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O processo penal tem ainda mais relevância porque o bem jurídico tutelado é mais importante (liberdade). Temos uma grande discussão sobre o GARANTISMO PENAL, sinal de que há uma doutrina mais crítica (e não apenas a visão tradicionalista). É preciso pensar o Processo Penal não só sob ótica da acusação/persecução, mas considerar tb a jurisdição (função jurisdicional que deve ser eqüidistante, tratar as partes de forma igual, deve ser inerte). TRILOGIA ESTRUTURAL DO PROCESSO JURISDIÇÃO - AÇÃO - PROCESSO Essas 3 categorias jurídicas são extremamente importantes na compreensão do Processo Penal. Qual a natureza jurídica da ação ? Definimos a natureza jurídica para saber o que um certo instituto representa no mundo do Direito. Remete a uma classificação, categorização. Ex.: cadeira - coisa João - pessoa física UCAM - pessoa jurídica Peixe VIVO - semovente Peixe MORTO - coisa Cadáver - coisa (não tem mais personalidade jurídica, pois esta acaba com a morte) Liberdade - direito Compra e Venda - contrato Contrato - negócio jurídico Negócio jurídico - ato jurídico Aluvião - fato jurídico PROVA - DIREITO inerente às partes (AMBAS PARTES - juiz não é parte, assim não teria esse direito, mas sim poderes). Esperma - DIREITO DA PERSONALIDADE (o marido está com câncer e teme ficar estéril com a quimioterapia. Deixa então seu esperma congelado e a esposa faz inseminação artificial depois dele falecido. De quem ele é filho ? A criança terá direito ao nome dele ? AÇÃO - É um direito SUBJETIVO, ou seja, aquele que a pessoa pode exigir. Corresponde a um DEVER JURÍDICO . Ex.: direito de receber $ Obs.: Direito POTESTATIVO - é um PODER de sujeição (sujeitar a pessoa a sua vontade). INDEPENDE DA VONTADE DO OUTRO. Ex.: direito de se separar; revogação de poderes para representar como advogado. A ação é um DEVER JURÍDICO DO ESTADO, daí ser um DIREITO SUBJETIVO PÚBLICO de exigir do Estado a tutela jurisdicional. Do ponto de vista do réu, no entanto, a ação é um direito POTESTATIVO, pois ele não tem como evitar. Diante do indício de autoria e materialidade, o MP está obrigado a oferecer denúncia. Nesse caso é um PODER-DEVER, pois o MP não pode escolher, está obrigado. JURISDIÇÃO - é uma atividade do Estado através da qual este diz o direito. Tb é um poder-dever (AÇÃO DE DIZER O DIREITO). Resulta da soberania do Estado. Interpretação do direito, aplicação ao caso concreto. FUNÇÃO: CONCRETIZAR VALORES CONSTITUCIONAIS (dignidade da pessoa humana, liberdade, igualdade, devido processo legal...). Não podemos afirmar que seria apenas pacificar conflito, pois nem todo processo contém lide. PROCESSO - é indispensável ao exercício da função jurisdicional. É INSTRUMENTO através do qual a jurisidição é exercida. Procedimento que permite que o juiz exerça sua função. Meio para assegurar o direito invocado. Conjunto de atos que cria uma relação jurídica da qual surgem deveres, poderes, faculdades, ônus e sujeições para as partes que dela participam. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - TEORIA DOS 5 COMPONENTES - FÓRMULA OBJETO (DÜRIG) É um princípio muito importante para todos os ramos do Direito, rege inclusive a ordem econômica. De acordo com o art. 1 da CF a dignidade é princípio fundamental da República, um pilar/base. Sem a dignidade a República pode sofrer uma ruína. A própria vida está no rol do art. 5 da CF, mas a dignidade vem logo no art. 1. Representa a idéia de que o homem é o fundamento e o fim da sociedade. O Estado só existe para servir ao homem, para dignificá-lo, e não o contrário. De acordo com Canotilho, diferentemente do que ocorre com os direitos fundamentais (que têm sentido prático mais alcançável), o princípio da dignidade se apresenta de forma mais difícil de ser concretizado. Para Canotilho, a TEORIA DOS 5 COMPONENTES TRARIA ESSA CONCRETUDE. 1° COMPONENTE - INTEGRIDADE FÍSICA E ESPIRITUAL Garante a proteção do corpo e da mente. O corpo é um espaço intangível, nao pode ser violado, daí a importância para o Direito Penal. No processo penal teremos a LIMITAÇÃO DAS PROVAS justamente para respeitar a dignidade humana. Não pode haver tortura, droga da verdade, extração de sangue, inspeção de cavidades, intervenções corporais para encontrar drogas... 2° COMPONENTE - MÍNIMO EXISTENCIAL (LIBERTAÇÃO DA ANGÚSTIA DA EXISTÊNCIA) Qdo não tem o mínimo existencial o homem vive a angústia. Esse princípio tem relevância no que tange os serviços de água, luz, débito automático em CC (salário não pode ser garantia de um contrato), etc. 3° COMPONENTE - IDENTIDADE E DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE É o direito de ser aquilo que deseja ser, INDIVIDUALIDADE DE CADA UM. O homem quer se singularizar no mundo, escolher sua religião, fazer uma tatuagem, etc.. Assim todo sistema de padronização avilta a dignidade humana. O homem não se resume a um animal que nasce, reproduz e morre. Ex.: Assim que ocorre o ingresso do preso há corte máquina zero. Alegam ser uma questão de saúde, mas e as condições insalubres da cadeia e por que não se aplica o mesmo para as mulheres? Há quem entenda ser um sistema de dominação, típico dos campos de concentração. 4° COMPONENTE - AUTONOMIA FRENTE AO ESTADO É o Estado que serve ao homem. O Estado não pode ter o domínio total sobre o homem. Só pode existir regras típicas de um Estado Democrático de Direito. Tem relação com o "DUE PROCESS OF LAW" (devido processo legal). 5° COMPONENTE - IGUALDADE DE TRATAMENTO PERANTE A LEI As pessoas não podem ser diminuídas perante outras. Todos possuem a mesma dignidade, essa É UMA QUALIDADE INERENTE A QQ PESSOA, independente de sua condição social ou econômica. Existe pelo simples fato de ser humano. Mesmo o preso só tem a restrição da liberdade, mas permanece com a sua dignidade. FORMULA OBJETO (DÜRIG) Essa teoria traz o que NÃO é dignidade humana. Há violação toda vez que o homem é tratado como um objeto, qdo o HOMEM É REIFICADO. O termo "retificar" quer dizer COISIFICAR (transformar em objeto). No processo penal essa coisificação do homem ocorre qdo ele perde sua autonomia, sua liberdade. Em regra, só prendemos ou amarramos os animais perigosos. Diante da divergência quanto ao uso de algemas, o STF criou a Súmula Vinculante N°11: "só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia...". A referida Súmula foi criada por causa do uso indiscriminado. O uso precisa ser racional e fundamentado, e não simplesmente para aviltar o preso. Isso é reflexo do Princípio da Dignidade. Obs.: O mesmo raciocínio deveria ser feito qdo os presos são fotografados e expostos pela imprensa como uma presa, uma coisa. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF LAW) Tem suas raízes na Carta de João sem terra, um pacto senhorial que tratava de limitação de poder, julgamento honesto e direito à justiça, dentre outros. Não é visto apenas como o direito ao procedimento. É UM CONJUNTO DE PRINCÍPIOS, e o direito ao conjunto de atos é apenas um desses aspectos. É um PROCEDIMENTO que assegure um JUIZ IMPARCIAL, AMPLA DEFESA, DURAÇÃO RAZOÁVEL, PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES, etc.. Ou seja não é qq procedimento, mas um que assegure essas garantias. A obediência à forma é só um dos aspectos, mas há um conjunto de garantias. Ex.: Há um prazo previsto em lei para arrolamento de testemunhas, se o MP não o faz dentro desse prazo ocorre PRECLUSÃO. PRECLUSÃO - perda do direito de agir nos autos em face da perda da oportunidade, conferida por certo prazo. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL Traduz a idéia de um JUIZ QUE EXISTE ANTES DOS FATOS. Está ligado ao Direito Natural. Esse princípio tem DUPLA DIMENSÃOFORMAL: 1) É vedada a escolha de juízes, há uma DISTRIBUIÇÃO DE ACORDO COM AS REGRAS DE COMPETÊNCIA. 2) VEDAÇÃO DO JUÍZO OU TRIBUNAL DE EXCEÇÃO. Não pode haver a criação de um tribunal APÓS o fato, ou seja, não pode ser criado para julgar aquele fato. Isso para garantir a imparcialidade. Obs.: Imparcialidade difere de Neutralidade. O juiz tem que garantir as mesmas oportunidades a ambas as partes. Mas na prática sabemos que qdo avalia ele acaba deixando de ser neutro, pois interpreta com uma certa impregnação de sua própria vida. Uma mulher que julga um estupro, por ex, tende a considerar outros aspectos. Se pudéssemos resumir a figura do juiz em uma única palavra seria imparcial. O próprio ordenamento cria mecanismos para garantir a vedação na escolha de juízes. Ex.: Proposta a ação, a distribuição, por sorteio, define o juiz Y. Antes era comum desistir da ação para tentar outro juiz, mas hoje qq outra ação com o mesmo CPF será encaminhada para o primeiro juiz sorteado, justamente para evitar a burla. O princípio do juiz natural tb tem uma DIMENSÃO SUBSTANCIAL : PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. O juiz que colhe a prova (instrução) fica VINCULADO AO PROCESSO. Art. 399,CPP - Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para audiência ... Par. 2° - O JUIZ QUE PRESIDIU A INSTRUÇÃO DEVERÁ PROFERIR A SENTENÇA. Há vinculação à PESSOA DO JUIZ, mas se ocorrer promoção ou remoção? Aplicaremos ANALOGICAMENTE o art. 132 do CPC: "O juiz titular ou substituto que concluir a audiência julgará a lide, SALVO se estiver convocado, licenciado, afastado por qq motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. PRINCÍPIO DA IGUALDADE O juiz tem que garantir tratamento isonômico às partes (autor e réu). PARIDADE DE ARMAS - igualdade entre acusação e defesa. IGUALDADE MATERIAL - tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual, na proporção de sua desigualdade. No processo penal, as partes (MP e réu) são iguais? Não, o réu é mais frágil e tem contra ele todo o aparato do Estado. Por isso temos uma série de princípios para equilibrar essa situação desigual, como por ex, a presunção de inocência. A filtragem de normas que estabelecem desigualdade tb é reflexo da busca pela igualdade. Obs.: De acordo do o art. 385 do CPP, nos crimes de ação PÚBLICA, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o MP tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhum tenha sido alegada. Assim, mesmo que durante o processo o MP decida pela absolvição, o juiz pode condená-lo. O art. 60 do CPP traz que nos casos em que somente se procede mediante QUEIXA, considerar-se-á PEREMPTA a ação penal: III - qdo o querelante ... deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; Dessa forma há EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA Esse princípio é TRIDIMENSIONAL, ou seja, possui 3 regras: 1) REGRA DE TRATAMENTO 2) REGRA DE JULGAMENTO 3) REGRA DE GARANTIA REGRA DE TRATAMENTO "Ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado". O trânsito gera COISA JULGADA MATERIAL, ou seja, reveste a sentença tornando-a INDISCUTÍVEL, logo IMUTÁVEL. NÃO podemos discutir novamente a matéria. A imutabilidade seria não poder decidir de forma diferente, mas mesmo antes disso já teríamos a indiscutibilidade. O juiz deve tratar o ACUSADO com urbanidade, como qq outra pessoa, isto pq até que se prove o contrário ele é inocente. Esse comando é destinado ao juiz. É o MP que deve provar que o acusado é culpado. A regra de tratamento influencia a prisão. Se é inocente, em regra, não pode haver antecipação da pena, SALVO se tiver CARÁTER CAUTELAR, ou seja, com o objetivo de proteger o processo de conhecimento, prevenir o processo. O processo cautelar PREVINE MAS NÃO SATISFAZ (não pode ser um processo satisfatório). Previne pq visa proteger o próprio processo. Só pode prender antes da sentença penal condenatória QDO A LIBERDADE DO ACUSADO PUDER PREJUDICAR O PROCESSO. Art. 312, CPP - A prisão PREVENTIVA poderá ser decretada como garantia de ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, QDO HOUVER PROVA DA EXISTÊNCIA DO CRIME E INDÍCIO SUFICIENTE DE AUTORIA. A prisão preventiva INDEPENDE de S.J.T.J. Acabamos de destacar que a prisão cautelar só poderia ser usada para proteger o processo, mas o dispositivo acima traz outras 2 garantias que não estão relacionadas (ordem pública e econômica). Somente a instrução criminal e a aplicação da lei penal estão ligadas ao processo. Esse artigo vai de encontro ao Princípio da Presunção de Inocência, assim é PARCIALMENTE INCONSTITUCIONAL, uma vez que a prisão para garantir a ordem econômica não tem natureza cautelar. Qual é a finalidade da pena? PREVENÇÃO (prevenir a ordem pública). Temos a prevenção GERAL e a ESPECÍFICA. Assim qdo prendemos alguém com o intuito de proteger a ordem pública, ela deixa de ter natureza cautelar e passa a ter NATUREZA SATISFATIVA. Esse é um entendimento minoritário. A corrente majoritária adota o art. 312 do CPC em sua plenitude. REGRA DE JULGAMENTO Temos uma regra de DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. Todos têm a possibilidade de produzir provas, mas nem todos têm o ônus da prova. O ônus traz para quem o tem um PREJUÍZO caso não o cumpra. Vai sofrer as consequências pela SUCUMBÊNCIA. Quem tem o ônus sofre as consequências de sua inércia. No processo penal, o ônus da prova é TODO DA ACUSAÇÃO (do MP ou do querelante). Ambas as partes podem provar, mas o RÉU NÃO SERÁ CONSIDERADO CULPADO SE NÃO CONSEGUIR PROVAR QUE É INOCENTE. Basta que o MP não consiga provar que o acusado é culpado para que ele não seja condenado. Lembrando que ele é inocente até que se prove o contrário. PRESUNÇÃO RELATIVA O MP terá que provar que se trata de m FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO E CULPÁVEL, ou seja, que há um crime com todos os seus elementos. Em caso de dúvida, não será condenado (PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REU). Art. 156, CPP - A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo porém facultado ao juiz: I - ordenar, mesmo ANTES de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes; II - determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante. A CF determina que qdo o juiz tiver dúvida o acusado seja declarado inocente. Qual a NATUREZA JURÍDICA DA PROVA? É um DIREITO correlato ao direito de ação e de defesa. Direito de provar as alegações. O juiz tem direito no processo? Não, pois não é parte, e esse é um direito inerente às partes. Logo não poderia provar nada. A determinação da produção de provas só serve para buscar a condenação, pois se quiser absolver basta alegar que está em dúvida (in dubio pro reu). E o dispositivo determina que a diligência seria justamente para dirimir dúvidas. Qdo há provas insuficientes ou ineficientes o juiz deve absolver. É o MP que deve fazer melhor o seu trabalho. REGRA DE GARANTIA VEDAÇÃO DA PROVA ILÍCITA. Um mero raciocínio de que se alcançaria a prova não pode apagar a ilicitude de sua obtenção. Uma prova ilícita (obtida com tortura ou invasão de domicílio, por ex) não pode convalidar baseando-se na hipótese de que a polícia faria bem o trabalho. PRINCÍPIO DA RESERVA DE JURISDIÇÃO A cláusula determina que o juiz tem o MONOPÓLIO DA ÚLTIMA PALAVRA SOBRE TODAS AS COISAS. Isto pq nenhuma ameaça ou lesão a direito será afastado do Judiciário. Incluindo o controle de constitucionalidade. Em alguns temas o Judiciário tem o monopólio da 1ª veze da última palavra (apenas esse Poder pode deliberar). Discute-se então os limites desse monopólio. Quais os temas estão cobertos? Qual o tamanho dessa cláusula? Esses temas são ditos reservas de jurisdição, mas há divergência: DOUTRINA - defende que estão cobertos: 1) PRISÃO 2) BUSCAS DOMICILIARES 3) INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 4) SIGILOS FISCAL, BANCÁRIO E TELEFÔNICO STF - tem uma visão mais restrita, considera apenas: 1) PRISÃO 2) BUSCAS DOMICILIARES 3) INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA Assim o STF considera que uma CPI pode determinar a quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico. PRISÃO Somente o Judiciário pode determinar a prisão. A prisão em flagrante só se efetiva se o juiz, ao tomar conhecimento, decidir que permanecerá preso, mas ele pode decidir pelo relaxamento da prisão. BUSCA DOMICILIAR Tb é reserva, SALVO: FLAGRANTE DELITO, DESATRE, PRESTAR SOCORRO, DURANTE O DIA POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL. NEM A CPI NEM A POLÍCIA PODEM DETERMINAR ESSA BUSCA. SIGILO De acordo com o art. 58, par. 3°, as CPIs, que terão PODERES DE INVESTIGAÇÃO PRÓPRIOS DAS AUTORIDADES, além de outros previstos nos regimentos das Casas, serão criadas pela CD e SF, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao MP, para que este promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. A expressão acima grifada pode dar a idéia de que as CPIs podem realizar o mesmo que o Judiciário, mas nem mesmo as comissões podem se manifestar sobre as reservas de jurisdição. Se uma CPI precisar de uma medida constante do rol de reservas terá que pedir AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. A CPI pode determinar a CONDUÇÃO COERCITIVA, mas o depoente pode permanecer em silêncio nas perguntas que possam incriminá-lo, ou seja, terá as mesmas garantias que são asseguradas num depoimento no Judiciário. Obs.: INTERCEPTAÇÃO = escuta telefônica QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO = números das ligações PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO Hoje as ilicitudes são mais sutis, diferente da época da ditadura. Temos a previsão de constar no novo CPP a duração máxima do depoimento, baseado mais uma vez na presunção de inocência (regra de tratamento). E se é inocente não poderia ser submetido a um exaustivo depoimento. COMETIMENTO DO CRIME X FLAGRANTE DELITO O que autoriza a entrada sem mandado é o flagrante, ou seja, o policial através dos seus sentidos (visão, audição, ...) consegue perceber, por exemplo, que alguém entrou na casa com as drogas. Diferentemente do policial que recebe uma denúncia anônima e invade a casa, nesse caso há apenas cometimento do crime. Esse último ingresso é ilícito e todas as provas seguintes serão ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO graças a violação do princípio de preservação do domicílio. Uma denúncia anônima não pode valer mais que a autorização judicial, e esta só permite o ingresso durante o dia. Os fins não podem justificar os meios. A defensoria deve ser avisada em 24h sobre a prisão, caso contrário será ilegal e por isso deve ser relaxada. Ex.: Policiais, sabendo que "Dunga" é traficante delivery, prendem o mesmo por estar com cigarro de maconha. Nesse momento o telefone dele toca, um dos policiais atende e finge ser o traficante. Marca então um encontro com um comprador. Esse usuário é identificado e convocado como testemunha para provar o tráfico. Sem mais nenhuma outra prova, o juiz absolve Dunga pq o policial não podia ter atendido o telefone nem ter induzido o usuário ao erro. Esse testemunho (prova) é ilícito por derivação. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO Muitos justificam o art. 156 do CPP (que permite ao juiz solicitar diligências) com o Princípio da VERDADE REAL. No processo civil vigora o Princípio da Verdade FORMAL, mas no penal o juiz deveria se contentar com a verdade das provas apresentadas. Há, no entanto, quem conside a verdade real um mito. Trabalham com a verdade POR APROXIMAÇÃO, buscam uma verdade mínima, eticamente possível, ou seja, aquela obtida através dos limites dos direitos fundamentais que devem ser assegurados no processo penal. A própria CF afasta as provas obtidas por meio ilícito, ou seja, ainda que seja obtida a verdade real por meio dessas provas, elas não serão consideradas. A possibilidade de TRANSAÇÃO PENAL tb demonstra que a verdade real é PRESCINDÍVEL (dispensável). Esse é um entendimento moderno que revela que o Princípio da Verdade real vem sendo ultrapassado. Não teria amparo na CF. E mesmo considerando que o art. 156 possa ser aplicado, isso só ocorrerá em casos muito excepcionais. A razoável duração do processo consta do rol do art. 5° da CF, assim é uma GARANTIA FUNDAMENTAL. Alguns defendem que seria uma norma programática mas o Prof. Nicolitt entende que este entendimento está ultrapassado. É um erro pois o par. 1º do mesmo art. garante que "as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm APLICAÇÃO IMEDIATA", ou seja, o juiz não vai esperar outra lei para aplicar. Caberia, inclusive, MANDADO DE SEGURANÇA para garantir o direito líquido e certo. A dificuldade neste princípio está ligada ao que a doutrina chama de CONCEITOS VAGOS E INDETERMINADOS, ou seja, não precisos. Assim surgem 2 doutrinas: 1) DOUTRINA DO NÃO-PRAZO 2) DOUTRINA DO PRAZO FIXO DOUTRINA DO PRAZO FIXO Diz que a LEI tem que estabelecer qual o prazo máximo que um processo pode durar. Sustenta isso com base no Princípio da Legalidade e tb como forma de impedir o arbítrio do juiz. Defendida por Auri Lopes Jr., Néstor Pastor. DOUTRINA DO NÃO PRAZO Defende que não há como fixar em lei essa duração pq somente analisando o caso concreto é possível dizer se durou muito ou pouco, pois cada processo tem as suas peculiaridades. Defendida pelo Nicolitt. A origem da RAZOABILIDADE visa a análise do caso concreto. Além disso a falta da lei não pode impedir a aplicação do Princípio. É função do Judiciário definir conceitos vagos e indeterminados. O juiz pode concretizá-los no caso concreto, ele é um individualizador. As penas, por ex, vão de X a Y, o juiz determina qual será aplicada. O processo tem que ser célere mas não pode inviabilizar a defesa. As metas do CNJ trouxeram sentenças absurdas, extinção do processo de qq forma, dentre outros prejuízos. A duração razoável não quer dizer andar rápido, mas sim um tempo no qual as garantias sejam asseguradas e o acesso à justiça não tarde. Uma justa medida para que haja ampla defesa, contraditório sem que a prestação jurisdicional demore. Do ponto de vista sistêmico o juiz é o maior guardião das garantias fundamentais. Assim apesar de ser tb o juiz muitas vezes o violador dessas garantias, essa guarda não pode ser retirada dele. Como somos signatários de Tratados Internacionais, desde de 1992, antes mesmo da EC 45, já temos garantida a razoável duração. PARÂMETROS PARA AVALIAR A DURAÇÃO DO PROCESSO: 1) O primeiro passo é avaliar a duração. QUAL O TERMO INICIAL E O TERMO FINAL da contagem? Qual o período a se considerar? Qual o momento em que começamos a contar? PROCESSO CIVIL: em regra, o termo inicial é a distribuição da ação, e só cessa qdo há efetiva satisfação da pretensão (esgotamento da execução). Não termina com o trânsito em julgado. O autor não quer a sentença, ele quer a execução. A sentença não garante que a parte vai pagar. REGRA NO PROCESSO CIVIL: - TERMO INICIAL: DISTRIBUIÇÃO DA AÇÃO - TERMO FINAL: SATISFAÇÃO DA PRETENSÃO (ESGOTAMENTO DA EXECUÇÃO) Mas há exceções, como por ex, a Junta de Conciliação Prévia na Justiça do Trabalho. É uma fase anterior ao processo. REGRA NO PROCESSO PENAL: - TERMO INICIAL: INQUÉRITO COM INDICIAMENTO - TERMO FINAL: TRÂNSITO EM JULGADO O termoinicial NÃO OCORRE COM O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA e exige a investigação com suspeito. O termo final ocorre com o trânsito pq é qdo se forma um juízo de certeza, uma resposta para a acusação. A duração razoável será aplicada tanto no âmbito administrativo quanto no judicial, ou seja, desde quando houver atividade do Estado em relação ao indivíduo. Por isso o inquérito é o início. Tb há exceções, como por ex, a quebra de sigilo que pode dar início a contagem do prazo. No processo penal, ao contrário do civil, o Estado está obrigado a executar. Teremos um novo termo inicial, agora do processo de execução penal, após findo o processo de conhecimento. ATENÇÃO: Não é toda dilação que tornará irrazoável. Apenas as dilações indevidas ferem o princípio, mas tb temos as demoras justificadas. Agora com o período a se considerar, analisaremos 3 critérios: 1) COMPLEXIDADE DA CAUSA 2) COMPORTAMENTO DAS PARTES 3) COMPORTAMENTO DA ATIVIDADE JUDICIAL COMPLEXIDADE DA CAUSA Essa complexidade pode ser: - JURÍDICA - FÁTICA - PROCESSUAL A duração razoável não se confunde com o cumprimento de prazos. Exs.: A pesquisa com células-tronco tem uma complexidade jurídica. Despejo X Usucapião com necessidade de perícia: a última é muito mais complexa. Uma ação com 48 litisonsortes tem uma complexidade processual, pode ser difícil citar todos. Uma turista, moradora da Afeganistão, é assaltada em Búzios X uma vítima que mora na cidade (no caso da estrangeira terá que haver carta rogatória). Há casos que envolvem MAIS DE UMA COMPLEXIDADE, por ex, usucapião com 40 litisonsortes (complexidades fática e processual). COMPORTAMENTO DAS PARTES Ex.: Uma das partes faz tudo para que o processo não se desenvolva. ATENÇÃO: O RÉU NÃO TEM Q COLABORAR COM O PROCESSO. Para garantir a sua ampla defesa, pode, inclusive, fazer demorar e não será punido. COMPORTAMENTO DA ATIVIDADE JUDICIAL Qdo o juiz não se comporta bem, dificilmente, será possível justificar a duração irrazoável. Temos DILAÇÕES FUNCIONAIS e ESTRUTURAIS. As dilações funcionais estão ligadas à atividade do juiz. Pode ser pela HIPERATIVIDADE INÚTIL ou pela NÃO-ATIVIDADE. O processo pode demorar pq o juiz não despachou, mas a hiperatividade inútil pode ser muito mais prejudicial. Atuar muito, mas despachar mal, compromete o andamento (despacha sem fazer um juízo crítico ou despacha sem necessidade). Às vezes demorar um pouco mais, porém obter uma resposta, pode ser muito melhor. As dilações estruturais ou organizativas estão relacionadas com a própria estrutura do Judiciário (falta de papel ou de funcionário, por ex). Consequência da Duração Irrazoável: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. Dilação Funcional - responsabilidade SUBJETIVA (tem q provar erro judicial) Dilação Estrutural - responsabilidade OBJETIVA No âmbito penal teremos as SOLUÇÕES. Para alguns a duração irrazoável do processo, por si só, já é uma sanção pois traz uma angústia para o réu. Algumas propostas: - abater o período do processo do total da pena; - declarar a nulidade do processo, que inibiria qq outro sobre o mesmo fato - extinção do processo por falta de interesse de agir (a sentença / condenação já não teria mais utilidade, diante da demora no processo ocorreria mudança na sociedade) - Nicolitt (art 60 do CPP): temos nesse dispositivo a PEREMPÇÃO (causa de extinção da punibilidade). O professor defende que o dispositivo deveria ser aplicado analogicamente qdo o Estado agir com DESÍDIA. Mas só temos a previsão de punição para a desídia do querelante. Temos um Estado autoritário. A duração razoável tb não se confunde com a PRESCRIÇÃO. Se fosse assim todo processo de homicídio poderia durar 20 anos. PRINCÍPIO "NEMO TENETUR SE DETEGERE" (veda a auto incriminação coercitiva) Ninguém é obrigado a constituir prova contra si mesmo. Aparece na CF (direito ao silêncio - direito que engloba outras características além dessa), e é bem protegido pela jurisprudência, inclusive no Supremo. Ex.: A pessoa não é obrigada a oferecer padrões vocais para perícia de voz, amostras biológicas para exames DNA, soprar no bafômetro... Seriam provas necessárias para a comprovação de um CRIME. No caso de infração administrativa, o Estado pode impor regras. Por exemplo, pode impedir que o carro circule na via sem a vistoria ou sem o cinto. Intervenções Corporais Se há uma recusa, não poderá ser feita. E isso não pode gerar nenhuma PRESUNÇÃO de "culpa" sobre o indivíduo. Obs.: A obrigação de passar por detector de metais é regra de segurança, assim pode ser exigida. A pessoa não é obrigada a viajar, mas se quiser terá que cumprir essa exigência. Por outro lado, o STF, apesar de aplicar o princípio, determina que se tudo isso for obtido fora do corpo será admitido. Ex.: O cantor Belo - o seu CD pode ser usado para comprovação de voz. Tb é possível recolher documentos escritos, restos de cabelo no salão de beleza, restos de lixo, fezes... . Se estiver dentro da casa pode ser objeto de busca e apreensão (mas há a necessidade de mandado). Caso Gloria Trevi - estava presa e engravidou nas dependências da justiça. Alegou ter sido violentada, com isso 61 pessoas passaram a suspeitos. Todos se dispuseram a oferecer amostra de sangue para verificar a paternidade. Ela, no entanto, se recusou. Requereu-se então a busca e apreensão da PLACENTA e o STF autorizou. O Supremo alegou ter a placenta a natureza jurídica de coisa (lixo hospitalar), uma vez descolada do corpo. As normas sanitárias, inclusive, não permitem que a mulher guarde essa placenta. Apenas a intimidade dela seria violada, pois todos ficariam sabendo com quem ela teve relação sexual. Mas o STF entendeu que o interesse dos 61 suspeitos era maior. Obs.: Dar uma olhada no voto desse caso, é interessante a forma como trata dos direitos fundamentais. PERSECUÇÃO PENAL Toda atividade do Estado tendente a elucidar os fatos que envolvem o crime (PERSEGUIMENTO DO CRIME). Dividida em 3 fases: - INVESTIGAÇÃO CRIMINAL - AÇÃO PENAL - EXECUÇÃO PENAL 1) INVESTIGAÇÃO CRIMINAL AUTORIA MATERIALIDADE A investigação criminal NÃO é exclusividade da polícia, temos as CPIs e investigações no âmbito administrativo. A investigação se dá através de um inquérito policial. FUNÇÕES DE POLÍCIA = POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA O conceito de polícia administrativa está no art. 78 do CTN. É OSTENSIVA e PREVENTIVA. Já a Polícia Judiciária é INDIVIDUALIZADA E REPRESSIVA. Dizemos funções pq a polícia judiciária não tem uma corporação específica, uma instituição. É uma função, exercida às vezes pelas CPIS. A questão da segurança pública e suas corporações estão no art. 144 da CF. Neste dispositivo percebemos que: Polícia Federal: tem a função de polícia judiciária e administrativa Apurar infrações penais...: judiciária Prevenir tráfico de entorpecentes: administrativa Fiscalizar fronteiras/ aeroportos: administrativa Polícia Civil: judiciária. Isso não quer dizer que não faça a função de polícia administrativa (ex.: blitz), mas precipuamente será judiciária. Polícia Militar: precipuamente administrativa, mas pode apurar os crimes militares (logo tb exerce a função judiciária). AUTORIA E MATERIALIDADE Quem praticou o fato e a prova material do fato. Ex.: Um pó branco pode ser maizena ou pó de extintor de incêndio, é preciso algo que ateste a materialidade (exame). INQUÉRITO POLICIAL - Autoridade Policial Principal instrumento da Polícia. Tem natureza jurídica de procedimento administrativo investigatório. Conjunto de atos administrativos que tem por escopo elucidar a autoria e materialidade do fato. A autoridade policial - DELEGADO DE POLÍCIA-é responsavél pelo inquérito (não é o agente). Obs.: Não há hierarquia entre as polícias, mas sim atribuições de investigação para cada uma dessas polícias. Podem inclusive trabalhar em cooperação. Ex.: Furto na UERJ - apurado pela polícia estadual Furto na UFF - apurado pela polícia federal Se um policial estadual presenciar o furto na UERJ terá que atuar, mas a federal vai lavrar o auto de prisão. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL - lnquisitivo - Informativo - Sigiloso - Escrito - Dispensável/Prescindível - Indisponível - Sistemático - Unidirecional 1) INQUISITITIVO O inquérito é DESPROVIDO DE CONTRADITÓRIO, não há exercício de defesa. Simplesmente o indivíduo é investigado, não precisa ser intimado. Pode até ser guardado sigilo, o indivíduo não precisa saber que há um inquérito. Obs.: Não cabe ao indiciado argüir a suspeição do delegado, mas este pode declará-lá. 2) INFORMATIVO Se presta tão somente a produzir INFORMAÇÕES. As provas só existem a partir do contraditório, durante o processo (na instrução). Essas informações não podem servir para convencimento do juiz (para decidir a causa, condenar o réu). Só serve para convencer o promotor a oferecer ou não a denúncia, e para permitir ao juiz aceitar ou não a mesma. O juiz vai avaliar se existe elemento mínimo de autoria e materialidade, decidir sobre a admissibilidade da denúncia. Art. 155, CPP - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da PROVA produzida em CONTRADITÓRIO JUDICIAL, não podendo fundamentar sua decisão EXCLUSIVAMENTE nos elementos informativos colhidos na investigação, RESSALVADAS as PROVAS cautelares, não-repetíveis e antecipadas. Ex.: É possível produzir provas de forma antecipada. Uma turista norueguesa é assaltada em Búzios, vai voltar em 3d para o exterior. O promotor pode solicitar ao juiz que o depoimento dela seja colhido antecipadamente. Ainda não há denúncia, nem encerramento do inquérito, etc., mas é feita uma audiência para ouvir apenas aquela testemunha. Isso não é do inquérito, já é do processo cautelar. Não precisará ser repetido esse testemunho. Medida cautelar - ex.: decreta escuta telefônica ainda durante a investigação, o contraditório tb é postergado. Poderá questionar, pois a gravação vai ser ouvida em juízo. Provas Não-repetíveis - contraditório diferido, postergado. Ex.: exame cadavérico - será feita necropsia porque caso contrário haverá a putrefação. Essa prova não poderá ser repetida, mesmo que faça a exumação o exame não será o mesmo. O juiz pode fundamentar sua decisão nessa prova, fazer referência a esse laudo. Ocorrerá contraditório durante o processo (ex.: contestação do laudo). O CPP quando menciona "...não podendo fundamentar sua decisão EXCLUSIVAMENTE nos elementos informativos colhidos na investigação ..." poderia nos fazer pensar que o juiz pode usar parte do que foi obtido por meio do inquérito e parte por meio de provas. Uma mistura do inquérito e do processo. Isso não poderia ser assim porque contraria a CF que assegura sempre o contraditório. O convencimento do juiz deve estar fundamentado nas PROVAS (elementos do processo). Se retirar os elementos do inquérito e não conseguir condená-lo, tem que absolver. CASO CONTRÁRIO A DECISÃO DO JUIZ É NULA, PQ VIOLOU A CF. Ex.: Vale o depoimento prestado em juízo, porque este foi feito perante ambas as partes (com contraditório). Há inclusive quem defenda que depois de recebida a denúncia, o inquérito deveria ser retirado do processo. Isto porque já cumpriu sua função. O juz não pode usar, para não violar o contraditório. TRIBUNAL DO JÚRI - poderá ser usado o inquérito? Quando o juiz decide ele tem que fundamentar (apesar do livre convencimento), já o júri absolve ou condena com base na ÍNTIMA CONVICÇÃO (não fundamenta). Para assegurar o contraditório, o inquérito deveria ser retirado dos autos e as partes não poderiam se reportar ao mesmo. Se isso ocorrer o conselho de sentença deverá ser desfeito. 3) ESCRITO Art. 9, CPP - O inquérito será reduzido a escrito. É LAVRADO UM AUTO (de conhecimento, de entrega do bem, de prisão em flagrante ...) Todos os atos do processo devem ser lavrados. 4) SIGILOSO Art. 20, CPP - A autoridade guardará o sigilo necessário O sigilo tem uma dupla função: GARANTISTA e UTILITARISTA GARANTISTA: preservar o indiciado, não ser exposto. UTILITARISTA: em sigilo consegue investigar melhor. Pode ser classificado em: EXTERNO - não há informação para ninguém da sociedade INTERNO - diz respeito as figuras que atuam (indiciado e seu advogado). Pode ser total ou parcial (No total nenhum dos 2 têm acesso. Nós adotamos o parcial, no qual o advogado terá sempre acesso aos autos). Súmula Vinculante 14, STF - Mesmo quando se decreta o sigilo das informações, o advogado tem direito a ter acesso sobre tudo o que foi documentado (reduzido a escrito). Não tem direito as que estão em curso. Serve para garantir a ampla defesa. O advogado vai começar a construir a defesa, apesar de não pode contestar nada durante o período de inquérito. 5) DISPENSÁVEL (PRESCINDÍVEL) O MP não está obrigado a fundamentar sua denúncia no inquérito. Não está obrigado a oferecer a ação penal com base no inquérito. Pode usar qualquer documento que lhe forneça elemento mínimo de autoria e materialidade. Pode OBTER A JUSTA CAUSA com outros materiais. Pode nem mesmo instaurar o inquérito. Ex.: obtido através de uma CPI 6) INDISPONÍVEL Uma vez instaurado o inquérito, o DELEGADO de polícia não pode arquivá-lo. O mesmo só pode ser arquivado com intervenção do MP ou do juiz. O órgão que determina o arquivamento é externo. Art. 17, CPC - A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Há uma controvérsia interessante no art. 5 par. 3 do CPP: "Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar o inquérito". Esse artigo nos permite discutir a VPI (Verificação da procedência das informações, uma espécie de investigação prévia para ver se o fato narrado por uma pessoa na delegacia tem procedência. O delegado então decide se vai arquivar ou instaurar o inquérito. A VPI é um PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. Não reconhecemos a natureza das coisas pelo nome que é dado a elas, assim a autoridade policial não pode instaurar qualquer procedimento administrativo e arquivá-lo, não importa se o chama de VPI ou de qualquer outro nome. Isso daria margem a muita corrupção. Mas há quem defenda que se toda VPI se tornasse inquérito o MP não teria como lidar com todos. Essa investigação, no entanto, é a priorística (por exemplo, uma pessoa narra ter sido seqüestrada por ETs, o delegado não vai instaurar o inquérito, ou então não se trata de crime mas sim esfera cível). Temos 2 correntes: uma que fundamenta a possibilidade de VPI no par. 3 do art. 5 e outra que defende que somente o MP ou o juiz podem mandar arquivar. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO: PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO 7) SISTEMÁTICO O inquérito é organizado de forma a criar uma seqüência lógica, de forma cronológica. 8) UNIDIRECIONAL Ele se destina unicamente para o MP, para convencê-lo ou não a oferecer a denúncia. E não ao convencimento do juiz. O juiz não aprecia o inquérito, ele aprecia a denúncia ou a queixa crime. INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO O inquérito é instaurado quando temos a NOTÍCIA CRIME (pressuposto). Pode ser instaurado através de uma PORTARIA ou de uma APF. A portaria é um ATO ADMINISTRATIVO, que decorre de uma notícia crime MEDIATA (pessoa narra o fato na delegacia). Mas tb pode ocorrer quandoesta notícia crime for IMEDIATA, ou seja, a própria polícia toma conhecimento do crime. Neste último caso, o inquérito será instaurado através de uma APF (AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE). Dentro de instauração temos 2 perguntas: o porquê da instauração e como será instaurado o inquérito. ATO DE INSTAURAÇÃO INQUÉRITO POLICIAL -------------- PORTARIA ou APF MOTIVO DA INSTAURAÇÃO: NOTÍCIA CRIME DENÚNCIA - - - - - - - -pe t ição in ic ia l do MP d i rec ionada ao---------------------------JUIZ QUEIXA CRIME---petição inicial feita pelo ofendido através de advog------JUIZ NOTÍCIA CRIME -------qualquer pessoa----qualquer forma--------------- POLÍCIA Obs.: No caso da notícia crime, até mesmo uma notícia de jornal pode servir para a instauração de um inquérito. Assim como um telefonema, que tb é uma forma. A denúncia e a queixa crime podem OU NÃO ser precedidos de INQUÉRITO, como já vimos este é dispensável. Eventualmente a notícia crime pode ser direcionada ao próprio MP (e não a autoridade policial), e este, se entender que os fatos apresentados são suficientes, pode oferecer a denúncia sem determinar a instauração de IP. Denúncia - ação penal PÚBLICA Queixa Crime - ação penal PRIVADA Quando for privada, o inquérito será entregue ao ofendido (através de cópias). Só é direcionado ao MP quando a ação for pública (seja condicionada ou incondicionada). INSTAURAÇÃO NAS DIFERENTES HIPÓTESES DE AÇÃO PENAL: AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA ou AÇÃO PENAL PRIVADA Nesses casos só pode instaurar o inquérito se for manifestada a vontade do ofendido ou da vítima. Ex.: O estupro é crime de ação condicionada a representação, assim o auto de prisão em flagrante só pode ser lavrado se a vítima representar. Sendo o APF a instauração do inquérito, como o policial faz na prática quando percebe na rua a vítima sendo estuprada? Prende em flagrante ou espera a representação? A PRISÃO SE DESDOBRA EM 2 MOMENTOS (prisão captura e o APF). Nesse caso, será feita a prisão CAPTURA. O criminoso será levado para a delegacia, e ANTES de lavrar o APF o delegado verificará se a vítima deseja representar. Ela pode renunciar a esse direito, não representar naquele momento (tem 6 meses para fazer) ou então decidir pela representação. A REPRESENTAÇÃO É RETRATAVEL ATÉ O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. AÇÃO PENAL PRIVADA: Tb exige a representação da vítima. DESENVOLVIMENTO DA INSTAURAÇÃO Art. 6, CPP - O delegado pode apreender objetos NO LOCAL DO CRIME, qualquer outra busca e apreensão depende de AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. No inquérito temos a oitiva e não o interrogatório, mas hoje este termo já está vulgarizado. Identificação datiloscópica - hoje a CF veda a identificação criminal qdo a pessoa puder ser identificada civilmente (identidade civil). Caso essa pessoa não tenha registro, nesse momento será identificado através das digitais e lhe será atribuído um número. Isso não impede que ele seja processado e condenado por seu crime. Art. 10, CPP - Encerrado o inquérito, este será ENCAMINHADO AO JUIZ. As promotorias ficam vinculadas a um juiz. Quando recebe o inquérito, o juiz não faz nada, apenas encaminha ao MP. O inquérito passa pelo juiz formalmente, mas o destinatário é o MP. Toda a doutrina critica esse envio ao juiz, uma vez que o mesmo não se envolve na fase de inquérito. No entanto, dessa forma o juiz poderia verificar se há duração razoável do inquérito. Nicolitt defende que quando irrazoável, o juiz poderia arquivá-lo. ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO Uma vez encerrado será feito um RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO e então remetido ao juiz. Art 10, par. 3 - o juiz acompanha para avaliar se a duração razoável está sendo respeitada. Quando houver violação desse princípio que se aplica tb a fase administrativa, o juiz pode mandar arquivar o inquérito. Quando o inquérito encerrado (relatado) chega ao MP, este pode: - denunciar - requerer baixa para diligências - declinar da atribuição - requerer o arquivamento Se o MP encontrar no IP indício de autoria e materialidade do fato ele oferece denúncia. Mas caso não encontre esses indícios, mas percebe que a autoridade policial ainda pode promover outras diligências (ele pede baixa para diligências). Art. 16,CPP - Caso o MP, por exemplo, perceba que não tem competência, ele declina, remete os autos do IP para a esfera respectiva ou do local correto. Se o delegado já fez tudo o que poderia fazer, ele pode requerer o arquivamento do IP. Quando requer ao juiz o ARQUIVAMENTO, o juiz dá uma DECISÃO. NATUREZA JURÍDICA DA DECISÃO: ADMINISTRATIVA. É UM ATO JUDICIÁRIO. NÃO É JURISDICIONAL. O arquivamento é regido pelo "REBUS SIC STANTIBUS", ou seja, dura enquanto assim continuar. Assim, se não havia indícios pode arquivar, mas se estes forem encontrados posteriormente poderá oferecer denúncia. Alteradas as condições fáticas, ela pode ser modificada, mesmo que o IP esteja arquivado. Alguns doutrinações sustentam que a decisão é um ATO COMPLEXO = manifestação do MP + decisão do juiz em arquivar. Nicolitt entende que é o MP quem decide pelo arquivamento do IP, o juiz não tem que exercer nenhum tipo de controle. Mas o CPP atribuir ao juiz uma função anômala, controle atípico: Art. 28, CPP - CONTROLE DO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE - o juiz atua como um fiscal. PGJ (autoridade superior) pode: - denunciar - designar outro órgão para denunciar - insiste no arquivamento O juiz então não de fazer mais nada, só arquivar. Se o promotor pede o arquivamento mas o juiz discorda, ele pode encaminhar para o Procurador de Justiça (remete os autos a autoridade superior), ou então para o órgão colegiado. É como se fosse um RECURSO ADMINISTRATIVO feito pelo juiz, ele sai da inércia e assume a postura de parte. Qual o princípio atua na designação do PGJ para outro órgão denunciar? PRINCÍPIO DA DELEGAÇÃO. Se o designado entender que ele não é competente, pode renunciar ou está obrigada a oferecer a denúncia? Temos 2 correntes: 1) Como se trata de uma função delegada, ele estaria obrigado. 2) Ainda atua com INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (típica do MP), logo não pode ser obrigado a oferecer. Tem que atuar somente com base na lei e na sua consciência. O PGJ teria que designar outro. Nicolitt defende que o art. 28 é INCONSTITUCIONAL, uma vez que o juiz deve ser imparcial, logo não pode buscar a autoridade superior para evitar o arquivamento. Isso muda a lógica do sistema que adotamos, no qual o juiz tem que ser provocado. Esse dispositivo coloca o juiz como parte interessada, viola o sistema acusatório. Deveríamos ter outras formas como, por exemplo, a própria vítima se opor ao arquivamento. Até agora, tratamos do arquivamento expresso, ou seja aquele que o MP requer. Mas a doutrina traz ainda o ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO, que pode ser: 1) OBJETIVO 2) SUBJETIVO Segundo Afranio Silva Jardim, é possível tal arquivamento qdo no IP a autoridade está, por exemplo, investigando 2 sujeitos, mas a denúncia menciona apenas um deles. Ou está apurando 2 crimes (estelionato e furto), e só oferece denúncia quanto ao furto. O estelionato não consta da denúncia, logo não será objeto de apreciação judicial. Assim foi arquivado implicitamente. Objetivo: o OBJETO do IP foi arquivado. Subjetivo: um dos SUJEITOS foi arquivado. A doutrina contesta, alegando que todo arquivamento deve ser expresso. Mas Nicolitt entende que ocorre de forma implícita sim, pois não houve denúncia nem pedido de baixa. DESARQUIVAMENTO Art. 18, CPP - DESARQUIVAMENTO O desarquivamento do IP não possui um retraimento próprio no CPP. O art. 18 traz a possibilidade de desarquivar se tivermos NOTÍCIAS DE NOVAS PROVAS. Precisamos de meras notícias. Súmula 524, STF - PROPOSITURADE AÇÃO Já esse dispositivo, rege a propositura da ação e não o arquivamento. O STfexige o surgimento de NOVAS PROVAS. PROVAS SUBSTANCIALMENTE NOVAS (não bastam as provas formalmente novas). Se tivermos um novo depoimento, mas este não modifica nem a autoria nem a materialidade do fato. Essa prova é apenas formalmente nova, porque não contribui para a mudança. Depois que foi arquivado, só pode ser denunciado se houver uma mudança fática, caso contrário "REBUS SIC STANTIBUS". A s ú m u l a 5 2 4 N Ã O E S T Á R E L A C I O N A D A C O M DESARQUIVAMENTO. Qual a NATUREZA JURÍDICA dessas NOVAS PROVAS da Súmula? Há quem defende que seria CONDIÇÃO ESPECIFICA DE PROCEDIBILIDADE, mas é um equívoco. Na verdade, configuram a JUSTA CAUSA PARA AÇÃO, que faltava e que agora se exige. IMPORTANTE: haviam IP apurando furto cometido por João e José. O promotor denunciou João, mas não falou nada sobre José. Somente João é citado. O promotor saiu de férias, o novo promotor resolve incluir José que ficou de fora. O juiz pode aceitar? SOMENTE PODE SER DENUNCIADO SE EXISTIREM NOVAS PROVAS (diferente de notícias), porque em relação a José ocorreu ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO. Quem entende que não houve arquivamento defenderia que José poderia ser incluído, mas Nicolitt entende pelo arquivamento implícito. ADITAMENTO NO ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO PODERES DE INVESTIGAÇÃO DO MP Existem 2 correntes: 1ª Corrente: PODE INVESTIGAR - TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS - LEGISLAÇÃO DO MP - STF - RESOLUÇÃO DO CNMP Se ele pode mandar instaurar o IP, pq não poderia investigar? Teoria dos Poderes Implícitos - Quem pode mais pode menos. Sendo o MP o maior interessado, e como pode ordenar a investigação, ele poderia tb investigar. A resolução mencionada regulamenta a investigação pelo MP. 2ª Corrente: NÃO PODE INVESTIGAR - FALTA DE PREVISÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL - FUNÇÃO DE CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL - EMENDAS CONSTITUCIONAIS PROPOSTAS E RECUSADAS - STF O MP não teria esse poder porque se a CF quisesse isso teria redigido da mesma forma que o fez quanto a ação civil pública. A CF dotou tão somente o poder de requisitar. Pode buscar uma complementação, mas nunca conduzir a investigação. A CF dotou o MP da função de controle externo da atividade policial, assim se o MP passa a investigar quem controlará essa investigação? Essa necessidade de controle então não permitiria. No Direito nem sempre quem pode mais, pode menos. Isso porque cada um tem funções distintas (ex.: MP pode pedir a condenação e o juiz pode condenar. Mesmo podendo mais -condenar-, o juiz não pode pedir a condenação, que seria menos, porque não há compatibilidade com a sua função). Por duas vezes foram apresentadas EC pretendendo incluir esse poder. Ambas foram rejeitadas. Se são EC, já temos que não há previsão legal, além disso o poder derivado já se manifestou contrariamente. Quanto ao STF temos julgados opostos, mas em sede de turma (órgão fracionário). Um admitindo a possibilidade e outro rejeitando. Ainda não sabemos como o colegiado do STF vai se manifestar. A resolução do CNMP extrapola os seus limites, isto porque não há lei. Uma resolução visa regulamentar uma lei, com essa não existe, está regulando a matéria em si, por isso é inconstitucional. AÇÃO PENAL | | PROCESSO = PÚBLICO / CONTRADITÓRIO | | MINISTÉRIO PÚBLICO CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL QUANTO AO EXERCÍCIO 1) PÚBLICA 2) PRIVADA AÇÃO PENAL PÚBLICA A) INCONDICIONADA - art. 157, CP B) CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO - art. 156, CP. Art. 141 c/c 145, CP C) CONDICIONADA À REQUISIÇÃO Obs.: MESMO QDO ESTAMOS DIANTE DE UMA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA O AUTOR DESTA AÇÃO É O MP. AÇÃO PENAL PRIVADA A) EXCLUSIVAMENTE (ou propriamente DITA) - COMUM - art. 30/31, CPP - PERSONALÍSSIMA - art. 236, CP B) SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA - art. 29, CPP e art. 5°, LIX, CF A ação penal é o segundo momento da persecução penal, a continuação. AÇÃO PENAL ----- JURISDIÇÃO ------ ESTADO A ação penal é essencialmente pública porque a jurisdição é monopólio do Estado, mas quanto ao exercício podemos classificar em pública (MP) ou privada (ofendido, A regra geral: ação penal pública incondicionada. Art. 100, CP - Art. 157, CP - Furto de coisa comum Par. 1 - somente se procede mediante a representação. Art. 138 a 144, CP - o art 145 traz ao fim do capítulo que a ação é pública condicionada. Art. 213 - ver art 225, CP REPRESENTAÇÃO E REQUISIÇÃO São CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DE PROCEDIBILIDADE. Toda ação tem as chamadas condições genéricas da ação. Juntamente com estas, a lei pode exigir condições específicas. Sem estas o MP NÃO pode agir, ou seja, só poderá promover a ação penal se estiverem presentes. A REPRESENTAÇÃO é QUALQUER MANIFESTAÇÃO INEQUÍVOCA DE VONTADE, MESMO INFORMAL (email, carta ....), DE VER INSTAURADA A AÇÃO PENAL. Art. 24, CPP - Par. 1 - Já a REQUISIÇÃO é uma ORDEM do MINISTRO DA JUSTIÇA, que ocorre nos crimes contra Presidente da República ou autoridades estrangeiras. Obs.: Nicolitt entende que caso a Presidenta Dilma seja injuriada a representação dela SUPRE a requisição do Ministro da Justiça. Este Ministro recebe ordens da Presidenta, age em nome dela. O comando é superior. Mesmo assim se mantém como ação penal publica condicionada à requisição. Na caso da autoridade estrangeira, teríamos a soberania, interesse nacional na persecução do crime. Crimes contra a honra de funcionário público - legitimidade concorrente - o funcionário pode representar ao MP ou oferecer de forma privada. REPRESENTAÇÃO Art. 25, CPP - A representação será IRRETRATÁVEL, depois de oferecida a denúncia. Ocorrerá então o arquivamento do inquérito. A persecução penal é interrompida. Se torna irretratável com o OFERECIMENTO da denúncia, e não com o RECEBIMENTO da denúncia. Antes mesmo de chegar nas mãos do juiz, basta ter sido distribuída. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA OBRIGATORIEDADE OPORTUNIDADE INDISPONIBILIDADE DISPONIBILIDADE INDISPONIBILIDADE Obrigatoriedade - o MP será obrigado a oferecer a ação penal quando estiverem presentes os indícios de autoria e materialidade do fato. Indisponibilidade - uma vez oferecida a ação, o MP não pode desistir da mesma. É uma consequência lógica do Princípio da Obrigatoriedade. Art. 42, CPP - Art. 576, CPP - A doutrina tradicional defende que o MP tb não poderia desistir do recurso. Mas a doutrina mais moderna (minioritária) entende que o MP não é obrigado a recorrer, e se o recurso não é obrigatório o MP poderia desistir dele. Graças ao PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (previsto na CF). O art. 576 não poderia suprimir o princípio constitucional. Já a ação penal é obrigatória, logo não pode desistir. Oportunidade - o querelante/ofendido decide se vai propor ou não a ação penal. Ele que vai verificar a oportunidade e conveniência. Cabe a ele decidir se quer discutir ou não, em função dos bens envolvidos. Disponibilidade - consequência do Princípio da Oportunidade. O querelante pode desistir. Mecanismos para decidir sobre a oportunidade e conveniência da ação penal: 1) RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA: como o ofendido tem a conveniência e a oportunidade de oferecer ou não, ele pode renunciar. A RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA IMPORTA EM EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. A renúncia pode ser EXPRESSA ou TÁCITA (ex.: convida para ser sua madrinha de casamento, independentemente da injúria). 2) DECADÊNCIA: 6 MESES para oferecer a queixa. Uma vez oferecida aação penal PRIVADA é possível DISPOR desta através dos seguintes instrumentos: 1) PERDÃO DO OFENDIDO 2) PEREMPÇÃO O perdão tb pode ser EXPRESSO ou TÁCITO. Pode ser PROCESSUAL ou EXTRA-PROCESSUAL. Ex.: Uma carta ou uma escritura pública. Ou qualquer ato incompatível. PERDÃO X RENÚNCIA A renúncia ocorre ANTES do oferecimento da queixa, necessariamente. É UNILATERAL. O perdão é POSTERIOR, e será BILATERAL, ou seja, o ofendido TEM QUE ACEITAR. Pode querer provar que é inocente, e se aceitar o perdão pode parecer que era culpado. Art. 60, CPP - A PEREMPÇÃO é a desídia do querelante. Ex.: Deixa de formular pedido de condenação ou quando pede a absolvição. ATENÇÃO: Esta última parte apesar de não constar expressamente no dispositivo, cabe esta interpretação (art. 60, III). Nesse caso a punibilidade tb é extinta. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE Arts. 48, 49 e 51 A ação penal é indivisível. O ofendido pode até escolher se vai propor ou nao a ação, se vai prosseguir ou nao. No entanto, NÃO PODE ESCOLHER CONTRA QUEM VAI PROPOR A AÇÃO. Ex.: João e Maria ofenderam José. Ou José propõe contra ambos ou contra nenhum dos dois. Art. 48, CPP - Como o MP vai velar pela indivisibilidade na ação penal privada? Ex.: José propõe apenas contra João. Art. 45 - ADITAMENTO - pode ser PRÓPRIO ou IMPRÓPRIO. PRÓPRIO se subdivide em: 1) SUBJETIVO 2) OBJETIVO IMPRÓPRIO se subdivide em: 1) RETIFICAÇÃO 2) RATIFICAÇÃO ADITAR significa adir, acrescentar. O aditamento PRÓPRIO tem natureza de ACUSAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA do aditamento - IMPUTAÇÃO SUBJETIVO - incluir um NOVO SUJEITO, estender a imputação a ele. OBJETIVO - incluir um FATO NOVO CONTRA O SUJEITO. Ex.: incluir no furto uma falsificação de documento. O MP só pode fazer um aditamento PRÓPRIO quando diante de uma ação penal PÚBLICA. Na ação penal PRIVADA o MP não tem legitimidade para ACUSAR. Temos 3 correntes diante da divergência: 1) Poderá aditar na forma do art. 45, CPP. 2) Se o querelante conhecia todos os autores do fato e só propõe contra um, ele RENUNCIA em relação aos outros. Art. 49 - Art. 51 - O MP não pode aditar PARA INCLUIR O OUTRO, mas pode estender a renúncia ou perdão a todos. Mas se o ofendido não sabia de todos os autores, e isso só vem a tona durante o processo, nesse caso o MP PODERÁ ADITAR PARA INCLUÍ-LO. 3) Não pode aditar NUNCA. Corrente defendida por Nicolitt. O art. 45 se encontra no CPP no tratamento dos REQUISITOS FORMAIS. Nicolitt entende que estaria, assim, ligado ao aditamento IMPRÓPRIO. Obs.: O querelante pode aditar a queixa desde que dentro do prazo decadencial (mesmo que durante o processo). E A AÇÃO PENAL PÚBLICA É INDIVISÍVEL? Apesar de o CPP não trazer expressamente, tb é indivisível até em decorrência do Princípio da Obrigatoriedade.
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