Buscar

O periodo entreguerras

Prévia do material em texto

O período entreguerras: o retorno do padrão-ouro; crise de 29 e a grande depressão
Aula 5 e Aula 6 – O contexto histórico
Capítulo 6 – Tudo que é sólido desmancha no ar - “O Capitalismo Global” Jeffry Frieden
Um panorama geral
Durante a Primeira Guerra, os governos efetivamente suspenderam o padrão ouro e financiaram parte de seus gigantescos gastos emitindo moeda;
A Guerra dizimou a força de trabalho e a capacidade produtiva dos países envolvidos e como resultado, no fim da guerra, em 1918, os níveis de preços estavam mais altos em toda parte;
Após a guerra, para reconstruir a nação, a emissão de moedas continuou assim como ocorreu durante a guerra  aumento abrupto na oferta de moeda e nos níveis de preços;
Com o fim da I Guerra a preocupação europeia era restaurar o sistema monetário existente no pré-guerra, com as mesmas paridades;
As condições econômicas eram distintas:
 Rússia abandonou o mercado;
Parque europeu se encontrava deteriorado;
EUA eram os credores;
França e Alemanha discutiam reparações;
Um panorama geral
Retorno transitório ao ouro
EUA em 1919;
Alemanha em 1924;
Grã-Bretanha em 1925;
França em 1928;
Tentativas de soluções cooperadas e do Acordo de Gênova (1924) não foram bem-sucedidas;
Uma das poucas resoluções tomadas: um padrão câmbio-ouro parcial, onde países menores poderiam reter como reservas moedas de vários países grandes, cujas próprias reservas internacionais consistissem totalmente em ouro;
Grã-Bretanha
Grã-Bretanha voltou ao Padrão Ouro em 1925, atrelando a libra ao ouro pelo preço de antes da Guerra, já que qualquer desvio em relação ao preço anterior à guerra minaria a confiança nas instituições britânicas. 
Para que o preço em libra do ouro voltasse ao nível de antes da guerra, o Banco da Inglaterra seguiu políticas monetárias contracionistas que contribuíram para o severo desemprego;
Grã-Bretanha
Como recomendado na Conferência de Gênova, muitos países mantinham suas reservas internacionais em forma de depósitos em libras em Londres, porém as reservas britânicas de ouro era limitadas e a estagnação não gerava confiança em sua capacidade de cumprir obrigações internacionais;
O início da Grande Depressão resultou em falência de muitos bancos e a Grã-Bretanha foi forçada a entregar seu ouro em 1931 quando os detentores de libras perderam a confiança no compromisso britânico de manter o valor da libra e passaram a converter suas libras em ouro;
A restauração do padrão ouro de diferentes formas dificultou a continuidade do sistema:
Paridades diferentes: enquanto a Inglaterra buscou a paridade de antes da guerra, a França buscou uma nova paridade (mais desvalorizada);
Heterogeneidade de reservas: insegurança quanto aos valores quando uma moeda sofria expectativa de desvalorização;
EUA e a Grande Depressão
 Com a grande depressão vários países renunciaram às obrigações do Padrão Ouro e passavam a manter suas reservas flutuando no mercado de câmbio;
EUA deixaram o padrão ouro em 1933, mas voltaram para ele em 1934, quando elevaram o preço em dólar do ouro de $20,67 para $35 por onça (DESVALORIZAÇÃO);
A maior parte dos prejuízos domésticos durante a depressão deveu-se: às restrições de comércio e aos pagamentos internacionais, que proliferavam conforme os países tentavam diminuir as importações e manter a demanda agregada restrita ao mercado doméstico;
EUA e a Grande Depressão
EUA tomaram medidas de política econômica que elevava o bem-estar doméstico à custa de prejuízos para os estrangeiros (políticas do tipo empobreça o seu vizinho): uma medida para diminuir as importações foi a Tarifa Smoot-Hawley (tarifa alfandegária em produtos estrangeiros), imposta pelos EUA em 1930, aumentou o desemprego nos outros países;
Como resposta: restrições de comércio como forma de retaliação e acordos comerciais que estabeleciam preferências entre os grupos de países;
A incerteza sobre as políticas econômicas do governo: 
Para diminuir esses balanços imprevistos vários países proibiram transações nas contas de capitais privadas;
EUA e a Grande Depressão
A solução de vários países para resolver o dilema entre equilíbrio externo e interno durante a Grande Depressão: corte das relações comerciais com o resto do mundo para eliminar qualquer possibilidade de desequilíbrio externo;
Redução dos ganhos de comércio = impôs custos elevados à economia global, demorando para se recuperar da grande depressão;
Todos os países sairiam ganhando em um mundo com comércio internacional mais livre: cooperação internacional ajudaria cada país a preservar seu equilíbrio externo e estabilidade financeira sem sacrificar os objetivos da política econômica interna;
“Tudo que é sólido desmancha no ar...”
Abordando o Contexto Histórico 
“Tudo que é sólido desmancha no ar...”: todas as relações existente do capitalismo seriam suprimidas após 1914;
A Grande Guerra devastou a Europa: declínio econômico mais exorbitante da história gerou batalhas comerciais e monetárias e hostilidade financeira;
A livre movimentação generalizada de bens, capitais e indivíduos cedeu espaço para o fechamento agressivo de fronteiras e mercados;
Calmaria sociopolítica cedeu espaço provocando conflitos impiedosos;
Antes de 1914 (A Era de Ouro)...
Benefícios do crescimento econômico disponíveis apenas para algumas pessoas;
A estabilidade doméstica e internacional dependia de sistemas políticos que excluíam a classe média e trabalhadora e governos que ignoravam os pobres;
Prosperidade fortaleceu a paz internacional e a integração e economia mundial, reforçando a harmonia doméstica;
Consenso a favor da globalização econômica e do governo mínimo se mantinha pelo aparente sucesso das duas tendências;
O fim da Era de Ouro
Classes trabalhadoras conquistaram representação política significativa e os governos começaram a se voltar para as questões dos indivíduos que não pertenciam à elite econômica;
Quase tudo que veio após 1914 foi negativo: conflitos sociais se tornaram guerras civis; conflitos comerciais viraram guerras comerciais e conflitos armados; países que foram aliados se tonaram inimigos mortais; países e classes que estiveram unidos se lançaram em cruzadas assassinas uns contra os outros;
O colapso da economia global causou crises nacionais e as condições domésticas difíceis levaram grupos internos ao extremismo;
As consequências econômicas da grande guerra
As consequências da guerra se tornaram mais importantes que as suas causas;
Retirada dos beligerantes da economia mundial: economias reorientadas para a guerra;
 Antes de 1914, a Grã-Bretanha, a França e a Bélgica estavam no centro da ordem clássica, fornecendo capital e produtos manufaturados para o restante do mundo;
Com a guerra passara a precisar importar capital e produtos manufaturado que antes exportavam (demanda por bens primários do resto do mundo disparou com a necessidade de alimentos e recursos para produção de arsenal para a guerra);
Os EUA, após oficializarem a neutralidade do país, de agosto de 1914 a abril de 1917, deixou de ser um país observador passivo do lento colapso da ordem clássica para se tornar líder credor da guerra. Durante a guerra seus eu superávit comercial quadruplicou: vendas de munição norte-americanas no exterior, exportação de alimentos para a Europa  quase todo o dinheiro vinha do comércio com os aliados;
As consequências econômicas da grande guerra
Como os aliados pagavam pelas compras internacionais? Com o que podiam: bens, ouro, investimento estrangeiro;
Num primeiro momento, o governo norte-americano decidiu não fornecer empréstimos aos beligerantes, pois era contraditória devido a condição de neutralidade;
Em 1915, a necessidade urgente dos aliados e a lucratividade gerada pela guerra, fez essa política mudar: incentivo ao fornecimento de empréstimos europeus (soma de empréstimos aos aliados passou a ser o dobro da dívida do governo americano);
As consequências econômicas da grande guerra
Guerra tornou os EUA a principal potência industrial,financeira e comercial do mundo: produção de manufaturas triplicou e superou a produção dos países da Europa;
De 1914 a 1919: EUA passaram da condição de maior devedor do mundo para maior credor, fortalecendo-se enquanto os europeus se recuperavam com dificuldade;
Economias da Grã-Bretanha e Alemanha voltaram ao normal somente após 1925, enquanto a economia norte-americana apresentou um crescimento de 50% em relação a 2014;
EUA lideraram o planejamento da paz;
As consequências econômicas da grande guerra
Conferência da Paz de Paris (1919) 
Dominada pelo presidente dos EUA: Woodrow Wilson;
Esboço de um plano para a criação da Liga das Nações;
Anunciava 14 pontos baseados no internacionalismo (cooperação internacional na economia);
Terceiro Ponto: “remoção, a maior possível, de todas as barreiras econômicas e o estabelecimento de condições comerciais equitativas”;
indícios da recente simpatia norte-americana pelo livre fluxo de bens e capitais;
Assim, o país norte-americano passou a se interessar pelas antes suspeitas inclinações britânica: livre comercio, cooperação entre credores e padrão ouro;
Senado norte-americano repudiou as ideias de Wilson, recusou-se a fazer parte da Liga das Nações;
A liderança do mundo foi oferecida aos EUA, mas foi recusada;
Produziram o Tratado de Versalhes: condições para a paz com as nações derrotadas  Alemanha considerou uma imposição  assumir a culpa pela guerra, ceder territórios e pagar reparações;
As consequências econômicas da grande guerra
Reconstrução da Europa
Além de imprimir dinheiro, os novos governos não tinham muitas opções para pagar suas contas: o resultado foi uma onda de inflação que destruía o valor da moeda, desintegrava economia e ameaçada estrutura social de algumas nações;
A inflações do pós guerra criaram uma nova palavra: a hiperinflação;
A hiperinflação Alemã
Terminou no final de 1932;
Preços cresceram um trilhão de vezes: cada dólar equivalia antes a 4,2 marcos, e terminou por valer 4,2 trilhões de marcos;
Com a hiperinflação fora de controle, os valores dos preços, salários e moedas não e mantinham;
A hiperinflação destruiu as economia guardadas ao longo da vida e poder de compra de milhões de pessoas;
Posteriormente, uma combinação de políticas ficais austeras e apoio estrangeiro deram fim às inflações e hiperinflações da Europa: governos reduziram a necessidade de imprimir dinheiro;
Alemanha, um caso peculiar: seu tamanho, e por ser a principal potência derrotada e antes da guerra ser, juntamente com a Inglaterra, a maior potência econômica da Europa;
Para a Alemanha a causa da inflação foi a retirada de dinheiro de uma economia em apuros para pagar o “retratamento” da guerra;
Curiosidades hiperinflação alemã
Entre 1922 e 1924, qualquer coisa custava trilhões de marcos. 
No auge da hiperinflação, em outubro de 1923, eram necessários 5,6 trilhões de marcos alemães para comprar 1 quilo de manteiga.
Nesse momento, o índice inflacionário chegou ao ápice, com taxa de 29.500% ao mês, ou 20,9% ao dia.
O preço de quase tudo dobrava, em média, a cada 3 dias e 7 horas.
 Entre agosto de 1922 e novembro de 1923, a taxa de inflação acumulada na Alemanha passou de um trilhão por cento;
 No fim de 1923, eram necessários 726 bilhões de marcos para se comprar algo que, em 1919, custava apenas um marco.
 De 1923 a 1924, o Banco Central alemão foi obrigado a emitir cédulas de 100 trilhões de marcos.
Plano Dawes (1924)
No final de 1923, o governo alemão retomou o controle da economia e negociou, juntamente com outras potências ocidentais, o Plano Dawes;
Feito para viabilizar o pagamento das dívidas que a Alemanha possuía após o final da Primeira Guerra Mundial, decorrentes do Tratado de Versalhes;
Esse plano oferecia 200 milhões de dólares para a estabilização do marco e nomeava um supervisor norte-americano para regularizar o pagamento da indenizações (esse processo não foi organizado pelo governo, que havia deixado de se envolver nas questões europeias, mas pelas empresas privadas);
Ascenção de regimes totalitários
Uma resposta ao fracasso econômico pós-guerra; 
Em meados da década de 1920: movimentos como o fascista ganharam adeptos e poder em todo sul e leste da Europa;
Tentativa de restaurar o Padrão Ouro
Os europeus se esforçavam para recuperar as condições monetárias internacionais, restaurando o padrão ouro, o centro da ordem econômica clássica;
Porém, até mesmo os países que não tinha enfrentado a inflação do pós-guerra achavam difícil retornar ao padrão ouro;
Grã-Bretanha: os preços cresceram tanto durante e após a guerra que a tentativa de retomar a taxa de câmbio de 1913 em relação ao ouro exigia políticas monetárias muito restritivas (que resultavam a redução de salários, preços e lucros);
Mesmo quando a libra esterlina retomou a o ouro em 1925, com uma taxa de câmbio igual ao do pré-guerra, os preços altos fizeram com que grande parte da indústria britânica ficasse de fora dos mercados  reflexo disso: desemprego acima dos 10% ao longo da década de 1920;
Bélgica e França tentaram retornar ao padrão ouro após a Grã-Bretanha, mas não tentaram recuperar o valor pré-guerra de suas moedas adotaram o padrão ouro a custos relativamente baixos e sem impor grandes pressões competitivas aos produtores de bens industriais;
Barreiras aos investimentos e comércio internacional
Comércio internacional em dificuldade: muitos governos que haviam levantado barreiras aos investimento e ao comércio internacional durante a guerra encontraram dificuldades em remover a proteção quando o conflito chegou ao fim;
Grã-Bretanha manteve algumas barreiras comerciais adotadas durante a guerra;
EUA: a liberalização do comércio decretada por Wilson em 1913 foi abandonada e a administração republicana e o congresso reestabeleceram a proteção habitual em 1921 e 1922;
Retomando o crescimento no pós-guerra
Apesar das dificuldade e decepções, em 1924, a Europa estava basicamente recuperada;
Produção europeia retornou aos índices de produção industrial de 1913, embora existissem diferenças entre os países europeus  Na parte ocidental a indústria produziu 12% a mais que em 1913 e na Europa Central e oriental apresentavam índices 20% menores que no mesmo período);
Os EUA estava à frente e a produção manufatureira foi 50% maior que em 1913;
A extraordinária década de 1920: o boom dos anos 20
Entre 1925 e 1929: produção industrial do mundo cresceu mais de 20%;
Investimento internacionais atingiram níveis semelhante aos anos de glória anteriores à guerra: maiores investimento provinham dos EUA e não mias da Europa;
Expansão econômica estimulou mudanças sociais
Mundo industrial: surgimento de novos bens de consumo e produção em massa;
Campo político: países democrático passaram a permitir o voto feminino + influencia de movimentos trabalhistas e dos partidos sociais aumentou;
Campo cultural: modernismo e surrealismo revolucionaram as artes e o jazz estourou no cenário musical;
Nomes específicos aos efeitos desse boom
Renascença de Weimar (vaimar), na Alemanha;
A Era Baldwin, na Grã-Bretanha;
Os extraordinários anos 20 e a Era do Jazz, nos Estados Unidos;
Dança dos Milhões na América Latina;
A extraordinária década de 1920: o boom dos anos 20
A retomada de condições anteriores aos tempos de guerra 
Contou com uma dinâmica própria poderosa: EUA eram seu centro, pois o capital e os mercados norte-americanos alimentavam o crescimento econômico da Europa à Ásia e também da América Latina;
Bancos e empresas norte-americanas inundaram o mundo com dinheiro e tecnologia  Wall Street substitui Londres como o centro financeiro internacional;
EUA estabeleceram milhares de filiais pelo mundo: em 1929 tinham cumulado 25 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros (meta empréstimos e metade investimentos diretos das multinacionais;
Nova York forneceu mais de 1 bilhão de dólares entre 1919 e 1929;
Embora os EUA fossem responsáveis por mais da metade nos novos empréstimos, não estavam sozinhos: após a retomadado padrão ouro, os mercados londrinos se abriram; ocorreu o mesmo com os empréstimos e Paris, Amsterdã e outras capitais credoras;
Na América Latina, os empréstimos e investimentos diretos norte-americanos participaram da maior crescimento já registrado na região;
O isolamento dos EUA
Semelhanças entre Grã-Bretanha e EUA
Na Era de Ouro: Londres financiava atividades econômicas por todo o mundo através de empréstimos e investimentos em empresa privadas países deficitários arrecadavam dinheiro para pagar juros exportando para a Europa, especialmente pra o enorme e aberto mercado britânico  compromisso monetário era o ouro;
Anos de recuperação e boom: resquícios da Era do Ouro de antes da guerra. A diferença era que no centro estavam os EUA, substituindo a Grã-Bretanha. Em 1925, um sistema semelhante ao padrão ouro operava  capital fluía dos EUA para o resto do mundo e o resto do mundo vendia pesadamente para o mercado norte-americano;
O isolamento dos EUA
A falta de um regente confiável para o sistema de ouro foi o problema mais grave da economia política do entreguerras: as semelhanças entre os papeis desempenhados pela Grã-Bretanha pré-1914 e pelos EUA pós 1920 eram tão gritantes quanto as diferenças dos dois países no que diz respeito ao seus papéis na política internacional;
O capital e os mercados norte-americanos eram tão dominantes na economia da década de 1920 quanto foram os britânicos antes de 1913: mas o governo dos EUA permanecia quase que totalmente ausente, enquanto o britânico esteve presente;
Congresso dos EUA proibia participação oficial nas discussões internacionais sobre questões econômicas;
Política comercial protecionista;
Isolamento norte-americano tornou-se política governamental quando a partir de 1920, o Senado vetou os planos de paz de Wilson e a participação na Liga das Nações;
Política de isolamento adotada em meio as discussões sobre indenizações: eram categoricamente contra renegociações das dividas da guerra;
Resposta do Congresso as dificuldades econômicas na Europa: mais proteção comercial, tornando mais difícil os europeus ganharem dinheiro necessário para cumprir suas obrigações;
O isolamento dos EUA
Os investidores norte-americanos resistiram à proteção comercial, pois as barreiras dificultavam a arrecadação de dólares por parte dos países devedores;
Uns queriam que estrangeiros tivessem fácil acesso ao mercado dos Estado Unidos para que tivessem pudessem quitar suas dívidas; outros queriam que o mercado americano fosse o mais fechado possível para a competição estrangeira;
Esse isolamento ocasionou a “privatização” de funções desempenhadas pelos governos:
O isolamento dos EUA
J.P. Morgan e outros financiadores norte-americanos atuavam como correlativos dos Ministérios da Fazenda e Bancos Centrais da Europa, como no caso dos Planos Dawes de 1924;
Cidadãos supervisionavam as finanças dos países endividados e em apuros (na Era de Oura essa função era desempenhada por comitês de credores formados por donos de títulos e governos);
O isolamento dos EUA
A economia clássica britânica era altamente direcionada para o exterior: na direção de mercados estrangeiros, dos fornecedores estrangeiros e dos investimentos estrangeiros;
Nos EUA o grau de exposição à economia internacional variava de modo significativo: Wall Street era altamente engajada, da mesma forma que muitos produtores agrícolas e algumas das principais indústrias do país;
No entanto o cerne indústria norte-americano continuava a se voltar para as questões internas, permanecendo ilhado. A cúpula de líderes econômicos do país continuava hostil ou indiferente às condições internacionais  EUA não contaram com um consenso, ao estilo britânico, para a participação ou liderança internacional;
Um mundo reconstruído?
Esse isolamento americano foi uma enorme fraqueza da economia mundial do pós-guerra;
Mas houve que elencasse outros motivos: Keynes;
Keynes foi representante-chefe do Tesouro na delegação britânica da Conferência da Paz, que determinou as diretrizes do pós-guerra;
 Participou da conferência de Versalhes, como conselheiro do governo britânico, considerando que deveria haver um perdão geral das dívidas de guerra;
 Aborreceu-se com a realidade política e com a insistência dos aliados em receber as exorbitantes indenizações. Pra Keynes as condições exigidas à Alemanha eram malévolas e estúpidos e descontente, deixou a delegação britânica e o governos em 1919;
Três semanas depois, os ex-beligerantes assinaram o Tratado de Versalhes, onde recusaram perdoar as dívidas de guerra, e Keynes escreveu “As consequências econômicas da paz”;
Um mundo reconstruído?
Nessa obra criticou o acordo de “paz”, afirmando que mais cedo ou mais tarde se tornaria um ato de vingança da Alemanha, enfatizando essa tentativa de restaurar a paz mundial foi extremamente fracassada;
Defendeu uma paz mais generosa;
Keynes se tornou um representante da heterodoxia e levantou críticas à tentativa do retorno ao padrão ouro à mesma paridade cambial de antes da guerra;
Voltar a essa paridade exigia deflação, mas seus defensores argumentavam que seria fácil manter salários e preços baixos;
Keynes, no entanto, percebeu que os preços e os salários se tornaram menos flexíveis, ou seja, tornaram-se rígidos (não se ajustavam mais para manter empresas e empregos estáveis);
Keynes admitiu que a economia política mudou: as economia eram mais simples antes da guerra. Após a guerra houve uma organização dos mercados de bens e de trabalho (sindicatos, grandes empresas com poder de mercado, etc);
Um mundo reconstruído?
A política necessária para que a libra voltasse a taxa pré-guerra era social e politicamente impossível;
Apesar dos alertas, em 1925, o encarregado do Tesouro, Churchill, retomou o padrão ouro a paridade antes da guerra;
Resultado: estagnação e alta taxa de desemprego que se transformaram na Grande Depressão. Keynes escreveu “As consequências econômicas do senhor Churchill” explicando as implicações das medidas tomadas;
Keynes atacava assim, o Padrão Ouro, rotulando-o como “relíquia bárbara” e exigia uma política monetária que mantivesse emprego e economia estáveis;
Suas objeções em relação à ortodoxia passaram a ser vistas com mais confiança com a Grande Depressão;
Em direção ao vazio
Rivalidade entre potências: bloqueou a cooperação na esfera do comércio, do dinheiro e das finanças internacionais;
Isolacionismo privou a economia mundial da atuação dos EUA;
O cerne para restaurar a integração econômica, o padrão ouro, quebrou;
No entanto, o capital norte-americano continuou a entrar na Europa, Ásia e América Latina, apesar da ausência oficial dos EUA;
Enquanto o resto do mundo tivesse acesso ao capital e mercado norte-americano a economia global continuaria crescendo;
A infraestrutura da Era de Ouro não existia mais;
O fluxo de dólar parecia um substituto razoável;
Parecia não haver outra alternativa;
O fim do boom
1928: adoção de uma política monetária contracionista: passou a se preocupar com o boom no mercado de ações e a especulação;
Investir no exterior ficou menos atraente: capital norte-americano passou a atuar em casa e o mercado acionário cresceu de forma notória (Índice Dow Jones aumentou praticamente sem interrupções, de 191 pontos no fim de 1928 para 381 em setembro de 1929);
Preços de ações dobraram em menos de um ano: assim, o fornecimento de dinheiro norte-americano para o mundo diminuiu drasticamente  o rumo do dinheiro passou a ser o mercado de ação;
As remessas de dinheiro que saíam dos EUA em forma de empréstimos diminuíram drasticamente a partir de 1928;
O dinheiro americano alimentava o crescimento econômico estava voltando pra casa: isso transformou a recessão branda em uma crise severa;
1928: as condições agrícolas dos principais países pioraram muito, enquanto uma recessão começava a atingir grande parte da Europa e da Ásia;
O fim do boom
O capital passou a circular pelos EUA e procurar pelo dólar  investidores se desfaziam dasoutras moedas;
Enquanto isso nas bolsas estrangeiras, as ações e títulos sofriam grandes perdas no mercado e eram vendidos a preços muito baixos: reagiram aumentando o juros (supostamente atrairia capital e moeda) e impondo austeridade (limitariam salários e lucros);
Desafios americanos: o Federal Reserve queria coibir em Wall Street o comportamento excessivamente especulativo e tinha duas opções
Manter as taxas de juros estáveis: continuaria o problema no mercado de ações;
Aumento da taxa de juros: pioraria a situação econômica da Europa (esse aumento de juros retirava capital da Europa);
Optou pela segunda opção, pois priorizava políticas domésticas. Elevou a taxa de juros a um percentual que fosse capaz de convencer os investidores a evitar mais especulação no mercado de ações (especular: compra de ações visando venda futura com lucro)  mercado acionário começou a cair no fim do verão de 1929;
O fim do boom
Em outubro de 1929: em três semanas o mercado perdeu tudo o que havia alcançado no últimos 18 meses  em três meses a produção indústria norte-americana caiu 10% e as importações 20% + preços das commodities caíram impressionantemente;
Produtos manufaturados também caiu;
Esse efeito combinado de declínio nos preços, queda súbita da demanda europeia e norte americana e cortes nos empréstimos dos EUA atingiu especialmente as nações produtoras de commodities;

Continue navegando