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DIREITO PROCESSUAL PENAL (1)

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O processo penal tem ainda mais relevância porque o bem jurídico 
tutelado é mais importante (liberdade). Temos uma grande discussão sobre o 
GARANTISMO PENAL, sinal de que há uma doutrina mais crítica (e não 
apenas a visão tradicionalista). É preciso pensar o Processo Penal não só sob 
ótica da acusação/persecução, mas considerar tb a jurisdição (função 
jurisdicional que deve ser eqüidistante, tratar as partes de forma igual, deve ser 
inerte).
 
TRILOGIA ESTRUTURAL DO PROCESSO
JURISDIÇÃO - AÇÃO - PROCESSO
Essas 3 categorias jurídicas são extremamente importantes na 
compreensão do Processo Penal.
Qual a natureza jurídica da ação ?
Definimos a natureza jurídica para saber o que um certo instituto 
representa no mundo do Direito. Remete a uma classificação, categorização.
Ex.: cadeira - coisa
 João - pessoa física
 UCAM - pessoa jurídica 
 Peixe VIVO - semovente
 Peixe MORTO - coisa
 Cadáver - coisa (não tem mais personalidade jurídica, pois esta 
acaba com a morte)
 Liberdade - direito
 Compra e Venda - contrato
 Contrato - negócio jurídico
 Negócio jurídico - ato jurídico
 Aluvião - fato jurídico
 PROVA - DIREITO inerente às partes (AMBAS PARTES - juiz não é 
parte, assim não teria esse direito, mas sim poderes).
 Esperma - DIREITO DA PERSONALIDADE (o marido está com 
câncer e teme ficar estéril com a quimioterapia. Deixa então seu esperma 
congelado e a esposa faz inseminação artificial depois dele falecido. De quem 
ele é filho ? A criança terá direito ao nome dele ?
AÇÃO - É um direito SUBJETIVO, ou seja, aquele que a pessoa pode exigir. 
Corresponde a um DEVER JURÍDICO .
Ex.: direito de receber $ 
Obs.: Direito POTESTATIVO - é um PODER de sujeição (sujeitar a pessoa a sua 
vontade). INDEPENDE DA VONTADE DO OUTRO.
Ex.: direito de se separar; revogação de poderes para representar como 
advogado.
A ação é um DEVER JURÍDICO DO ESTADO, daí ser um DIREITO SUBJETIVO 
PÚBLICO de exigir do Estado a tutela jurisdicional. 
Do ponto de vista do réu, no entanto, a ação é um direito POTESTATIVO, pois 
ele não tem como evitar. Diante do indício de autoria e materialidade, o MP 
está obrigado a oferecer denúncia. Nesse caso é um PODER-DEVER, pois o MP 
não pode escolher, está obrigado.
JURISDIÇÃO - é uma atividade do Estado através da qual este diz o direito. Tb 
é um poder-dever (AÇÃO DE DIZER O DIREITO). Resulta da soberania do 
Estado. Interpretação do direito, aplicação ao caso concreto.
FUNÇÃO: CONCRETIZAR VALORES CONSTITUCIONAIS (dignidade da 
pessoa humana, liberdade, igualdade, devido processo legal...). Não podemos 
afirmar que seria apenas pacificar conflito, pois nem todo processo contém 
lide. 
PROCESSO - é indispensável ao exercício da função jurisdicional. É 
INSTRUMENTO através do qual a jurisidição é exercida. Procedimento que 
permite que o juiz exerça sua função. Meio para assegurar o direito invocado. 
Conjunto de atos que cria uma relação jurídica da qual surgem deveres, 
poderes, faculdades, ônus e sujeições para as partes que dela participam.
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
- TEORIA DOS 5 COMPONENTES
- FÓRMULA OBJETO (DÜRIG)
É um princípio muito importante para todos os ramos do Direito, rege 
inclusive a ordem econômica. De acordo com o art. 1 da CF a dignidade é 
princípio fundamental da República, um pilar/base. Sem a dignidade a 
República pode sofrer uma ruína.
A própria vida está no rol do art. 5 da CF, mas a dignidade vem logo 
no art. 1. Representa a idéia de que o homem é o fundamento e o fim da 
sociedade. O Estado só existe para servir ao homem, para dignificá-lo, e não o 
contrário.
De acordo com Canotilho, diferentemente do que ocorre com os 
direitos fundamentais (que têm sentido prático mais alcançável), o princípio da 
dignidade se apresenta de forma mais difícil de ser concretizado. Para 
Canotilho, a TEORIA DOS 5 COMPONENTES TRARIA ESSA CONCRETUDE.
1° COMPONENTE - INTEGRIDADE FÍSICA E ESPIRITUAL
Garante a proteção do corpo e da mente. O corpo é um espaço 
intangível, nao pode ser violado, daí a importância para o Direito Penal.
No processo penal teremos a LIMITAÇÃO DAS PROVAS justamente 
para respeitar a dignidade humana. Não pode haver tortura, droga da verdade, 
extração de sangue, inspeção de cavidades, intervenções corporais para 
encontrar drogas...
2° COMPONENTE - MÍNIMO EXISTENCIAL (LIBERTAÇÃO DA ANGÚSTIA DA 
EXISTÊNCIA)
Qdo não tem o mínimo existencial o homem vive a angústia. Esse 
princípio tem relevância no que tange os serviços de água, luz, débito 
automático em CC (salário não pode ser garantia de um contrato), etc. 
3° COMPONENTE - IDENTIDADE E DESENVOLVIMENTO DA 
PERSONALIDADE
É o direito de ser aquilo que deseja ser, INDIVIDUALIDADE DE CADA 
UM. O homem quer se singularizar no mundo, escolher sua religião, fazer uma 
tatuagem, etc.. Assim todo sistema de padronização avilta a dignidade humana. 
O homem não se resume a um animal que nasce, reproduz e morre.
Ex.: Assim que ocorre o ingresso do preso há corte máquina zero. Alegam ser 
uma questão de saúde, mas e as condições insalubres da cadeia e por que não 
se aplica o mesmo para as mulheres? Há quem entenda ser um sistema de 
dominação, típico dos campos de concentração. 
4° COMPONENTE - AUTONOMIA FRENTE AO ESTADO
É o Estado que serve ao homem. O Estado não pode ter o domínio 
total sobre o homem. Só pode existir regras típicas de um Estado Democrático 
de Direito.
Tem relação com o "DUE PROCESS OF LAW" (devido processo legal).
5° COMPONENTE - IGUALDADE DE TRATAMENTO PERANTE A LEI
As pessoas não podem ser diminuídas perante outras. Todos possuem 
a mesma dignidade, essa É UMA QUALIDADE INERENTE A QQ PESSOA, 
independente de sua condição social ou econômica. Existe pelo simples fato de 
ser humano. Mesmo o preso só tem a restrição da liberdade, mas permanece 
com a sua dignidade.
FORMULA OBJETO (DÜRIG)
Essa teoria traz o que NÃO é dignidade humana. 
Há violação toda vez que o homem é tratado como um objeto, qdo o 
HOMEM É REIFICADO. O termo "retificar" quer dizer COISIFICAR (transformar 
em objeto).
No processo penal essa coisificação do homem ocorre qdo ele perde 
sua autonomia, sua liberdade. Em regra, só prendemos ou amarramos os 
animais perigosos. 
Diante da divergência quanto ao uso de algemas, o STF criou a 
Súmula Vinculante N°11: "só é lícito o uso de algemas em casos de resistência 
e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou 
alheia...". A referida Súmula foi criada por causa do uso indiscriminado. O uso 
precisa ser racional e fundamentado, e não simplesmente para aviltar o preso. 
Isso é reflexo do Princípio da Dignidade.
Obs.: O mesmo raciocínio deveria ser feito qdo os presos são fotografados e 
expostos pela imprensa como uma presa, uma coisa.
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF LAW)
Tem suas raízes na Carta de João sem terra, um pacto senhorial que 
tratava de limitação de poder, julgamento honesto e direito à justiça, dentre 
outros.
Não é visto apenas como o direito ao procedimento. É UM 
CONJUNTO DE PRINCÍPIOS, e o direito ao conjunto de atos é apenas um 
desses aspectos. 
É um PROCEDIMENTO que assegure um JUIZ IMPARCIAL, AMPLA 
DEFESA, DURAÇÃO RAZOÁVEL, PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, 
MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES, etc.. Ou seja não é qq procedimento, mas um 
que assegure essas garantias. A obediência à forma é só um dos aspectos, mas 
há um conjunto de garantias.
Ex.: Há um prazo previsto em lei para arrolamento de testemunhas, se o MP 
não o faz dentro desse prazo ocorre PRECLUSÃO. 
PRECLUSÃO - perda do direito de agir nos autos em face da perda da 
oportunidade, conferida por certo prazo.
 
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
Traduz a idéia de um JUIZ QUE EXISTE ANTES DOS FATOS. Está ligado ao 
Direito Natural.
Esse princípio tem DUPLA DIMENSÃOFORMAL:
1) É vedada a escolha de juízes, há uma DISTRIBUIÇÃO DE 
ACORDO COM AS REGRAS DE COMPETÊNCIA. 
2) VEDAÇÃO DO JUÍZO OU TRIBUNAL DE EXCEÇÃO. Não pode 
haver a criação de um tribunal APÓS o fato, ou seja, não pode ser 
criado para julgar aquele fato. Isso para garantir a imparcialidade. 
Obs.: Imparcialidade difere de Neutralidade. O juiz tem que garantir as 
mesmas oportunidades a ambas as partes. Mas na prática sabemos que qdo 
avalia ele acaba deixando de ser neutro, pois interpreta com uma certa 
impregnação de sua própria vida. Uma mulher que julga um estupro, por ex, 
tende a considerar outros aspectos.
 Se pudéssemos resumir a figura do juiz em uma única palavra seria 
imparcial.
O próprio ordenamento cria mecanismos para garantir a vedação na 
escolha de juízes.
Ex.: Proposta a ação, a distribuição, por sorteio, define o juiz Y. Antes era 
comum desistir da ação para tentar outro juiz, mas hoje qq outra ação com o 
mesmo CPF será encaminhada para o primeiro juiz sorteado, justamente para 
evitar a burla.
O princípio do juiz natural tb tem uma DIMENSÃO SUBSTANCIAL : 
PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ.
O juiz que colhe a prova (instrução) fica VINCULADO AO 
PROCESSO. 
Art. 399,CPP - Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para 
audiência ...
Par. 2° - O JUIZ QUE PRESIDIU A INSTRUÇÃO DEVERÁ PROFERIR A 
SENTENÇA. 
Há vinculação à PESSOA DO JUIZ, mas se ocorrer promoção ou 
remoção?
Aplicaremos ANALOGICAMENTE o art. 132 do CPC: "O juiz titular 
ou substituto que concluir a audiência julgará a lide, SALVO se estiver 
convocado, licenciado, afastado por qq motivo, promovido ou aposentado, 
casos em que passará os autos ao seu sucessor.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE
O juiz tem que garantir tratamento isonômico às partes (autor e réu). 
PARIDADE DE ARMAS - igualdade entre acusação e defesa.
IGUALDADE MATERIAL - tratar os iguais de forma igual e os desiguais de 
forma desigual, na proporção de sua desigualdade. 
No processo penal, as partes (MP e réu) são iguais?
Não, o réu é mais frágil e tem contra ele todo o aparato do Estado. Por isso 
temos uma série de princípios para equilibrar essa situação desigual, como por 
ex, a presunção de inocência. 
A filtragem de normas que estabelecem desigualdade tb é reflexo da busca pela 
igualdade.
Obs.: De acordo do o art. 385 do CPP, nos crimes de ação PÚBLICA, o juiz 
poderá proferir sentença condenatória, ainda que o MP tenha opinado pela 
absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhum tenha sido 
alegada. Assim, mesmo que durante o processo o MP decida pela absolvição, o 
juiz pode condená-lo.
 O art. 60 do CPP traz que nos casos em que somente se procede 
mediante QUEIXA, considerar-se-á PEREMPTA a ação penal:
III - qdo o querelante ... deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais;
 Dessa forma há EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
 Esse princípio é TRIDIMENSIONAL, ou seja, possui 3 regras:
1) REGRA DE TRATAMENTO
2) REGRA DE JULGAMENTO
3) REGRA DE GARANTIA
REGRA DE TRATAMENTO
"Ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado". 
O trânsito gera COISA JULGADA MATERIAL, ou seja, reveste a 
sentença tornando-a INDISCUTÍVEL, logo IMUTÁVEL. NÃO podemos discutir 
novamente a matéria. A imutabilidade seria não poder decidir de forma 
diferente, mas mesmo antes disso já teríamos a indiscutibilidade. 
O juiz deve tratar o ACUSADO com urbanidade, como qq outra 
pessoa, isto pq até que se prove o contrário ele é inocente. Esse comando é 
destinado ao juiz.
É o MP que deve provar que o acusado é culpado. 
A regra de tratamento influencia a prisão. Se é inocente, em regra, 
não pode haver antecipação da pena, SALVO se tiver CARÁTER CAUTELAR, ou 
seja, com o objetivo de proteger o processo de conhecimento, prevenir o 
processo.
O processo cautelar PREVINE MAS NÃO SATISFAZ (não pode ser um 
processo satisfatório). Previne pq visa proteger o próprio processo. 
Só pode prender antes da sentença penal condenatória QDO A 
LIBERDADE DO ACUSADO PUDER PREJUDICAR O PROCESSO.
Art. 312, CPP - A prisão PREVENTIVA poderá ser decretada como garantia de 
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, 
ou para assegurar a aplicação da lei penal, QDO HOUVER PROVA DA 
EXISTÊNCIA DO CRIME E INDÍCIO SUFICIENTE DE AUTORIA.
A prisão preventiva INDEPENDE de S.J.T.J.
Acabamos de destacar que a prisão cautelar só poderia ser usada para 
proteger o processo, mas o dispositivo acima traz outras 2 garantias que não 
estão relacionadas (ordem pública e econômica). Somente a instrução criminal 
e a aplicação da lei penal estão ligadas ao processo.
Esse artigo vai de encontro ao Princípio da Presunção de Inocência, 
assim é PARCIALMENTE INCONSTITUCIONAL, uma vez que a prisão para 
garantir a ordem econômica não tem natureza cautelar.
Qual é a finalidade da pena?
PREVENÇÃO (prevenir a ordem pública).
Temos a prevenção GERAL e a ESPECÍFICA.
Assim qdo prendemos alguém com o intuito de proteger a ordem 
pública, ela deixa de ter natureza cautelar e passa a ter NATUREZA 
SATISFATIVA. Esse é um entendimento minoritário. A corrente majoritária adota 
o art. 312 do CPC em sua plenitude.
REGRA DE JULGAMENTO
Temos uma regra de DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA.
Todos têm a possibilidade de produzir provas, mas nem todos têm o 
ônus da prova. O ônus traz para quem o tem um PREJUÍZO caso não o 
cumpra. Vai sofrer as consequências pela SUCUMBÊNCIA. Quem tem o ônus 
sofre as consequências de sua inércia. 
No processo penal, o ônus da prova é TODO DA ACUSAÇÃO (do 
MP ou do querelante). Ambas as partes podem provar, mas o RÉU NÃO SERÁ 
CONSIDERADO CULPADO SE NÃO CONSEGUIR PROVAR QUE É 
INOCENTE. Basta que o MP não consiga provar que o acusado é culpado para 
que ele não seja condenado. Lembrando que ele é inocente até que se prove o 
contrário. 
PRESUNÇÃO RELATIVA
O MP terá que provar que se trata de m FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO 
E CULPÁVEL, ou seja, que há um crime com todos os seus elementos. Em caso 
de dúvida, não será condenado (PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REU).
Art. 156, CPP - A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo 
porém facultado ao juiz:
I - ordenar, mesmo ANTES de iniciada a ação penal, a produção 
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes;
II - determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante.
A CF determina que qdo o juiz tiver dúvida o acusado seja declarado 
inocente. 
Qual a NATUREZA JURÍDICA DA PROVA?
É um DIREITO correlato ao direito de ação e de defesa. Direito de 
provar as alegações. 
O juiz tem direito no processo?
Não, pois não é parte, e esse é um direito inerente às partes. Logo não 
poderia provar nada.
A determinação da produção de provas só serve para buscar a 
condenação, pois se quiser absolver basta alegar que está em dúvida (in dubio 
pro reu). E o dispositivo determina que a diligência seria justamente para 
dirimir dúvidas. 
Qdo há provas insuficientes ou ineficientes o juiz deve absolver. É o 
MP que deve fazer melhor o seu trabalho.
REGRA DE GARANTIA
VEDAÇÃO DA PROVA ILÍCITA. 
Um mero raciocínio de que se alcançaria a prova não pode apagar a 
ilicitude de sua obtenção. Uma prova ilícita (obtida com tortura ou invasão de 
domicílio, por ex) não pode convalidar baseando-se na hipótese de que a 
polícia faria bem o trabalho.
PRINCÍPIO DA RESERVA DE JURISDIÇÃO
A cláusula determina que o juiz tem o MONOPÓLIO DA ÚLTIMA 
PALAVRA SOBRE TODAS AS COISAS. Isto pq nenhuma ameaça ou lesão a 
direito será afastado do Judiciário. Incluindo o controle de constitucionalidade.
Em alguns temas o Judiciário tem o monopólio da 1ª veze da última 
palavra (apenas esse Poder pode deliberar).
Discute-se então os limites desse monopólio. Quais os temas estão 
cobertos? Qual o tamanho dessa cláusula?
Esses temas são ditos reservas de jurisdição, mas há divergência:
DOUTRINA - defende que estão cobertos:
1) PRISÃO
2) BUSCAS DOMICILIARES
3) INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
4) SIGILOS FISCAL, BANCÁRIO E TELEFÔNICO
STF - tem uma visão mais restrita, considera apenas:
1) PRISÃO
2) BUSCAS DOMICILIARES
3) INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Assim o STF considera que uma CPI pode determinar a quebra de 
sigilo fiscal, bancário e telefônico.
PRISÃO
Somente o Judiciário pode determinar a prisão. A prisão em flagrante só se 
efetiva se o juiz, ao tomar conhecimento, decidir que permanecerá preso, mas 
ele pode decidir pelo relaxamento da prisão.
BUSCA DOMICILIAR
Tb é reserva, SALVO: FLAGRANTE DELITO, DESATRE, PRESTAR SOCORRO, 
DURANTE O DIA POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL. 
NEM A CPI NEM A POLÍCIA PODEM DETERMINAR ESSA BUSCA.
SIGILO
De acordo com o art. 58, par. 3°, as CPIs, que terão PODERES DE 
INVESTIGAÇÃO PRÓPRIOS DAS AUTORIDADES, além de outros previstos 
nos regimentos das Casas, serão criadas pela CD e SF, em conjunto ou 
separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros, para a 
apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for 
o caso, encaminhadas ao MP, para que este promova a responsabilidade civil 
ou criminal dos infratores.
A expressão acima grifada pode dar a idéia de que as CPIs podem 
realizar o mesmo que o Judiciário, mas nem mesmo as comissões podem se 
manifestar sobre as reservas de jurisdição. Se uma CPI precisar de uma medida 
constante do rol de reservas terá que pedir AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. 
A CPI pode determinar a CONDUÇÃO COERCITIVA, mas o depoente 
pode permanecer em silêncio nas perguntas que possam incriminá-lo, ou seja, 
terá as mesmas garantias que são asseguradas num depoimento no Judiciário.
Obs.: INTERCEPTAÇÃO = escuta telefônica
 QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO = números das ligações 
PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO
Hoje as ilicitudes são mais sutis, diferente da época da ditadura. Temos a 
previsão de constar no novo CPP a duração máxima do depoimento, baseado 
mais uma vez na presunção de inocência (regra de tratamento). E se é inocente 
não poderia ser submetido a um exaustivo depoimento.
COMETIMENTO DO CRIME X FLAGRANTE DELITO
O que autoriza a entrada sem mandado é o flagrante, ou seja, o policial através 
dos seus sentidos (visão, audição, ...) consegue perceber, por exemplo, que 
alguém entrou na casa com as drogas. Diferentemente do policial que recebe 
uma denúncia anônima e invade a casa, nesse caso há apenas cometimento do 
crime. Esse último ingresso é ilícito e todas as provas seguintes serão ILÍCITAS 
POR DERIVAÇÃO graças a violação do princípio de preservação do domicílio. 
Uma denúncia anônima não pode valer mais que a autorização judicial, e esta 
só permite o ingresso durante o dia. Os fins não podem justificar os meios. 
A defensoria deve ser avisada em 24h sobre a prisão, caso contrário 
será ilegal e por isso deve ser relaxada.
Ex.: Policiais, sabendo que "Dunga" é traficante delivery, prendem o mesmo por 
estar com cigarro de maconha. Nesse momento o telefone dele toca, um dos 
policiais atende e finge ser o traficante. Marca então um encontro com um 
comprador. Esse usuário é identificado e convocado como testemunha para 
provar o tráfico. Sem mais nenhuma outra prova, o juiz absolve Dunga pq o 
policial não podia ter atendido o telefone nem ter induzido o usuário ao erro. 
Esse testemunho (prova) é ilícito por derivação. 
PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO
Muitos justificam o art. 156 do CPP (que permite ao juiz solicitar 
diligências) com o Princípio da VERDADE REAL. No processo civil vigora o 
Princípio da Verdade FORMAL, mas no penal o juiz deveria se contentar com a 
verdade das provas apresentadas. 
Há, no entanto, quem conside a verdade real um mito. Trabalham 
com a verdade POR APROXIMAÇÃO, buscam uma verdade mínima, 
eticamente possível, ou seja, aquela obtida através dos limites dos direitos 
fundamentais que devem ser assegurados no processo penal. 
A própria CF afasta as provas obtidas por meio ilícito, ou seja, ainda 
que seja obtida a verdade real por meio dessas provas, elas não serão 
consideradas. 
A possibilidade de TRANSAÇÃO PENAL tb demonstra que a verdade 
real é PRESCINDÍVEL (dispensável). Esse é um entendimento moderno que 
revela que o Princípio da Verdade real vem sendo ultrapassado. Não teria 
amparo na CF.
E mesmo considerando que o art. 156 possa ser aplicado, isso só 
ocorrerá em casos muito excepcionais.
A razoável duração do processo consta do rol do art. 5° da CF, assim 
é uma GARANTIA FUNDAMENTAL.
Alguns defendem que seria uma norma programática mas o Prof. 
Nicolitt entende que este entendimento está ultrapassado. É um erro pois o par. 
1º do mesmo art. garante que "as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm APLICAÇÃO IMEDIATA", ou seja, o juiz não vai esperar 
outra lei para aplicar. Caberia, inclusive, MANDADO DE SEGURANÇA para 
garantir o direito líquido e certo.
A dificuldade neste princípio está ligada ao que a doutrina chama de 
CONCEITOS VAGOS E INDETERMINADOS, ou seja, não precisos. Assim 
surgem 2 doutrinas:
1) DOUTRINA DO NÃO-PRAZO
2) DOUTRINA DO PRAZO FIXO
DOUTRINA DO PRAZO FIXO
Diz que a LEI tem que estabelecer qual o prazo máximo que um 
processo pode durar. Sustenta isso com base no Princípio da Legalidade e tb 
como forma de impedir o arbítrio do juiz.
Defendida por Auri Lopes Jr., Néstor Pastor.
DOUTRINA DO NÃO PRAZO
Defende que não há como fixar em lei essa duração pq somente 
analisando o caso concreto é possível dizer se durou muito ou pouco, pois 
cada processo tem as suas peculiaridades. 
Defendida pelo Nicolitt.
A origem da RAZOABILIDADE visa a análise do caso concreto. 
Além disso a falta da lei não pode impedir a aplicação do Princípio. É 
função do Judiciário definir conceitos vagos e indeterminados. O juiz pode 
concretizá-los no caso concreto, ele é um individualizador. As penas, por ex, 
vão de X a Y, o juiz determina qual será aplicada.
O processo tem que ser célere mas não pode inviabilizar a defesa. As 
metas do CNJ trouxeram sentenças absurdas, extinção do processo de qq 
forma, dentre outros prejuízos.
A duração razoável não quer dizer andar rápido, mas sim um tempo 
no qual as garantias sejam asseguradas e o acesso à justiça não tarde. Uma 
justa medida para que haja ampla defesa, contraditório sem que a prestação 
jurisdicional demore.
Do ponto de vista sistêmico o juiz é o maior guardião das garantias 
fundamentais. Assim apesar de ser tb o juiz muitas vezes o violador dessas 
garantias, essa guarda não pode ser retirada dele. 
Como somos signatários de Tratados Internacionais, desde de 1992, 
antes mesmo da EC 45, já temos garantida a razoável duração.
PARÂMETROS PARA AVALIAR A DURAÇÃO DO PROCESSO:
1) O primeiro passo é avaliar a duração. QUAL O TERMO INICIAL E O 
TERMO FINAL da contagem? Qual o período a se considerar? Qual o 
momento em que começamos a contar?
PROCESSO CIVIL: em regra, o termo inicial é a distribuição da ação, e só cessa 
qdo há efetiva satisfação da pretensão (esgotamento da execução). Não termina 
com o trânsito em julgado. O autor não quer a sentença, ele quer a execução. 
A sentença não garante que a parte vai pagar.
REGRA NO PROCESSO CIVIL:
- TERMO INICIAL: DISTRIBUIÇÃO DA AÇÃO
- TERMO FINAL: SATISFAÇÃO DA PRETENSÃO (ESGOTAMENTO DA 
EXECUÇÃO)
Mas há exceções, como por ex, a Junta de Conciliação Prévia na Justiça do 
Trabalho. É uma fase anterior ao processo.
REGRA NO PROCESSO PENAL:
- TERMO INICIAL: INQUÉRITO COM INDICIAMENTO
- TERMO FINAL: TRÂNSITO EM JULGADO
O termoinicial NÃO OCORRE COM O RECEBIMENTO DA 
DENÚNCIA e exige a investigação com suspeito.
O termo final ocorre com o trânsito pq é qdo se forma um juízo de 
certeza, uma resposta para a acusação.
A duração razoável será aplicada tanto no âmbito administrativo 
quanto no judicial, ou seja, desde quando houver atividade do Estado em 
relação ao indivíduo. Por isso o inquérito é o início.
Tb há exceções, como por ex, a quebra de sigilo que pode dar início 
a contagem do prazo.
No processo penal, ao contrário do civil, o Estado está obrigado a 
executar.
Teremos um novo termo inicial, agora do processo de execução 
penal, após findo o processo de conhecimento.
ATENÇÃO: Não é toda dilação que tornará irrazoável. Apenas as dilações 
indevidas ferem o princípio, mas tb temos as demoras justificadas.
Agora com o período a se considerar, analisaremos 3 critérios:
1) COMPLEXIDADE DA CAUSA
2) COMPORTAMENTO DAS PARTES
3) COMPORTAMENTO DA ATIVIDADE JUDICIAL
COMPLEXIDADE DA CAUSA
Essa complexidade pode ser: 
- JURÍDICA
- FÁTICA
- PROCESSUAL
A duração razoável não se confunde com o cumprimento de prazos.
Exs.: A pesquisa com células-tronco tem uma complexidade jurídica. 
Despejo X Usucapião com necessidade de perícia: a última é muito mais 
complexa. Uma ação com 48 litisonsortes tem uma complexidade processual, 
pode ser difícil citar todos. Uma turista, moradora da Afeganistão, é assaltada 
em Búzios X uma vítima que mora na cidade (no caso da estrangeira terá que 
haver carta rogatória). Há casos que envolvem MAIS DE UMA 
COMPLEXIDADE, por ex, usucapião com 40 litisonsortes (complexidades fática 
e processual).
COMPORTAMENTO DAS PARTES
Ex.: Uma das partes faz tudo para que o processo não se desenvolva.
ATENÇÃO: O RÉU NÃO TEM Q COLABORAR COM O PROCESSO. 
Para garantir a sua ampla defesa, pode, inclusive, fazer demorar e não será 
punido.
 
COMPORTAMENTO DA ATIVIDADE JUDICIAL
Qdo o juiz não se comporta bem, dificilmente, será possível justificar 
a duração irrazoável.
Temos DILAÇÕES FUNCIONAIS e ESTRUTURAIS.
As dilações funcionais estão ligadas à atividade do juiz. Pode ser pela 
HIPERATIVIDADE INÚTIL ou pela NÃO-ATIVIDADE. O processo pode 
demorar pq o juiz não despachou, mas a hiperatividade inútil pode ser muito 
mais prejudicial. Atuar muito, mas despachar mal, compromete o andamento 
(despacha sem fazer um juízo crítico ou despacha sem necessidade). Às vezes 
demorar um pouco mais, porém obter uma resposta, pode ser muito melhor.
As dilações estruturais ou organizativas estão relacionadas com a 
própria estrutura do Judiciário (falta de papel ou de funcionário, por ex).
Consequência da Duração Irrazoável: RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO ESTADO.
Dilação Funcional - responsabilidade SUBJETIVA (tem q provar erro 
judicial)
Dilação Estrutural - responsabilidade OBJETIVA
No âmbito penal teremos as SOLUÇÕES. Para alguns a duração 
irrazoável do processo, por si só, já é uma sanção pois traz uma angústia para o 
réu. Algumas propostas:
- abater o período do processo do total da pena;
- declarar a nulidade do processo, que inibiria qq outro sobre o 
mesmo fato
- extinção do processo por falta de interesse de agir (a sentença /
condenação já não teria mais utilidade, diante da demora no processo 
ocorreria mudança na sociedade)
- Nicolitt (art 60 do CPP): temos nesse dispositivo a PEREMPÇÃO 
(causa de extinção da punibilidade). O professor defende que o dispositivo 
deveria ser aplicado analogicamente qdo o Estado agir com DESÍDIA. Mas só 
temos a previsão de punição para a desídia do querelante. Temos um Estado 
autoritário.
A duração razoável tb não se confunde com a PRESCRIÇÃO. Se fosse 
assim todo processo de homicídio poderia durar 20 anos. 
PRINCÍPIO "NEMO TENETUR SE DETEGERE" (veda a auto incriminação 
coercitiva)
Ninguém é obrigado a constituir prova contra si mesmo. Aparece na CF (direito 
ao silêncio - direito que engloba outras características além dessa), e é bem 
protegido pela jurisprudência, inclusive no Supremo.
Ex.: A pessoa não é obrigada a oferecer padrões vocais para perícia de voz, 
amostras biológicas para exames DNA, soprar no bafômetro...
 Seriam provas necessárias para a comprovação de um CRIME. No caso de 
infração administrativa, o Estado pode impor regras. Por exemplo, pode impedir 
que o carro circule na via sem a vistoria ou sem o cinto.
Intervenções Corporais
Se há uma recusa, não poderá ser feita. E isso não pode gerar nenhuma 
PRESUNÇÃO de "culpa" sobre o indivíduo.
Obs.: A obrigação de passar por detector de metais é regra de segurança, assim 
pode ser exigida. A pessoa não é obrigada a viajar, mas se quiser terá que 
cumprir essa exigência. 
Por outro lado, o STF, apesar de aplicar o princípio, determina que se tudo isso 
for obtido fora do corpo será admitido.
Ex.: O cantor Belo - o seu CD pode ser usado para comprovação de voz. Tb é 
possível recolher documentos escritos, restos de cabelo no salão de beleza, 
restos de lixo, fezes... . Se estiver dentro da casa pode ser objeto de busca e 
apreensão (mas há a necessidade de mandado). 
 Caso Gloria Trevi - estava presa e engravidou nas dependências da justiça. 
Alegou ter sido violentada, com isso 61 pessoas passaram a suspeitos. Todos se 
dispuseram a oferecer amostra de sangue para verificar a paternidade. Ela, no 
entanto, se recusou. Requereu-se então a busca e apreensão da PLACENTA e o 
STF autorizou. O Supremo alegou ter a placenta a natureza jurídica de coisa 
(lixo hospitalar), uma vez descolada do corpo. As normas sanitárias, inclusive, 
não permitem que a mulher guarde essa placenta. Apenas a intimidade dela 
seria violada, pois todos ficariam sabendo com quem ela teve relação sexual. 
Mas o STF entendeu que o interesse dos 61 suspeitos era maior.
Obs.: Dar uma olhada no voto desse caso, é interessante a forma como trata 
dos direitos fundamentais.
PERSECUÇÃO PENAL
Toda atividade do Estado tendente a elucidar os fatos que envolvem o crime 
(PERSEGUIMENTO DO CRIME). Dividida em 3 fases:
- INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
- AÇÃO PENAL
- EXECUÇÃO PENAL
1) INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
AUTORIA
MATERIALIDADE
 A investigação criminal NÃO é exclusividade da polícia, temos as 
CPIs e investigações no âmbito administrativo. A investigação se dá através de 
um inquérito policial.
FUNÇÕES DE POLÍCIA = POLÍCIA ADMINISTRATIVA
 POLÍCIA JUDICIÁRIA
 O conceito de polícia administrativa está no art. 78 do CTN.
 É OSTENSIVA e PREVENTIVA.
 Já a Polícia Judiciária é INDIVIDUALIZADA E REPRESSIVA. Dizemos 
funções pq a polícia judiciária não tem uma corporação específica, uma 
instituição. É uma função, exercida às vezes pelas CPIS.
 A questão da segurança pública e suas corporações estão no art. 144 da 
CF. Neste dispositivo percebemos que:
Polícia Federal: tem a função de polícia judiciária e administrativa
Apurar infrações penais...: judiciária
Prevenir tráfico de entorpecentes: administrativa
Fiscalizar fronteiras/ aeroportos: administrativa
Polícia Civil: judiciária. Isso não quer dizer que não faça a função de polícia 
administrativa (ex.: blitz), mas precipuamente será judiciária.
Polícia Militar: precipuamente administrativa, mas pode apurar os crimes 
militares (logo tb exerce a função judiciária).
AUTORIA E MATERIALIDADE
Quem praticou o fato e a prova material do fato.
Ex.: Um pó branco pode ser maizena ou pó de extintor de incêndio, é preciso 
algo que ateste a materialidade (exame).
INQUÉRITO POLICIAL - Autoridade Policial
Principal instrumento da Polícia. Tem natureza jurídica de procedimento 
administrativo investigatório. Conjunto de atos administrativos que tem por 
escopo elucidar a autoria e materialidade do fato. A autoridade policial -
DELEGADO DE POLÍCIA-é responsavél pelo inquérito (não é o agente). 
Obs.: Não há hierarquia entre as polícias, mas sim atribuições de investigação 
para cada uma dessas polícias. Podem inclusive trabalhar em cooperação.
Ex.: Furto na UERJ - apurado pela polícia estadual
 Furto na UFF - apurado pela polícia federal
 Se um policial estadual presenciar o furto na UERJ terá que atuar, mas a 
federal vai lavrar o auto de prisão.
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL
- lnquisitivo 
- Informativo
- Sigiloso
- Escrito
- Dispensável/Prescindível
- Indisponível
- Sistemático
- Unidirecional
1) INQUISITITIVO
O inquérito é DESPROVIDO DE CONTRADITÓRIO, não há exercício 
de defesa. Simplesmente o indivíduo é investigado, não precisa ser intimado. 
Pode até ser guardado sigilo, o indivíduo não precisa saber que há um 
inquérito. 
Obs.: Não cabe ao indiciado argüir a suspeição do delegado, mas este 
pode declará-lá.
2) INFORMATIVO
Se presta tão somente a produzir INFORMAÇÕES. As provas só 
existem a partir do contraditório, durante o processo (na instrução). Essas 
informações não podem servir para convencimento do juiz (para decidir a 
causa, condenar o réu). Só serve para convencer o promotor a oferecer ou não 
a denúncia, e para permitir ao juiz aceitar ou não a mesma. O juiz vai avaliar 
se existe elemento mínimo de autoria e materialidade, decidir sobre a 
admissibilidade da denúncia. 
Art. 155, CPP - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
PROVA produzida em CONTRADITÓRIO JUDICIAL, não podendo 
fundamentar sua decisão EXCLUSIVAMENTE nos elementos informativos 
colhidos na investigação, RESSALVADAS as PROVAS cautelares, não-repetíveis 
e antecipadas.
Ex.: É possível produzir provas de forma antecipada. Uma turista 
norueguesa é assaltada em Búzios, vai voltar em 3d para o exterior. O promotor 
pode solicitar ao juiz que o depoimento dela seja colhido antecipadamente. 
Ainda não há denúncia, nem encerramento do inquérito, etc., mas é feita uma 
audiência para ouvir apenas aquela testemunha. Isso não é do inquérito, já é 
do processo cautelar. Não precisará ser repetido esse testemunho.
Medida cautelar - ex.: decreta escuta telefônica ainda durante a 
investigação, o contraditório tb é postergado. Poderá questionar, pois a 
gravação vai ser ouvida em juízo. 
Provas Não-repetíveis - contraditório diferido, postergado. Ex.: exame 
cadavérico - será feita necropsia porque caso contrário haverá a putrefação. 
Essa prova não poderá ser repetida, mesmo que faça a exumação o exame não 
será o mesmo. O juiz pode fundamentar sua decisão nessa prova, fazer 
referência a esse laudo. Ocorrerá contraditório durante o processo (ex.: 
contestação do laudo).
O CPP quando menciona "...não podendo fundamentar sua decisão 
EXCLUSIVAMENTE nos elementos informativos colhidos na investigação ..." 
poderia nos fazer pensar que o juiz pode usar parte do que foi obtido por meio 
do inquérito e parte por meio de provas. Uma mistura do inquérito e do 
processo. Isso não poderia ser assim porque contraria a CF que assegura 
sempre o contraditório. O convencimento do juiz deve estar fundamentado nas 
PROVAS (elementos do processo). Se retirar os elementos do inquérito e não 
conseguir condená-lo, tem que absolver. CASO CONTRÁRIO A DECISÃO DO 
JUIZ É NULA, PQ VIOLOU A CF.
Ex.: Vale o depoimento prestado em juízo, porque este foi feito 
perante ambas as partes (com contraditório).
Há inclusive quem defenda que depois de recebida a denúncia, o 
inquérito deveria ser retirado do processo. Isto porque já cumpriu sua função. 
O juz não pode usar, para não violar o contraditório. 
TRIBUNAL DO JÚRI - poderá ser usado o inquérito?
Quando o juiz decide ele tem que fundamentar (apesar do livre 
convencimento), já o júri absolve ou condena com base na ÍNTIMA 
CONVICÇÃO (não fundamenta). Para assegurar o contraditório, o inquérito 
deveria ser retirado dos autos e as partes não poderiam se reportar ao mesmo. 
Se isso ocorrer o conselho de sentença deverá ser desfeito. 
3) ESCRITO
Art. 9, CPP - 
O inquérito será reduzido a escrito. É LAVRADO UM AUTO (de 
conhecimento, de entrega do bem, de prisão em flagrante ...)
Todos os atos do processo devem ser lavrados.
4) SIGILOSO
Art. 20, CPP - A autoridade guardará o sigilo necessário 
O sigilo tem uma dupla função: GARANTISTA e UTILITARISTA
GARANTISTA: preservar o indiciado, não ser exposto.
UTILITARISTA: em sigilo consegue investigar melhor.
Pode ser classificado em:
EXTERNO - não há informação para ninguém da sociedade
INTERNO - diz respeito as figuras que atuam (indiciado e seu 
advogado). Pode ser total ou parcial (No total nenhum dos 2 têm acesso. Nós 
adotamos o parcial, no qual o advogado terá sempre acesso aos autos).
Súmula Vinculante 14, STF - 
Mesmo quando se decreta o sigilo das informações, o advogado tem 
direito a ter acesso sobre tudo o que foi documentado (reduzido a escrito). Não 
tem direito as que estão em curso. 
Serve para garantir a ampla defesa. O advogado vai começar a 
construir a defesa, apesar de não pode contestar nada durante o período de 
inquérito. 
5) DISPENSÁVEL (PRESCINDÍVEL)
O MP não está obrigado a fundamentar sua denúncia no inquérito. 
Não está obrigado a oferecer a ação penal com base no inquérito. Pode usar 
qualquer documento que lhe forneça elemento mínimo de autoria e 
materialidade. Pode OBTER A JUSTA CAUSA com outros materiais. Pode nem 
mesmo instaurar o inquérito.
Ex.: obtido através de uma CPI
6) INDISPONÍVEL 
Uma vez instaurado o inquérito, o DELEGADO de polícia não pode 
arquivá-lo. O mesmo só pode ser arquivado com intervenção do MP ou do 
juiz. O órgão que determina o arquivamento é externo. 
Art. 17, CPC - A autoridade policial não poderá mandar arquivar 
autos de inquérito. 
Há uma controvérsia interessante no art. 5 par. 3 do CPP: "Qualquer 
pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que 
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à 
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará 
instaurar o inquérito".
Esse artigo nos permite discutir a VPI (Verificação da procedência das 
informações, uma espécie de investigação prévia para ver se o fato narrado por 
uma pessoa na delegacia tem procedência. O delegado então decide se vai 
arquivar ou instaurar o inquérito. 
A VPI é um PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. Não reconhecemos 
a natureza das coisas pelo nome que é dado a elas, assim a autoridade policial 
não pode instaurar qualquer procedimento administrativo e arquivá-lo, não 
importa se o chama de VPI ou de qualquer outro nome. Isso daria margem a 
muita corrupção. 
Mas há quem defenda que se toda VPI se tornasse inquérito o MP não 
teria como lidar com todos. Essa investigação, no entanto, é a priorística (por 
exemplo, uma pessoa narra ter sido seqüestrada por ETs, o delegado não vai 
instaurar o inquérito, ou então não se trata de crime mas sim esfera cível).
Temos 2 correntes: uma que fundamenta a possibilidade de VPI no 
par. 3 do art. 5 e outra que defende que somente o MP ou o juiz podem 
mandar arquivar.
NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO: PROCEDIMENTO 
ADMINISTRATIVO
7) SISTEMÁTICO
O inquérito é organizado de forma a criar uma seqüência lógica, de 
forma cronológica. 
8) UNIDIRECIONAL
Ele se destina unicamente para o MP, para convencê-lo ou não a 
oferecer a denúncia. E não ao convencimento do juiz. O juiz não aprecia o 
inquérito, ele aprecia a denúncia ou a queixa crime.
INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO
O inquérito é instaurado quando temos a NOTÍCIA CRIME 
(pressuposto).
Pode ser instaurado através de uma PORTARIA ou de uma APF.
A portaria é um ATO ADMINISTRATIVO, que decorre de uma notícia 
crime MEDIATA (pessoa narra o fato na delegacia). Mas tb pode ocorrer 
quandoesta notícia crime for IMEDIATA, ou seja, a própria polícia toma 
conhecimento do crime. Neste último caso, o inquérito será instaurado através 
de uma APF (AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE).
Dentro de instauração temos 2 perguntas: o porquê da instauração e 
como será instaurado o inquérito. 
ATO DE INSTAURAÇÃO 
INQUÉRITO POLICIAL -------------- PORTARIA ou APF
MOTIVO DA INSTAURAÇÃO: NOTÍCIA CRIME
DENÚNCIA - - - - - - - -pe t ição in ic ia l do MP d i rec ionada 
ao---------------------------JUIZ
QUEIXA CRIME---petição inicial feita pelo ofendido através de 
advog------JUIZ
NOTÍCIA CRIME -------qualquer pessoa----qualquer forma---------------
POLÍCIA
Obs.: No caso da notícia crime, até mesmo uma notícia de jornal 
pode servir para a instauração de um inquérito. Assim como um telefonema, 
que tb é uma forma.
A denúncia e a queixa crime podem OU NÃO ser precedidos de 
INQUÉRITO, como já vimos este é dispensável. 
Eventualmente a notícia crime pode ser direcionada ao próprio MP (e 
não a autoridade policial), e este, se entender que os fatos apresentados são 
suficientes, pode oferecer a denúncia sem determinar a instauração de IP. 
Denúncia - ação penal PÚBLICA
Queixa Crime - ação penal PRIVADA
Quando for privada, o inquérito será entregue ao ofendido (através de 
cópias). Só é direcionado ao MP quando a ação for pública (seja condicionada 
ou incondicionada).
INSTAURAÇÃO NAS DIFERENTES HIPÓTESES DE AÇÃO PENAL:
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA ou AÇÃO PENAL 
PRIVADA
Nesses casos só pode instaurar o inquérito se for manifestada a 
vontade do ofendido ou da vítima. 
Ex.: O estupro é crime de ação condicionada a representação, assim o 
auto de prisão em flagrante só pode ser lavrado se a vítima representar. 
 Sendo o APF a instauração do inquérito, como o policial faz na 
prática quando percebe na rua a vítima sendo estuprada? Prende em flagrante 
ou espera a representação?
A PRISÃO SE DESDOBRA EM 2 MOMENTOS (prisão captura e o 
APF). Nesse caso, será feita a prisão CAPTURA. O criminoso será levado para a 
delegacia, e ANTES de lavrar o APF o delegado verificará se a vítima deseja 
representar. Ela pode renunciar a esse direito, não representar naquele 
momento (tem 6 meses para fazer) ou então decidir pela representação. 
A REPRESENTAÇÃO É RETRATAVEL ATÉ O OFERECIMENTO DA 
DENÚNCIA.
AÇÃO PENAL PRIVADA: Tb exige a representação da vítima.
DESENVOLVIMENTO DA INSTAURAÇÃO
Art. 6, CPP - 
O delegado pode apreender objetos NO LOCAL DO CRIME, qualquer 
outra busca e apreensão depende de AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
No inquérito temos a oitiva e não o interrogatório, mas hoje este 
termo já está vulgarizado.
Identificação datiloscópica - hoje a CF veda a identificação criminal 
qdo a pessoa puder ser identificada civilmente (identidade civil). 
Caso essa pessoa não tenha registro, nesse momento será identificado 
através das digitais e lhe será atribuído um número. Isso não impede que ele 
seja processado e condenado por seu crime.
Art. 10, CPP - 
Encerrado o inquérito, este será ENCAMINHADO AO JUIZ. As 
promotorias ficam vinculadas a um juiz. Quando recebe o inquérito, o juiz não 
faz nada, apenas encaminha ao MP. O inquérito passa pelo juiz formalmente, 
mas o destinatário é o MP.
Toda a doutrina critica esse envio ao juiz, uma vez que o mesmo não 
se envolve na fase de inquérito. No entanto, dessa forma o juiz poderia verificar 
se há duração razoável do inquérito. Nicolitt defende que quando irrazoável, o 
juiz poderia arquivá-lo. 
ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO
Uma vez encerrado será feito um RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO 
e então remetido ao juiz.
Art 10, par. 3 - o juiz acompanha para avaliar se a duração razoável 
está sendo respeitada. Quando houver violação desse princípio que se aplica tb 
a fase administrativa, o juiz pode mandar arquivar o inquérito.
Quando o inquérito encerrado (relatado) chega ao MP, este pode: 
- denunciar
- requerer baixa para diligências 
- declinar da atribuição 
- requerer o arquivamento
Se o MP encontrar no IP indício de autoria e materialidade do fato ele 
oferece denúncia. Mas caso não encontre esses indícios, mas percebe que a 
autoridade policial ainda pode promover outras diligências (ele pede baixa para 
diligências). 
Art. 16,CPP - 
Caso o MP, por exemplo, perceba que não tem competência, ele 
declina, remete os autos do IP para a esfera respectiva ou do local correto. Se o 
delegado já fez tudo o que poderia fazer, ele pode requerer o arquivamento do 
IP.
Quando requer ao juiz o ARQUIVAMENTO, o juiz dá uma DECISÃO.
NATUREZA JURÍDICA DA DECISÃO: ADMINISTRATIVA.
É UM ATO JUDICIÁRIO.
NÃO É JURISDICIONAL.
O arquivamento é regido pelo "REBUS SIC STANTIBUS", ou seja, dura 
enquanto assim continuar. Assim, se não havia indícios pode arquivar, mas se 
estes forem encontrados posteriormente poderá oferecer denúncia. Alteradas as 
condições fáticas, ela pode ser modificada, mesmo que o IP esteja arquivado. 
Alguns doutrinações sustentam que a decisão é um ATO COMPLEXO 
= manifestação do MP + decisão do juiz em arquivar. Nicolitt entende que é o 
MP quem decide pelo arquivamento do IP, o juiz não tem que exercer nenhum 
tipo de controle. Mas o CPP atribuir ao juiz uma função anômala, controle 
atípico:
 
Art. 28, CPP - 
CONTROLE DO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE - o juiz atua 
como um fiscal.
PGJ (autoridade superior) pode:
- denunciar
- designar outro órgão para denunciar
- insiste no arquivamento
O juiz então não de fazer mais nada, só arquivar.
Se o promotor pede o arquivamento mas o juiz discorda, ele pode 
encaminhar para o Procurador de Justiça (remete os autos a autoridade 
superior), ou então para o órgão colegiado. 
É como se fosse um RECURSO ADMINISTRATIVO feito pelo juiz, ele 
sai da inércia e assume a postura de parte.
Qual o princípio atua na designação do PGJ para outro órgão 
denunciar?
PRINCÍPIO DA DELEGAÇÃO.
Se o designado entender que ele não é competente, pode renunciar 
ou está obrigada a oferecer a denúncia?
Temos 2 correntes:
1) Como se trata de uma função delegada, ele estaria obrigado.
2) Ainda atua com INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (típica do MP), 
logo não pode ser obrigado a oferecer. Tem que atuar somente com base na 
lei e na sua consciência. O PGJ teria que designar outro. 
Nicolitt defende que o art. 28 é INCONSTITUCIONAL, uma vez que 
o juiz deve ser imparcial, logo não pode buscar a autoridade superior para 
evitar o arquivamento. Isso muda a lógica do sistema que adotamos, no qual o 
juiz tem que ser provocado. Esse dispositivo coloca o juiz como parte 
interessada, viola o sistema acusatório. Deveríamos ter outras formas como, por 
exemplo, a própria vítima se opor ao arquivamento.
Até agora, tratamos do arquivamento expresso, ou seja aquele que o 
MP requer. Mas a doutrina traz ainda o ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO, que 
pode ser:
1) OBJETIVO
2) SUBJETIVO
Segundo Afranio Silva Jardim, é possível tal arquivamento qdo no IP a 
autoridade está, por exemplo, investigando 2 sujeitos, mas a denúncia 
menciona apenas um deles. Ou está apurando 2 crimes (estelionato e furto), e 
só oferece denúncia quanto ao furto. O estelionato não consta da denúncia, 
logo não será objeto de apreciação judicial. Assim foi arquivado 
implicitamente.
Objetivo: o OBJETO do IP foi arquivado.
Subjetivo: um dos SUJEITOS foi arquivado.
A doutrina contesta, alegando que todo arquivamento deve ser 
expresso. Mas Nicolitt entende que ocorre de forma implícita sim, pois não 
houve denúncia nem pedido de baixa.
DESARQUIVAMENTO
Art. 18, CPP - DESARQUIVAMENTO
O desarquivamento do IP não possui um retraimento próprio no CPP. 
O art. 18 traz a possibilidade de desarquivar se tivermos NOTÍCIAS DE NOVAS 
PROVAS. Precisamos de meras notícias.
Súmula 524, STF - PROPOSITURADE AÇÃO
Já esse dispositivo, rege a propositura da ação e não o arquivamento. 
O STfexige o surgimento de NOVAS PROVAS. PROVAS SUBSTANCIALMENTE 
NOVAS (não bastam as provas formalmente novas). Se tivermos um novo 
depoimento, mas este não modifica nem a autoria nem a materialidade do fato. 
Essa prova é apenas formalmente nova, porque não contribui para a mudança.
Depois que foi arquivado, só pode ser denunciado se houver uma 
mudança fática, caso contrário "REBUS SIC STANTIBUS".
A s ú m u l a 5 2 4 N Ã O E S T Á R E L A C I O N A D A C O M 
DESARQUIVAMENTO.
Qual a NATUREZA JURÍDICA dessas NOVAS PROVAS da Súmula?
Há quem defende que seria CONDIÇÃO ESPECIFICA DE 
PROCEDIBILIDADE, mas é um equívoco. Na verdade, configuram a JUSTA 
CAUSA PARA AÇÃO, que faltava e que agora se exige.
IMPORTANTE: haviam IP apurando furto cometido por João e José. O 
promotor denunciou João, mas não falou nada sobre José. Somente João é 
citado. O promotor saiu de férias, o novo promotor resolve incluir José que 
ficou de fora. O juiz pode aceitar?
SOMENTE PODE SER DENUNCIADO SE EXISTIREM NOVAS 
PROVAS (diferente de notícias), porque em relação a José ocorreu 
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO. 
Quem entende que não houve arquivamento defenderia que José 
poderia ser incluído, mas Nicolitt entende pelo arquivamento implícito. 
ADITAMENTO NO ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO
PODERES DE INVESTIGAÇÃO DO MP
Existem 2 correntes:
1ª Corrente: PODE INVESTIGAR
- TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS
- LEGISLAÇÃO DO MP
- STF
- RESOLUÇÃO DO CNMP
Se ele pode mandar instaurar o IP, pq não poderia investigar? 
Teoria dos Poderes Implícitos - Quem pode mais pode menos. Sendo 
o MP o maior interessado, e como pode ordenar a investigação, ele poderia tb 
investigar.
A resolução mencionada regulamenta a investigação pelo MP.
2ª Corrente: NÃO PODE INVESTIGAR
- FALTA DE PREVISÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL
- FUNÇÃO DE CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL
- EMENDAS CONSTITUCIONAIS PROPOSTAS E RECUSADAS
- STF
O MP não teria esse poder porque se a CF quisesse isso teria redigido 
da mesma forma que o fez quanto a ação civil pública. A CF dotou tão somente 
o poder de requisitar. Pode buscar uma complementação, mas nunca conduzir 
a investigação.
A CF dotou o MP da função de controle externo da atividade policial, 
assim se o MP passa a investigar quem controlará essa investigação? Essa 
necessidade de controle então não permitiria.
No Direito nem sempre quem pode mais, pode menos. Isso porque 
cada um tem funções distintas (ex.: MP pode pedir a condenação e o juiz pode 
condenar. Mesmo podendo mais -condenar-, o juiz não pode pedir a 
condenação, que seria menos, porque não há compatibilidade com a sua 
função).
Por duas vezes foram apresentadas EC pretendendo incluir esse poder. 
Ambas foram rejeitadas. Se são EC, já temos que não há previsão legal, além 
disso o poder derivado já se manifestou contrariamente.
Quanto ao STF temos julgados opostos, mas em sede de turma (órgão 
fracionário). Um admitindo a possibilidade e outro rejeitando. Ainda não 
sabemos como o colegiado do STF vai se manifestar.
A resolução do CNMP extrapola os seus limites, isto porque não há 
lei. Uma resolução visa regulamentar uma lei, com essa não existe, está 
regulando a matéria em si, por isso é inconstitucional.
 
AÇÃO PENAL
 |
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PROCESSO = PÚBLICO / CONTRADITÓRIO
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MINISTÉRIO PÚBLICO
CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL QUANTO AO EXERCÍCIO
1) PÚBLICA
2) PRIVADA
AÇÃO PENAL PÚBLICA
A) INCONDICIONADA - art. 157, CP
B) CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO - art. 156, CP. Art. 141 c/c 
145, CP
C) CONDICIONADA À REQUISIÇÃO 
Obs.: MESMO QDO ESTAMOS DIANTE DE UMA AÇÃO PENAL 
PÚBLICA CONDICIONADA O AUTOR DESTA AÇÃO É O MP. 
AÇÃO PENAL PRIVADA
A) EXCLUSIVAMENTE (ou propriamente DITA)
- COMUM - art. 30/31, CPP
- PERSONALÍSSIMA - art. 236, CP
B) SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA - art. 29, CPP e art. 5°, LIX, CF
A ação penal é o segundo momento da persecução penal, a 
continuação. 
AÇÃO PENAL ----- JURISDIÇÃO ------ ESTADO
A ação penal é essencialmente pública porque a jurisdição é 
monopólio do Estado, mas quanto ao exercício podemos classificar em pública 
(MP) ou privada (ofendido, 
A regra geral: ação penal pública incondicionada.
Art. 100, CP - 
Art. 157, CP - Furto de coisa comum
Par. 1 - somente se procede mediante a representação.
Art. 138 a 144, CP - o art 145 traz ao fim do capítulo que a ação é 
pública condicionada. 
Art. 213 - ver art 225, CP
REPRESENTAÇÃO E REQUISIÇÃO
São CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DE PROCEDIBILIDADE. 
Toda ação tem as chamadas condições genéricas da ação. Juntamente 
com estas, a lei pode exigir condições específicas.
Sem estas o MP NÃO pode agir, ou seja, só poderá promover a ação 
penal se estiverem presentes.
A REPRESENTAÇÃO é QUALQUER MANIFESTAÇÃO INEQUÍVOCA 
DE VONTADE, MESMO INFORMAL (email, carta ....), DE VER INSTAURADA A 
AÇÃO PENAL.
Art. 24, CPP - 
Par. 1 - 
Já a REQUISIÇÃO é uma ORDEM do MINISTRO DA JUSTIÇA, que 
ocorre nos crimes contra Presidente da República ou autoridades estrangeiras.
Obs.: Nicolitt entende que caso a Presidenta Dilma seja injuriada a 
representação dela SUPRE a requisição do Ministro da Justiça. Este Ministro 
recebe ordens da Presidenta, age em nome dela. O comando é superior. 
Mesmo assim se mantém como ação penal publica condicionada à requisição. 
Na caso da autoridade estrangeira, teríamos a soberania, interesse 
nacional na persecução do crime. 
Crimes contra a honra de funcionário público - legitimidade 
concorrente - o funcionário pode representar ao MP ou oferecer de forma 
privada.
 
REPRESENTAÇÃO
Art. 25, CPP - A representação será IRRETRATÁVEL, depois de 
oferecida a denúncia.
Ocorrerá então o arquivamento do inquérito. A persecução penal é 
interrompida.
Se torna irretratável com o OFERECIMENTO da denúncia, e não com 
o RECEBIMENTO da denúncia. Antes mesmo de chegar nas mãos do juiz, basta 
ter sido distribuída. 
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL
AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA
OBRIGATORIEDADE OPORTUNIDADE
INDISPONIBILIDADE DISPONIBILIDADE
 INDISPONIBILIDADE
Obrigatoriedade - o MP será obrigado a oferecer a ação penal 
quando estiverem presentes os indícios de autoria e materialidade do fato.
Indisponibilidade - uma vez oferecida a ação, o MP não pode desistir 
da mesma. É uma consequência lógica do Princípio da Obrigatoriedade.
Art. 42, CPP - 
Art. 576, CPP - 
A doutrina tradicional defende que o MP tb não poderia desistir do 
recurso. Mas a doutrina mais moderna (minioritária) entende que o MP não é 
obrigado a recorrer, e se o recurso não é obrigatório o MP poderia desistir dele. 
Graças ao PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (previsto na CF). O 
art. 576 não poderia suprimir o princípio constitucional. 
Já a ação penal é obrigatória, logo não pode desistir.
Oportunidade - o querelante/ofendido decide se vai propor ou não a 
ação penal. Ele que vai verificar a oportunidade e conveniência. Cabe a ele 
decidir se quer discutir ou não, em função dos bens envolvidos.
Disponibilidade - consequência do Princípio da Oportunidade. O 
querelante pode desistir. 
Mecanismos para decidir sobre a oportunidade e conveniência da 
ação penal:
1) RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA: como o ofendido tem a 
conveniência e a oportunidade de oferecer ou não, ele pode renunciar. A 
RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA IMPORTA EM EXTINÇÃO DA 
PUNIBILIDADE. A renúncia pode ser EXPRESSA ou TÁCITA (ex.: convida 
para ser sua madrinha de casamento, independentemente da injúria).
2) DECADÊNCIA: 6 MESES para oferecer a queixa.
Uma vez oferecida aação penal PRIVADA é possível DISPOR desta 
através dos seguintes instrumentos:
1) PERDÃO DO OFENDIDO
2) PEREMPÇÃO
 
O perdão tb pode ser EXPRESSO ou TÁCITO. Pode ser PROCESSUAL 
ou EXTRA-PROCESSUAL.
Ex.: Uma carta ou uma escritura pública. Ou qualquer ato 
incompatível.
PERDÃO X RENÚNCIA
A renúncia ocorre ANTES do oferecimento da queixa, 
necessariamente. É UNILATERAL.
O perdão é POSTERIOR, e será BILATERAL, ou seja, o ofendido TEM 
QUE ACEITAR. Pode querer provar que é inocente, e se aceitar o perdão pode 
parecer que era culpado.
Art. 60, CPP - 
A PEREMPÇÃO é a desídia do querelante.
Ex.: Deixa de formular pedido de condenação ou quando pede a 
absolvição. 
ATENÇÃO: Esta última parte apesar de não constar expressamente no 
dispositivo, cabe esta interpretação (art. 60, III).
Nesse caso a punibilidade tb é extinta.
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE
Arts. 48, 49 e 51
A ação penal é indivisível. O ofendido pode até escolher se vai propor 
ou nao a ação, se vai prosseguir ou nao. No entanto, NÃO PODE ESCOLHER 
CONTRA QUEM VAI PROPOR A AÇÃO.
Ex.: João e Maria ofenderam José. Ou José propõe contra ambos ou 
contra nenhum dos dois.
Art. 48, CPP - 
Como o MP vai velar pela indivisibilidade na ação penal privada?
Ex.: José propõe apenas contra João.
 
Art. 45 - 
ADITAMENTO - pode ser PRÓPRIO ou IMPRÓPRIO.
PRÓPRIO se subdivide em:
1) SUBJETIVO
2) OBJETIVO
IMPRÓPRIO se subdivide em:
1) RETIFICAÇÃO
2) RATIFICAÇÃO
ADITAR significa adir, acrescentar.
O aditamento PRÓPRIO tem natureza de ACUSAÇÃO. 
NATUREZA JURÍDICA do aditamento - IMPUTAÇÃO
SUBJETIVO - incluir um NOVO SUJEITO, estender a imputação a ele. 
OBJETIVO - incluir um FATO NOVO CONTRA O SUJEITO.
Ex.: incluir no furto uma falsificação de documento.
O MP só pode fazer um aditamento PRÓPRIO quando diante de uma 
ação penal PÚBLICA.
Na ação penal PRIVADA o MP não tem legitimidade para ACUSAR. 
Temos 3 correntes diante da divergência:
1) Poderá aditar na forma do art. 45, CPP.
2) Se o querelante conhecia todos os autores do fato e só propõe 
contra um, ele RENUNCIA em relação aos outros. 
Art. 49 - 
Art. 51 - 
O MP não pode aditar PARA INCLUIR O OUTRO, mas pode estender 
a renúncia ou perdão a todos. 
Mas se o ofendido não sabia de todos os autores, e isso só vem a tona 
durante o processo, nesse caso o MP PODERÁ ADITAR PARA INCLUÍ-LO.
3) Não pode aditar NUNCA. Corrente defendida por Nicolitt.
O art. 45 se encontra no CPP no tratamento dos REQUISITOS 
FORMAIS. Nicolitt entende que estaria, assim, ligado ao aditamento 
IMPRÓPRIO. 
Obs.: O querelante pode aditar a queixa desde que dentro do prazo 
decadencial (mesmo que durante o processo).
E A AÇÃO PENAL PÚBLICA É INDIVISÍVEL?
Apesar de o CPP não trazer expressamente, tb é indivisível até em 
decorrência do Princípio da Obrigatoriedade.

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