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MEDIDA DE SEGURANÇA

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1 – MEDIDA DE SEGURANÇA
A Reforma Penal de 1984 adotou, em toda a sua extensão, o sistema vicariante, eliminando definitivamente a aplicação dupla de pena e medida de segurança para os inimputáveis e semi-inimputáveis (sistema do duplo binário). Seguindo essa orientação, o fundamento da pena passa a ser exclusivamente a culpabilidade, enquanto a medida de segurança encontra justificativa somente na periculosidade aliada à incapacidade penal do agente. Na prática a medida de segurança não se diferencia da pena. 
A medida de segurança possui uma natureza essencialmente preventiva, pois, visa evitar que um sujeito que praticou um injusto penal (fato típico e antijurídico) e se mostra perigoso venha a cometer novas infrações penais.
– Espécies
– Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
É chamada também de medida detentiva que, na falta de hospital de custódia e tratamento, pode ser cumprida em outro estabelecimento adequado. É aplicável tanto aos inimputáveis quanto aos semi-imputáveis (arts. 97, caput e 98 do CP) que necessitem de especial tratamento curativo.
– Sujeição a tratamento ambulatorial
A medida de segurança detentiva, que é a regra, pode ser substituída por tratamento ambulatorial, “se o fato previsto como crime for punível com detenção”. Porém, a punibilidade com pena de detenção, por si só, não é suficiente para determinar a conversão da internação em tratamento ambulatorial. É necessário examinar as condições pessoais do agente para constatar a sua compatibilidade ou incompatibilidade com a medida mais liberal. Não é a inimputabilidade ou semi-imputabilidade que determinará a aplicação de uma ou outra medida de segurança, mas a natureza da pena privativa de liberdade aplicável.
controvérsia acerca dos critérios de escolha para a aplicação da medida de segurança, quais sejam: a gravidade e natureza da conduta perpetrada pelo o agente ou de seu transtorno psiquiátrico. 
Acerca do tema já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça no sentido de que “a medida de segurança deve ajustar-se, em espécie à natureza do tratamento de que necessita o agente inimputável ou semi-imputável do fato do crime” (STJ, REsp. 32409/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 16/12/2003 Apud NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Parte Geral. Parte Especial. 6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, pp 563
Por exemplo, no caso de delito de homicídio, cujo bem jurídico tutelado é a vida, o melhor entendimento é no sentido da aplicação de medida de segurança de internação, consoante o disposto no art.97, do Código Penal.
– Prazo de cumprimento da medida de segurança
As duas espécies de medida de segurança (internação e tratamento ambulatorial) têm duração indeterminada, perdurando enquanto não for constatada a cessação da periculosidade, através de perícia médica. Porém, há um prazo mínimo a ser cumprido que é de um a três anos, sendo apenas um marco para a realização do primeiro exame de verificação da cessação da periculosidade.
Vem surgindo corrente doutrinária que sustenta que, de acordo com a proibição constitucional de aplicação de uso de prisão perpétua, as medidas de segurança não podem ter duração maior do que o limite máximo de pena abstratamente cominada ao delito.
Quanto à duração da medida de segurança aplicada, o nosso Código Penal estabelece que o prazo de internação indeterminado, enquanto não for realizada a perícia médica para a verificação de persistência da periculosidade, no prazo fixado pelo juiz – Art. 97 § 1º, do CP (1 a 3 anos) - devendo ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo se determinado pelo Juiz da Vara de Execuções Penais. 
Entretanto, a respeitada doutrina, defende que, na inexistência de limitação legal, máxima, o prazo máximo é o da pena privativa de liberdade imposta. Já como interpretação pretoriana, o prazo máximo não deverá ser superior a 30 anos. Defende-se, ainda, que a indeterminação do prazo de internação é inconstitucional, conforme estabelecimento do Art. 75 do CP, bem como abusivo deixar-se em aberto o prazo de realização do exame de cessação de periculosidade.
Assim, atingido o limite máximo de internação, o curatelado, interditado no Juízo de Órfãos e Sucessões, deve ser transferido para hospital psiquiátrico estadual, não sendo mais custodiado pela medida de segurança. (STJ, Informativo n. 374. HC 113.459-RS, Rel. Min. Jane Silva - Desembargadora convocada pelo TJ-MG, julgado em 28/10/2008).
– Medida de segurança substitutiva aplicada ao semi-imputável
O semi-imputável que pratica conduta típica, antijurídica e culpável deverá ser condenado. Entretanto, como o juízo de reprovação que recai sobre sua conduta (culpabilidade) é menor do que aquele que comete fato sem que esteja acometido de qualquer perturbação metal, a sua pena, de acordo com o parágrafo único do art. 26 do CP, poderá (deverá) ser reduzida de um a dois terços.
Pois bem, além da redução (obrigatória) prevista no p. único do art. 26 do CP, o art. 98 do mesmo diploma repressivo permite que, nessa hipótese, necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade seja substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de um a três anos, nos termos do art. 97 e seus §§ 1º ao 4º. Nesse caso, entende o prof. Rogério Greco, que a duração da medida de segurança não poderá ultrapassar o tempo de condenação do agente (pena aplicada concretamente).
– Substituição da pena pela medida de segurança
Em duas hipóteses a pena aplicada pode ser substituída por medida de segurança (semi-imputabilidade ou superveniência de doença mental).
– Substituição da pena por medida de segurança
Essa operação somente será possível quando se tratar de condenado semi-imputável, que necessitar de especial tratamento curativo, jamais um inimputável, pois, este não tem culpabilidade e, sendo assim, nunca lhe será aplicada pena. 
A substituição, porém, é excepcional e, somente ocorrerá se o condenado necessitar de especial tratamento curativo, isto é, o juiz deve sempre condenar o semi-imputável a uma pena determinada e, somente se constatar que, naquele caso concreto, o sujeito necessita mais de tratamento do que de condenação é que substituirá a pena aplicada por medida de segurança. Este entendimento fundamenta-se nos seguintes dispositivos: p. único do art. 26 do CP, quando determina que “a pena pode ser reduzida”; art. 98 do CP quando estabelece que “a pena privativa de liberdade pode ser substituída”. Além disso, conclui-se que, somente pena privativa de liberdade pode ser substituída por medida de segurança, pois, o art. 98 acima mencionado exclui as demais modalidades de penas, como as restritivas de direitos.
Segundo entendimento dominante, na doutrina e jurisprudência, no caso de superveniência de doença mental e, conseqüente, adoção de medida de segurança substitutiva, esta deverá ter parâmetros para o prazo de cumprimento, os estabelecidos à pena privativa de liberdade, ou seja, o período residual desta. Neste sentido, vide Informativo n. 259, do Superior Tribunal de Justiça.
Diante da interpretação do art. 97, § 1º, do Código Penal, duas interpretações são possíveis: a primeira defende que o término da pena não pode ser utilizado como marco final da medida de segurança substituída, devendo a mesma durar até que cesse a periculosidade; por outro lado, há entendimento no sentido da inadmissibilidade de prolongar-se por prazo indeterminado a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ficando a medida substitutiva restritiva ao tempo restante da pena imposta com a decisão transitada em julgado (art. 183, da Lei n 7.210/84). 
– Superveniência de doença mental do condenado
Quando ocorrer superveniência de doença mental, o condenado deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou a outro estabelecimento adequado, conforme determinam os artigos41 do CP e 183 da lei 7.210/84.
Tanto na hipótese de réu semi-imputável quanto na de superveniência de doença mental, entende a melhor doutrina que a medida de segurança não poderá ter duração superior do que a pena substituída.
– Conversão de tratamento ambulatorial em internação
Aqui não se trata propriamente de substituição, mas simplesmente de conversão de uma medida em outra.
É possível que o condenado, por crime apenado com detenção, receba, em substituição, o tratamento ambulatorial. Contudo, na prática, pode-se constatar a inadaptabilidade daquele semi-imputável com o tratamento ambulatorial necessitando de “especial tratamento curativo”.
– Execução
A medida de segurança só pode ser executada após o trânsito em jultado da sentença, conforme determina o art. 171 da lei 7.210/84, pois, a Reforma Penal de 1984 aboliu a medida de segurança provisória. 
Para que seja iniciada a execução, é preciso a expedição de guia de internação ou de tratamento ambulatorial (art. 173 da lei 7.210/84 – LEP).

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