC para esterilizar as saídas de metal;
Outras dificuldades na operacionalização do PO fora da Europa central e setentrional
Sofriam os efeitos de mudanças nos fluxos de capitais internacionais: declínio no fluxos de capitais para regiões geradoras de produtos primários (Grã-Bretanha financiava os gastos com investimento no exterior = empréstimos tomados pelo Canadá para financiar a construção de ferrovias criam demanda por trilhos e locomotivas = Grã-Bretanha era uma das mais importantes fontes de exportação de bens de capital para países aos quais emprestava dinheiro e isso ajudou a estabilizar seu balanço de pagamentos) 
Fatores sociais e políticos que davam suporte ao PO na Europa funcionava com menos eficácia em outras regiões: grupos que defendiam a inflação e a desvalorização tinha influência. (Na América Latina a desvalorização era bem-vinda por proprietários d, terra que haviam assumido hipotecas fixas; exportadores, que desejavam melhorar sua capacidade internacional; mineradores, que viam com bons olhos a cunhagem da prata)
A estabilidade do sistema
Circunstâncias econômicas e políticas que permitiram o florescimento do Padrão Ouro
Posição Singular da Grã-Bretanha: A posição hegemônica da Grã-Bretanha na economia mundial protegeu seu balanço de pagamentos conta choques e proporcionou as condições para que a libra esterlina ancorasse o sistema internacional (havia vínculos entre concessões de empréstimos pelos britânicos, de um lado, e as exportações de bens de capital, do outro lado = estabilizaram as contas externas e aliviaram pressões sobre o Banco Inglês)
Final do século XIX foi um período de expansão e crescente multilateralidade do comércio internacional: abertura dos mercados e o crescimento do comércio que deram sustentação ao funcionamento do mecanismo de ajuste característico do Padrão Ouro  Dependia do comércio e ao mesmo tempo o sustentava mercado externo exportava BK da Grã-Bretanha sem restrições e Grã-Bretanha importava produtos desses mercados externos sem restrições = estabilidade dos BP
Período de paz na Europa: facilitou a cooperação internacional e a confiança no compromisso com a conversibilidade;
A estabilidade do sistema
Estabilidade ameaçada
Na virada do século o crescimento econômico e o desenvolvimento financeiro em outros países começaram a enfraquecer o papel da Grã-Bretanha  parcela menor de empréstimos retornava a Londres na forma de depósitos externos;
Na década de 1890 as descobertas de ouro foram ficando para trás  preocupação com o nível dos estoques de ouro adequado para atender as necessidades de expansão da economia mundial;
O provável crescimento dos EUA fez surgir o medo de crises ocorressem sistema bancário rudimentar  demanda por cédulas e moeda a cada novo plantio e colheita  aumento da demanda por ouro  ouro esse, sacado em Londres capacidade da Inglaterra de tirar ouro “da lua” foi posta à prova;
A estabilidade do sistema
4) Acontecimentos políticos: a ampliação dos direitos de cidadania e surgimento de partidos políticos operários fez surgir a possibilidade de contestar a política das autoridades monetárias que priorizavam a conversibilidade e nada faziam pelo crescente desemprego. Além disso, houve um crescimento das tensões militares e políticas entre a Alemanha, França e Grã-Bretanha pós partilha da África minaram solidariedade na qual a cooperação financeira se baseava;
Visão Geral do Padrão Ouro
1. Liquidação de pagamentos internacionais – “transferência de Ouro”
Reservas em Ouro - liquidez, 
Na prática, com tempo, muitos países adotam libra
2. Conversibilidade da moeda nacional em Ouro à uma taxa fixa
se todos os países - sistema de câmbio fixo
3. Liberdade na exportação e importação de divisas (Au) - livre fluxo de capitais
em alguns países (CH, Hol, Belg) conversão não automática
pode existir intervenções evitando saída
4.
Qual mecanismo de ajuste do Balanço de Pagamento 
Variação de reservas de ouro leva a uma variação da oferta interna de moeda (reajustes descendentes nos preços do países deficitários e reajustamentos ascendentes nos países superavitários)  países deficitários = transferência de ouro = diminuição da quantidade de moeda = diminuição no nível de preços = aumento da competitividade = começa a exportar mais para os países superavitários países superavitários = recebe ouro dos deficitários = aumenta a quantidade de moeda = aumenta o nível de preços = diminui a competitividade = começa a importar mais dos países deficitários  equilíbrio no Balanço de Pagamentos
Essas forças de “ajustamento automático” foram intensificadas e aceleradas pelos bancos centrais através das regras do jogo: a política de taxa de redesconto e as intervenções no mercado aberto  elevaria as taxas de juros do redesconto e restringiria os créditos aos países deficitários ( aumenta juros do redesconto = bancos deixam de tomar crédito dos bancos centrais = deixam de fornecer ´crédito ao público = diminui a quantidade de moeda em circulação = diminui o nível de preços = aumenta a competitividade dos produtos do país deficitário), enquanto baixaria as taxas de juros do redesconto e ampliaria o crédito nos países superavitários ( diminui os juros do redesconto = bancos tomam crédito dos bancos centrais = fornecem mais crédito ao público = aumenta a quantidade de moeda em circulação = aumenta o nível de preços = diminui a competitividade de seus produtos no mercado internacional dando espaço aos países deficitários)  Essas atitudes: 1) amorteceriam as transferências monetárias e de balanço de pagamentos a curto prazo, por estimular movimentos de capital compensadores dos países deficitários, quanto 2) aceleraria o necessário reajustamento ascendente nos primeiros
Referências Bibliográficas 
Obrigatória:
EICHENGREEN, B. A globalização do capital: uma história do sistema monetário internacional. São Paulo: Ed. 34, 2000, CAPÍTULO 5.
Complementar:
BLOCK, F. Los orígenes del desorden económico internacional. México: FCE, 1980.

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