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Condromatose sinovial referencial teórico

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A condromatose sinovial (CS) da articulação temporomandibular (ATM) é um distúrbio articular benigno raro caracterizado pela proliferação de nódulos cartilaginosos metaplásicos originários dos remanescentes mesenquimais do tecido sinovial. Estes nódulos podem apresentar-se como corpos soltos osteocartilaginosos (calcificados), fixos ou não, dentro da articulação (LUSTMANN; ZELTSER, 1989). Essa proliferação de nódulos é raramente encontrada na ATM, pois tem acometimento rotineiro em grandes articulações como as presentes no joelho e cotovelo (O’CONNELL, 2000). O envolvimento na ATM foi descrito pela primeira vez por Auhausen, 1933. Essa patologia acomete mais o sexo feminino (1.5/1) na quarta e quinta década de vida e ATM direita (4/1) (KIM et al.,2002).
	A etiologia da CS não é totalmente conhecida, quando a lesão aparece por causas desconhecidas e incomuns é classificada como lesão de desenvolvimento primário. Por outro lado, lesões que se desenvolvem a partir de traumas ou outros processos patológicos (osteoartrite) caracterizam-se como lesões secundárias. A etiopatogenia da CS secundária é retratada na literatura como resposta a trauma repetitivo (oclusal), inflamações, sobrecarga nas articulações ou até degenerações (HOLMLUND; ERIKSSON; REINHOLT, 2003). 
Os principais sinais e sintomas são inespecíficos e incluem dor, edema da região articular, rigidez, crepitação e limitação dos movimentos da mandíbula. Tais sinais e sintomas podem ser confundidos com demais DTM’s, dificultando e atrasando, assim, o diagnóstico (FEE et al.,1979; GUARDA-NARDINI, 2010). Portanto, esse baseia-se, principalmente, em exames de imagem e histológicos. Por exemplo, as imagens radiológicas como ortopantomografia (Radiografia Panorâmica), tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e artroscopia são utilizadas no diagnóstico (MARTÍN-GRANIZO et al., 2005). A artroscopia é uma ferramenta de diagnóstico confiável para SC pela visualização direta do espaço articular permitindo diagnosticar a doença em um estágio inicial (CAI et al.,2010)
Uma análise histopatológica é obrigatória para confirmar a doença e diferenciar a CS de um condrossarcoma. Dessa forma, ausência de necrose, cartilagem mixóide, atividade mitótica caracterizam a lesão como benigna (HOLMLUND; ERIKSSON; REINHOLT, 2003). Blankestijn et al. Descreveu, histologicamente, 3 estágios da patologia de acordo com o processo metaplásico. O primeiro estágio: ocorre metaplasia na membrana sinovial sem a presença de corpos soltos. No segundo estágio, há presença de condrócitos ativos, metaplasia ativa e presença de corpos soltos. No terceiro estágio, não há mais nenhuma atividade metaplásica na região da membrana sinovial, mas com presença de muitos corpos soltos. A transformação maligna da CS da ATM parece ser muito incomum. Alguns autores relatam um risco relativo de malignidade de 5% de SC em grandes articulações (WARNER; LUNA; NEWLAN, 2000)
	O tratamento é cirúrgico, essencialmente, e remover todos os corpos soltos cartilaginosos e sinoviais é importante para o sucesso do mesmo. Diversas abordagens têm sido descritas na literatura, dependendo da extensão da lesão em relação à fossa craniana. A Artrotomia é a escolha se o tamanho das partículas excedem 3 mm. Ademais, de acordo com a progressão da patologia, pode haver a necessidade de regularizar a superfície articular, remover parcial ou total a membrana sinovial e efetuar a discectomia (CLAYMAN, 2006). Existe apenas 1 caso descrito na literatura de recidiva após tratamento cirúrgico (D’SOUZA et al., 2007). Após o tratamento cirúrgico, a cirurgia ortognática é uma opção de cirurgia corretiva para regularizar a possível assimetria facial e a oclusão (ARDEKIAN et al., 2005).
Com base na revisão sistemática da literatura realizada por Guarda-Nardini et al., 2010, os diversos procedimentos cirúrgicos encontrados na literatura não são baseados e correlacionados com a etiologia ou o estágio da doença. Parece que a experiência do cirurgião é o principal determinante dos procedimentos adicionais a serem realizados, bem como a remoção dos corpos soltos. Ademais, Técnicas cirúrgicas menos invasivas, como a artroscopia, têm baixa taxa de sucesso devido à dificuldade de remover todos os corpos soltos com aspiração por agulha e não devem ser recomendadas como ferramenta de tratamento, portanto, cirurgia aberta é a escolha necessária para o melhor tratamento.

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