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1 Ornella Di Lorenzo Silva Prof. Mauro Andrade Processo Penal I Formas de resolução de conflitos: ➔ Autodefesa ➔ Autocomposição ➔ Processo Autodefesa: • É a forma mais antiga de resolução de conflito, tendo em vista que não pressupõe racionalidade, e sim ação e reação. • É a imposição da força para a resolução de conflito, sendo que o mais forte ganha. • Imposição de um interesse em detrimento de outro, logo eu imponho meu interesse em razão do interesse do meu adversário e disputamos através da força. • A autodefesa se caracteriza por ser uma forma de resolução de conflito instintiva, desse modo não utiliza da razão, logo, tem caráter intuitivo e não racional. • Hoje em dia essa forma de resolução de conflito não é a mais usada, entretanto, existem alguns casos em que as pessoas agem por intuição, com o intuito de reagir a uma ação. Um exemplo clássico de autodefesa na atualidade é a legítima defesa, na qual o indivíduo age instintivamente. • A autodefesa pode ocorrer de duas maneiras: pela índole unilateral ou pela índole bilateral. • Índole unilateral: é a ação de apenas um sujeito sobre o outro, dessa maneira, apenas uma pessoa exerce a autodefesa em relação ao outro. • Índole bilateral: configura-se como o duelo, logo, ambas as partes têm ação e reação. Sendo assim, ambas reagem. 2 Autocomposição: • Na autocomposição verifica-se o ajuste de vontades, pois uma das partes aceita ceder uma parcela de seu interesse visando a resolução do conflito. • A autocomposição pressupõe racionalidade, e não uma mera reação a uma ação. • São características da autocomposição: celeridade e agilidade. • Celeridade: economia quanto as custas processuais. • Agilidade: quando as partes conseguem compor o conflito entre si, torna o processo mais rápido e menos litigioso. • Obs: essa forma de resolução de conflito não adentra no âmbito judiciário. • A autocomposição ocorre de duas maneiras: pela índole unilateral ou pela índole bilateral. • Índole unilateral: quando a resolução parte da índole de uma pessoa. Por exemplo: A exige de B o pagamento de R$ 1.000,00, dessa forma, B reconhece o pedido e paga o valor pedido. • Índole bilateral: a forma de autocomposição bilateral pressupõe uma negociação entre as partes, visto que ambas têm a intenção de solucionar o conflito. • Índole bilateral no Processo Penal: a negociação pode ocorrer no processo penal e segue a seguinte lógica: • Composição de danos no Juizado Especial Criminal: tenta-se a negociação no JECRIM para crimes de menor potencial ofensivo. • Transação Penal: após a tentativa de conciliação no JECRIM, o MP irá oferecer proposta de transação. Tal proposta pode ser aceita ou não pelo autor do fato, contudo, se aceita, pode vir a ser descumprida. • Denúncia e Sursis: caso a transação penal não seja aceita ou descumprida pelo autor, o MP oferece denúncia. Nesse momento o autor do fato torna-se réu. Quando a pena mínima for de até um ano, o MP deve apresentar Sursis, ou seja, suspensão condicional da pena. 3 Cabendo Sursis, o processo fica suspenso de 2 a 4 anos, caso o réu cumpra com as prerrogativas as quais se comprometeu, o processo é extinto. Processo: • O processo é uma forma de resolução de conflito que se caracteriza pela presença do Estado na composição da lide. Dessa forma, há processo quando existe a presença de um juiz para julgar. • O processo inicia com a homologação do juiz, independentemente se for civil ou penal. • O processo inicia quando o juiz é provocado. • No processo penal, todas as formas de resolução de conflito são submetidas ao judiciário, pois todas as maneiras de compor a lide devem passar pelo processo, ou seja, pela presença do juiz. Princípios do Processo: ➔ Princípio da Igualdade ➔ Princípio do Favor Rei ➔ Princípio do Contraditório ➔ Princípio da Oralidade ➔ Princípio da Escritura ➔ Princípio do Acusatório ➔ Princípio do Inquisitivo ➔ Princípio da Publicidade ➔ Princípio do Devido Processo Legal Princípio da Igualdade: a) Conceito: • O princípio da igualdade, conhecido também como o princípio da isonomia ou "par conditio", está previsto no caput do art. 5° da CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 4 inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. • “ Igualdade entre as partes, de modo a que disponham dos mesmos direitos e obrigações no processo. ” Mauro Andrade, Sistemas, p.162. b) Conceito de Armas: • O princípio da igualdade refere-se tanto as partes tanto as armas. • A igualdade de armas incide na fase processual, visto que regula quais os mecanismos de defesa e acusação que poderão ser utilizados no processo penal. A utilização da palavra “armas” está relacionada com a origem histórica do processo, uma vez que esse rito é entendido como uma “manifestação ritualizada de uma guerra, onde há regulamentação não somente do tempo ou lugar de seus atos, mas também das armas que poderão ser utilizadas pelos contendores. ” Mauro Andrade, Sistemas, p.169. c) Âmbito de Aplicação da Igualdade de Armas: • A igualdade de armas se dá no âmbito processual, “ a fim de que o Estado possa se defender, identificar e deter aqueles indivíduos que romperam com a ordem social e jurídica preestabelecidas. Se isso é assim, o que se está dizendo é que o Estado necessita de certa superioridade sobre o suposto infrator, em razão da vantagem inicial deste último sobre os órgãos estatais. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 171. • A igualdade de armas vai incidir no âmbito processual como uma forma de “igualdade por compensação”, visto que se ocorresse igualdade de armas na fase de investigação criminal a mesma não atingiria suas finalidades, tornando-se ineficaz se o suposto criminoso participasse de sua própria investigação. • A igualdade incide na fase de processo de conhecimento, e não na fase investigativa, uma vez que a investigação pressupõe desigualdade entre as partes. Sendo assim, a investigação é desigual em uma tentativa de equiparação do Estado ao suposto 5 delinquente, posto que o criminoso está um "passo à frente" dos policiais. Além disso, não há na investigação a delimitação das partes, logo, não tem como haver igualdade de partes. Quanto a igualdade de armas, a mesma lógica incide, portanto, a igualdade de armas ocorre na fase processual e não investigativa, já que as armas são utilizadas para o convencimento do juiz no processo. d) Espécies de Igualdade: formal e material • Igualdade formal: está ligada ao princípio constitucional. Sendo assim, não se pode ter diferenciação de tratamento entre as partes no processo. "A igualdade formal determina um tratamento absolutamente igual a situações, pessoas ou fatos." Mauro Andrade, Sistemas, p.163. • Igualdade material: "tratar as pessoas de modo diferenciado, para que se possa alcançar a igualdade real ou material entre todos os indivíduos." Mauro Andrade, Sistemas, p.165. A igualdade material consiste na criação, pelo Poder Público, de diferenças para eliminar ou amenizar as desigualdades que procura combater com a igualdade material. Dessa forma, a igualdade material está atrelada a ideia de compensação. Exemplo de igualdade material: prazo de manifestação da defensoria pública ou as intimações pessoais do MP e defensoria. Princípio do Favor Rei: a) Conceito: • Conhecido também como princípio do "favor innocentiae" ou princípio da liberdade, o princípio favor rei é oposto a concepção da igualdade, pois procura dar um tratamento diferenciado para o réu. Logo, esse princípio existe apenas no âmbito de processo penal, caracterizando tal procedimento comodesigual. • É concedido mais armas para o réu se defender, logo, o legislador deve conferir especial prevalência aos interesses do acusado. Portanto, " é considerado postulado básico e de presença obrigatória em todo o Estado que queira se apresentar como democrático, o princípio do favor rei significa que, no confronto entre a pretensão 6 punitiva e os interesses do acusado, o legislador deve conferir uma especial prevalência a estes últimos. Ela se dá com a concessão, com caráter exclusivo, de certas garantias ou armas ao acusado, para que possa demonstrar a veracidade de seus argumentos ou destruir aqueles que forem apresentados pelo acusador." Mauro Andrade, Sistemas, p.184. b) Fundamento: • É preferível um culpado solto, do que um inocente preso." • O fundamento desse princípio reside na ideia de que um Estado democrático de Direito deve ser garantidor da liberdade dos seus cidadãos, não demonstrando interesse na condenação de um inocente. Desse modo, tal juízo é conhecido como princípio da liberdade. c) Diferença entre o Princípio do Favor Rei e da Igualdade Material • O princípio do favor rei não pressupõe compensação, como na igualdade material, e sim desequilíbrio, opondo-se à igualdade. Sendo assim, apenas basta ser réu para o princípio do favor rei ser aplicado. d) Instrumentos: garantias processuais x armas • Quais são as armas concedidas ao réu que acarretam em um desequilíbrio, durante o processo penal? • Embargos infringentes: os embargos infringentes ocorrem quando há apelação no segundo grau, esse tipo de apelação será julgada por três desembargadores. Caso o resultado da apelação seja 1 para a defesa e 2 para o MP ou autor, cabe os embargos infringentes. Contudo, se forem 2 votos para a defesa e 1 para o MP ou autor não cabe os embargos infringentes. • Habeas corpus: é uma ação que existe apenas para a defesa. • Ações de impugnação: é uma ação e não recurso. As ações de impugnação são conhecidas como revisão criminal. Esse tipo de ação só cabe em favor do réu, não existindo prazo para ser reaberta 7 a revisão. O MP ou o autor podem pedir a revisão do processo, contudo se for para favorecer o réu, caso contrário não. • Prova ilícita: a lógica da prova ilícita é ser excluída do processo, contudo, se a mesma beneficiar o réu, poderá ser usada. Entretanto, não é toda e qualquer prova ilícita que poderá ser usada no processo, mesmo se for em benefício do réu. Existem três situações que impedem o uso da prova ilícita aplicada ao princípio do favor rei: • Se for fruto de tortura física ou psicológica; • Se for fruto de hipnose; • Ou se for fruto de anarcoanálise (soro da verdade) → perde-se o caráter volitivo, a pessoa não escolhe o que quer falar. Princípio do Contraditório: • Conhecido também como o princípio da audiência bilateral, visto que ambas as partes são ouvidas no processo. • Art. 5°, LV da CF - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; • O princípio do contraditório deve ser entendido como a participação de ambas as partes no processo, acusação e defesa. a) Conceito Clássico: • “O princípio do contraditório era encarado como um dever do juiz de informar, anteriormente ao julgamento da causa, o réu sobre a existência de uma acusação, a fim de que pudesse rebater as afirmações nela expostas.” Entendia-se que: “todo o material probatório levado ao processo era fruto de uma atividade exclusiva das partes. Aos juízes cabia, tão-só, julgar o tema que lhes era apresentado, não podendo buscar informações que auxiliassem na tarefa de julgar.” Mauro Andrade, Sistemas, p. 138. b) Conceito Atual: audiatur et altera parte • "AUDIATUR ET ALTERA PARS": enquanto uma parte se manifesta no processo a outra escuta, ou seja, depois que alguém fala a outra 8 parte responde. Hoje em dia, o princípio do contraditório não abarca apenas a escuta da outra parte, atingindo a atuação do juiz. Assim sendo, "o princípio do contraditório passou a ser definido como um dever judicial de informar as partes sobre a existência de questões que possam ser prejudiciais, tanto aos interesses do acusado, como aos interesses do próprio acusador, para que esse mesmo juiz possa se pronunciar." Mauro Andrade, Sistemas, p.139. • Antes de o juiz decidir de ofício ele deve ouvir as partes, com o intuito de evitar decisões surpresa. • Art. 10 do CPC: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. • No Código de Processo Penal existe um problema de interpretação, visto que o código vigente é de 1940. Dessa forma, o princípio do contraditório no que tange a sua interpretação atual está exposta no seguinte dispositivo legal: • Art. 497 do CPP. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de outras expressamente referidas neste Código: IX - decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a arguição de extinção de punibilidade; c) Âmbito de incidência do princípio do contraditório: • “... não há espaço para o princípio do contraditório na fase de investigação criminal, pois, por apresentar natureza administrativa no sistema acusatório, ela não pode ser considerada processo, o que leva à exclusão da possibilidade de nela existirem partes.” Mauro Andrade, Sistemas, p. 140. • Esse preceito está inserido no processo penal, visto que pressupõe a participação das partes, logo, não há incidência do contraditório na investigação criminal, já que a mesma é uma fase administrativa e nela ainda não estão configuradas as partes do processo. A ideia do contraditório é existir onde há presença do juiz. Outro motivo para 9 não haver contraditório na fase investigativa é quanto ao tempo de duração, haja vista que se deve zelar pela celeridade da resolução do caso, dessa forma, poupa-se tempo na investigação para no processo serem ouvidas as partes. • O ponto de partida para o início do princípio do contraditório no processo é quando da notificação do réu para apresentar a sua contestação. Sendo assim, esse é o primeiro momento de sua manifestação. Contudo, “enquanto o processo estiver tramitando, continua o juiz vinculado ao seu dever de conceder ás partes a possibilidade de tomarem conhecimento e rebaterem o teor das afirmações e informações que, contra suas pretensões, existirem no feito. Isso nos leva a concluir que o princípio do contraditório deve ser respeitado tanto pelo primeiro grau, como pelo segundo grau de jurisdição. ” Mauro Andrade, Sistemas, p.140. • Exceção → princípio do contraditório na fase investigativa – prisão em flagrante: • Quando ocorre prisão em flagrante, teremos o princípio do contraditório sendo usado em uma das etapas da fase investigativa, pois haverá audiência de custódia. A audiência de custódia é um ato judicial inserido na fase de investigação criminal. É importante salientar que dentro da FASE de investigação ocorrem diferentes fatos, sendo um deles a audiência de custódia, a qual se caracteriza como um ato judicial dentro da fase administrativa. Dessa forma, na fase de investigação criminal não há contraditório, apenas em um ato judicial que está dentro dessa etapa. • Obs: a fase de investigação criminal é composta por: Inquérito policial Mandado de busca e apreensão Auto de prisão em flagrante Audiência de custódia d) Fundamentos: lógico e prático • Existem dois fundamentos que explicam a necessidade do princípio do contraditório. 10 • Fundamento lógico: a contradição existente entre uma afirmação e uma negação quese opõem, dessa maneira, uma parte fala e a outra irá responder. “ Seu fundamento lógico é fruto do próprio caráter bilateral da ação – demanda ou acusação -, já que a decisão do juiz deve se produzir somente após obter os argumentos das partes ativa e passiva. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 139. • Fundamento prático: as partes debatem durante o processo para permitir ao juiz um julgamento dotado de melhor qualidade, uma vez que a finalidade do processo é o convencimento do judiciário. “ O fundamento prático seria permitir ao juiz, através da participação das partes, chegar à meta suprema do processo, que seria a obtenção da verdade real. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 139. e) Limitações: restrições válidas • Apesar do princípio do contraditório ser essencial para evitar decisões surpresa, podem ocorrer decisões em que não se ouve as partes, tanto no processo civil quanto no processo penal. São os casos de decisões INAUDITA ET ALTERA PARTE, esse tipo de evento ocorre quando houver urgência ou perigo de ineficácia da medida cautelar, podendo o juiz decidir sem ouvir alguma das partes. Sendo assim, o afastamento do contraditório é aplicado quando existe a possibilidade de risco ou ineficácia da medida cautelar. • Art. 282 do CPP. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: § 3° Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. • Exemplo: quando se quer fazer uma interceptação telefônica no inquérito policial o juiz toma uma decisão inaudita et altera parte, pois não houve a parte que será alvo da interceptação telefônica, visto que se isso ocorresse colocaria em perigo a eficácia da medida. Princípio da Oralidade: a) Previsão constitucional: 11 • Art. 98 da CF. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; b) Origem: • O princípio da oralidade tem sua origem no sistema acusatório clássico, visto que “ ... o meio eleito para permitir o exercício do controle popular foi a utilização da palavra falada, possibilitando a todos os cidadãos presentes no julgamento acompanhar a regularidade do processo, a conduta das partes e testemunhas, e a correspondência entre o que foi exposto por elas e o que foi decidido pelo órgão julgador. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 149. • “...a análise da realidade histórica do princípio da oralidade deixa claro que os juízes do direito clássico deveriam decidir exclusivamente com base no material oralmente produzido pelas partes e testemunhas, pois era o único meio que permitia a fiscalização popular da atividade judicial. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 154. c) Conceito: • Esse princípio é tido como elemento essencial ao sistema ao acusatório, visto que é por meio dele que os pensamentos são exteriorizados. “Modo de comunicação utilizado para o convencimento do juiz deverá ser a palavra falada...” Mauro Andrade, Sistemas, p.150. • O princípio da oralidade consiste que o julgamento do juiz deve ser baseado predominantemente no que ouviu das partes durante o processo. Logo, o juiz julga com base naquilo que ouve. d) Finalidade: aspectos qualitativos e quantitativos 12 • O princípio da oralidade traz um incremento qualitativo e quantitativo nos sentidos do juiz, visto que o magistrado pode ter contato imediato com as testemunhas e perceber, através dos sentidos, quem está ou não falando a verdade. • Aspectos Quantitativos: por meio do preceito da oralidade o juiz recorre a visão e audição, como aspectos quantitativos para se convencer da verdade. • Aspectos Qualitativos: com relação ao aspecto qualitativo, a visão é um dos trunfos proporcionados por esse princípio, posto que o juiz consegue analisar visualmente os aspectos das testemunhas e perceber detalhes que muitas vezes não são notados apenas nos autos. Em suma, existem vantagens sobre o princípio da escritura, uma vez que ocorre a valorização da fala. e) Subprincípios do Princípio da Oralidade: • Identidade física do juiz: Art. 399 do CPP. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. § 2° O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. → O juiz que realizou a audiência é o mais qualificado para julgar. • Imediação: é o contato imediato entre o juiz e as partes, sem imediação de outros, como por exemplo o escrivão. • Celeridade: o processo deve transitar rapidamente, para facilitar a memória do juiz, posto que o mesmo teve contato direto com as partes. • Concentração ou unidade de atos: é essencial para a celeridade do processo a concentração de atos, tornando o procedimento mais rápido e ágil. f) Espécies de Oralidade: nos depoimentos e nos debates • Oralidade nos Depoimentos: “ se manifesta somente quando as testemunhas ou as próprias partes respondem oralmente as perguntas do juiz ou de seus adversários. Com isso, sua finalidade é 13 transmitir informações ao órgão julgador...” Mauro Andrade, Sistemas, p. 155. • Oralidade nos Discursos ou Debates: “exposição oral dos argumentos que as partes (ou seus procuradores) apresentam ao juiz ao longo do processo... sua finalidade é tentar exercer alguma influência no espírito do julgador...” Mauro Andrade, Sistemas, p. 155. Princípio da Escritura: a) Conceito: • O princípio da escritura é o convencimento do juiz através dos documentos que serão juntados nos autos. Assim sendo, o juiz julga com base no que leu, não havendo contato entre o magistrado e as partes. O princípio da escritura é a exceção tanto no processo penal, tanto no processo civil, sendo a oralidade a regra, já que é impossível, no processo penal, não haver audiência. b) Incidência do Princípio da Escritura: • Visto que é uma exceção, o princípio da escritura, no processo penal, pode ocorrer através da carta precatória ou em apelação de segundo grau. Em ambos os casos as partes não são ouvidas e os magistrados – juízes e desembargadores-, decidem por meio dos autos. c) Vantagens do Princípio da Oralidade sobre o Princípio da Escritura: • A doutrina considera o princípio da oralidade como a principal garantia do princípio da publicidade, posto que “ ... o princípio da oralidade nasceu para estar a serviço do princípio da publicidade, já que o verdadeiro propósito de sua criação foi permitir a fiscalização popular sobre os julgamentos do direito clássico. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 151. • Outrossim, todos os subprincípios do princípio da oralidade são encarados como consequências positivas para o processo penal, qualificando ainda mais tal princípio como “superior” ou mais vantajoso que o princípio da escritura. 14 Princípio do Acusatório: a) Previsão Constitucional: • Art. 129 da CF. São funções institucionais do Ministério Público: I - Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; b) Conceito: • Princípio relacionado com a acusação, pois sustenta a imparcialidade do juiz, uma vez que separa a figura de quem acusa e de quem julga. Portanto, esse princípio marca a separação necessária entre promotor e juiz. c) Espécies: acusatório material e formal • Acusatório formal:essa espécie do princípio acusatório não vigora no Brasil, posto que tal modalidade defende uma diferenciação apenas formal, entre acusador e julgador. Logo, se obedece apenas uma mera diferenciação de profissões, podendo o juiz mandar desarquivar um uma acusação arquivada pelo MP, por exemplo. • Acusatório material: aqui a separação entre julgador e acusador é respeitada em âmbito funcional, ou seja, o juiz não assumirá a função de acusador, não podendo interferir na atividade jurisdicional do promotor. Sendo assim, mantém-se preservada a imparcialidade do juiz. NEMO IUDEX SINE ACTORE. • Art. 28 do CPP. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê- la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Princípio Inquisitivo: 15 a) Conceito: • Perda da imparcialidade do juiz. Contudo, existem três teorias que tentam explicar como essa perda se dá. • O juiz é o acusador: o juiz e o acusador se confundem na mesma pessoa, assumindo o magistrado ambos os papeis. É a definição mais comum. • O acusador é prescindível no processo: a figura do acusador é dispensável no processo, podendo o juiz assumir esse papel. • Liberdade na fase probatória: essa linha compreende a parcialidade do juiz no processo, que terá liberdade para produzir provas, ou seja, participará da fase probatória, perguntando durante as audiências, arrolando testemunhas, determinando perícia... Princípio da Publicidade: a) Previsão Constitucional: • Art. 5º da CF. LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; • Art. 93° da CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; b) Previsão no CPP: • Art. 20 do CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 16 c) Conceito: • A publicidade está relacionada com a possibilidade de qualquer pessoa ter acesso a investigação criminal, sendo inquérito policial ou investigação do MP, ou ao processo penal. • "O princípio da publicidade se transformou em uma garantia política presente no processo." Mauro Andrade, Sistemas, p.131. d) Origem: • A origem do princípio da publicidade está relacionada com o controle popular feito pelos cidadãos. " A presença de cidadãos nos julgamentos deixou de ser uma simples concessão do julgador, e se tornou um direito de o povo acompanhar o que estava sendo discutido por aquelas pessoas... O passo seguinte nesse processo evolutivo foi reconhecer a presença do povo nos julgamentos como um direito de todo cidadão." Mauro Andrade, Sistemas, p.131. Portanto, o princípio da publicidade está concatenado com o interesse social pelas decisões que são tomadas. Atualmente, a lógica do controle popular é substituída pelos recursos, tal mecanismo proporciona as partes do processo recorrerem contra as decisões judiciais. Tendo em vista que os autores dos recursos são somente as partes que compõem a lide, a participação popular não é muito significante. e) Finalidade: • "... o objetivo do princípio da publicidade é conferir legitimidade ao trabalho produzido pelo Poder Judiciário. E essa legitimidade seria alcançada através do controle popular..." Mauro Andrade, Sistemas, p.132. f) Exceções ao Princípio da Publicidade: SIGILO • Onde pode ocorrer o sigilo? 17 Inquérito Processo • Quem pode decretar o sigilo? Delegado – fase de investigação criminal – art. 20 do CPP Juiz – processo – art. 23 da Lei: 12.850/13: O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. Exceção → para os crimes que envolvem organização criminosa, somente o juiz poderá decretar sigilo. Nos demais tipos penais, tanto juiz como delegado podem auferir sigilo. g) Caráter Prescindível do Princípio da Publicidade: • A decisão de sigilo pode ser revogada. Princípio do Devido Processo Legal a) Previsão Constitucional: • Artigo 5º, inciso LIV, da CF – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo penal. b) Componentes: • STF, HC 100.204, DJ 07-04-2008: (trechos) • Nesse contexto, impõe-se, ao Judiciário, o dever de assegurar, mesmo ao réu estrangeiro sem domicílio no Brasil, os direitos básicos que resultam do postulado do devido processo legal, notadamente as prerrogativas inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do 18 contraditório, à igualdade entre as partes perante o juiz natural e à garantia de imparcialidade do magistrado processante... • O exame da garantia constitucional do "due process of law" permite nela identificar alguns elementos essenciais à sua própria configuração, destacando-se, dentre eles, por sua inquestionável importância, as seguintes prerrogativas: (a) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder Judiciário); (b) direito à citação e ao conhecimento prévio do teor da acusação; (c) direito a um julgamento público e célere, sem dilações indevidas; (d) direito ao contraditório e à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa técnica); (e) direito de não ser processado e julgado com base em leis "ex post facto"; (f) direito à igualdade entre as partes; (g) direito de não ser processado com fundamento em provas revestidas de ilicitude; (h) direito ao benefício da gratuidade; (i) direito à observância do princípio do juiz natural; (j) direito ao silêncio (privilégio contra a auto- incriminação); (l) direito à prova; e (m) direito de presença e de "participação ativa" nos atos de interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos, quando existentes. c) Espécies: devido processo legal material e formal • Devido processo legal material: o procedimento deve respeitar os princípios aplicados ao processo penal, tais como publicidade, escritura, contraditório, igualdade de armas... • Devido processo legal formal ou procedimental: deve-se respeitar os procedimentos estipulados pelo Código de Processo Penal Brasileiro, ou seja, é quanto ao respeito do passo a passo do processo, sendo assim, sua forma. Sistemas Processuais Penais: 19 ➔ Finalidades dos Sistemas Processuais Penais: • Grau de repressão • Grau de Imparcialidade • Grau de tecnicidade 1. Sistema Acusatório: é importante salientar que o sistema acusatório se preocupa com a imparcialidade do juiz, ou seja, a lógica desse sistema é que o magistrado não interfira na acusação. “ ... a doutrina descreve o sistema acusatório como estando formado por juízes e acusadores populares, onde o s juízes estão impossibilitados de adotar um comportamento mais ativo no processo... seus princípios reitores seriam o acusatório, a oralidade, o contraditórioe a publicidade. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 44. 1.1 Teorias para a Definição: a) Tipos Ideias Clássicos: • “ Em realidade, cada autor praticamente propõe seu conceito pessoal sobre esses sistemas processuais, sendo que todos eles não encontram um correspondente histórico ou atual que coincida integralmente às suas descrições. ” Mauro Andrade, Sistemas, p. 52. • O processo de construção dos tipos ideais está relacionado com a criação dos autores de teorias com pouca eficácia científica, uma vez que não utilizam um critério regulamentado para construírem sua teoria. Sendo assim, essa corrente possibilita que cada autor crie seu tipo ideal pessoal, havendo certa discrepância entre o conteúdo por ele defendido e a realidade, seja ela histórica ou atual. • Teoria com grau de validade relativo e pouco eficaz. • Baseada em meras opiniões → caráter abstrato e imaginário. 20 • Não existe um tipo ideal definido, podendo cada autor inserir em sua teoria os elementos que acredita ser positivos para o processo penal. b) Princípio Acusatório: • Essa teoria defende a presença de um elemento único para a caracterização do sistema acusatório, sendo ele o princípio acusatório. Portanto, basta haver um acusador diferente do juiz para que o processo se inicie, não considerando a forma como ele é iniciado. Logo, é a teoria que menos apresenta problemas teóricos. c) Teoria da Gestão da Prova: • Segundo essa teoria, o sistema é caracterizado como acusatório em face da inercia do juiz na fase probatória do processo. Desse modo, a gestão da prova é de responsabilidade das partes, devendo elas, e somente elas, produzi-las. Portanto, o juiz deve ser inerte na fase probatória do processo, não podendo participar da produção de provas. No momento em que o juiz participa na produção de provas ele é considerado parcial e rompe com a lógica do sistema acusatório. • Essa teoria é a que mais se procura impor no Brasil, posto que possui muitos adeptos. Entretanto, o STF não a aceita, uma vez que não é a mais correta e nosso CPP tutela a participação do magistrado na fase probatória. • Problema de interpretação – autor italiano Cordero e seus livros. d) Teoria dos Elementos Fixos: • Princípio acusatório e ação ajuizada são os dois elementos fixos dessa teoria que irão compor o sistema acusatório. 21 Portanto, o processo penal dentro dessa teoria sempre necessitará da separação entre a figura do juiz e promotor (princípio do acusatório) e da ação penal ajuizada, não sendo caracterizado como processo os momentos anteriores até a acusação ser oferecida. • Problema dessa teoria: construída com base na análise de documentos históricos do direito clássico, corre o risco de serem descobertos novos documentos que demonstrem outras formas de o processo ser iniciado, e não somente com a ação ajuizada. 2. Sistema Inquisitivo: “Quanto ao inquisitivo, ele é descrito como o sistema processual em que o juiz é um funcionário público encarregado da investigação criminal, acusação e decisão final, e seus princípios reitores seriam o inquisitivo, o segredo e a escritura. A tortura seria o meio mais comum para se chegar à verdade...” Mauro Andrade, Sistemas, p.44. A lógica do sistema inquisitivo é ter um grau de repressão maior. 2.1 Teorias para a sua Definição: a) Tipos Ideais Clássicos: • Cada autor inclui diferentes elementos negativos em suas teorias, não havendo um consenso certo e objetivo dos elementos negativos que vão compor o sistema inquisitivo. Dessa forma, os tipos ideais do sistema inquisitivo são compostos por elementos negativos, que visam a condenação do réu, portanto, nas diversas teorias apresentadas não vigoram o princípio do contraditório, da ampla defesa, podendo existir desigualdade das partes e tortura. • O problema da teoria dos tipos ideias no sistema inquisitivo é o mesmo que no sistema acusatório. b) Princípio Inquisitivo: 22 • Para essa teoria basta o elemento único do princípio inquisitivo, para compor tal sistema. Posto isso, é o juiz quem irá acusar, não havendo necessidade de diferenciação de acusador e julgador. • O problema dessa teoria é que ela não se sustenta. c) Teoria da Gestão da Prova: • No sistema inquisitivo a gestão da prova está nas mãos do juiz, logo, o magistrado participa da fase probatória no intuito de condenar o réu, agindo sempre de modo parcial e desigual. d) Teoria dos Elementos Fixos: • Essa teoria procura definir o sistema inquisitivo com base em dois elementos fixos, sendo eles: princípio inquisitivo e forma de início do processo. Sendo assim, não há necessidade de diferenciação entre julgador e acusador e o processo pode começar de qualquer forma, logo, pode ser iniciado de ofício, por meio da acusação, ou até mesmo da "notitia criminis" (boletim de ocorrência). 3. Sistema Misto: “sistema em que há uma mistura dos elementos ou princípios formadores dos dois sistemas anteriores. ” Mauro Andrade, Sistemas, p.44. 3.1 Teorias para a sua Definição: a) Qualquer Mistura: • Quaisquer elementos resgatados do sistema inquisitivo e acusatório servem para compor essa teoria, posto isso, ela está relacionada com os tipos ideais. Essa teoria está dividida em duas fases, sendo elas: • 1° fase: investigação criminal – sistema inquisitivo --> restrições de direitos 23 • 2° fase: processo penal – sistema acusatório → ampliações de direitos • Problema: visto que essa teoria está vinculada com os tipos ideais, não se sabe ao certo ao que se referem as fases mencionadas, fica a dúvida se são quanto as fases do sistema misto ou do processo penal. b) Negativa de Existência: • Negam a existência do sistema inquisitivo. c) Teoria dos Elementos Fixos: • Para essa teoria os elementos fixos do sistema acusatório são: princípio acusatório (juiz imparcial) e o processo (pode começar de ofício ou por notícia crime). Outrossim, para o sistema inquisitivo, essa teoria estipula como elementos fixos: princípio inquisitivo e qualquer forma para se iniciar o processo. Logo, a teoria dos elementos fixos do sistema misto analisa os pressupostos essenciais de cada sistema e os ajusta ao processo. Portanto, essa teoria absorve os melhores elementos de cada sistema e os aplica. 4. Sistema Processual no Brasil 4.1 Teorias para a sua Definição: a) Sistema Acusatório: • Titularidade do Ministério Público e do acusador. • Art. 129, I da CF • Problema: sistema misto também defende a titularidade do MP, não sendo tal requisito suficiente para definir o sistema brasileiro de acusatório. b) Sistema Inquisitivo: 24 • Teoria da gestão da prova • Problema: teoria que não se sustenta. c) Sistema Misto: • Teoria de qualquer mistura e suas fases. • Problema: o mesmo. d) Não há: • Essa teoria defende que não há um sistema processual definido e unificado no Brasil, apesar da maioria dos processos seguirem o sistema acusatório, uma vez que existem investigações que são presididas por juízes, seguindo a lógica do sistema misto. Portanto, essa teoria acredita que não há um sistema de processo penal adotado com unanimidade no Brasil. 25 Prof. Mauro Andrade Ornella Di Lorenzo Silva Processo Penal I G2 Inquérito Policial: 1. Definição: • Inquérito policial é a investigação criminal feita pela polícia judiciária. 2. Finalidade: • O inquérito policial tem como finalidade em elucidar o fato e suas circunstâncias, bem como o autor e eventuais cumplices. Desse modo, a finalidade do inquérito é apuratória. 3. Natureza jurídica: • Administrativa. • Alguns autores tratam que a natureza do inquérito policial é também inquisitiva. 4. Legitimidade para a sua presidência: • Autoridade policial = delegado • Lei 12830/2013 → regulamentoua atividade do delegado de polícia na fase de investigação. • Existem outras investigações, que não a do inquérito policial, as quais podem ser presididas por outras autoridades, sendo elas: • Procedimento investigatório criminal = PIC → investigação criminal presidida pelo MP nos casos em que os crimes são cometidos por membros da instituição. Nesses casos, quem irá presidir a investigação criminal é o chefe do MP ao qual o sujeito investigado está vinculado. Contudo, o MP acaba por presidir investigações 26 criminais que não envolvem membros do MP, uma vez que o STF, a partir da análise da teoria dos poderes implícitos, e com base na tutela do art. 129, I da CF legitimou o MP para o mesmo. • Investigação judicial: inquérito judicial previsto na lei orgânica da magistratura nacional (LOMAN). O poder judiciário poderá presidir a investigação criminal em duas situações: quando o crime for praticado por um juiz ou então nos casos em que o juiz lavrar prisão em flagrante nos crimes que acontecerem em sua frente na sala de audiência, configurado como casos de investigação criminal de urgência. Entretanto, o juiz não está obrigado a lavrar a prisão em flagrante, cabendo meramente a ele decidir. Art. 307 do CPP. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for à autoridade que houver presidido o auto. • Casos em que o MP irá presidir a investigação criminal, não sendo esta o PIC, dessa forma o MP tem a possibilidade de dar sequência ao inquérito, conduzindo-o, mesmo sem a presença do delegado de polícia: Art. 47 do CPP. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. → Nesses casos o MP pode presidir o inquérito policial. 5. Características apresentadas pela doutrina: a) Prescindibilidade: • Existem outros procedimentos de apuração, tais como o PIC ou CPI que tornam o inquérito policial prescindível para uma ação penal ser ajuizada. 27 b) Indisponibilidade: • O inquérito policial não pode ser arquivado por autoridade policial sem que haja uma ordem judicial de arquivamento. O inquérito difere do boletim de ocorrência, podendo esse último ser arquivado pelo delegado, visto que ainda não foi instaurado o inquérito. c) Escrito: • O inquérito policial deve ser materializado de forma escrita. • Art. 9° do CPP. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. d) Sigiloso: • É característica do inquérito policial ser sigiloso. No entanto, para que o mesmo seja secreto deve ser decretado pela autoridade policial. • Por quem o sigilo pode ser decretado? Delegado ou Juiz • O inquérito policial nunca será sigiloso para o MP. • A autoridade policial não pode deixar de permitir que o defensor do investigado tenha acesso a ele. • O sigilo não poderá ser imposto para aquelas diligências que o delegado já materializou por escrito, ou seja, nas diligências já documentadas o acesso não poderá ser negado ao defensor. → Súmula Vinculante n°14 STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. • Art. 20 do CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 28 Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. e) Inquisitivo: • O inquérito policial é considerado inquisitivo, uma vez que não há contraditório e é dominado pelo sigilo. • Problema 1: o contraditório ocorre na fase processual – inquérito policial tem natureza administrativa. • Problema 2: a característica inquisitiva está relacionada com o princípio e o sistema. Em ambos os casos existe uma unificação de papéis no mesmo sujeito que acusa e julga, entretanto, o inquérito policial é uma fase apuratória, não cabendo julgamentos. • Sendo assim, devemos buscar a origem da palavra inquisitivo para compreender porque relacionam tal característica com o inquérito policial. Ao buscarmos a origem da palavra inquisitivo concluímos que a mesma diz respeito a fase de investigação romana. 6. Início do Inquérito Policial: formas de iniciação a) De ofício: • Quando o delegado não é provocado. • Ação penal pública incondicionada → o Estado não precisa ser provocado para se manifestar, basta tomar conhecimento para iniciar a persecução penal. b) Por requerimento da vítima • Representação - ação penal pública condicionada, art. 5º, § 4º, CPP → o inquérito só é instaurado mediante provocação. • Requerimento - ação penal privada, art. 5°, §5°, CPP - conteúdo do requerimento, art. 5°, §1°, CPP. 29 • Obs.: o delegado não está obrigado a instaurar o inquérito nos casos de representação e requerimento. A não instauração do inquérito deve ser fundamentada com base, por exemplo, na prescrição ou decadência do fato. Caso o pedido seja por requerimento e o delegado não instaura o inquérito, existe a possibilidade de se interpor um recurso, sendo designado para o chefe de polícia. – art. 5°, §2° do CPP. • Art. 5° do CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - De ofício; II - Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1° O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2° Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3° Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 30 § 4° O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5° Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. c) Por requisição do MP ou Poder Judiciário: • Requisição = ordem. • Ministério Público: Ação penal pública incondicionada Ação penal pública condicionada: caso a representação for movida pelo MP, ou se a vítima conseguir o inquérito policial quando o delegado de polícia nega. d) Por requisição do Ministério da Justiça: • Ação penal pública condicionada 7. Momento de Instauração do Inquérito Policial: a) Portaria: • É a regra - determinação ao delegado para a instauração do inquérito. b) Auto de prisão em flagrante: • Regra – delegado • Exceção - juiz 8. Quem não pode ser investigado pelo Inquérito Policial: • Membros do Ministério Público • Integrantes do Poder Judiciário31 9. Inquérito Policial nos crimes de Ação Penal Privada e Ação Penal Pública Condicionada: a) Proibição da instauração de ofício: • Nos casos de ação penal privada ou pública condicionada a autoridade policial deve ser provocada. → Ação penal privada = requerimento → Ação penal pública condicionada = representação ou requisição do Ministro da Justiça b) Quem pode requerer: • Regra – o interessado = ofendido • Exceções: • Representante – caso o interessado seja menor de idade ou tenha problemas mentais. • CADI - cônjuge, ascendente, descendente ou irmão - nos casos de ausência ou morte do ofendido. • Curador – nos casos em que o ofendido não tiver representante, ou quando seu representante é seu agressor. c) Prazo para o requerimento: • A partir da data do conhecimento da autoria + 6 meses. • Art. 38 do CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 10. Prazo de Conclusão do Inquérito Policial: 32 • Art. 10 do CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. a) Indiciado preso: • 10 dias para a conclusão do IP b) Indiciado solto: • 30 dias para a conclusão do IP 11. Formas de Participação do Ministério Público na Investigação Policial: a) Regra geral: • Depois do IP encerrado b) Exceção: • Lei 12.850 - organizações criminosas o MP poderá acompanhar o IP. 12. Investigação Não-Concluída: a) Indiciado preso: 3 situações diversas • O delegado pode requerer a prorrogação do IP - consequência: soltura do investigado. • Art. 47 do CPP. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam 33 fornecê-los. -- O MP tem 5 dias para acusar, caso o MP acuse no último dia, o investigado continua preso e o IP não prorroga. • Quando o IP vai para o MP e o mesmo julga que faltam diligência imprescindíveis para a elucidação do IP, logo, o MP não oferece denúncia e a investigação não é concluída. b) Indiciado solto: • Art. 10, § 3o do CPP. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. • Pedido de prorrogação do IP (regra), na prática esse pedido não ocorre, sendo assim excedido os 30 dias o IP continua. 13. Relatório no Inquérito Policial: a) Definição: • O relatório do inquérito policial é um resumo do delegado de polícia sobre o IP. Assim sendo, nesse relatório constará o motivo da instauração do inquérito, o que foi feito ou não, qual o crime que se entende que foi cometido e o indiciamento. O relatório serve para dar qualificação ao crime. b) Conteúdo do relatório: • Porque o IP foi instaurado • O que foi realizado de procedimento ou não no IP • Qual o crime que se entende que pode ter ocorrido • Indiciamento c) Análise de mérito: 34 • Existe uma situação na qual o delegado é obrigado a aprofundar o indiciamento, pois um mesmo verbo nuclear do tipo penal pode ocasionar duas condutas: tráfico de drogas x consumo próprio. • Consumo próprio: Art. 28 da Lei 11.343/06. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. § 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. § 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - admoestação verbal; II - multa. 35 § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. • Tráfico: Art. 33 da Lei 11.343/06. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. d) Problema verificado: • Nos crimes dolosos contra a vida, recomenda-se ao delegado que não aprofunde seu entendimento acerca do tipo penal que entendeu que ocorreu, uma vez que pode haver divergência com o entendimento do MP e tais crimes são levados a júri. 14. Pedido de Prisão Preventiva: • Caso o pedido de prisão preventiva ocorra no final do relatório, vai atrapalhar + do que ajudar. 15. Indiciamento: • Indícios de que o sujeito cometeu um crime. • O MP não pode mandar a autoridade policial indiciar alguém, sendo função privativa do delegado. 16. Remessa do Inquérito Policial a juízo/ Ministério Público: • O MP pode agir das seguintes formas: • Denunciar • Requerer o arquivamento • Requisitar diligências imprescindíveis - IP não concluído • Art. 47 – o MP segue investigando • Mudança de competência - redistribuição 36 • Negativa de atribuição - os membros do MP não tem competência, tem atribuição. Nos casos de negativa de atribuição, muda-se o promotor, semelhante à redistribuição de competência. 17. Arquivamento do Inquérito Policial: a) Proibição de arquivamento pela autoridade policial b) Quem pode arquivar: • Juiz • MP c) Arquivamento de ofício pelo juiz: exceção • A regra é o juiz dar vistas ao MP para tal órgão se manifestar. d) Hipóteses de arquivamento: • Extinção da punibilidade • Fato atípico • Negativa de autoria • Não há provas • O crime não ocorreu 18. Não acatamento do pedido de arquivamento: • O MP pede o arquivamento: • O juiz pode arquivar; • O juiz pode não arquivar → o IP segue para o Chefe do MP; • O Chefe do MP pode concordar com o arquivamento → correção do pedido de arquivamento parao juiz; • O Chefe do MP pode não aceitar o arquivamento → ele mesmo pode realizar a acusação ou pode encaminhar o IP para outro membro do MP. 19. Retratação do pedido de arquivamento: • A retratação consiste em um novo pedido, feito pelo MP, após o mesmo realizar o pedido de arquivamento, visto que surgiu uma PROVA NOVA. É importante salientar que para o pedido de 37 retratação ocorrer, o juiz não pode ter analisado o pedido de arquivamento. 20. Arquivamento Implícito: • A acusação feita pelo MP não contempla todos os fatos ou sujeitos investigados no IP, estando implícito o arquivamento da denúncia dos demais fatos ou sujeitos investigados. Frente a tal omissão, o juiz deve reencaminhar para o MP a acusação, para que o mesmo se manifeste acerca da acusação dos fatos ou sujeitos faltantes. O MP deve fundamentar sua inércia frente a não acusação de demais fatos ou indivíduos. O juiz pode encaminhar a denúncia ao Chefe do MP, frente a tal inércia, após negativa do MP quanto à denúncia faltante. • O MP não acusa todos os fatos ou sujeitos. 21. Arquivamento Parcial: • O MP faz o pedido de arquivamento incompleto, deixando algum fato ou sujeito de fora do pedido. O juiz, ao receber o pedido de arquivamento do IP incompleto abre vista, novamente, ao MP para esclarecimento quanto aos membros faltantes. Caso o MP fundamente, arquiva-se o IP. Contudo, caso o MP continue omisso frente ao pedido de arquivamento, pode o juiz encaminhar para o Chefe do MP, tal membro pode requerer o arquivamento do IP, ou ele mesmo pode oferecer a acusação, ou então designar outro membro do MP para realizar tal procedimento. 22. Arquivamento Indireto: • Resulta de exceção de incompetência, visto que ocorrerá uma mudança do local do IP, pois o mesmo estava sendo realizado em local inapropriado. Dessa forma, extingue-se o tempo de vida daquele IP, pois estava em um lugar que não deveria estar resultado de uma incompetência. Não existe propriamente um pedido de arquivamento do IP, o que ocorre é uma mudança de local do IP, em detrimento de uma incompetência. 23. Recurso contra Arquivamento: ➢ Regra: como regra não há recurso contra o pedido de arquivamento do IP. Porém, existem duas exceções: 38 ➢ Exceções: a) Lei nº 1.521/1951 - Crimes contra a Economia Popular ou contra a saúde pública, art. 7º. Artigo 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial. • Nesses casos o juiz é obrigado a encaminhar a sua decisão para o tribunal avaliar. No tribunal a decisão pode ser reformada ou mantida, se reformada o tribunal deve encaminhar o pedido para o Chefe do MP, podendo este concordar com o arquivamento ou discordar, podendo realizar a acusação conforme os passos do art. 28 do CPP. b) Lei nº 1.508/1951 - Procedimento nas contravenções de jogo do bicho e outros jogos não autorizados, art. 6º, § único: recurso em sentido estrito. Artigo 6º. Quando qualquer do povo provocar a iniciativa do Ministério Público, nos termos do art. 27 do Código de Processo Penal, para o processo tratado nesta Lei, a representação, depois do registro pelo distribuidor do juízo, será por este enviada, incontinente, ao Promotor Público, para os fins legais. Parágrafo único. Se a representação for arquivada, poderá o seu autor interpor recurso no sentido estrito. • Nesses casos, a pessoa que noticiou o fato ilícito poderá recorrer contra o pedido de arquivamento. 24. Desarquivamento: a) Possibilidade: • Art. 18 CPP. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. → PROVA NOVA: quando se tratar de prova nova o IP poderá ser desarquivado. 39 • Súmula 524 STF. Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas. b) Impossibilidade: • Não poderá o IP ser arquivado por: Atipicidade de conduta; Extinção de punibilidade. • Cabe ao juiz aceitar ou não o pedido de desarquivamento do IP. 25. Valor Probatório do Inquérito Policial: a) Regra: • O juiz não pode usar exclusivamente as provas produzidas no IP para decidir o caso, pois só as provas colhidas no IP são insuficientes. Devem ser usadas provas feitas no processo, visto que há incidência do contraditório. • Art. 155 do CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. b) Exceções: provas que não precisam ser submetidas ao contraditório. • Provas cautelares: interceptação telefônica; busca e apreensão... • Provas não repetíveis: provas periciais do IP. • Provas antecipadas: provas que não podemos esperar até a fase processual para que sejam colhidas. Exemplo: depoimento de testemunha em fase terminal. Essa antecipação de produção de provas ocorre através de uma audiência feita dentro do IP, ou seja, ainda na fase de investigação, configurando, assim, outro ato judicial inserido na fase de investigação. Estarão presentes nessa audiência: o juiz, o MP e a parte que será ouvida. Quem pode requerer essa audiência é o MP ou o delegado. 40 • Livre convencimento motivado do juiz: exceção → situação em que o julgador pode condenar apenas com base nas provas do IP é o JÚRI. Apelação do júri = cabe recurso da decisão do júri, quando a decisão do mesmo for completamente diferente das provas apresentadas. Esse recurso segue para o tribunal, o qual poderá extinguir a decisão proferida pelo júri, acontecendo novo julgamento. 26. Vícios no Inquérito Policial: • Provas ilícitas • Os vícios no IP podem anular uma parte do inquérito ou até mesmo todo ele, vindo a anular a possibilidade de ajuizamento da ação penal. 27. Afastamento do Delegado de Polícia do Inquérito Policial: • Não se pode tirar o delegado do IP por força de suspeição e impedimento, cabendo a ele declarar-se suspeito ou impedido. • Art. 107 do CPP. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. • A constituição federal prevê, no art. 37, a impessoalidade, identificando as causas de impedimento e suspeição. Portanto, se realizarmos uma leitura constitucional do art. 107 do CPP, poderá ser o mesmo rebatido pelo argumento constitucional, visto que o art. 107 do CPP autoriza de modo indireto a participação do delegado no IP, mesmo se este estiver suspeito ou impedido. Ação Penal 1. Conceito da Ação Penal: • É toda aquela ação da esfera penal onde há status libertatis envolvido, juntamente com o jus puniendi (direito de punir) e o jus persequendi (direito de perseguir). 2. Noções da Ação Penal: • Existe uma diferenciação entre as condições da ação aplicadas ao Código de Processo Civil de 1973 e ao Código atual que se aplicam ao direito processual penal. 41 a) Condições da ação no CPC de 1973: • Legitimidade • Interesse de agir • Possibilidade jurídica do pedido b) Condições atuais da ação: • Legitimidade • Interesse de agir, que abrange a possibilidade jurídica do pedido. 3. Condições da Ação Penal: a) Pressupostos legais: • Art. 395 do CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercícioda ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. • Comparação com CPC: • Art. 330 do NCPC. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. b) Momento de exame: ➢ Teoria da Apresentação: • O juiz deve verificar se as condições da ação estão presentes no momento de ajuizamento da denúncia. ➢ Análise em Concreto: • O juiz analisa se as condições da ação estão presentes ao longo do processo. 42 c) Fundamentos da Ação Penal: • As ações penais servem como uma forma de analisar se determinado processo vingará até sua fase final, ou seja, se aquela ação chegará até a fase de sentença. d) Legitimidade: ➢ Legitimidade Ativa: quem pode acusar? • Crimes de ação penal pública = MP • Crimes de ação penal privada = os envolvidos ➢ Legitimidade Passiva: quem será o acusado? • Pessoas físicas, maiores de 18 anos e imputáveis. • Pessoa jurídica (crimes ambientais). e) Interesse de agir: • O interesse de agir está vinculado com a necessidade do Estado em punir um infrator que violou o ordenamento jurídico, com o intuito de sanção. ❖ Justa Causa: • É importante salientar que a justa causa deixou de fazer parte das condições da ação em 2008 para ser analisada individualmente. Dessa forma, configura-se como justa causa a demonstração de legitimidade e interesse de agir, elementos que estão vinculados com as provas. O IP deve demostrar a legitimidade e o interesse de agir para a denúncia ser ajuizada, dessa forma, os elementos que compõem a justa causa deverão constar no IP ou na investigação do MP. • Exemplos de justa causa: provas periciais, depoimentos... 4. Outras Condições da Ação Penal: análise doutrinária a) Representação do MP: crimes de ação penal pública condicionada b) Requisição do Ministro da Justiça c) Prova Nova: possibilidade de desarquivamento do IP. d) Art. 236 do CPB → crime de ação penal privada personalíssima, que caracteriza casamento induzido em erro. Nesses casos, só está legitimado para ajuizar a ação a pessoa em erro, entretanto, para a 43 ação ser ajuizada na esfera penal o casamento, primeiramente, deve ser desfeito no âmbito civil. • Art. 236 do CPB. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 5. Ação Penal Condenatória: a) Conceito: • Ação penal condenatória é toda ação que pede a condenação de um sujeito. É importante destacar que acusação é sinônimo de denúncia (realizada pelo MP) e queixa crime (realizada por outras pessoas). b) Requisitos legais: • Art. 41 do CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. c) Requisitos doutrinários: • Identificação do sujeito passivo • Descrição do fato • Pedido de condenação d) Espécies de Ação Penal Condenatória: ➢ Ação Penal Pública: nesse tipo de ação apenas o MP pode acusar, visto que existe um interesse do estado em processar o sujeito delinquente. Se a ação for condicionada, deve constar informação na letra da lei, caso contrário, entende-se que a ação penal é pública incondicionada. • Princípios: 44 - Oficialidade: deve ser um ente estatal (MP) a ajuizar a ação. - Legalidade ou Obrigatoriedade: o MP está obrigado a realizar a acusação toda vez que a ação penal for pública, dessa forma, o MP deve acusar sempre, não tendo opção de escolha. - Indisponibilidade: uma vez ajuizada a ação, o MP não pode desistir de prosseguir, tornando seu papel perante a sociedade e para ação penal indisponível. - Indivisibilidade: segundo entendimento do STF o princípio da indivisibilidade não se aplica mais as ações penais públicas, uma vez que podem ocorrer situações em que o MP não irá acusar todos os envolvidos no fato criminoso, por exemplo, quando os autores do delito possuem diferença de idade, sendo um deles menor de 18 anos e o outro maior, nessa situação o MP irá realizar acusação apenas contra o indivíduo imputável. Sendo assim, esse princípio significa que o MP não pode escolher quem vai acusar, contudo, o STF tem outro entendimento. - Intranscendência: a pena não passará da pessoa do acusado, apenas a sanção de multa, a qual se transformou em dívida civil e poderá ser transmitida aos herdeiros do réu. • Espécies: - Incondicionada: não existe nenhuma condição imposta ao MP para realizar a acusação, dessa forma, assim que souber do crime o MP já pode ajuizar ação. - Condicionada: existem duas condições → Representação: a representação pode ser feita pelo representante, CADI (cônjuge, ascendente, descendente, irmão), ou até mesmo o curador quando houver conflito de interesses entre o ofendido e seu representante. A representação consiste em uma manifestação de vontade 45 de pessoa que possui legitimidade para apresenta-la, autorizando, dessa forma, o estado (MP) a atuar no caso. A representação pode ser encaminhada para: Delegado; MP (que irá solicitar a abertura do IP); Juiz (abrirá vista para o MP). Formas de representação: Escrita; Verbal. Dentro da representação existe a possibilidade de: Retratação da Representação: é a retirada da representação, portanto, o ofendido vai até o delegado e informa que deseja desistir da representação. A retratação da representação pode ser feita até o oferecimento da denúncia, logo, depois de oferecida a acusação não cabe mais a retratação, pois o MP não pode desistir da ação. Retratação da Retratação: é possível se retratar da retratação, no entanto, deve ser feita dentro de um prazo decadencial de 6 meses do conhecimento da autoria do fato. Não existe um limite imposto para as possíveis retratações. Nos crimes de ação penal pública condicionada a representação a autorização que se dá para o Estado se movimentar, é um prazo de 6 meses do conhecimento da autoria. → Requisição do Ministro da Justiça: existem alguns requisitos aplicados a requisição do Ministro da Justiça, sendo eles: Deve ser escrita; Não tem prazo para ser oferecida; 46 • Prazo para oferecimento da ação penal pública: (prazo que o MP tem para oferecer a denúncia quando recebe o IP) Investigado Preso: Investigado Solto: 5 dias 15 dias A contagem do prazo é feita em dias corridos, portanto, contamos feriados e fins de semana. Ademais, existem duas linhas teóricas para a contagem de prazo: Exclui o dia do início e inclui no final; Começa a contar no dia do recebimento. Art. 46 do CPP. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público recebernovamente os autos. § 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se- á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação. § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. Art. 798 do CPP. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 47 § 1° Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. § 2° A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr. § 3° O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. § 4° Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária. § 5° Salvo os casos expressos, os prazos correrão: a) da intimação; b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho. • Mecanismos de controle frente à inércia do MP, que não realiza a acusação dentro do prazo: Investigado Preso: Habeas Corpus Ação penal privada subsidiária da pública Ação penal pública: somente o MP pode ajuizar ➢ Ação Penal Privada: • Nome: queixa crime • Quem ajuíza a ação: querelante • Contra quem se ajuíza: querelado • Tipos de Ação Penal Privada: → Ação Penal Privada Propriamente Dita: 48 - Princípios: Princípio da Oportunidade ou da Conveniência: a ação penal privada depende da vontade de quem tem legitimidade para ajuizá-la, dessa forma, tal princípio é o oposto ao princípio da obrigatoriedade da ação penal pública. Princípio da Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação, diferentemente do MP nas ações penais públicas. Logo, a pessoa que ajuizou a ação pode desistir, por meio do perdão, perempção... Princípio da Indivisibilidade: o ofendido não pode escolher contra quem vai acusar, portanto, a acusação com relação a um dos sujeitos que praticou o fato delituoso implica consequências para os demais participantes. Aplica-se a renúncia também, logo, se renuncio em favor de um, estende-se aos demais sujeitos criminosos. Princípio da Intranscendência: a pena não passará da pessoa acusada. Caso a pena aplicada seja de multa, poderá essa ser transmitida aos herdeiros do acusado até o limite da herança. - Quem pode ajuizar esse tipo de ação? → Advogado. - Legitimidade para propor essa ação: nas ações penais privadas propriamente ditas, somete o ofendido tem legitimidade para ajuizar a ação, contudo, se o mesmo for menor de 18 anos ou incapaz, poderá seu representante legal ajuíza-la. Nos casos de ofendido morto ou ausente aplica-se o CADI ou então o curador quando houver conflito de interesse entre o ofendido e seu representante. - Prazo para ajuizamento da Ação Penal Privada Propriamente Dita: 6 meses contados a partir do conhecimento da autoria. Existem prazos especiais nos crimes contra propriedade imaterial (produtos falsificados), visto que o prazo começará a fluir a partir da homologação 49 da perícia feita no produto comprovando que o mesmo é forjado. Nesses casos de prazos especiais: Investigado Preso: Investigado Solto: 8 dias 30 dias - Atuação do MP: a atuação do MP nesse tipo de ação penal é limitado, posto que não há interesse do Estado na condenação do sujeito, sendo assim, o MP atuará em prol do princípio da legalidade e somente poderá recorrer em benefício do réu, jamais contra ele. - Renúncia: a renúncia implica na abdicação do direito que tenho para ajuizar a ação. Dessa forma a renúncia é um ato unilateral que não depende da permissão dos demais envolvidos no processo. Uma vez feita a renúncia ela se aplica a todos os sujeitos. - Prazo para oferecimento da renúncia: 6 meses do conhecimento da autoria. - Quem pode renunciar: as pessoas que são legítimas para ajuizar a ação, portanto, o ofendido, representante ou CADI. - Perdão: desculpar alguém por fato praticado contra o ofendido. Perdão é um ato do ofendido para o ofensor, e assim como a denúncia, se eu perdoo um se estende aos demais, mas o ofensor deve aceitar o perdão. - Peculiaridade do Perdão: Leva a extinção da punibilidade; Depende da concordância do acusado em aceitar ou não o perdão; Não cabe perdão na fase de execução de pena; O perdão pode ser dado até o transito em julgado da sentença, depois disso não. - Perempção: ocorre quando o ofendido adota uma conduta omissiva perante o processo, deixando de realizar os devidos atos processuais, presumindo-se que o mesmo 50 não deseja dar mais prosseguimento. A perempção ocorre com a ação ajuizada e somente se aplica nos crimes de ação penal privada, não sendo aplicada na ação penal privada subsidiária da pública. A perempção gera a extinção da punibilidade. Ocorrendo a perempção se pressupõe desistência tácita. Art. 60 do CPP. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. - Desistência Expressa: é um documento enviado ao juiz, formalizando de forma expressa que se quer desistir da ação, é a desistência quanto ao ajuizamento da ação. → Ação Penal Privada Personalíssima: crime aplicado apenas no casamento em erro, esse tipo de ação somente pode ser ajuizada pela pessoa que se casou em erro. Esse tipo de ação poderá ser ajuizada a partir do momento do transito em julgado da ação civil que anula o casamento das partes, correndo o prazo de 6 meses. O MP atua nesse tipo de ação apenas se for em benefício do réu. Nesse tipo de ação aplica-se a renúncia e o perdão. 51 Art. 236 do CPP- Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. → Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: - Definição: é um mecanismo de controle frente a inércia do MP ao receber o IP nas ações penais públicas. Passado prazo de 5 ou 15 dias e se o MP não oferece a denúncia ou não arquiva o IP poderão as pessoas que tem legitimidade ajuizar a ação - Previsão Legal: Art. 5º da CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
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