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Processo Penal I - Resumo - PP1

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1 
 
Ornella Di Lorenzo Silva 
Prof. Mauro Andrade 
Processo Penal I 
Formas de resolução de conflitos: 
➔ Autodefesa 
➔ Autocomposição 
➔ Processo 
Autodefesa: 
• É a forma mais antiga de resolução de conflito, tendo em vista que não 
pressupõe racionalidade, e sim ação e reação. 
• É a imposição da força para a resolução de conflito, sendo que o mais 
forte ganha. 
• Imposição de um interesse em detrimento de outro, logo eu imponho 
meu interesse em razão do interesse do meu adversário e disputamos 
através da força. 
• A autodefesa se caracteriza por ser uma forma de resolução de conflito 
instintiva, desse modo não utiliza da razão, logo, tem caráter intuitivo e 
não racional. 
• Hoje em dia essa forma de resolução de conflito não é a mais usada, 
entretanto, existem alguns casos em que as pessoas agem por intuição, 
com o intuito de reagir a uma ação. Um exemplo clássico de autodefesa 
na atualidade é a legítima defesa, na qual o indivíduo age 
instintivamente. 
• A autodefesa pode ocorrer de duas maneiras: pela índole unilateral ou 
pela índole bilateral. 
• Índole unilateral: é a ação de apenas um sujeito sobre o outro, dessa 
maneira, apenas uma pessoa exerce a autodefesa em relação ao outro. 
• Índole bilateral: configura-se como o duelo, logo, ambas as partes têm 
ação e reação. Sendo assim, ambas reagem. 
 
 
2 
 
 
Autocomposição: 
• Na autocomposição verifica-se o ajuste de vontades, pois uma das 
partes aceita ceder uma parcela de seu interesse visando a resolução 
do conflito. 
• A autocomposição pressupõe racionalidade, e não uma mera reação a 
uma ação. 
• São características da autocomposição: celeridade e agilidade. 
• Celeridade: economia quanto as custas processuais. 
• Agilidade: quando as partes conseguem compor o conflito entre si, torna 
o processo mais rápido e menos litigioso. 
• Obs: essa forma de resolução de conflito não adentra no âmbito 
judiciário. 
• A autocomposição ocorre de duas maneiras: pela índole unilateral ou 
pela índole bilateral. 
• Índole unilateral: quando a resolução parte da índole de uma pessoa. 
Por exemplo: A exige de B o pagamento de R$ 1.000,00, dessa forma, B 
reconhece o pedido e paga o valor pedido. 
• Índole bilateral: a forma de autocomposição bilateral pressupõe uma 
negociação entre as partes, visto que ambas têm a intenção de 
solucionar o conflito. 
• Índole bilateral no Processo Penal: a negociação pode ocorrer no 
processo penal e segue a seguinte lógica: 
• Composição de danos no Juizado Especial Criminal: tenta-se a 
negociação no JECRIM para crimes de menor potencial ofensivo. 
• Transação Penal: após a tentativa de conciliação no JECRIM, o MP irá 
oferecer proposta de transação. Tal proposta pode ser aceita ou não 
pelo autor do fato, contudo, se aceita, pode vir a ser descumprida. 
• Denúncia e Sursis: caso a transação penal não seja aceita ou 
descumprida pelo autor, o MP oferece denúncia. Nesse momento o 
autor do fato torna-se réu. Quando a pena mínima for de até um ano, o 
MP deve apresentar Sursis, ou seja, suspensão condicional da pena. 
3 
 
Cabendo Sursis, o processo fica suspenso de 2 a 4 anos, caso o réu 
cumpra com as prerrogativas as quais se comprometeu, o processo é 
extinto. 
 
Processo: 
• O processo é uma forma de resolução de conflito que se caracteriza 
pela presença do Estado na composição da lide. Dessa forma, há 
processo quando existe a presença de um juiz para julgar. 
• O processo inicia com a homologação do juiz, independentemente se 
for civil ou penal. 
• O processo inicia quando o juiz é provocado. 
• No processo penal, todas as formas de resolução de conflito são 
submetidas ao judiciário, pois todas as maneiras de compor a lide 
devem passar pelo processo, ou seja, pela presença do juiz. 
Princípios do Processo: 
➔ Princípio da Igualdade 
➔ Princípio do Favor Rei 
➔ Princípio do Contraditório 
➔ Princípio da Oralidade 
➔ Princípio da Escritura 
➔ Princípio do Acusatório 
➔ Princípio do Inquisitivo 
➔ Princípio da Publicidade 
➔ Princípio do Devido Processo Legal 
Princípio da Igualdade: 
a) Conceito: 
• O princípio da igualdade, conhecido também como o princípio da 
isonomia ou "par conditio", está previsto no caput do art. 5° da CF: 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
4 
 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade, nos termos seguintes. 
• “ Igualdade entre as partes, de modo a que disponham dos mesmos 
direitos e obrigações no processo. ” Mauro Andrade, Sistemas, 
p.162. 
 
b) Conceito de Armas: 
• O princípio da igualdade refere-se tanto as partes tanto as armas. 
• A igualdade de armas incide na fase processual, visto que regula 
quais os mecanismos de defesa e acusação que poderão ser 
utilizados no processo penal. A utilização da palavra “armas” está 
relacionada com a origem histórica do processo, uma vez que esse 
rito é entendido como uma “manifestação ritualizada de uma guerra, 
onde há regulamentação não somente do tempo ou lugar de seus 
atos, mas também das armas que poderão ser utilizadas pelos 
contendores. ” Mauro Andrade, Sistemas, p.169. 
c) Âmbito de Aplicação da Igualdade de Armas: 
• A igualdade de armas se dá no âmbito processual, “ a fim de que o 
Estado possa se defender, identificar e deter aqueles indivíduos que 
romperam com a ordem social e jurídica preestabelecidas. Se isso é 
assim, o que se está dizendo é que o Estado necessita de certa 
superioridade sobre o suposto infrator, em razão da vantagem inicial 
deste último sobre os órgãos estatais. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 
171. 
• A igualdade de armas vai incidir no âmbito processual como uma 
forma de “igualdade por compensação”, visto que se ocorresse 
igualdade de armas na fase de investigação criminal a mesma não 
atingiria suas finalidades, tornando-se ineficaz se o suposto 
criminoso participasse de sua própria investigação. 
• A igualdade incide na fase de processo de conhecimento, e não na 
fase investigativa, uma vez que a investigação pressupõe 
desigualdade entre as partes. Sendo assim, a investigação é 
desigual em uma tentativa de equiparação do Estado ao suposto 
5 
 
delinquente, posto que o criminoso está um "passo à frente" dos 
policiais. Além disso, não há na investigação a delimitação das 
partes, logo, não tem como haver igualdade de partes. Quanto a 
igualdade de armas, a mesma lógica incide, portanto, a igualdade de 
armas ocorre na fase processual e não investigativa, já que as armas 
são utilizadas para o convencimento do juiz no processo. 
d) Espécies de Igualdade: formal e material 
• Igualdade formal: está ligada ao princípio constitucional. Sendo 
assim, não se pode ter diferenciação de tratamento entre as partes 
no processo. "A igualdade formal determina um tratamento 
absolutamente igual a situações, pessoas ou fatos." Mauro Andrade, 
Sistemas, p.163. 
• Igualdade material: "tratar as pessoas de modo diferenciado, para 
que se possa alcançar a igualdade real ou material entre todos os 
indivíduos." Mauro Andrade, Sistemas, p.165. A igualdade material 
consiste na criação, pelo Poder Público, de diferenças para eliminar 
ou amenizar as desigualdades que procura combater com a 
igualdade material. Dessa forma, a igualdade material está atrelada a 
ideia de compensação. Exemplo de igualdade material: prazo de 
manifestação da defensoria pública ou as intimações pessoais do MP 
e defensoria. 
Princípio do Favor Rei: 
a) Conceito: 
• Conhecido também como princípio do "favor innocentiae" ou princípio 
da liberdade, o princípio favor rei é oposto a concepção da igualdade, 
pois procura dar um tratamento diferenciado para o réu. Logo, esse 
princípio existe apenas no âmbito de processo penal, caracterizando 
tal procedimento comodesigual. 
• É concedido mais armas para o réu se defender, logo, o legislador 
deve conferir especial prevalência aos interesses do acusado. 
Portanto, " é considerado postulado básico e de presença obrigatória 
em todo o Estado que queira se apresentar como democrático, o 
princípio do favor rei significa que, no confronto entre a pretensão 
6 
 
punitiva e os interesses do acusado, o legislador deve conferir uma 
especial prevalência a estes últimos. Ela se dá com a concessão, 
com caráter exclusivo, de certas garantias ou armas ao acusado, 
para que possa demonstrar a veracidade de seus argumentos ou 
destruir aqueles que forem apresentados pelo acusador." Mauro 
Andrade, Sistemas, p.184. 
 
b) Fundamento: 
• É preferível um culpado solto, do que um inocente preso." 
• O fundamento desse princípio reside na ideia de que um Estado 
democrático de Direito deve ser garantidor da liberdade dos seus 
cidadãos, não demonstrando interesse na condenação de um 
inocente. Desse modo, tal juízo é conhecido como princípio da 
liberdade. 
c) Diferença entre o Princípio do Favor Rei e da Igualdade Material 
• O princípio do favor rei não pressupõe compensação, como na 
igualdade material, e sim desequilíbrio, opondo-se à igualdade. 
Sendo assim, apenas basta ser réu para o princípio do favor rei ser 
aplicado. 
d) Instrumentos: garantias processuais x armas 
• Quais são as armas concedidas ao réu que acarretam em um 
desequilíbrio, durante o processo penal? 
• Embargos infringentes: os embargos infringentes ocorrem quando há 
apelação no segundo grau, esse tipo de apelação será julgada por 
três desembargadores. Caso o resultado da apelação seja 1 para a 
defesa e 2 para o MP ou autor, cabe os embargos infringentes. 
Contudo, se forem 2 votos para a defesa e 1 para o MP ou autor não 
cabe os embargos infringentes. 
• Habeas corpus: é uma ação que existe apenas para a defesa. 
• Ações de impugnação: é uma ação e não recurso. As ações de 
impugnação são conhecidas como revisão criminal. Esse tipo de 
ação só cabe em favor do réu, não existindo prazo para ser reaberta 
7 
 
a revisão. O MP ou o autor podem pedir a revisão do processo, 
contudo se for para favorecer o réu, caso contrário não. 
• Prova ilícita: a lógica da prova ilícita é ser excluída do processo, 
contudo, se a mesma beneficiar o réu, poderá ser usada. Entretanto, 
não é toda e qualquer prova ilícita que poderá ser usada no 
processo, mesmo se for em benefício do réu. Existem três situações 
que impedem o uso da prova ilícita aplicada ao princípio do favor rei: 
• Se for fruto de tortura física ou psicológica; 
• Se for fruto de hipnose; 
• Ou se for fruto de anarcoanálise (soro da verdade) → perde-se o 
caráter volitivo, a pessoa não escolhe o que quer falar. 
Princípio do Contraditório: 
• Conhecido também como o princípio da audiência bilateral, visto que 
ambas as partes são ouvidas no processo. 
• Art. 5°, LV da CF - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
• O princípio do contraditório deve ser entendido como a participação 
de ambas as partes no processo, acusação e defesa. 
a) Conceito Clássico: 
• “O princípio do contraditório era encarado como um dever do juiz de 
informar, anteriormente ao julgamento da causa, o réu sobre a 
existência de uma acusação, a fim de que pudesse rebater as 
afirmações nela expostas.” Entendia-se que: “todo o material 
probatório levado ao processo era fruto de uma atividade exclusiva 
das partes. Aos juízes cabia, tão-só, julgar o tema que lhes era 
apresentado, não podendo buscar informações que auxiliassem na 
tarefa de julgar.” Mauro Andrade, Sistemas, p. 138. 
b) Conceito Atual: audiatur et altera parte 
• "AUDIATUR ET ALTERA PARS": enquanto uma parte se manifesta 
no processo a outra escuta, ou seja, depois que alguém fala a outra 
8 
 
parte responde. Hoje em dia, o princípio do contraditório não abarca 
apenas a escuta da outra parte, atingindo a atuação do juiz. Assim 
sendo, "o princípio do contraditório passou a ser definido como um 
dever judicial de informar as partes sobre a existência de questões 
que possam ser prejudiciais, tanto aos interesses do acusado, como 
aos interesses do próprio acusador, para que esse mesmo juiz possa 
se pronunciar." Mauro Andrade, Sistemas, p.139. 
• Antes de o juiz decidir de ofício ele deve ouvir as partes, com o intuito 
de evitar decisões surpresa. 
• Art. 10 do CPC: O juiz não pode decidir, em grau algum de 
jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha 
dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de 
matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
• No Código de Processo Penal existe um problema de interpretação, 
visto que o código vigente é de 1940. Dessa forma, o princípio do 
contraditório no que tange a sua interpretação atual está exposta no 
seguinte dispositivo legal: 
• Art. 497 do CPP. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do 
Júri, além de outras expressamente referidas neste Código: IX - 
decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a 
requerimento de qualquer destes, a arguição de extinção de 
punibilidade; 
c) Âmbito de incidência do princípio do contraditório: 
• “... não há espaço para o princípio do contraditório na fase de 
investigação criminal, pois, por apresentar natureza administrativa no 
sistema acusatório, ela não pode ser considerada processo, o que 
leva à exclusão da possibilidade de nela existirem partes.” Mauro 
Andrade, Sistemas, p. 140. 
• Esse preceito está inserido no processo penal, visto que pressupõe a 
participação das partes, logo, não há incidência do contraditório na 
investigação criminal, já que a mesma é uma fase administrativa e 
nela ainda não estão configuradas as partes do processo. A ideia do 
contraditório é existir onde há presença do juiz. Outro motivo para 
9 
 
não haver contraditório na fase investigativa é quanto ao tempo de 
duração, haja vista que se deve zelar pela celeridade da resolução 
do caso, dessa forma, poupa-se tempo na investigação para no 
processo serem ouvidas as partes. 
• O ponto de partida para o início do princípio do contraditório no 
processo é quando da notificação do réu para apresentar a sua 
contestação. Sendo assim, esse é o primeiro momento de sua 
manifestação. Contudo, “enquanto o processo estiver tramitando, 
continua o juiz vinculado ao seu dever de conceder ás partes a 
possibilidade de tomarem conhecimento e rebaterem o teor das 
afirmações e informações que, contra suas pretensões, existirem no 
feito. Isso nos leva a concluir que o princípio do contraditório deve ser 
respeitado tanto pelo primeiro grau, como pelo segundo grau de 
jurisdição. ” Mauro Andrade, Sistemas, p.140. 
• Exceção → princípio do contraditório na fase investigativa – prisão 
em flagrante: 
• Quando ocorre prisão em flagrante, teremos o princípio do 
contraditório sendo usado em uma das etapas da fase investigativa, 
pois haverá audiência de custódia. A audiência de custódia é um ato 
judicial inserido na fase de investigação criminal. É importante 
salientar que dentro da FASE de investigação ocorrem diferentes 
fatos, sendo um deles a audiência de custódia, a qual se caracteriza 
como um ato judicial dentro da fase administrativa. Dessa forma, na 
fase de investigação criminal não há contraditório, apenas em um ato 
judicial que está dentro dessa etapa. 
• Obs: a fase de investigação criminal é composta por: 
Inquérito policial 
Mandado de busca e apreensão 
Auto de prisão em flagrante 
Audiência de custódia 
d) Fundamentos: lógico e prático 
• Existem dois fundamentos que explicam a necessidade do princípio 
do contraditório. 
10 
 
• Fundamento lógico: a contradição existente entre uma afirmação e 
uma negação quese opõem, dessa maneira, uma parte fala e a outra 
irá responder. “ Seu fundamento lógico é fruto do próprio caráter 
bilateral da ação – demanda ou acusação -, já que a decisão do juiz 
deve se produzir somente após obter os argumentos das partes ativa 
e passiva. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 139. 
• Fundamento prático: as partes debatem durante o processo para 
permitir ao juiz um julgamento dotado de melhor qualidade, uma vez 
que a finalidade do processo é o convencimento do judiciário. “ O 
fundamento prático seria permitir ao juiz, através da participação das 
partes, chegar à meta suprema do processo, que seria a obtenção da 
verdade real. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 139. 
e) Limitações: restrições válidas 
• Apesar do princípio do contraditório ser essencial para evitar 
decisões surpresa, podem ocorrer decisões em que não se ouve as 
partes, tanto no processo civil quanto no processo penal. São os 
casos de decisões INAUDITA ET ALTERA PARTE, esse tipo de 
evento ocorre quando houver urgência ou perigo de ineficácia da 
medida cautelar, podendo o juiz decidir sem ouvir alguma das partes. 
Sendo assim, o afastamento do contraditório é aplicado quando 
existe a possibilidade de risco ou ineficácia da medida cautelar. 
• Art. 282 do CPP. As medidas cautelares previstas neste Título 
deverão ser aplicadas observando-se a: § 3° Ressalvados os casos 
de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o 
pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte 
contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças 
necessárias, permanecendo os autos em juízo. 
• Exemplo: quando se quer fazer uma interceptação telefônica no 
inquérito policial o juiz toma uma decisão inaudita et altera parte, pois 
não houve a parte que será alvo da interceptação telefônica, visto 
que se isso ocorresse colocaria em perigo a eficácia da medida. 
Princípio da Oralidade: 
a) Previsão constitucional: 
11 
 
• Art. 98 da CF. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os 
Estados criarão: I - Juizados especiais, providos por juízes togados, 
ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e 
a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações 
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral 
e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a 
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de 
primeiro grau; 
b) Origem: 
• O princípio da oralidade tem sua origem no sistema acusatório 
clássico, visto que “ ... o meio eleito para permitir o exercício do 
controle popular foi a utilização da palavra falada, possibilitando a 
todos os cidadãos presentes no julgamento acompanhar a 
regularidade do processo, a conduta das partes e testemunhas, e a 
correspondência entre o que foi exposto por elas e o que foi decidido 
pelo órgão julgador. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 149. 
• “...a análise da realidade histórica do princípio da oralidade deixa 
claro que os juízes do direito clássico deveriam decidir 
exclusivamente com base no material oralmente produzido pelas 
partes e testemunhas, pois era o único meio que permitia a 
fiscalização popular da atividade judicial. ” Mauro Andrade, Sistemas, 
p. 154. 
c) Conceito: 
• Esse princípio é tido como elemento essencial ao sistema ao 
acusatório, visto que é por meio dele que os pensamentos são 
exteriorizados. “Modo de comunicação utilizado para o 
convencimento do juiz deverá ser a palavra falada...” Mauro Andrade, 
Sistemas, p.150. 
• O princípio da oralidade consiste que o julgamento do juiz deve ser 
baseado predominantemente no que ouviu das partes durante o 
processo. Logo, o juiz julga com base naquilo que ouve. 
d) Finalidade: aspectos qualitativos e quantitativos 
12 
 
• O princípio da oralidade traz um incremento qualitativo e quantitativo 
nos sentidos do juiz, visto que o magistrado pode ter contato imediato 
com as testemunhas e perceber, através dos sentidos, quem está ou 
não falando a verdade. 
• Aspectos Quantitativos: por meio do preceito da oralidade o juiz 
recorre a visão e audição, como aspectos quantitativos para se 
convencer da verdade. 
• Aspectos Qualitativos: com relação ao aspecto qualitativo, a visão 
é um dos trunfos proporcionados por esse princípio, posto que o juiz 
consegue analisar visualmente os aspectos das testemunhas e 
perceber detalhes que muitas vezes não são notados apenas nos 
autos. Em suma, existem vantagens sobre o princípio da escritura, 
uma vez que ocorre a valorização da fala. 
e) Subprincípios do Princípio da Oralidade: 
• Identidade física do juiz: Art. 399 do CPP. Recebida a denúncia ou 
queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a 
intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se 
for o caso, do querelante e do assistente. § 2° O juiz que presidiu a 
instrução deverá proferir a sentença. → O juiz que realizou a 
audiência é o mais qualificado para julgar. 
• Imediação: é o contato imediato entre o juiz e as partes, sem 
imediação de outros, como por exemplo o escrivão. 
• Celeridade: o processo deve transitar rapidamente, para facilitar a 
memória do juiz, posto que o mesmo teve contato direto com as 
partes. 
• Concentração ou unidade de atos: é essencial para a celeridade 
do processo a concentração de atos, tornando o procedimento mais 
rápido e ágil. 
f) Espécies de Oralidade: nos depoimentos e nos debates 
• Oralidade nos Depoimentos: “ se manifesta somente quando as 
testemunhas ou as próprias partes respondem oralmente as 
perguntas do juiz ou de seus adversários. Com isso, sua finalidade é 
13 
 
transmitir informações ao órgão julgador...” Mauro Andrade, 
Sistemas, p. 155. 
• Oralidade nos Discursos ou Debates: “exposição oral dos 
argumentos que as partes (ou seus procuradores) apresentam ao juiz 
ao longo do processo... sua finalidade é tentar exercer alguma 
influência no espírito do julgador...” Mauro Andrade, Sistemas, p. 
155. 
Princípio da Escritura: 
a) Conceito: 
• O princípio da escritura é o convencimento do juiz através dos 
documentos que serão juntados nos autos. Assim sendo, o juiz julga 
com base no que leu, não havendo contato entre o magistrado e as 
partes. O princípio da escritura é a exceção tanto no processo penal, 
tanto no processo civil, sendo a oralidade a regra, já que é 
impossível, no processo penal, não haver audiência. 
b) Incidência do Princípio da Escritura: 
• Visto que é uma exceção, o princípio da escritura, no processo penal, 
pode ocorrer através da carta precatória ou em apelação de segundo 
grau. Em ambos os casos as partes não são ouvidas e os 
magistrados – juízes e desembargadores-, decidem por meio dos 
autos. 
c) Vantagens do Princípio da Oralidade sobre o Princípio da Escritura: 
• A doutrina considera o princípio da oralidade como a principal 
garantia do princípio da publicidade, posto que “ ... o princípio da 
oralidade nasceu para estar a serviço do princípio da publicidade, já 
que o verdadeiro propósito de sua criação foi permitir a fiscalização 
popular sobre os julgamentos do direito clássico. ” Mauro Andrade, 
Sistemas, p. 151. 
• Outrossim, todos os subprincípios do princípio da oralidade são 
encarados como consequências positivas para o processo penal, 
qualificando ainda mais tal princípio como “superior” ou mais 
vantajoso que o princípio da escritura. 
14 
 
Princípio do Acusatório: 
a) Previsão Constitucional: 
• Art. 129 da CF. São funções institucionais do Ministério Público: I - 
Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
b) Conceito: 
• Princípio relacionado com a acusação, pois sustenta a imparcialidade 
do juiz, uma vez que separa a figura de quem acusa e de quem julga. 
Portanto, esse princípio marca a separação necessária entre 
promotor e juiz. 
c) Espécies: acusatório material e formal 
• Acusatório formal:essa espécie do princípio acusatório não vigora 
no Brasil, posto que tal modalidade defende uma diferenciação 
apenas formal, entre acusador e julgador. Logo, se obedece apenas 
uma mera diferenciação de profissões, podendo o juiz mandar 
desarquivar um uma acusação arquivada pelo MP, por exemplo. 
• Acusatório material: aqui a separação entre julgador e acusador é 
respeitada em âmbito funcional, ou seja, o juiz não assumirá a função 
de acusador, não podendo interferir na atividade jurisdicional do 
promotor. Sendo assim, mantém-se preservada a imparcialidade do 
juiz. NEMO IUDEX SINE ACTORE. 
• Art. 28 do CPP. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial 
ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar 
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou 
peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a 
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-
la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o 
juiz obrigado a atender. 
Princípio Inquisitivo: 
15 
 
a) Conceito: 
• Perda da imparcialidade do juiz. Contudo, existem três teorias que 
tentam explicar como essa perda se dá. 
• O juiz é o acusador: o juiz e o acusador se confundem na mesma 
pessoa, assumindo o magistrado ambos os papeis. É a definição mais 
comum. 
• O acusador é prescindível no processo: a figura do acusador é 
dispensável no processo, podendo o juiz assumir esse papel. 
• Liberdade na fase probatória: essa linha compreende a parcialidade do 
juiz no processo, que terá liberdade para produzir provas, ou seja, 
participará da fase probatória, perguntando durante as audiências, 
arrolando testemunhas, determinando perícia... 
Princípio da Publicidade: 
a) Previsão Constitucional: 
• Art. 5º da CF. LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o 
exigirem; 
• Art. 93° da CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal 
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os 
seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados 
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em 
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado 
no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
b) Previsão no CPP: 
• Art. 20 do CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da 
sociedade. 
16 
 
c) Conceito: 
• A publicidade está relacionada com a possibilidade de qualquer 
pessoa ter acesso a investigação criminal, sendo inquérito policial ou 
investigação do MP, ou ao processo penal. 
• "O princípio da publicidade se transformou em uma garantia política 
presente no processo." Mauro Andrade, Sistemas, p.131. 
d) Origem: 
• A origem do princípio da publicidade está relacionada com o controle 
popular feito pelos cidadãos. " A presença de cidadãos nos 
julgamentos deixou de ser uma simples concessão do julgador, e se 
tornou um direito de o povo acompanhar o que estava sendo 
discutido por aquelas pessoas... O passo seguinte nesse processo 
evolutivo foi reconhecer a presença do povo nos julgamentos como 
um direito de todo cidadão." Mauro Andrade, Sistemas, p.131. 
Portanto, o princípio da publicidade está concatenado com o 
interesse social pelas decisões que são tomadas. Atualmente, a 
lógica do controle popular é substituída pelos recursos, tal 
mecanismo proporciona as partes do processo recorrerem contra as 
decisões judiciais. Tendo em vista que os autores dos recursos são 
somente as partes que compõem a lide, a participação popular não é 
muito significante. 
e) Finalidade: 
• "... o objetivo do princípio da publicidade é conferir legitimidade ao 
trabalho produzido pelo Poder Judiciário. E essa legitimidade seria 
alcançada através do controle popular..." Mauro Andrade, Sistemas, 
p.132. 
f) Exceções ao Princípio da Publicidade: SIGILO 
• Onde pode ocorrer o sigilo? 
17 
 
Inquérito 
Processo 
• Quem pode decretar o sigilo? 
Delegado – fase de investigação criminal – art. 20 do CPP 
Juiz – processo – art. 23 da Lei: 12.850/13: O sigilo da investigação 
poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da 
celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao 
defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de 
prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente 
precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências 
em andamento. Exceção → para os crimes que envolvem organização 
criminosa, somente o juiz poderá decretar sigilo. Nos demais tipos penais, 
tanto juiz como delegado podem auferir sigilo. 
g) Caráter Prescindível do Princípio da Publicidade: 
• A decisão de sigilo pode ser revogada. 
Princípio do Devido Processo Legal 
a) Previsão Constitucional: 
• Artigo 5º, inciso LIV, da CF – ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo penal. 
b) Componentes: 
• STF, HC 100.204, DJ 07-04-2008: (trechos) 
• Nesse contexto, impõe-se, ao Judiciário, o dever de 
assegurar, mesmo ao réu estrangeiro sem domicílio no 
Brasil, os direitos básicos que resultam do postulado do 
devido processo legal, notadamente as prerrogativas 
inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do 
18 
 
contraditório, à igualdade entre as partes perante o juiz 
natural e à garantia de imparcialidade do magistrado 
processante... 
• O exame da garantia constitucional do "due process of law" 
permite nela identificar alguns elementos essenciais à sua 
própria configuração, destacando-se, dentre eles, por sua 
inquestionável importância, as seguintes prerrogativas: (a) 
direito ao processo (garantia de acesso ao Poder 
Judiciário); (b) direito à citação e ao conhecimento prévio do 
teor da acusação; (c) direito a um julgamento público e 
célere, sem dilações indevidas; (d) direito ao contraditório e 
à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa 
técnica); (e) direito de não ser processado e julgado com 
base em leis "ex post facto"; (f) direito à igualdade entre as 
partes; (g) direito de não ser processado com fundamento 
em provas revestidas de ilicitude; (h) direito ao benefício da 
gratuidade; (i) direito à observância do princípio do juiz 
natural; (j) direito ao silêncio (privilégio contra a auto-
incriminação); (l) direito à prova; e (m) direito de presença e 
de "participação ativa" nos atos de interrogatório judicial dos 
demais litisconsortes penais passivos, quando existentes. 
c) Espécies: devido processo legal material e formal 
• Devido processo legal material: o procedimento deve 
respeitar os princípios aplicados ao processo penal, tais 
como publicidade, escritura, contraditório, igualdade de 
armas... 
• Devido processo legal formal ou procedimental: deve-se 
respeitar os procedimentos estipulados pelo Código de 
Processo Penal Brasileiro, ou seja, é quanto ao respeito do 
passo a passo do processo, sendo assim, sua forma. 
Sistemas Processuais Penais: 
19 
 
➔ Finalidades dos Sistemas Processuais Penais: 
• Grau de repressão 
• Grau de Imparcialidade 
• Grau de tecnicidade 
1. Sistema Acusatório: é importante salientar que o sistema acusatório se 
preocupa com a imparcialidade do juiz, ou seja, a lógica desse sistema é 
que o magistrado não interfira na acusação. “ ... a doutrina descreve o 
sistema acusatório como estando formado por juízes e acusadores 
populares, onde o s juízes estão impossibilitados de adotar um 
comportamento mais ativo no processo... seus princípios reitores seriam 
o acusatório, a oralidade, o contraditórioe a publicidade. ” Mauro 
Andrade, Sistemas, p. 44. 
1.1 Teorias para a Definição: 
a) Tipos Ideias Clássicos: 
• “ Em realidade, cada autor praticamente propõe seu 
conceito pessoal sobre esses sistemas processuais, sendo 
que todos eles não encontram um correspondente histórico 
ou atual que coincida integralmente às suas descrições. ” 
Mauro Andrade, Sistemas, p. 52. 
• O processo de construção dos tipos ideais está relacionado 
com a criação dos autores de teorias com pouca eficácia 
científica, uma vez que não utilizam um critério 
regulamentado para construírem sua teoria. Sendo assim, 
essa corrente possibilita que cada autor crie seu tipo ideal 
pessoal, havendo certa discrepância entre o conteúdo por 
ele defendido e a realidade, seja ela histórica ou atual. 
• Teoria com grau de validade relativo e pouco eficaz. 
• Baseada em meras opiniões → caráter abstrato e 
imaginário. 
20 
 
• Não existe um tipo ideal definido, podendo cada autor 
inserir em sua teoria os elementos que acredita ser 
positivos para o processo penal. 
b) Princípio Acusatório: 
• Essa teoria defende a presença de um elemento único para 
a caracterização do sistema acusatório, sendo ele o 
princípio acusatório. Portanto, basta haver um acusador 
diferente do juiz para que o processo se inicie, não 
considerando a forma como ele é iniciado. Logo, é a teoria 
que menos apresenta problemas teóricos. 
c) Teoria da Gestão da Prova: 
• Segundo essa teoria, o sistema é caracterizado como 
acusatório em face da inercia do juiz na fase probatória do 
processo. Desse modo, a gestão da prova é de 
responsabilidade das partes, devendo elas, e somente elas, 
produzi-las. Portanto, o juiz deve ser inerte na fase 
probatória do processo, não podendo participar da 
produção de provas. No momento em que o juiz participa na 
produção de provas ele é considerado parcial e rompe com 
a lógica do sistema acusatório. 
• Essa teoria é a que mais se procura impor no Brasil, posto 
que possui muitos adeptos. Entretanto, o STF não a aceita, 
uma vez que não é a mais correta e nosso CPP tutela a 
participação do magistrado na fase probatória. 
• Problema de interpretação – autor italiano Cordero e seus 
livros. 
d) Teoria dos Elementos Fixos: 
• Princípio acusatório e ação ajuizada são os dois elementos 
fixos dessa teoria que irão compor o sistema acusatório. 
21 
 
Portanto, o processo penal dentro dessa teoria sempre 
necessitará da separação entre a figura do juiz e promotor 
(princípio do acusatório) e da ação penal ajuizada, não 
sendo caracterizado como processo os momentos 
anteriores até a acusação ser oferecida. 
• Problema dessa teoria: construída com base na análise de 
documentos históricos do direito clássico, corre o risco de 
serem descobertos novos documentos que demonstrem 
outras formas de o processo ser iniciado, e não somente 
com a ação ajuizada. 
2. Sistema Inquisitivo: “Quanto ao inquisitivo, ele é descrito como o 
sistema processual em que o juiz é um funcionário público encarregado 
da investigação criminal, acusação e decisão final, e seus princípios 
reitores seriam o inquisitivo, o segredo e a escritura. A tortura seria o 
meio mais comum para se chegar à verdade...” Mauro Andrade, 
Sistemas, p.44. A lógica do sistema inquisitivo é ter um grau de 
repressão maior. 
2.1 Teorias para a sua Definição: 
a) Tipos Ideais Clássicos: 
• Cada autor inclui diferentes elementos negativos em suas 
teorias, não havendo um consenso certo e objetivo dos 
elementos negativos que vão compor o sistema inquisitivo. 
Dessa forma, os tipos ideais do sistema inquisitivo são 
compostos por elementos negativos, que visam a 
condenação do réu, portanto, nas diversas teorias 
apresentadas não vigoram o princípio do contraditório, da 
ampla defesa, podendo existir desigualdade das partes e 
tortura. 
• O problema da teoria dos tipos ideias no sistema inquisitivo é 
o mesmo que no sistema acusatório. 
b) Princípio Inquisitivo: 
22 
 
• Para essa teoria basta o elemento único do princípio 
inquisitivo, para compor tal sistema. Posto isso, é o juiz quem 
irá acusar, não havendo necessidade de diferenciação de 
acusador e julgador. 
• O problema dessa teoria é que ela não se sustenta. 
c) Teoria da Gestão da Prova: 
• No sistema inquisitivo a gestão da prova está nas mãos do 
juiz, logo, o magistrado participa da fase probatória no intuito 
de condenar o réu, agindo sempre de modo parcial e 
desigual. 
d) Teoria dos Elementos Fixos: 
• Essa teoria procura definir o sistema inquisitivo com base em 
dois elementos fixos, sendo eles: princípio inquisitivo e forma 
de início do processo. Sendo assim, não há necessidade de 
diferenciação entre julgador e acusador e o processo pode 
começar de qualquer forma, logo, pode ser iniciado de ofício, 
por meio da acusação, ou até mesmo da "notitia criminis" 
(boletim de ocorrência). 
3. Sistema Misto: “sistema em que há uma mistura dos elementos ou 
princípios formadores dos dois sistemas anteriores. ” Mauro Andrade, 
Sistemas, p.44. 
3.1 Teorias para a sua Definição: 
a) Qualquer Mistura: 
• Quaisquer elementos resgatados do sistema inquisitivo e 
acusatório servem para compor essa teoria, posto isso, ela 
está relacionada com os tipos ideais. Essa teoria está dividida 
em duas fases, sendo elas: 
• 1° fase: investigação criminal – sistema inquisitivo --> 
restrições de direitos 
23 
 
• 2° fase: processo penal – sistema acusatório → ampliações de 
direitos 
• Problema: visto que essa teoria está vinculada com os tipos 
ideais, não se sabe ao certo ao que se referem as fases 
mencionadas, fica a dúvida se são quanto as fases do sistema 
misto ou do processo penal. 
b) Negativa de Existência: 
• Negam a existência do sistema inquisitivo. 
c) Teoria dos Elementos Fixos: 
• Para essa teoria os elementos fixos do sistema acusatório são: 
princípio acusatório (juiz imparcial) e o processo (pode 
começar de ofício ou por notícia crime). Outrossim, para o 
sistema inquisitivo, essa teoria estipula como elementos fixos: 
princípio inquisitivo e qualquer forma para se iniciar o 
processo. Logo, a teoria dos elementos fixos do sistema misto 
analisa os pressupostos essenciais de cada sistema e os 
ajusta ao processo. Portanto, essa teoria absorve os melhores 
elementos de cada sistema e os aplica. 
4. Sistema Processual no Brasil 
4.1 Teorias para a sua Definição: 
a) Sistema Acusatório: 
• Titularidade do Ministério Público e do acusador. 
• Art. 129, I da CF 
• Problema: sistema misto também defende a titularidade do 
MP, não sendo tal requisito suficiente para definir o sistema 
brasileiro de acusatório. 
b) Sistema Inquisitivo: 
24 
 
• Teoria da gestão da prova 
• Problema: teoria que não se sustenta. 
c) Sistema Misto: 
• Teoria de qualquer mistura e suas fases. 
• Problema: o mesmo. 
d) Não há: 
• Essa teoria defende que não há um sistema processual definido 
e unificado no Brasil, apesar da maioria dos processos 
seguirem o sistema acusatório, uma vez que existem 
investigações que são presididas por juízes, seguindo a lógica 
do sistema misto. Portanto, essa teoria acredita que não há um 
sistema de processo penal adotado com unanimidade no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Prof. Mauro Andrade 
Ornella Di Lorenzo Silva 
Processo Penal I 
G2 
Inquérito Policial: 
1. Definição: 
• Inquérito policial é a investigação criminal feita pela polícia judiciária. 
2. Finalidade: 
• O inquérito policial tem como finalidade em elucidar o fato e suas 
circunstâncias, bem como o autor e eventuais cumplices. Desse 
modo, a finalidade do inquérito é apuratória. 
3. Natureza jurídica: 
• Administrativa. 
• Alguns autores tratam que a natureza do inquérito policial é também 
inquisitiva. 
4. Legitimidade para a sua presidência: 
• Autoridade policial = delegado 
• Lei 12830/2013 → regulamentoua atividade do delegado de polícia 
na fase de investigação. 
• Existem outras investigações, que não a do inquérito policial, as 
quais podem ser presididas por outras autoridades, sendo elas: 
• Procedimento investigatório criminal = PIC → investigação criminal 
presidida pelo MP nos casos em que os crimes são cometidos por 
membros da instituição. Nesses casos, quem irá presidir a 
investigação criminal é o chefe do MP ao qual o sujeito investigado 
está vinculado. Contudo, o MP acaba por presidir investigações 
26 
 
criminais que não envolvem membros do MP, uma vez que o STF, a 
partir da análise da teoria dos poderes implícitos, e com base na 
tutela do art. 129, I da CF legitimou o MP para o mesmo. 
• Investigação judicial: inquérito judicial previsto na lei orgânica da 
magistratura nacional (LOMAN). O poder judiciário poderá presidir a 
investigação criminal em duas situações: quando o crime for 
praticado por um juiz ou então nos casos em que o juiz lavrar prisão 
em flagrante nos crimes que acontecerem em sua frente na sala de 
audiência, configurado como casos de investigação criminal de 
urgência. Entretanto, o juiz não está obrigado a lavrar a prisão em 
flagrante, cabendo meramente a ele decidir. Art. 307 do 
CPP. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou 
contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a 
narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso 
e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela 
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido 
imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato 
delituoso, se não o for à autoridade que houver presidido o auto. 
• Casos em que o MP irá presidir a investigação criminal, não sendo 
esta o PIC, dessa forma o MP tem a possibilidade de dar sequência 
ao inquérito, conduzindo-o, mesmo sem a presença do delegado de 
polícia: Art. 47 do CPP. Se o Ministério Público julgar necessários 
maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos 
elementos de convicção deverá requisitá-los, diretamente, de 
quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam 
fornecê-los. → Nesses casos o MP pode presidir o inquérito policial. 
5. Características apresentadas pela doutrina: 
a) Prescindibilidade: 
• Existem outros procedimentos de apuração, tais como o PIC ou CPI 
que tornam o inquérito policial prescindível para uma ação penal ser 
ajuizada. 
27 
 
b) Indisponibilidade: 
• O inquérito policial não pode ser arquivado por autoridade policial 
sem que haja uma ordem judicial de arquivamento. O inquérito difere 
do boletim de ocorrência, podendo esse último ser arquivado pelo 
delegado, visto que ainda não foi instaurado o inquérito. 
c) Escrito: 
• O inquérito policial deve ser materializado de forma escrita. 
• Art. 9° do CPP. Todas as peças do inquérito policial serão, num só 
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, 
rubricadas pela autoridade. 
d) Sigiloso: 
• É característica do inquérito policial ser sigiloso. No entanto, para que 
o mesmo seja secreto deve ser decretado pela autoridade policial. 
• Por quem o sigilo pode ser decretado? 
Delegado ou Juiz 
• O inquérito policial nunca será sigiloso para o MP. 
• A autoridade policial não pode deixar de permitir que o defensor do 
investigado tenha acesso a ele. 
• O sigilo não poderá ser imposto para aquelas diligências que o 
delegado já materializou por escrito, ou seja, nas diligências já 
documentadas o acesso não poderá ser negado ao defensor. → 
Súmula Vinculante n°14 STF: É direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão 
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa. 
• Art. 20 do CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da 
sociedade. 
28 
 
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem 
solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer 
anotações referentes a instauração de inquérito contra os 
requerentes. 
e) Inquisitivo: 
• O inquérito policial é considerado inquisitivo, uma vez que não há 
contraditório e é dominado pelo sigilo. 
• Problema 1: o contraditório ocorre na fase processual – inquérito 
policial tem natureza administrativa. 
• Problema 2: a característica inquisitiva está relacionada com o 
princípio e o sistema. Em ambos os casos existe uma unificação de 
papéis no mesmo sujeito que acusa e julga, entretanto, o inquérito 
policial é uma fase apuratória, não cabendo julgamentos. 
• Sendo assim, devemos buscar a origem da palavra inquisitivo para 
compreender porque relacionam tal característica com o inquérito 
policial. Ao buscarmos a origem da palavra inquisitivo concluímos 
que a mesma diz respeito a fase de investigação romana. 
6. Início do Inquérito Policial: formas de iniciação 
a) De ofício: 
• Quando o delegado não é provocado. 
• Ação penal pública incondicionada → o Estado não precisa ser 
provocado para se manifestar, basta tomar conhecimento para iniciar 
a persecução penal. 
b) Por requerimento da vítima 
• Representação - ação penal pública condicionada, art. 5º, § 4º, 
CPP → o inquérito só é instaurado mediante provocação. 
• Requerimento - ação penal privada, art. 5°, §5°, CPP - conteúdo 
do requerimento, art. 5°, §1°, CPP. 
29 
 
• Obs.: o delegado não está obrigado a instaurar o inquérito nos 
casos de representação e requerimento. A não instauração do 
inquérito deve ser fundamentada com base, por exemplo, na 
prescrição ou decadência do fato. Caso o pedido seja por 
requerimento e o delegado não instaura o inquérito, existe a 
possibilidade de se interpor um recurso, sendo designado para o 
chefe de polícia. – art. 5°, §2° do CPP. 
• Art. 5° do CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial 
será iniciado: 
I - De ofício; 
II - Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério 
Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade 
para representá-lo. 
 § 1° O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que 
possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as 
razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da 
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e 
residência. 
§ 2° Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de 
inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
§ 3° Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência 
de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente 
ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a 
procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
30 
 
§ 4° O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação, não poderá sem ela ser iniciado. 
§ 5° Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente 
poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha 
qualidade para intentá-la. 
c) Por requisição do MP ou Poder Judiciário: 
• Requisição = ordem. 
• Ministério Público: 
Ação penal pública incondicionada 
Ação penal pública condicionada: caso a representação for movida 
pelo MP, ou se a vítima conseguir o inquérito policial quando o 
delegado de polícia nega. 
d) Por requisição do Ministério da Justiça: 
• Ação penal pública condicionada 
7. Momento de Instauração do Inquérito Policial: 
a) Portaria: 
• É a regra - determinação ao delegado para a instauração do 
inquérito. 
b) Auto de prisão em flagrante: 
• Regra – delegado 
• Exceção - juiz 
8. Quem não pode ser investigado pelo Inquérito Policial: 
• Membros do Ministério Público 
• Integrantes do Poder Judiciário31 
 
9. Inquérito Policial nos crimes de Ação Penal Privada e Ação Penal 
Pública Condicionada: 
a) Proibição da instauração de ofício: 
• Nos casos de ação penal privada ou pública condicionada a 
autoridade policial deve ser provocada. 
→ Ação penal privada = requerimento 
→ Ação penal pública condicionada = representação ou requisição 
do Ministro da Justiça 
b) Quem pode requerer: 
• Regra – o interessado = ofendido 
• Exceções: 
• Representante – caso o interessado seja menor de idade ou 
tenha problemas mentais. 
• CADI - cônjuge, ascendente, descendente ou irmão - nos casos 
de ausência ou morte do ofendido. 
• Curador – nos casos em que o ofendido não tiver representante, 
ou quando seu representante é seu agressor. 
c) Prazo para o requerimento: 
• A partir da data do conhecimento da autoria + 6 meses. 
• Art. 38 do CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou 
seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, 
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, 
no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o 
oferecimento da denúncia. 
10. Prazo de Conclusão do Inquérito Policial: 
32 
 
• Art. 10 do CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, 
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso 
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia 
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, 
quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
a) Indiciado preso: 
• 10 dias para a conclusão do IP 
b) Indiciado solto: 
• 30 dias para a conclusão do IP 
11. Formas de Participação do Ministério Público na Investigação 
Policial: 
a) Regra geral: 
• Depois do IP encerrado 
b) Exceção: 
• Lei 12.850 - organizações criminosas o MP poderá acompanhar o 
IP. 
12. Investigação Não-Concluída: 
a) Indiciado preso: 3 situações diversas 
• O delegado pode requerer a prorrogação do IP - consequência: 
soltura do investigado. 
• Art. 47 do CPP. Se o Ministério Público julgar necessários 
maiores esclarecimentos e documentos complementares ou 
novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, 
de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam 
33 
 
fornecê-los. -- O MP tem 5 dias para acusar, caso o MP acuse no 
último dia, o investigado continua preso e o IP não prorroga. 
• Quando o IP vai para o MP e o mesmo julga que faltam diligência 
imprescindíveis para a elucidação do IP, logo, o MP não oferece 
denúncia e a investigação não é concluída. 
b) Indiciado solto: 
• Art. 10, § 3o do CPP. Quando o fato for de difícil elucidação, e o 
indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a 
devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão 
realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
• Pedido de prorrogação do IP (regra), na prática esse pedido não 
ocorre, sendo assim excedido os 30 dias o IP continua. 
13. Relatório no Inquérito Policial: 
a) Definição: 
• O relatório do inquérito policial é um resumo do delegado de 
polícia sobre o IP. Assim sendo, nesse relatório constará o motivo 
da instauração do inquérito, o que foi feito ou não, qual o crime 
que se entende que foi cometido e o indiciamento. O relatório 
serve para dar qualificação ao crime. 
b) Conteúdo do relatório: 
• Porque o IP foi instaurado 
• O que foi realizado de procedimento ou não no IP 
• Qual o crime que se entende que pode ter ocorrido 
• Indiciamento 
c) Análise de mérito: 
34 
 
• Existe uma situação na qual o delegado é obrigado a aprofundar 
o indiciamento, pois um mesmo verbo nuclear do tipo penal pode 
ocasionar duas condutas: tráfico de drogas x consumo próprio. 
• Consumo próprio: Art. 28 da Lei 11.343/06. Quem adquirir, 
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para 
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes 
penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso 
educativo. 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo 
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de 
pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar 
dependência física ou psíquica. 
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo 
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância 
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, 
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos 
antecedentes do agente. 
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo 
serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II 
e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 
(dez) meses. 
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em 
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, 
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem 
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do 
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a 
que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente 
se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
35 
 
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à 
disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, 
preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. 
• Tráfico: Art. 33 da Lei 11.343/06. Importar, exportar, remeter, 
preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, 
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, 
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, 
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento 
de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
d) Problema verificado: 
• Nos crimes dolosos contra a vida, recomenda-se ao delegado que 
não aprofunde seu entendimento acerca do tipo penal que 
entendeu que ocorreu, uma vez que pode haver divergência com 
o entendimento do MP e tais crimes são levados a júri. 
14. Pedido de Prisão Preventiva: 
• Caso o pedido de prisão preventiva ocorra no final do relatório, 
vai atrapalhar + do que ajudar. 
15. Indiciamento: 
• Indícios de que o sujeito cometeu um crime. 
• O MP não pode mandar a autoridade policial indiciar alguém, 
sendo função privativa do delegado. 
16. Remessa do Inquérito Policial a juízo/ Ministério Público: 
• O MP pode agir das seguintes formas: 
• Denunciar 
• Requerer o arquivamento 
• Requisitar diligências imprescindíveis - IP não concluído 
• Art. 47 – o MP segue investigando 
• Mudança de competência - redistribuição 
36 
 
• Negativa de atribuição - os membros do MP não tem 
competência, tem atribuição. Nos casos de negativa de 
atribuição, muda-se o promotor, semelhante à redistribuição de 
competência. 
17. Arquivamento do Inquérito Policial: 
a) Proibição de arquivamento pela autoridade policial 
b) Quem pode arquivar: 
• Juiz 
• MP 
c) Arquivamento de ofício pelo juiz: exceção 
• A regra é o juiz dar vistas ao MP para tal órgão se manifestar. 
d) Hipóteses de arquivamento: 
• Extinção da punibilidade 
• Fato atípico 
• Negativa de autoria 
• Não há provas 
• O crime não ocorreu 
 
18. Não acatamento do pedido de arquivamento: 
• O MP pede o arquivamento: 
• O juiz pode arquivar; 
• O juiz pode não arquivar → o IP segue para o Chefe do MP; 
• O Chefe do MP pode concordar com o arquivamento → correção 
do pedido de arquivamento parao juiz; 
• O Chefe do MP pode não aceitar o arquivamento → ele mesmo 
pode realizar a acusação ou pode encaminhar o IP para outro 
membro do MP. 
19. Retratação do pedido de arquivamento: 
• A retratação consiste em um novo pedido, feito pelo MP, após o 
mesmo realizar o pedido de arquivamento, visto que surgiu uma 
PROVA NOVA. É importante salientar que para o pedido de 
37 
 
retratação ocorrer, o juiz não pode ter analisado o pedido de 
arquivamento. 
20. Arquivamento Implícito: 
• A acusação feita pelo MP não contempla todos os fatos ou sujeitos 
investigados no IP, estando implícito o arquivamento da denúncia 
dos demais fatos ou sujeitos investigados. Frente a tal omissão, o 
juiz deve reencaminhar para o MP a acusação, para que o mesmo 
se manifeste acerca da acusação dos fatos ou sujeitos faltantes. O 
MP deve fundamentar sua inércia frente a não acusação de 
demais fatos ou indivíduos. O juiz pode encaminhar a denúncia ao 
Chefe do MP, frente a tal inércia, após negativa do MP quanto à 
denúncia faltante. 
• O MP não acusa todos os fatos ou sujeitos. 
21. Arquivamento Parcial: 
• O MP faz o pedido de arquivamento incompleto, deixando algum 
fato ou sujeito de fora do pedido. O juiz, ao receber o pedido de 
arquivamento do IP incompleto abre vista, novamente, ao MP para 
esclarecimento quanto aos membros faltantes. Caso o MP 
fundamente, arquiva-se o IP. Contudo, caso o MP continue omisso 
frente ao pedido de arquivamento, pode o juiz encaminhar para o 
Chefe do MP, tal membro pode requerer o arquivamento do IP, ou 
ele mesmo pode oferecer a acusação, ou então designar outro 
membro do MP para realizar tal procedimento. 
22. Arquivamento Indireto: 
• Resulta de exceção de incompetência, visto que ocorrerá uma 
mudança do local do IP, pois o mesmo estava sendo realizado em 
local inapropriado. Dessa forma, extingue-se o tempo de vida 
daquele IP, pois estava em um lugar que não deveria estar 
resultado de uma incompetência. Não existe propriamente um 
pedido de arquivamento do IP, o que ocorre é uma mudança de 
local do IP, em detrimento de uma incompetência. 
23. Recurso contra Arquivamento: 
➢ Regra: como regra não há recurso contra o pedido de arquivamento 
do IP. Porém, existem duas exceções: 
38 
 
➢ Exceções: 
a) Lei nº 1.521/1951 - Crimes contra a Economia Popular ou 
contra a saúde pública, art. 7º. 
Artigo 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem 
os acusados em processo por crime contra a economia popular 
ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o 
arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial. 
• Nesses casos o juiz é obrigado a encaminhar a sua decisão para o 
tribunal avaliar. No tribunal a decisão pode ser reformada ou 
mantida, se reformada o tribunal deve encaminhar o pedido para o 
Chefe do MP, podendo este concordar com o arquivamento ou 
discordar, podendo realizar a acusação conforme os passos do 
art. 28 do CPP. 
b) Lei nº 1.508/1951 - Procedimento nas contravenções de jogo 
do bicho e outros jogos não autorizados, art. 6º, § único: 
recurso em sentido estrito. 
Artigo 6º. Quando qualquer do povo provocar a iniciativa do 
Ministério Público, nos termos do art. 27 do Código de Processo 
Penal, para o processo tratado nesta Lei, a representação, depois 
do registro pelo distribuidor do juízo, será por este enviada, 
incontinente, ao Promotor Público, para os fins legais. 
Parágrafo único. Se a representação for arquivada, poderá o seu 
autor interpor recurso no sentido estrito. 
• Nesses casos, a pessoa que noticiou o fato ilícito poderá recorrer 
contra o pedido de arquivamento. 
24. Desarquivamento: 
a) Possibilidade: 
• Art. 18 CPP. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito 
pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a 
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de 
outras provas tiver notícia. → PROVA NOVA: quando se tratar de 
prova nova o IP poderá ser desarquivado. 
39 
 
• Súmula 524 STF. Arquivado o inquérito policial, por despacho do 
juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal 
ser iniciada sem novas provas. 
b) Impossibilidade: 
• Não poderá o IP ser arquivado por: 
Atipicidade de conduta; 
Extinção de punibilidade. 
• Cabe ao juiz aceitar ou não o pedido de desarquivamento do IP. 
25. Valor Probatório do Inquérito Policial: 
a) Regra: 
• O juiz não pode usar exclusivamente as provas produzidas no IP 
para decidir o caso, pois só as provas colhidas no IP são 
insuficientes. Devem ser usadas provas feitas no processo, visto 
que há incidência do contraditório. 
• Art. 155 do CPP. O juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não 
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão 
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
b) Exceções: provas que não precisam ser submetidas ao 
contraditório. 
• Provas cautelares: interceptação telefônica; busca e apreensão... 
• Provas não repetíveis: provas periciais do IP. 
• Provas antecipadas: provas que não podemos esperar até a fase 
processual para que sejam colhidas. Exemplo: depoimento de 
testemunha em fase terminal. Essa antecipação de produção de 
provas ocorre através de uma audiência feita dentro do IP, ou seja, 
ainda na fase de investigação, configurando, assim, outro ato 
judicial inserido na fase de investigação. Estarão presentes nessa 
audiência: o juiz, o MP e a parte que será ouvida. Quem pode 
requerer essa audiência é o MP ou o delegado. 
40 
 
• Livre convencimento motivado do juiz: exceção → situação em 
que o julgador pode condenar apenas com base nas provas do IP 
é o JÚRI. Apelação do júri = cabe recurso da decisão do júri, 
quando a decisão do mesmo for completamente diferente das 
provas apresentadas. Esse recurso segue para o tribunal, o qual 
poderá extinguir a decisão proferida pelo júri, acontecendo novo 
julgamento. 
26. Vícios no Inquérito Policial: 
• Provas ilícitas 
• Os vícios no IP podem anular uma parte do inquérito ou até 
mesmo todo ele, vindo a anular a possibilidade de ajuizamento da 
ação penal. 
27. Afastamento do Delegado de Polícia do Inquérito Policial: 
• Não se pode tirar o delegado do IP por força de suspeição e 
impedimento, cabendo a ele declarar-se suspeito ou impedido. 
• Art. 107 do CPP. Não se poderá opor suspeição às autoridades 
policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se 
suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
• A constituição federal prevê, no art. 37, a impessoalidade, 
identificando as causas de impedimento e suspeição. Portanto, se 
realizarmos uma leitura constitucional do art. 107 do CPP, poderá 
ser o mesmo rebatido pelo argumento constitucional, visto que o 
art. 107 do CPP autoriza de modo indireto a participação do 
delegado no IP, mesmo se este estiver suspeito ou impedido. 
Ação Penal 
1. Conceito da Ação Penal: 
• É toda aquela ação da esfera penal onde há status libertatis 
envolvido, juntamente com o jus puniendi (direito de punir) e o jus 
persequendi (direito de perseguir). 
2. Noções da Ação Penal: 
• Existe uma diferenciação entre as condições da ação aplicadas ao 
Código de Processo Civil de 1973 e ao Código atual que se 
aplicam ao direito processual penal. 
41 
 
a) Condições da ação no CPC de 1973: 
• Legitimidade 
• Interesse de agir 
• Possibilidade jurídica do pedido 
b) Condições atuais da ação: 
• Legitimidade 
• Interesse de agir, que abrange a possibilidade jurídica do pedido. 
3. Condições da Ação Penal: 
a) Pressupostos legais: 
• Art. 395 do CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercícioda 
ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
• Comparação com CPC: 
• Art. 330 do NCPC. A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta; 
II - a parte for manifestamente ilegítima; 
III - o autor carecer de interesse processual; 
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais 
em que se permite o pedido genérico; 
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. 
b) Momento de exame: 
➢ Teoria da Apresentação: 
• O juiz deve verificar se as condições da ação estão presentes no 
momento de ajuizamento da denúncia. 
➢ Análise em Concreto: 
• O juiz analisa se as condições da ação estão presentes ao longo 
do processo. 
42 
 
c) Fundamentos da Ação Penal: 
• As ações penais servem como uma forma de analisar se 
determinado processo vingará até sua fase final, ou seja, se 
aquela ação chegará até a fase de sentença. 
d) Legitimidade: 
➢ Legitimidade Ativa: quem pode acusar? 
• Crimes de ação penal pública = MP 
• Crimes de ação penal privada = os envolvidos 
➢ Legitimidade Passiva: quem será o acusado? 
• Pessoas físicas, maiores de 18 anos e imputáveis. 
• Pessoa jurídica (crimes ambientais). 
e) Interesse de agir: 
• O interesse de agir está vinculado com a necessidade do Estado 
em punir um infrator que violou o ordenamento jurídico, com o 
intuito de sanção. 
❖ Justa Causa: 
• É importante salientar que a justa causa deixou de fazer parte das 
condições da ação em 2008 para ser analisada individualmente. 
Dessa forma, configura-se como justa causa a demonstração de 
legitimidade e interesse de agir, elementos que estão vinculados 
com as provas. O IP deve demostrar a legitimidade e o interesse 
de agir para a denúncia ser ajuizada, dessa forma, os elementos 
que compõem a justa causa deverão constar no IP ou na 
investigação do MP. 
• Exemplos de justa causa: provas periciais, depoimentos... 
 
4. Outras Condições da Ação Penal: análise doutrinária 
a) Representação do MP: crimes de ação penal pública condicionada 
b) Requisição do Ministro da Justiça 
c) Prova Nova: possibilidade de desarquivamento do IP. 
d) Art. 236 do CPB → crime de ação penal privada personalíssima, que 
caracteriza casamento induzido em erro. Nesses casos, só está 
legitimado para ajuizar a ação a pessoa em erro, entretanto, para a 
43 
 
ação ser ajuizada na esfera penal o casamento, primeiramente, deve 
ser desfeito no âmbito civil. 
• Art. 236 do CPB. Contrair casamento, induzindo em erro 
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que 
não seja casamento anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente 
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em 
julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule 
o casamento. 
5. Ação Penal Condenatória: 
a) Conceito: 
• Ação penal condenatória é toda ação que pede a condenação de 
um sujeito. É importante destacar que acusação é sinônimo de 
denúncia (realizada pelo MP) e queixa crime (realizada por outras 
pessoas). 
b) Requisitos legais: 
• Art. 41 do CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a 
classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas. 
c) Requisitos doutrinários: 
• Identificação do sujeito passivo 
• Descrição do fato 
• Pedido de condenação 
d) Espécies de Ação Penal Condenatória: 
➢ Ação Penal Pública: nesse tipo de ação apenas o MP pode 
acusar, visto que existe um interesse do estado em processar o 
sujeito delinquente. Se a ação for condicionada, deve constar 
informação na letra da lei, caso contrário, entende-se que a ação 
penal é pública incondicionada. 
• Princípios: 
44 
 
- Oficialidade: deve ser um ente estatal (MP) a ajuizar a 
ação. 
- Legalidade ou Obrigatoriedade: o MP está obrigado a 
realizar a acusação toda vez que a ação penal for pública, 
dessa forma, o MP deve acusar sempre, não tendo opção 
de escolha. 
- Indisponibilidade: uma vez ajuizada a ação, o MP não 
pode desistir de prosseguir, tornando seu papel perante a 
sociedade e para ação penal indisponível. 
- Indivisibilidade: segundo entendimento do STF o 
princípio da indivisibilidade não se aplica mais as ações 
penais públicas, uma vez que podem ocorrer situações em 
que o MP não irá acusar todos os envolvidos no fato 
criminoso, por exemplo, quando os autores do delito 
possuem diferença de idade, sendo um deles menor de 18 
anos e o outro maior, nessa situação o MP irá realizar 
acusação apenas contra o indivíduo imputável. Sendo 
assim, esse princípio significa que o MP não pode escolher 
quem vai acusar, contudo, o STF tem outro entendimento. 
- Intranscendência: a pena não passará da pessoa do 
acusado, apenas a sanção de multa, a qual se transformou 
em dívida civil e poderá ser transmitida aos herdeiros do 
réu. 
• Espécies: 
- Incondicionada: não existe nenhuma condição imposta 
ao MP para realizar a acusação, dessa forma, assim que 
souber do crime o MP já pode ajuizar ação. 
- Condicionada: existem duas condições 
→ Representação: a representação pode ser feita pelo 
representante, CADI (cônjuge, ascendente, descendente, 
irmão), ou até mesmo o curador quando houver conflito de 
interesses entre o ofendido e seu representante. A 
representação consiste em uma manifestação de vontade 
45 
 
de pessoa que possui legitimidade para apresenta-la, 
autorizando, dessa forma, o estado (MP) a atuar no caso. 
 
A representação pode ser encaminhada para: 
Delegado; 
MP (que irá solicitar a abertura do IP); 
Juiz (abrirá vista para o MP). 
 
Formas de representação: 
Escrita; 
Verbal. 
 
Dentro da representação existe a possibilidade de: 
Retratação da Representação: é a retirada da 
representação, portanto, o ofendido vai até o delegado e 
informa que deseja desistir da representação. A retratação 
da representação pode ser feita até o oferecimento da 
denúncia, logo, depois de oferecida a acusação não cabe 
mais a retratação, pois o MP não pode desistir da ação. 
Retratação da Retratação: é possível se retratar da 
retratação, no entanto, deve ser feita dentro de um prazo 
decadencial de 6 meses do conhecimento da autoria do 
fato. Não existe um limite imposto para as possíveis 
retratações. Nos crimes de ação penal pública 
condicionada a representação a autorização que se dá 
para o Estado se movimentar, é um prazo de 6 meses do 
conhecimento da autoria. 
→ Requisição do Ministro da Justiça: existem alguns 
requisitos aplicados a requisição do Ministro da Justiça, 
sendo eles: 
Deve ser escrita; 
Não tem prazo para ser oferecida; 
46 
 
• Prazo para oferecimento da ação penal pública: (prazo que o 
MP tem para oferecer a denúncia quando recebe o IP) 
 
Investigado Preso: Investigado Solto: 
5 dias 15 dias 
 
A contagem do prazo é feita em dias corridos, portanto, 
contamos feriados e fins de semana. Ademais, existem 
duas linhas teóricas para a contagem de prazo: 
Exclui o dia do início e inclui no final; 
Começa a contar no dia do recebimento. 
 Art. 46 do CPP. O prazo para oferecimento da denúncia, 
estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em 
que o órgão do Ministério Público receber os autos do 
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou 
afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito 
à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data 
em que o órgão do Ministério Público recebernovamente os 
autos. 
 § 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito 
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-
á da data em que tiver recebido as peças de informações 
ou a representação. 
 § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, 
contado da data em que o órgão do Ministério Público 
receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do 
tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, 
prosseguindo-se nos demais termos do processo. 
 Art. 798 do CPP. Todos os prazos correrão em cartório 
e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo 
por férias, domingo ou dia feriado. 
47 
 
 § 1° Não se computará no prazo o dia do começo, 
incluindo-se, porém, o do vencimento. 
 § 2° A terminação dos prazos será certificada nos autos 
pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, 
ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do 
dia em que começou a correr. 
 § 3° O prazo que terminar em domingo ou dia feriado 
considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. 
 § 4° Não correrão os prazos, se houver impedimento do 
juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte 
contrária. 
 § 5° Salvo os casos expressos, os prazos correrão: 
 a) da intimação; 
 b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, 
se a ela estiver presente a parte; 
 c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência 
inequívoca da sentença ou despacho. 
• Mecanismos de controle frente à inércia do MP, que não 
realiza a acusação dentro do prazo: 
Investigado Preso: Habeas Corpus 
Ação penal privada subsidiária da pública 
Ação penal pública: somente o MP pode ajuizar 
➢ Ação Penal Privada: 
• Nome: queixa crime 
• Quem ajuíza a ação: querelante 
• Contra quem se ajuíza: querelado 
• Tipos de Ação Penal Privada: 
→ Ação Penal Privada Propriamente Dita: 
48 
 
- Princípios: 
Princípio da Oportunidade ou da Conveniência: a ação 
penal privada depende da vontade de quem tem 
legitimidade para ajuizá-la, dessa forma, tal princípio é o 
oposto ao princípio da obrigatoriedade da ação penal 
pública. 
Princípio da Disponibilidade: o ofendido pode desistir da 
ação, diferentemente do MP nas ações penais públicas. 
Logo, a pessoa que ajuizou a ação pode desistir, por meio 
do perdão, perempção... 
Princípio da Indivisibilidade: o ofendido não pode 
escolher contra quem vai acusar, portanto, a acusação com 
relação a um dos sujeitos que praticou o fato delituoso 
implica consequências para os demais participantes. 
Aplica-se a renúncia também, logo, se renuncio em favor 
de um, estende-se aos demais sujeitos criminosos. 
Princípio da Intranscendência: a pena não passará da 
pessoa acusada. Caso a pena aplicada seja de multa, 
poderá essa ser transmitida aos herdeiros do acusado até o 
limite da herança. 
- Quem pode ajuizar esse tipo de ação? → Advogado. 
- Legitimidade para propor essa ação: nas ações penais 
privadas propriamente ditas, somete o ofendido tem 
legitimidade para ajuizar a ação, contudo, se o mesmo for 
menor de 18 anos ou incapaz, poderá seu representante 
legal ajuíza-la. Nos casos de ofendido morto ou ausente 
aplica-se o CADI ou então o curador quando houver conflito 
de interesse entre o ofendido e seu representante. 
- Prazo para ajuizamento da Ação Penal Privada 
Propriamente Dita: 6 meses contados a partir do 
conhecimento da autoria. Existem prazos especiais nos 
crimes contra propriedade imaterial (produtos falsificados), 
visto que o prazo começará a fluir a partir da homologação 
49 
 
da perícia feita no produto comprovando que o mesmo é 
forjado. Nesses casos de prazos especiais: 
Investigado Preso: Investigado Solto: 
8 dias 30 dias 
 
- Atuação do MP: a atuação do MP nesse tipo de ação 
penal é limitado, posto que não há interesse do Estado na 
condenação do sujeito, sendo assim, o MP atuará em prol 
do princípio da legalidade e somente poderá recorrer em 
benefício do réu, jamais contra ele. 
- Renúncia: a renúncia implica na abdicação do direito que 
tenho para ajuizar a ação. Dessa forma a renúncia é um ato 
unilateral que não depende da permissão dos demais 
envolvidos no processo. Uma vez feita a renúncia ela se 
aplica a todos os sujeitos. 
- Prazo para oferecimento da renúncia: 6 meses do 
conhecimento da autoria. 
- Quem pode renunciar: as pessoas que são legítimas 
para ajuizar a ação, portanto, o ofendido, representante ou 
CADI. 
- Perdão: desculpar alguém por fato praticado contra o 
ofendido. Perdão é um ato do ofendido para o ofensor, e 
assim como a denúncia, se eu perdoo um se estende aos 
demais, mas o ofensor deve aceitar o perdão. 
- Peculiaridade do Perdão: 
Leva a extinção da punibilidade; 
Depende da concordância do acusado em aceitar ou não o 
perdão; 
Não cabe perdão na fase de execução de pena; 
O perdão pode ser dado até o transito em julgado da 
sentença, depois disso não. 
- Perempção: ocorre quando o ofendido adota uma 
conduta omissiva perante o processo, deixando de realizar 
os devidos atos processuais, presumindo-se que o mesmo 
50 
 
não deseja dar mais prosseguimento. A perempção ocorre 
com a ação ajuizada e somente se aplica nos crimes de 
ação penal privada, não sendo aplicada na ação penal 
privada subsidiária da pública. A perempção gera a 
extinção da punibilidade. Ocorrendo a perempção se 
pressupõe desistência tácita. 
Art. 60 do CPP. Nos casos em que somente se procede 
mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: 
 I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover 
o andamento do processo durante 30 dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua 
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no 
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer 
das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto 
no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo 
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar 
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação 
nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se 
extinguir sem deixar sucessor. 
- Desistência Expressa: é um documento enviado ao juiz, 
formalizando de forma expressa que se quer desistir da 
ação, é a desistência quanto ao ajuizamento da ação. 
 
→ Ação Penal Privada Personalíssima: crime aplicado 
apenas no casamento em erro, esse tipo de ação somente 
pode ser ajuizada pela pessoa que se casou em erro. Esse 
tipo de ação poderá ser ajuizada a partir do momento do 
transito em julgado da ação civil que anula o casamento das 
partes, correndo o prazo de 6 meses. O MP atua nesse tipo 
de ação apenas se for em benefício do réu. Nesse tipo de 
ação aplica-se a renúncia e o perdão. 
51 
 
Art. 236 do CPP- Contrair casamento, induzindo em erro 
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento 
que não seja casamento anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do 
contraente enganado e não pode ser intentada senão 
depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo 
de erro ou impedimento, anule o casamento. 
 
→ Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: 
- Definição: é um mecanismo de controle frente a inércia 
do MP ao receber o IP nas ações penais públicas. Passado 
prazo de 5 ou 15 dias e se o MP não oferece a denúncia ou 
não arquiva o IP poderão as pessoas que tem legitimidade 
ajuizar a ação 
- Previsão Legal: 
Art. 5º da CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública,

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