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Crédito tributário - AULA 6

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Fundamentos de Direito Empresarial e Tributário / Aula 6 - Crédito tributário
Considerações iniciais
Geralmente, o crédito tributário surge ilíquido, não podendo ser voluntariamente pago pelo contribuinte e nem exigido pela Fazenda Pública, dependendo, portanto, de uma liquidação (seja certo quanto à existência e determinado quanto ao objeto). Tal liquidação é feita pelo lançamento. Com o lançamento a obrigação jurídica tributária que já existia, mas é ilíquida e incerta, passa a ser líquida e certa, exigível em data e prazo predeterminado.
Lançamento é o ato administrativo que torna líquido o crédito tributário. É o ato que consubstancia o crédito tributário, declarando formal e solenemente quem é o contribuinte e quanto ele deve à Fazenda Pública.
Lançamento
O lançamento é um mecanismo jurídico que dá liquidez, certeza e exigibilidade ao tributo que lhe é lógica e cronologicamente anterior, assim não é o lançamento que dá surgimento ao tributo, mas sim a ocorrência do fato imponível.
Depois que o contribuinte é notificado do lançamento, o tributo está em condições de ser recolhido pelo contribuinte e recebido pela Fazenda Pública, mas nada impede que ocorra um evento novo, previsto em lei, adie a exigibilidade do tributo. Esses eventos que adiam a exigibilidade do crédito tributário são as causas suspensivas do crédito tributário.
VOCÊ SABIA?
Uma vez constituído o crédito, a autoridade não pode dispensá-lo sem expressa autorização legal, sob pena de responsabilidade funcional. “O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos em lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias” (art. 141 do CTN).
	O artigo 151, § único, do Código Tributário Nacional, estabelece que embora suspensa a exigibilidade do tributo, não ficará suspenso o dever de cumprir as obrigações acessórias.
Ex.: Dever de preencher livros fiscais; emitir notas fiscais; dever de emitir faturas.
É relevante destacar que as causas suspensivas do crédito tributário também suspendem o prazo prescricional.
“Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias”
Fonte: (art. 111, I, II e III do CTN).
	
	São causas de suspensão do crédito tributário:
Moratória (art. 151, I do CTN);
Depósito do seu montante integral (art. 151, II do CTN);
Reclamações e os recursos, nos termos da lei, reguladoras do processo tributário administrativo (art. 151, III do CTN);
Concessão de medida liminar em mandado de segurança (art. 151, IV do CTN);
Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial (art. 151, V do CTN): foi introduzido com a LC 104/01, mas a doutrina já admitia esta hipótese.
Parcelamento (art. 151, VI do CTN): foi introduzido com a LC 104/01, mas a doutrina já o admitia.
Vamos assistir a um vídeo onde apresenta que no primeiro semestre do ano de 2015, a Receita Federal registrou um aumento de quase 40% nos créditos tributários, que são impostos devidos, multas e juros resultantes de autuações. Os valores ultrapassaram os R$ 75 bilhões. Mais de 75% vêm de autuações de grandes empresas e um dos setores mais autuados é a indústria de comércio e serviços.
Afinal, o que é o crédito tributário?
O Prof. Hugo de Brito Machado conceitua o crédito tributário como sendo o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional).
Vamos analisar alguns pontos importantes pautados no Código Tributário Nacional:
Art. 139
O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza dessa. (CTN, art. 139).
Art. 140
As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. (CTN, art. 140).
Art. 141
O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos no CTN, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. (CTN, art. 141).
Art. 142
Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (CTN, art. 142).
Características do Crédito Tributário
É importante destacarmos as características do Crédito Tributário:
	
Conversão de moedas
Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação. (CTN, art. 143);
	
	Lei aplicável
O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. (CTN, art. 144).
	Data base
A autoridade considerará a data da ocorrência do fato gerador para todos os elementos que influírem na responsabilidade e no montante da obrigação, tais como:
Alíquota;
Base de cálculo;
Sujeito passivo e devedores solidários;
Taxa de câmbio;
Benefícios fiscais;
Outorga de maiores garantias e privilégios que obrigarem terceiros;
Tributos com fato gerador continuado (p. ex.: IPTU, IPVA, ITR).
	
	Legislação posterior ao fato gerador
Novos critérios de apuração;
Novos processos de fiscalização;
Ampliação dos poderes de investigação das autoridades administrativas;
Ampliação das garantias e privilégios.
	Alteração do Crédito Tributário
O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de (CTN, art. 145):
Impugnação do sujeito passivo;
Recurso de ofício;
Iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no CTN, art. 149.
	
	Mudança de Critérios Jurídicos
A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. (CTN, art. 146).
Modalidades de lançamento
São três as formas de lançamento:
Por declaração (misto)
O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiros, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. (CTN, art. 147).
• Retificação da declaração pelo sujeito passivo.
A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. (CTN, art. 147, §1º).
• Retificação pela Receita Federal.
Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. (CTN, art. 147, §2º).
De ofício (ex officio ou direto)
O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos (CTN, art. 149):
Quando a lei assim o determine;
Quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazoe na forma da legislação tributária;
Quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
Quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;
Quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no lançamento por homologação;
Quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
Quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
Quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
Quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade essencial;
A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.
Por homologação (autolançamento)
O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (CTN, art. 150).
Características:
O pagamento antecipado pelo obrigado extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento;
Extingue o crédito
Artigo 156 do CTN - Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - a remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no art. 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do art. 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado, e
XI - a dação em pagamento de bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. Serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (CTN, art. 150, §4º).
Arbitramento da Base de Cálculo
Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tem em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. (CTN, art. 148).
Pagamento
Consiste na prestação que o sujeito passivo da relação jurídica tributária, ou alguém por ele (responsável ou substituto) faz ao credor, da importância pecuniária relativa ao débito tributário.
Agora, vamos assistir ao vídeo Prefeitura oferece descontos para pagamento de impostos.
Conceitos importantes
Antes de finalizarmos nossa aula, é importante conhecermos os seguintes conceitos:
Compensação
Artigo 170, do CTN, e Artigo 66, da Lei n. 8.383/91, e Lei n. 9.430/96;
A compensação tributária, nos termos da Lei n. 8.383/91 ocorre somente entre tributos da mesma espécie;
Nos termos da Lei n. 9.430/96, ocorre entre créditos e débitos líquidos e certos, entre tributos federais de espécies diferentes;
O instituto jurídico da compensação pressupõe duas relações jurídicas distintas, na qual o credor de uma é devedor de outra e vice-versa.
Na ótica das possibilidades teóricas da extinção do crédito tributário, o elemento integrativo da relação jurídica obrigacional que é atingido pela compensação é o direito subjetivo do credor e seu dever jurídico correlato;
Extingue a obrigação tributária e o crédito tributário;
Nos casos de lançamento por homologação, a extinção do crédito tributário só se concretiza com a homologação do lançamento, expressa ou tácita.
Transação
Instituto pelo qual, através de concessões mútuas, coloca-se termo em determinado litígio que culmina com a extinção da relação jurídica tributária, através do pagamento dó débito;
O que efetiva a extinção da obrigação tributária, no caso da transação é o pagamento. A mera transação, sem o respectivo pagamento, não extingue a obrigação tributária nem o crédito tributário;
Art. 840, CC. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.
Remissão
É o perdão, total ou parcial, do crédito tributário;
Tem que vir previsto em lei autorizadora;
Na remissão desaparece o direito subjetivo de exigir a prestação, bem como o dever jurídico cometido ao sujeito passivo, isso se a remissão for total;
Ressalta-se que a remissão não se confunde com a anistia, que é o perdão correspondente ao ato ilícito ou à penalidade pecuniária.
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Prescrição e decadência
São causas extintivas do crédito tributário.
A decadência refere-se ao prazo de cinco anos para a Fazenda efetuar o ato jurídico administrativo de lançamento. Não o praticando neste período, decai o direito de celebrá-lo.
Decadência
No art. 173 do CTN, estão consignados os prazos iniciais para a contagem do prazo:
O primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetivado;
A data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado;
A data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Para o Paulo de Barros, prazo decadencial não interrompe, excetuado o caso do art. 173,II., do CTN
A prescrição dá-se quando o prazo de cinco anos para que a Fazenda Pública ingresse em juízo com a ação de cobrança (ação de execução).
Prescrição
Esse prazo inicia-se com o lançamento eficaz, ou seja, adequadamente notificado ao sujeito passivo;
A prescrição se interrompe, isto é, o intervalo de tempo que, associado à inércia do titular da ação, determina o surgimento do fato prescricional se interrompe;
Toda vez que o período é interrompido, despreza-se a parcela de tempo que já foi vencida, retornando-se ao marco inicial;
O prazo prescricional também pode ser suspendido, dessa forma recomeça-se a contagem do prazo a considerando-se a parcela de tempo já vencida.
Agora, finalizaremos nossa aula assistindo a umvídeo que mostra que Janeiro é considerado um dos meses mais difíceis para os consumidores por causa das contas. IPTU, IPVA e o material escolar são os principais gastos no início do ano. Para não ficar no sufoco a solução é planejar.
Atividades Propostas
1. O crédito tributário prefere a qualquer outro, salvo:
A) O crédito trabalhista.
B) O crédito com garantia real.
C) O crédito correspondente a honorários advocatícios.
D) O crédito quirografário.
2. É correto afirmar que:
A) O crédito tributário não se sujeita ao processo de concordata preventiva.
B) A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 10 anos contados da data da sua constituição definitiva.
C) O ajuizamento de ação declaratória suspende a exigibilidade do crédito tributário.
D) Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei ou decreto como necessária e suficiente à sua ocorrência.
3. Em quantos anos prescreve o direito de cobrar o crédito tributário?
A) 30.
B) 20.
C) 10.
D) 5.
4. São modalidades de lançamento do crédito tributário:
A) Direto ou de oficio, por arbitramento e por presunção.
B) Por arbitramento, por presunção e por estimativas.
C) Direto ou de oficio, por declaração e por homologação.
D) Por arbitramento, por estimativa e por presunção.
5. A ação para cobrança do crédito tributário está sujeita a prazo:
A) Decadencial de 5 (cinco anos), contados do primeiro dia do exercício civil seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado.
B) Prescricional de 180 (cento e oitenta) dias, contados da inscrição do crédito tributário na dívida ativa.
C) Prescricional de 20 (vinte) anos, contados do vencimento do prazo para pagamento.
D) Prescricional de 5 (cinco) anos, contados da data da sua constituição definitiva.

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